sexta-feira, 7 de janeiro de 2011

Memória prodígio, Bibia ainda lembra deste poema mais de 60 anos depois. Foi distribuindo esse bilhete-poema, que a professora Sinhazinha Wanderley [Maria Carolina Caldas Wanderley - Nasceu em 30 de janeiro de 1876, em Assu (RN), e faleceu em 20 de setembro de 1954 nesta mesma cidade.] pedia um empréstimo aos amigos;


I
Pelo Cristo, pela Virgem,
Senhora da Conceição,
Me acuda nesta agonia,
Me valha nesta aflição,
Em que na bolsa não tenho
O valor de um só tostão.

II
Falta-me em casa farinha,
açúcar, pão e café,
Nesta cruenta agonia
Me valho de São José,
Santo por todos bendito
No qual tenho muita fé.

III
Você é pobre e bondosa
lhe peço de coração,
pelas mercês que recebes
na mesa da comunhão,
que clemente e compassiva
para mim estenda a mão.

IV
Tenho pena de quem sofre
Medonhas crises cruéis,
É minha alma sofredora
Que vem cair aos teus pés,
Maria por caridade
Me empreste 10mil réis.

V
São poucos dias que marco
Para vir aqui pagar
Porque os meus vencimentos
Estão prestes à chegar,
E eu irei com presteza
À você reembolsar.

VI
Rogo à Santa Terezinha,
Santa das mais milagrosas,
Que sobre você desfolhe
A minha chuva de rosas,
E lhe dê por toda a vida
Sorte das mais venturosas.



®http://asmeninas-assu.blogspot.com
A tapuia
(anônimo popular)

- Formosa tapuia
que fazes perdida
nas matas sombrias
de agreste sertão?
As matas são frias,
tão frias e tristes,
não temes tão moça
morrer de sezão?
- Não quero carinhos,
nas matas nasci,
se delas não gostas
não fiques aqui.
- Bem sabes que as matas
são próprias pra feras
te digo deveras
que saias daqui.
Eu tenho riquezas,
escravos, engenhos,
dinheiro eu tenho,
tudo para ti.
- Não quero carinhos,
não tenho ambição,
de nada preciso
aqui no sertão.
- Se fosses comigo
pra minha cidade
de certo tapuia
tu serias minha.
Vestidos de seda,
botinas de couro,
adereços de ouro
para dar-te tinha.
- Não quero carinhos
teus ouros são falsos,
meus pés não se estragam
andando descalços.
- Se queres tapuia
vestir uma saia
de fina cambraia
de um lindo balão.
Teu corpo tapuia
é lindo e bem feito
mas fica mal feito
vestindo algodão.
- Não quero carinhos,
sou pobre roceira,
só faço trabalhos
com roupa grosseira.
- Deveras tapuia,
não fiques zangada
tens cama de seda,
bordados de linho.
Vamos para o porto
tomar um conforto
um copo de doce,
um copo de vinho.
- Não quero carinhos,
sou pobre tapuia,
não bebo no copo,
só bebo de cuia.
- Deveras tapuia,
não fiques zangada,
passando trabalho
e necessidades.
Na roça, na mata,
podendo tão moça
seguindo comigo
morar na cidade.
- Não quero carinhos,
aonde se nasce
Deus manda que a vida
com gosto se passe. 

Fonte: blog "As Meninas", org.: Renato Medeiros - Açu-RN

OVA DE CURIMATÃ , O CAVIAR DO NORDESTE

A ova de curimatã (peixe de água doce muito comum nos rios, açudes e barragens) é conhecida como o caviar do Nordeste ou do Sertão é facil encontrar nos bares de Natal. Vai bem tomando "umas e outras". Vejamos adiante, a receita de Adriana Lucena:


Liquidificar 3 dentes de alho, uma cebola grande, um punhado de coentro, pimenta do reino moída na hora com 1 litro de leite de vaca e sal a gosto. Há quem coloque colorau e tomate, mas prefiro desse jeito aqui, mais simples. Levar ao fogo e, quando começar a ferver, colocar as ovas e ir mexendo para desmanchar os gruminhos que vão se formando. Você irá observar que a mistura vai secando e ao mesmo tempo aparecendo água. Acrescente mais leite sempre que necessário e não esqueça de mexer porque gruda na panela. Estará pronta quando não observar mais "água" e ficar um creme (uns 45 minutos). Desligue e acrescente duas a três colheres generosas de nata batida, corrija o sal e finalize com hortelã miudamente picada.

Obs: 1. você também pode colocar um galho de hortelã na metade do cozimento. 2) se quiser utilizar como recheio (tapiocas, torradinhas, tortinhas), deixe secar um pouquinho e use morna. 3) Ah! já ia esquecendo! uma pimentinha faz toda diferença - um bom molho ou umas rodelinhas de dedo-de-moça.


Bem, usei no total 1,5 litro de leite. O prato rendeu 1,8 kg, que vou usar para fazer farofas, frigideiras e o que me vier à cabeça, afinal é ova pra chuchu. Cozinhei até secar a água que realmente se formou. Cozinhei em fogo baixo durante 45 minutos. Usei hortelã picada só no final. 
  
Postado por Fernando Caldas

quinta-feira, 6 de janeiro de 2011

"Deus e eu no Sertão" Víctor e Leo

MOISÉS SESIOM, POETA DO ASSU NO FILME", O HOMEM QUE DESAFIOU O DIABO"

 
Moisés Sesiom (1883-1932) nasceu no Sítio Baixa Verde, distrito de Caicó/RN, porém, se fez poeta na cidade de Assu/RN terra que adotara para viver, cognominada Terra dos Poetas, onde está enterrado.Seus versos populares estão espalhados Brasil a fora. Ele está colocado em várias antologias dos poetas potiguares e ficou conhecido como "O Bocage Norteriograndense". O seu biógrafo é Francisco Amorim (Francisco Augusto Caldas de Amorim) que publicou postumamente em duas edições o livro best-seller intitulado 'Eu Conheci Sesiom'.

"Poeta querido, de vida atribulada, de existência dura, de morte cruel. Vezes, horas e horas ouvi recitar versos de Sesiom, recordando a boemia, vivendo o anedotário, rico de episódios chistosos", escreveu o folclorista, escritor Câmara Cascudo.

Francisco Amorim biografo de Sesiom, escreveu o  livro póstumo best-seller  em segunda edição intitulado 'Eu conheci Sesiom'.

Sesiom imortalizou-se no filme intitulado "O Homem Que Desafiou o Diabo", 2007, baseado no romance intitulado de "As pelejas de Ojuara", do escritor potiguar Ney Leandro de Castro. O referenciado romance conta a história de Zé Araujo (Marcos Palmeira), um cacheiro viajante que foi obrigado a casar com um proprietário de uma mercearia/venda e trabalhar com o sogro, por quem foi muito humilhado. Zé, ao chegar num certo bar da cidade conheceu  no balcão de um botequim do lugar, um senhor cujo nome é Sesiom. Aí, Zé fica sabendo que Sesiom é Moisés ao contrário. Logo teve a ideia de inverter o seu nome para Ojuara (Araujo ao contrário).

No vídeo acima podemos conferir o personagem Sesiom (o poeta), declamar para Zé Araújo (Ojuara), os versos conforme transcrito adiante:

Vida longa não alcanço
Na orgia ou no prazer,
Mas, enquanto eu não morrer,
Bebo, fumo, jogo e danço!
Brinco, farreio, não canso,
Me censure quem quizer!
Enquanto eu vida tiver,
Cumprindo essa sina venho,
E, além dos vícios que tenho,
Sou perdido por mulher!

Postado por Fernando Caldas

Tim Maia Especial - Tv Globo - Festa de Santo Reis

quarta-feira, 5 de janeiro de 2011

Vicunha e Coteminas acenam para compra total de
produção algodoeira dos cooperados da Coaperval
O presidente da Cooperativa Agropecuária do Vale do Açu (Coaperval), João Gregório Júnior, ficou satisfeito com o encontro promovido pela coordenação do ALP da Federação das Indústrias do Estado do Rio Grande do Norte (FIERN), já que os dois grandes grupos têxteis do RN, Vicunha e Coteminas, acenaram com a intenção de comprar toda produção de algodão dos cooperados da Coaperval que produz o algodão de sequeiro.
Além do presidente da Coaperval, João Gregório Júnior, participou ontem da reunião na Casa da Indústria em Natal, o secretário municipal de Agricultura Paulo Brito, representantes da Indústria texto da Vicunha e a Coteminas, o Dr João Lima. Ficou agendado um novo encontro para o próximo dia 20 de janeiro, novamente na sede da Federação.
O secretário municipal de Agricultura Paulo Brito disse que a expectativa é que o projeto de revitalização do algodão – que será executado em região de sequeiro do município – possa apresentar uma produção de 350 quilos do produto por hectares, numa área cultivada de 350 hectares.
Escrito por Valderi Tavares às 16:40:03
Gosto de Infância

Minha infância tem sabor do ciriguela tirado do pé antes do tempo para amadurecer mais rápido.
Tem sabor da manga verde com sal e melancia madura que vovô plantava no quintal.
Tem sabor da bolacha que vovó assava no leite, às vezes só na manteiga, meu café da manhã preferido.
Tem sabor da chuva que caia no fim da tarde.
Tem sabor da amarelinha que pulava no chão ainda ensopado em frente de casa depois do fim da chuva.
Minha infância tem sabor das reuniões familiares em volta da minha avó encima do pilão quebrando castanhas pra fazer a receita da família: doce de castanha de caju, hummm.
Tem sabor de acordar mais tarde no sábado e ir correndo pra frente da televisão preta e branca que só pegava a Globo, mas que era suficiente, pois a Xuxa me fazia viajar junto com ela.
Tem sabor das compras de fim de mês, onde vovó fazia a feira e me trazia balas, bolachas recheadas, um prazer a cada trinta dias.
Tem sabor das ventania que aparecia do nada quando mamãe terminava de varrer e passar o pano na casa de cimento grosso.
Tem sabor da água “doce” da barragem, única fonte que podíamos ter naquele momento.
Minha infância tem sabor das viagens com minha avó ao banco para tirar sua aposentadoria, onde eu ferozmente guardava seu lugar na fila, observava tudo e descobria o ambiente.
Tem sabor das férias de fim ano que logo dava saudades da escola e era tomado pela ansiedade de comprar o caderno novo na mercearia.
Tem sabor das brigas por motivos bobos de meu avô, que toda a rua de chão batido tomava conhecimento.
Tem sabor da minha primeira bicicleta (de adulto) roxa e nada moderna, mas que pra mim representava muito mais.
Tem sabor das fazendas, dos apartamentos, dos bares e restaurantes que minha imaginação criava no quarto da minha avó, quando todos dormiam depois do almoço.
Minha infância tem sabor do fim de tarde, quando ia pra casa da minha outra avó e pedia morrendo de vergonha um real ao meu avó que hoje não está mais comigo.
Tem sabor da roupa nova que essa mesma avó, na verdade bisavó, comprava pra mim no mês de outubro, mês das festas do padroeiro.
Tem sabor da rede estendida no meio da área ventilada, onde nos balançávamos sem compromisso.
Tem sabor do arco-íris que se formava na serra em frente de casa depois da chuva.
Tem sabor do barulho da água do rio que dava pra ouvir da calçada quando chovia forte no inverno.
Minha infância tem sabor da goteira que insistia em aparecer todos os anos.
Tem sabor do barulho fechado dos trovões e do medo de cair um raio pertinho dali.
Tem sabor da falta de luz, geralmente nos dias chuvosos, onde corríamos pra acender as velas e dormir mais cedo.
Tem sabor da novela da tarde do Vale Apena Ver de Novo, adorava assistir depois do Vídeo Show, eu não perdia.
Tem sabor das minhas caixas (literalmente) de livros, revistas e fotos de pessoas famosas que via na TV, guardadas comigo até hoje.
Minha infância tem sabor das fogueiras de são João que enchia a casa de fumaça e os olhos de vermelhidão.
Tem sabor do milho quente que nem sempre virava pipoca na panela de barro da vovó.
Tem sabor das manhãs onde plantávamos milho e feijão no roçado do quintal de casa, eu sempre quis participar.
Tem sabor da cadeira de balanço que era disputada por todos na calçada de ventilada.
Tem sabor de ir correndo pra o orelhão ver se os cartões que ganhara ainda tinham unidades – princípio de modernidade pra mim.
Tem sabor do bolo de aniversário feito em casa por minha mãe, com granulados coloridos e vela feita por mim mesmo.
Minha infância tem sabor das comemorações de domingo, com um refrigerante, um litro de pitu e um monte de copos na mesa – observava tudo, inclusive como se transformavam depois de beber umas e outras.
Tem sabor do molho do macarrão que eu sempre fazia e todos pareciam gostar, era o primeiro a “beliscar”.
Tem sabor da coalhada que era preparada desde à tardinha, e eu ainda acrescentava cuscuz de milho.
Minha infância não em sabores importados ou exóticos, tem sabor da infância de qualquer criança pobre do interior do nordeste brasileiro. Criança que sonha como todas as outras, vai a escola, brinca, arenga. Criança que cresceu e por força maior, hoje volta aos tempos de criança e descobre que era feliz.


Por Rômulo Gomes
(cesargomes_17@yahoo.com.br)

Nota: Rômulo Gomes é estudante da UERN/Açu, colaborador deste blog).

UM PITO EM ORLANDO TEJO?


Memória do Concretismo 

Marcos Silva

Li o texto de Orlando Tejo, que reproduz alguns poemas concretistas (ou próximos do Concretismo) natalenses dos anos 60 do século passado.
Eu morava em Natal no ano em que a brochura mencionada foi publicada
966. Não possuo mais o exemplar (algum aluno pegou emprestado e não devolveu) mas lembro que havia diferenças de diagramação (*) em relação ao que saiu no Papo Furado: o poema Infinitivo, de Nei Leandro de Castro (**), formava uma diagonal da esquerda para a direita com a repetição da palavra amar,  e não uma coluna vertical; o poema Quarta operação fundamental, de João Bosco de Almeida, começava com a palavra eu, na horizontal, dotada de espaçamento, seguida da palavra dividido, na vertical, abaixo e entre o E e o U, mais uma visualização que colocava o verso sou quociente de mim  como um quociente de divisão e o verso e só como resultado da divisão; a Marinha concreta, de Anchieta Fernandes, também fazia uma espacialização das palavras que compõem os versos  finais. Coloquei aspas na palavra verso porque é discutível, nesse gênero de poesia, o apelo a esse recurso poético - a espacialização sugere o anti-verso.

Poesia Concreta merece crítica, como qualquer outro ramo literário e qualquer fazer humano. Para tanto, todavia, precisamos conhecer exatamente o objeto criticado, evitando fantasmagorias, que nada esclarecem. Defendo a crítica como argumento explicativo e demonstrativo, que não se restringe ao gosto/não gosto, ao descarte ou ao preconceito.

Prefiro pensar que múltiplos gêneros de Poesia coexistem e até se iluminam reciprocamente. Para valorizarmos Zé Limeira, Othoniel Menezes e Zila Mamede, não precisamos jogar no lixo Nei Leandro nem Dailor Varela.



M O T E :

Professoral pra cacete
passar pito em Orlando Tejo?

G L O S A :

De cima de um tamborete,
com a pose de chanceler
(tradutor de Baudelaire!),
professoral pra cacete!
Sacando o arcabuzete,
atrapalhou-se, o badejo;
nada fez, e foi pro brejo...
- A memória é de elefante,
muito infeliz o rompante:
passar pito em Orlando Tejo?


Laélio Ferreira


(*)  Foi o autor da glosa quem enviou para o Poeta Jairo Lima o texto de Orlando Tejo. Publicada, a matéria, antes das aspas, tinha a anotação rotineira: Enviado por Laélio Ferreira. Como se viu, abaixo, a diagramação não foi obedecida, como estava no texto do genial paraibano mea culpa. (A tal poesia concreta (arre égua!) é complicada até para cópia no computador...) O diabo é que o Professor Doutor Marcos Silva, um uspeano convicto, além da memória fenomenal  cáspite! - (v. acima), querendo me atingir nas entrelinhas, tem a mania de citar o nome do meu pai (Othoniel Menezes) nos muitos comentários que faz, aqui e em outros blogues (é um campeão nesse mister, anotando tudo o que produz, religiosamente,  no seu muito bem fornido e lustroso Currículo Lattes), principalmente quando nessas minhas cantigas de maldizer maldigo as suas inefáveis traduções de Charles Baudelaire...

(**) Nei Leandro de Castro é meu amigo desde a adolescência e continua sendo, acho eu.



Presidente da Faern felicita o novo secretário de Agricultura do RN

O presidente da Federação da Agricultura e Pecuária do Rio Grande do Norte (Faern), José Álvares Vieira, parabenizou o deputado federal Betinho Rosado, do DEM, pela posse como secretário da Agricultura do Estado nesta segunda-feira, 03. “Acredito que o nome de Betinho Rosado foi uma decisão acertada da governadora Rosalba Ciarlini. Um nome que é ao mesmo tempo político e técnico”, disse Vieira.
José Vieira destacou que o secretário irá fazer uma boa transformação no setor e que poderá contar com o apoio da instituição para fomentar os futuros projetos da pasta. “Uma pessoa que fará de tudo para transformar o RN em um celeiro de bons projetos para o campo. E uma das expectativas nossas é com relação às áreas de cultivo do Baixo Assu e também o apoio à fruticultura. É por tudo isso que acredito em seu nome e coloco a Federação da Agricultura no apoio dos seus trabalhos futuros”, enfatizou Vieira.
Betinho Rosado informou na sua posse que há oito anos o Rio Grande do Norte era responsável pela exportação de R$ 100 milhões de dólares em frutas frescas e o Ceará por R$ 17 milhões.
Conforme Betinho Rosado, os estados vizinhos cresceram 500% no setor de exportação, enquanto o RN apenas 80%. Em sua opinião houve uma chamada defasagem agrícola em nosso estado. (PC)   
 
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UM VERSINHO DE UM POETA MATUTO

 
*Por Renato Caldas

NAMÔRO VÉIO

A lúa vinha cantando,
Suas canção pratiada!
Parô tão disfigurada...
Ficô oiando pru Má
E o Má sortando um gemido,
Limpô os oio no vistido
prateado de Luá.

RENATO CALDAS (1902-1991 ), Poeta matuto potiguar do Açu-RN. Boêmio, andarilho, fazedor de amigos. Conheceu o Brasil de ponta a ponta nas suas farras intermináveis. No Rio de Janeiro, décade de trinta, conviceu na intimidade com Noel Rosa, Almirante, Silvio Caldas, dentre outros da canção popular brasileira. "Além de poeta popular, destacou-se como um notável seresteiro das noites assuenses." O seu livro "Fulô do Mato, fora editado em 7
edições. 



Beleza é Fundamental



O Rio Grande do Norte também está muito bem representado na política. A bela Gesane Marinho, do PMN, foi eleita em 2010 deputada estadual e escolhida em peequisa realizada pela Band, como uma das mulheres mais bonitas do Brasil no exercicio da atividade politica. Entre 12 mulheres selecionadas a representante do RN, ocupa a 7ª colocação. Confira no site abaixo:
 
http://www.band.com.br/jornalismo/galeria.asp

Escrito por aluiziolacerda às 05h16

terça-feira, 4 de janeiro de 2011

OLIMPÍADAS - RIO 2016 - LOGOMARCA
















Os criadores da logomarca das Olimpíadas do Rio 2016 colocaram em sua página Tátil design esta pérola: "usamos toda a nossa criatividade para fazer festas que atraem povos de todos os outros planetas"
Será que teremos marcianos ou outros extra-terrestres participando?
Um grupo que comete um erro tão grosseiro é o que temos de melhor para criar algo que representará o nosso País? Depois vão dizer que não sabiam, não viram nada, etc... A agência tem analfabetos funcionais? Ninguém leu o que estava escrito nesta parede? Eu como "presto atenção" notei na hora! Não vou comentar mais nada. É lamentável, para não dizer coisa pior! POBRE BRASIL!



















Idema quer discussão no Conema sobre Via Costeira

68557.jpg 
Foto: Adriano Abreu 


A posição do Instituto de Desenvolvimento Sustentável e Meio Ambiente do Rio Grande do Norte (Idema) em relação à polêmica das construções na Via Costeira de Natal é de que ainda é cedo para qualquer órgão ambiental tomar posição sobre o assunto. O diretor técnico, Leonardo Tinoco, defende que a discussão seja levada ao Conselho Estadual de Meio Ambiente, para se chegar a uma solução que privilegie o “bom senso”.
Discussão sobre destino dos lotes da Via promete ser detalhada“Nem a Semurb, nem o Idema, nem o próprio Ibama deveriam se posicionar de forma definitiva sobre o tema, sem que aprofundemos esse debate”, aponta Leonardo Tinoco. Ele lembra que a ocupação da área da Via Costeira é uma realidade e pode até vir a ser considerada excessiva, mas isso não significa que deva haver radicalismos em nome da preservação das Áreas de Preservação Permanente, as APPs.
“Natal é toda praticamente uma APP, já que foi construída sobre dunas. Há uma grande discussão a respeito de APPs em áreas urbanas e, só para ilustrar, basta dizer que a lagoa Rodrigo de Freitas e o local onde está o Cristo Redentor, no Rio de Janeiro, são APPs, assim como a Ribeira e o próprio terreno do Idema, aqui em Natal”, lista o diretor técnico.
Em relação ao estudo conjunto liderado pelo Ibama, e que defende a não ocupação dos 14 lotes ainda livres da Via Costeira, Leonardo Tinoco afirma que o Idema não “concorda 100%”, do ponto de vista técnico, pois há divergência em relação à classificação de alguns trechos como dunas, quando para o órgão estadual se tratariam de “superfícies de deflação” (trecho entre dunas e o mar), as quais não representariam APPs.
Ainda assim, o diretor também acha o debate incipiente para se dar razão ao estudo paralelo realizado pela Secretaria Municipal de Meio Ambiente e Urbanismo (Semurb), que concluiu pela possibilidade de ocupação de seis dos 14 lotes. “Não podemos ter uma visão imediatista, afinal ali é uma zona de amortecimento para o Parque da Dunas, um ecossistema importantíssimo.”
Para Leonardo Tinoco, é preciso levar a discussão até a sociedade e o caminho ideal é analisá-la dentro do Conselho Estadual de Meio Ambiente, que reúne representantes do poder público e da sociedade civil. “Precisamos discutir bastante sobre qual cidade queremos e qual legado vamos deixar às futuras gerações”, alerta.
Carta
Diante da polêmica envolvendo hoteleiros e Semurb, o professor da Universidade Federal do Semiárido (Ufersa), Daniel Valença, escreveu para a TRIBUNA DO NORTE o seguinte comentário:
“O impedimento de novos empreendimentos na Via Costeira e a “reapropriação” pela União de suas terras, são medidas há tempos esperadas por aqueles que acreditam ser função do Estado preservar o patrimônio público (do povo, antes mesmo que do Estado) e o direito dos habitantes do espaço urbano de usufruírem das riquezas naturais dos litorais. Os terrenos de marinha são bens da União, conforme a Constituição, e sua concessão a particulares, mediante a contraprestação de taxas, através dos instrumentos da ocupação precária e do aforamento, requerem, conforme determina a legislação infra-constitucional, o atendimento à função social e sua destinação para algum fim.
Pensemos o que representa a via costeira para a população natalense hoje. Algo mais que uma via de escoamento?! Quantos já freqüentaram sua orla para contemplar a paisagem, praticar esportes, tomar banhos de mar? Na prática, basta olharmos os sítios dos hotéis de luxo que lá se encontram para vermos o porquê de tanta aversão dos empresários para com essa medida legal e legítima e que atende aos interesses de nossa população: neles se afirma ser a via costeira uma orla de 9 km (em torno de metade da orla natalense) “privativa” dos hóspedes, em pleno meio urbano. Esta é a diferença básica entre os que defendem o atendimento às disposições legais (nesse sentido, parabenizamos o Governo Federal, através da Secretaria do Patrimônio da União, do IBAMA e da Advocacia Geral da União, o Governo Estadual, e o IDEMA e a DATANORTE) e aqueles que ainda persistem na defesa da privatização do espaço público, que privilegia e enriquece (através da especulação imobiliária, essencialmente) parcela insignificativa da nossa população (quanto a isso, lamentamos a posição assumida pela SEMURB e Prefeitura Municipal do Natal).
Daniel Araújo Valença, advogado, professor de Direito Assistente I da Universidade Federal Rural do Semi-Árido, autor da dissertação de mestrado recentemente aprovada pelo Programa de Pós-Graduação de Arquitetura e Urbanismo da UFRN, intitulada: “Terrenos de Marinha: terras públicas com função social? Um estudo da Orla Marítima de Natal.”

Daniel Valença,
Professor de Direito da UFERSA

Fonte: NatalPress

Informática - Atendimento diferenciado é ponto-chave para cativar clientes

Atualmente, um dos maiores problemas enfrentados pelos consumidores é a questão da assistência técnica especializada e o rápido envio de profissionais para solucionar problemas apresentados no produto comprado. E, um dos ramos onde esse empecilho é mais observado é no da informática. São constantes as reclamações de consumidores insatisfeitos com o atendimento prestado e a demora no serviço, que muitas vezes não satisfaz o cliente. Um problema antigo e que já deixou muita gente na mão e muitas empresas com o nome sujo perante o público consumidor.

É por isso que na escolha de onde será melhor comprar aquele computador ou acessório, não basta pesquisar o menor preço e as facilidades de parcelamento, mas verificar se a assistência técnica será eficaz na hora em que o produto apresentar um possível defeito. E isso é uma marca que todo consumidor deve perceber.

Um dos profissionais que já passou por maus bocados por conta de uma assistência técnica ineficaz foi o publicitário Dácio Azevedo. Segundo ele, em uma determinada ocasião, a empresa onde trabalhava precisou que seus computadores passassem por uma revisão. Com isso, foi chamada a assistência técnica que já prestava serviços ao grupo onde o publicitário trabalhava. Depois de várias tentativas de contato, com os seus clientes reclamando, a empresa mandou um técnico que se mostrou desleixado com o serviço. “Foi um verdadeiro caos da informática. Toda a nossa agência parou nesse período e muitos de nossos trabalhos foram prejudicados. E o pior: quando o técnico apareceu, não fez nada”, ressaltou Azevedo.

No Nordeste, uma das boas notícias surgidas nos últimos anos foi a Inteligência Digital (ID). Uma parceria que reuniu 13 empresas de informática com o intuito de fomentar um serviço de alta qualidade e que se mostra, desde outubro de 2007, em uma fonte de segurança e atendimento especializado para os consumidores mais exigentes.

De acordo com Derossi Mariz, um dos criadores da ID, a proposta maior é a qualidade em serviços e a capacitação sempre constante dos funcionários que trabalham para o grupo. “Temos 17 lojas espalhadas por várias cidades do Rio Grande do Norte, Ceará e Piauí, e já estamos batalhando para entrar em outras praças. Mas tudo isso, nossos serviços e produtos diferenciados, só são possíveis por conta de nosso corpo de profissionais sérios e capacitados”, lembrou Mariz.

Aneinfo

Outro ponto relatado pelo empresário é a questão da criação da Associação Norteriograndense de Empresas de Informática (Aneinfo). Fundada em maio de 2007, e contando com a participação de 14 empresas de tecnologia da informação, a Aneinfo é o braço que integra e dá suporte as empresas do setor. “Uma associação que luta pelos direitos do comércio legal e que estimula a exigência da nota fiscal”, finalizou Mariz.

Com reportagem de Paulo Correia
 
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Atualmente, um dos maiores problemas enfrentados pelos consumidores é a questão da assistência técnica especializada e o rápido envio de profissionais para solucionar problemas apresentados no produto comprado. E, um dos ramos onde esse empecilho é mais observado é no da informática. São constantes as reclamações de consumidores insatisfeitos com o atendimento prestado e a demora no serviço, que muitas vezes não satisfaz o cliente. Um problema antigo e que já deixou muita gente na mão e muitas empresas com o nome sujo perante o público consumidor.

É por isso que na escolha de onde será melhor comprar aquele computador ou acessório, não basta pesquisar o menor preço e as facilidades de parcelamento, mas verificar se a assistência técnica será eficaz na hora em que o produto apresentar um possível defeito. E isso é uma marca que todo consumidor deve perceber.

Um dos profissionais que já passou por maus bocados por conta de uma assistência técnica ineficaz foi o publicitário Dácio Azevedo. Segundo ele, em uma determinada ocasião, a empresa onde trabalhava precisou que seus computadores passassem por uma revisão. Com isso, foi chamada a assistência técnica que já prestava serviços ao grupo onde o publicitário trabalhava. Depois de várias tentativas de contato, com os seus clientes reclamando, a empresa mandou um técnico que se mostrou desleixado com o serviço. “Foi um verdadeiro caos da informática. Toda a nossa agência parou nesse período e muitos de nossos trabalhos foram prejudicados. E o pior: quando o técnico apareceu, não fez nada”, ressaltou Azevedo.

No Nordeste, uma das boas notícias surgidas nos últimos anos foi a Inteligência Digital (ID). Uma parceria que reuniu 13 empresas de informática com o intuito de fomentar um serviço de alta qualidade e que se mostra, desde outubro de 2007, em uma fonte de segurança e atendimento especializado para os consumidores mais exigentes.

De acordo com Derossi Mariz, um dos criadores da ID, a proposta maior é a qualidade em serviços e a capacitação sempre constante dos funcionários que trabalham para o grupo. “Temos 17 lojas espalhadas por várias cidades do Rio Grande do Norte, Ceará e Piauí, e já estamos batalhando para entrar em outras praças. Mas tudo isso, nossos serviços e produtos diferenciados, só são possíveis por conta de nosso corpo de profissionais sérios e capacitados”, lembrou Mariz.

Aneinfo

Outro ponto relatado pelo empresário é a questão da criação da Associação Norteriograndense de Empresas de Informática (Aneinfo). Fundada em maio de 2007, e contando com a participação de 14 empresas de tecnologia da informação, a Aneinfo é o braço que integra e dá suporte as empresas do setor. “Uma associação que luta pelos direitos do comércio legal e que estimula a exigência da nota fiscal”, finalizou Mariz.

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TODA MERDA AGORA É ARTE!


 

(Máxima de Fábio de Ojuara, artista plástico e filósofo do Ceará-Mirim. Presidente perpétuo da Associação dos Cornos Potiguares, autor do manual Sabendo Usar… Chifre Não É Problema edição esgotada) 


M O T E :


Tem poeta pra caralho
fazendo merda em Natal



G L O S A S :


I)


Grandessíssimo escangalho,
escoalha, ruma de bosta…
Só babão aplaude e gosta
- tem poeta pra caralho!
É ua feira de mangalho,
mediocridade abismal!
Um puto de um carnaval
de asnáticos completos
- um mundão de analfabetos
fazendo merda em Natal!



II)


Bebem água de chocalho,
obram versos todo dia,
traduções de fancaria
- tem poeta pra caralho!

A Capital é o serralho,
o coito, o carrapatal,
o esconderijo feital
da canalha deletéria
que anda pintando miséria
- fazendo merda em Natal!



Laélio Ferreira


Postado por Fernando Caldas

segunda-feira, 3 de janeiro de 2011

Um ponto que era grande

Leonardo Sodré*

A lembrança mais antiga que tenho do meu pai era quando ele vinha do trabalho. Vestia-se quase sempre com ternos de linho branco que depois do expediente ficava elegantemente amassado. Ele trabalhava no Grande Ponto, também conhecido por Cidade Alta, naquele tempo, em Natal. Era gerente de uma loja de tecidos, “As Nações Unidas” e tinha orgulho de trabalhar naquele lugar atendendo, como ele dizia, “a fina flor da cidade”.

Não tinha carro e vinha caminhando até a rua Manoel Dantas, em Petrópolis, onde morávamos. Depois, em 1974, colocou seu próprio negócio, o Sodré Armarinho, na rua Coronel Cascudo, em homenagem ao sobrenome de minha mãe. Chamava-se José de Siqueira Leite, apenas Siqueira para os amigos e faleceu em 1986.

Depois, quando cresci mais um pouco, comecei a conhecer mais o Grande Ponto. Estudava no Colégio Marista e meu pai finalmente havia conseguido comprar um carro. Na verdade, um verdadeiro automóvel, inglês – Anglia -, fabricado em 1948. Era preto e parecido com o que usado pelos “Irmãos Metralha”, das revistas da Disney. Ele ia me buscar no colégio e, impreterivelmente, passava na Confeitaria Cisne para uma cervejinha com o dono do estabelecimento, seu compadre e amigo, Múcio Miranda.

A Confeitaria Cisne ficava na Rua João Pessoa e tinha um reservado que servia de bar para a maioria dos boêmios daquele tempo. Lá encontrava outros amigos: Jurandir Pontes, gerente da loja “Quatro e Quatrocentos”, Lobrás, que ganhou esse nome depois de uma promoção de vendas, Leão, que consertava máquinas de escrever e calcular e que era exímio jogador de sinuca, Eudo Leite, professor José Melquíades, o músico e comerciante Gumercindo Saraiva, Mário Lima, Tota Zeroncio, Chiquinho da mercearia da rua Coronel Cascudo e Edson Perez, entre outros.

O garçom era José Américo, que também fazia parte do grupo e era tão popular que chegou a se candidatar a vereador. Tinha sempre resposta para tudo, menos para o fato de algumas aranhas conseguirem montar teias tão rápidas nas garrafas consumidas que eram encostadas nos cantos de parede para feitura da conta nos finais de farra. Vez por outra descia para Ribeira e encontrava outro grupo, capitaneado por Luiz Tavares de Souza, José Alexandre Garcia e Luis da Câmara Cascudo.

Quanto a mim, fazia pequenas incursões no reservado, mas passava a maior parte do tempo sentado na calçada da confeitaria vendo o movimento e me deliciando com a enorme variedade de chocolates que o meu padrinho vendia. Para os outros, pois para mim ele fornecia de graça...

Depois fomos morar na região do Grande Ponto, na rua General Osório.

O passeio de domingo, depois da praia, terminava sempre na lanchonete ki-Show, na rua João Pessoa, onde a juventude se reunia num ambiente comercialmente futurista. Tudo era novo e até a conta se pagava através de boletos individuais na saída da lanchonete. Os filhos de pais ricos ficavam circulando em modernos Aero-Willys de um lado para o outro. Ninguém tinha carteira de motorista e o Jeep do Detran, pilotado por um militar que tinha um bigode imenso tinha muito trabalho perseguindo esse pessoal.

À noite passeávamos pelas calçadas da avenida Rio Branco e João Pessoa vendo as vitrines. Papai mostrava todo orgulhoso a que ele montava. Outras como as da Casa Duas Américas e Casa Rio chamavam a atenção da sociedade. Tudo era limpo e ordeiro e não havia assaltos. Tinha até lugar para estacionar onde quiséssemos.

O Grande Ponto tinha grupos. Tinha a turma do Café São Luiz, pessoal diurno. Tinha os especialistas em política que se reuniam nas madrugadas na esquina da João Pessoa com a Princesa Isabel. Tinha a turma do escondidinho e a turma dos finais de farra da lanchonete Dia e Noite, palco de memoráveis brigas e acordos políticos.

Existiam personagens incríveis. “Alberis”, por exemplo, vendedor de jornais, referia-se ao Diário de Natal como “Diaris” e fabricava suas próprias manchetes. Uma vez o peguei gritando:

-  Extra! Vejam a notícia da mulher que engoliu um papagaio e arrotou um peru.

Tinha o pintor Grilo, responsável por, praticamente, cem por cento das fachadas de lojas do Grande ponto, sempre de branco, sempre de bom humor, cantando ou assobiando com um imenso chapéu. Parecia um mexicano. Tinha Milton Siqueira, incrível poeta que morava em um barraco na beira da praia onde hoje é o início da Via Costeira e sobrevivia vendendo poesias no Grande Ponto.

O Grande Ponto foi palco da maior festa popular que já aconteceu em Natal. A comemoração do tricampeonato de futebol, em 1970. Naquele tempo ninguém descia para praia. O Grande Ponto era o orgulho dos natalenses e tudo convergia para lá.

Depois, em nome do progresso e consequente favorecimento dos shoppings, ruas foram fechadas, fachadas antigas foram derrubadas e muito da história foi se perdendo. Mas o Grande Ponto continua palco de grandes manifestações culturais e políticas e o Café São Luiz, por exemplo, continua a ser um excelente instituto informal de pesquisa sobre qualquer assunto.

O Grande Ponto, que já foi moderno, hoje tem História. E, melhor do que grande, diante do crescimento da cidade, virou um ponto que foi grande fisicamente e se tornou maior ainda pela memória que guarda e preserva.

*Jornalista e escritor
Do livro/Antologia “Cantões, Cocadas, Grande Ponto Djalma Maranhão, página 109”, Dezembro 2002.
Modelo inglês do primeiro carro que meu pai comprou

domingo, 2 de janeiro de 2011

Chico Elion: um homem eternamente apaixonado pela vida

O olhar do poeta que enxergou o essencial num Ranchinho de Paia: a felicidade

Por Elizabeth Rose

Ele vem da terra conhecida como berço dos poetas e traz no canto a doce mensagem de um pássaro cantador, que entoa sua poesia e seus amores com a simplicidade de quem sabe fazer e não precisa se perder no labirinto do rebuscamento. Estamos falando de Chico Elion.
Nascido Francisco Elion Caldas Nobre, seu nome foi escolhido como uma combinação premonitória, pois Francisco Elion é um músico nobre que derrama em caldas seu sentimento de poetinha, como é carinhosamente chamado pelos amigos e admiradores de seu requintado trabalho. Do alto de sua longevidade, a receita é simples para o êxito pessoal e profissional: amar o próximo e cantar as boas coisas da vida.
Sobrinho de Renato Caldas, Chico Elion é um orgulho para o povo de Assu e para o Brasil (Elizabeth Rose/Fotec)


Sobrinho de Renato Caldas, Chico Elion é um orgulho para o povo de Assu e para o Brasil (Elizabeth Rose/Fotec)
Chico é autor de belas canções que já foram gravadas por ele mesmo e por diversos cantores. Sua filha mais famosa chama-se Ranchinho de Paia e foi lançada até na França mostrando que o talento de Chico Elion extrapola os limites geográficos e sua poesia comunica o amor, de forma vibrante, aos mais diferentes corações, em qualquer parte. Moinho d’Água, outra canção de Chico muito reverenciada, recebeu uma bonita versão na voz do cantor Fávio José.

Elion presidiu a Ordem dos Músicos do Brasil, em Natal e foi responsável por lançar vários artistas no bar que abriu para seu filho Emanuel Augusto, na casa de seu próprio pai. Lá no Beco da Música, como era chamado o bar que na época recebia a nata da cidade, acontecia eventos como a Noite de Ouro, onde toda segunda-feira eram feitas homenagens aos artistas consagrados. De Caetano Veloso a Sandra de Sá, regado a whisky e muita paçoca com queijo, o local era naquele tempo algo que falta até hoje em Natal: um espaço que congregue pessoas e sirva de espaço cultural pra receber turistas e fortalecer a cena musical da cidade revelando artistas e dando oportunidade de mostrar seu talento.

No Beco da Música havia em torno de 5 mil assinaturas de pessoas de fora da cidade que vinham a Natal e iam prestigiar a capacidade musical grandiosa de Chico Elion e de seus convidados. No bar, que funcionava na Av. Alexandrino de Alencar, despontaram cantores como Pedro Mendes, Cleide Braga, Babal, Paulo Tito, Silvinha e Ana Maria, que arrebatou o coração do compositor e se tornou sua musa até hoje. As paredes do local eram decoradas com autógrafos de cantores e assinaturas dos visitantes em geral. Na casa existiam os 10 mandamentos e a lei era manter a alegria e gostar de boa música. Lá, a única coisa censurada veementemente era a falta de respeito ao músico; em hipótese alguma a platéia podia vaiar alguém.


Chico e Aninha: cumplicidade em uma parceria que deu certo (Elizabeth Rose/Fotec)


Chico e Aninha: cumplicidade em uma parceria que deu certo (Elizabeth Rose/Fotec)

Essa era a proposta de Chico Elion para a cena musical natalense. Ele passeava pelo universo de gente como a cantora Elis Regina, mas nunca deixou de contribuir com o crescimento da nossa cultura; nunca desistiu de acreditar que Natal poderia se firmar no cenário brasileiro se os artistas tivessem mais união e contassem mais com o apoio do poder público. Um dos sonhos de Chico é criar uma Fundação Cultural que fomente nas crianças, desde cedo, o amor pela arte e pelo nosso estado. Para contribuir com isso, pretende disponibilizar todo seu acervo para ajudar na realização do sonho de ver o Rio Grande do Norte valorizar seus artistas ao ponto de terem as músicas executadas nas rádios e consumidas pelo público.
Elion é sem dúvida alguma um sujeito inteligente e galanteador; parafraseando Roberto Carlos, do tipo amante à moda antiga. Dono de um senso crítico apurado, sua língua que canta o romantismo de forma tão singela torna-se uma verdadeira metralhadora quando o assunto é a música de mau gosto feita e veiculada pela mídia nos dias atuais. Ele é taxativo e não esconde a falta de paciência com o que não tem qualidade. E ele está certo. Ele é conhecedor do ofício e maneja bem os instrumentos para realizá-lo. Graças a Deus, tive a oportunidade de conhecer pessoalmente esse astro. Mas, foi por telefone que o poetinha me deu algumas informações que escrevo aqui e ao ouvir seu relato não consegui reprimir o pensamento de que não se faz mais a boa arte como antigamente. Nem a arte, nem as pessoas. Ainda bem que temos e podemos ouvir Chico Elion e suas histórias.
A voz grave e melodiosa permanece bela e afinada (Elizabeth Rose/Fotec)


A voz grave e melodiosa permanece bela e afinada (Elizabeth Rose/Fotec)

Eu recordo (e abro um parêntese para confessar) que gravei seu nome e senti a força de sua poesia ainda quando criança, num LP, que existia lá em casa, do cantor Giliard. A descrição daquela casinha tão feia que abrigava a felicidade ao som do vento, num ranchinho de paia à beira-mar, pintou em minha mente um quadro terno que até hoje permeia meus sonhos e me dei conta de que talvez esteja a esperar a materialização daquela imagem... De fato, parece que não há felicidade fora do ranchinho de Elion

LUIZ CARLOS LINS WANDERLEY – 1831/1990, foi um dos primeiros poetas do Assu, primeiro médico e romancista do Rio Grande do Norte. Foi também...