terça-feira, 26 de maio de 2020

Circuito Cultural Ribeira: Beco da Quarentena

Nos anos 60 este local de Natal (RN) era a mais inacreditável curtição do Nordeste

O Hippie Drive-in foi um empreendimento bemmm além de seu tempo que existiu em Natal entre 1967 e 1974. Não era clube nem restaurante nem boate, mas uma mistura de tudo isso e mais alguma coisa.
O Hippie consistia numa área de lazer com 40 mil metros quadrados abrigando bares, restaurantes, boates, parque de diversão, quiosques para vendas de guloseimas, zoológico e até drive-in, onde casais enamorados trocavam carícias dentro de carros com privacidade e segurança.
Durante o dia o ambiente era família. Famílias se divertiam no parque, que tinha uma roda-gigante; "baganas" nos quiosques e um zoológico, isso mesmo, um pequeno zoológico, o primeiro e único de Natal.
No zoológico do Hippie conviviam onça-pintada, tamanduá-bandeira, anta, cotia, porco-espinho, urubu-rei, faisão e outras variedades de aves. Nos restaurantes serviam iguarias desconhecidas do paladar local como escargot e caviar, e bebidas como tequila e cervejas importadas, no cartaz dizia: "15 marcas de 8 países".
Propaganda do "Hippie Drive In" (Natal) no jornal Diário de Natal em 14/04/1969
Mas, o motivo de maior sucesso do Hippie Drive-in estava nas suas boates, eram duas. Uma ao ar livre e outra "reservada". O sucesso dessa última era a luz negra, a primeira da cidade. O efeito da animação estroboscópica causava surpresa ou satisfação ao frequentador casual ou contumaz da boate.
Os casais bailavam sob a sensação de estarem tremendo ou se movimentando aos saltos e isso levava a todos para a pista de dança. O gim com água tônica era o pedido comum de seus clientes, devido o efeito brilhoso decorrente da incidência da luz negra sobre a bebida.
Entretanto, o sucesso ficava por conta de garotas desinibidas que, proposital ou distraidamente, fossem para o dancing com roupas íntimas brancas. O sutiã e a calcinha ficavam evidenciados do restante da vestimenta pela ação da luz negra, deixando as curvas do corpo bem delineadas causando o efeito sensual almejado por elas. Por lá se apresentavam bandas memoráveis como Impacto 5, The Jetsons, Infernais, Os Primos e outros conjuntos da capital e de fora do Estado.
Hippie Drive In, Natal-RN. Empreendimento muito além de seu tempo que existiu em Natal entre 1967 e 1974.
Detalhe interessante: todos os garçons empregados no complexo eram homossexuais. Naquela época, a intolerância contra gays era muito mais gritante, e isso os tornava naturalmente retraídos. Talvez a discrição decorrente dessa postura os tornassem as pessoas adequadas para atender os casais no drive-in, quando estivessem aos “sarros” em seus carros.
Aos visitantes que desejassem uma lembrança, encontravam à disposição, nas mesas, um pires pintado à mão pela artista plástica Lourdes Guilherme, com a inscrição “Este eu roubei do Hippie Drive-in”.
A ideia saiu da caixola do empresário Luís Carlos Abbott Galvão. Segundo se comenta, ele se espelhou em algo idêntico visto na cidade do México. Não cobravam entrada, mas exigiam consumação.
Homenagem da IFRN a Luiz Carlos Abbott Galvão, criador do Hippie Drive In em Natal (RN) nos anos 60. Foto: IFRN.
Eram comuns excursões de Pernambuco e da Paraíba, porque não existia nada semelhante no Nordeste. O ambiente chegou a acomodar, de uma só vez, 1.800 pessoas, algo inacreditável para casas de shows de quase meio século atrás.
Estacionamento do Hippie Drive In, Natal-RN. Empreendimento muito além de seu tempo que existiu em Natal entre 1967 e 1974.
Natal não tinha motel na época, e se um local como esse hoje seria uma sensação, imagine na época.
Luiz Carlos fechou o complexo de divertimento por conta da concorrência nas redondezas e, também, porque abriram o “Kazarão”, outra iniciativa sua em evidência que ficava na Avenida Campos Sales.
O Hippie Drive-in foi realmente um empreendimento além de sua época. Funcionou em local inabitado da atual Av. Engenheiro Roberto Freire, na altura do Sea Way.
Informações do engenheiro civil e escritor José Narcelio Marques Sousa.
De: CURIOZZO
De: donotreply@wordpress.com 
 

segunda-feira, 25 de maio de 2020

NÚBIA LAFAYETTE - A VOZ DE OURO DO BRASIL

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Reconhecemos que esquecer é mais do que arte é sabedoria. Aquilo que mais queremos esquecer é o que mais se recorda. A memória aínda é uma grande traidora, especialmente quando mais queremos lembrar. E o pior é tola quando quer ter presente qualquer lembrança. Naquilo que produz tristeza ela é prolixa e eficiente. Já no que dá alegria lhe faz com cuidado. Para alegria minha e dos nossos conterrâneos lembrei-me de Idenilde Araújo Alves da Costa, nascida em Carnaubais na época município de Assu-RN, que aos três anos de idade sua família mudou-se para o Rio de Janeiro, onde foi vendedora das Lojas Americanas, quando decidiu participar do programa de calouros " A VOZ DE OURO " da TV TUPI, e um dos jurados convidou-a para cantar na boate Cave, onde teve a sorte de ser apreciada pelo compositor Adelino Moreira, que lhe conseguiu um contrato com a gravadora RCA, e começou a gravar como NÚBIA LAFAYETTE, tornou-se grande interprete das músicas de Adelino Moreira, que tenho o grato prazer de lembrar e recordar as suas canções: lama, devolvi, fracasso, pensando em ti e mata-me depressa.
Chico Torquato

ARNÓBIO ABREU, O MEDICO DO POVO

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Nestes dias de pandemia, desejo lembrar José Arnóbio de Abreu (1948-2000). Arnóbio era um amigo leal, admirável, influente, de bem e do bem, estatura mediana, voz rouca, andar curto e ligeiro.

Lembro-me dele (eu era ainda menino) ainda adolescentee ele já metido a gente grande, discursando nas praças públicas do Assu, sua terra natal querida, nas eleições de 1962 quando disputava a prefeitura da terra assuense, Walter Leitão e Maria Olímpia Neves de Oliveira/Maroquinha. Ele era pró Walter Leitão.

No Assu, Arnobio viveu a sua infância, adolescência e parte da juventude, passando a morar em Natal, Manaus, Rio de Janeiro onde fez amizades com renomados médicos do Brasil como Lídio Toledo que foi médica da Seleção Brasileira.

Arnóbio, conviveu na intimidade com grandes figuras da política potiguar e conheceu muitas outras do Brasil, participando das Diretas Já, ao lado de Geraldo Melo, Henrique Eduardo, Ulisses Guimarães e Tancredo Neves, dentre outros.

O seu nome singelo e sonoro estampa em letras vivas nas páginas da história política do Rio Grande do Norte que ele representou na qualidade de deputado estadual presidente da Assembleia Constituinte de 1989 e promulgou a sua Carta Magna. Antes, porém teria sido candidato a prefeito do Assu nas eleições de 1982 pelo PMDB atual MDB, perdendo para Ronaldo Soares do PDS. Naquele parlamento potiguar foi líder do governo Garibaldi Alves.

Arnóbio foi também diretor do Hospital Walfredo Gurgel, empresário sócio fundador do Instituto de Traumatologia do Rio Grande do Norte – ITORN, presidente do Instituto de Previdência dos Servidores do Estado – IPE.

Para defini-lo melhor escreveu Agnelo Alves dizendo que ele, Arnobio era um festeiro permanente, tempo integral, sem perda da seriedade.

Já, Valério Mesquita escreveu: Qual pássaro estrangulado no canto desapareceu Arnóbio do nosso convívio, ainda jovem e ávido de vôos inspirativos. Menino alegre do Açu revelado líder estudantil, logo atendeu ao impulso político, disputando a Prefeitura de sua terra, para chegar a parlamentar estaduano.

De presidente da Constituinte Estadual no primeiro mandato, embora não logrando êxito nas eleições seguintes, a angústia e o sofrimento não abateram o ânimo desse anjo irrequieto, mas terno, esgrimidor de pelejas que não se fez de exilado da política, na gaiola de si próprio. Perseverou na lide tanto política quanto profissional.

Arnóbio teve uma carreira política meteórica. Viveu o transitório e transitoriamente viveu, mas deixou marcas de eternidades na efetividade dos seus gestos. Soube, melhor como ninguém, de forma forte e intensa, nos descompassos da política, ser o capataz dos silêncios e das longas esperas.

Todos sentimos a falta que ele hoje nos faz, quando penetrou na longa e interminável noite que não lhe reservará mais auroras nem mais lhe oferecerá o sol de novas manhãs da visão milagrosa do Vale do Açu.

Conforta-nos o dizer do poeta "que ao seu encontro virão um dia despedaçadas estrelas e astros da noite dos boêmios sem ostentação e com ela a saudade como uma certeza do nosso sofrimento".

Afinal, José Arnóbio de Abreu empresta o seu nome (decreto do governador em exercício Fernando Freire) a Adutora Médio Oeste, um reconhecimento pelos seus serviços prestados a terra potiguar, além com muita justiça, ao Ginásio Esportivo do Assu.

Por fim, registro a minha lembrança deste ilustre amigo (ele era afilhado de minha mãe). O seu nome honra e dignifica o Rio Grande do Norte, especialmente a cidade de Assu.

(Fernando Caldas, um assuense que ama a sua terra e sua gente).

domingo, 24 de maio de 2020

Se tive sonhos pra encontrar o mundo! Tenho lágrimas pra afogar a terra!

Escreveu João Lins Caldas na sua angustia,


Traíra e putativa
Dois Mestre do desafio

Um vive solto na mata
O outro dentro do Rio
Dois poetas respeitados
Que o mundo inteiro aplaudiu.


Enviado pelo Poeta Henrique do papelão, Assu-Rn

sábado, 23 de maio de 2020

ESTÓRIAS DE CANTADOR

O poeta cantador de viola/cordelista Francisco Agripino de Alcaniz, ou simplesmente “Chico Traíra” era natural de Sacramento, atual Ipanguaçu, importante município do Rio Grande do Norte (lugar fundado por meu terceiro avô Luiz Lucas Lins Caldas que era Major da Guarda Nacional) e assuense por opção e escolha, onde viveu grande parte de sua vida de boêmio e repentista. Pois bem. Certo dia, Traira (nome de peixe de água doce muito comum nos rios, lagoas e açudes da terra nordestina) viajando em cima da carroceria de caminhão com destino a cidade de Macau, em companhia do amigo e igualmente cantador de viola "Patativa" (nome de de pássaro de canto melódico e suave), ouviu Patativa reclamar dos baculejos em razão da trepidante estrada esburacada, a seguinte frase: “Chico, sinto que a nossa viagem não vai ser muito sublime!” – Chico Traíra pegou na deixa, dizendo os versos no melhor de sua criatividade poética:
Se o amigo não está
Achando a viagem boa
Você é pássaro, eu sou peixe
Eu mergulho e você voa
Você volta para o ninho
E eu volto à minha lagoa.
De outra feita, na cidade de Areia Branca, viola afinada, cantando com outro afamado violeiro chamado Manoel Calixto, cantoria realizada na casa de um amigo, Chico fora desafiado por Calixto com a seguinte estrofe:
Aviso ao dono da casa
Que não vá fazer asneira
Tenha cuidado em Traira
Que ele tem uma coceira
Se não quiser que ela pegue
De manhã queime a cadeira.
Chico retrucou:
Você é que tem coceira
Dessas que rebenta a calça
Está tomando por dia
Dezoito banhos de salsa
Quando a coceira se dana
Num dia acaba uma calça.
Certa vez, o mestre Câmara Cascudo, "o escritor potiguar mais conhecido no mundo", recebia homenagem da UFRN. Chico fazia presente naquela ocasião, a convite daquela universidade. Dentro da programação Chico com sua viola em punho, versejou parara aplausos dos circunstantes:
Eis o doutor Cascudinho.
Que valoroso tesouro!
Lá no sertão também tem,
Cascudo, aranha e besouro.
Os de lá não valem nada.
Mas este aqui vale ouro.
(Postado por Fernando Caldas)

sexta-feira, 22 de maio de 2020

O transporte mais rápido para a praia da "redinha" nos anos 60.
Andou, andou, e não achou a sabedoria. Tão simples, onde ela estava. Ser bom e mais nada.

Caldas, pensador potiguar
UM REGISTRO PESSOAL

Rua da Conceição, uma das primeiras ruas da Cidade Alta, bairro de centro, de Natal. Tive eu, o privilégio de ter morado na segunda casa da direita para esquerda, se não me falha a memória, número 113, quando em Natal cheguei para estudar o colegial no Atheneu, em 1974. Naquela casa, no meu tempo, funcionava um pensionato. Muitos de meus conterrâneos passaram por lá. A casa fica de frente ao Instituto Histórico e Geográfico do Rio Grande do Norte. Na fotografia podemos conferir a esquerda, a casa onde morou Café Filho - casa de esquina - único Norte Rio-grandense, natalense a assumir a presidência da República, em 1954, em razão da morte de Getúlio Vargas. Hoje, funciona um museu que leva o seu nome. Saudades daqueles velhos tempos de estudante. 

Afinal, tive eu, o privilégio de ter morado numa das mais importantes ruas da capital potiguar. Fica o registro e dou fé. 



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18/05: HOJE É DIA INTERNACIONAL DOS MUSEUS.
O museu tem um grande valor cultural para preservar a memória de um povo, de uma cidade.
Além de resgatar peças raras e valiosas, contribui com fatos históricos.
É importante para projetos pedagógicos. Visite um museu.
Cheguei em Campina Grande
Fiz uma visitação,
Fiquei emocionado
Fui ao Museu do Algodão,
Ouro Branco era riqueza
Povo feliz com certeza,
Matuto do meu torrão.
Poeta Marcos Calaça, no Museu do Algodão, Campina Grande PB.
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quinta-feira, 21 de maio de 2020

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 A VINGANÇA

Fabrício Neto

A vingança
é a destruição
do espírito.

Ela magoa,
injuría e tortura,
em provocações
íntimas,
para poder se manter
sempre acessa,
no coração torpe
que a agasalha.
Em seu caminhar
de desespero e mentira.
De embuste calunia e
difamação.
Ela despreza por maldade,
insulta, por crueldade,
apavora, pela ameaça e
fere, pelo prazer.
Amedronta, destrói.
Não conquista,
assassina.
Ela confunde
a própria razão e,
em sua fúria,
conduz a loucura.
Ela envenena
a beleza do viver.
Propícia a melancolia,
a tristeza e a solidão.
É, em si mesma,
a própria destruição.


GARÇA DO PATAXÓ / IPANGUAÇU-RN

LEMBRANÇAS DA TELERN

quarta-feira, 20 de maio de 2020

ALGODÃO: ANTIGA RIQUEZA DO MEU TORRÃO
O NOSSO OURO BRANCO
-O algodão era o ouro branco do sertão, a galinha dos ovos de ouro do homem do campo;
-Os ‘apanhadores’ de algodão saíam bem cedinho com o bisaco e o cabaço com água;
-A unidade de medida era a arroba, 15 quilos;
-Alguns produtores, entre centenas, como Mulatinho, Chico Câmara, José Carneiro, Ranulfo Costa, Chico Rufino, Teodoro Ernesto, Antônio Félix, Segundo Veríssimo e outros, vendiam o algodão nas duas usinas locais ou na usina de São Miguel (Fernando Pedroza RN), aos galegos ingleses.
-O comércio era grande, muitos agricultores tinham imensos armazéns no centro da cidade para armazenar essa riqueza.
-Circulava muito dinheiro e o município tinha quase 14 mil habitantes.
-E hoje, o algodão esquecido no seio da caatinga, a sua presença é apenas o testemunho que faz brotar na lembrança a sentença de um tempo que não volta mais.
Marcos Calaça é professor, poeta matuto e cordelista.
FOTO: Caminhão do senhor Chico Rufino carregado de algodão
Década de 70. Motorista: Chico Honorato, o primeiro da esquerda.

"A Boite Hippie Drive In"

A Boite Hippie Drive In representou nos anos 60/70 uma revolução no ambiente de curtição em Natal. O Hippie era localizado na então longínqua “Estrada de Ponta Negra” (atual Av. Roberto Freire), nas imediações do atual “Sea Way”. De quinta a domingo havia festa. A condução musical no dancing era feita pelas melhores bandas de rock da cidade, além dos Infernais, lá tocaram: Os Gênios, Alerta Cinco, Os Primos, Os Vândalos, Os Terríveis, The Jetsons, Os Milionários e Impacto Cinco. A classe universitária emergente predominava no ambiente, mas a faixa etária era diversificada. (Texto e fotos compactados do livro "Natal do Século XX")
Postado por Fernando Caldas

PELO DIA DA CONSCIÊNCIA NEGRA Se Guilherme de Almeida escreveu 'Raça', em 1925, uma obra literária “que tem como tema a gênese da na...