O calendário das festas católicas é marcado por diversas comemorações de dias de santos. Na tradição brasileira uma das mais festivas são as comemorações de São João. Esse ciclo passou a ser conhecido como Festas Juninas, englobando as reverencias aos principais santos homenageados no mês de junho: dia 13 Santo Antonio, dia 24 São João e dia 29 São Pedro e São Paulo.
A origem destas festividades remonta um tempo muito antigo, anterior ao surgimento da era cristã e, portanto, do catolicismo.
De acordo com Sir James George Frazer, em seu livro O Ramo de Ouro, o mês de junho, tempo do solstício de verão na Europa, Oriente Médio e norte da África, ensejou inúmeras expressões rituais de invocação de fertilidade, para promover o crescimento da vegetação, fartura nas colheitas, trazer chuvas.
No Brasil:
Quando os portugueses iniciaram o empreendimento colonial no Brasil, a partir de 1.500, as festas de São João eram o centro das comemorações de junho. Alguns cronistas contam que os jesuítas acendiam as fogueiras e tochas em junho, provocando grande atração sobre os indígenas.
Pode-se observar, portanto, que ocorreu certa coincidência entre os propósitos católicos de atrair os índios ao convívio missionário catequético e as práticas rituais indígenas, simbolizadas pelas fogueiras de São João.
Essa época coincide com a realização dos rituais mais importantes para os povos que aqui cultivam as colheitas e preparação dos novos plantios. Os roçados velhos, ainda estão em pleno vigor, repletos de mandioca, inhame, batata doce, abóboras, abacaxis; a colheita de milho e feijões ainda se encontra em período de consumo.
Uma série ritual, no período, inclui um conjunto variado de festas que congregam as comunidades em danças, cantos, rezas e muita fartura de comida. Deve-se agradecer a abundância, reforçar os laços de parentesco, reverenciar as divindades aliadas e rezar forte para que os espíritos malignos não impeçam a fertilidade.
Tradições:
Nestas festas, até bem pouco tempo, antes da febre dos grandes grupos musicais, era comum a integração de grupos familiares. Essa confraternização familiar era alicerçada pela prática do compadrio, momento em que eram ampliados os laços entre vizinhos, patrões e empregados. Havia duas maneiras através das quais as pessoas adultas ou jovens tornavam-se compadres e comadres, padrinhos e madrinhas: uma era, e ainda é através do batismo; a outra, através da fogueira nas festas de São João. Até o século dezenove, até mesmo os escravos podiam ser apadrinhados pelos senhores de terra.
No nordeste brasileiro os festejos juninos ocorrem nas comunidades rurais, nas ruas, nos bairros, nas cidades, nas paróquias, transformando-se na festa mais importante do ano. Estas comemorações acabaram por atrair turistas prontos para participarem das efervescentes festas matutas.
Assu:
Assu é o município do Nordeste pioneiro no São João enquanto Padroeiro. Há 291 anos a Igreja realiza novenas e os paroquianos participam dos festejos sociais (cada época a seu modo) para comemorar o período junino.
Em 1720 com a chegada do Padre Manoel de Mesquita e Silva o Assu começou a realizar os primeiros trabalhos de evangelização, implantando o hábito religioso ligado à religião Católica Apostólica Romana. Os primeiros atos religiosos ocorreram sob as sombras de frondosas árvores.
Depois de seis anos foi construída uma Casa de Oração e criada, em 24 de junho de 1726, a Freguesia de São João Batista da Ribeira do Assu. A Freguesia foi a segunda da então Capitania do Rio Grande e a quinta do Brasil. O Precursor do Messias, João Batista, foi pela primeira vez, no Brasil, escolhido oficialmente como Padroeiro de uma freguesia (o equivalente a Paróquia, atualmente).
No decorrer destes 291 anos o povo assuense tem mantido esta tradição com muita religiosidade, cultuando neste período a fé, devoção e confraternização. O social acontece em reunião de vizinhos, amigos e familiares para agradecerem por mais um ano de graças e pedem proteção para o ano vindouro. A fogueira é o símbolo maior deste período, tendo sido sempre a maior simbologia dessas manifestações.
Baseando-se nesses costumes, por Assu não vivenciar somente os Festejos Juninos, e sim, ininterruptamente, a festa do seu Padroeiro, alicerçado nas manifestações folclóricas do nordeste brasileiro (estilo único no mundo) durante quase três séculos, podemos afirmar que a festa de São João, em Assu, quando se unifica as comemorações religiosas com as sociais (profanas) é o mais antigo do mundo.
Foto: Bruno Andrade
Fonte: Marcas que se foram - Ivan Pinheiro (livro inédito)
A revista "Para Todos", do Rio de Janeiro, circulou na década de 20 e 30. Era dirigida pelo designer e caricaturista J. Carlos. Periódico que focava o cinema, noticiava as expressões artísticas e culturais. Na edição de 27 de outubro de 1923 podemos conferir um poema (página intitulada "Pequenos Poemas") de autoria do poeta Norte rio-grandense, do Assu, João Lins Caldas (um dos poetas ainda esquecido e injustiçado das letras brasileiras), intitulado "Árvore Irmã". Aquela revista, também, publicava composições dos grandes poetas nacionais daquela época como Álvaro Moreira e o próprio Caldas, que apresentava a sua grande poesia.
(Clique na segunda imagem abaixo, para uma melhor visualizar o referido poema). Fonte: Biblioteca Nacional.
ÁRVORE IRMÃ
Aquela árvore despida,
Verde e irmã da minha vida,
Foi minha vida...
Deu-me seus frutos,
Deu-me seus galhos...
- Eu, entre os brutos,
Tive seus frutos...
Não para mim que a ingratidão brilhasse,
Não para mim que a ingratidão nascesse...
Eu falaria amor, si ela falasse,
Eu morreria amor, si ela morresse...
Árvore desajeitada,
Desconjuntada,
Irmã ou mãe como eu nasci no mundo...
Quando um dia tocarem-se afinados,
Sejamos igualados,
- Eu mergulhado no teu cerne fundo...
Sejamos como bons dois irmãos enterrados...
João Lins Caldas
Antiga chapa eleitoral. Eleições para prefeito e vereadores de Assu, início da década de 90, não me recordo examene o ano das eleições.
Sábado último (17), foi o lançamento do livro do mais novo escritor assuense Pedro Otávio Araújo de Oliveira (13 anos de idade) intitulado "Bodas de Álamo - 90 anos sob a Luz das Vitórias", (Colégio das Freiras, de Assu/RN), imagens abaixo. Para fazer parte daquele livro, a pedido do autor, escrevi as palavras adiante transcritas:
COLÉGIO DAS FREIRAS, UMA LEMBRANÇA
"Como uma estrela fulgente, que no azul do céu luziu, no nosso Assu florescente, este colégio surgiu."
Francisco Amorim
Começava o ano de 1962 eu já era menino peralta, travesso, praticava aventuras próprias da idade. Comecei então a estudar as primeiras letras no Colégio Nossa Senhora das Vitórias, onde permenecí até concluir (me arrastando) o curso primário.
Lembro-me que estudava em uma sala de aula esquina com a capela, de onde guardo boas recordações. Lembranças dos meus colegas que comigo estudavam o ensino básico, bem como das minhas primeiras professoras como Irmã Salvadora, dona Maria José de Medeiros que não era membro da Congregação das Filhas do Amor Divino, porém prestava serviços naquela Instituição Educacional Católica, bem como a simpática Irmã Flávia, dentre outras irmãs que fizeram parte da minha educação e da minha formação escolar.
Naquele tempo, o Colégio das Freiras não era uma escola para todos. Estudar naquele educandário de regime de internato, seme-internato (feminino) e externato, era privilégio de poucos.
No meu tempo de estudante (1962) aquele colégio tinha apenas 289 alunos do sexo feminino e 106 do sexo masculino, conforme registra Francisco Amorim em seu livro intitulado "Colégio Nossa Senhora Das Vitórias - 50 Anos, 1967, e o município do Assu, salvo engano, já tinha uma população de 25 mil habitantes e tinha ares de cidade grande.
Eu tive o privilégio de ter estudado naquela escola de excelência, onde também passei os melhores dias da minha infância prazenteira e feliz.
No Colégio das Freiras, como é habitualmente conhecido, além das letras, ensinava-se bordado, pintura, música. Por sinal, eu fazia parte de uma 'bandinha de música' que se apresentava nas festas beneficentes, folclóricas, realizadas no anfiteatro (palco) e no pátio daquele Colégio, bem como participava das quadrilhas dos festejos de São João Batista, Padroeiro do Assu, organizadas pelas Irmãs.
E quem não se lembra do hasteamento da bandeira? Para minha pessoa, um instante de emoção e patriotismo que eu vivenciava antes de entrar na sala de aula. Eu cantava com entusiasmo:
"Sobre a imensa Nação Brasileira, Nos momentos de festa ou de dor, Paira sempre, Sagrada bandeira, Pavilhão da Justiça e do do amor!"
Entretanto, falar acerca daquele Educandário é relembrar a figura empreendedora, sobretudo humanitária da Irmã Josefina Gallas, então superiora (1954 - 1960 e 1964 - 1966), que tratava todos, especialmente os alunos, com carinho e zelo, com aquele seu coração recheado de amor e bondade. Foi ela, Josefina, que construiu com abnegado esforço, a nova Capela Nossa Senhora Das Vitórias", inaugurada no dia 23 de outubro de 1949.
Fica, portanto, este registro, estas breves e singelas palavras, sobre um pouco da minha passagem naquela Instituição Educacional que, por sinal, é uma escola privada das mais antigas do interior do Rio Grande do Norte e que, sem dúvida, dignifica o Assu e, porque não dizer a terra potiguar.
São João do Assú aclamado como o melhor e maior do estado
Fotos: Endson Esron FanPage: Endson Esron
Na noite desta quinta-feira (18), a Praça de São João Batista, em Assú, ficou pequena para o público de mais de 50 mil pessoas que acompanhou as festividades em comemoração ao padroeiro do município.
Felipe Souza, Adriano Brito e Daniel GallasDa BBC Brasil em São Paulo
Apontado por recentes
pesquisas como o nome mais forte do PSDB para a disputa presidencial em
2018, o prefeito de São Paulo, João Doria, minimiza interesse pela
disputa, e diz que isso é assunto para "janeiro do ano que vem".
Ao
mesmo tempo em que não nega que possa concorrer, responde com
desenvoltura quaisquer perguntas sobre o cenário eleitoral e ataca
alguns de seus possíveis concorrentes na corrida eleitoral.
Em
entrevista exclusiva à BBC Brasil, o prefeito de São Paulo, João Doria,
afirma que o próximo presidente do país deveria ser um "gestor",
adjetivo que constantemente usa para definir a si próprio. Ele ainda
classifica os eleitores do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva,
líder nas pesquisas na corrida presidencial de 2018, como mal informados
ou defensores "das mazelas e do mal feito" e minimiza o crescimento do
atual segundo colocado, o deputado federal Jair Bolsonaro (PSC-RJ).
Questionado
sobre seu apoio à permanência de seu partido no governo do presidente
Michel Temer, prestes a ser denunciado ao STF (Supremo Tribunal
Federal), ele admite se tratar da "velha política" que tanto critica.
"Mas há certos momentos na vida em que você tem que fazer a avaliação
sobre o ruim e o péssimo" - e o péssimo neste caso, garante, seria
"colocar o Brasil numa crise profunda no plano econômico".
E
embora defenda o direito de defesa do senador Aécio Neves, presidente
tucano afastado, suspenso do Senado por denúncias de corrupção, Doria
afirma que seria prudente que o Diretório Nacional da sigla se
posicionasse sobre os pedidos de afastá-lo, "para preservar a imagem do
PSDB".
Leia a seguir os principais trechos da entrevista,
concedida em seu gabinete na Prefeitura de São Paulo no fim no início da
noite de quarta-feira, poucas horas de o prefeito embarcar para Porto
Rico, onde passaria o feriado com a família. BBC Brasil - O
sr. tem dito que não é um político, mas um gestor, um empresário. Na
sua opinião, os países, Estados, cidades não precisam mais de políticos? João Doria - Eu
me considero um gestor, um administrador. Eu não sou um político. Eu
estou na política, não sou da política. Isso não significa que eu
desrespeite os políticos. Até sou filho de um. Meu pai foi deputado
federal e foi cassado pelo golpe militar e exilado em 1964. Direito de imagemAFPImage caption
Obra do artista brasileiro Romero Britto no gabinete do prefeito João Doria
Mas sempre fui um homem do setor privado. E com este
discurso venci a campanha. E pela primeira vez em 28 anos na cidade de
São Paulo um prefeito é eleito no primeiro turno.
E com este
discurso tenho feito a gestão nesses primeiros seis meses. E isso tem
nos dado um índice de aprovação superior a 70% e assim vamos continuar. BBC
Brasil - No Brasil as pessoas estão muito preocupadas com as relações
entre empresários e políticos. Recentemente, nós tivemos uma
interceptação de conversas antiéticas entre um empresário e o presidente
Temer. O sr. e o seu partido se posicionaram a favor do presidente. O
sr. acha que aquela conversa foi ética, que essa é a forma como
políticos deveriam se comportar? Doria - Não foi uma conversa adequada para um presidente da República. Nem na forma, nem no conteúdo, nem no local, nem no horário.
Mas
isto não implica definitivamente num equívoco fatal para o presidente.
Significa um erro ético e moral, mas não é um fato determinante para o
impeachment do presidente. BBC Brasil - O sr. e seu
partido ainda estão em uma coalizão com o partido do presidente. Não
seria correto deixar o governo após uma situação como essa? Doria - Nós
estamos do lado do Brasil. Mais do que tudo, é a proteção ao Brasil, à
governabilidade, o apoio às reformas no Congresso Nacional. Direito de imagemAFPImage caption
Doria diz que saída do PSDB do governo Temer poderia causar "crise profunda no plano econômico"
O desembarque do PSDB do governo neste momento
implicaria em colocar o Brasil numa crise profunda no plano econômico e
no político. Hoje, nós estamos no plano político apenas. Se o PSDB sair,
mergulhamos também no plano econômico.
E tudo o que nós não
precisamos é de mais uma crise econômica, porque isso vai atrasar a
retomada do desenvolvimento, do crescimento, inibir a criação de novos
empregos e mergulhar o país numa crise infindável, cujo resultado é mais
desemprego e mais pobreza. BBC Brasil - Mas não se trata
da velha política que o sr. promete às pessoas mudar, ficar ao lado do
governo com o argumento de defender as reformas, mesmo que o presidente
esteja envolvido em conversas tão sérias sobre propinas e juízes? Doria - É
a velha política. E é ruim. Você tem razão. Mas há certos momentos na
vida em que você tem que fazer a avaliação sobre o ruim e o péssimo.
Entre o ruim e o péssimo, o ruim é melhor que o péssimo. BBC Brasil - O sr. vai se candidatar à Presidência no próximo ano? Doria - Eu
estou correndo, estou agindo para ser um bom prefeito da cidade de São
Paulo. Eu fui eleito para ser prefeito por quatro anos. Não é hora de se
discutir uma eleição presidencial. É hora de ajudar a resolver a crise
brasileira. E cada administrador cumprindo o seu papel. Eu como
prefeito, outros como governadores e assim por diante.
Nós temos que pensar em eleição em janeiro do ano que vem. Aí, quem sabe... BBC
Brasil - Em relação ao seu partido. Há suspeitas de doações ilegais à
campanha do último candidato à Presidência, ele foi afastado
recentemente do Senado. Isso não mancha um pouco seu compromisso com
mudança, já que o sr. ainda é parte desse partido? O sr. apoia Aécio e o
partido? Doria - Ele não foi julgado,
ele foi indiciado. É preciso reconhecer a diferença entre indiciado e
julgado. Enquanto indiciado, o PSDB defende que toda investigação seja
feita em sua plenitude, sem esconder nada e sem inibir nenhuma
investigação. Diferente do PT, que sempre fugiu e procurou evitar a
investigação.
Aécio
deve ter direito a plena defesa e se, eventualmente for culpado, pagar
por isso. Se for inocentado, retomar seu mandato e seguir sua carreira
política. BBC Brasil - O sr. é bem ativo nas redes
sociais. Nos comentários, vimos pessoas cobrando uma posição sua em
relação ao Aécio. Há quem defenda que ele seja expulso do partido. Qual a
sua opinião? Doria - Essa é uma decisão
que cabe ao diretório nacional do PSDB. Eu entendo que o diretório deve
se posicionar a esse respeito, como também entendo que o senador deve
ter direito à plena defesa. Até Lula, mesmo diante de situações tão
claras de falta de ética, tem direito à plena defesa e deve cumprir o
seu rito na conformidade da lei até ser julgado. Direito de imagemDivulgaçãoImage caption
Para Doria, PSDB deve se manifestar sobre
afastamentos e denúncias contra o senador Aécio Neves para preservar
imagem do partido
O mesmo em relação ao senador. Mas entendo que seria
prudente para o PSDB tomar uma decisão e fazer uma manifestação. Isso
não significa desrespeitar a trajetória do senador Aécio Neves, mas
preservar a imagem do PSDB. BBC Brasil - O sr. trabalha em
São Paulo muito próximo do setor privado, recebendo doações e tentando
fazer privatizações. O sr não acha que os brasileiros, após os
escândalos da JBS e Odebrecht, têm desconfiança dessa relação entre o
público e privado? Doria - É diferente.
Eu venho do setor privado, cultivei uma excelente relação com empresas
privadas, brasileiras e internacionais, e tudo o que a gente faz por
aqui tem o objetivo de atender a população. Não tem nenhuma negociação
com objetivo partidário, político, de financiamento de campanha, de
interesses espúrios. Os interesses são da cidade. E claramente colocados
em transparência.
Nós já obtivemos em seis meses de gestão mais
de US$ 220 milhões para a cidade. Dinheiro que foi investido pelas
empresas doadoras em automóveis, motocicletas, uniformes para a Guarda
Civil Metropolitana, material escolar, material de limpeza, construção
de creches, de abrigos para pessoas em situação de rua, computadores,
softwares e outros serviços para a cidade. BBC Brasil - Mas as pessoas podem acreditar que essas empresas estão fazendo isso para o bem delas, sem pedir algo em troca? Doria - Por
que não? As empresas têm espírito de cidadania. Há muitas pessoas que,
por confiar no gestor e reconhecer a dificuldade, oferecem produtos,
serviços e contribuições dentro do seu campo de atuação para minimizar a
aflição e a pobreza.
Isso já ocorria em várias empresas no plano
de organizações não governamentais e iniciativas isoladas. O que eu fiz
foi aglutinar, incorporar essas empresas dentro de um amplo programa de
empresa cidadã, que nós iniciamos já na primeira semana como prefeito da
cidade de São Paulo. E deu certo. Deu tão certo que muitas empresas nos
procuram. Direito de imagemBBC BrasilImage caption
Prefeito João Doria diz que próximo presidente deve ser um 'gestor' e minimiza ascensão de Jair Bolsonaro
BBC Brasil - Quais características gostaria de ver no próximo presidente? Doria - Um
inovador, um gestor. Eu acho que o Brasil também precisa ter um bom
administrador. Evidentemente, tem um sentimento político e uma
capacidade também de aglutinação. Primeiro do voto. Para você se eleger,
você precisa do voto, convencer a população que você é o melhor para o
país.
Depois, precisa ser alguém com um bom diálogo com o
Congresso Nacional e também com as demais forças do país. Você precisa
dialogar bem e respeitar bem o poder Judiciário, as atividades
produtivas, o mercado. É preciso ter uma compreensão ampla do país e ter
como prioridade a gestão da pobreza.
O Brasil não pode continuar
com 14 milhões de desempregados, 7 milhões de subempregados, uma
população expressivamente sob sofrimento, abaixo da linha da miséria,
com dificuldades para saúde, para sua própria alimentação.
O
futuro presidente do Brasil deverá ter uma plataforma muito clara de
soluções para esses problemas e uma boa conduta na gestão econômica do
país. Isso é fundamental. E ter credibilidade. BBC Brasil -
O senhor é atualmente um dos principais críticos do PT, disse
recentemente que o partido é ainda o grande inimigo. Mesmo assim, o Lula
é líder nas pesquisas. Como o senhor avalia essa aceitação dele mesmo
nesse cenário de denúncias? Doria - O PT
é inimigo do Brasil porque produziu a maior recessão econômica da
história brasileira. O maior assalto aos cofres públicos que se teve
notícia no mundo.
Quem durante 13 anos teve o poder e a
possibilidade de encontrar soluções para o país, veio com esse discurso
de proteger, amparar, integrar, colocar o país dentro de um processo
ético, ver seus principais dirigentes indiciados, presos ou com
tornozeleira não é exatamente um partido que pode falar de ética,
tamanho o volume de pessoas implicadas.
Inclusive o ex-presidente
Lula, que tem cinco indiciamentos, responde a cinco processos neste
momento. Então, ele também é um inimigo do Brasil, embora tenha
eleitores e uma base do eleitorado. Ou porque reconhece nele, mesmo
diante das falcatruas, dos erros, das mazelas e das mentiras, um líder, o
que é muito triste. Direito de imagemFelipe Souza/ BBC BrasilImage caption
Prefeito diz que quem vota no PT é mal informado ou quer defender as mazelas do partido
Você reconhecer pessoas que têm bom nível sócio
econômico e podem ler jornais, ler livros, assistir à televisão, ter um
melhor nível de conhecimento e ainda aprovam uma pessoa como essa é
muito triste, mas é a democracia. A democracia tem alegrias e tem
tristezas.
E há também um número expressivo de brasileiros que
não têm acesso à informação, não têm acesso aos jornais, não assistem
aos telejornais e não são influenciáveis por notícias a respeito do que
fez o PT, do que fez o ex-presidente Lula. E são pessoas dependentes de
programas sociais que foram iniciados na gestão Lula e continuam neste
governo. BBC Brasil - Só vota no PT quem é mal informado, prefeito? Doria - Ou quem tem a intenção de defender as mazelas e defender o mal feito. Eu não vejo nenhuma razão para alguém votar no PT.
Qual é a prioridade, qual é a história louvável do PT que você ensinaria ao seu filho? Provavelmente, nenhuma. BBC
Brasil - Há quem aponte um contrassenso entre ser inimigo do PT e fazer
alianças com o PMDB, que esteve com o PT durante todos esses anos e tem
Michel Temer à beira de ser denunciado no STF. Doria - A
aliança não é com o governo Temer. É com o Brasil. Eu fiz essa defesa e
fiz exatamente esse discurso. Duas vezes, aliás. Aqui em São Paulo, na
reunião com o diretório do PSDB, que era uma reunião claramente
favorável ao desembarque, eu defendia a permanência com esse mesmo
discurso.
Nós
temos que proteger o Brasil e os brasileiros. Não se trata de fazer a
defesa do governo Temer ou do presidente Temer, mas sim da estabilidade
política para permitir alguma estabilidade econômica para a retomada do
crescimento e também para proteger as reformas que estão em discussão no
Congresso Nacional neste momento.
É preciso, neste caso, ter
pragmatismo. Não é a defesa incondicional do presidente Temer nem a
defesa incondicional do seu governo. É a defesa do país, do Brasil e da
sua governabilidade. E ter a certeza e a convicção de que teremos as
eleições realizadas no seu prazo determinado constitucionalmente, que é
em outubro de 2018.
Até lá, não havendo nenhum fato novo e grave
diante das circunstâncias políticas, ao meu ver, cabe ao PSDB sim, como
aliás já foi decidido, garantir essa governabilidade. Mas isso não é um
cheque assinado, avalizado, até dezembro de 2018. Essa situação pode ser
revista, se houver algum fato grave pela frente. BBC Brasil - Como o senhor vê a ascensão do deputado Jair Bolsonaro? Doria - Com
normalidade. Ele tem um discurso mais à direita, que contagia um
universo de eleitores, faz parte do processo democrático. É um candidato
assumido, faz campanha há um ano pelo Brasil e isso vai sensibilizando
uma parcela dos leitores. Mas não creio que seja uma sensibilização
definitiva.
Eu já vi várias vezes histórias de candidatos, e com
isso não estou desrespeitando a história, nem a trajetória e nem o valor
do deputado. Eu já vi outros candidatos saírem à frente em campanhas e
nem sequer irem para o segundo turno. E em São Paulo.
Aqui
mesmo temos um exemplo disso. Um candidato que começou a campanha com
38%, era tido como vitorioso ou, na pior das hipóteses, como já no
segundo. Estavam discutindo a segunda vaga para o segundo turno, se é
que poderia haver um segundo turno.
E esse candidato (o deputado
Celso Russomanno, do PRB) não foi nem para o segundo turno e nem ganhou a
eleição. Eu tinha 2% e venci a eleição no primeiro turno. BBC Brasil - Muita gente aponta a ação na cracolândia como o ponto baixo de sua gestão até agora. Como avalia? Doria - Muito pelo contrário. Eu entendo que é um ponto corajoso da minha gestão. O fácil era não fazer nada, isso era o mais fácil.
Já
sabia que o tema era polêmico. Quatro ex-prefeitos tentaram e não
conseguiram e desistiram de fazer o enfrentamento tamanhas objeções que
receberam. Eu já sabia disso. E nem por isso eu deixei de fazer o
enfrentamento. Eu considero o contrário. Eu considero um ponto de
coragem e de determinação. Continuamos a fazer o necessário e vamos
prosseguir. Não há recuo. Direito de imagemEPAImage caption
Doia diz que ação na cracolândia é um "ponto corajoso" de sua gestão
Já vencemos ao longo desses últimos dois meses
vários pontos importantes. A cracolândia fisicamente onde estava, no
quarteirão da rua Helvétia com a Dino Bueno, acabou e não volta mais.
Enquanto eu for prefeito de São Paulo, eu posso assegurar que ali não
volta mais.
E ali nós tínhamos vários bunkers de uma facção
criminosa de São Paulo, o PCC (Primeiro Comando da Capital), que hoje se
espalha infelizmente por todo o Brasil, e ali tinha depósito de armas,
refinamento de cocaína, cofres com entorpecentes de toda a espécie. Além
da própria cocaína, ecstasy, heroína, maconha, além do próprio crack. E
isso acabou.
Não há mais a ocupação ali. Você não tem mais aquele
shopping center de drogas ao ar livre, que era uma vergonha cada vez
que se via a imagem daquilo, com a comercialização aberta para quem
desejasse comprar e abastecendo a cidade inteira de drogas. Isso acabou. BBC Brasil - Mas e a cracolândia que se formou na praça Princesa Isabel, prefeito? Doria - Uma
coisa é acabar fisicamente com o espaço da cracolândia. Outra coisa é o
enfrentamento de uma questão longa e difícil que são os usuários.
Infelizmente, nós temos mais de 4 mil usuários do crack residindo nas
ruas, dependendo desse consumo, e lamentavelmente manuseados por esses
traficantes pertencentes a essa facção criminosa.
Isso foi exigido
e nós estamos fazendo. Todo dia há abordagens. Já fizemos mais de 130
internações de pessoas que aceitaram ser internadas e, na minha visão,
aceitaram ser salvas porque o crack mata.
Nós vamos continuar esse
programa. Não é um programa com base ideológica nem partidária. Por
isso mesmo, nós estamos convencidos de que ele vai produzir ao longo do
tempo o resultado necessário. BBC Brasil - A prefeitura
entrou com uma ação para poder internar compulsoriamente os usuários da
região em casos extremos. O secretário estadual da Saúde, David Uip,
questionou a decisão. Doria - A
prefeitura não propõe a internação em conjunto. A prefeitura propõe que
haja a possibilidade da internação compulsória individual. Ela não
propõe aglutinar pessoas, colocar dentro de um ônibus ou caminhão, ou
confinar dentro de um prédio, uma casa, uma sala, amarrar essas pessoas
com camisa de força e obrigá-las a ter tratamento. É a abordagem
individual. Isso muda muito.
Houve aí, não é o caso da BBC, mas
um mal tratamento da notícia por parte dos jornalistas que,
desinformados ou deliberados, colocaram a notícia como se fosse o
objetivo coletivo. Não era coletivo e não é. E, portanto, não há nenhuma
dicotomia entre a ação do governo do Estado e da prefeitura. Direito de imagemCesar Ogata/ SecomNós seguimos juntos o programa Redenção. Aliás, hoje
mesmo (quarta-feira) tivemos uma reunião aqui na prefeitura tratando
exatamente desse assunto com os secretários de Saúde do Estado e do
município e os responsáveis na área psiquiátrica. BBC
Brasil - A ex-secretária de Direitos Humanos Patrícia Bezerra, ao pedir
demissão, deu uma entrevista à Folha de S.Paulo tecendo vários elogios,
mas dizendo que o senhor tem um senso de urgência que é equivocado, como
não entender que o trabalho na cracolândia exige um certo tempo. Como
avalia essa crítica? Doria - Gosto da Patrícia e a considero uma boa pessoa e uma boa vereadora. Foi uma boa secretária enquanto esteve aqui conosco.
Mas
tenho um pensamento distinto em relação à velocidade e ao senso de
urgência. É o que me difere dos políticos. Os políticos gostam muito de
dar tempo ao tempo. Eu, como gestor e administrador, prefiro administrar
o tempo. É diferente.
Ela lutava contra um câncer há dois anos. O velório acontece na Catedral Metropolitana de Natal a partir das 9h.
Por G1 RN
Wilma de Faria morreu na noite de quinta (15) (Foto: Elpídio Junior/CMN)
A ex-governadora do Rio Grande do Norte Wilma de Faria morreu, aos 72 anos, em Natal na noite desta quinta (15). Wilma de Faria cumpria mandato de vereadora da capital potiguar na atual legislatura, mas estava afastada das funções desde o dia 18 de abril para tratamento de um câncer.
Wilma vinha convivendo com câncer no sistema digestivo há mais de dois anos, quando passou por tratamentos quimioterápicos e algumas cirurgias em São Paulo e Natal. Estava desde o dia 3 de junho na Casa de Saúde São Lucas, onde permaneceu até agora quando veio a óbito por falência múltipla de órgãos.
O velório acontece a partir das 9h na Catedral Metropolitana de Natal. O sepultamento será no Morada da Paz, em Emaus, às 20h.
Trajetória política
Wilma de Faria era professora e começou a carreira na política em 1986 quando foi eleita deputada federal. Em 1988,foi eleita prefeita de Natal. Voltou a ser eleita prefeita da capital em 1996 e reeleita em 2000.
Em abril de 2002, Wilma renunciou à prefeitura para disputar o governo do estado e foi eleita, se tornando a primeira mulher a comandar o governo do Rio Grande do Norte. Ela foi reeleita governadora em 2006.
Wilma ainda se candidatou ao senado em 2010, mas não venceu. Em 2012 saiu candidata a vice-prefeita na chapa de Carlos Eduardo. A chapa foi eleita e ela cumpriu o mandato.
Em 2014, voltou a tentar uma vaga no senado, mas foi derrotada por Fátima Bezerra. Em 2016, ela deixou o PSB, assumiu a presidência do PTdoB e se candidatou a vereadora de Natal.