Qual o anel do poeta,
si o poeta fosse doutoro?
- uma saudade brilhando
na cravação de uma dor
Si Deus não fizesse a dor
a sua filha dileta,
Deus não seria um artista
Deus não seria poeta.
Catulo Da Paixão Cearense, Poeta maranhense
Eu disse: "Eu morro..." - "Espero, ela me disse
quando a sorte cruel nos separou...
Parti... Voltei, anos depois. Alice
mostrou-me seu marido. Que tolice!
Nem eu morri, nem ela me esperou...
Faleceu terça-feira passada, dia 21, Marlindo Pompeu. Ex-vereador,
político em disponibilidade, agitador social, era o meu intérprete,
ungido e jungido das causas populares. Conheci-o em Macaíba, lá pelos
idos de 1950, quando estudava no bravo Colégio Agrícola de Jundiaí.
Pompília já se revelava inquieto, mobilizador e encantador de serpentes.
Era amigo do sábio e matemático Damião Pita, também estudante e
professor das escolas de primeiro e segundo graus da rede municipal. Na
campanha popular para governador em 1960, o velho Pompa ocupou a linha
de frente do exército de Dejinha (Djalma Marinho) e transformou-se no
próprio tumulto tanto para os adversários como para as suas próprias
hostes.
Encontrava-o aqui e acolá sempre com pressa, passando com
ruído, soltando frases soltas e estribilos guerreiros sobre lutas e
batalhas iminentes. Jamais foi achado em silêncio. Ninguém era melhor
que ele para bastante procurador de causas possíveis e impossíveis. Daí,
nomeava-o, com toda pompa e circunstância, o meu, o nosso advogado. Sem
mandato popular, sabia melhor que os outros, os caminhos das pedras,
das residências oficiais, porque era sombra e luz, voz e ouvido do
clamor das ruas.
A sua marca registrada sempre foi a fidelidade
irrepreensível ao líder e ao ideal. Sobre esse ângulo poderia registrar
dezenas de atitudes do seu quilate. Continuou sendo o homem de um
partido só, sem esmorecer, sem tergiversar, sem recuar. Em Natal, viveu
sua fase de líder popular nas comunidades, defendendo-a na Câmara
Municipal e fora dela. Para ele não importava ter o mandato para
socorrer o povo e requerer a solução dos problemas. Ele sempre o fez
porque se tornou conhecido e festejado por todos como um homem simples,
pobre, honesto e prestativo.
Conviveu com governadores,
senadores, deputados, mas nunca amealhou vantagens pessoais, pois
somente lhe interessa servir. Carregava uma pasta cheia de papeis. Nela
nada tinha de si e sobre si. Apenas, papeladas de pedidos dos outros,
reivindicações comunitárias, receitas, recibos inadimplentes de IPTU,
água e luz. Foi o carteiro do povo; o jornaleiro do líder que defende; o
pastorador de auroras das ruas e avenidas de Natal só para anunciar as
alvíssaras, as boas novas do partido e do próximo.
Sempre foi o
estafeta legítimo de pleitos, porta-voz dos esquecidos e condutor dos
novos rumos e prumos de Natal. Daí sempre confiei nele para pugnar,
reivindicar, exigir, porque possuía o senso comum das coisas simples e
honestas.
Mas, o velho Pompeu estava cansado. E chegou a hora
dele. O momento de todos assumirem o mandato que ele exerceu por nós: o
exercício da solidariedade humana por Natal e pelos seus habitantes. Ao
prestar-lhe este tributo, eu o faço com emoção pelo muito que ele fez e
pelo tão pouco que recebeu. Soou a hora de reparar esse esquecimento.
(*) Escritor.
quinta-feira, 23 de abril de 2020
Tô doidim pra voltar pro meu ranchinho Onde eu tenho mais paz, tenho saúde Tomar banho nas águas do açude E um café com batata, bem quetinho Acordar com o cantar de um passarinho Não com ronco de trem e caminhão Nesse meio num me acostumo não Deixem eu ir, pra minha felicidade Se eu passar mais um dia na cidade Vou morrer de saudade do sertão
Mote do poeta Zé de França Estrofe do poeta Fabio Gomes
Eu queria não querer tanto assim Eu queria um passado bem presente Ser igual mesmo sendo diferente Ter o bom mesmo a coisa estando ruim Eu queria um começo sem ter fim E um fim muito longe do final Uma ideia que fosse ideal Ter um sim ao invés de um triste não Quero sim, abraçar o meu irmão Num abraço sincero e fraternal
Em
alinhamento com as determinações da Agência Nacional de Energia
Elétrica (Aneel) para o enfrentamento da pandemia do coronavírus
(Covid-19), a Neoenergia ampliou
a disponibilidade de canais digitais e suspendeu o corte de energia
para os mais de 14 milhões de clientes residenciais em todas as áreas de
concessão de suas distribuidoras. A medida atende à determinação da
Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) e abrange os estados da
Bahia (Coelba), Pernambuco (Celpe), Rio Grande do Norte (Cosern), interior de São Paulo e cinco municípios do Mato Grosso do Sul ( Elektro).
A atividade de corte será suspensa por 90 dias, conforme Resolução
Normativa do órgão regulador, deliberada pela Diretoria da Aneel, nesta
terça-feira (24).
Apesar
da suspensão excepcional do corte, a Aneel solicitou que os clientes
que tiverem condições de pagar as contas honrem seus compromissos e,
assim, evitem a incidência de encargos. A recomendação da agência
reguladora reforça a importância do setor elétrico para a economia e
para a arrecadação de recursos para os Estados, que utilizam a verba
para implementar políticas públicas e, neste momento, para combater ao
coronavírus. A fatura de energia muitas vezes funciona como meio de
arrecadação para hospitais e instituições beneficentes, que dependem
desse recurso para continuar promovendo atendimentos.
Por
prestar um serviço essencial à população, as distribuidoras manterão
equipes de prontidão trabalhando initerruptamente para assegurar o
regular fornecimento de energia aos clientes. Nesse sentido, todo o
esforço da Neoenergia e de suas distribuidoras será com a finalidade de
permitir o funcionamento, sobretudo, de hospitais, unidades de saúde,
instituições públicas e privadas, além de contribuir com o conforto e o
bem-estar de milhares de famílias.
Em
função da emergência de saúde pública, a Aneel definiu que as
distribuidoras devem evitar a realização de serviços presenciais. Sendo
assim, o envio de faturas de energia poderá ser efetuado por meios
eletrônicos, como e-mails ou disponibilização de códigos de barras por
aplicativos. A empresa orienta seus clientes que cadastrem ou atualizem
seus endereços eletrônicos e solicitem a modalidade de fatura por
e-mail, em substituição à entrega presencial das contas impressas.
Como
medida preventiva e alinhada com as orientações do Ministério da Saúde e
da Aneel para combater o avanço do coronavírus, a Neoenergia já havia
determinado o fechamento das lojas de atendimento e instituiu medidas de
isolamento social. Para suprir a demanda dos clientes, a empresa
viabilizou diversas opções de canais digitais para solicitar serviços
comerciais e emergenciais, disponíveis 24 horas por dia, com a mesma
qualidade e rapidez. As distribuidoras também foram autorizadas pela
Aneel a realizar leituras de consumo por média aritmética para evitar a
exposição de leituristas e clientes ao vírus. Outra opção defendida pelo
regulador é a realização da leitura e envio para a empresa pelo próprio
consumidor, prática já adotada por alguns. Todas essas medidas têm a
finalidade de contribuir com o isolamento social e inibir a proliferação
do coronavírus.
Gelza Tavares (Caldas, por casamento com Edmilson Lins
Caldas) é a mãe do organizador deste blog. Se encontra hoje, num leito hospitalar, aos 94 anos de idade,
lutando contra a morte. Na vida, ela passou por momentos felizes e
muitas vezes dramáticos: Aos 20 anos de idade perdera na morte seus pais
num desastre aviatório ocorrido no rio do Sal, em Aracaju-SE, em 1951;
um filho atropelado em 1968; um irmão assassinado, em 1999; nove irmãos,
alguns deles, ajudados por ela, com carinho e zelo como
se fosse a mãe de todos eles que se foram de morte natural, sem falar
dos amigos e amigas que foram tantos, além do seu querido marido que
partiu há pouco mais de dois anos para vida celeste. Afinal, ela está na
mão de Deus, o Rei das preces e do mundo. Não quero, portanto, o seu
sofrimento! Se ela já cumpriu a sua missão na terra, que se vá para que
não sofra tanto!
(A
fotografia abaixo, ou fora tirada na Escola Doméstica de Nata, onde ela
estudou, quando aquela escola funcionava no bairro Ribeira, quase
vizinho ao Teatro então Carlos Gomes, hoje Teatro Alberto Maranhão, ou
fora tirada na Praça Pedro Velho, ou mesmo na Praça André de
Albuquerque, centro da capital potiguar). Data da fotografia: 19 de maio
de 1949.
Esta tarde meus olhos estão cansados de te esperar E de te desejar na tranquila paisagem do porto, Onde os barcos balançam mansamente sob o crepúsculo. Esta tarde eu te ouço no murmúrio das águas, no voo Da gaivota, quando desfalece em mim a visão da retirada ilha. Esta tarde meu coração adormece docemente em tuas mãos E penso no silêncio das estrelas e dos teus olhos.
Angelina Macedo, poetisa do Assu, ainda é pouco lembrada na terra em
que nascera. De tradicional família originária da cidade
do Porto, Portugal. De temperamento sentimental, casou-se em 1896 e,
pouco tempo depois, fora abandonada pelo marido.
O antologista Ezequiel Fonseca Filho depõe que o lirismo de
Angelina também está marcado pela melancolia, pela religiosidade e por
acentuados elementos românticos e simbolistas. Angelina,
não encontrando a realização dos seus sonhos de adolescente como afirma Ezequiel, escreveu
na sua desilusão o soneto que, penso eu, parece com a forma de poetizar
de Florbela Spanca (uma das maiores vozes da poesia lusitana do século
XX). Senão vejamos:
Sonhei que era feliz e que era amada,
Que ao lado de meus pais tranquilamente,
Passava minha vida sorridente,
Sem nunca pela dor ser perturbada.
Nessa doce ilusão, sendo embalada,
Áureos castelos levantei na mente
E por linda visão aurifulgente,
Era ao céu de fantasia arrebatada.
Porém ao despertar do grato sonho,
Ao ver o meu presente tão tristonho,
Tão negro como fora o meu passado.
Quisera viver sempre adormecida,
Do mundo e de todos esquecida,
Ou ao menos, meu Deus, não ter sonhado!
Solitária, Angelina fora acometida por uma doença incurável, sentindo a morte chegar, escreveu o soneto intitulado
'Resignação', que vejamos adiante:
Bendita seja a mão, que o golpe envia
Sobre a minha cabeça tão cansada;
Que me adverte ao fim desta jornada, e um dia
Na floresta da vida, erma e sombria.
Àqueles que disseram: Volto ao Nada,
A que triste, viveu somente um dia,
Eu direi: Enganai-vos! A alegria
Espera-me no Além, na Pátria amada.
Não criminem a morte, que me leva
Ao ver estrela que no azul cintila...
A luz, que vem do céu, não chamem treva!
Pouco a pouco, a matéria se aniquila,
Mas a alma imortal aos céus se eleva...
Que venha, pois, a morte - estou tranquila.
(Fonte: Poetas e Boêmios do Assu, 1984, de Ezequiel Fonseca Filho)
És uma flor sertaneja
De aparência delicada
Teu sorriso tem beleza
Pelo jardim é invejada
Um capricho da natureza Puro, feito o orvalho Que perfuma o sereno Colorindo-me, em retalho.
Nossa língua tem versatilidade
Pode ser a melhor ou pior parte
Fazer alguém te amar ou odiar-te
Pode fazer o bem ou a maldade
Contar uma mentira ou verdade Ser um tanto sincera ou negar A palavra pode acariciar Ou ferir qual punhal dentro do peito O efeito da fala tem efeito No que pode agredir ou agradar.
A CRIANÇA É A ESPERANÇA NO FUTURO A inocência do olhar de uma criança Se desfaz com a ganância de um adulto, Pra criança existe o bastante, nunca pouco ou muito O que seria do mundo sem crianças?
A pureza do abraço de uma criança Se desfaz com a individualidade de um adulto, Transformando a vida num completo absurdo, Vivemos num mundo que perdemos a confiança.
A sinceridade de uma criança Se desfaz com o mau-caratismo de um adulto, Devastando o amor no mundo.
Que os adultos sejam como as crianças E nunca percam as esperanças De que possamos ser adultos com a pureza de uma criança.
Aquele primeiro semestre de 1929 estava
sendo bastante interessante para o Rio Grande do Norte e Natal. Logo no
dia 1º de janeiro, na pequena cidade de Lajes, Alzira Soriano era
empossada como a primeira prefeita da América do Sul. Já em Natal, então
com pouco mais de 40.000 habitantes, rugiam no céu várias aeronaves
estrangeiras que utilizavam o nosso privilegiado ponto estratégico para
facilitar o transporte de correspondências entre a Europa e a América do
Sul. A capital potiguar era um local importante, em um concorrido e
pulsante mercado que elevava em várias partes do mundo o nome da velha
Cidade dos Reis.
Aquele também seria um ano especial para
um advogado de 30 anos de idade, que se formara no ano anterior em
Recife, era o diretor do prestigiado Atheneu Norte-Rio-Grandense e se
chamava Luís da Câmara Cascudo. Pois às 16 horas de um domingo, 21 de
abril de 1929, ele se casaria com a jovem Dhália Freire em um elegante e
tradicional casarão da Avenida Junqueira Aires.
Aquela era a casa do desembargador José
Teotônio Freire, pai da noiva, que vinte anos antes havia sido eleito
presidente do Tribunal de Justiça do Rio Grande do Norte e até 1921
permaneceu nesse cargo.
Já o pai do noivo, Francisco Justino de
Oliveira Cascudo, era um homem muito respeitado na cidade e conhecido
por todos como Coronel Cascudo. Havia saído do sertão, da cidade de
Campo Grande, para ser oficial da Polícia Militar e, na véspera do natal
de 1894, na cidade de São Miguel, participou do renhido combate que
matou o cangaceiro Moita Braba e destruiu o seu bando. Com isso
Francisco Cascudo conquistou muito prestígio no Rio Grande do Norte.
Fosse pela valentia ou pelo prestígio, de forma inteligente o jovem
oficial angariou muitas amizades na sociedade natalense e a atenção da
classe política. Logo deixou a farda e, apoiado por uma rede de amigos e
por uma invejável capacidade comercial, montou vários negócios que lhe
garantiram naquele momento tranquilidade financeira para sua família.
No casarão da Junqueira Aires a cerimônia
civil foi presidida pelo juiz de direito Silvério Soares, titular da 1ª
vara de justiça de Natal, sendo o então governador Juvenal Lamartine de
Faria e sua esposa os padrinhos do noivo. Já o desembargador Dionísio
Filgueira e sua esposa eram os padrinhos de Dhália Freire. Cerca de uma
hora depois, com os noivos, familiares e padrinhos formando um “corso de
veículos”, foram todos para a capela do hoje extinto Colégio Imaculada
Conceição, na Avenida Deodoro.
Ali a cerimônia religiosa foi presidida
pelo Monsenhor Alfredo Pegado de Castro Cortez, junto com monsenhores
Alves Landim e João da Mata. Foi padrinho do jovem Cascudo, a quem todos
chamavam Cascudinho, o casal Milton Varela. Já os padrinhos da noiva
foi o casal José Lagreca. Ao final do ato religioso todos retornaram
para a casa da Junqueira Aires, onde Teotônio Freire recebeu os
convidados com uma farta mesa de doces e licores.
Tudo se encerrou por volta das nove da
noite. Eram outros tempos. Não houve como acontece nos casamentos da
elite em nossos dias, um suntuoso jantar, com uma banda de música
tocando até altas horas da noite e uma superprodução. O principal era o
contato entre os amigos e os votos de felicidades para o casal.
Para mim a melhor e mais marcante
característica de Câmara Cascudo era ele poder ver muito além do que a
maioria dos membros de sua classe social, que viviam em uma cidade
bastante provinciana, observavam sobre determinados aspectos das pessoas
e das características do lugar onde viviam. Creio que, além disso,
podemos colocar na conta do seu sucesso uma convivência de 57 anos com
uma mulher que sempre o apoiou no desenvolvimento de sua carreia como
pesquisador e escritor.
FONTES – JORNAL A REPÚBLICA, EDIÇÕES DE 21NE 24 DE ABRIL DE 1929, NA COLUNA DE “DANILO”, PÁGINA 3 DAS DUAS EDIÇÕES.
Vivemos
tempos de incertezas e inseguranças, uma crise na saúde, estado de
calamidade, pandemia. Tudo o que vivenciamos nos últimos dias têm gerado
diversos impactos no âmbito judiciário, inclusive na seara do Direito
das Famílias.
Em tempos em que a regra é o isolamento social
como fica o contato e o exercício do direito de convivência dos pais com
seus filhos em meio à quarentena?
Muitas dúvidas têm surgido
acerca desse tema, mas o certo é que a tomada de decisões nesse momento
deve prezar pelo bem estar e melhor interesse do menor envolvido, como
ditam o Estatuto da Criança e do Adolescente e a Constituição Federal.
Dessa
forma, em situações em que um dos genitores chegou de viagem ao
exterior, tem suspeita da doença, teve contato com pessoas infectadas,
ou até mesmo representa o grupo de risco, é aconselhado que o contato
físico seja evitado, devendo ocorrer com auxílio da tecnologia, via
ligações de vídeo, áudios e demais recursos.
Assim, é óbvio que
algumas condições estabelecidas anteriormente no regime de guarda, seja
unilateral ou compartilhado, poderão sofrer alterações, não sendo
exigível o seu cumprimento integral.
Contudo, tais mudanças não
podem ser realizadas de forma unilateral, por um dos genitores, haja
vista que tais circunstâncias foram estabelecidas em um acordo
extrajudicial ou por decisão judicial.
Logo, o melhor caminho no
momento, observando-se o regime de exceção que vivenciamos, bem como o
bem estar físico, mental e emocional do menor, é que os pais deixem as
desarmonias de lado e, juntos, pensem em uma solução para adequação do
direito de visita, sendo o modo mais indicado por vias tecnológicas,
resguardando tanto a saúde do filho quanto de seus genitores.
Todavia,
caso os pais não consigam manter um contato saudável, e utilizarem do
bom senso, para chegarem à melhor conclusão a fim de atenderem a
proteção integral da criança ou do adolescente, é possível que um dos
genitores faça um requerimento judicial para que o juiz module os
efeitos da guarda e do direito de visita durante o período de
quarentena, a ser analisado em regime de urgência, podendo obrigar, por
exemplo, o exercício do direito de visita virtual. Para tanto, é
necessário a representação por um (a) advogado (a).
Vale
lembrar, contudo, que o cenário de pandemia não deve ser utilizado como
desculpa, como subterfúgio, para o afastamento proposital da criança ou
adolescente de um dos genitores. A restrição do direito de visita deve
ser fundamentada e justificada, visando sempre o melhor interesse do
menor envolvido.
Ou seja, os pais não devem se utilizar do
momento de crise para afastar injustificadamente os filhos do outro
genitor, tais atitudes prejudicam o menor, que não pode ser utilizado
como instrumento de vingança em razão de desafetos existentes entre
esses pais.
Esse comportamento reiterado e arbitrário pode
configurar alienação parental, sujeitando o genitor que impede o contato
a medidas de restrição do convívio, pagamento de multas, alteração ou
inversão da guarda e pode levar à suspensão do poder familiar do genitor alienante.
Da
mesma forma, não pode um dos genitores utilizar-se da atual conjuntura
para esquivar-se da sua obrigação em relação ao convívio com o filho.
Por
isso, caso o genitor em questão se encaixe em alguma situação passível
de expor o menor ao risco, como por exemplo a mãe ou o pai são
profissionais da saúde em contato direto com infectados pelo vírus, deve
se resguardar, exercendo o convívio com a criança/adolescente por meios
tecnológicos, e esclarecendo a situação junto ao outro genitor,
evitando uma possível acusação futura de abandono afetivo. Por
isso é importante manter a calma neste momento e, se for impossível um
contato saudável entre os genitores, procure um (a) advogado (a) para
tentativa de acordo extrajudicial e, sendo impraticável, para que acione
as vias judiciais.
O mais importante é visar à proteção
integral do menor, de forma a não lhe restringir por completo o convívio
com o outro genitor, a fim de não prejudicá-los, proporcionando um
crescimento sadio e rodeado do amor e cuidado parental.