segunda-feira, 16 de janeiro de 2012

A MENTIRA

Públio José – jornalista
(Públiojose@gmail.com)                                                                                                                                  

A cena se passa numa das novelas da tv. Na sala de uma casa o telefone toca. A empregada doméstica vai atender, enquanto a dona da casa dialoga com o filho na faixa dos dez anos. A empregada tira o fone do gancho. Do outro lado da linha uma mulher se identifica e pergunta se a dona da casa está. Ao ouvir o nome da pessoa que está ao telefone, a patroa gesticula para a empregada, orientando-a a dizer que ela não está. O menino assiste à cena meio intrigado. Se a sua mãe está, porque dizer à empregada que não está? Cenas iguais a essa se repetem diariamente em todos os lugares do mundo. Tendo por base a mentira, as pessoas tentam, de todas as maneiras, se desvencilhar das dificuldades e vicissitudes que encontram pela frente. A saída, normalmente, é se livrar do problema entranhando-o de mentira. Nunca o encarando com coragem, firmeza, determinação. Porque será?

A mulher da novela é só um exemplo da maneira desonesta, irresponsável e inconseqüente que adotamos, na maioria das vezes, para resolver problemas do dia-a-dia. O pior é que nos esquecemos das pessoas que estão ao nosso redor, nos analisando, nos observando e nos adotando como modelo a seguir. Futuramente, o que a mãe que mente diante do filho, ainda pequeno, quererá dele quando tiver que vê-lo enfrentando suas próprias dificuldades? Que ele as enfrente esgrimindo a espada da verdade? Que ele pratique comportamentos que nunca presenciou em casa adotados pelos pais? Como, se diante de si teve sempre adultos como exemplos, como referenciais, mentindo, distorcendo, trilhando o caminho da mentira? Como, se assiste, diariamente, adulto já profissionalizado, o chefe na repartição utilizar-se prioritariamente da mentira para resolver o que surge no seu escaninho?   

Pela televisão também assistimos as lideranças políticas darem um verdadeiro show no emprego da mentira, da falsidade, da dissimulação, quando tentam justificar seus maus feitos na vida pública. Porque o ser humano mente tanto? O mundo dos negócios, o das atividades esportivas e comerciais, por exemplo, também não ficam atrás. Nesse terreno é dado por inteligente, competente, sagaz, o que sabe utilizar, com o máximo da maestria, os instrumentos da mentira, da matreirice, do engano. Quando se ouve dizer “Fulano é competente” é porque, na maioria das vezes, o elogio está ligado ao uso descarado, pelo elogiado, da falta da verdade. O interessante, acima de tudo, é que aprendemos desde cedo, nos bancos escolares, no catecismo católico, nas escolas dominicais das igrejas evangélicas, que devemos nos valer da verdade sempre – defendendo-a e empregando-a ao longo da vida.     

A respeito da questão, a Bíblia nos ensina que, para o cristão, o sim é sempre sim e o não é sempre não. Nos esclarece, ainda, que os mentirosos jamais herdarão o reino dos céus. Jesus salienta, também sobre o assunto, que o Diabo é o pai da mentira. Logo, quem se utiliza rotineiramente do seu uso está fazendo o jogo daquele que, segundo Jesus, só veio para matar, roubar e destruir. O interessante é que, ao sairmos da inocência da infância para o jogo bruto do aprendizado profissional, somos sempre instruídos a fazer da mentira um instrumento valioso para o alcance do sucesso. Esse comportamento vai deixando seqüelas irreparáveis ao longo de nossas vidas e criando, ao nosso redor, seguidores fiéis, aprendizes capacitados a se exercitarem na prática da mentira. Ah, a mentira. Como se livrar do seu veneno? Como deixar de vê-la nos outros e de usá-la no dia-a-dia?    

domingo, 15 de janeiro de 2012

RENATO CALDAS













Pra esses teus óio, morena,
num acho acomparação!
São dois santo, são dois cão.
São dois páde num artá,
acelebrando a novena
duma noite de natá.

São dois prato de cuaiáda,
e bem no meio dos prato,
dois sabonête do mato!
são dois nêgo impertinente
qui véve a dizer chincáda,
aos óio besta da gente.

Mas, juro inté pula cruz,
pula Santa Imaculada,
pula hósta consagrada,
juro pru tudo e arrepito
qui nem a Mãe de Jesus,
tem os óio tão bonito.

De: *Renato Caldas, poeta matuto potiguar assuense

(Renato Caldas foi um dos responsáveis junto com Catutlo da Paixão Cearense, dentre outros, pela introdução da poesia matuta na Literatura Popular Brasileira).

Postado por Fernando Caldas 

JOÃO LINS CALDAS






sábado, 14 de janeiro de 2012

Fiart vai homenagear o Vale do Açu, este ano

Há 17 anos, a já tradicional Feira Internacional de Artesanato ilustra a alta temporada de verão em Natal e em 2012 a grande aposta dos organizadores está voltada para o trabalho manual feito com palha de carnaúba que caracteriza o Vale do Açu. Esse será o mote que ambienta o pavilhão de eventos do Centro de Convenções, na Via Costeira, que recebe entre os dias 20 e 29 de janeiro artesãos de várias parte do RN, do Brasil e do mundo. O lançamento oficial da Fiart aconteceu ontem pela manhã, no restaurante Mangai, onde foram apresentadas as expectativas para esta 17ª edição.
Yuno Silva
O poeta Paulo Varela em cena com o personagem Zé Assuense, durante o lançamento da Fiart
O poeta Paulo Varela em cena com o personagem Zé Assuense, durante o lançamento da Fiart
Com o slogan "Artesanato: instrumento de transformação, criatividade e riqueza", a principal novidade deste ano é a maior presença do artesanato potiguar. "Dos 385 estandes da Feira, 40% serão ocupados por artesãos do RN", anunciou Neiwaldo Guedes, coordenador geral da Fiart. O restante do espaço agrega 40% de trabalhos produzidos em outros estados do Brasil e 20% estão vindo do exterior - a estimativa é que 70 mil pessoas transitem pelo evento durante os dez dias, para conferir a arte manufaturada por mais de 2,6 mil artesãos. 
Os números ainda contabilizam participação de 73 grupos de cultura popular durante a programação cultural, presença de artesãos de 14 países como Japão, Peru, Quênia, Paquistão e Filipinas, e "a meta é superar as 168 mil peças comercializadas em 2011", planeja Neiwaldo. Sobre evidenciar o Vale do Açu em 2012, Guedes informa que "a Fiart já homenageou em outras ocasiões o Seridó, o litoral, Ceará Mirim, Caicó e Natal, agora é a vez da palha de carnaúba dominar a decoração." A Feira ainda abre espaço para o Salão dos Mestres, o 8º Salão do Artesanato Potiguar e o Lojão do Sebrae-RN que atua junto a 25 associações e cooperativas espalhadas pelo RN.

O poeta Paulo Varela, 'embaixador' cultural da cidade de Assu, e que abriu o lançamento da Fiart contracenando com o boneco Zé Assuense, marca presença na Feira com uma réplica do Solar da Baronesa, edificação histórica que atualmente abriga a Casa de Cultura do município. 
Antes da palavra do diretor técnico do Sebrae-RN, João Hélio, e da Governadora Rosalba Ciarlini, que defendeu a ampliação de promoções culturais a partir da parceria público-privado, o João Dionísio do Nascimento, 60, que trabalha com sisal em Nísia Floresta e representou os artesãos do RN, foi convidado para dar seu depoimento sobre o evento: "Até a gora só deixei de participar de uma única edição, pois estava viajando, e digo para quem está pensando em  expor que pode ir sem medo que vende!", afirmou. João Dionísio também chamou atenção para o pouco espaço disponibilizado pelo Governo do RN aos artesãos que não têm condição de adquirir um estande: "Este ano estou dividindo espaço com os ceramistas de São Gonçalo do Amarante, pois meu material é volumoso e não tenho como dividir 9 metros quadrados (tamanho padrão do estande disponibilizado) com outros dois, as vezes até três, expositores. Preciso de pelo menos 12 metros quadrados", garante. 

A 17 ª Fiart é uma realização da Espacial Eventos em parceria com o Governo do Estado, Sebrae-RN e  Prefeitura de Natal, mais apoio  do Governo Federal através do Programa do Artesanato Brasileiro e do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior.
Fonte: Tribuna do Norte - Caderno Viver
Postado por Fernando Caldas

sexta-feira, 13 de janeiro de 2012

ASSU PERDE MAIS UMA POETISA

A terra da poesia anteontem, 11, anoiteceu triste com a perda de Maria de Lourdes de Moura ou, 'Luluda', como era chamada carinhosamente pelos seus familiares e amigos. Figura querida por mim e por toda a sociedade assuense. Convivi com ela desde os tempos da minha adolescência, durante uns quarenta anos, na Cooperativa Agropecuária onde ela era funcionária dedicada, trabalhando com meu pai Edmilson Caldas, desde os tempos que aquela instituição era Banco Rural do Açu, que ele, Edmilson, dirigiu durante muito tempo, e com ela conviveu harmoniosamente como seu amigo e colega de trabalho. Antes porém, teria trabalhado no Segundo Cartório de Registro, no tempo do escrivão João Germano, até 1967.

Luluda escondeu a sua arte de poetar, de compor, de escrever, que somente veio a revelar na sua maturidade. Suas canções estão, salvo engano, musicadas e gravadas pelo seu sobrinho Judson. Seus poemas e sonetos clássicos amorosos, de versificação fácil, de qualidade literária, estão publicados em livros de sua autoria, em jornais da sua cidade. 

Você se foi, Luluda. Mas, tenha certeza do seu dever cumprido. Sobre a morte, Luluda, a nossa poetisa e escritora Maria Eugênia, escreveu na sua sabedoria, dizendo que "a gente nasce para morrer e morre para nascer". Já, o genial bardo João Lins Caldas, entende que "a morte se não é uma vida, é, pelo menos, uma miséria sossegada." Que você descanse em paz.

Fica a minha saudade, Luluda. Lembrarei você sempre! Os seus versos e canções que você sabia produzir a seu modo. O seu soneto intitulado Quisera, recheado de verdade e pureza, que ainda guardo na minha memória, é uma joia, que transcrevo adiante para o nosso deleite: 

Quizera eu dizer-te que sinto
Mas não posso e jamais o farei.
Por teu amor lutei e ainda resisto,
Não quero perder-te, senão morrerei.

Por mais que procuro te esquecer
Cousa que nunca eu consegui,
Mas sentia o meu amor crescer
Mas hoje sinto o que me iludi.

Iludí-me, sim, porque sempre tentei
Esquecer de um amor, que nunca procurei
Saber se me amava ou se me enganava.

E agora muito sofro a pensar,
Que um dia, não queiras me amar,
E que nunca a me amar procurou.

Afinal, sem você, sem a sua arte de versejar, penso eu, a poesia da terra assuense fica um pouco mais pobre. Obrigado por ter conhecido você e com você ter convivido. Obrigado por você ter contribuído pela cultura da nossa terra. Os seus versos enriquecem as nossas bibliotecas, porque não dizer assim?


Fica com Deus, querida Luluda. "A morte não é o fim de tudo". Saudades do seu velho amigo


Fernando Fanfa Caldas
Natal, 13 de janeiro de 2011

quinta-feira, 12 de janeiro de 2012

ÊXTASE




(Um belo poema do lírico modernista João Lins Caldas, poeta potiguar de Assu, autor de uma obra poética magistral, de qualidade invejável. Caldas, amou ardentemente, viveu apaixonadamente porém solitário, atormentado, decepcionado pelos amores que não lhe foram correspondidos. Nasceu em 1888 e morreu em 1967). Vejamos para o nosso deleite, os versos adiante):

O teu mundo é novo. A tua carne é nova. Eu sou a velhice, o mundo abalado.
O teu mundo eu me convida. O permanente mundo em flor da tua carne.
Beijar-te os olhos, acariciar-te os dedos, ter nas mãos a doçura do teu cabelo, tua nuca o pescoço roliço para acariciados...
Dirás que a vida pe bela. A vida é bela!
Mas, eu amor, já agora tão triste e tão cansado.

Ontem que não chegou. Ontem que foi mesmo um dia amarelo...
Mas agora, que o dia é chegado...
Perdão, perdão, eu de mim mesmo é que já não sou belo.

Vai, e não leves de ti a tua desilusão...
O que me dói, o que ainda me dói...
(... E não ver essas roupas desmanchadas,
O azul desses olhos, a graça e a festa dessas mãos...)
Deixa que eu feche os olhos e não te veja, e não veja mais nada

Obrigado e perdão.




Ainda bem que sempre existe outro dia. E outros sonhos. E outros risos. E outros amores. E outras pessoas. E outras coisas.


‎"Não fuja de seus problemas nem se desespere. Encare-os de frente com coragem e determinação, pois se não resolvê-los no dia de hoje, certamente terá que fazê-lo no dia de amanhã
porque eles continuarão existindo enquanto não forem resolvidos, prolongando o seu sofrimento".


"Homem só precisa aprender 4 letras do alfabeto: OBDC!"

"A gratidão não precisa de palavras. A gratidão só precisa de um coração que vibre em amor, feliz por poder retribuir o bem que recebeu. Quem é grato pede a Deus que extenda em bênçãos a quem teve o despreendimento de auxiliar sem nada pedir em troca. Gratidão é um sentimento que se mistura com humildade, carinho e lealdade. Ser grato é divino, ser grato é entregar o coração a Deus, é orar em silêncio, é pedir todos os dias pelo bem do seu benfeitor. Seja grato a quem lhe extendeu a mão, a quem te deu abrigo e pão, a quem deu de si sem esm pedir retribuição."
MC

quarta-feira, 11 de janeiro de 2012

AOS BEIJOQUEIROS




Dicas para melhorar seu beijo: 15 coisas para não fazer na hora de beijar..




Está insegura sobre seu beijo? Não se preocupe, pois a maioria das pessoas não sabe ao certo se beija bem.

Na verdade, um bom beijo depende muito do relacionamento e de quem está beijando. Mesmo assim, vale conferir essas 15 super dicas sobre "o que não fazer" na hora do beijo:

1. Não se apresse: deixe que o momento chegue. Quando um beijo não tem espontaneidade, pode ser que os dois fiquem pouco à vontade e o resultado seja um desastre.

2. Analise a outra pessoa: não comece a mexer a boca loucamente nos primeiros segundos. Faça movimentos suaves enquanto você descobre o estilo da outra pessoa.

3. Não force: os beijos nem sempre são apaixonados. Comece com calma e cuidado, para não assustar quem está te beijando.

4. Manere nas explorações: se a sua língua se move muito rápido, nem você e nem a outra pessoa vão desfrutar do beijo.

5. Controle a saliva: beijo molhado demais é péssimo. Controle direito o beijo e saiba a hora de parar um pouco... afinal, ninguém quer morrer afogado ao beijar, né?

6. Não se faça de morto: não deixe que a outra pessoa faça tudo também. É excelente ter iniciativa, claro que com bastante atenção aos desejos da outra pessoa.

7. Nada de beijos depois de comer: se for o caso, tenha sempre chicletes no bolso, pois não é nada agradável dar beijos com sabor de carne ou, pior, de cebola.

8. Deixe a cabeça quieta: não fique se mexendo demais. Você pode acabar "enjoando" ou acabar dando um baita golpe nos dentes da outra pessoa.

9. Nada de desânimo!: se os primeiros beijos não são muito bons, com a prática você vai melhorar.

10. Feche a boca!: não abra muito a boca. Os lábios dos dois devem estar juntos para não dar a sensação de se estar devorando a boca da outra pessoa.

11. Não ao aspirador!: os beijos estilo "aspirador de pó" são bastante desagradáveis e podem chegar a doer. Cuidado...

12. Atenção aos seus lábios: eles devem estar sempre úmidos e sem rachaduras... quanto mais suaves estiverem, melhores serão os beijos.

13. Meninas, nada de batons cremosos: a maioria dos homens detesta ficar com "cremes estranhos" na boca... e, pior ainda, marcas de batom.

14. Olha o bom senso!: nada de beijos superapaixonados em locais públicos... é de mal gosto.

15. Não mostre a língua: no começo do beijo, não coloque a língua pra fora da boca antes que os lábios tenham se tocado. A não ser que você queira deixá-la à mostra, pra todo mundo ver...

Fonte: Revista Luna/Redação Terra

terça-feira, 10 de janeiro de 2012

segunda-feira, 9 de janeiro de 2012



‎"Amo como ama o amor. Não conheço nenhuma outra razão para amar senão amar. Que queres que te diga, além de que te amo, se o que quero dizer-te é que te amo?"
Fernando Pessoa

CAVALINHO DE CARROSSEL


Não é apenas cômico, hilariante, pitoresco, é acima de tudo uma corrida sem vencedor, é bem gostoso o passeio no lombo do cavalinho, é pena que não haja ultrapassagem, quem vai na frente, garante sempre o primeiro lugar. Esse exercicio me faz recordar a meninice, fazia sempre o esforço de montar no cavalinho da dianteira pra ficar malhando com a cara de quem vinha na rabeira.

Do blog: Aluíziolacerda



NÚMEROS QUE ASSUSTAM!


Públio José – jornalista

Natal hoje é uma cidade cujo porte já envolve números que impressionam. Alguns até assustam. Quando, por exemplo, falamos do número de analfabetos em Natal, da ordem de cem mil, muitas pessoas nem querem acreditar. Mas é a pura realidade. Pelas mesmas estatísticas, outra questão cruel se apresenta: Natal conta atualmente com um contingente superior a dez mil surdos. São pessoas aparentemente normais, que transitam naturalmente pela cidade, passam diante de você, e nem são percebidos. Pelos dados do IBGE a população brasileira é constituída de 1,3% de pessoas portadoras dessa deficiência. Trazendo tais números para Natal (1,3% de 800 mil habitantes) teremos, então, a dolorosa conclusão de que, da população natalense, em torno de dez mil pessoas, ou mais do que isso, são surdas. A existência desse número não é tanto a questão. O problema é se constatar que nada está sendo feito em seu benefício.

Acreditamos até que esse percentual de 1,3% tenha abrangência universal, o que colocaria o Brasil, e Natal em particular, numa faixa perfeitamente normal de incidência do mal. O que queremos levantar aqui é a inexistência de uma política de inserção dessas pessoas na vida comunitária, no mercado de trabalho, tirando-as da situação de cidadãos de segunda classe para uma vida realmente digna. No plano familiar, se observarmos bem, não são encontradas as condições necessárias para o desenvolvimento social e profissional dessas pessoas. E se a comunidade e o poder público não oferecem essas condições, onde os surdos irão procurar e encontrar a saída para uma vida que lhes traga menos percalços e um patamar, pelo menos razoável, de realização pessoal? Ao governo cabe essa preocupação e a adoção de um planejamento sério, objetivo, eficaz em benefício desse segmento populacional.

Por outro lado, com a tecnologia de hoje, não é tão difícil capacitar os surdos no sentido de uma atividade profissional adaptada às suas condições específicas. A questão é que o nosso surdo, além de analfabeto em seu próprio idioma, é incapacitado – pela sua própria condição social e pela inexistência de políticas públicas – para assumir compromissos e desafios que são perfeitamente normais às demais pessoas. Imaginemos, por exemplo, o acesso ao computador. Se, ainda hoje, trata-se de uma atividade complicada para grandes parcelas da população dita normal, quanto mais para quem mal consegue decifrar os sinais de trânsito! Enquanto isso, os surdos, muitos dos quais com índices de inteligência bastante altos, ou no mínimo com índices medianos, perambulam pela vida sem enxergar nenhum horizonte. E nem antevendo, da parte do poder público, nenhuma providência que lhes tire da condição de sub-raça.

Pensamos de maneira diferente. Pensamos que é possível – e salutar para toda a sociedade – a transformação dos surdos de párias em agentes produtivos, pessoas que possam, juntamente com as demais, contribuir para o desenvolvimento e a manutenção de um estado de circulação de riqueza e de paz social. Para tanto, idealizamos a criação do “Centro de Atendimento e Convivência de Pessoas com Necessidades Especiais”, um complexo com avançada tecnologia, voltado para a alfabetização, capacitação profissional e socialização de surdos, mudos e até de pessoas com outros tipos de carências, tendo em vista não existir em Natal nenhuma estrutura destinada ao atendimento médico, psiquiátrico, didático, odontológico e social a essas pessoas. É mais uma contribuição, de nossa parte, ao enriquecimento do debate político. E a certeza de que o estado de bem estar social tão do desejo de todos, passa, obrigatoriamente, pela inclusão, ao sistema de geração de riquezas, dos segmentos carentes, desprotegidos e marginalizados. Você concorda? 






Da direita: O influente potiguar Cid Montenegro, na intimidade com o ex jogador Zico.


Mulher
Contida na fala
Suave no toque
Coração em chama
Mas só quando o ama.

Mulher
Inocentemente impura
Despudoradamente santa
Mulher como nenhuma
Mulher como tantas.

Mulher
Um simples olhar
Um contido desejo
E o corpo solto
Num único beijo.

Mulher
E o seu amado
Metade pureza
Metade pecado!
 

De: Cristina Costa

domingo, 8 de janeiro de 2012

ARTIGO DE CELSO DA SILVEIRA SOBRE FRANCISCO AMORIM

(Título deste blog)


ECOLOGIA SACRALIZADA

Leio sempre com cuidadosa atenção originais de poetas e romancistas ou depoimentos de alguns autores que procuram para opinar sobre seus escritos. São pessoas que confiam na sensibilidade e sinceridade com que aprecio seus trabalhos literários.

No meio desses intelectuais, há um que considero especial, a quem estou ligado desde a infância. Ele foi meu pediatra nas doenças comuns às crianças - catapora, sarampo, papeira, dentição, etc. - e que além de me curar, ainda permitia que eu me divertisse esvaziando a seringa de injeção em pontaria contra objetos ou gente lá de casa.

Essa pessoa especial é Chisquito - poeta Francisco Augusto Caldas de Amorim.

Certa vez fui portador de um bilhete, de meu pai, rimado, em que fazia uma consulta. Começava assim: "Meu caro amigo Chisquito/ sofri de gastroenterite/ por ser sempre extravagante/ hoje tenho uma colite..." E por aí afora, o bilhete terminava com uma advertência: "... mas os sexos não confunda/ Eu sou João e não Ester/ não vá depois receitar-me/ a Saúde da mulher!" E assinava - João Celso Filho.

Em cima do ato Chisquito aviou a consulta, também em verso.

Passados os anos, tudo, volto a ter contatos constantes com um certo tabelião da Coletoria Federal. Outra vez Chisquito. Agora era para selagem de documentos, para que colocasse o seu timbre indispensável nas estampilhas do Imposto de Consumo. O tratamento continuava sempre atencioso.

Por esse tempo ouvi falar primeira vez num soneto "A Seriema" - o mais decantado dos sonetos entre os que na cidade curtiam as rodas literárias. Depois, ele próprio declamava para mim vários de seus famosos sonetos e me falava de outros versos chamados "futuristas", reunidos sob um t´titulo de livro - Forrobodó. Publicou uma plaqueta contendo uma palestra  "A Questão Social e a Igreja", uma pesquisa biográfica sobre o glosador Moisés Sesyon; uma História da Imprensa e uma História do Teatro em Assu, e mais outro e outro, e tantos outros seguiram, que eu cheguei a supor que havia esgotado o estoque, no topo dos seus 90 anos de idade. Nada disso. Ele surge, agora, com esta antologia das espécies vegetais comuns à flora do espaço geográfico assuense e nos presenteia um belo livro, diria, de ecologia, sacralizando a natureza, num manancial de sonetos.

Gostei da ideia e do livro, que vai publicado com o título de E S S E N C I A S que são. realmente, o perfume a rescender do coração do poeta em louvor de sua terra natal! - o ASSU.

Benza-te Deus! Que conserve esse vigor de um jovem que não se rende à idade.

Natal-RN, 15/09/1991
Prefácio de "Essências"

Postado por Fernando Caldas



SAUDADES DE CELSO DA SILVEIRA


ARTIGO DO BLOG MEDIOCRIDADE PLURAL, DE LAÉLIO FERREIRA), PUBLICADO EM 8 DE JUNHO DE 2011) 

***

"O último riso de Celso
(TRIBUNA DO NORTE) 






04/01/05 

Yuno Silva Repórter

“Sem choro nem vela, sem discursos nem flores”, assim escreveu Celso da Silveira em sua última carta. Dono de um humor contagiante, bom de papo e grande contador de causos, a tarefa de tentar resumir mais de meio século de dedicação à cultura em algumas linhas de jornal é uma tarefa, no mínimo, cruel e injusta.

Tristeza era uma palavra que não existia no dicionário do poeta, jornalista e inquieto agitador cultural que tão bem soube encantar populares e intelectuais com suas histórias desconcertantes e hilárias.

Esses foram os últimos e respeitados pedidos do ilustre assuense falecido às 11h05 do domingo, no Hospital do Coração, onde estava internado desde a semana passada (26/12) com problemas respiratórios que culminaram em uma parada cárdio-respiratória e conseqüente estado de coma.

Durante toda a manhã e tarde de ontem, amigos, parentes, leitores anônimos e fãs velaram o corpo do escritor Celso da Silveira, 75 anos — 52 dos quais dedicados a vida artística, principalmente literária — no centro de velório Morada da Paz, de onde seguiu para sepultamento no Cemitério Parque de Nova Descoberta, às 16h.

“Celso sempre participou ativamente da vida cultural do Rio Grande do Norte, tanto como jornalista quanto como poeta e escritor. Ele era, sobre tudo, uma pessoa extremamente alegre. Sua presença era garantia de descontração, risadas, piadas e anedotas... sem dúvida vai fazer muita falta”, disse Clotilde Tavares, atriz, escritora e responsável pela propagação da (triste, não!) fatídica notícia.

Considerado um dos grandes nomes da cultura potiguar e dos últimos polígrafos do RN, Celso da Silveira escreveu e carimbou seu nome na história recente do Estado: “sua ausência na Academia Norte-rio-grandense sempre foi sentida, mas ele nunca ligou para esse negócio de ser ‘imortal’. Sua versatilidade e habilidade para escrever trovas irônicas e poemas bem-humorados deixou uma lacuna que dificilmente será preenchida”, afirmou o jornalista Vicente Serejo. Ele lembra com alegria das cartas que recebia do poeta criticando alguma nota publicada, apontando informações equivocadas ou quando queria saber das fontes para pesquisar sobre assunto de seu interesse. “Celso conservou esse hábito até o fim e era muito bom receber suas correspondências. Desbravador e descobridor, foi o primeiro a falar sobre o poeta modernista João Lins Caldas, também de Assu, à quem dedicou o poema O Gênio Virá em seu primeiro livro: ‘Eu quero de ti, Caldas, apenas a herança // de tua inteligência que não morre’. Só 20 anos depois, nos anos 70, é que a Fundação José Augusto viria lançar uma antologia sobre Caldas”, lembrou Serejo.

A estréia foi aos 22 anos de idade

Autor de 37 títulos lançados, entre cordel, glosa, causos, poesia e folclore, Celso estreou em 1952 com o livro “26 poemas do menino grande”. Antes de sua incursão e mergulho na literatura, já havia atuado com êxito nos palcos, chegando a ganhar o prêmio de melhor ator no II Festival Nordestino de Teatro Amador: “Celso começou a se relacionar com a intelectualidade atuante logo que chegou em Natal, onde veio se envolver com jornalismo e teatro.

Engajou-se no teatro, trabalhou com Sandoval Wanderley, ganhou prêmio e bolsa para estudar teatro no Rio de Janeiro. Nessa época dirigiu o primeiro espetáculo ao ar livre, o auto natalino ‘O Caminho da Cruz’, mas acabou se desencantando com as artes cênicas”, contou o escritor Tarcísio Gurgel, seu colega nos tempos de teatro.

“Pouco depois enveredou de vez para o lado da literatura, pela poesia oral. Celso era dono de humor rasgado e pela presença de espírito”, acrescentou Tarcísio.

Glosa Glossarium” seria o próximo livro a lançar

Com Myriam Coeli, sua primeira esposa, dividiu a autoria do livro ‘Imagem Virtual’, em 1961, mais para vencer a timidez da poetisa e lançá-la no mercado do que qualquer outra coisa. A poetiza morreu em 1982 vitimada por um câncer.

No fim dos anos 80, decide abrir sua própria editora, a Boágua, cuja proposta era a de editar obras de escritores potiguares com custos baixos, pequenas tiragens e prezando pela qualidade literária. Foi assim que lançou, 1992, o póstumo “Da boca do lixo a construção servil”, de Myriam Coeli com ilustrações de Assis Marinho.

“Era uma figura, seguia os moldes dos tradicionais poetas assuenses. Celso sempre esteve presente nos últimos 50 anos da vida cultural da província. Grande glutão e contador de anedotas, contagiava todos com suas gargalhadas. Trabalhou em rádio, jornal e TV, era um artista multifacetado”, lembrou o jornalista Woden Madruga, seu parceiro de redação na TN.

Sua veia humorística parece ter realmente influenciado a todos pois, durante a conversa com Woden, o telefone falhou diversas vezes e ele, do outro lado da linha soltou: “só pode ser brincadeira do Celso lá de cima”, divertiu-se.

Outro parceiro de redação que lembra como Celso era impetuoso é o acadêmico Ticiano Duarte. “Fomos companheiros no Jornal de Natal, na Folha da Tarde, na República e na Tribuna. Inteligente, um dos melhores poetas do RN com conjunto de obra respeitável, Celso da Silveira era um grande contador de causos, boêmio e parceiro de vigílias. Amante do carnaval, gostava de sair vestido de pierrot e era membro da equipe que acompanhava o Rei Momo nos ‘assaltos’ carnavalescos”. Para a escritora Marize Castro, Celso é referência para o jornalismo, a poesia e o humor Norte-riograndense: “era um homem questionador e estava sempre disponível para o humor”.

Pai do escritor e poeta Eli Celso e casado com Lourdes da Silveira, 54, sua segunda esposa com quem viveu 22 anos, Celso foi o primeiro assessor de imprensa do Governo do Estado (cargo criado em 1961 pelo governador Aluízio Alves); e dirigiu veículos como a TRIBUNA, a Rádio Cabugi e a TV Universitária. Sua obra mais conhecida é o livro “Glosa Glosarum”, coletânea de glosas de diversos autores norte-rio-grandenses que será reeditada pelo Sebo Vermelho.

“Estava nos planos de fecharmos 2004 com esse livro mas veio a doença e ficamos no aguardo. Agora a 4º edição será lançada no fim de janeiro com apenas 300 exemplares. ‘Glosa Glosarum’ é considerado um best-seller da poesia potiguar. Era dos últimos intelectuais do quilate de Deífilo Gurgel, Ney Leandro de Castro, Dorian Gray e Sanderson Negreiros”, disse Abimael Silva. Como bom filho da terra, ele dizia que ‘toma café, almoça e janta Assu”.

SABER PEDIR




"Nós somos mendigos de DEUS.
Os que têm dinheiro, pedem paz. Os que têm paz, pedem amor. Os doentes reclamam saúde. Os oprimidos exigem justiça. Os errantes querem pouso. Os caluniados suplicam verdade. Os intranquilos mendigam a fé. Os orgulhosos esmolam humildade. Os humildes vêm a DEUS e aí se tornam pequenos grãos de milho.
Não há quem fique sem pedir. Mas, não há quem, pedindo, fique sem receber.
É a infinita Bondade de DEUS à qual nós temos que agradecer."

(Livro Comece o dia feliz)
Livro de reflexão de J.S. Nobre

sábado, 7 de janeiro de 2012


‎"A Mulher foi feita da costela do homem,
não dos pés para ser pisada,
nem da cabeça para ser superior,
mas sim do lado para ser igual,
debaixo do braço para ser protegida
e do lado do coração para ser amada."

sexta-feira, 6 de janeiro de 2012

DE GUIMARÃES ROSA

‎"O correr da vida embrulha tudo.
A vida é assim: esquenta e esfria, aperta e daí afrouxa, sossega e depois desinquieta. O que ela quer da gente é coragem..."

FRANCISCO AMORIM


Por Ezequiel Fonseca Filho
(Do livro Poetas e Boêmios do Açu, 1984)

Enquanto o impaludismo chegava a Várzea do Açu, trazido da África pelo Gâmbia, o mais terrível vetor dessa doença, Francisco Amorim escrevia um livro de versos intitulado "Seriema". Nessa época resolvi transferir minha família para Natal, deixando-me ficar como médico no foco da doença sobre a ação de atebrina.

Enquanto a copeira arranjava a mesa para o almoço, Francisco Amorim lia, para mim, alguns sonetos do seu livro. Vejamos este:

Vagando pelas ruas da cidade
A seriema cisma. , assim parece
Esquecer um vislumbre de saudade
Que cada dia no seu peito cresce.

A sua alma, talvez, creio, padece
a humana gente a pérfida maldade.
E, indiferente, cada vez mais tece
A mágoa que traz felicidade.

Alheia ao mundo filosofa a esmo.
Pára, absorta, na atitude mesmo
De quem até de si fica esquecida.

Horas a fio vendo-a meditando,
Eu também igual à Seriema eu sou na vida.

Levantando os óculos até a testa, pergunta-me: você acha que Seriema é uma ave cismarenta?  continua:

 A Seriema triste, recolhida
Aos recantos felizes da cidade,
Vive agora, de todos escondida,
Na sua ingênua infelicidade.

E quer assim viver, creio, esquecida
Dessa enganosa e vil humanidade,
Dentro do seu sonho, embevecida,
Gozar um pouco de tranquilidade.

No seu isolamento, cisma, pensa...
A visão do passado, viva, intensa,
Lhe traz o coração em desatino.

Pobre pernalta, à mágoa assim tamanha,
É igual, talvez, à mágoa que acompanha
As asperezas deste meu destino.

Chisquito, como o chamamos na intimidade, escreveu outro livro de versos a que deu o nome de "Teu Livro". Vamos ler outro soneto seu:

TEU LIVRO

Nem mesmo um só instante, flor que estimo,
Deixei de ver-te no meu pensamento.
O teu olhar, teu gesto, o teu arrimo,
Não fugiam de mim, um só momento.

Um detalhe sequer, que vale um mimo,
Se harmonizava com meu sentimento,
E se versos fazer ainda me animo,
É que tu és o meu deslumbramento.

Este livro, mulher, escrevi quando
Exilado de ti, olhar chorando,
Busquei no verso suportar a dor.

É teu. Não me pertence. Foi escrito,
Com o pranto que verti, quando proscrito,
Chorava a perda do primeiro amor.

Vamos ler mais um soneto

SÚPLICA

Vai alta noite já. Entro em meu quarto
À procura de um bem que não existe.
Passo as horas cismando, cheio, farto,
Desta saudade que em meu ser persiste.

Tenho opressão como se fosse enfarto,
Se processando na minha alma triste.
E se ânsias cruéis, sozinho parto,
Volto a te desejar. Ninguém resiste.

É a falta de ti que me aborrece.
E a insipidez da ausência me parece,
O longo isolamento do degredo.

Vem, já não suporto este martírio,
Aos meus olhos eu vejo a luz do círio,
Fica perto de mim. Não tenhas medo.

Chisquito não é só poeta. Tem livro também em prosa. "EU CONHECI SESYON" é um dos seus livros já em quarta edição. Além deste, tem outros: A "História da Imprensa do Açu"; A "História do Teatro", "Açu de Minha Meninice", e muitos outros. Chisquito é um dos mais salientes escritores de sua terra.

Em uma das eleições municipais para prefeito, Chisquito obteve maioria de votos. Eleito, exerceu a função de Prefeito, deixando um raio de luminosidade na sua Administração Municipal.

Postado por Fernando Caldas





quinta-feira, 5 de janeiro de 2012

A PRECE















Senhor, Tu  me mostrastes todas as estrelas e me acenaste para mim todos os brilhos do Teu mundo celeste.
A teoria dos astros em revoada
Arcanjos de longas asas como brilhantes acesos numa noite de eternidade.


(...)

João Lins Caldas, poeta potiguar assuense

A CARNAUBEIRA É NOSSA

                                                                      Ilistração do blog.


Por Vicente Serejo
(Artigo publicado em 22.11.05, Jornal Hoje)

Tem razão o poeta Diógenes da unha Lima no seu desassossego diante da investida dos cearenses dispostos a adotar a carnaubeira como símbolo, quando é quase centenária sua presença no nosso Brasão de Armas. E  é bom saber que a sua permanência nos é garantida por decreto de julho de 1909, portanto, há quase cem anos, quando Alberto Maranhão governava o Rio Grande do Norte, e tinha como vice0governador o ilustre poeta Henrique Castriciano, apenas vinte e um anos depois da então novíssima República nesta terra de Poti

É esta e discrição: O Brasão de Armas do Estado do Rio Grande do Norte é um escudo de campo aberto, dividido  dois terços de altura, tendo no plano inferior o mar, onde navega uma jangada de pescadores, que representa a indústria do sal e da pesca. No terço superior, em campo de prata, duas flores aos lados e dois capulhos de algodoeiro. Ladeiam o escudo, em toda a sua altura, um coqueiro à direita e uma carnaubeira à esquerda, tendo os troncos ligados por duas canas de açúcar presas com o laço com as cores naturais.

Acrescenta, ainda, o decreto: "Tanto os móveis do escudo, como os emblemas, em cores naturais, representam a flora principal do Estado. Cobre o escudo uma estrela branca, simbolizando o Rio Grande do Norte na União Brasileira".  finaliza com uma informação preciosa, fechando o decreto de apenas dois artigos: "O desenho original deste brasão de armas, executado pelo sr. Corbiniano Villaça, será arquivado na Secretaria do Governo e dele se tirará uma cópia autêntica para o arquivo do Instituto Histórico e Geográfico do Estado".

Tem razão, portanto, o poeta Diógenes da Cunha Lima, presidente da Academia  Norte-Rio-Grandense de Letras, quando defende a carnaubeira eleita há quase cem anos como um dos nossos símbolos. , como se não bastasse, a carnaubeira foi tema de um ensaio de quase sessenta páginas do maior Historiados do estado, Câmara CaScudo, pouco conhecido, mas publicado no número 2, ano, 26, edição de abril/junho de 1964 da Revista Brasileira de Geografia, só relançada em 1991 pela Coleção Mossoroense  numa edição fac-similada.

Neste ensaio, Cascudo considera improvável que Humboldt tenha pelo menos visto uma carnaubeira para descrevê-la como a Árvore da Vida. A carnaubeira foi descrita pela primeira vez por Jorge Marcgrav, informa Cascudo. O que Humboldt deve ter visto foi a palmeira carandá, muito semelhante, até na riqueza da cera natural, e não a nossa carnaubeira.  por isso desautoriza a afirmação antiga. Humboldt nunca viu a carnaubeira e sim a palmeira carandá, descrita por Klare S. Markley, um estudioso paraguaio, apesar do nome.

Interessante é o detalhe que Cascudo registra ao estudar o Brasão Holandês do Rio Grande do Norte. Para ele, não se justifica, como símbolo de presença abundante, a ema que passeia no campo do brasão: A não ser como homenagem ao chefe Janduí.  explica: é palavra de origem tupi, corruptela de Nhandu-I e quer dizer ema-pequena. É dedução lógica que Cascudo vai lastrear com o lema 'Velociter', "corredor, o que corre muito".  afirma, definitivo, fechando a discussão: "Janduí é a ema do brasão holandês do Rio Grande do Norte".

Postado por Fernando Caldas

domingo, 1 de janeiro de 2012

RETROSPECTIVA


FANFA SEMPRE FANFA


Por Aluizio Lacerda, BlogdeAluízioLacerda

Não poderia ser diferente ter no sangue tão profunda vertente, sua genealogia transcende vultos memoráveis da mais pura linhagem do saber, cultura poética das mais aguçadas da ribeirnha fertilizadora do ubérrimo vale do Açu, tradições que se evidenciam no presente, através do belissimo trabalho, feito abnegadamente por Fernando Caldas (Fanfa), cotidianamente um apaixonado dos causos e causas dos costumes regionalistas.

Fanfa tem sido um perfeito tradutor das grandes sabedorias que a eternidade consumiu com o passar do tempo, mas todos continuam revigorados no presente, graças ao timoneiro contemporâneo, usando o máximo da sua inteligência para fazer fluir as memórias das gerações passadas, no universo intelectual das gerações do presente.

Fanfa é na verdade um canal aberto, uma via direta para os caminhos do futuro dos que desejam cultuar momentos de prazeirosas leitura, amantes da arte e seguidores dos talentosos vates antepassados.

Faço uma santa devoção, diuturnamente dou uma acessada no blog do companheiro Fanfa, cada dia, cada noite, sinto o feliz prazer de rever fatos e fotos, informações e relatos de um tempo que se foi, que se não tiver outros Fanfas, preocupados com a sua propagação, certamente deixarão de aparecer, nunca de existir.

Parabéns, amigo Fanfa, continue sua prodigiosa labuta, resgate historicamente o legado deixado pelos grandes menestréis do nosso amado rincão.

"Fanfa sempre Fanfa" esse é o Fernando Caldas que bem conheço, guardião das estrofes bem produzidas, sempre alerta as rimas, repentes, toadas ou loas da exuberante poesia, cantada em vento e prosa nas alpendradas rústicas, choupana do pobre ou sobrado do rico, ilustradas pelo farfalhar das abundantes carnaubeiras do nosso torrão.

Escrito por aluiziolacerda às 17h03






LUIZ CARLOS LINS WANDERLEY – 1831/1990, foi um dos primeiros poetas do Assu, primeiro médico e romancista do Rio Grande do Norte. Foi também...