segunda-feira, 9 de maio de 2022

LEMBRANDO O BAR, CAFÉ E LANCHONETE DIA E NOITE

Somos apenas a sombra das nossas lembranças.


Ao longo dos anos, Natal ficou conhecida por ter pontos tido comerciais como bares, cafés e lanchonetes, cujo atrativo não justificavam a freguesia cativa que possuía. Eram locais de extrema simplicidade, mas que prendiam seus fregueses pelo bom atendimento, um cardápio simplificado que atendia ao paladar de todos, além de oferecer um ambiente descontraído onde quase todo mundo se conhecia.

Procurando conhecer a origem desse comércio – dia e noite mais promissor - , encontrei nos alfarrábios, textos que lembram a nossa cidade  numa data mito recuada, quando verifica-se que tudo teve seu início com o surgimento de um bar que foi pioneiro nesse setor. Este foi inaugurado na travessa Aureliano, na Ribeira, com o nome de bar “Chile”, que serviu de modelo aos demais seguidores.
     

                                      Bairro da Ribeira - Natal RN    

Logo depois, sequenciado pelo modismo que já existia à época, surgiu o bar “Antártica”, ainda na Ribeira que depois de muito sucesso cedeu seu espaço físico ao “Cova da Onça”, que já chegou aos nossos dias num estado agonizante
 
Descobri ainda, que na Cidade Alta, precisamente que na Rua Ulisses Caldas, foi inaugurado o bar “Potiguarânia”, seguindo a mesma trilha de seus antecessores , fazendo algumas inovações que caíram no gosto de seus frequentadores. Perdurou alguns anos, até ser absorvido com toda sua estrutura pelo “Magestic”, que deu continuidade ao mesmo estilo

                        Confeitaria Cisne - Rua João Pessoa - Natal RN
                                
Na Rua João Pessoa, - no Grande Ponto do meu tempo – tivemos o café “Maia” de Rossini Azevedo. O “Vesúvio” de Maiorana, o “Botijinha” de Jardelino Lucena, o bar e confeitaria “Cisne” de Múcio Miranda e o “Dia e Noite” de Nilton Armando de Souza. Este, com larga vivência no ramo – ex-garçom -, mas, sabia como ninguém, lidar com sua freguesia usando a devida  leveza, o prazer de servir e a dignidade profissional que ostentava.


Esse bar, próximo aos outros na Rua João Pessoa, ficava quase em frente à Caixa Econômica Federal, com seu espaço físico sendo ocupado hoje por uma loja que vende óculos e outras bugigangas de somenos importância. Abrigava uma pequena área delimitada por duas fileiras de mesas dispostas paralelamente, e no meio, um corredor por onde transitava o garçom e os convidados de ocasião. Lá no fundo, um balcão e  por trás dele, a figura sempre presente de seu proprietário que se atinha a tudo o que se passava no recinto. No final,  existia uma  parede divisória e à sua direita, uma pequena abertura de forma semicircular que servia de comunicação com a cozinha e por onde eram enviados os  pedidos e comandas. No cardápio constavam os mesmos itens desde sua inauguração e quando ocorria alguma alteração, era quase sempre na ordem inversa de seus itens.

Entretanto, o seu ponto alto era o garçom, vítima de todo tipo de gozação. Muito estimado por todos, atendia pelo apelido de “Gazolina” e possuía o dom da tolerância, sem nunca ter revidado as irreverências recebidas. Nunca perdia a fleuma, nem mesmo, quando os pedidos estava inserido o duplo sentido, tais como: -  “Gazolina, suspenda os ovos e passe a língua...” E assim por diante.

                         

                                      Rua João Pessoa - Natal RN

Esse bar, que nunca fechava, razão do nome – era também palco de muita confusão, principalmente nas madrugadas dos fins e semana, quando as rixas iniciadas nos clubes sociais, terminavam quase sempre no seu âmbito, ou nas circunvizinhanças. Os motivos? – Os mesmos de sempre: o ciúme, a política, a polícia e o esporte. Havia ainda uma particularidade pouco observada, que era a ausência do sexo feminino no seu interior.

Quando muito, elas eram atendidas em seus automóveis que ficavam nas imediações do bar.


Ainda lembro de muitos que frequentavam esse bar com certa assiduidade. Todos foram bem sucedidos nas  escolhas profissionais que fizeram e houve quem atingisse o topo na política, outros, nas empresas e os demais nas profissões que abraçaram. Citarei o nome de  alguns para poupar os poucos leitores desse incômodo: Artuzinho, Hélio Santa Rosa, Sidney e Ronald Gurgel, Haroldo e Franklin Bezerra, Marcos e Marciano Oliveira, Oscar e Osmar Medeiros, José e Ivo Barreto, Diógenes da Cunha Lima, Syllos Carvalho, Fernando Bezerra, Roberto Furtado, Lenilson Carvalho, Mário Sá Leitão, Waldemar Mattoso, Bentinho, Murilo Concentino, Aldanir Araújo e Abreu Junior.

Não darei ênfase – como fazia antes -, ao velho adágio que diz: “aqui tudo já teve”.

Realmente, tivemos o “Dia e Noite”, que sem a mínima pretensão, marcou sua presença na história da nossa cidade, quando cativou pela plêiade de frequentadores que deu a ele o prestígio que necessitava. Lembrar o “Dia e Noite” é massagear o ego de muitos que ainda guardam em seus corações as lembranças desse tempo. Somos apenas a sombra das nossas lembranças.    


Jahyr Navarro – médico e escritor
 
De: https://ormuzsimonetti.blogspot.com

 Da Web.

Pode ser arte de flor e corpo d'água

sexta-feira, 6 de maio de 2022

Morre Moacyr Gomes, arquiteto que projetou prédios emblemáticos como Castelão, Machadinho e a Biblioteca Câmara Cascudo


Entre os pioneiros da arquitetura potiguar, Moacyr Gomes da Costa enfrentava problemas de saúde e morreu em casa, enquanto dormia, aos 95 anos.

No dia 7 de junho do ano passado, o CAU (Conselho de Arquitetura e Urbanismo) do RN celebrou 94 anos de vida e mais 60 anos dele dedicado à Arquitetura.

Natural de Caicó, formou-se em Arquitetura pela Faculdade Nacional de Arquitetura da Universidade do Brasil, atual Universidade Federal do Rio de Janeiro, em 1954. Ocupou os cargos de Secretário de Planejamento Urbano de Natal (1971-1974) e de presidente do Instituto de Planejamento de Natal (1997-1999), de acordo com o CAU-RN.

Assinou projetos icônicos da história de Natal, como o Castelão, na década de 60, chamado pelo então governador Cortez Pereira como "Poema de Concreto Armado". Estádio que depois recebeu o nome de Machadão e, para a Copa de 2014, foi derrubado para dar vez à Arena das Dunas.

Também tiveram seus traços o Ginásio Poliesportivo Humberto Nesi – Machadinho - (também demolido para a construção da Arena das Dunas); a Faculdade de Odontologia da UFRN; o Pórtico dos Reis Magos (com a colaboração do arquiteto Eudes Galvão Montenegro); a sede da AABB (Associação Atlética Banco do Brasil); a Biblioteca Pública Estadual Luís da Câmara Cascudo; o Centro Administrativo do Governo do Estado do RN (em parceria com o arquiteto Ubirajara Galvão); o edifício Barão do Rio Branco e o edifício sede do DER, em parceria com os arquitetos Daniel Holanda e João Maurício, segundo o CAU.

 
 https://portalfatosdorn.blogspot.com

quarta-feira, 4 de maio de 2022

Vou continuar dizendo
Me escute quem quiser
A grande verdade é;
QUEM BEBE MORRE BEBENDO
Mete a cara e nem tá vendo
Que o tempo não para, corre
Todo dia toma um porre
Se alguém reclama ele diz:
Deixe de papo, infeliz!
QUEM NÃO BEBE TAMBÉM MORRE
A malvada da cachaça
Tem matado muita gente
Porém não é diferente
Da doença e da desgraça
Um bebum cai pela praça
A urina na perna escorre
Enquanto um médico socorre
Alguém que está morrendo
QUEM BEBE MORRE BEBENDO
QUEM NÃO BEBE TAMBÉM MORRE

terça-feira, 3 de maio de 2022

"Saudades do tempo que se tinha tempo. De quando o tempo não era inimigo. Quando as roupas descosturadas eram reparadas à mão e as brancas sujas colocadas pra quarar. Um dia todo pra lavar roupas! Não tinha problema.
 
Saudades de quando as frutas eram tiradas dos pés, que precisavam ser regadas e cuidadas. E escalar mangueiras era nosso maior desafio. De quando os encontros e sorrisos não precisavam ser registrados, e sobrava mais tempo pras conversas. De quando as coisas não tinham que ter propósito ou lhe preparar pra vencer na vida. Jogar pedras na rua ou na água pra ver quem joga mais longe, disputar corridas descalços na terra, descobrir formas nas nuvens... 
 
Saudades de quando a única pressa era de comer logo pra voltar pra rua pra brincar. Do cheiro da comida no fogão à lenha, do almoço colocado de manhã bem cedo, pra cozinhar devagar. De como o natal demorava a chegar. 
 
Saudades da criança que achava que ia ser eterna, porque o tempo pra ela, era amigo. Ele nunca iria se desfazer dela. Ele nunca iria sufocar."
 
Rachel Carvalho
 
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sexta-feira, 29 de abril de 2022

A TRÍPLICE FRONTEIRA BRASIL/ARGENTINA/ PARAGUAI

Imagina tomar café na Argentina 🇦🇷, almoçar no Paraguai 🇵🇾 e jantar no Brasil 🇧🇷. Tudo no mesmo dia?
O que parece impossível torna-se muito simples graças à Tríplice Fronteira: Brasil, Argentina e Paraguai.
A região de Foz do Iguaçu é conhecida como “Tríplice Fronteira” por apresentar uma característica geopolítica de fronteiras, que está presente em poucos lugares no mundo.
 
Em Foz do Iguaçu, o Brasil, o Paraguai e a Argentina fazem uma tríplice fronteira, com cidades fronteiriças: Foz do Iguaçu, Puerto Iguazú e Presidente Franco, respectivamente entre o Brasil, a Argentina e o Paraguai.
 

Haílton Corrêa de Arruda , o Manga. Eis um dos maiores goleiros da história do Inter.
 
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Manoel Onofre adquire imóvel na Dr Barata para construir galeria de arte

Apaixonado pela Ribeira, Procurador da Justiça quer construir um espaço de vivência e incentivar novos talentos

28 de abril de 2022

 Cinthia Lopes


Ninguém passa pela Ribeira indiferente. Ou se fica impactado pela beleza das imponentes fachadas ou pela decadência da maioria dos imóveis. É um bairro com características que nenhum outro possui: O maior conjunto arquitetônico que remonta a história da cidade e, ao mesmo tempo, o mais abandonado por uma série de fatores, desde a falta de projetos de revitalização que não saíram do papel, ou por causa de inventários intermináveis e dívidas acumuladas há décadas pelos proprietários. 

Movido por um sentimento de preservação da própria memória afetiva e da necessidade de legado para as próximas gerações, o promotor de justiça do RN e colecionador de artes Manoel Onofre Neto decidiu colocar em prática um sonho antigo de adquirir um imóvel no bairro. Sua primeira investida é na outrora famosa rua Doutor Barata, registrada nos livros como o coração comercial e festivo da Ribeira até a década de 1940. Onofre adquiriu um galpão onde até recentemente funcionava o depósito da Mar e Pesca, quase em frente a Galeria B-612. Ele explicou que se trata de um imóvel antigo, de linhas modernas, porém sem uma marco arquitetônico de destaque, pois vinha sendo reformado ao longo dos anos. “Bastante simples, mas com potencial. Pretendo requalificar o imóvel e dotá-lo de uma infraestrutura de charme”, disse em entrevista ao TL.

O magistrado também é um conhecedor das artes visuais e já é considerado um mecenas, por adquirir e incentivar novos talentos, reunindo uma grande coleção de obras de diversos estilos e criadores. Recemente ele fez a curadoria do Salão Dorian Gray de Artes Visuais realizado no Museu Café Filho. A mostra foi bastante elogiada por trazer para o coletivo muitos artistas da nova geração.

Ele conversou com o Típico Local sobre o investimento e os projetos para o imóvel. Lamentou ainda o fechamento da galeria B-612, que se estivesse em atividade seria a sua "vizinha" com potencial para movimentar a região. Uma porta se fecha outra se abre...

Confira o bate-bapo:

Onofre, você adquiriu um imóvel na Dr Barata, Ribeira. Tanto a rua quanto o bairro possuem um conjunto de prédios tombados pelo Iphan. Como foi a escolha do imóvel, o que levou em consideração?
O elemento primordial, ademais do valor, está relacionado às possibilidades de uso que o imóvel permite, com vãos amplos e uma estrutura sólida. Eu já vinha buscando um espaço com essas características.

A rua Dr. Barata mantém de pé fachadas de um passado de agitação e muitos comércios. Esse aspecto foi o que te atraiu?

A atmosfera da Ribeira como um todo sempre me atraiu. Ali muito da nossa história, com recorte à boemia e às artes, vem sendo escrita. Na Ribeira, em especial na Dr. Barata, em parceria com alguns amigos do Bicho (bloco do Carnatal, que integrei a diretoria) tive oportunidade de promover alguns eventos, dentre eles uma festa intitulada Ribeira Rainha, com performances e muita arte. Nos saudosos Blackout e no Galpão 29 comemorei aniversários. Bati ponto na Galeria B 612 aos sábados, religiosamente. São múltiplos os fatores que contribuíram para minha decisão.

Existe uma história por trás do imóvel? sabe o que funcionou lá?

Funcionava, até recentemente, o depósito da Mar e Pesca. É um imóvel antigo, mas sem uma marco arquitetônico de destaque pois vinha sendo reformado ao longo dos anos, com linhas modernas. Bastante simples, porém com potencial. Pretendo requalificar o imóvel e dotá-lo de uma infraestrutura de charme.

Você é um conhecido colecionador e incentivador das artes plásticas. O perfil de seu futuro espaço será uma forma de compensar o hiato deixado pelo fechamento da B-612? Você fará algo como residência artística, espaço para eventos de arte, galeria? fale um pouco sobre o que deseja abrigar no espaço...
 

O fechamento da B612 deixou um hiato impossível de ser preenchido. Aquele espaço era, literalmente, mágico. Anchieta completava a aura fascinante da galeria, que espero em breve desfrutar do novo espaço que ele vem gestando. A proposta será outra e está em construção, mas passa pela estruturação de um espaço para abrigar a minha coleção de arte potiguar de modo que eu possa partilhá-la e, com isso, fortalecer as artes visuais no Rio Grande do Norte e colaborar com a construção e solidificação dos percursos dos nossos artistas.

Asseguro, assim, um espaço pensado para exposições e eventos relacionados à arte. Residências artísticas, atelier coletivo e oficina de restauro e conservação também podem ser outras possibilidades, bem como a realização de eventos formativos e educativos relacionados às artes e à cultura, de modo a envolver a comunidade em geral. Como Promotor de Justiça que trabalha com o adolescente em conflito com a lei, vejo na arte um potencial transformador que precisa ser cada vez mais explorado.
Será necessária uma reforma? Você pretende buscar recursos externos, financiamento?

 

De: https://tipicolocal.com.br


quinta-feira, 28 de abril de 2022

UM BOÊMIO BOM DE PAPO

Fui uma criança crescida no meio de pessoas mais velhas e sempre gostei dessa agradável vivência. Tal costume me rende grandes amigos, alguns com até mais de 70 anos de diferença. Embora haja quem censure ou ache estranho, isto me faz uma pessoa feliz e realizada em muitos aspectos. 
 
As histórias dos mais velhos me interessam pelos contextos em que se situam, pelas demonstrações de arrojo que requerem e pelos testemunhos de coragem que muitos expressam desde a textura de sua pele.
 
Dentre estes amigos que construí ao longo de meus 18 anos de idade, está José Nazareno de Oliveira e Avelino – prefiro empregar o verbo no presente por muitos de seus ensinamentos me acompanharem frequentemente. Dedé encantou-se aos 83 anos em 2018. 
 
Cresceu numa pequena família, com seus pais, Vicente e Nila, e apenas uma irmã, Maria da Salete. Seu pai faleceu precocemente de um ataque cardíaco e sua irmã mudou-se cedo para a companhia de uma tia materna que fora morar no Rio de Janeiro. Assim formou-se Dedé, entre Assú – cidade de aguçada fertilidade literária, onde nasceram os mais antigos e longevos semanários – e Macau – com grande confluência cultural devida à frequente chegada de comerciantes e negociantes imigrantes pelo Porto –, ao lado da mãe que sempre foi apaixonada por ele. 
 
Rapaz boêmio, festeiro, popularmente conhecido pelo apelido de Papachinha. Ele era a definição perfeita de um gentleman, cordial, atencioso, bem parecido, com paletós e calças de linho que “até o mês passado lá no campo inda era flor”. Na segunda metade do século passado, era incogitável a falta de Dedé num baile dançante da provinciana – mas com ares de cidade grande – Assú. Caso isso acontecesse, algo estaria errado. 
 
Como todo bon-vivant, tinha um “pé-de-ouro”, mas prezava este dote ao escolher rigorosamente apenas algumas moças para dançar durante a noite. Para música, tinha predileção por Nelson Gonçalves, com o clássico A Volta do Boêmio, e Orlando Silva, com a famosa do rádio Malandrinha. Na cidade, conta-se que, certa vez, houve a festa de 15 anos do filho de um agropecuarista, para a qual ele não fora convidado. Ainda assim, altas horas da noite, ele chegara por lá e, francamente, exclamou “eu não fui convidado, mas vim!”. O pai do aniversariante, muito espirituoso, respondeu-lhe “eu tinha certeza de que você viria; por isso, não lhe convidei”. Situação resolvida: não houve motivo para ressentimentos, principalmente porque ele era querido em todos os grupos.
 
Dedé era um leitor voraz, criterioso e cuidadoso com seus livros. Era um dos poucos fiéis assinantes da O Cruzeiro em Assú. Foi ele quem me apresentou os franceses Mauriac e Rosseau, além do russo Dostoiévski, acho que por volta dos meus 12 anos de idade. Lamentavelmente, no lançamento do meu primeiro livro, em 2017, ele não esteve presente porque estava se recuperando de uma cirurgia, mas foi muito bem representado por sua irmã Salete – por quem também nutro grande estima e carinho. 
 
Durante 39 anos de sua vida, enfrentou um impiedoso câncer de pele, o que lhe custou um dos olhos, parte da audição e perdas afins. Por vezes, sem que ninguém soubesse, temendo incomodar, ele foi sozinho para um centro cirúrgico lutar pela vida. Passou por maus bocados, mas nunca perdeu a fé em Deus. Sua fé e resignação eram inabaláveis; nunca ouvi uma reclamação de Dedé. Sempre pedia forças a Deus, pois “a melhor coisa do mundo é viver”, como ele me disse muitas vezes. Foi o homem da família mais longevo – seus tios e primos não chegaram aos 70 anos. 
 
Papachinha guardava interessantes histórias do Assú e de nossa família (descendemos do mesmo tronco Oliveira). Por vários anos, meu passeio da tarde era ir a sua casa e conversar horas esquecidas com ele. Nunca faltava sorvete de creme com passas. Falou-me de tia França e de seus costumes; das festas sociais e suas particularidades; da intervenção militar contra o comunismo que deixou dois mortos em Assú, em 1935, quando se falava em “perrepistas e liberais”; e também do acidente que sofreu ao lado da antiga Fundação SESP quando pilotava a motocicleta de modelo Vespa que pegara emprestada de Lair Fernandes. 
 
Construiu ao longo de sua trajetória, por onde passou, muitos amigos. Poucos foram longevos como ele, restando-lhe apenas uns dois ou três, com os quais conversava por telefone. Lamentava-se por não ter com quem dividir algumas lembranças ou esclarecer algumas dúvidas de seu tempo de juventude. Um grande amigo de sua vida fora meu tio-avô Zacharias H. Hebron de Oliveira, com quem dividira muitas aventuras de infância e muitos jogos de bola no campo de areia em que hoje está chantado o Campus Avançado Walter de Sá Leitão. Dedé alegava nossa afinidade à semente plantada nessa amizade de tantos anos, o que muito me alegrava. 
 
Em 2018, perdi para a morte três grandes amigos, com os quais muito aprendi por meio de suas trajetórias: Demócrito Amorim (em agosto), José Nazareno (em outubro) e Maria Olímpia (em dezembro). Felizmente, a chegada da maturidade me mostrou que pessoas especiais não morrem, mas ficam numa prateleira de memórias da qual podemos tirá-las no momento em que precisarmos de seus ensinamentos. Por fim, aprendi com Dedé que os momentos difíceis da vida servem para nos dar fortaleza e sabedoria para o porvir.
 
(Pedro Otávio Oliveira)
 
 
Pode ser uma imagem de 1 pessoa, em pé e texto que diz "ACERVO PEDRO OLIVEIRA"
 

28/04: DIA NACIONAL DA CAATINGA

Esse nome caatinga
Vegetação natural,
Vem do Tupi-guarani
'Mata branca' sem igual,
Tem o mimoso umbuzeiro
O sagrado juazeiro
Viva o meu torrão Natal.
Sou a velha macambira
Sou xique-xique e facheiro,
Sou palma e jurema preta
Sou raiz de marmeleiro,
Sou a bela catingueira
Sou a bonita aroeira
Sou meu sertão de cardeiro.
Observe a caatinga
Linda ação é preservar,
A biodiversidade
É preciso conservar,
Como é linda a natureza
É nossa grande riqueza
A consciência é educar.
 
Marcos Calaça é poeta e confrade da Academia Norte-rio-grandense de Literatura de Cordel (ANLIC RN).

terça-feira, 26 de abril de 2022

AO VER-TE
Ao ver-te
Fiz reverso o universo todo
Apenas para que não te assustasses
Ao contemplares,
No espelho do firmamento,
A imagem invertida de tua face.
Ao ver-te,
Fiz-me aurora eclipsada do agora.
Voz vibrante que silencia ofegante...
Fiz-me flor, dor,
Pequenino ardor de anelo.
Fiz-me aveludada ternura que pouco perdura,
Mas que renasce ao ver o inflar,
De par em par,
Dos teus pulmões de amar.
Ao ver-te,
Embora bem de longe veja,
Fiz-me espera,
Esperançosa era,
Espessa ousadia de sonhar sentir-te, tocar-te,
Içar-te de ti a fartar-te de mim.
Ao ver-te, enfim,
Fiz da vida o que pude:
Solidão, ilusão, vã latitude...
Mas fiz um peito cálido e amante
Deste meu peito de tristeza rude.
Nara Rúbia Ribeiro
 
 Pode ser uma imagem de 1 pessoa, flor, ao ar livre e árvore

domingo, 24 de abril de 2022

 Pode ser uma imagem de 2 pessoas, barba e texto que diz "ANTES DE MORRER Maomé disse: "Eu não sei o propósito da vida" Confúcio disse: "Eu não sou o caminho" Buda disse: "Procure pela verdade" 0 Jesus disse: "Eu sou o caminho, a verdade e a vida" João 14:6"

 Pode ser um desenho animado de uma ou mais pessoas e texto que diz "Teste de inteligência Encontre as três filhas deste homem que estão escondidas na imagem."

Cachaça paraibana é apontada como a melhor do mundo e uma das mais saudáveis comercializada no Brasil

Publicado em: 09/04/2022 

 

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Considerada “a melhor cachaça do mundo”, título concedido no Concours Mondial de Bruxelles, na Bélgica, um dos mais rigorosos e reconhecidos internacionalmente órgão especializado por sua independência e rigor no processo de degustação, a cachaça paraibana Boa do Brejo – categoria cristal – também é apontada por possuir uma capacidade físico-química e microbiológica incomparável com as demais existentes no mercado brasileiro.
“Ela se destaca por ser limpa, saudável e sem concentração de metais pesados, a exemplo do cobre, do chumbo e do carbamato de etila, compostos cancerígenos”. Quem atesta é o laboratório paulista Biomade Soluções Biotecnológicas, conveniado com o Ministério da Agricultura.
Nas análises de cachaças, a acidez permitida pode chegar até 150 mg/100 ml em ácido acético. A Boa do Brejo surpreende e apresenta 20 mg/100 ml. O resultado da acidez volátil para a cachaça é um indicativo de possíveis problemas relativos à fabricação, a exemplo do controle do tempo e temperatura.
É por esse e outros motivos que o empresário Cícero Ricardo, idealizador da Boa do Brejo, faz questão de presar pela qualidade. “Sou rigoroso na colheita da matéria-prima, no tipo e no método de condução do processo fermentativo. Nas práticas tecnológicas, nas operações unitárias envolvidas no processamento, na destilação e no envelhecimento”, destaca o empresário, acrescentando que a Boa do Brejo é diferenciada e já caiu no gosto popular.
A bebida é produzida no Engenho São Pedro, antigo Mofo, em Areia, fundado em 1961 por Valdo Pompeu. Em 2018, Cícero Ricardo adquiriu o engenho, já sob a administração de Paulino Arantes, que vendia a produção a granel, e iniciou o processo de modernização dos equipamentos e instalações, seguindo todo protocolo legal e sanitário.
Paralelamente, foi escolhida a variedade ideal da cana de açúcar, e definida as áreas de plantio. Após a conclusão de toda a reforma, da colheita da cana-de-açúcar e o funcionamento autorizado pelo Ministério da Agricultura, pela Sudema e pelo Ibama, finalmente foi reinaugurado em 2020, com uma produção de 60 mil litros de cachaça de excelente qualidade, utilizando apenas o seu “coração”, e separando as frações da “cabeça” e da “cauda”, o que lhe confere qualidade inigualável e um sabor extremamente macio e suave.
Hoje a produção anual é limitada a 120 mil litros de cachaça e utilizada apenas a cana de açúcar do Engenho São Pedro, que possui várias nascentes de água, local para trilha a pé, através de floresta nativa e alguns pontos interessantes, a exemplo da Pedra do Grito (conta-se que no mês de maio escutam gritos nessa pedra), a Casa da Bruxa (uma casa de taipa no meio da floresta), a Trilha das Águas, passeio a cavalo, dentre outros.
O engenho está localizado na cidade de Areia, na Região do Brejo paraibano, numa tríplice fronteira, entre os municípios de Areia, Pilões e Alagoinha. É aberto à visitaçãocom a condição de se respeitar o meio ambiente e as normas internas de segurança.
Fonte: Espaço PB com Assessoria (José Valdez) – Foto: Divulgação – Contato: jorgerezende.imprensa@gmail.com


Fonte: Espaço PB com Assessoria (José Valdez) – Foto: Divulgação – Contato: jorgerezende.imprensa@gmail.com

PELO DIA DA CONSCIÊNCIA NEGRA Se Guilherme de Almeida escreveu 'Raça', em 1925, uma obra literária “que tem como tema a gênese da na...