Manoel Rodrigues de Melo (1907-1996), nasceu na fazenda Queimado, na várzea do Assu. Era membro da Academia Norte-riograndense de Letras (chegando a construir a sede própria daquela academia, onde foi seu presidente), da Academia de Trovas e do Instituto Histórico e Geográfico do Rio Grande do Norte. Viveu a sua infância na área rural daquela região varzeana. Viu de perto com os seus olhos a seca e a enxurrada que ainda atormenta aquela região. Estudou apenas o curso primário que inciou em Macau e terminou em Currais Novos (RN), onde em 1926, fundou e redigiu o jornal estudantil intitulado O Porvir.
Rodrigues de Melo estreou nas letras potiguares publicando o livro sob o título "Várzea do Açu", 1940. O poeta, o jornalista e escritor, "o cronista da várzea do Açu" como ficou conhecido Manoel Rodrigues de Melo (quatro anos após a publicação do seu primeiro livro), publicou ainda o volume intitulado "Patriarcas e Carreiros", 1944, 54 e 85 (primeira, segunda e terceira edição, respectivamente), que na observação de Claudio Galvão, o escritor Manoel Rodrigues naquela edição "refletem as lembranças de sua infância distante, a evocação dos lentos carros-de-boi sulcando vagarosamente as oras secas, ora enlameadas estradas do seu rincão, e a monótona melodia do áspero rangido de suas rodas roçando os eixos de madeira E vai mais adiante Galvão ao dizer que Manoel Rodrigues é um profundo conhecedor da sociologia rural, dos usos e costumes e, principalmente, dos homens que fizeram a vida dos rincões distantes do Estado". Manoel Rodrigues escreveu ainda "Cavalo de Pau", 1953, "Chico Caboclo e Outros Poemas", 1957, além de "Terras de Comundá", 1972 (romance), "Dicionário da Imprensa No Rio Grande do Norte", 1987 e "Memória do Livro Potiguar" (uma biografia de autores potiguares, publicado em 1994 pela Editora Universitária.
Sobre a sua terra natal, o poeta escreveu:
Pendências
Sob o formoso céu que te cobre e ilumina,
Vives como a cantar uma canção serena...
Desde os bosques ao jardim, do roçado á campina,
Deixas sempre exalar um cheiro que envenena!...
Minha Terra! Meu ninho azul, onde a bonina,
Aberta ao rubro sol da tarde, incita pena...
Tenho n'alma e terei mirrada e bem franzina
Uma saudade atroz que maltrata e condena!
Minha terra! Meu berço amado eu te amo tanto,
Que se um dia o estilete agro da Dor vier
Matar-me, servirás de meu repouso Santo.
És o templo bendito, onde aprendi primeiro,
Entre o aroma sutil do brando malmequer
A divina canção dolente do vaqueiro!