Macapá ou Lagoinha eram assim denominados a localidade que fica entre a rua Ulisses Calçdas até o bairro Bela Vista também denominado de Boi Chôco. Não sei porque razão aquelas denominações deixaram de serem conservadas até pelos mais antigos assuenses. Pois bem, a poetisa assuense Sinhazinha Wanderley retrata o Macapá, dizendo assim neste sonete que veremos adiante para o nosso deleite:
Macapá, Bairro outrora desprezado,
Hoje feliz, alegre, florescente...
Tendo vista boa e nobre povoado.
Em frente à "Lagoinha"; e aí ao lado
Um roçado em cultivo vividente,
Ali, o palmeiral verde, luzente,
E junto um matagal estrelaçado.
A enchente extravasou-te, "Lagoinha"
Pra descrever-te, a poesia minha
Não tem beleza, as expressões são baldas...
Mas sonhas um porvir aureolado
O pobre bairro outrora abandonado
Tem o nome febril de Ulisses Caldas!
Sinhazinha Wanderley
Fernando Fanfa Caldas
sexta-feira, 26 de março de 2010
AQUELA NOITE
Por Renato Caldas
Era o finá da cuiêta...
Disso, inda tô bem lembrado.
As salina parecia,
Arguns pedaços de dia,
Qui a noite tinha rôbado.
Aquela noite bonita,
Qui se tornô tão mardita,
Qui me faz tão desgraçado.
Naquela noite de lua:
- Deus num me castigue não -
Mais ante, eu ficasse mudo,
Ficasse cêgo de tudo,
Pra num sê tão bestaião,
De cantá praquela ingrata,
Naquela noite de prata
"O Luá do meu Sertão".
Naquela noite, Seu môço...
Seu Môço, naquela noite;
Mais ante eu bebesse o fé,
Sofresse dores crué,
Levasse os quarenta açoite,
Fosse pregado na cruz,
Sofresse mais que Jesus,
Morresse naquela noite.
Fernando Fanfa Caldas
O CINEMA NO ASSU
O primeiro cinema instalado no Assu não foi o Cine Teatro Pedro Amorim, como muitos pensam. O escritor potiguar assuense Francisco Amorim depõe que o primeiro cinema "funcionou num pequeno armazém localizado à rua do Córrego", atual Aureliano Lôpo. Seu Vicente era o proprietário daquela casa cinematográfica que, penso eu (é preciso pesquisar), provavelmente no prédio edificado aos fundos (fotografia acima) onde funcionou o cinema Pedro Amorim, porque a sua arquitetura tem caracteristicas de que ali era uma casa de espetáculo, hoje abandonada por completo. Isso por volta de 1911.Tempos depois também comenta o escritor Amorim "surgiu outro cinema que fazia suas apresentações no sobrado de Sebastião, à praça Pedro Velho", onde hoje funciona a betys Boutique ) de propriedade dos amigos Elizabeth e Astênio Tinoco. E vais mais além aquele também poeta e pesquisador ao dizer que outro cinema surgiu (o terceiro) vindo "das bandas de Caicó. O seu dono era Belizio Ferrer e localisou-se no prédio da rua São João. Dai para a instalação do Cine Teatro Pedro Amorim foi um tempão", conclui Francisco Amorim no seu livro intitlulado "Assu de Minha Meninice", 1982. Portanto, foi o Cine Teatro Pedro Amorim (trazido por Aldemar de Sá Leitão e instalado pelo comerciante coronel Francisco Martins) a quarta casa de apresentação da sétima arte, instalada na cidade do Assu.
Fernando Fanfa Caldas.
Fernando Fanfa Caldas.
quinta-feira, 25 de março de 2010
CORA CORALINA
Ilustração do blog.
Por Celso da Silveira, poeta, escritor assuense já falecido.
Enquanto em Natal era recolhidos votos dos intelectuais para que o poeta Gerardo Mello Mourão fosse agraciado com o prêmio Juca Pato, eu me encontrava na cidade de Goiás Velho levando dois abjetivos principais: conhecer a antiga capital do estado e visitar Cora Coralina, poetisa com 95 anos de idade.
Poeta e doceira.
Eu vinha de Goiânia, viajando quatro horas de ônibus. Cheguei à cidade perto da meia noite e logo me alojei no Hotel Alegrama. Posta a bagagem em sossego, decidi andar´pela cidade aonde esperava ainda encontrar, àquela hora, rumores de batucada, pois estávamos às vésperas do Carnaval desse ano, que começou nos primeiros dias de março.
A cidade se recolhia. Os bares arrumavam-se para fechar. No Coreto, um pequeno bar ainda me serviu algumas doses de vodka com laranjada. Mais adiante, um restaurante a la carte vendia cervejas e linguiças até a saída do último boêmio.;
No outro dia vi - pela janela do meu quarto - que o hotel estava à margem esquerda do rio Vermelho, que banha a cidade cortando-a em duas fatias desiguais. Do meu lado do rio. avistei a ponte de madeira que leva à outra parte menor. Logo adiante, na cabeceira da ponte, à esquerda, a primeira casa serve de residência a Cora Coralina. Uma casa velha, paredes descascadas, portas e janelas de pintura antiga. Típica arquitetura colonial. Lá fui bater palmas à sua porta. Ninguém para atender. Uma mulher, do outro lado da rua, saiu para informar que Coralina estava doente em Goiânia, hospitalizada. Pensei ali, que dessa vez terminava a vida dessa mulher extraordinária, de um vigor e lirísmo inexcedíveis. Deixei, então, o meu recado:
"Cora eu, ó Coralina
que te sei descoradindinha.
Vim conhecer-te, menina,
e te tomar por madrinha"
Goiás é cidade sem ônibus. Ou se anda a pé ou de automóvel.
Como dispunha de apenas 30 horas na cidade, fiz visitas-relâpagos ao sítio histórico, aos museus e às igrejas, em táxi, cujo motorista era verdadeiro guia turístico sem ônus para o governo municipal.
Voltando a Natal, por mera coincidência vou ser leitor de Gerardo Mello Mourão, num livro de sebo. Tenho dele a impressão de que é o melhor texto da safra de escritores brasileiros de agora. Leio seus artigos e cada vez mais me convenço de que ele tinha todo o direito a aspirar uma premiação da altura do Juca Pato. Mas, do outro lado, eu tinha predileção por Cora Coralina.
Agora, numa noite chuvosa dos últimos dias de abril, a televisaão me mostra a poetisa, com lucidez mental e voz firme, dizendo sua poesia de puro lirismo, tão segura quanto pode uma mulher de 95 anos.
Ganhara o prêmio Juca Pato, concorrendo com o poeta Gerardo Mello Mourão, dos troncos dos Inhamos cearenses, e viajante do mundo.
Natal, 2.5.84
(Artigo Transcrito do livro "Anjos Meus Aonde Estais", 1996).
QUE QUENTURA! QUE MORMAÇO!
Grita o povo apavorado:
Vai morrer tudo torrado
Se Deus não meter o braço,
O homem vira bagaço,
Se procurar carne crua...
Porém no meio da rua,
Para provar que não é frouxa
Ou para pegar um trouxa
Vai a mulher andar nua.
Renato Caldas
Vai morrer tudo torrado
Se Deus não meter o braço,
O homem vira bagaço,
Se procurar carne crua...
Porém no meio da rua,
Para provar que não é frouxa
Ou para pegar um trouxa
Vai a mulher andar nua.
Renato Caldas
quarta-feira, 24 de março de 2010
VELHOS CARNAVAIS DO ASSU, 1964
Na primeira fotografia acima, esquerda para direita: Zé Leitão, João Batista Macedo (JB), (?), Dilma (então funcionário da Fundação SESP e Chaguinha Pinheiro. Na foto abaixo (no Clube ARCA), esquerda para direita vejamos Nazareno Tavares (Barão) e Dedé Caldas, nos tempos da lança perfume.
MISS RIO GRANDE DO NORTE NA ADEGA DA PONTE, 1971
Adega da Ponte (antigo balneário de Assu) 1971. Esquerda para direita: Fenando Fanfa Caldas (sem camisa, sentado), Asterinho Tinôco, jornalista Paulo Macedo, Tázia (Miss Rio Gande do Norte, 1971, (?). E já se passaram quatro décadas.
terça-feira, 23 de março de 2010
segunda-feira, 22 de março de 2010
JOÃO CACHINA, O PORTUGUES
João Gonçalves Cachina era um velho português nascido numa pequena e bonita cidade de Viana do Castelo, ao norte de Portugal de onde ele fugiu para o Brasil ainda no início da sua juventude. Primeiramente desembarcou no Rio de Janeiro, morou no Recife e depois Macau, litoral do Rio Grande do Norte. Na localidade de Arapuá, então distrito de Santana do Matos e hoje pertencente ao município de Ipanguaçu-RN, comprou uma propriedade rural onde construiu uma casa em estilo português (fotografia acima), usina de descaroçamento de algodão e outra de beneficiamento de cera de carnaúba. Conta-se que ele, chateado por algum motivo, logo deixou de viver na sua fazenda Arapuá, propriedade que adquiriu no ano de 1922 (para onde nunca mais voltou), fixando residência na cidade de Assu-RN.
Cheguei a conhecer Seu João Cachina, tipo magro, estatura mediana. Decente, um pouco calado. Vestia-se de paletó e gravata. Certa vez ao passar pelas ruas da cidade de Assu que escolheu para viver até a sua morte em 1981 foi surpreendido com uma brincadeira de mal gosto por certo assuense que disse assim: "Seu João, o português é muito burro". E ele (mesmo amando o Brasil teve que defender a sua origem), dizendo: "O português é tão burro que descobriu esta merda".
QUEM DIZ É O POVO!
Eleição para vereador de Natal pelo antigo PDS - Partido Democrático Social, 1991. Obtive 770 votos.
A VÁRZEA
Carnaubeiras, Vale do Assu.
Sob o fresco chapéu dos carnaubais frondosos
Alvíssimo lençol de fúlgidas areias,
Pesadas de conter os escombros das cheias,
É a várzea a se alastrar sob os pinhões viçosos.
Irmãs que são dos ramos buliçosos,
Sem flores conhecer e o dissabor alheias,
As raízes dos paús vão lhe rasgando as veias,
Com que, certo, alimenta os frutos saborosos.
Mãe das ervas de maio e dos feijões maduros,
Coberta de capim nas extensões cercadas,
Guarda troncos no seio e socavões profundos.
Tem, de longe, a cercá-la, entre os moitões escuros
Enorme, rude e bravo, as águas elevadas,
Meio a meio, a rasgá-la, um rio, os seios fundos.
JLCaldas
Sob o fresco chapéu dos carnaubais frondosos
Alvíssimo lençol de fúlgidas areias,
Pesadas de conter os escombros das cheias,
É a várzea a se alastrar sob os pinhões viçosos.
Irmãs que são dos ramos buliçosos,
Sem flores conhecer e o dissabor alheias,
As raízes dos paús vão lhe rasgando as veias,
Com que, certo, alimenta os frutos saborosos.
Mãe das ervas de maio e dos feijões maduros,
Coberta de capim nas extensões cercadas,
Guarda troncos no seio e socavões profundos.
Tem, de longe, a cercá-la, entre os moitões escuros
Enorme, rude e bravo, as águas elevadas,
Meio a meio, a rasgá-la, um rio, os seios fundos.
JLCaldas
domingo, 21 de março de 2010
OBRIGADO GOVERNADORA WILMA DE FARIA
Na qualidade de ex-vereador da terra assuense, como natural daquela importante município potiguar porque não dizer obrigado a governadora Wilma de Faria pela conclusão do Ginásio Arnóbio Abreu. Demorou? Claro que demorou! Mas, chegou como diz o professor de carnaubais Aluízio Lacerda: "Demorou mas chegou. E do bom". Pois bem, o Assu é merecedor daquele empreendimento, bem como o nome de Arnóbio (a sua memória) é merecedora da homenagem. Este blog agradece em nome do povo do Assu.
Fernando "Fanfa" Caldas
"ASSÙ - DOS JANDUIS AO SESQUICENTENÁRIO"
O título acima é o segundo livro do pesquisador, animador cultural, contista e historiador assuense Ivan Pinheiro. Mas, Ivan é também secretário de governo da Prefeitura Municipal do Assu. Já passou como secretário das administrações municipais dos prefeitos José Maria Medeiros, Lourinaldo Soares, Ronaldo Soares e agora na administração Ivan Junior. Amigo leal sobretudo, querido pelos assuenses pelo seu trabalho, bem como pela sua simplicidade e descência que lhe são peculiares. O seu livro referenciado acima certamente engrandecerá as letras assuenses e, porque não dizer potiguares. O seu lançamente irá ocorrer dia 30 que se aproxima na Loja Maçônica Fraternidade Assuense.
Fernando "Fanfa" Caldas
EX-VEREADORES DO ASSU
Esquerda para direita: Joaquim Siqueira de Furtado (193-1976), Mariza Cardoso Pinto (1973-1976, ela foi, se não me engano, a terceira mulher a assumir a Câmara dos Vereadores do Assu) e José Regis de Souza (1973-1982). Regis por sinal, é comentarista político de conceito e apresenta aos sábados um programa político através da Rádio Princesa do Vale, de grande audiência no Vale do Assu. É filho do ex-vice-prefeito daquela terra assuense José André de Souza falecido recentemente. Os três edís eram do partido da Velha ARENA - Aliança Renovadora Nacional. Joaquim e regis foram, portanto, presidente do Legislativo Assuense (1975-1976 e 1977-1982 respectivamente. Fica mais um registro na História do Assu.
Fernando "Fanfa" Caldas
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