quarta-feira, 19 de agosto de 2009

NATAL

Praia de Areia Preta
Natal, morena encantada
Que passa a vida deitada
Na Areia Preta, a cantar
Sonhando com seus amores,
Os valentes pescadores
Que partiram para o mar

Renato Caldas

terça-feira, 18 de agosto de 2009

SEBASTIÃO ALVES

Sebastião Alves (Tião) em plena campanha política, em 1976.
Esquerda para direita: Alexandre Martins de Carvalho (Xanduzinho, que era bispo da Igreja Católica Brasileira), Walter de Sá Leitão, dentista Osman Alves e Sebastião Alves Martins.
A fotografia acima registra o momento em que o prefeito Walter de Sá Leitão transmitia em 31 de janeiro de 1977 a prefeitura do Assu para Sebastião Alves. Sebastião se elegeu prefeito do Assu nas eleições de 1976 pelo PDS - Partido Democrático Nacional (com o apoio do deputado Edgard Montenegro e do prefeito Walter), ganhando para o jovem candidato pelo MDB Manoel Montenegro Neto ( Manuca), filho do deputado Olavo Montenegro. Antes, nas eleições de 1972, Sebastia, com o apoio de Olavo teria disputado aquela prefeitura com Elias Moreira - Lico, como seu vice, pelo partido da ARENA (verde) contra Walter e José André de Souza - Zezinho, da ARENA (vermelha), único partido naquela época existente no Brasil. Sebastião também foi dvereador do Assu por várias legislaturas, agropecuarista, industrial no ramo de torrefação (Café Semar) e cerâmica, bem como produtor de cera de carnaúba, produto que beneficiava, comprava e vendia a grandes exportadores do Ceará. O seu filho Heliomar Alves herdou o gosto pela política, chegando a se eleger por três eleições, vereador do Assu, cargo que exerce ainda hoje.
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domingo, 16 de agosto de 2009

UM BOÊMIO AUTÊNTICO


PADARIA SANTA CRUZ




Imagens do blog Página R.

A Padaria Santa Cruz era de propriedade dos irmãos Solon e Afonso Wanderley. Nos anos quarenta, cinquenta sessenta e até o começo de setenta, produzia o melhor pão e bolacha da cidade de Assu. Hoje aquela panificadora é de propriedade de João Gregório Junior? A bolacha e biscoito denominado Flor do Açu (em formato de uma flor,) é uma delícia, ainda hoje produzida por outra padaria de propriedade de Toinho Albano. Naquelas décadas era o ponto de encontro amistoso para uma  uma boa prosa, dos barões da cera de carnaúba,  influentes políticos da região, intelectuais, poetas da cidade. Eram seus assíduos frequentadores  frequentadores as figuras como Zequinha Pinheiro, João Turco, Minervino Wanderley, Major Montenegro, Fernando Tavares (Vem-Vem), Luizinho Caldas, além dos irmãos Edgard e Nelson Montenegro, Walter Leitão, Edmílson Caldas, Renato Caldas, Francisco Amorim, dentre outros. Antes  dos irmãos Solon e Afonso, aquela padaria pertencia ao Senhor Enéas Dantas, pai do poeta Renato Caldas.

Aquela panificadora fora palco de muitas estórias pitorescas, muitas delas construídas em formas de versos, de rimas. (Esta estória não tem o intuito de denegrir a imagem de politico, apenas tem o sentido humorístico). Pois bem. Certa vez (era época de eleições para governador), Renato Caldas que não perdia a oportunidade para glosar, ao chegar naquele estabelecimento comercial deparou-se com uma fotografia de Frei Damião ladeado por dois candidatos ao cargo de governador e vice governado, Não deixou para depois, escrevendo:

A culpa não compromete
Ao cidadão inocente,
Mas, quando diariamente,
Essa história se repete
Deus é bom e não promete,
Também não tem distinção,
Ele que tem mil razões
Sobradas de se vingar,
Consente Solon botar
Um justo entre dois ladrões.

Fernando Caldas



sexta-feira, 14 de agosto de 2009

POESIA

Pago todos os dias com os meus olhos
O belo espetáculo que o céu me dá.
Pago todos os dias e nunca me canço de
Olhar as estrelas.

João Lins Caldas
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JOÃO LINS CALDAS E AS INDAGAÇÕES DO ABSURDO

Que estória é essa de se dizer que o modernismo começou em 1922 com Mário de Andrade?
Que estória é essa de se dizer que Jorge Fernandes foi o primeiro no Rio Grande do Norte a cantar no verso livre, sem rima, sem métrica, desrespeitando as fórmulas tradicionais de se fazer poesia?
Quando a "Paulicéia desvairada" deu à luz? Quando?
Quando Mário de Andrade esteve em Natal não foi em 1927? E "Macunaíma" chegou Quando?
Antes, bem antes de todos eles, João Lins Caldas, em 1917, escrevia anonimamente:

... e ao comprido da rede que se balouça esticada
Uma cabeça, uma cabeleira preta,
Pés que se estiram, mãos alongadas...
Vamos irmãos, eu que estou reparando, de retrato,
esse quadro que se alonga ao longo da parede.

José Luiz Silva
(Jornal O Poti, de Natal, 1988)

quarta-feira, 12 de agosto de 2009

OLAVO MONTENEGRO, UM DEPUTADO COMBATIVO

Olavo Lacerda Montenegro (1921-1999), herdou o espólio político de seu pai Manoel Montenegro (Manezinho) que na década de trinta e quarenta, foi prefeito do Assu durante 13 anos consecutivos, nomeado por Getúlio Vargas. Em 1958, Olavo se elegeu deputado estadual, conseguindo se reeleger nas eleições de 1962, 66 e 70.

Tipo baixo, nem gordo, nem magro, amigo intransigente, decidido, tribuno combativo. Olavo não era de recuar, não levava desaforo para casa e não se calava com afronto de ninguém. Reagia na hora as acusações contra a sua pessoa, de se seus correligionários, partidários e amigos, especialmente Aluízio Alves a quem seguiu durante toda a sua vida pública.

Em 1962, Olavo foi ofendido na sua honra, com insinuações feitas pelo seu colega de assembleia e de partido (PSD), deputado Ângelo Varela (filho do ex-governador José Varela), no instante em que fazia um pronunciamento no plenário daquele parlamento estadual. Pois bem, como consequência das ofensas de Ângelo, Olavo não pensou duas vezes, sacou de um revolver calibre 22 (que Varela dizia ser de plástico) e disparou dois tiros, sendo que somente uma bala atingiu a cabeça do seu desafeto. Ângelo teve de ser removido às pressas até a cidade do Recife, para ser cirurgiado, escapando sem sequelas. Coube a Olavo apenas uma prisão durante poucos dias no Quartel da Polícia Militar, em Natal, continuando normalmente o mandato que o povo lhe outorgou. Naquela época a Assembleia Legislativa funcionava na avenida Getúlio Vargas, onde hoje está assentado, salvo engano, o Tribunal de Contas do Estado.

O combativo e atuante deputado Olavo ajudou a fundar e participou ativamente da CODEVA - Comissão de Desenvolvimento do Vale do Assu (órgão consultivo e executivo) presidido por Edgard Montenegro (adversário político de Olavo) e secretariado por Osvaldo Amorim, no começo dos idos sessenta. Com a CODEVA não havia disputas políticas, pois, o que estava em jogo era o desenvolvimento da região varzeana.

Além da sua colaboração na política do seu Estado, em 1959, contribuiu para que fosse fundado em Natal, a ANORC - Associação Norte-Rio-Grandense de Criadores, instituição que ele chegou a ser um dos seus primeiros presidentes, bem como chefiou a delegacia da CIBRAZEN, com sede em Natal, na década de oitenta, além de ter dado importante contribuição para a fundação da Radio Princesa do Vale, de Assu, fundada em 1979.

Com o seu apoio político (Olavo foi um dos responsáveis pela criação da cruzada da esperança e consequentemente a vitória de Aluízio Alves ao Governo do Rio Grande do Norte, em 1960) elegeu Costa Leitão prefeito do Assu, pelo PSD (tirando o sonho de Edgard Montenegro de retornar pela segunda vez a prefeitura da terra assuense) e seu irmão João Batista Lacerda Montenegro, pela ARENA - Verde, respectivamente. Em 1976 ingressou seu filho Manoel Montenegro Neto (Manuca) na política, como candidato a prefeito da terra asuene, pelo MDB, contra Sebastião Alves, da ARENA, que se elegeu, ainda mais apoiou Arnóbio Abreu como candidato a prefeito do Assu, pelo PMDB, que perdeu para Ronaldo Soares, do PDS, nas eleições de 1982.

Olavo além de ter exercido o mandato de deputado estadual por quatro legislaturas, candidatou Manuca deputado estadual (que depois foi suplente de deputado federal, chegando a assumir a alta câmara do país, durante pouco mais de um mês), no final da década de oitenta.

Afinal, os seus empenhos em favor do Vale do Açu, da agropecuária potiguar, foram valiosas. Portanto, é preciso que ele seja mais lembrado na terra assuense, especialmente no município que ele criou na qualidade de deputado estadual, através do Projeto de Lei n. 2.927, de 18 de setembro de 1963, desmembrando Santa Luzia, do município do Assu, dando foros de cidade que passou a ser denominada Carnaubais, terra da sua Mãe Maria Lacerda, que atualmente é nome de uma das mais importantes avenidas do grande Natal.

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terça-feira, 11 de agosto de 2009

ALUIZIO ALVES

Se vivo fosse, "o menino de Angicos", aluizio Alves (1921-2006) estaria completando 88 anos de idade. Aluizio que começou a fazer vida pública ainda menino, aos 11 anos de idade, fundou jornais, aos 18 anos publicou o seu livro de história do seu município intitulado "Angicos". Deputado constituinte (1946), governandor do Rio Grande do Norte (eleito em 1960, fazendo um governo inovador), cassado pelo regime militar, deputado federal (na década de 1990), Ministro da Administração (governo Sarney) e da Integração (Governo Itamar Franco).
Aluizio em 1960, candidato ao governo da terra potiguar pelo PSD, contra Djalma Marinho da UDN, derrotou fortes lideranças políticas como Dinarte Mariz, que tornou seu ferrenho inimigo político. Eu era menino de calças curtas e ainda me lembro da marchinha (hino da sua campanha), que diz assim:

Aluizio Alves veio do sertão lá do Cabugi
Pra sanar o sofrimento do seu povo
Sua plataforma eis aqui:
Assistência e cuidado ao agricultor,
Melhores salários pro trabalhador,
Com a energia de Paulo Afonso, industrialização
Para a mocidade potiguar saúde e educação.
O povo oprimido, do aperário ao doutor,
Escolheu seu candidato, Aluizio Alves pra governador.

Fica a homenagem deste blog ao incontestável líder político potiguar que foi Aluizio Alves.

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segunda-feira, 10 de agosto de 2009

PORTFÓLIO

"No século XXI, o povo que não contar sua história, nem colher sua memória, corre o risco de desaparecer."

Jean Claude Carriere, escritor francês.

(Do Blog de Tony Martins).

ELIAS SOUTO, UM ASSUENSE ILUSTRE

Elias Souto é mais um filho do Assu que engrandece as letras e a história da imprensa do Rio Grande do Norte. Em Assu ele fundou o jornal de oposição intitulado O Sertanejo, que circulou de 1873 a 1876. Depois veio a fundar o Jornal do Assu, que depois passou a denominar-se O Assuense. Souto já estando em Natal, fundou em 1894 a imprensa diária no estado potiguar, fazendo circular o jornal também de oposição intulado Diário do Natal. O professor e poeta Elias Souto chegou até a escerver o Hino da Imprensa Potiguar, publicado no jornal "Diário do Natal", onde em versos brilhantes acentuou a vanguarda das idéias novas trasidas pelo jornalismo (" "Rompendo o caos tenebroso/que as gerações envolvia./O teu verbo fulminante/ No mundo inteiro irradia.")
Ezequiel Fonseca Filho no seu livro sob o título Poetas e Boêmios do Açu, 1984, depõe que Elias Souto "não fulgiu ao desejo de também fazer versos." E um dia escreveu:

Lá, no centro do mar, na imensidão
Pelo sopro dos ventos agitadas,
Vão as ondas, rolando em turbilhão
Desfazeer-se nas rochas escarpadas

Ou se o vento, de súbito, desmaia,
Elas vão o mar liso percorrer,
Em procura da terra, e sobre a praia
Lentamente, estender-se e, após, morrer.

Assim minh'alma. No mar das ilusões
Da vida, no correr da tempestade,
Vaga sempre no mundo aos trambulhões

E, da incerteza, em funda cavidade
Nos abrolhos da túrbidas paixões
Ela somente crê na - Eternidade.

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sábado, 8 de agosto de 2009

HISTÓRIA DOS CASARÕES DO ASSU I

O Sobrado da Baronesa como ainda é chamado pelos assuenses, foi mandado construir por Manuel Lins Wanderley (Coronel Wanderley). Sua construção é anterior a 1825, data em que ele, Coronel Wanderley, casou-se com uma moça membro da antiga família Casa Grande. Sua filha Belisária Lins Wanderley de Carvalho e Silva, ali residiu quando casada com Felipe Neri de Carvalho e Silva (Barão de Serra Branca). Ela era assuense (faleceu em Natal em 1933 e está sepultada no Cemitério Público São João Batista, na cidade de Assu), Baronesa por ser casado com Felipe Nere, natural de Santana do Matos (RN). O decreto dando a Felipe o título de Barão, foi assinado em 19.8.1888, quando a Princesa Isabel governava o Brasil.

Dr. Luis Carlos Lins Wanderley (1831-1990), outro filho do Coronel Wanderley também residiu naquele casarão secular. Luiz Carlos foi o primeiro norte-riograndense a se formar em medicina e o primeiro romancista potiguar, publicando o romance intitulado "Mistério de Um Homem". Ainda foi poeta e, como jornalista dirigiu o jornal "Correio de Natal", além de ter sido deputado provincial, vice-presidente da provincia, chegando a governá-la em 1886. Teatrólogo, poeta, ganhou comendas como a Comenda de Cavalheiro da Ordem da Rosa e a Medalha da Ordem do Cruzeiro, por ter combatido na qualidade de médico a epidemia de febre amarela e cólera, no tempo do Império. 

Naquele sobrado também residiu o médico que foi intendente do Assu, deputado estadual, presidente da Assembléia Legislativa chamado Ezequiel Fonseca Filho, bem como funcionou ainda o escritório do seu então proprietário José Wanderley de Sá Leitão e a Cooperativa de Consumo do Assu (anos sessenta). Atualmente funciona a Casa de Cultura, do Governo do Estado.

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POESIA

SOB A NOITE

Se eu desprezar a terra, abandonando
O teu desdém-essa desgraça nova,
Os que na rua forem te encontrando
Hão de ver o teu riso palpitando
E terão flores para a minha cova.

Mas, se tudo acabares, te acabando
Antes que finde a dor que em mim renova,
Por todos lados onde eu for errando,
Há de se ver os meus olhos lacrimando
E eu terei flores para a tua cova.

João Lins Caldas - poeta potiguar do Assu.

sexta-feira, 7 de agosto de 2009

RIO PIRANHAS/ASSU

Rio Piranhas/Açu, no município de macau.

O rio Piranhas/Açu nasce na Serra do Bongá, município de Bonito de Santa Fé, estado da Paraíba, com a junção das águas do Rio do Peixe e Piancó, daquele estado paraibano. Seus afluente principais são: rio Espinhara, Picui e Seridó. É considerado como um dos maiores rios do Nordeste, "responsável pela maior bacia hidrográfica do Rio Grande do Norte, ocupando uma superfície de 17.500 Km2, correspondendo a 32,8% do território estadual, onde são encontrados 1.112 açudes. Desemboca no município de Macau, litoral do Rio Grande do Norte (conforme fotografia, o rio se encontrado com o mar). São seus afluente os rios Espinhara, Picui e Seridó. Entra no estado potiguar pelo município de Caicó, no Seridó, "desce em direção sul norte, para começar a banhar o município de Assu no lugar Saquinho, e marginando e confinando o território a leste, passa pelos seguintes lugares: Poço do Cavalo, Bonito, Mutamba, Caiçarinha, Floresta, Várzea da Luíza, Bugio, Marcação, Lagoa da Pedra, Riacho Fundo, Castelo, Quixeré, Cachorro, Itans, Mocó, Poassá, Juazeiro-fechado, Farol, Casa Forte, Baviera, Fura-boca, Santa Clara, Rio dos Cavalos, Poço da Ema, Santo Antônio, Parelhas, Martins, Forquilha do Rio, Estevão, Comboieiro, Carão, Jerimu, Poço Verde, Melancias, Tabatinga, Saco, Xambá, São João, Rosário, Córrego, Curralinho, Oficinas, Garcia, Cobé, Logradouro, Imburanas e Barra, onde entra no mar."

O Piranhas/Açu é decantado em prosa e verso por dezenas de poetas do Assu. A poetisa Maria Carolina Caldas Wanderley (Sinhazinha Wanderley), escreveu:

Vem de longe, potente, majestoso,
Inunda o branco leito das areias;
Seus possantes canais - as suas veias,
Serpejam num marulho rumoroso.

Suas margens de um todo grandioso,
De arvoredos robustos todas cheias,
Parasitas formando lindas teias,
No tronco da oiticica, alto, rugoso.

Os cavaletes, balsas e canoas
Velejando, defendem-se das croas,
Indo aportar à entrada do "Cipó"

Carnaúbas na várzea, enfileiradas,
Parecem contemplar, extasiadas,
O rio, a despejar no "Piató"

João Lins Caldas não deixou por menos: 

Alvo e largo, profundo entre os cabeços brancos
É o rio a se estirar vendo os bambus copados
E lhe vão a correr pelo seios nevados
As torrentes de encher os lagos e os barrancos

Das águas que carrega, os largos veios francos,
Descidos de alta serra e na várzea alongados,
Caminho do oceano, olhando os descampados,
Lá se vão a tremer pelos rasgados flancos.

Onde vai leva a andar os balseiros folhudos
Os escombros de palha, os canaçus caídos
Os restos de fogueira e os ramos velhos mudos

E carrega, a rolar, aos pedaços e aos galhos,
Os altos mulungus, os gravatás fendidos,
As lavouras de abril e a lama dos atalhos...


(Postado por Fernando Caldas)
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quarta-feira, 5 de agosto de 2009

LEMBRANDO NAVARRO

Newton Navarro foi um dos grandes nomes das artes plásticas da terra potiguar, além de poeta e cronista dos melhores. Navarro na sua boemia, conviveu com outro igualmente poeta boêmio chamado Renato Caldas, desde os tempos da Confeitaria Delícia (ponto de encontro nos anos cinquenta, sessenta e começo de setenta, dos boêmios, políticos e intelectuais norte-riograndenses)e nas suas idas ao velho Assu. É tanto que Renato numa feliz inspiração, num poemeto intitulado "Cromo", o definiu assim:

Adão foi feito de barro...
Mas, você Newton Navarro,
foi feito da inspiração,
do Céu, dos ninhos, das flores,
de todos os esplendores
do luar do meu sertão.

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POESIA MATUTA

HOME

Home qui larga a muié,
Pra vivê c´uma sugeita;
Ou esse cabra num presta,
Ou antonse é coisa feita.

Home qui vévi sirrindo,
E diz qui nunca chorô;
Ou esse cão tá mintindo,
Ou pur outra nunca amô.

Home, qui deixa a muié,
In casa, e vai passiá...
O fim dele tem qui sê:
No sumitéro, ou hospitá.

Home qui anda inlordado,
Sem tê uma ocupação.
No mundo so pode sê:
Ou jogadô, ou ladrão.

O freguez da fala fina,
Qui num gosta de muié!
Vamo atraz qui essa péste!
Tem um defeito quarqué.

Renato Caldas

domingo, 2 de agosto de 2009

LOGOMARCA

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NOTA

Fotografia do blog de aluízio Lacerda.

"Meu José Virou Poesia", é mais um livro que enriquece as letras assuenses. A autora daquele volume é a poetisa Ester Morais (a sua direita), que pousa na fotografia ao lado da sua irmã Secretária de Estado Fátima Morais. Conheci e convivi com o personagem deste livro chamado José Martins de Morais. Ele foi enfermeiro no Assu, proprietária de farmácia em Carnaubais. Zé enfermeiro como era mais conhecido foi candidato a verador de Assu, salvo engano, nas eleições de 1976 ou 1982. Era frequentador na década de oitenta do chamdao 'Senado' (batentes da prefeitura do Assu), quando era bem frequentado pelos formadores de opiniões da política assuense, que se reuniam todas as noites naquele local para uma boa prosa, cada um defedendo o seu chefe político que eram muitas vezes satirizados por cada um dos dos seus adversáros. Afinal, fica o registro e os parabéns deste blog (que tem o sentido de divulgar o passado e o presente da história literária, econômica, social e política - sem politicagem- da terra assuense) a mais nova escritora do Assu.

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POESIA

PARA VOCÊ

Eu venho de uma montanha, Tânia.
De uma montanha de fogo e de sombras,
De fogo como o sol e de sombras como a noite.

Venho de um vale, Tânia.
Um vale com mil flores brilhantes,
E todas estas flores eram tuas.

Venho de uma floresta, Tânia.
Uma floresta com apenas um pássaro.
Um pássaro azul como as águas do rio.

Venho de um lago também azul, Tânia.
Um lago tranquilo e sem rumores,
Com cisnes brancos, cisnes selvagens,
Selvagens como meu amor.

Eu venho do mar, Tânia.
Um mar sem praias e sem gaivotas,
Com uma ilha de carne,
E com o sangue de uma estrela.

Venho do deserto quente, Tânia.
Um deserto com ventos de areia,
E com monumentos que são sepulcros,
Onde enterro a minha solidão.

Walflan de Queiroz - 1930-1995 (poeta potiguar).

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GILBERTO AVELINO

Gilberto Avelino (1928 - ) era natural de Assu. Mas a sua terra amada era Macau, importante cidade do litoral potiguar, onde chegou ainda menino novo, em companhia de seus pais. Herdara do seu genitor Edinor Avelino, o dom da poesia. Gilberto era brilhante orador e advogado, poeta lírico, prosador. Sobre a terra macauense, onde ele radicou-se, escreveu numa feliz inspiração: "Esta é a terra que amo. De rio em preamar, sereno, onde entre ferrugens e sombras, descansam âncoras, e navegam fantasmas de barcos cinzentos." Ele era membro do Instituto Histórico e Geográfico do Rio Grande do Norte e da Academia Norte-riograndense de Letras, cadeira número 35 (que tem como patrono o poeta Juvenal Antunes), substituindo seu pai. O poeta Avelino (por que não catalogá-lo também como bardo assuense?) estreou nas letras potiguares na década de setenta, publicando o livro sob o título "Moinho e O Vento", 1977. Ele é da geração dos poetas Berilo Wanderley, Zila Mamede, Celso da Silveira, dentre outros. Publicou também os livros intitulados "O Navegador e o Sextante", 1980, "Os Pontos Cardeais", 1982, "Elegias do Mar Aceso em Lua", 1984, "O Vento Leste", 1986, "Além das Salina", 1990 e "As Marés e a Ilha", 1995. Deu a sua colaboração em diversos jornais de Natal e do Recife, como Diário de Pernambuco. Formou-se em direito pela Faculdade de Direito de Alagoas, em 1955. No seu livro Os Pontos Cardeais, transcrevo abaixo o poema intitulado "A Ilha e a Lenda", que diz assim:


Aos ventos da foz do rio Açu erguida,
e tendo o nome do seu sesmeiro
Manuel Gonçalves, resistia a ilha -
flor sangrando em meio às marés

altas de sizígia. O mar vinha em espumas
de fogo, e levava, em velozes carrocéis,
pedaço por pedaço do seu chão salgado,
e ante o qual, por amplo tempo, brando

cantara. Luminosas cicatrizes refloresciam
na carne dos seus pacíficos moradores
(pescadores e salineiros). E lhes doía
a última visão - sol em sossego do poente,

que se apagava das casas e pequenas ruas,
onde ressoavam ainda os seus longos
passos. O mar, incandescendo-se de azuis,
a ilha escondeu entre ondas

ardentes e porões abissais que construíra.
Em noites de lua de agosto, quando
o mar reveste-se de brancos algodoais,
os pescadores escutam cantos de sino

que vêm da capelinha insepulta,
e identificam a voz -
tão leve, bela e pura,
da virgem da Conceição falando às águas.

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sábado, 1 de agosto de 2009

RAPAZES ASSUENSES DA ANTIGA



Clique na fotografia.


A fotografia acima fora tirada no início da década de sessenta. Esquerda para direita vejamos José Caldas Soares Filgueira - Dedé Caldas (ele era uma pessoa tipo folclorista, conhecedor da vida social e cultural do Assu), José Nazareno Tavares - Barão (foi agropecuarista, corredor de vaqueijadas em todo Nordeste, foi também superintendente da CERVAL, sendo um dos seus fundadores, faleceu em 1979), Andiere "Majó" Abreu (que também era um excelente vaqueiro, derrubador de gado, além de poeta glosador), DetônioFonseca (atualmente é aposentado do Banco do Brasil) e o saudoso Chico Germano um dos maiores derrubadores de gado do Estado potiguar. Chico Germano faleceu num desastre, salvo engano, no final da década de sessenta, ao dirigir um Jeep, nas proximidades da Lagoa da Acauã e a ponte sobre o Rio Piranhas/Assu.


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PELO DIA DA CONSCIÊNCIA NEGRA Se Guilherme de Almeida escreveu 'Raça', em 1925, uma obra literária “que tem como tema a gênese da na...