Cruzamento da Av Rio Branco com a av João Pessoa na cidade alta , Natal nostálgica
terça-feira, 5 de março de 2019
segunda-feira, 4 de março de 2019
RESSÁBIOS DE LUXÚRIA
A cidade, especialmente as moças, envolviam-se no embalo momesco, providenciavam as fantasias, decoravam os carros alegóricos. Com ousadia, buscavam um traje que tivesse decotes e chamasse à atenção dos espectadores, inspiravam-se em um tema polêmico e em evidência. Os pais providenciavam a compra das caixas de lança perfume Rodoro para completar a folia.
O executivo da cidade, com muito entusiasmo, buscava recursos para dar vida aos blocos carnavalescos que a cada dia tinha uma fantasia estarrecedora para apresentar. Tudo finalizado e preparado conforme programado, chegava o grande dia. O Clube Municipal era a casa que acolhia os foliões animados pelas orquestras, a Furiosa de João Chau, a de Francisquinho Músico ou a de Sr. Cristóvão Dantas, além da ARCA e AABB.
À tarde era o desfile dos carros alegóricos, imponentes e muito bem decorados. Eram motivo de uma fotografia ou até de manchete no jornal do colunista social mais bem afamado, Demócrito Amorim. As pessoas reuniam-se nas calçadas para prestigiarem os desfiles que ficariam como um fato para a posteridade. O percurso circulava a Praça Getúlio Vargas, seguia pela Praça do Rosário e ia até o Colégio das Freiras. Assim, acabava e começavam os preparativos para a noite.
Às 22 horas as portas das residências das famílias tradicionais abriam-se para liberar suas filhas que iam para o Baile, acompanhadas pelo olho clínico de seus pais que, assim como elas, tomavam assentos às mesinhas reservadas do Clube.
Todos preparados, a autoridade máxima estendia as suas saudações às famílias por tê-las presentes ali e era dada a primeira dobrada pela orquestra. A felicidade em esperar pelo carnaval de cada ano era prazerosa! Entrava no salão o primeiro bloco a rodopiar e marcar o passo ao som de envolventes marchinhas carnavalescas. Os foliões portando lança perfume borrifavam sobre os outros, espalhando-se pelo ar o cheiro gostoso. Os adultos cheiravam o lenço que tinha mão, tomavam porres de lança. Caso contrário, tinham às mesas whisky com guaraná, cerveja ou coca- cola com rum montila. Um funcionário do Banco do Brasil ocupava o cargo vitalício de Rei Momo e era um dos mais animados que a cidade via, Geraldo Dantas. O reinado, posteriormente, foi ocupado por João (Samuel) Batista Fonseca e Edmilson da Silva.
As antigas marchinhas de carnaval eram tocadas repetidamente com as pessoas dando voltas e mais voltas no salão, enquanto outras só ficavam paradas nas bordas a jogarem lança perfume e dançando em cima das mesas. Noite alta, começavam as paqueras e o envio de recados de um para o outro com o intermédio daquela amiga alcoviteira, namoros proibidos e ousados, mas com muito respeito. A cidade era pequena e no outro dia poderia estar tudo nos ouvidos dos pais e nas conversas da rua.
Os Papangus, composto somente por mulheres como Alba de Sá Leitão, Alba Soares, Ozelita Dias, Evangelina Tavares e Zélia Tavares, aglomeravam-se, alternadamente, na casa de cada integrante para darem início aos assaltos às casas de pessoas amigas. O assalto às residências consistia em uma recepção regada à músicas, brincadeiras, bebidas, petiscos e tira-gostos. Era um bloco que provocava muita curiosidade e animação devido a ocultação das faces das mulheres.
Havia também o bloco composto somente por homens chamado Karkarás, com uma única mulher como porta-estandarte, Zélia Tavares. No carnaval de 1965, ainda no ápice da Revolução de 1964, jovens estudantes uniram-se e fizeram surgir As Rebeldes, um nome que denotava muita ousadia, com mulheres à frente do seu tempo, e que as fantasias fugiam dos padrões convencionais. A Personal Stylist era Ivete Medeiros e esta buscava indistintamente temas que causassem espanto nas pessoas, tendo as fantasias guardadas em segredo. As Rebeldes estrearam com o figurino que reivindicava o uso do LSD. É necessário relembrar o homem que acompanhado pelas suas três filhas inexplicavelmente marcavam o passo pelas ruas da Assu então pacata. Exercia a profissão de sapateiro e era Pernambucano, com ritmo do frevo pulsando forte dentro de si, seu sobrenome já predestinava seus feitos: Djalma dos Passos Barros. Merecidamente, ele foi o maior expoente do frevo em Assu.
Alguns dos blocos eram: As Independentes, As Viajantes, Soldados do Tio Sam, Os Palhaços, Os Papangus, As Rebeldes, Os Bengalinhas, Vassourinhas, Os Índios, Os Karkarás, As Selenitas, As Incríveis, Futuristas, Os Irresponsáveis, Baghassus, Xafurdo, As Marinheiras. Eram inúmeros blocos que surgiam a cada ano, trazendo novas perspectivas e características. O Carnaval era uma festa familiar, com a perspectiva de unir e agregar valores. Em tempos de carnavais, políticos rivais esqueciam as diferenças e juntos participavam da festa momesca. Seletivamente organizada as festas aconteciam na maior amizade e convivência saudável. Com muito riso e alegria, haviam no salão mais de mil palhaços, além de Arlequim chorar pelo amor da Colombina no meio da multidão.
Por Pedro Otávio Oliveira
Foto: carro alegórico que reuniu vários blocos para o tradicional desfile nas ruas, tendo o Rei Momo destacado em ponto máximo - Geraldo Dantas, além dos organizadores da festa, Costa Leitão e Maria Olímpia.
SOBRADO DA BARONESA , Assu/RN, em clima de carnaval. Construído (está situado a praça Getúlio Vargas, antiga rua Casa Grande n. 139) por Coronel Wanderley – Manuel Lins Wanderley (meu parente distante). Ele, Coronel Wanderley, fez parte da instalação da Assembleia Provincial (hoje, assembleia legislativa), a 2 de fevereiro de 1835. Aquela edificação é duplamente centenária. A filha daquele coronel chamada Belisária Lins Wanderley de Carvalho e Silva era casada com o Barão de Serra Branca, Felipe Nére de Carvalho e Silva. O titulo de Barão fora concedido (decreto do governo do Império) a 19 de agosto de 1888. O título de Barão foi outorgado a Felipe Nére, pelo fato dele ter libertado 54 escravos existentes naquele município, a 25 de junho de 1885. Conta-se que um fato amoroso, inusitado e ousado, ocorreu há mais de cem anos atrás, naquele sobrado: o major Francisco Barbalho Bezerra raptou uma moça de nome Francisca (o pai daquela jovem não aceitava o namoro), pois teria ele, Barbalho Bezerra ,“atirado um cesto grande e, de madrugada, atirou um cabo para sacada do sobrado, de onde fez descer a sua bem-amada.” Naquela antiga edificação morou o médico e politico Ezequiel Fonseca Filho, servindo também de seu consultório médico. (Esse Ezequiel que eu cheguei ainda a conhecer, foi companheiro de pensão do pintor (artista plástico) Cândido Portinari), no seu tempo de estudante na Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro, bem como na qualidade de intendente (prefeito) do Assu convidou o presidente Getúlio Vargas visitar a terra assuense, em 1933. E naquele mesmo ano, Vargas esteve naquele sobrado por alguns instantes. Atualmente funciona a Academia Assuense de Letras (andar de cima) e a Casa de Cultura Popular (térreo). Fica o registro. (Crédito da fotografia: Roberto Meira).
domingo, 3 de março de 2019
Série "Para recordar os carnavais assuenses".
No Clube Municipal, enquanto as mulheres bailavam, alguns homens ficavam em torno da mesa para trocarem uma prosa acompanhada de um whisky com guaraná e do famoso lança perfume Rodoro. Abaixo: Américo Abreu, Nazareno Tavares, Pedro Fonseca, José Régis, Francisco Ernesto, Cícero França.
De Pedro Otávio.
De Pedro Otávio.
Série "Para recordar os carnavais assuense".
Presença de políticos no embalo carnavalesco do Clube Municipal, na gestão da Prefeita Maria Olimpía, a qual detinha forte influência com o Deputado Federal (em 1970, elegeu-se Senador) Jessé Pinto Freire (abaixo) que o fez participar desse momento. Vêem-se: José Dijon de Oliveira, Jessé Pinto Freire, Olavo Montenegro (um dos assuenses que ocuparam uma cadeira na Assembleia Legislativa), Delza e Américo Abreu e Nazareno Tavares.
De Pedro Otávio.
De Pedro Otávio.
DA SÉRIE, FOTOS HISTÓRICAS DO ASSU
Fernando Caldas
Fotografia tirada no Sobrado da Baronesa (atual Casa de Cultura), então residência do médico Ezequiel Fonseca Filho, por volta de 1940. Dia de reunião política. Na fotografia, da esquerda, sentados: Chico Pinheiro, Otávio Amorim, Luizinho Pinheiro, Fernando Tavares (vem-vem), Dr.Ezequiel Fonseca Filho, Antonio Benevides, Antonio Ferreira. por trás: Dona Nâna Leitão, Anita Caldas, Manoel Corcino, Dona Glorinha e seu marido José Pessoa e Ulisses Caldas de Amorim, dentre outras.
Fernando Caldas
Wikipédia é cultura: "A constatação da existência de uma diversão carnavalesca conhecida como Zé Pereira em Portugal do século XIX parece apontar para a forte influência lusitana no surgimento da brincadeira no carnaval carioca.
Há uma errônea, mas infelizmente consagrada versão, que atribui a "invenção" do Zé-Pereira a um português de nome José Nogueira de Azevedo Paredes, comerciante estabelecido no Rio de Janeiro em meados do século XIX.
Divulgada na maioria dos livros sobre carnaval, essa versão acabou ocultando toda uma série de influências que contribuíram para o surgimento dessa curiosa categoria carnavalesca.
Na segunda metade do século XIX, o termo era usado para qualquer tipo de bagunça carnavalesca acompanhada de zabumbas e tambores, semelhantes ao que chamaríamos hoje de bloco de sujo. O livro de ouro do carnaval brasileiro, de 2005. E Carnavais e outras f(r)estas, de 2002, abordaram o tema com profundidade destacando a multiplicidade de forma e conceitos que podiam envolver as diversas brincadeiras chamadas genericamente de Zé Pereira.
Um momento importante na fixação da brincadeira no imaginário da folia carioca seria a encenação, em 1869, de uma burleta carnavalesca intitulada O Zé Pereira carnavalesco.
O sucesso da apresentação — uma espécie de adaptação livre da peça Les pompiers de Nanterre (Os bombeiros de Nanterre) — deveu-se, principalmente, à versão para o português da música-tema francesa que se transformaria num verdadeiro hino carnavalesco, sendo tocado até hoje:
E viva o Zé Pereira.
Pois a ninguém faz mal
E viva a bebedeira
Nos dias de Carnaval
A partir daí o conceito da brincadeira do Zé Pereira iria adquirir feições tipicamente brasileiras (e cariocas) associando-se à alegria característica das ruas da folia no Rio de Janeiro. O passo seguinte seria a "oficialização" do Zé Pereira através do estabelecimento de sua genealogia e de sua morfologia resumidas na obra de Eneida, História do Carnaval Carioca, publicada em 1958.
Uma curiosidade: na cidade de Ouro Preto, no estado de Minas Gerais, e no período do Carnaval, pode-se assistir, ainda hoje, ao desfile de Zé-Pereiras, em forma muito semelhante à tradição portuguesa.
O mesmo ocorre no Ribeirão da Ilha, em Florianópolis, Santa Catarina, que desde o final do século XIX conta com o desfile carros alegóricos e foliões fantasiados embalados por sambas e marchinhas. Na década de 50 o banho à fantasia se tornou uma marca da festa, que passou a se chamar Zé Pereira ou Carnaval Toca N’água."
Há uma errônea, mas infelizmente consagrada versão, que atribui a "invenção" do Zé-Pereira a um português de nome José Nogueira de Azevedo Paredes, comerciante estabelecido no Rio de Janeiro em meados do século XIX.
Divulgada na maioria dos livros sobre carnaval, essa versão acabou ocultando toda uma série de influências que contribuíram para o surgimento dessa curiosa categoria carnavalesca.
Na segunda metade do século XIX, o termo era usado para qualquer tipo de bagunça carnavalesca acompanhada de zabumbas e tambores, semelhantes ao que chamaríamos hoje de bloco de sujo. O livro de ouro do carnaval brasileiro, de 2005. E Carnavais e outras f(r)estas, de 2002, abordaram o tema com profundidade destacando a multiplicidade de forma e conceitos que podiam envolver as diversas brincadeiras chamadas genericamente de Zé Pereira.
Um momento importante na fixação da brincadeira no imaginário da folia carioca seria a encenação, em 1869, de uma burleta carnavalesca intitulada O Zé Pereira carnavalesco.
O sucesso da apresentação — uma espécie de adaptação livre da peça Les pompiers de Nanterre (Os bombeiros de Nanterre) — deveu-se, principalmente, à versão para o português da música-tema francesa que se transformaria num verdadeiro hino carnavalesco, sendo tocado até hoje:
E viva o Zé Pereira.
Pois a ninguém faz mal
E viva a bebedeira
Nos dias de Carnaval
A partir daí o conceito da brincadeira do Zé Pereira iria adquirir feições tipicamente brasileiras (e cariocas) associando-se à alegria característica das ruas da folia no Rio de Janeiro. O passo seguinte seria a "oficialização" do Zé Pereira através do estabelecimento de sua genealogia e de sua morfologia resumidas na obra de Eneida, História do Carnaval Carioca, publicada em 1958.
Uma curiosidade: na cidade de Ouro Preto, no estado de Minas Gerais, e no período do Carnaval, pode-se assistir, ainda hoje, ao desfile de Zé-Pereiras, em forma muito semelhante à tradição portuguesa.
O mesmo ocorre no Ribeirão da Ilha, em Florianópolis, Santa Catarina, que desde o final do século XIX conta com o desfile carros alegóricos e foliões fantasiados embalados por sambas e marchinhas. Na década de 50 o banho à fantasia se tornou uma marca da festa, que passou a se chamar Zé Pereira ou Carnaval Toca N’água."
Da Linha do Tempo/Facebook de João Celso Neto
UMA ESTÓRIA DE CARNAVAL
(Título do blog)
*Valério Mesquita narra que "José Jeep era uma das mais populares figuras de Macaíba. Chamado assim pela sua baixa estatura, ele foi engraxate, palhaço de pastoril e trombonista. No carnaval de 1962, José Jeep foi contratado por um bloco de elite da cidade. Num dos "assaltos", ocorreu uma tragédia com o seu famoso instrumento na residência do comerciante Edmilson Dias, na hora dos "comes e bebes", José Jeep deixara o trombone sobre o sofá e nisso, o Bridenor Costa Jr., vulgo Costinha, sempre obeso e rotundo, passou mal com um porre de lança-perfume e desandando foi despencar os seus "quadris de jamanta" em cima do pobre trombone. Para consolar José Jeep e continuarmos a "jornada carnavalesca", o amassado instrumento foi amarrado de esparadrapo, o que obrigou a soprá-lo com muito mais força. Na visita seguinte, na casa de Seu Mesquita, o nosso José Jeep querendo impressionar o chefe político, soprou o trombone com tanta veemência que liberou um irreprimível e estrondoso peido. Comovido com o desempenho heroico do seu correligionário assustado, o velho Mesquita, ao seu lado comentou placidamente: "José, o trombone está soltando notas demais. Mas pra carnaval tá bom demais!!!".
sábado, 2 de março de 2019
sexta-feira, 1 de março de 2019
GRUTA DOS PINGOS
Localiza-se a cerca de 14 quilômetros do centro da cidade do Assu na comunidade Pingos. É uma caverna com aproximadamente 22 metros de largura por 08 metros de altura. Possui duas cavidades: uma que dá condição de penetrar, por aproximadamente 50 metros (sem a ajuda de equipamentos), onde se pode observar a passagem de um pequeno riacho. A outra é a que dá nome a gruta, ou seja, o teto pinga incessantemente de seca a inverno.
A área é de difícil acesso. As visitas necessitam de guias, em virtude da existência de despenhadeiros próximos a entrada. Existem ainda abelhas, morcegos, diversos tipos de insetos e animais de pequenos portes que necessitam de preservação para assegurarem o ecossistema da gruta e da compacta mata de caatinga.
Postado por Ivan Pinheiro Bezerra
quinta-feira, 28 de fevereiro de 2019
terça-feira, 26 de fevereiro de 2019
CARNAVAL
Gritos se agitam fora... E' a mascarada
- Uma sombra, outra sombra se insinua
Momo de guiso e os arlequins na rua...
E tudo rola pela desfilada...
Dizer tudo é não dizer de nada...
E' a verdade mais negra, esta mão crua
E' tudo ver por uma só calçada,
Tudo nos raios de uma mesma lua...
Ouço fora e lá dentro... Que se olha
Há, gigantesco, no perfil que avulta
Um portentoso vulto que encandeia...
Traço por traço, o coração retalha...
... E enquanto o gênio como um sol trabalha
A multidão lá fora cambaleia...
João Lins Caldas
(Do jornal O Correio da Manhã, do Rio de Janeiro, 1924):
Gritos se agitam fora... E' a mascarada
- Uma sombra, outra sombra se insinua
Momo de guiso e os arlequins na rua...
E tudo rola pela desfilada...
Dizer tudo é não dizer de nada...
E' a verdade mais negra, esta mão crua
E' tudo ver por uma só calçada,
Tudo nos raios de uma mesma lua...
Ouço fora e lá dentro... Que se olha
Há, gigantesco, no perfil que avulta
Um portentoso vulto que encandeia...
Traço por traço, o coração retalha...
... E enquanto o gênio como um sol trabalha
A multidão lá fora cambaleia...
João Lins Caldas
(Do jornal O Correio da Manhã, do Rio de Janeiro, 1924):
sexta-feira, 22 de fevereiro de 2019
Mote
*Eu criei um baú no meu passado*
*Pra trazer as lembranças pro presente.*
*Glosas*
As vezes eu recorro à memória
Rebuscando as coisas que eu vivi
E hoje nessa busca eu sorri
Deparei-com uma bela história
Eu nela recordei a bela Glória
Um amor quando eu era adolescente
Essa lembrança me deixou contente
E fiquei a sonhar meio acordado
*Eu criei um baú no meu passado*
*Pra trazer as lembranças pro presente.*
2.
Nesse mesmo passado eu encontrei
As sombrinhas* do parque da “infânça”
Onde Glória e eu, quase criança
Embalados no alto a beijei
Desse amor, muito pouco aproveitei
Ela era uma moça descente
E eu um garoto inexperiente
Tive medo de ser muito ousado
*Eu criei um baú no meu passado*
*Pra trazer as lembranças pro presente.*
3.
Pauferrenses que são de minha idade
Lembram bem do parque de diversão
Das canoas, sombrinha, onde o povão
Na maior praça da nossa cidade
Disputavam com grande vaidade
Pra mostrar que era mais competente
Empurrando a cadeira da frente
Daquele a quem estava agarrado
*Eu criei um baú no meu passado*
*Pra trazer as lembranças pro presente.
Rebuscando as coisas que eu vivi
E hoje nessa busca eu sorri
Deparei-com uma bela história
Eu nela recordei a bela Glória
Um amor quando eu era adolescente
Essa lembrança me deixou contente
E fiquei a sonhar meio acordado
*Eu criei um baú no meu passado*
*Pra trazer as lembranças pro presente.*
2.
Nesse mesmo passado eu encontrei
As sombrinhas* do parque da “infânça”
Onde Glória e eu, quase criança
Embalados no alto a beijei
Desse amor, muito pouco aproveitei
Ela era uma moça descente
E eu um garoto inexperiente
Tive medo de ser muito ousado
*Eu criei um baú no meu passado*
*Pra trazer as lembranças pro presente.*
3.
Pauferrenses que são de minha idade
Lembram bem do parque de diversão
Das canoas, sombrinha, onde o povão
Na maior praça da nossa cidade
Disputavam com grande vaidade
Pra mostrar que era mais competente
Empurrando a cadeira da frente
Daquele a quem estava agarrado
*Eu criei um baú no meu passado*
*Pra trazer as lembranças pro presente.
Natal (RN), 18 de fevereiro de 2019.
Dedé de Dedeca.
Nada vale mais que a vida
E a felicidade não tem preço
E nem procure uma saída
Nem invente outro endereço.
E a felicidade não tem preço
E nem procure uma saída
Nem invente outro endereço.
Não tente enganar o coração
Tentar criar outros valores
Querer viver uma outra razão
Negar na vida seus amores.
Tentar criar outros valores
Querer viver uma outra razão
Negar na vida seus amores.
Não ser todo por inteiro
Acreditar no derradeiro
E se troca tudo em vão.
Acreditar no derradeiro
E se troca tudo em vão.
Quando se ama por dinheiro
Se renuncia amor verdadeiro
E não faz feliz o coração.
Se renuncia amor verdadeiro
E não faz feliz o coração.
(Wíliame Caldas, poeta de Ipanguaçu-RN
25/10/2018)
quinta-feira, 21 de fevereiro de 2019
As expressões do Carnaval e suas origens em exposição
Roupas e máscaras de símbolos do Carnaval estão na mostra "Aptidão para a Alegria: Vem de Berço", em cartaz na Fundação Joaquim Nabuco, no Derby
Por: Paulo Trigueiro em 10/02/19
Caboclo de lançaFoto: Rafael Furtado/Folha de Pernambuco
O Mateus é um personagem que surgiu com o fim da escravidão no Brasil. “Ele aparece zombando de quem os escravizava. Na prática, ele é como um produtor cultural de hoje em dia, porque sua função era ir na frente dos maracatus aos locais de apresentação. Ele via se aquela cidade receberia bem o maracatu. Dependendo do que percebesse, o maracatu seguiria por outro caminho”, explica o historiador Severino Vicente. Mateus aparece sempre com sua companheira, Catirina, e a burrinha. Também é muito importante na brincadeira do Cavalo Marinho, outra festa originária da Zona da Mata Norte.
CALUNGA
A professora de História da UFPE Bartira Ferraz explica que as bonecas que aparecem no Carnaval carregadas por mãos dançantes de mulheres em apresentações de maracatu são as calungas. “É um termo usado em quimbundo para ‘pessoa ilustre’ e, na língua quioco, para dizer ‘mar’, como nos cânticos de macumba e candomblés cariocas e baianos. No dicionário de Luís da Câmara Cascudo, Calunga significa boneca, figura humana ou animal feita de pano, de madeira, de osso ou de metal. A Calunga pode ser considerada como um elemento totêmico no dizer de Mário de Andrade e é usada em rituais e cortejos representando entidades.”
O Mateus é um personagem que surgiu com o fim da escravidão no Brasil. “Ele aparece zombando de quem os escravizava. Na prática, ele é como um produtor cultural de hoje em dia, porque sua função era ir na frente dos maracatus aos locais de apresentação. Ele via se aquela cidade receberia bem o maracatu. Dependendo do que percebesse, o maracatu seguiria por outro caminho”, explica o historiador Severino Vicente. Mateus aparece sempre com sua companheira, Catirina, e a burrinha. Também é muito importante na brincadeira do Cavalo Marinho, outra festa originária da Zona da Mata Norte.
CALUNGA
A professora de História da UFPE Bartira Ferraz explica que as bonecas que aparecem no Carnaval carregadas por mãos dançantes de mulheres em apresentações de maracatu são as calungas. “É um termo usado em quimbundo para ‘pessoa ilustre’ e, na língua quioco, para dizer ‘mar’, como nos cânticos de macumba e candomblés cariocas e baianos. No dicionário de Luís da Câmara Cascudo, Calunga significa boneca, figura humana ou animal feita de pano, de madeira, de osso ou de metal. A Calunga pode ser considerada como um elemento totêmico no dizer de Mário de Andrade e é usada em rituais e cortejos representando entidades.”
Caretas - Crédito: Rafael Furtado/Folha de Pernambuco
CARETAS
Os caretas surgiram de uma única pessoa. Um homem que, com um chicote, abria o
espaço para as procissões em Triunfo. “Inicialmente, o careta era próprio dos tempos de
Páscoa”, contou Severino Vicente, que foi até o local conhecer e estudar o brinquedo.
Segundo ele, grupos anônimos utilizando as máscaras passaram a repetir o
omportamento desse brincante originário. “Até hoje permanecem anônimos. São
pessoas da comunidade, dos bairros próximos, mas não mostram os rostos nem falam
quem são. O que mais impressiona é a habilidade de manuseio que eles têm com os
chicotes pelas ladeiras de Triunfo.”
LA URSA
La Ursa é pernambucana. Mas não totalmente. “Não haver ursos de verdade em
Pernambuco já é uma dica de que a brincadeira é um resquício de folguedos europeus”,
conta o doutor em História pela UFPE Severino Vicente. Mais precisamente das
brincadeiras de ursos e caçadores, que, inclusive ainda hoje existe no Brasil.
“A La Ursa é uma forma de pedir dinheiro durante o período carnavalesco, ao mesmo
tempo em que diverte as pessoas. E essa brincadeira, tendo origem a partir daquela,
europeia, é daqui do estado. Tenho visto com muita frequência acontecer na praia, mas
não acontece só lá.” Qualquer rua pode ser palco para uma La Ursa.
FANTASIAS
As fantasias, incluindo as máscaras, têm origem no Carnaval de Veneza, na Itália. “A
ideia foi trazida ao Brasil e, aqui, como tudo que chega, foi reorganizada à maneira da
população local. As pessoas expunham suas fantasias nas ruas, como uma exibição.
Mas também há a ideia de viver uma personalidade diferente quando a gente se fantasia”,
conta Vicente.
Tela do pintor Bajado
Tela do pintor Bajado - Crédito: Rafael Furtado/Folha de Pernambuco
Os caretas surgiram de uma única pessoa. Um homem que, com um chicote, abria o
espaço para as procissões em Triunfo. “Inicialmente, o careta era próprio dos tempos de
Páscoa”, contou Severino Vicente, que foi até o local conhecer e estudar o brinquedo.
Segundo ele, grupos anônimos utilizando as máscaras passaram a repetir o
omportamento desse brincante originário. “Até hoje permanecem anônimos. São
pessoas da comunidade, dos bairros próximos, mas não mostram os rostos nem falam
quem são. O que mais impressiona é a habilidade de manuseio que eles têm com os
chicotes pelas ladeiras de Triunfo.”
LA URSA
La Ursa é pernambucana. Mas não totalmente. “Não haver ursos de verdade em
Pernambuco já é uma dica de que a brincadeira é um resquício de folguedos europeus”,
conta o doutor em História pela UFPE Severino Vicente. Mais precisamente das
brincadeiras de ursos e caçadores, que, inclusive ainda hoje existe no Brasil.
“A La Ursa é uma forma de pedir dinheiro durante o período carnavalesco, ao mesmo
tempo em que diverte as pessoas. E essa brincadeira, tendo origem a partir daquela,
europeia, é daqui do estado. Tenho visto com muita frequência acontecer na praia, mas
não acontece só lá.” Qualquer rua pode ser palco para uma La Ursa.
FANTASIAS
As fantasias, incluindo as máscaras, têm origem no Carnaval de Veneza, na Itália. “A
ideia foi trazida ao Brasil e, aqui, como tudo que chega, foi reorganizada à maneira da
população local. As pessoas expunham suas fantasias nas ruas, como uma exibição.
Mas também há a ideia de viver uma personalidade diferente quando a gente se fantasia”,
conta Vicente.
Tela do pintor Bajado
Tela do pintor Bajado - Crédito: Rafael Furtado/Folha de Pernambuco
Tela do pintor Bajado - Crédito: Rafael Furtado/Folha de Pernambuco
BAJADO
Quatro quadros de Bajados estão expostos. Todos voltados ao carnaval, um dos temas
mais recorrentes da obra do pintor maraialense. Bajado tem relação estreita com a folia.
De acordo com pesquisa de Regina Coeli Vieira, da Fundaj, ele retratou os clubes
carnavalescos de Olinda, Pernambuco, Pitombeira dos Quatro Cantos, Elefante,
O Homem da Meia-Noite, Cariri, Vassourinhas, assim como o frevo rasgado na
Ribeira, Largo do Amparo, Varadouro, Praça do Carmo. “Sua tendência artística era
a liberdade de estética, comum na arte moderna, e suas obras retratavam tanto os
folguedos carnavalescos, como também reverenciavam personalidades ilustres da
sociedade pernambucana.”
Quatro quadros de Bajados estão expostos. Todos voltados ao carnaval, um dos temas
mais recorrentes da obra do pintor maraialense. Bajado tem relação estreita com a folia.
De acordo com pesquisa de Regina Coeli Vieira, da Fundaj, ele retratou os clubes
carnavalescos de Olinda, Pernambuco, Pitombeira dos Quatro Cantos, Elefante,
O Homem da Meia-Noite, Cariri, Vassourinhas, assim como o frevo rasgado na
Ribeira, Largo do Amparo, Varadouro, Praça do Carmo. “Sua tendência artística era
a liberdade de estética, comum na arte moderna, e suas obras retratavam tanto os
folguedos carnavalescos, como também reverenciavam personalidades ilustres da
sociedade pernambucana.”
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segunda-feira, 18 de fevereiro de 2019
AQUELA NOITE
Por Renato Caldas
Era o finá da cuiêta...
Disso, inda tô bem lembrado.
As salina parecia,
Arguns pedaços de dia,
Qui a noite tinha rôbado.
Aquela noite bonita,
Qui se tornô tão mardita,
Qui me faz tão desgraçado.
Naquela noite de lua:
- Deus num me castigue não -
Mais ante, eu ficasse mudo,
Ficasse cêgo de tudo,
Pra num sê tão bestaião,
De cantá praquela ingrata,
Naquela noite de prata
"O Luá do meu Sertão".
Naquela noite, Seu môço...
Seu Môço, naquela noite;
Mais ante eu bebesse o fé,
Sofresse dores crué,
Levasse os quarenta açoite,
Fosse pregado na cruz,
Sofresse mais que Jesus,
Morresse naquela noite.
Postado por Fernando Caldas
Por Renato Caldas
Era o finá da cuiêta...
Disso, inda tô bem lembrado.
As salina parecia,
Arguns pedaços de dia,
Qui a noite tinha rôbado.
Aquela noite bonita,
Qui se tornô tão mardita,
Qui me faz tão desgraçado.
Naquela noite de lua:
- Deus num me castigue não -
Mais ante, eu ficasse mudo,
Ficasse cêgo de tudo,
Pra num sê tão bestaião,
De cantá praquela ingrata,
Naquela noite de prata
"O Luá do meu Sertão".
Naquela noite, Seu môço...
Seu Môço, naquela noite;
Mais ante eu bebesse o fé,
Sofresse dores crué,
Levasse os quarenta açoite,
Fosse pregado na cruz,
Sofresse mais que Jesus,
Morresse naquela noite.
Postado por Fernando Caldas
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