sexta-feira, 30 de dezembro de 2016
Cartão postal com vista de parte da rua Ferreira Chaves na primeira década do século XX.
Aqui a rua Ferreira Chaves, que até 22 de março de 1899 chamava-se rua Formosa, era ainda constituída por construção simples como essas que aparecem nessa fotografia de 1906.
A mudança do nome representou uma homenagem feita ao então presidente do Estado do Rio Grande do Norte, Joaquim Ferreira Chaves. Esse foi o nosso primeiro governador eleito, no regime republicano, pelo voto popular e direto.
A mudança do nome representou uma homenagem feita ao então presidente do Estado do Rio Grande do Norte, Joaquim Ferreira Chaves. Esse foi o nosso primeiro governador eleito, no regime republicano, pelo voto popular e direto.
Sem nada que identifique aqui a rua Ferreira Chaves de 110 anos atrás, é quase impossível saber em que ponto a foto foi tomada.
É quase certo do fotógrafo ter se posicionado na esquina com a avenida Sachet(atual Duque de Caxias) e olhando para a rua Almino Afonso.
É quase certo do fotógrafo ter se posicionado na esquina com a avenida Sachet(atual Duque de Caxias) e olhando para a rua Almino Afonso.
Outro detalhe que pode se notar aqui é a ausência de qualquer tipo de iluminação pública nessa rua.
Apesar de Natal já possuir iluminação a Gás Acetileno desde 29 de junho de 1905, esse trecho não estava no projeto das ruas que primeiro ganharam o banho de luz.
Apesar de Natal já possuir iluminação a Gás Acetileno desde 29 de junho de 1905, esse trecho não estava no projeto das ruas que primeiro ganharam o banho de luz.
Fotógrafo: Não informado
Ano: 1906
Ano: 1906
Natal já esteve sob regime comunista por 4 dias
O povo de Natal topou a revolução de pura farra. Saquearam um depósito militar e passaram a andar fantasiados de soldado. O transporte coletivo virou gratuito. Que dia!
Era 23 de Novembro de 1935 e o dia corrida tranquilo na pequena cidade de Natal de cerca de 40 mil habitantes. Um dia bem diferente dos anteriores, que foram marcados por vários incidentes de rua como assaltos a bondes.
Natal estava prestes a ter o maior levante militar de sua história, que ocorreria no Batalhão do Exército. Logo mais em breve a capital potiguar iria cair nas mãos de rebeldes, que destituíram os governantes locais dos seus cargos.
Eis que no quartel militar do 21º Batalhão de Caçadores (21º BC) chega uma informação chave
A de que o general Manuel Rabello, comandante da 7ª Região Militar do Recife, havia autorizado o licenciamento de alguns cabos, soldados e tenentes que estavam com tempo vencido na carreira militar, e a expulsão de outros, acusados de envolvimento em incidentes de rua ocorridos dias antes em Natal, incluindo assaltos a bondes.Este documento causou um movimento que estava sendo articulado há alguns dias entre lideranças militares e sindicatos locais junto com membros do PCB estadual. O objetivo era apoiar a revolução nacional que estava sendo preparada pela Aliança Nacional Libertadora (ANL), no Rio de Janeiro.
“Havia uma preparação para o levante sob a direção do Partido Comunista, que atuava no 21º Batalhão de Caçadores e em vários sindicatos locais. Eles apenas aguardavam as orientações do comitê central”, explica Homero de Oliveira Costa, professor de ciências políticas da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) e estudioso da insurreição de Natal.
Além disso, Homero lembra que a cidade já vivia momentos de tensão política desde o ano anterior: “O Rio Grande do Norte teve uma das mais tumultuadas eleições do país, com diversos conflitos de ruas, assassinatos, prisões e repressão. Isso criou uma situação muito tensa no Estado, e em Natal em particular”, completa.
Mas aconteceu um erro de comunicação
Os acontecimentos daquele Sábado foram acontecendo de tal maneira que não houve tempo nem de avisar a ANL, cujos líderes (incluindo Prestes) aguardavam o melhor momento para eclodir a revolução em nível nacional. Em função das expulsões ordenadas pelo comando militar no Recife, o PCB estadual e os integrantes do Batalhão decidiu dar início ao motim naquele mesmo dia.Aí o caldo entornou
Por volta das 19:30 um grupo de militares rebeldes, liderados pelo sargento Quintino Clementino de Barros, rendeu os oficiais de plantão no Batalhão e, com fuzis apontados para a cabeça dos soldados, ordenaram que estava todo mundo preso por ordem do capitão Luís Carlos Prestes.
Sem apresentar resistência, revolucionários liderados por Quintino e apoiados por grupos civis organizados [como o sindicato dos estivadores, muito forte na cidade], tomaram o quartel e ocuparam locais estratégicos da cidade, tais como: o palácio do governo, a Vila Cincinato – residência oficial do governador -, a central elétrica de Natal, a estação ferroviária e as centrais telefônica e telegráfica da cidade.
Informado sobre a confusão, o governador e demais autoridades civis e militares fugiram e se esconderam na casa de aliados. No quartel da Força Pública, cuja sede ficava próxima ao batalhão rebelado, ensaiou-se uma resistência legalista com policiais fiéis ao governo, vencida pelos militares rebeldes, no momento mais organizados e bem armados.
O dia amanheceu e Natal estava completamente dominada
Na residência do governador, sede dos rebelados, formou-se uma junta provisória de governo, autodenominada Comitê Popular Revolucionário, que era formada pelo sapateiro José Praxedes (secretário de Abastecimento); sargento Quintino Barros (Defesa); Lauro Lago (Interior e Justiça); estudante João Galvão (Viação); e José Macedo (Finanças), este último funcionário dos Correios.Foi então que o Comitê Revolucionário saiu da teoria e começou a tomar medidas práticas. A primeira foi um decreto com a destituição do governador do cargo, e a dissolução da Assembleia Legislativa “por não consultar mais os interesses do povo”. As tarifas de bondes foram extintas e o transporte coletivo tornou-se gratuito.
Na segunda-feira, o comércio e os bancos não abriram. À tarde, foram ordenados saques dos cofres da agência do Banco do Brasil e Recebedoria de Rendas. O dinheiro foi confiscado em nome do governo revolucionário e parte dele distribuído à população, que foi ao delírio com a novidade, e não tinham muita noção do que estava acontecendo na cidade.
E a festa popular começou
“A população confraternizava com os rebeldes. Era mais uma festa popular ou um carnaval exaltado, do que uma revolução”, explica o historiador Hélio Silva em seu livro 1935 – A Revolta Vermelha. “Casas comerciais foram despojadas de víveres, roupas e utensílios domésticos que aquela gente não podia comprar. Houve populares que, pela primeira vez, comeram presunto”, diz o historiador.Um dos líderes do movimento, João Galvão, relatou posteriormente o que aconteceu naqueles dias: “O povo de Natal topou a revolução de pura farra. Saquearam o depósito de material do 21º BC e todos passaram a andar fantasiados de soldado. Minha primeira providência como ‘ministro’ foi decretar que o transporte coletivo seria gratuito. O povo se esbaldou de andar de bonde sem pagar”.
Para se comunicar com a população, um avião foi confiscado no aeroporto e sobrevoou a cidade despejando milhares de folhetos. No curto período em que se mantiveram no poder, os revolucionários também distribuíram o primeiro e único número do jornal A Liberdade, impresso nas oficinas da Imprensa Oficial do Estado. Nele, foi publicado o expediente do novo governo e um manifesto.
As medidas práticas dos comunistas
Ainda segundo o professor Homero Costa, os revolucionários fariam muito mais ações práticas na cidade, não fosse o pouco tempo em que permaneceram no poder. “Houve boatos de que na Vila Cincinato estavam distribuindo alimentos à população, o que levou muita gente a se deslocar para lá, mas não era verdade”, diz Costa.
Mesmo assim, algumas algumas medidas foram tomadas naquele começo de semana, como salvo-condutos para circulação nas ruas e ordens para que o comércio e os bancos funcionassem normalmente, o que não aconteceu.
“Os comerciantes foram orientados a negociar como de costume, sem estocarem alimentos para elevar os preços. Caso isso ocorresse, os estoques seriam confiscados pelo governo”, diz Elias Feitosa, professor de história do Brasil do Cursinho da Poli, lembrando que alguns gêneros alimentícios, como o pão, também tiveram o preço reduzido.
O levante não foi só em Natal
Legenda: “Foi bala muita” Fachada do Quartel da Salgadeira, atingido por disparos efetuados pelos comunistas.O movimento foi parar no interior do Rio Grande do Norte. “Foram formadas três ‘colunas guerrilheiras’ que ocuparam 17 dos 41 municípios do estado, destituindo prefeitos e nomeando outros”, diz Homero Costa.
Pequenas localidades, como São José de Mipibu, Ceará Mirim e Baixa Verde (atual município de João Câmara) foram ocupados sem resistência e os prefeitos substituídos por simpatizantes da ANL. Agências bancárias e do governo (as coletorias de renda) foram saqueadas e o dinheiro enviado para a capital.
E então, acabou
Ao chegar a terça-feira, ocorreu a movimentação de tropas do Exército da Paraíba e de Pernambuco rumo a Natal, foi quando o “novo governo” começou a perder força.Em uma localidade chamada Serra do Doutor, um dos grupos da ANL foi preso por tropas leais a Getúlio Vargas. Informados de que tropas federais entrariam em Natal e com a possibilidade de bombardeamento aéreo, os líderes do “governo revolucionário” fugiram cada um por si.
Um deles, Praxedes, viveu foragido durante anos. Os demais foram capturados e enviados para o Rio de Janeiro com outros presos políticos, como o escritor Graciliano Ramos.
O mesmo aconteceu nas cidades do interior. Com a fuga, os militares enviados pelo governo federal não tiveram dificuldades de controlar a situação. O governador Rafael Fernandes foi reconduzido ao cargo e, a partir de quarta-feira, dia 27 de novembro, a vida voltou ao normal na cidade que, durante cerca de 90 horas, abrigou, como escreveu Hélio Silva, “o primeiro, único e fugaz governo soviete na história do Brasil.”
No mesmo dia em que o “governo comunista” era encerrado no Rio Grande do Norte, o movimento tenentista deflagrava, no Rio de Janeiro, uma insurreição para derrubar o presidente Getúlio Vargas e instaurar um regime comunista no Brasil. Liderado por Luís Carlos Prestes, o levante ficou conhecido como Intentona Comunista, ou Revolta Vermelha.
O levante em Natal serviu como justificativa para que Getúlio Vargas instaurasse o Estado Novo, em 1937.
Não deixe de ver também: 30 fotos da 2ª Guerra em Natal com impressionantes explicações
Fonte: Marcos Lopes via TOK de História
quarta-feira, 28 de dezembro de 2016
Certa coisa que já fiz
Com uma jovem em segredo,
Revelar, até faz medo
Eu não digo, ela não diz
É que eu quis e ela quis
Só podia acontecer,
Mas, o bom é não dizer
Com que isso aconteceu...
Ela não diz e nem eu
Quem é que pode saber?
Luizinho Caldas, poeta glosador assuense
Imagem: http://dosesdeprosaseversos.blogspot.com.br/
Com uma jovem em segredo,
Revelar, até faz medo
Eu não digo, ela não diz
É que eu quis e ela quis
Só podia acontecer,
Mas, o bom é não dizer
Com que isso aconteceu...
Ela não diz e nem eu
Quem é que pode saber?
Luizinho Caldas, poeta glosador assuense
Imagem: http://dosesdeprosaseversos.blogspot.com.br/
GETÚLIO: DO AUGE AO SUICÍDIO
Morrer ou suportar a maior humilhação de sua vida. Entenda como o presidente mais adorado de nossa história chegou a esse impasse dramático em reportagem do biógrafo Lira Neto
Fonte – http://aventurasnahistoria.uol.com.br/noticias/acervo/getulio-auge-ao-suicidio-435272.phtml#.WF_NW_krLIWGetúlio Vargas chegou ao poder em 1930, depois de liderar uma revolução. Foi eleito em 1934. Em 1937, fechou o Congresso e se transformou em ditador. Mesmo assim, era adorado pelas massas, que acompanhavam, empolgadas, a transformação do Brasil em um país com grandes indústrias e leis trabalhistas justas – foi ele quem criou o salário mínimo, por exemplo. Ao final da Segunda Guerra, em 1945, quando a ditadura dos alemães e dos italianos foi derrotada pelas democracias da Europa e dos Estados Unidos, não fazia mais sentido ter um ditador no poder.
Getúlio convocou eleições e voltou para São Borja, no Rio Grande do Sul. Mas em 1951 ele voltou à capital, o Rio de Janeiro, reeleito, em grande estilo. Em 1954, Getúlio foi pressionado a deixar o poder. Parecia que ele não tinha escolha, a não ser renunciar. Mas ele tinha, sim. Às 8h30 da manhã do dia 24 de agosto, pegou seu Colt calibre 32 com cabo de madrepérola e, sentado na cama, de pijamas, apontou contra o próprio peito e atirou. Como é possível que um ditador tão popular que consegue se eleger de novo termine desse jeito?
A frase mais famosa da carta-testamento explica: “Saio da vida para entrar para a história”. Era isso mesmo. Se vivesse, Getúlio e sua família teriam que enfrentar uma humilhação pública tão grande que acabaria com a imagem que ele demorou a vida toda para construir. Ao se matar, escapou de tudo isso e virou um grande mito. Para entender por que ele estava tão perto da humilhação, basta pensar na madrugada de 5 de agosto, 20 dias antes de ter se matado. Era pouco depois da meia-noite, e o maior inimigo de Getúlio, o empresário e político Carlos Lacerda, entrava em sua casa, na rua Toneleros, em Copacabana. Alguém atirou contra ele, e dois disparos mataram o homem que o acompanhava, o major da Aeronáutica Rubens Vaz. Um projétil acertou o pé de Lacerda.
Muita gente não estava satisfeita com Getúlio. Um grupo de militares e empresários dizia que, com suas medidas populistas, o presidente queria levar o país para o comunismo. Aliás, essas mesmas pessoas disseram a mesma coisa quando, em 1964, derrubaram o presidente João Goulart. Nenhum adversário pegava tão pesado quanto Carlos Lacerda. Todas as evidências apontavam para o envolvimento de Getúlio e sua turma no atentado.
Evidências concretas
Parecia difícil provar a participação do governo nos tiros que mataram o major Vaz. Mas não era. Assim que as investigações começaram, no dia 6, um motorista de táxi apareceu na polícia dizendo que tinha levado um membro da guarda presidencial, Climério de Almeida, para o local do crime. Em vez de se explicar, Climério desapareceu. No dia 13, o pistoleiro Alcino do Nascimento foi preso e confessou ter atirado em Lacerda por ordem de Climério.
O caldo engrossou de vez quando Alcino disse à polícia que Climério estava agindo sob o comando de Lutero Vargas, filho de Getúlio. No dia 18, Climério foi preso. Com ele estavam 35 mil cruzeiros, e as notas eram da mesma série que já tinham sido encontradas com Alcino e com Gregório Fortunato, chefe da guarda pessoal do presidente. No dia 21, o vice-presidente, Café Filho, sugeriu que os dois renunciassem. No dia 22, um grupo de brigadeiros do Exército publicou um manifesto pedindo a mesma coisa. Getúlio disse que jamais faria isso.
À meia-noite do dia 24 de agosto, os comandantes militares mandaram avisar o presidente que não havia mais volta. Se ele não deixasse o cargo por bem, seria deposto pela força. Exausto, Getúlio disse que marcaria uma reunião ministerial no dia seguinte. O general Mascarenhas de Morais, que ainda se mantinha ao lado do presidente, insistiu em fazer o encontro imediatamente. Às 4 da manhã, enquanto os ministros discutiam sem chegar a nenhuma conclusão, Getúlio abriu a agenda pessoal e rabiscou assim: “Determino que os ministros militares mantenham a ordem pública. Se a ordem for mantida, entrarei com um pedido de licença”.
O fim
Depois da reunião, sozinho em seu quarto no Palácio do Catete, Getúlio não conseguiu pregar o olho. Foi procurado pela mulher e os filhos pelo menos três vezes entre o final da madrugada e o começo da manhã. O ministro da Justiça, Tancredo Neves, mandou para ele uma nota oficial em que o presidente se licenciava até que as investigações terminassem. Era só assinar, mas Getúlio nem quis ler. Quando soube que seu filho mais novo, Benjamin, seria preso por participar do atentado, ele se trancou em seu quarto. Às 8h30, um tiro ecoou pelo palácio.
“Getúlio tinha consciência de seu significado histórico. Seu último gesto precisa ser entendido dentro dessa dimensão”, afirma o historiador Jaime Pinsky, professor da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). Entre renunciar e encarar um longo processo na Justiça, ele preferiu virar mártir. Sua última artimanha política deu certo. Menos de um mês depois de sua morte, o caso do atentado foi encerrado e seus dois filhos suspeitos, Benjamin e Lutero, acabaram inocentados..
E assim Getúlio salvou sua imagem para sempre. Assim que souberam da morte, multidões saíram às ruas em todo o país. Enfurecidos, manifestantes destruíram a Tribuna da Imprensa, o jornal de Carlos Lacerda. Uma massa humana de 100 mil pessoas, a maioria chorando compulsivamente, acompanhou o caixão do presidente. Cerca de 3 mil pessoas sofreram desmaios, mal-estares e crises nervosas. Velado no palácio onde vivia, o presidente cumpria, assim, a promessa feita dias antes: “Só morto sairei do Catete”.
Dia 24 – As últimas horas do presidente
0h – O
minidtro da Guerra, general Zenóbio da Costa, chega ao Palácio do
Catete. Traz um ultimato assinado por 27 generais, exigindo a renúncia
0h30 – Da
sala de despachos, Getúlio manda chamar os ministros. Pega em uma gaveta
uma folha datilografada, assina-a a aguarda no bolso. Os demais não
sabiam, mas era a carta-testamento. O presidente sobe ao quarto
1h – Ao
redor do Catete, barricadas e soldados armados a postos para evitar uma
invasão. Getúlio, fumando seu indefectível charuto, desce à sala de
despachos, pega a caneta-tinteiro que estava sobre sua mesa de trabalho e
a entrega ao ministro da Justiça, Tancredo Neves, pedindo que ele a
guarde como lembrança daqueles dias
3h – Getúlio
reúne o ministério. (Dos 12 ministros, um – Vicente Rao, das Relações
Exteriores – não compareceu.) Além deles, estavam presentes a filha do
presidente, Alzira, a esposa Darcy e os filhos Lureto e Manuel Antônio.
Lá fora, aviões da Aeronáutica davam rasantes sobre o Catete
4h – Os
ministros não chegam a um consenso. Getúlio anota em sua agenda: “Já que
o ministério não chegou em uma conclusão, eu vou decidir: (…) entrarei
com um pedido de licença
4h20 –
Zenóbio sai com pressa para anunciar a decisão de Getúlio aos militares.
O presidente sobe ao quarto para dormir, enquanto Tancredo escreve uma
nota para a população.
4h45 – O
ministro Oswaldo Aranha, Alzira e o próprio Tancredo sobem ao quarto
para mostrar a nota a Getúlio. O presidente os recebe de pijama de
mangas compridas, na ante-sala de seu quarto. O país é comunicado, pelo
rádio, da decisão presidencial.
6h – Dois
oficiais chegam ao Catete, com uma intimação para Benjamin Vargas, irmão
de Getúlio. Ele é acusado de planejar o atentado contra Lacerda. Ele se
recusa e deixar o palácio. Sobe ao quarto do irmão, o acorda e conta o
que aconteceu.
7h – O
telefone toca. É o general Armando de Morais Âncora, que diz a Benjamin
que o pedido de licença não era suficiente. Os militares querem o
afastamento imediato do presidente.
7h30 – Benjamin vai ao quarto e comunica a reação dos militares. Getúlio diz que a situação é grave.
8h05 –
Contra seu costume, o presidente sai do quarto de pijama e desce até o
gabinete de trabalho. Um assistente percebe que ele volta com algo
volumoso no bolso: é um revólver Colt calibre 32.
8h15 – Como
fazia todas as manhãs, o barbeiro Barbosa entra no quarto. O presidente o
dispensa. O filho Lutero descansa em um sofá da ante-sala do quarto.
8h30 – O
presidente senta na cama, põe o revólver na altura do peito e puxa o
gatilho. O tiro acorda Lutero, que é o primeiro a entrar no quarto.
Depois entram dona Darcy e o médico Flávio Miguez de Mello. Getúlio tem
meio corpo para fora da cama e está morrendo.
8h35 – A arma ficou sobre a cama. Na mesinha de cabeceira, a carta-testamento. Ele morreria deitado, minutos depois.
Um baixinho vaidoso
Quando o gaúcho Getúlio Vargas nasceu, em 1882, dom Pedro II ainda governava o país. Quando morreu, em 1954, o Brasil era uma república industrializada. Em seus 72 anos de vida, Getúlio ainda foi deputado e governador do Rio Grande do Sul. Ninguém ficou tanto tempo na presidência quanto ele, 28 anos. Carismático, ele cuidada muito bem de sua imagem. Os fotógrafos tinham ordem de retratá-lo sempre de baixo para cima, para disfarçar sua altura. Ele só tinha 1,60 m, tinha um rosto redondo e era barrigudo. Mas era vaidoso. Nunca viajava sem uma maleta com cremes, loção de barba e meias de seda. Seu charuto virou marca registrada. Além disso, Getúlio era um grande conquistador. Sua amante mais famosa foi a vedete Virginia Lane, que era conhecida por ter as pernas mais bonitas do Brasil.Saiba mais
- O Segundo Governo Vargas: 1951-1954, Maria Celina Soares de Araújo, Zahar, 1982. Ajuda a entender a crise de agosto de 1954.
- A Era Vargas, José Augusto Ribeiro, Casa Jorge Editorial, 2001. São três volumes que contam a vida do presidente, da chegada ao poder ao suicídio.——————————————————————- Lira Neto nasceu em Fortaleza (CE) em 1963. Jornalista e escritor ganhou o prêmio Jabuti em 2007, na categoria melhor biografia, por O Inimigo do Rei: Uma biografia de José de Alencar, publicado pela Editora Globo. É autor também de Maysa: Só numa multidão de amores (Globo, 2007) e Castello: A marcha para a ditadura (Contexto, 2004).
- Do blog: https://tokdehistoria.com.br
terça-feira, 27 de dezembro de 2016
André Madureira
Nesse outro cartão postal, de mais uma série editada em cerca de 1905, se tem uma visão parcial do "Caes d'Alfandega".
Aqui, por está escondida mais à direita da foto, não é possível ver o edifício de nossa repartição aduaneira. O prédio que se destaca aqui é o da Fábrica Vigilante, do sr. Philadelpho Lyra.
Esse grande armazém era um importante estabelecimento industrial da cidade de Natal, situada à rua do Commercio(atual rua Chile) nº 68, e que tinha como proprietário o sr. Philadelpho Lyra.
Esse grande armazém era um importante estabelecimento industrial da cidade de Natal, situada à rua do Commercio(atual rua Chile) nº 68, e que tinha como proprietário o sr. Philadelpho Lyra.
A fábrica foi fundada em fins do século XIX e foi a primeira fábrica de cigarros no Rio Grande do Norte. A produção anual do estabelecimento aumentava em 31.392 milhões de cigarros, acondicionados cuidadosamente, cujas principais marcas eram: Vigilante, Amor, Hermes da Fonseca, Excelsos, Goyaz, Celebres, Rio Branco, Alcaçús, Fantazia e Perolas, marcas essas que eram conhecidas e reputadas em todo o estado.
Sua linha de produção, com grandes máquinas à vapor, picava e desfiava o fumo que em seguida eram todos enrolados à mão.
O fumo empregado em sua manufatura era nacional, dos diversos tipos, e também importado, tais como o fumo turco e o fumo da Virginia.
Ai era também manufaturado ótimo sortimento de charutos dos melhores fabricantes. Daí saiam os charutos Dannemam, Jezler & Hoening.
Tinha ainda variado sortimento de piteiras de espuma, ambar, côco e madeira.
A fábrica, que ficava ao lado da Alfândega, era instalada em um grande e cômodo edifício. Tinha suas dependências apropriadas e bem aparelhada para essa indústria.
Nela trabalhavam 110 operários, entre homens, mulheres e crianças. O sr. Philadelpho Lyra foi também agente e representante em Natal das principais casas manufatureiras de charutos do estado da Bahia.
Sua linha de produção, com grandes máquinas à vapor, picava e desfiava o fumo que em seguida eram todos enrolados à mão.
O fumo empregado em sua manufatura era nacional, dos diversos tipos, e também importado, tais como o fumo turco e o fumo da Virginia.
Ai era também manufaturado ótimo sortimento de charutos dos melhores fabricantes. Daí saiam os charutos Dannemam, Jezler & Hoening.
Tinha ainda variado sortimento de piteiras de espuma, ambar, côco e madeira.
A fábrica, que ficava ao lado da Alfândega, era instalada em um grande e cômodo edifício. Tinha suas dependências apropriadas e bem aparelhada para essa indústria.
Nela trabalhavam 110 operários, entre homens, mulheres e crianças. O sr. Philadelpho Lyra foi também agente e representante em Natal das principais casas manufatureiras de charutos do estado da Bahia.
Cerca de 13 anos depois, em um novo prédio, é fundada e instalada nesse mesmo local a firma "Wharton, Pedroza Cia", pertencente aos sócios Clarence Wharton e Fernando Pedroza.
Fotógrafo: Não informado
Ano: Cerca de 1905
Ano: Cerca de 1905
Lavoisier Maia Sobrinho em sua campanha para Governador do RN no ano de 1990. Comício na cidade de Mossoró.
De: PortalTudo DoRn.
De: PortalTudo DoRn.
domingo, 25 de dezembro de 2016
"BOA NOITE PARA VOCÊ"
O autor do livro (imagem abaixo) era jornalista, cronista. Sua belas crônicas lidas através do microfone de "Voz do Município" (serviço de alto falante que se estendia por toda a cidade, prestado a população pela prefeitura da cidade de Assu), podemos conferir neste belo e raro livro. São cronicas sobre pessoas influentes da cidade e seus importantes acontecimentos. Uma delas sobre Getúlio Vargas. Vejamos parte de uma crônica dirigida aquele estadista, que diz assim: (... Esquecer a sua gestão, como pretendem políticos e descontentes, seria retroceder a uma época medieval, equivaleria a rasgar a história da Pátria no seu capítulo mais culminante...). Naquele volume, podemos também conferir registros importantes para a história do Colégio - Educandário Nossa Senhora das Vitórias, bem como sobre as irmãs Cristina Vlasnilique então superiora provincial das Filhas do Amor Divino e Irmã Consolata que na década de cinquenta dirigia o Instituto Padre Ibiapina.
(Este livro faz parte da minha pequena e importante biblioteca. Está a disposição dos estudantes interessados sobre o passado da terra asssuense). Fernando Caldas.
Fernando Caldas
(Este livro faz parte da minha pequena e importante biblioteca. Está a disposição dos estudantes interessados sobre o passado da terra asssuense). Fernando Caldas.
Fernando Caldas
sábado, 24 de dezembro de 2016
Canto de Natal
Manuel Bandeira
O nosso menino
Manuel Bandeira
O nosso menino
Nasceu em Belém.
Nasceu tão-somente
Para querer bem.
Nasceu sobre as palhas
O nosso menino.
Mas a mãe sabia
Que ele era divino.
Vem para sofrer
A morte na cruz,
O nosso menino.
Seu nome é Jesus.
Por nós ele aceita
O humano destino:
Louvemos a glória
De Jesus menino.
Extraído do livro Para querer bem
antologia poética de Manuel Bandeira
Nasceu tão-somente
Para querer bem.
Nasceu sobre as palhas
O nosso menino.
Mas a mãe sabia
Que ele era divino.
Vem para sofrer
A morte na cruz,
O nosso menino.
Seu nome é Jesus.
Por nós ele aceita
O humano destino:
Louvemos a glória
De Jesus menino.
Extraído do livro Para querer bem
antologia poética de Manuel Bandeira
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