sábado, 11 de maio de 2024

Reflexões filosóficas sobre a morte e a vida após a morte



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Dos pensadores gregos à atualidade, as reflexões filosóficas sobre a morte e a vida após a morte se destacam entre os temas mais antigos e persistentes dessa disciplina.

É um fato conhecido que as religiões consideram a vida no além. Isso significa que haveria um estado paradisíaco que transcende a condição humana. Da mesma forma, a filosofia raciocina sobre esse estado de imortalidade e eternidade, mas de outra perspectiva. Vamos descobrir!

O que a filosofia nos diz sobre a morte?

Para os filósofos, a questão da morte humana envolve sempre a alma. Em seu artigo para a Society, Nikos Kokosalakis aponta que as reflexões filosóficas manifestam o ser humano desde o início como um composto de corpo e alma ou espírito.

A alma, nesse ramo, tem uma dimensão quase religiosa. Alguns pensadores afirmam que por meio dela podemos conhecer e nos separar do mundano, o que não nos traz nenhum benefício espiritual. Nas seções a seguir, investigaremos as posições filosóficas mais importantes sobre esse assunto.

Descubra 5 razões pelas quais temos medo da morte


Alma e corpo: a morte segundo Platão

Platão foi talvez um dos primeiros filósofos que se preocupou em refletir sobre a morte. Segundo seus postulados, o ser humano é composto de corpo e alma. E esta última é de origem divina e imortal, ou seja, perdura no tempo.

Por outro lado, o corpo é mortal e é considerado uma prisão para a alma. Nesse sentido, a morte é um processo pelo qual a alma se liberta das amarras do corpo.

Nessa concepção platônica, a morte é negada, sustenta artigo da Revista de Treball Social. Isso porque na realidade a única coisa que perece é o corpo, que não tem valor segundo essa visão.

Ao contrário, a morte é vida para a alma, na medida em que ela pode se libertar e aspirar a uma vida melhor. Por isso, há um chamado especial para cuidar da alma por meio do conhecimento e da aquisição de virtudes na vida cotidiana.

Aristóteles e sua concepção de corpo, alma e matéria

Para Aristóteles, todos os seres vivos são compostos de corpo, alma e matéria. Embora tanto as plantas como os animais e os humanos tenham alma, há uma particularidade dela no homem.

Além de ser responsável por nutrir e sentir, a alma humana tem a função de saber. Ou seja, é usada para atividade mental ou pensamento. No entanto, também tem uma parte poética e criativa que é a propriedade mais importante da alma. Essa parte é imaterial, imortal e eterna.

Portanto, a morte para Aristóteles é o fim da vida biológica como a conhecemos. Esse processo representa a separação definitiva do corpo e da alma, que sobrevive à morte como entidade racional, pois, como dissemos, sua principal função é o conhecimento e o pensamento.

Morte para Epicuro

Como parte de suas reflexões filosóficas sobre a morte, Epicuro aponta que ela é algo inescapável. Ao contrário, devemos aceitá-la e considerá-la como um acontecimento na vida do ser humano.

Mas há um problema: geralmente temos medo da morte. Segundo o filósofo, isso é um absurdo, pois enquanto estamos vivos, a morte não existe. Por isso, ele nos dá três dicas para deixar de temer a morte:

  • Priorizar e discriminar projetos.
  • Lembrar-se diariamente de que vamos morrer.
  • Saber com clareza o que precisamos em todos os momentos.

O que Epicuro quer dizer com isso? Lembrando sempre da morte, podemos nos acostumar com ela. Por outro lado, estar atento às nossas necessidades faz com que nos concentremos no presente e deixemos o futuro de lado. Da mesma forma, distinguir e priorizar projetos de vida nos concentra no hoje.

“O mais terrível dos males, a morte, não é nada para nós, pois enquanto nós existimos, a morte não está presente, e quando a morte está presente, então nós não existimos”.


~ Epicuro ~

Sêneca e suas reflexões filosóficas sobre a morte

Para Sênecaa morte é um dos poucos eventos que podemos esperar com certeza. A partir dessa visão, devemos aceitá-la com resignação e até com prazer, pois aproveitaríamos a vida sem medo. Porque se não nos preocuparmos com nossa condição mortal, aproveitaremos mais intensamente o presente.

O filósofo enfatiza que a morte dignifica o ser humano, na medida em que representa o fim de uma vida vivida. Segundo ele, quem sofre dores e males não se resigna a viver porque não gosta da vida, mas porque viver em más condições não é uma vida digna de ser vivida.

A experiência da morte segundo Spinoza

Como Steven Nadler analisa em seu artigo Spinoza’s guide to life and death, o sujeito cujos pensamentos e ações estão sob a tutela da razão, não da paixão, não vive sua vida pensando na morte.

Entre outros motivos, porque sabe que não há nada além. Não há céu ou inferno, não há dor ou salvação. Como nada existe, não adianta gastar tempo ou angústia com isso.

Nesse sentido, em Spinoza há uma negação da imortalidade. De fato, acredita-se que uma das razões pelas quais a comunidade judaica o submeteu ao herem foi a crença de que a alma morre com o corpo. Para ele, então, só faz sentido refletir sobre a vida, sobretudo no conhecimento de si e do lugar que ocupa na natureza.

“O homem livre pensa em nada menos que a morte, e sua sabedoria é uma meditação não sobre a morte, mas sobre a vida.”

~ Spinoza ~

Vivemos para morrer, diz Martin Heidegger

Outra das reflexões filosóficas sobre a morte é a de Heidegger. Ele considera que o ser humano é o único ser vivo consciente de que em algum momento morrerá. É por isso que ele considera a morte como um fenômeno ou evento da vida.

Sua perspectiva é, conforme discutido em Pacific Science Review B: Humanities and Social Sciences, que nascemos ou somos jogados no mundo para morrer. Além disso, nossa única certeza nessa vida é o evento da morte. Com a chegada dela , a totalidade existencial desaparecerá.

No entanto, Heidegger atribui à morte uma característica positiva porque a considera apropriada. Ou seja, o ato de morrer nos pertence se fizermos dele nosso último e supremo ato de existência.

A vida além da morte

Existe vida além da morte? Essa talvez seja uma das questões mais enigmáticas do ser humano. Nossa preocupação contínua com a morte nos obriga a considerar a possibilidade de continuar a viver após a morte. O que a filosofia diz sobre isso?

Devido à sua condição mortal, o ser humano anseia pela imortalidade. Para a filosofia, essa existência eterna tem a ver com a durabilidade da alma ou do espírito, que ultrapassa os limites da vida.

De que adianta uma explicação como essa? Funciona em nós como um mecanismo de defesa contra o medo e a angústia que a morte nos gera. Assim, procuramos algum sentido ou justificação que nos permita suportar esse acontecimento inevitável.

Saiba mais Reduzir o medo da morte: 5 fatos que podem nos ajudar


Aprecie a vida e enfrente a morte com serenidade

Pensar na morte e na vida em relação à morte é mais um ato que o ser humano realiza para se compreender melhor. Por meio dessas reflexões, aprendemos a apreciar a vida e enfrentar a morte com mais serenidade e sabedoria.

No entanto, não devemos ficar obcecados com isso. O importante é como vivemos nossas vidas presentes. Pensar na morte a partir dessa perspectiva serve para focar no agora, que é a única coisa que temos.


sexta-feira, 10 de maio de 2024

PAULO VARELA, UM POETA MATUTO



O poeta popular Paulo Varela é natural do Assu (RN), meu amigo e conterrâneo, considerado um dos melhores poetas populares do Nordeste brasileiro. Paulo é portador de gagueira, um disturbio neurológico que afeta a fala, porém é fluente declamando um poema. Ele já se apresentou no Programa do Jô, da TV Globo, bem como é convidado para apresentar palestras e conferências sobre a sua poesia genuinamente matuta. Poucos dias depois da sua apresentação aquela emissora de televisão apresentou em reprizea em razão de ter sido um sucesso total em todo o Brasil. Ele participa de feiras de artesanatos e da Festa do Boi, em Parnamirim/RN, onde arma um stander (uma casa de taipa, típica do sertão do Nordeste, que ele mesmo constrói), onde vende seus folhetos de cordel e apresenta a sua arte de versejar, nas casas de shoows de Natal. A sua produção literária (poesias e causos populares é extensa, com mais de duas mil composições. Ele, Paulo, também é artista plástico e "se diz um cabôco escrevedô e contadô de causos matutos."


O professor e historiador Edson Aquino Cavalcante escreveu sobre Paulo dizendo que ele "tinha jeito para o desenho artístico, mais tarde resulta neste mestre que deixa todos boquiabertos com a sua capacidade de criação. Sendo hoje um contador de causo de primeira linha."

A propósito da sua entrevista no Programa do Jô, apresentado no dia 2 de fevereiro e reapresentado no dia 21 de março de 2005, o jornal "O Mossoroense", publicou a seguinte nota: "A madrugada do último sábado foi marcada pela presença do poeta popular assuense Paulo Varela no Programa do Jô. O homem deu um verdadeiro show mostrando que a cultura popular é rica (...).

Vamos conferir a sua verve, a sua criatividade poética que agrada a leigos e letrados:

Pro mode dessas doidice
Que temo que escutar
Tanta coisa ripitida
Desses tanto bla-blá-blá
Por isso qui tenho dito
Os versos são mais bunito
Do que esses pocotó
Gente sen arte tá rico
E ouvido não é pinico
E nem também urinó
Faço coisa diferente
Dessas raízes da gente
Pois eu acho mais mió

Falo de nossas sabenças
Das nossas maledecências
Das coisas do mei rurá
Eu falo do sofrimento
Do chicotar do jumento
Do vôo do carcará
Falo do gado magrenho
Da cachaça, do engenho
Do nordestino sofrido
Desse mato ressequido
Do espinho unha-de-gato
Tocaia no mei do mato
Das poça, do lamaçá
Da mãe que dá de mamar
Do aboiar do vaqueiro
Do repicar do ferreiro
Das prece, dos retirante
Dos bando de avuante
Do sol amarelo e quente
Da fome de nossa gente
Cangaia, borná, chucaio
Tropeiro no seu trabaio
Bisaca, xote, capim
Das negas, dos cabra ruim
Viola, moitão, furquia
Do calor do meio-dia
Casa de taipa, forró
Cachorro, gato, socó
Dos cabôco bom de briga
Das gostosas rapariga
Trinchete, alguidá, panela
Do pilão, cabaço e vela
Do luar, da lamparina
Dos perfume das menina
Quengo, feira e caçote
Biqueira, coice, magote
Farinha, feijão, arroz
Do nosso baião-de-dois
Cangapé, foice, matuto
Nossa fé, do nosso luto
Dos andar das romaria
Do repente, cantoria
Das beatas rezadeira
Dos tiros de baladeira
Dos bolão de vaquejada
Dos coriscos, trovoada
Enxada, perneira e pá
Brida, roçado, vasante
Mas vamos mais adiante
Que não parei de falá.

No folder da festa de São João Batista (Padroeiro do Assu) de 2004, está transcrito um poema convite de sua autoria, dizendo assim:

Pros cabôcos que é de fora
Nóis queremo convidá,
Pra beber de nossa água,
Pro móde nóis forrozá.
Ver quadria e buscapé,
Quem sabe arranjá muié,
Cum as cabôcas se insfergá.
Quem sabe arranjá cabôco
Pra sair do caritó,
Pra resolvê seu sufôco.
In nossa festa arretada,
Só vai tê gente educada,
I vai ser coisa de lôco.
Tem mio, canjica e baião,
Pamonha, alfinim, bandeira,
Xote, buchada e fugueira.
Vai tê balão em fileira,
E a novena é de primêra.
Tem corrida de jumento,
Umas bandas de talento,
E um show de alegria.
Eu lhe convido de novo,
Pra tú cunhecê o povo
Da terra da poesia.


Fica registrado um pouco da poesia matuta deste bardo assuense chamado Paulo Varela. 

(Fernando Caldas)

quinta-feira, 9 de maio de 2024

Antigo Projeto Camarão à margem esquerda do Rio Potengi, iniciativa da gestão do governador Cortez Pereira (1971-1975).


Todas as reaçõ

Não te quero senão porque te quero,
e de querer-te a não querer-te chego,
e de esperar-te quando não te espero,
passa o meu coração do frio ao fogo.

Quero-te só porque a ti te quero.
Odeio-te sem fim e odiando te rogo,
e a medida do meu amor viajante,
é não te ver e amar-te como um cego.

Talvez consumirá a luz de Janeiro,
seu raio cruel meu coração inteiro,
roubando-me a chave do sossego,

Nesta história só eu me morro,
e morrerei de amor porque te quero,
porque te quero amor, a sangue e fogo.

Pablo Neruda, poeta Chileno



É quando um espelho, no quarto,
se enfastia;
Quando a noite se destaca
da cortina;
Quando a carne tem o travo
da saliva,
e a saliva sabe a carne
dissolvida;
Quando a força de vontade
ressuscita;
Quando o pé sobre o sapato
se equilibra ...
E quando às sete da tarde
morre o dia
- que dentro de nossas almas
se ilumina,
com luz lívida, a palavra
despedida.

_________ David Mourão Ferreira

em "Crepúsculo


,




Natal não há como tal 

Avenida Rio Branco, Cidade Alta, provavelmente na década de 30.


quarta-feira, 8 de maio de 2024

 Do face de Fernando Caldas

Somente no amor o homem está de joelhos; porque o amor é a única escravidão que não desonra.
Vargas Vila, poeta colombiano



segunda-feira, 6 de maio de 2024

quinta-feira, 2 de maio de 2024

O INTELIGENTE E O SABIDO




Há duas categorias de pessoas que, sobretudo no Rio Grande do Norte, merecem um debruçamento maior, uma atenção mais atenta, um enfoque mais aproximado: o inteligente e o sabido.

O inteligente é como o grão. Se não morrer, será infecundo. A fecundidade do sabido é feita na cotidianidade dos seus sonhos.
O inteligente é aritmético. Consegue sobreviver. O sabido é geométrico. Quase sempre vive sobre. O inteligente é polivalente na ordem do conhecimento. O sabido, na ordem do aproveitamento. O inteligente é grosseiro às vezes, mas humano, profundamente humano. O sabido se irrita, mas é sempre fino. Fino e aderente. Sobretudo ao poder. E quando eu falo em Poder, não me refiro pura e simplesmente ao Sistema. Me refiro ao poder, podendo. Feito de números. Sobretudo de números.
O inteligente pode ser desligado. O sabido, nunca. O inteligente gosta de se encontrar com velhos amigos. O sabido prefere localizar novos. Se vão lhe render dividendos. O inteligente é simples. O sabido é complexo.
Chegar a ele, às vezes não é fácil. O mundo é dos sabidos. A vida, dos inteligentes. Na sua intensidade. A ambição do inteligente é limitada. Porque limitada, nem consegue ser ambição. O sabido é, sobretudo, ambicioso, explicação maior do seu sucesso. O inteligente poderá ser sábio. O sabido, jamais. A fé do inteligente é escatológica.
Do sabido, circunstancial. O inteligente não consegue ser audaz. A ousadia, porém, é o oxigênio do sabido. O inteligente aguarda a morte como passagem; para o sabido, ela não é objetivo de cogitações.
O inteligente gosta de bibliotecas; o sabido, de computadores. O inteligente sonha com Paris, escreve maravilhosamente sobre Paris, mas suas notas são escritas em Tibau ou na Redinha. O sabido dorme em Lisboa, acorda em Hong-Kong e janta em Ponta Negra.
O inteligente sorri. E no sorriso se esboça a silhueta da paz. O sabido ri. E ri gostosamente. O inteligente tem saudades; o sabido, nostalgia. O inteligente mergulha no silêncio. O sabido vira taciturno. O inteligente fica só, para estar com os outros; o sabido, para libertar-se deles.
O inteligente cria; o sabido amplia. O inteligente ilumina; o sabido ofusca. O inteligente pensa em canteiros de flores; o sabido, em projetos de reflorestamento. O antônimo de inteligente é burro, de sabido é besta; às vezes (quem sabe) viram sinônimos.
Ser, para o inteligente é fundamental. Parecer, para o sabido é prioritário. E como vivemos no mundo das aparências, nele o inteligente não terá vez. Desde que mude os seus critérios. Aí então, aflora a crise do desencanto.
É quando a mediocridade se entroniza, o supérfluo se instala e a inteligência se rende. A não ser que o inteligente se chame Unamuno, reitor imortal. Por isso, ele foi magnífico. Do contrário não teria sido reitor, mas feitor. E de feitores o Brasil está cheio. Sabidos, por sinal.
Sabido é Diógenes da Cunha Lima. Inteligente é Jarbas Martins.
Cascudo é inteligente. Sabida é sua entourage.
Inteligentes são Zila Mamede e Otto Guerra.
Inteligente é Waldson Pinheiro. Inteligente foi Miriam Coeli. Inteligente é Padre Ônio (de Cerro Corá) e Dom Heitor (de Caicó). Inteligente foi Dom Costa (de Mossoró). Inteligente foi o pastor José Fernandes Machado.
Inteligente é Anchieta Fernandes. Inteligente é Vingt-un.
O inteligente compra livros. O sabido, ações.
Para o sabido, as letras que realmente valem são letras de câmbio. Inteligente é quem trabalha para viver razoavelmente. Sabido é quem consegue que outros trabalhem para que ele viva maravilhosamente. O inteligente sua. O sabido transpira.
O inteligente acorda cedo. Para ele, Deus ajuda a quem madruga. O sabido acorda tarde. Outros madrugam por ele. Sem o inteligente, o que seria do sabido?
Inteligentes são Manoel Rodrigues de Melo e Raimundo Nonato.
Sabido é Paulo Macedo. Também “imortal”.
Inteligente é Dorian Jorge Freire. Sabido é Canindé Queiróz.
inteligentes são Eulício e Inácio Magalhães. Inteligente era Hélio Galvão. Sabido é Valério Mesquita.
Inteligentes eram José Bezerra Gomes e João Lins Caldas. Inteligente foi Jorge Fernandes. Sabido, Sebastião.
Inteligente é Erasmo Carlos. Sabido é Roberto.
Inteligente foi Garrincha. Sua inteligência, porém, não foi além de suas pernas. Com elas, encantava. Sabido é Pelé. Transformou suas pernas em objeto de lucro. Não é a toa que a cidade de Garrincha se chama Pau Grande. E Pelé nasceu onde? Não foi em Três Corações?
Ao mesmo tempo pode amar Xuxa, o Cosmos ou as audiências na Casa Branca.
Há um campo, porém, onde o número de sabidos é pródigo. Mas pelo menos hoje, eu não quero pensar nos inteligentes e sabidos quando se trata de competição eleitoral.

Em, Apesar de Tudo,  1983, Natal

domingo, 28 de abril de 2024


EM DELÍRIO

Por que é que nós vivemos tão distantes,
Si estamos neste sonho todo incerto:
- Eu ao teu lado em pulsações vibrantes,
E tu, longe de mim, sempre tão perto?
E é isso como um lúgubre deserto
onde andem as chamas palpitantes
Deste amor, deste amor que vive aberto
para os teus cem mil beijos escaldantes!
Amo-te! E fui-te sempre à eterna esquiva...
Mata-me agora esta aflição tão viva
Que explode em mim, que no meu seio estua...
Que tu não sejas meu, pouco me importa...
Mas tira-me esta dor que me transporta
A este desejo eterno de ser tua!
(Carolina Bertholo)
___________em, revista Fon-Fon, Rio de Janeiro, 1924.



PELO DIA DA CONSCIÊNCIA NEGRA Se Guilherme de Almeida escreveu 'Raça', em 1925, uma obra literária “que tem como tema a gênese da na...