ROBERTO RUFINO DE MAGALHÃES
Assuense por adoção e de coração, ROBERTO RUFINO DE MAGALHÃES foi adotado por Assu como seu filho mais que legítimo, aos 29 anos, quando chegou à cidade para servi-la como profissional da medicina. Nasceu em Pereiro no Ceará, mas foi de Assu a quem amou à primeira vista, que se tornou filho lídimo.
Corria o ano de 1970, precisamente no dia 10 de fevereiro, cônscio das responsabilidades de um médico, apresentava-se ao então Chefe da Unidade Mista de Assu, Dr. Nelson Inácio dos Santos, de saudosa memória, o Dr. Roberto, a mais recente contratação da Fundação SESP para atuar como médico auxiliar daquela Unidade. Começava uma história de amor, de profissionalismo, de interação entre o Dr. Roberto Rufino de Magalhães e Assu.
Naquele mesmo ano, acontecia a Copa do Mundo, e o Brasil sagrou-se tricampeão mundial. Explosão de alegria. Por alguns bons momentos, seu grito era de gol, abdicara do médico para viver a euforia causada pelo bom futebol brasileiro. Paixão desde sempre - gazeava aula por uma boa pelada. Adolescente, já era profissional, camisa 10 do Ferroviário Futebol Clube. Também jogou no Riachuelo. Adulto, dono absoluto da camisa 10 abandonou o futebol pela Faculdade de Medicina. Era o despertar para a vocação de médico.
Ainda em 1970, casou-se com a jovem universitária Consuêlo. Dessa união, nasceram Cinthya Roberta e Bruno Roberto, também Vanessa Roberta, a filha do meio que por complicações congênitas, veio a falecer 3 dias após o nascimento. Esse foi o único episódio triste na vida do casal.
O jovem e dedicado médico havia optado pela pediatria, porém àquela época, há mais de quatro décadas, numa cidade de interior, não havia escolhas: no consultório ou ambulatório, era possível atender os pequeninos, sua clientela preferencial, decidir somente por ela, jamais. Assim o jovem e disciplinado médico passava rapidamente de um recém-nascido com o umbigo necrosado para um ancião que chegara enfartado. De um atendimento de urgência ou emergência causado por perfurações de armas de fogo ou branca, para socorrer alguém com tosse com diagnóstico de tuberculose, além de tratar lepra, catapora, doenças outras contagiosas conhecimento adquirido após dois meses de curso em Doenças Tropicais em Teresina, capital do Piauí. Jamais optaria por ginecologia, mas mesmo assim, muitos partos foram feitos, tantos que não daria para dizer quantas crianças ajudou a dar a luz: três mil? Cinco mil? Difícil fazer essa conta! O seu amigo Barbalho, também funcionário da FSESP, tinha um projeto audacioso: levantar o quantitativo dos partos normais feitos pelo Dr. Roberto. Cesariana com certeza foi o mínimo, mas houve também essa necessidade. Com sucesso, operou na ausência do titular. Mandado para o Rio de Janeiro onde durante um ano fez Saúde Púbica tornou-se médico sanitarista. Se não bastasse, foi designado para fazer em Belo Horizonte, Minas Gerais curso de três meses em Traumatologia. Assim, voltou traumatologista. Era um clínico geral com dotes, habilidades e algum conhecimento de especialista. Dr. Roberto atendia no ambulatório todos que o procurassem sem o protocolo da ficha. Quem sobrasse, bastava esperar um pouco, lá estava ele, pronto para atender os excedentes. Em sua residência era comum à procura.
Pertenceu à Loja Maçônica Fraternidade Assuense. É Companheiro Leão, compondo o quadro de associado do Lions Clube de Assu, tendo sido seu presidente por sete gestões.
Aos 65 anos e com 35 anos de exercício profissional computados pela FSESP depois FUNASA aposentou-se do serviço público federal. Porém, sentia-se útil e com uma vontade enorme de trabalhar. Incansável, continuou contribuindo para a saúde do povo que tanto amava e passou a exercer a medicina no posto de saúde do bairro Bela Vista, como médico do PSF.
ROBERTO RUFINO DE MAGALHÃES mudou-se de Assu para Natal após 40 anos de dedicação absoluta a Assu. Há quase 4 anos, vive das boas recordações, da saudade do seu povo, esse povo açuense que ainda ama, das lembranças dos torneios e campeonatos de futebol de salão que ajudou a realizar na quadra da AABB, da palhoça que lá existia, das noites de lua, da cervejada que varava as madrugadas e das serestas com Barrinho. Não esquece o hospital da FSESP. Ali se fez profissional comprometido com o exercício da medicina. Dali vem uma grata e viva lembrança do seu colega médico, do amigo, companheiro e compadre, Dr. Nelson Inácio dos Santos, também seu professor e encorajador nas decisões mais difíceis diante de um diagnóstico ou de um procedimento a realizar.
Em Natal, optou por morar à beira mar na praia da Redinha. A beleza e a irreverência do mar, o espetáculo do nascer e do por do sol, o encanto das luas cheias banhando as águas que se sacodem no ritmo das ondas que vêm e que vão são maravilhas que desfruta dia após dia, revigorando as suas forças e alimentando a sua mente. A companhia dos seus dois netos, Beatriz e Cássio, ambos com 5 anos, é um poderoso elixir para o seu coração e para a sua alma. Beatriz é filha de Bruno e Alessandra. Cássio é filho de Cinthya e Marco Antônio. Seu genro e sua nora são dois presentes de Deus. Seus netos prêmio maior que a vida lhe ofertou
“ASSU É BOM EU POSSO AFIRMAR. TERRA BENDITA... ADEUS ASSU EU PARTI, EU PARTI COM SAUDADE DE TI”.
Fonte: Consuêlo Magalhães.
Do blo Assu na ponta da lígua, de Ivan Pinheiro