terça-feira, 25 de fevereiro de 2025


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Américo Macedo (1887-1948) era funcionário público municipal da prefeitura do Assu, por onde se aposentou. Poeta sonetista, de tradicional família Soares de Macedo. Colaboru literariamente em jornais e revistas da sua terra natal como A Semana. Conta-se que ele, Américo, jovem ainda vendeu quase todo o seu patrimônio, gasntando com a vida boêmia que levava. O antologista Ezequiel Fonseca Filho depõe que os versos daquele bardo assuense que engrandece as letras potiguares, "tem o travo de uma revolta íntima."
E um dia, melancólico, descrente dos amores que já teve outrora, escreveu os versos (que eu não sei a epígrafe), adiante transcritos:
Parto descrente, pela estrada afora
Desta existência, desfolhando as flores
Da ilusão, da eperança e dos amores,
Sim! dos amores que eu já tive outrora!
Essa tristeza que me invade agora
Tem da saudade as luantes cores,
E tu, Mulher, por quem padeço dores
Não dás a esmola que minh"alma implora!
Ingrata, ao menos, vem ouvir as queixas
De um coração que sem amor tu deixas
A flutuar nos mares da aflição...
Parto descrente, e se te amar for crime
Esta minh"alma que a saudade oprime
Volta a pedir-te o sírio do perdão!...

sábado, 22 de fevereiro de 2025

Por Câmara Cascudo

"Quando o bispo de Pernambuco, Dom João da Purificação Marques Perdigão, visitou o Rio Grande do Norte em 1839, vinha do Ceará. Penetrou pelo Apodi, descansando em "Sabe Muito'', nos arredores da cidade de Caraúbas, dormindo no então povoado; almoçou em Coroas, perto da vila de Campo Grande (Augusto Severo), alcançando o Açu. Atravessou Santa Quitéria, depois Patachoca (Pataxó), vila dos Angicos e pelo seu Itinerário sabemos que o prelado veio por São Romão (Fernando Pedrosa), Santa Cruz, ambas estações da Estrada de Ferro Sampaio Correia, Riacho Fechado, Várzea dos Bois, Umari, Boa Água, Ladeira Grande, Taipu do Meio (sede municipal), Capela, no vale do Ceará-Mirim e Extremoz. É a travessia do poente ao nascente, oeste-leste. De Natal, Dom João partiu para a Paraíba repetindo quase o trajeto de Mascarenhas Homem no percurso de regresso em 1598. Natal, São Gonçalo, São José de Mipibu, Papari, Arez, Goianinha, Vila Flor, Tamanduba, Comatanduba (Paraíba), Mamanguape. É a descida norte-sul."

Choro as dores de quem não pode
e não consegue conter esta revolta.
Sufoco os gritos na garganta
e sinto as palavras a fragmentarem-se dentro de mim.
A transformarem-se
talvez noutra matéria, talvez mais livres.
Como águias a planarem,
sem terem limitações, sem idade.
Como se o mundo de repente
se tornasse mais leve e mais justo, como se deixassem de ter corpo e, de repente,
tivessem todas as possibilidades do céu.
Ilusões que levam à revolta.
E clamo, não um clamor sem sentido
mas de dor que corrói como ácido.
Mais como um apelo à consciência
de quem poder me ouvir.
Não se pode conviver nem compactuar com esta insensatez.
Com esta anarquia , de mentes tardias e vazias
que não têm memória.
Assim atiro frases em volta,
cega de angústia e de revolta.

Cristina Costa, poetisa portuguesa



sexta-feira, 21 de fevereiro de 2025

DAMASCENO BEZERRA

Antônio Damasceno Bezerra (1902-1947) era fuincionário público do jornal "A República", de Natal. Orgão Oficial do Governo Potiguar. Farreando pelas ruas de Natal em companhia de outros poetas e amigos, deu vários tiros na iluminação pública daquela capital. Como consequência teve de ser demitido por justa causa. Trabalhou depois no Diário de Natal e na revista "Cigarra", da terra natalense. O seu livro sob o título "Dias de Sol", continua ainda inédito. Vejamos o soneto de sua autoria intitulado Felicidades, Diz assim:

Procurei-a, durante muitos anos,
Sobre a terra, no anseio de encontrá-la...
E entre os seres humanos
Jamais pude avistá-la.

Uma noite, volvi meu pensamento
Para os astros: "Quem sabe
Se algum deles, na paz do firmamento,
Abriga a que na terra já não cabe?"

Responderam-me, então, lá das auturas:
"Dessa que em vão procuras
Nós nunca vimos os rastros".

Vê que contrastes o universo encerra:
- Os astros julgam que ela está na terra
E a terra julga que ela está nos astros!

terça-feira, 18 de fevereiro de 2025

A PRECE

Senhor, Tu me mostrastes todas as estrelas e me acenaste para mim todos os brilhos do Teu mundo celeste.
A teoria dos astros em revoada
Arcanjos de longas asas como brilhantes acesos numa noite
flamejante de eternidade.
Noite sem noite
Sóis demorados
Sóis acesos como um deus, o sol aceso numa noite flamejante de eternidade.
Noite sem noite
Sóis demorados
Sóis acesos como um Deus, o sol de todas as horas fulguramente inflamadas.
Senhor, Tu em mim Te derramaste como a essência imponderável de todas as cousas,
De todods os seres,
As cousas como a Verdade
A beleza
A razão
O amor de Deus como liberdade
Senhor, como o próprio Deus.
Senhor, Tu foste em mim o como que limite do ilimitado,
O país sempre azul do eterno azul inconcretizado de todas as distâncias.
No concerto das cousas, o abstrato de todas as cousas, a marcha indefinida para a perfeição.
Senhor, e me foste a vida,
A poesia,
A canção,
A música por todas as marchas,
A marcha da vida, ilimitada,
O ilimitado sol do teu clarão...
... Senhor, e depois me deste do meu vasto coração
Um coração para todos os espinhos,
Um coração para todas as espadas,
E para todos os ferros
E depois, nos ferros, os ferros mais esbraseados.
Senhor, assim que me deste este meu vasto coração.
E de mim, no que sou, este meu coração a rolar por todas as pedras;
A subir e a descer por todas as escarpas,
Todas as cinzas, e negruras, a poeira negra do mais negro chão...
Ah! Senhor, desde que um céu desconcertado,
Enterra-me, Senhor, neste Teu como que cemitério ilimitado.
O espaço sem consciência e sem razão...
João Lins Caldas

sábado, 15 de fevereiro de 2025

 Amor é fogo que arde sem se ver 

 
Amor é fogo que arde sem se ver,
é ferida que dói, e não se sente;
é um contentamento descontente,
é dor que desatina sem doer.
 
É um não querer mais que bem querer;
é um andar solitário entre a gente;
é nunca contentar-se de contente;
é um cuidar que ganha em se perder.
 
É querer estar preso por vontade;
é servir a quem vence, o vencedor;
é ter com quem nos mata, lealdade.
 
Mas como causar pode seu favor
nos corações humanos amizade,
se tão contrário a si é o mesmo Amor? 

Luís Vaz de Camões

"Ai dos que zombarem daqueles que podem ouvir as próprias estrelas."




Pulsação

É noite de verão
e contemplo
o céu, as estrelas
sinto a brisa em mim
nos cabelos desgrenhados
no rosto estático
na pele sem preparo
no corpo inebriado do sentir
vejo com os sentidos
e trago o sentido do vê
com a visão emaranhada de desejos
na respiração sentindo a pulsação
Com o novo olhar do meu e teu
no encontro flutuando no vislumbre
dos meus encantos
e sonhos furtivos
É a procura em mim
de pele
de cheiro
de tato
e de amor
há quanto não me deixava tanto
não desejava tanto
na pulsação de quem não quer ser só.
Amélia Freire.

sexta-feira, 7 de fevereiro de 2025

O que eu sei toda gente pode saber.

mas o que eu sinto, ah!

o que eu sinto só a mim pertence.

(Goethe)

SOB A TREVA Ontem de madrugada encontraram-se as duas, A minha e a tu'alma. Deserta rua entre as desertas ruas, Era a hora mais calma. S...