Por Valério Mesquita, escritor
01) A longa estiagem castigava o Nordeste, lá pelos anos cinquenta. O então deputado Aluízio Alves teve a idéia de mandar preparar em sua cidade natal, um cuscuz de xique-xique, pesando mais ou menos um quilo. Esse era o alimento dos angicanos, como também dos nordestinos castigados duramente pela seca. De posse do cuscuz, Aluízio rumou para o Rio de Janeiro, e, lá no Instituto Bromatológico, a peça foi analisada para se averiguar o teor da vitamínico. A surpresa foi grande. Encontraram na peça alimentar, apenas 0,5 c.c. de H20. Aluízio, dias depois, fez um teco-teco sobrevoar algumas cidades, soltando boletins, mostrando a realidade e em que situaçãoo se digladiavam o povo e o governo. O ferrenho adversário de A.A., Zé Doido, pegando um dos boletins, comentou: "Olha o tamanho do papel que Aluízio manda pra nós... Não dá nem pra limpar o fió-fó..." E completando: "Ele tá certo. O que se come é relativo ao que se...".
02) Um exemplo típico de atrfiamento e escárnio do idioma pátrio aconteceu com o vereador Sadoque Xavante, ao convidar o colega Expedito Bolão para comemorarem juntos as festas de fim de ano, lá pelos idos sessenta. Aproveitando a deixa, o irreverente Expedito sugere o insólito: "A entrada do "anus" a gente festeja lá em casa. Já a festa do "Rei", vai ser na sua, mas deixe que eu mando brasa. Você é meu amigo, e, eu vou com jeito...". Coisas da jurisprudencial irreverência expeditiana.
03) Natal vivia a época da guerra. Os cabarés estavam sempre em alvoroço com a presença marcante de marinheiros - tipo de pessoas com as quais o saudoso Luiz Tavares não simpatizava. Final de tarde, no bairro da Ribeira, o lupanar estava repleto. Luiz, frequentador assíduo, encostou-se no umbral de uma das portas e ficou olhando a farra. Observou um gatinho todo trêmulo de fome comendo as migalhas que caiam da mesa. Depois, o bichano encostou-se na botina de um dos marujos. O militar sentindo-se incomodado, pisou propositadamente na calda, desfechando-lhe um chuite. Após algum tempo, a cena se repetiu. Tudo isso observado por Luiz, que, revoltado com a agressão ao animal decidiu reagior. Pegou o gatinho, acariciou-o e partiu para os marinheiros, colocando-o no centro da mesa. Bateu no ombro do agressor e ameaçou com aquele vozeirão: "Eu digo que você e esse navio é cheio de bons marinheiros se você chutar esse gatinho novamente". Vendo que a barra era pesada o marujo afroxou, diante de Tavares com aquela insustentável leveza de ser.
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