sábado, 10 de fevereiro de 2024

OS ALVES E OS ROSADO JUNTOS

Não precisa ser futurólogo, nem profeta. Basta ter um pouco de capacidade analítica. Basta conviver com os arquivos das insinuações. Basta ser atento às contradições.


Como irá ser o quadro político do Rio Grande do Norte em 1982? Quem está com quem nos palanques; quem apoiará quem na última decisão?

Antes, bem antes do Palácio Potengi se chamar Palácio da Esperança, o povo do Rio Grande do Norte cantava em todos os caminhos:

"DIX-SEPT-ROSADO MAIA ESPERANÇA DO POVO POTIGUAR"

E como se chama a fazenda de Dix-huit não é terra da esperança?

A esperança portanto, no sentido de expectativa do poder é o tempo forte da caminhada dos Rosado.

Entre os Alves e os Rosado há um ponto de vista comum. O que os separa é menor do que a grande arma do exercício do mando; a retomada do Executivo.

Não será necessária uma bola de cristal, para se ver a aproximação gradativa dos Rosado e dos Alves. Serão eles que irão mobilizar o povo para colocar Aluízio novamente no Palácio (de novo) da Esperança. João Newton será Vice-Governador, Dix-huiit Senador, Vingt (de novo) Deputado Federal. Carlos Augusto, prefeito de Mossoró.

Para dizer a verdade, em todo o Estado, as duias famílias estruturalmente políticas se chamam Alves e Rosado. Somente elas possuem instrumentos de comunicação, destinados para mantê-los politicamente.

Onde estão os filhos dos Alves, os sobrinhos dos Alves? Trabalhando. Onde? Na TV ou na Cabugi. Nas coisas que lhe dizem respeito, culminando com as empresas de Igapó. Assim são os Rosado. Eles estão na Assembléia Estadual, na Câmara dos Deputados, nas bases.

Já escutei na CALÇADA DO CAFÉ SÃO LUIZ, que os Alves e os Rosado são como azeite e a água. Imisturáveis.

Que "estória" é essa? E em 58, quem andava rua acima rua abaixo junto; um candidato a senador outro a deputado federal? Não eram Dix-huit e Aluízio? Ou estamos esquecidos da memorável campanha "um amigo em cada rua"?"

E quando Governador, quem jogou flores nos pés de Dix-sept e mandou celebrar missa na catedral de Santa Luzia? Não foi Aluízio?

Isso vem provar que nem sempre o azeite e a água forçosamente serão incompatíveis.
Em 1976 passei dois meses em Mossoró na campanha de Leodécio para prefeito. Não sou mossoró-logo, mas se deu para observar muita coisa. Certa vez com dois vereadores do finado MDB visitei os cabarés da terra de Santa Luzia. Num deles, bati um longo papo com a proprietrária. E terminei provando que Leodécio seria o melhor candidato. "Tá certo, respondeu ela, mas eu não posso fazer isso com Doutor Vingt".

Ela não falou em João Newton. Votar contra doutor Vingt seria uma traição. Aí eu compreendi a liderança dos Rosado. Compreendi e comecei a respeitar. Porque o cabaré é sempre um termometro.

E Dinarte? Me perguntarão. Ele continuará com o PDS e no Estado inevitavelmente com os Maia (Tarcísio-Lavasier-Zé Agripino). Com ele, a grande maioria das prefeituras, o poder em exercício. E só existe um poder. Quando ele está exercendo. Lateralmente o PTB com argumentos esparsos, sem estrutura definida. Novamente seremos bipartidos: de um lado o governo, do outro os Rosado/Alves. E Agenor? Qual Agenor? O senador ou o feirante? Se aquele ainda fosse este, vá lá... Pois o povo vive nas feiras. Nela é que vive o trabalhador. Mas agora, o comandante e o Zepellin conseguiram aterrisar nas terras de São Vicente. E povo que é bom, quase não existe mais nos seus ex-gemidos.

Mas afinal, isso é ficção? Não sei. Sei apenas que hoje é carnaval. E no carnaval não ofende que também a nossa imaginação se encha de fantasias. Afinal entre o carnaval e a política há mil semelhanças. Em ambos há mil palhaços no salão. E ambos, há máscaras e travestis; e blocos que vez por outra se encorajaram e se chamaram: "bloco do sujo".

Hoje é carnaval. E se nada do que eu disse der certo, hoje não é carnaval?


Por José Luiz Silva (Artigo transcrito do Jornal O Poti, de Natal, 17.02.1980).

quinta-feira, 8 de fevereiro de 2024

Por Valério Mesquita, in Poucas e Boas

"O ex-deputado Paulinho Montenegro, da legislatura de 1987 a 1990, gostava de assediar o presidente Vivaldo Costa por alguns cargos ou gratificações para os seus afilhados políticos. Ao seu redor, Paulinho via esse ou aquele deputado ser contemplado e ele nada. Certo dia, numa reunião da Mesa, após mais uma relutância de Vivaldo, Paulinho não se conteve e perante todos, já aflito, interrogou, unindo o dedo indicador ao polegar, numa postura de súplica: “Como é Vivaldo, não vai me dar um grauzinho, não?”

(Em tempo: O 'graguzinho' que Paulinho Montenegro se referia, era mais um cargo comissionado na Assembleia Legislativa do Rio Grande do Norte, seque seria eu, Fernando Caldas, o indicado. Fui, portanto, diretor de Almoxarifado e Subsecretário de Administração e Orçamentária naquela casa legislativa por indicação do deputado Paulo Montenegro).


sexta-feira, 2 de fevereiro de 2024

ERA ASSUENSE O GIGANTE DA PROPAGANDA BRASILEIRA

A publicidade é uma forma de linguagem poética.

JMM




Hoje, 2/2, Dia do Publicitário, faço lembrar João Moacir de Medeiros (1921-2008), nascido na poética cidade de Assu, importante município do interior do Rio Grande do Norte. No Rio de Janeiro, Moacir viveu durante mais de sessenta anos, onde fez história na propaganda moderna brasileira. Moacir era uma mistura de potiguar com carioca, bom palestrador. Era prazeroso ouvi-lo narrar a sua fantástica trajetória vivida principalmente na propaganda brasileira. Ele fundou em 1950 a JMM Publicidade (sigla do seu nome). Antes, porém teria trabalhado na revista PN. "Eu sempre fui um repórter", depõe Moacir que começou a fazer propaganda e tornou-se rapidamente conhecido, ganhando muito dinheiro e credibilidade. O Café Paulista foi o seu primeiro cliente.


Já famoso pelas suas criações geniais, o banqueiro mineiro Magalhães Pinto contratou sua agência para fazer a publicidade do Banco Nacional de Minas Gerais (seu cliente durante trinta anos). Aquela casa bancária chegou a ser considerada como um dos cinco maiores bancos privados do Brasil. E quem não se lembra da propaganda (do guarda-chuva) que abria no final dos anos sessenta e na década de setenta, o Jornal Nacional, da Rede Globo de Televisão. O renomado publicitário Cid Pacheco já falecido (que participou ativamente da campanha de Hugo Chaves a presidência da Venezuela), foi parceiro de Moacir durante décadas na JMM Publicidade. Pacheco depõe que o guarda-chuva "foi um dos maiores símbolos promocionais da publicidade de todos os tempos."

Moacyr em 1954, foi o protagonista da primeira eleição marketizada no Brasil, contratado por Magalhães Pinto, para fazer a campanha de Celso Azevedo, pela UDN (um jovem engenheiro que o povo não conhecia), para prefeito de Belo Horizonte, contra Amintas de Barrros pelo PSD – Partido Social Democrático e que tinha o apoio de Juscelino Kubitschek e do PTB de Getúlio Vargas. Moacyr, ao chegar naquela terra mineira e, ‘mineiramente’, no seu próprio dizer, escultou os taxistas, os barbeiros, entre outras pessoas de várias atividades, descobriu e explorou que Celso Azevedo seria o primeiro belo-horizontino a governar aquela capital mineira, produziu uns versos que mandou musicar e introduziu um jingle para rodar no rádio (entre outras estratégias que ele usou), que diz assim: “O povo reclama com razão / minha casa não tem água / minha rua não tem pavimentação / mas não basta reclamar, meu senhor / é preciso votar num candidato de valor."

A moda pegou e, em apenas três semanas, Celso Azevedo que somente tinha o apoio de Magalhães Pinto e do PDC (um partido de pouca expressão eleitoral), ganhou a eleição para Amintas de Barros tido como um candidato populista e imbatível em Belo Horizonte.

Para a conceituada jornalista do jornal do Brasil Anna Ramalho (Coluna Opinião), num artigo datado de 19 de fevereiro de 2006, depõe que Medeiros "é um gênio da propaganda. O Jornal Nacional foi assim batizado por sua sugestão: na época do seu lançamento, era patrocinado pelo Banco Nacional da família Magalhães Pinto, principal cliente da agência". E vai mais adiante aquela conceituada jornalista, ao dizer que Moacyr teve outras invenções como "o tema ponte aérea, criado para Real Aerovias, ainda na década de sessenta". E aquela ex funcionária da JMM, não dispensa elogios a pessoa do seu ex patrão, afirmando que "Medeiros é um exemplo de pessoa descente, do brasileiro que soube ganhar muito com o seu trabalho, mas sempre de uma forma digna, sem cambalachos e maracutaias".

Já, o publicitário Jonga Oliveira no seu blog "Casos" da Propaganda", comenta que Moacyr "foi muito importante na história da propaganda. Não somente a carioca, como também a brasileira". E vai mais adiante aquele agente de publicidade, ao dizer que "a sua JMM constituiu-se, já na década de cinquenta, uma das agências pioneiras na reformulação da comunicação no Brasil".

Afinal, não se fala (ele presidiu a Federação Nacional das Agências de Propaganda) da história da propaganda moderna no Brasil, sem antes colocar João Moacir de Medeiros em posição de destaque.  A marca JMM vendida para publicitários de Belo Horizonte.

João Moacir de Medeiros nasceu no Assu/RN, no dia 25 de abril de 1921 e encantou-se no dia 6 de agosto de 2008.

 

(Fernando Caldas)

________________

 

Em tempo: João Moacir de Medeiros era meu primo próximo pelo lado da tradicional família Lins Caldas, de Assu/Ipanguaçu/RN. Foi meu pai Edmilson Lins Caldas que embarcou Moacir no porto de Natal com destino ao Rio de Janeiro, no inicio da década de quarenta. Acho que embarcado no Navio Ita.

 



 


ERA POTIGUAR DO ASSU O GIGANTE DA PROPAGANDA BRASILEIRA

A publicidade é uma forma de linguagem poética.

JMM

Hoje, 2/2, Dia do Publicitário, faço lembrar João Moacir de Medeiros (1921-2008), nascido na poética cidade de Assu, importante município do interior do Rio Grande do Norte. No Rio de Janeiro, Moacir viveu durante mais de sessenta anos, onde fez história na propaganda moderna brasileira. Moacir era uma mistura de potiguar com carioca, bom palestrador. Era prazeroso ouvi-lo narrar a sua fantástica trajetória vivida principalmente na propaganda brasileira. Ele fundou em 1950 a JMM Publicidade (sigla do seu nome). Antes, porém teria trabalhado na revista PN. "Eu sempre fui um repórter", depõe Moacir que começou a fazer propaganda e tornou-se rapidamente conhecido, ganhando muito dinheiro e credibilidade. O Café Paulista foi o seu primeiro cliente.

Já famoso pelas suas criações geniais, o banqueiro mineiro Magalhães Pinto contratou sua agência para fazer a publicidade do Banco Nacional de Minas Gerais (seu cliente durante trinta anos). Aquela casa bancária chegou a ser considerada como um dos cinco maiores bancos privados do Brasil. E quem não se lembra da propaganda (do guarda-chuva) que abria no final dos anos sessenta e na década de setenta, o Jornal Nacional, da Rede Globo de Televisão. O renomado publicitário Cid Pacheco já falecido (que participou ativamente da campanha de Hugo Chaves a presidência da Venezuela), foi parceiro de Moacir durante décadas na JMM Publicidade. Pacheco depõe que o guarda-chuva "foi um dos maiores símbolos promocionais da publicidade de todos os tempos."

Moacyr em 1954, foi o protagonista da primeira eleição marketizada no Brasil, contratado por Magalhães Pinto, para fazer a campanha de Celso Azevedo, pela UDN (um jovem engenheiro que o povo não conhecia), para prefeito de Belo Horizonte, contra Amintas de Barrros pelo PSD – Partido Social Democrático e que tinha o apoio de Juscelino Kubitschek e do PTB de Getúlio Vargas. Moacyr, ao chegar naquela terra mineira e, ‘mineiramente’, no seu próprio dizer, escultou os taxistas, os barbeiros, entre outras pessoas de várias atividades, descobriu e explorou que Celso Azevedo seria o primeiro belo-horizontino a governar aquela capital mineira, produziu uns versos que mandou musicar e introduziu um jingle para rodar no rádio (entre outras estratégias que ele usou), que diz assim: “O povo reclama com razão / minha casa não tem água / minha rua não tem pavimentação / mas não basta reclamar, meu senhor / é preciso votar num candidato de valor."

A moda pegou e, em apenas três semanas, Celso Azevedo que somente tinha o apoio de Magalhães Pinto e do PDC (um partido de pouca expressão eleitoral), ganhou a eleição para Amintas de Barros tido como um candidato populista e imbatível em Belo Horizonte.

Para a conceituada jornalista do jornal do Brasil Anna Ramalho (Coluna Opinião), num artigo datado de 19 de fevereiro de 2006, depõe que Medeiros "é um gênio da propaganda. O Jornal Nacional foi assim batizado por sua sugestão: na época do seu lançamento, era patrocinado pelo Banco Nacional da família Magalhães Pinto, principal cliente da agência". E vai mais adiante aquela conceituada jornalista, ao dizer que Moacyr teve outras invenções como "o tema ponte aérea, criado para Real Aerovias, ainda na década de sessenta". E aquela ex funcionária da JMM, não dispensa elogios a pessoa do seu ex patrão, afirmando que "Medeiros é um exemplo de pessoa descente, do brasileiro que soube ganhar muito com o seu trabalho, mas sempre de uma forma digna, sem cambalachos e maracutaias".

Já, o publicitário Jonga Oliveira no seu blog "Casos" da Propaganda", comenta que Moacyr "foi muito importante na história da propaganda. Não somente a carioca, como também a brasileira". E vai mais adiante aquele agente de publicidade, ao dizer que "a sua JMM constituiu-se, já na década de cinquenta, uma das agências pioneiras na reformulação da comunicação no Brasil".

Afinal, não se fala (ele presidiu a Federação Nacional das Agências de Propaganda) da história da propaganda moderna no Brasil, sem antes colocar João Moacir de Medeiros em posição de destaque.  A marca JMM vendida para publicitários de Belo Horizonte.

João Moacir de Medeiros nasceu no Assu/RN, no dia 25 de abril de 1921 e encantou-se no dia 6 de agosto de 2008, aos 87 anos de idade.

(Fernando Caldas)


________________

 

Em tempo: João Moacir de Medeiros era meu primo próximo pelo lado da tradicional família Lins Caldas, de Assu/Ipanguaçu/RN. Foi meu pai Edmilson Lins Caldas que embarcou Moacir no porto de Natal com destino ao Rio de Janeiro, no inicio da década de quarenta.

 


segunda-feira, 29 de janeiro de 2024

 Prezada Dona Chica de Igapó:

Venho, de novo respeitosamente,
Com a minha filosopotia pai d’égua,
Solicitar a tua quente goiabinha
Para o meu particular uso e abuso.
Prometo que saberei borogodeá-la
Sem mais, sem menos, sem talvez
Pelo menos uma vez por mês
Limeirando uma, duas ou três.
Do teu Chico que nasceu em Caicó
País de cabra macho e de jumentos
Que adoram apreciar o luscofusco
De tangerinas e lobisomens. Arre égua,
Acabo de me lembrar agora: o Peru
Ganhou a guerra da Coréia
Com a força de sua idéia.
Passa, passa, passatempo,
Tempo, tempo, passa lento,
Jesus Cristo nasceu em Caicó
E morreu em Jardim do Seridó
Assim diz o Novo Testamento.

(Chico Doido de Caicó)

Associação denuncia invasões do MST ao Distrito Irrigado do Baixo-Açu, em Alto do Rodrigues

porAdenilson Costa

https://tribunadonorte.com.br




A virgem Maria estava

Brigando com São José:

Você vendeu a jumenta

Me deixou andando a pé

Desta maneira eu termino

Voltando pra Nazaré!

 

Nisso gritou São José

Maria, deixa de asneira!

Vou comprar outra jumenta

Do jeitinho da primeira,

Quando ouviram uma zuada

No descer duma ladeira

 

Era um caminhão de feira

Que vinha da Galileia.

São José disse eu vou ver

Se tem canto na boleia

Que possa levar nós três

Até perto da Judeia!

 

São José deu com a mão,

O motorista parou.

Tem três canto pra nós três?

Jesus foi quem perguntou.

Disse o motorista tem,

Jesus respondeu eu vou!

 

E foram subindo os três.

Disse o motorista: para!

A gasolina subiu

A passagem é muito cara.

Vocês estarão pensando

Que meu carro é pau-de-arara?

 

São José puxou da faca

Pra furar os pneus.

Jesus já muito amarelo

Disse assim quando desceu:

Valha-me Nossa Senhora,

Que diabo fizemos eu?!

 

De: Zé Limeira, poeta paraibano. Ou melhor dizendo, “o poeta do absurdo.

 

quarta-feira, 24 de janeiro de 2024

DE JOELHOS - versos eróticos do poeta potiguar João Lins Caldas. Caldas, penso eu, muito antes da poeta carioca Gilka Machado já teria produzido em 1909, versos de cunho erótico. Vejamos o poema publicado no Almanaque Baiano, para 1909.

Na areia brilhante nos dias de calma
Chegaste. A minha tentação. De joelhos
Me sinto a morder os lábios teus vermelhos...
Caio... E’ a febre... E tu morres e eu morro
Transfigurado a ti pedir socorro...
Vem... chega mais perto... o braço estende
Entre o teu, o meu corpo aperta e prende...
Flores à noite... a madrugada em flores...
E aqui meu coração e os teus ardores...
O silêncio vacila, a treva ordena.
Vamos!... a plateia é deserta... ao palco! Acena!
Afasta as rendas, do teu corpo afasta...
Esta roupa que odeio, esta camisa gasta...
Um trono a madrugada, a relva um ninho.
Deixa... eu aperto a tua mão no meu carinho...
Nua... a tua carne branca num arrepio
Me anuncia o calor a bendizer o frio...
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Soo... a tua carne cansa e o coração a vida
Um beijo... mas outro... a tua carne em brasa...
E o meu instinto ao teu instinto casa...
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Pode ser um doodle
Todas as reaçõe

sábado, 20 de janeiro de 2024

CUNVERSA FIADA

Por Renato Caldas

Meu patrão, essa é a verdade:
O véio num tem vontade...
Nem faz tudo quanto qué!
Os fio é quem manda nele.
Inté nas coisa que é dele,
Quem manda mais é a muié.

- Quando aperta a cruviana
E o frio véio se dana,
A muié toma o lençó;
Adespois, só de marvada
num dá nem uma beirada...
E o véio, qui druma só.

O véio fica gemendo,
grunindo, se mardizendo
Sem uma garra de lençó.
Com uma dô nas canela!
Grunindo qui nem cadela,
Inté o saí do Só.

Se tem baile, o véio vai.
Tem qui i - pruque é pai
E tem qui se apresentá.
Chega lá, fica assentado...
É o papé mais safado
Qui o home pode chegá.

Cada fia, um namorado
Num nogento xixinado!
A dança? Num é dança não.
É aquela esfregadeira,
Num se dança uma rancheira,
Uma varsa, um xóte ou baião.

Num se vê um engravatado.
É um bando de Pé rapado
Qui só sabe arrufiá.
A burundanga é tão feia!
Nem o salão tem candeia
Pru forró alumiá.

- Orilo Danta é quem diz:
"Ah! tempo véio feliz
Dos namorados no bêco...
Aproveitando a rebarba...
E os véio, sujando a barba
Cum a goma do dôce sêco."

Hoje é sujando a vergonha.
In vez de cana é maconha...
Home faz vez de muié!
Usa cabelo cumprido
E pu riba o atrevido
Inda confessa o qui é.

Deus é Pai, num é padrasto!
- Nem sempre a luz de um astro
Clareia a lama do chão...
Morrendo o respeito humano,
Nem mesmo por um engano
Se pode têr sarvação.

A cunversinha tá boa!
Porém, um vento de prôa
Pode nos atrapaiá.
Quem cunversa, muito erra
E a água que imbebe a terra
É a mesma qui vai pro Má.

Tudo quanto hoje recramo:
É fulô, é fruita é ramo!
Nasceu da mesma raiz.
Para falá a verdade:
São coisas da mocidade...
Tudo isso eu também fiz.


PELO DIA DA CONSCIÊNCIA NEGRA Se Guilherme de Almeida escreveu 'Raça', em 1925, uma obra literária “que tem como tema a gênese da na...