sábado, 2 de janeiro de 2021

 Ludovicus - Instituto Câmara Cascudo

No dia 30 de dezembro de 1898, há 122 anos, na Rua das Virgens, bairro da Ribeira, em Natal, nascia LUÍS DA CÂMARA CASCUDO. Segundo ele, era pois um "canguleiro". Foi batizado pelo santo padre João Maria e, em sua adolescência, era chamado de "Príncipe do Tirol". Em jornais potiguares, começou a escrever em 1918 e, no ano de 1921, publicou o seu primeiro livro, "Alma Patrícia". Após dez anos de pesquisa solitária e dedicação constante, em 1954, lançou a monumental obra "Dicionário do folclore brasileiro", firmando-se como um dos mais importantes folcloristas do Brasil. Foi professor durante toda a sua vida, título do qual tinha mais orgulho.

Para nós, que fazemos o Ludovicus - Instituto Câmara Cascudo, ele representa não apenas a razão da nossa existência institucional, mas o motivo maior de nossa missão, que é perpetuar o seu legado e difundir a sua obra. Hoje, um dia muito especial para nós, comemoramos o seu aniversário e saudamos uma vida inteira dedicada ao estudo, à pesquisa e à valorização da cultura brasileira. Feliz Aniversário! Viva Cascudo!!!



 Cláudio Gabriel De Macedo Júnior

Se um dia!
Se um dia perceberes que teu sonhos se esvaem e que o sol parece lançar sobre ti Luzes em amarelo opaco, não te amofines.

Toma como exemplo as eternas estações da natureza que graciosa e incansavelmente fertilizar a mãe terra com suas chuvas de inverno par em seguida perfuma-la com os odores inebriantes da primavera.
Observai os pássaros que povoam os céus e a terra em voos de fogos multicores, e a cada manhã faz explodir sobre nós infinitos sons de bandolins, violinos, guitarras e liras, orquestrando em letras épicas uma ópera divina, mas, apesar de tudo isso, sua maior riqueza são os ninhos que constroem.
Atente, não buscai nos tesouros a segurança para o seu futuro, eles obscurecem a própria vida, torna o homem um pateta, egoísta e cerrado em si mesmo, busque sempre a liberdade e a aventura de viver.
Não buscai, igualmente, no homem a força que inrope os obstáculos do caminho, porquanto, nele somente encontrarás uma chama efêmera, ora lhe esquecerá e e ora lhe tornará o calor nas noite frias de inverno.
Busquei sempre altíssimo, no silêncio do seu coração, o refúgio nos dias de tempestades e danças com ele quando festejares as suas glórias. Nele está o refrigério da alma, o alívio dos infortúnios e um confidente sempre a espreita e pronto a para te ouvir.
Não te envergonhes te se chamarem de louco, lembre que caminhamos entre lobos e cordeiros, entre trevas e luz, e entre lobos e trevas, somente o desvario nos protege.
Não fiques os teus pés tão profundamente nas areias movediças da terra, a natureza não te deu essas, mas te deu a liberdade de voar no céu infinito da tua liberdade.
Mais tarde, quando a força ameaçar te abandonar o corpo, o espírito afligir-se com o passar das horas, os olhos começarem não mais alcanças o arco-íris e o horizonte perder o brilho de outrora, verás que, de tudo que vivestes, nada lhe restará, a não ser os sonhos que sonhastes e sonhos que realizastes.
(Cláudio Gabriel).
A imagem pode conter: atividades ao ar livre e natureza


sexta-feira, 1 de janeiro de 2021

Que vivamos um novo ano

Diferente do ano que vai findar

Vivamos

Misericórdia Senhor!


Fernando Caldas



Biblioteca mais antiga de São Paulo, no Mosteiro de São Bento

 Por  Revista Prosa Verso e Arte

https://www.revistaprosaversoearte.com/


A biblioteca no Mosteiro de São Bento que é a mais antiga de São Paulo - foto: Junior Lago/Uol

O coração de São Paulo abriga a biblioteca mais antiga da cidade, com 422 anos de história, também é uma das mais antigas do país. A Biblioteca do Mosteiro de São Bento de São Paulo guarda um tesouro que contém parte dos maiores ensinamentos da humanidade. O acervo é conservada em amplas salas no segundo andar do histórico prédio localizado a poucos metros do local onde a metrópole nasceu.

Em uma matéria do Uol, o portal descobriu que existem mais de 115 mil livros que são reunidos desde 1598, quando os primeiros monges começaram a trabalhar nessa biblioteca.

Os títulos da biblioteca do Mosteiro de São Bento estão disponíveis para consulta dos próprios monges, que têm a leitura como um de seus hábitos diários, e para os alunos da Faculdade de São Bento. O acesso ao ambiente da biblioteca, no entanto, é de claustro e restrito aos 40 monges beneditinos que lá vivem.

O acervo conta com 581 títulos publicados entre os séculos 15 e 18, joias raras da coleção. Uma bíblia de Gutenberg, o pai da imprensa, é o livro mais raro do acervo da biblioteca de São Bento. Datada de 1496, cerca de cem anos antes de os monges chegarem ao Brasil, e quatro anos mais velha que o nosso país, a bíblia fica isolada em uma sala com umidade e temperatura controladas e acesso restrito às pessoas que conservam estas obras e a estudiosos.

Outros livros raros da coleção: um comentário da bíblia de 1500, uma bíblia em alemão de Lutero, de 1656, a enciclopédia “História Natural do Brasil”, de 1658, os tratados de Aristóteles, de 1607, Steganographia, do monge Johannis Trithemius, de 1676 e um antifonal – base para o canto gregoriano – de 1715. Os exemplares, impressos em latim, grego e alemão, estão bastante conservados também pela alta qualidade do papel usado na época.

Uma das curiosidades sobre os exemplares mais antigos é que alguns  – como o comentário da bíblia de 1500 – usavam os antigos papiros como material de encadernação. O monge conta que existem lombadas mais valiosas do que as próprias obras que carregam. Como grande parte dos livros raros possuem edições mais recentes, as obras raras ficam restritas à conservação museológica.

Os primeiros registros da história dessa biblioteca são de 1750, quando as aquisições começam a aparecer em atas dos capitulos – nome dado às reuniões internas dos monges. Eram obras vindas da Europa, principalmente do antigo (hoje desativado) Mosteiro de São Martinho de Tibães, em Braga, Portugal.

Na época entre os beneditino estava Frei Gaspar da Madre de Deus, considerado um dos primeiros historiadores de São Paulo.

Algumas imagens da biblioteca e de obras raras do acervo

Mezanino da biblioteca do Mosteiro de São Bento, em São Paulo. Restrito aos monges, o local guarda cerca de 115 mil volumes e precisou ser ampliado para comportar a coleção que se iniciou em 1598 – foto: Junior Lago/Uol
Vista geral da biblioteca do Mosteiro de São Bento, a mais antiga de São Paulo – foto: Junior Lago/Uol
A biblioteca do Mosteiro de São Bento tem alguns livros raros em sua coleção. O mais antigo é uma bíblia de Gutenberg, de 1496, cerca de cem anos antes da chegada dos monges no Brasil. foto: Junior Lago/Uol
Datado de 1500, um comentário da bíblia em latim tem a capa em couro e letras desenhadas à mão no início dos parágrafos – foto: Junior Lago/Uol
Apesar de não ser o exemplar mais antigo, a bíblia de Lutero é um dos livros mais importantes guardado pelos monges do Mosteiro de São Bento, em São Paulo. O exemplar é datado de 1656. Martinho Lutero desafiou a Igreja na época ao traduzir a bíblia para o alemão, com o intuito de tornar a obras mais acessível. A tradução da bíblia do latim para o alemão foi um dos motivos para o início da Reforma Protestante, que propôs mudanças no catolicismo – foto: Junior Lago/Uol
Trechos da bíblia de Lutero em alemão gótico. O exemplar de 1656 tem capa em couro com detalhes em ferro – foto: Junior Lago/Uol
Apesar de ter as primeiras páginas deterioradas, o exemplar está bem conservado. Os livros mais raros ficam isolados dos outros volumes da biblioteca, em uma sala com controle de umidade e temperatura. Os próprios monges fazem a conservação do acervo – foto: Junior Lago/Uol

A biblioteca do Mosteiro de São Bento, em São Paulo, também tem um exemplar datado de 1607 que reúne os tratados escritos pelo filósofo grego Aristóteles nos idiomas grego e latim – foto: Junior Lago/Uol

A obra publicada em 1607 traz os pensamentos de Aristóteles em grego e latim, lado a lado – foto: Junior Lago/Uol
Um antifonal de 1715 – que traz resumos de salmos da bíblia e é base para o canto gregoriano – também faz parte do acervo da biblioteca do Mosteiro de São Bento. Entre os exemplares raros, este é um dos mais bem conservados. A capa do antifonal é em couro de porco com detalhes em ferro. Segundo o monge responsável, o papel em que a obra foi impressa é de alta qualidade, por isso ele se mantém bastante conservado há 300 anos – foto: Junior Lago/Uol
Um antifonal de 1715 – que traz resumos de salmos da bíblia e é base para o canto gregoriano – também faz parte do acervo da biblioteca do Mosteiro de São Bento. Entre os exemplares raros, este é um dos mais bem conservados. A capa do antifonal é em couro de porco com detalhes em ferro. Segundo o monge responsável, o papel em que a obra foi impressa é de alta qualidade, por isso ele se mantém bastante conservado há 300 anos – foto: Junior Lago/Uol
Detalhe do antifonal de 1715 conservado pelos monges na biblioteca do Mosteiro de São Bento, em São Paulo. O livro é usado como base para o canto gregoriano – foto: Junior Lago/Uol

A enciclopédia “História Natural do Brasil”, do médico e naturalista holandês Guilherme Piso. Datado de 1658, o exemplar traz os primeiros registros de fauna e flora brasileira, tudo em latim. foto: Junior Lago/Uol

A enciclopédia de 1658, publicada apenas 158 anos após o descobrimento, também traz exemplares da flora brasileira. As ilustrações são do holandês Albert Eckhout. foto: Junior Lago/Uol

Um exemplar do Alcorão também faz parte do acervo da biblioteca do Mosteiro de São Bento – foto: Junior Lago/Uol

“[…] pensara que todo livro falasse das coisas, humanas ou divinas, que estão fora dos livros. Percebia agora que não raro os livros falam de livros, ou seja, é como se falassem entre si. À luz dessa reflexão, a biblioteca pareceu-me ainda mais inquietante. Era então o lugar de um longo e secular sussurro, de um diálogo imperceptível entre pergaminho e pergaminho, uma coisa viva, um receptáculo de forças não domáveis por uma mente humana, tesouro de segredos emanados de muitas mentes, e sobrevividos à morte daqueles que os produziram, ou os tinham utilizado.”
– Umberto Eco, em “O nome da Rosa”. [tradução de Aurora Fornoni Bernardini e Homero Freitas de Andrade]. 2ª ed., Rio de Janeiro: Editora Record, 2010.

A biblioteca no Mosteiro de São Bento, São Paulo – foto: Junior Lago/Uol

Os livros censurados do Mosteiro de São Bento
Biblioteca quatrocentona conta com títulos que já foram proibidos pela Igreja Católica

Entre os cerca de 100 mil livros da preciosa biblioteca do Mosteiro de São Bento, no centro de São Paulo, há vários que já foram proibidos pela própria Igreja Católica. São obras que constaram do famigerado index, a lista de obras censuradas pelo Vaticano, que vigorou até 1966. “No jornal L’Osservatore Romano, edição de 15 de junho de 1966, foi publicado o decreto do papa Paulo VI, eliminando o index”, pontua o monge beneditino João Baptista, atual responsável pela biblioteca.

O monge beneditino Dom João Baptista, produtor cultural e responsável pela biblioteca – foto: Junior Lago/Uol

A pedido do blog, Baptista destaca algumas dessas obras que existem no acervo do mosteiro (os comentários são dele):
• Steganographia, 1676 de Johannes Trithemius.
Trata-se de uma curiosa obra que trata da ocultação de mensagens e dialoga com escritos esotéricos e códigos, algo como telepatia e hipnotismo na nomenclatura da atualidade. Esta é a obra mais importante do autor e também a mais controversa. Trithemius foi monge beneditino, abade de Sponheim. A obra foi escrita por volta de 1500, mas apenas impressa um século depois. Ao ser impressa já foi incluída no index pelo decreto de 7 de setembro de 1609.
• Primeira tradução da Bíblia para o alemão, feita por Martinho Lutero.
Trata-se de uma edição luxuosa em couro e metal de 1656. A Igreja não permitia a tradução da bíblia, que só podia ser utilizada na versão latina chamada de Vulgata, feita por São Jerônimo.
• Edições de O Príncipe de Maquiavel – todas do século 19.
• Alguns volumes da Encyclopédie de Diderot, século 19. Algumas dessas escritas também por Voltaire e Montesquieu.
• Edição do século 19 Du Contrat Social, de Rousseau.
• Primeiras edições das obras de Sartre em francês.
• Sermões do Mestre Eckhart, dominicano alemão do século 14.
Algumas de suas ideias foram condenadas pelo tribunal da inquisição. As obras no mosteiro estão em alemão e francês e são todas do século 20.

Saiba mais sobre a biblioteca
Biblioteca do Mosteiro de São Bento de São Paulo

Fonte: Uol Entretenimento | Estadão São Paulo | São Paulo-Infoco

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LUZES QUE SE APAGA

 

1 d 
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Valério Mesquita*
Mesquita.valerio@gmail.com

Apagaram-se as luzes dos natais de antigamente? A avenida Rio Branco era um corredor resplandecente do Baldo à Ribeira. Abraços, cantos e risos povoavam as calçadas: Boas Festas! Feliz Ano Novo! Era um planeta diferente. Foi pensando e revivendo os velhos natais que ressurgiu na memória o antigo comércio da avenida Rio Branco com suas lojas, magazines, armazéns que constituíam a força do capital da classe produtora potiguar.
Era o chamado comerciante da cidade, inscrito na Associação Comercial do Rio Grande do Norte, movido a Banco do Brasil de Otávio Ribeiro Dantas, lá da avenida Duque de Caxias, na Ribeira. Da calçada do Cinema Rex, onde Luís de Barros tocava a cigarra mandando começar o filme, contemplei, olhar acima, olhar abaixo, o mundo desaparecido de estabelecimentos comerciais fundados por natalenses e hoje substituídos por lojas de Pernambuco, Paraíba e Ceará.
De frente, onde me achava, me lembrei da Casa Costa que servia o mais saboroso sorvete; Omar Medeiros e Cia., Lojas Setas; os “estrangeiros”: o Novo Continente, CêBarros, Quatro e Quatrocentos e Lojas Paulistas; J. Resende e a Casa Régio dominavam o mercado de eletrodomésticos; Casa Hollywood e Casa Garcia além do Cine-Foto Jaecy que depois foi para a João Pessoa; a resistente e desfraldada Livraria Universitária, vizinhas a Casa Duas Américas e a Formosa Syria; a Casa Tic-Tac e a Casa Rubi sem esquecer a Nova Paris; quase de frente a Casa Rio que ainda sobrevive (Rio Center), em outros locais da cidade, pluralizada e redimensionada; Ótica Brasil, a Farmácia Barbosa e juntinho o bar Granada; a casa Letière, o Armazém Natal e antes do Banco do Brasil, a lembrança mais dolorosa do velho e trágico mercado público da cidade do Natal. Tudo sumiu. As vitrines desse tempo se apagaram e com elas um grupo de comerciantes que desapareceram, permanecendo, apenas, uma foto intacta suspensa no ar e as imagens dos natais de quarenta e cinquenta anos passados.
Ao contemplar a Rio Branco sem luz e sem alma da festa natalina, resolvi homenageá-los. Natal não pode esquecer jamais os pastores da noite que fizeram feliz o Natal de tanta gente. Chegam-me alguns que a memória reteve: Fuad Salha, Zé Garcia, Chafic Abou Chacra, Reginaldo Teófilo, Habib Challita, Zé Resende, Walter Pereira, Quim-quim da Farmácia Barbosa, Nagib Assad Salha, seu José e Abess da Formosa Syria, Raimundo Chaves, Heider Mesquita, Jaecy Emerenciano Galvão e Nemésio Moquecho, Quincola (Scope) Luís de Barros, Nivaldo Feitoza Bonifácio, Alcides Araújo e uma lembrança terna da Rádio Trairi do major Theodorico Bezerra que funcionava no alto do Novo Continente. Relembro os locutores: Gutemberg Marinho, Edmilson Andrade e Vanildo Nunes, em nome dos quais homenageio a todos.

A cidade de Natal deve um preito de reconhecimento a todos aqueles que diretamente, através do seu ofício, se conscientizaram do seu papel, se fortaleceram e daí surgiram a Federação do Comércio, o Sindicato do Comércio Varejista e o próprio CDL. Ninguém pode contestar o pioneirismo dessas conquistas aos comerciantes da avenida Rio Branco. É preciso reacender as luzes dessa avenida para a história passar.
No Grande Ponto, o olhar triste e reminiscente. A procissão de relembranças das melhores figuras de Natal, espiritualizadas no eterno bate-papo, dia e noite, como se, para mim, ali, naquele instante, tudo tivesse se reencarnado. Olhei para o chão sagrado daqueles vultos e deu-me náuseas as calçadas sujas, encardidas pela desfiguração e os pés da modernidade. Mataram o Grande Ponto pletórico e no âmbito do seu quadrilátero, rasgaram a sua história em pedaços e foram transformados os seus habitantes. Daquelas calçadas, com sol matinal batido e quente desse verão sobe as narinas um odor de sebo bovino e inhaca pestilencial. Será que o IPTU não poderia lavar aquelas calçadas onde tanta gente boa pisou antigamente? Djalma Maranhão, Alvamar Furtado, Luís Tavares, José Augusto Varela, Antonio Soares Filho, Luiz Carlos Guimarães, Newton Navarro, Veríssimo de Melo, Ticiano Duarte, Américo de Oliveira Costa, Zé Areia, Gilberto Avelino e tantos outros mortos dignos de lavarmos os pés, sem precisar nem falar nos vivos?

(*) Escritor

PELO DIA DA CONSCIÊNCIA NEGRA Se Guilherme de Almeida escreveu 'Raça', em 1925, uma obra literária “que tem como tema a gênese da na...