segunda-feira, 21 de setembro de 2020

Assu de Outrora

“Orgulho de ser Walter de Sá Leitão”

João de Sá Leitão e Rosenda (Rosa) Wanderley de Sá Leitão são os pais de Walter de Sá Leitão, nascido aos 27 de dezembro de 1918. Dois dias após a festa do Natal de Jesus Cristo – o Salvador, nascia o primeiro filho homem do jovem casal; antecedido por sua irmã Clarice. No nascimento, moravam à rua Casa Grande, no centro de Assu. A prole do casal expandiu-se e nasceram mais sete filhos: José, João Batista, Zuleide, Paulo, Maria Enilda, Teresinha e Adilson Wanderley de Sá Leitão.

Seu pai João de Sá Leitão, seu Giovani, era um daqueles senhores de antigo e seleto naipe, que se multiplicava em diversas facetas e atividades: cooperativista, de grandes ações, dedicado à causa agropecuária; Dona Rosinha, sua mãe, tinha o destino fissurado por uma moléstia que a acometeria e, em face desta, a levaria do seio familiar em 18 de agosto de 1938. Cristã fervorosa, mãe amantíssima, extremosa esposa, cuja morte aniquilou um leque de esperanças.


Walter frequentou os bancos escolares do antigo Grupo Escolar Tenente Coronel José Correia, em Assu, iniciando no dia 20 de fevereiro de 1925 e concluindo a 18 de dezembro de 1932. Estudou, também, na escola particular de Josefina Fontan, ex-religiosa das Filhas do Amor Divino, concluindo o Curso Comercial. Não optou, porém, em dar con
tinuidade ao curso superior, uma vez que havia prestado o Artigo 100, no Colégio Santo Antônio (Marista), em Natal.

Casou-se com a jovem Laura da Silveira (e Sá Leitão) e constituiu uma prole de três filhos: Mara Betúlia, Max Breno (que faleceu em tenra infância) e Pedro Silveira e Sá Leitão, de cujo matrimônio ficou viúvo em 1948. Veio a casar-se com Maria Evangelina Tavares (de Sá Leitão), de cujo casamento nasceram cinco filhos: Carlos Alberto, Carlos Augusto, Carlos Antônio, Aída Celeste e Luís Antônio Tavares de Sá Leitão.

Walter detinha dentro de sua máquina humana um coração feito de desprendimento, caridade e bondade, que o fazia esquecer seus próprios interesses. Polarizando uma influência social, com destaque para a agropecuária e empreendimento, candidatou-se em 1962 a prefeito municipal, disputando o cargo com Maria Olímpia Neves de Oliveira, que saiu eleita, travando a campanha “Onça versus Golinha”. Já em 1972, candidatou-se novamente, com José André de Souza como seu vice, vencendo as eleições no dia 15 de novembro de 1972. Empossado no dia 31 de janeiro de 1973, propunha à população assuense avanços nos diversos setores sociais, e governando até 31 de janeiro de 1977.


Em 1973, unindo-se às reinvindicações revolucionárias de estudantes assuenses por uma instituição de ensino superior na cidade, decidiu liderar a causa, buscando junto ao governo estadual a Fundação Universitária Regional do Rio Grande do Norte – FURRN. Contando com José Cortez Pereira de Araújo como governador e Vingt Rosado, deputado federal, o ideal foi alcançado em 1974 por meio do Ato Executivo 0007/74/CP/FURRN na gestão do presidente Professor Francisco Canindé Queiroz e Silva. A Instituição foi inaugurada em 16 de outubro de 1974, dia de emancipação política e administrativa do Assu. O prefeito municipal, Walter de Sá Leitão, foi o propositor de tão meritória instituição que, atualmente, é patrono. O Campus Avançado Prefeito Walter de Sá Leitão – UERN possibilita a graduação de estudantes das cidades circunvizinhas.
O “golinha”, como era conhecido, tinha um jeito peculiar, espirituoso e irreverente bem retratado por Celso da Silveira no livro “O Homem Ri de Graça”, 1982, do qual ele é a figura de inspiração e personagem principal. Apesar das vicissitudes da vida, Walter estava sempre proporcionando o bom humor aos amigos, bom nos causos, anedotas e tiradas. Como reconhecimento e gratidão pelos seus salutares feitos à terra natal, sua família recebeu, em 2001, o título de “Assuense do Século”, com 4.342 votos.


Cumprindo de forma honrosa a sua missão enquanto pai, esposo, avô, irmão e distinto amigo, Deus o chamou para a felicidade eterna em 01 de dezembro de 1983, aos 64 anos. Seu amigo João Marcolino de Vasconcelos, na ‘Crônica que escrevi para você’, afirma que “o limite de sua bondade somente poderia encontrar um comparativo de igualdade em você mesmo”. Walter não foi um homem comum, mas, sobretudo, um idealista, sempre irrequieto e empreendedor. Fez tudo o que a vida lhe acenou e construiu um inesgotável patrimônio, dimensionado pelo carinho dos amigos que ele soube ter. Hoje, 27 de dezembro, merecidamente, sua figura é lembrada de forma especial.
Pedro Otávio Oliveira, 2018.

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Palavra Doada

Porque ninguém sabe
Que isto não me cabe
E transmuto meu silêncio
engolindo tudo a sós

E quando olho minhas mãos
já estão assim cansadas
e escrevos versos
Mergulho em meu
universo e nele
sou embalada

E assim como quem
talha o bruto
dou forma
aos meus sentidos
e o verso sovado
se molda ao
que me dispo

Como um escultor
em seu mármore
quebro arestas
do que está
sobrando e
minha alma se eleva

tudo flui
palavra doada
já está colada
moldada em
meu silêncio
de poesia

Adriane Lima

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Senhor, Tu não me faltaste com a Tua misericórdia.
Senhor, Tu me não faltaste com a Tua misericórdia.
A tua misericórdia, Senhor, a graça bendita que me não faltou.
Mas eu, Senhora, que me faltei da graça bendita da Tua misericórdia.

Caldas, poeta potiguar do Assu




domingo, 20 de setembro de 2020

 

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Giovana Machado

Vale a pena ler

Aprenda isso n é amor

N é amor se te machuca.
- N é amor se te controla.
- N é amor se te faz sentir medo de ser quem vc é.
- N é amor se te bate.
- N é amor se te humilha.
- N é amor se te proíbe de usar as roupas q gosta.
- N é amor se duvida da sua capacidade intelectual.
- N é amor se n respeita sua vontade.
- N é amor se força sexo.
- N é amor se duvida constantemente da sua palavra.
- N é amor se n confia em vc.
- N é amor se te impede de estudar e/ou trabalhar.
- N é amor se te trai.
- N é amor se te chama de burra e de louca.
- N é amor se vc chora mais do q sorri.
- N é amor se agride teus filhos.
- N é amor se agride teus animais de estimação.
- Não é amor se mente constantemente para você.
- Não é amor se te diminui, se te compara, se te faz sentir pequena.
O nome disso é abuso e tortura.
E você merece AMOR. Muito amor.
Existe vida fora de um relacionamento abusivo e torturador.
Acredite em mim!
Se vc se esforçou pra ler até aqui deixe seu up para chegar ao maior número de pessoas possível.

A aristocrática e poética cidade de Assu perdeu hoje, na morte, Enoe de Oliveira Amorim. Gente de boa cepa participou durante sua longeva existência (noventa anos de idade), da vida social, cultural e política da sua terra berço. Mulher respeitável, admirável, Certa vez, contou-me do drama que viveu com sua mãe e demais familiares, seu pai, preso político injustamente, isso, salvo engano, na década de trinta. Sua mãe era uma mulher culta e seu irmão chamado Osvaldo de Oliveira Amorim, foi um dos responsáveis pela retomada do desenvolvimento de uma importa região denominada Vale do Açu. Enoe era uma figura admirável, respeitável. Os jovens diziam quando ela passava pelas ruas da cidade: Aquela é Enoe Amorim, numa demonstração de simpatia e de reconhecimento pelo que ela representava para a terra de São João Batista, o Padroeiro do Assu. Por fim, Enoe vai fazer falta como conhecedora das estórias e da história da terra assuense. Fica, portanto Enoi, as minhas boas recordações e lembranças de você, das muitas conversas que tivemos nas calçadas da Rua Frei Miguelinho e da Praça da Matriz. E que você durma o sono dos justos. Você merece Enoi.

Fernando Caldas
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quarta-feira, 16 de setembro de 2020

 Nas Asas da Vida

Poema perdido no jardim

Eu só queria mãos
que me ajudassem
arrumar jardins
eu só queria braços
que me protegessem
eu só queria corpos
que me desacelerassem
eu só queria músicas
quem me elevassem aos céus
eu só queria vozes
que me dissessem confortos
eu só queria silêncios
que partilhassem sossegos
eu só queria sonhos
que me vivessem futuros

eu só queria o amor
que amasse o amor comigo

Adriane Lima

segunda-feira, 14 de setembro de 2020

 

CONVENÇÃO DO SOLIDARIEDADE DE ASSU

Alex Silva

Solidariedade do Assú demonstra sua força política em convenção

Realizada ontem sábado dia 12 de setembro, a convenção partidária do Partido Solidariedade da cidade do Assú, reuniu quase 100 pessoas, respeitamos as medidas de segurança, com distanciamento social, todos tiveram acesso a higiene pessoal lavando as mãos e uso de álcool em gel, e todos usando máscaras.

Na oportunidade o partido homologou 14 nomes que vão disputar por vagas no legislativo municipal, no próximo pleito eleitoral no 15 de novembro, em nossa cidade o partido em Assú é presidido pelo vereador Francisco de Assis Tê.

O vice-presidente e representante regional do partido é o vereador João Paulo, o solidariedade de Assú, apoia a reeleição do atual prefeito Dr. Gustavo Soares.

Alex Silva Assu adicionou 95 novas fotos ao álbum "Convenção partidária do solidariedade do Assú 2020.".

Solidariedade do Assú demonstra sua força política em convenção

Realizada ontem sábado dia 12 de setembro, a convenção partidária do Partido Solidariedade da cidade do Assú, reuniu quase 100 pessoas, respeitamos as medidas de segurança, com distanciamento social, todos tiveram acesso a higiene pessoal lavando as mãos e uso de álcool em gel, e todos usando máscaras.

Na oportunidade o partido homologou 14 nomes que vão disputar por vagas no legislativo municipal, no próximo pleito eleitoral no 15 de novembro, em nossa cidade o partido em Assú é presidido pelo vereador Francisco de Assis Tê.

O vice-presidente e representante regional do partido é o vereador João Paulo, o solidariedade de Assú, apoia a reeleição do atual prefeito Dr. Gustavo Soares.

Fotos: Alex Silva

 

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Nas Asas da Vida
2 d

Rio e em mim navego

Eu sou só
para olhar ao meu redor
para limpar a mágoa
para bater os tapetes
para florir o jardim

eu sou só
para abrir as cortinas
para erguer os olhos
para virar a mesa
para chorar por mim

eu sou só
para visitar sorrisos
para aquecer o corpo
para arrumar a cama
para abraçar silêncios

eu sou só
para navegar os ventos
para por roupas no varal
para colorir meus dias

eu sou só
e visito diariamente
meus instantes comuns
simbioticamente eu e eu

onde só a poesia
é sinal de companhia

Adriane Lima

terça-feira, 8 de setembro de 2020

EDITAL DE CONVOCAÇÃO - CONVENÇÃO MUNICIPAL DO SOLIDARIEDADE DE ASSÚ/RN



Como era comer fora em Natal a partir de 1900

Como era comer fora em Natal a partir de 1900


Na av. Tavares de Lira, prédio já foi o Cova da Onça e Carneirinho de Ouro | Foto: Rogério VitalFoi no início do 

Século XX que a cidade começou a ganhar suas primeiras casas para bebericar grogues e petiscar salames e peixadas

03 de julho de 2020

Por Tádzio França e Cinthia Lopes 
 

Comer e beber, além de necessidades físicas, também são indicadores culturais de sociabilidade, evolução e história. O cenário gastronômico natalense é uma boa prova disso: se hoje em dia oferece de tudo ao toque de um aplicativo, há pouco menos de um século era movido apenas a álcool e petiscos simples. Sair de casa para comer era, antes de tudo, um ritual social e masculino. Ao longo do século, o menu natalense foi ganhando identidade, tamanho e diversidade, refletindo as mudanças de sua época. Claro, como é típico deste local, tudo em ritmo bem vagaroso. A degustação histórica é lenta, mas pode ser saborosa.

Natal entrou no século XX com vontade de superar o acanhamento colonial que vigorava até então em sua vida social. Os anos 1900 trouxeram uma praça glamourosa para a época, o teatro e o cinema, portanto, a capital potiguar não poderia mais viver de serenatas, modinhas, piqueniques e passeios à praia com a família. Os cafés e bares foram os primeiros estabelecimentos a darem algo mais ao natalense. Lugares para ir após o trabalho, encontrar os amigos, conhecer pessoas novas, discutir os assuntos do momento, beber e comer coisas diferentes.

Os primeiros ‘happy hours’ da vida natalense se desenrolaram entre os bairros da Ribeira e Cidade Alta. Eram esquinas e cruzamentos que se tornaram símbolos de um tempo. Na Ribeira, tudo de melhor acontecia entre a Avenida Tavares de Lira e a Rua Dr. Barata; no centro, a badalação convergia para o ‘Grande Ponto’, como ficou conhecida a área entre a Rua João Pessoa, a Avenida Rio Branco e a Rua Princesa Isabel.

Imóvel da Av. Tavares de Lira tem um passado ligado à vida boêmia, do Cova da Onça ao Carneirinho de Ouro Foto: Rogério Vital

A Ribeira concentrava o maior número de bares, bilhares e cafés da cidade, lugares como o Café Socialista (1903), Café Chile (1916), Cova da Onça (1916) e o Bar Antártica (1921). Durante as primeiras quatro décadas do século XX, a Ribeira era oficialmente o bairro mais elegante de Natal. Esses estabelecimentos eram anunciados em jornais da época como “esteios da civilização”, na linguagem pomposa e exagerada do começo do século passado.  

A professora e historiadora Viltany Oliveira, autora do livro “Cantos de Bar: sociabilidades e boemia na cidade de Natal (1946-1960)”, afirma que esses novos points eram apostas da elite natalense para refinar e modernizar a sociedade local. “Eram espaços de sociabilidade para as elites natalenses, interessadas em avançar aos padrões de elegância e civilidade, qualidades essenciais para a cidade ir adiante na condição de capital moderna”, explica.

Os cafés logo se tornaram refúgios de funcionários públicos, profissionais liberais, políticos, empresários, estudantes, jornalistas, escritores, poetas. E como eram esses locais? Segundo o cronista João Amorim Guimarães, os cafés da Ribeira eram “ricamente instalados em salões decorados a capricho, com mobiliário de luxo, prateleiras artísticas, mesas de mármore verdadeiro, garçons  bem  trajados,  limpos,  sociáveis,  polidos,  distintos e educados”.

A Rotisserie Natal foi, nos anos 20, também um lugar elegante para a época. Foto: Rogério Vital

Arteculinarista
Muitos endereços passaram à história, como a Rotisserie Natal, prédio número 20 da Tavares de Lira. O lugar, que já abrigava os ilustres locais, também recebeu em 1928 o escritor modernista Mário de Andrade em sua passagem pelo estado. O momento está registrado no livro “O Turista Aprendiz”. Mário deve ter consumido queijos, presuntos, e bebidas nacionais e estrangeiras. Também deve ter apreciado o ambiente, que segundo as descrições tinha dimensões amplas e iluminação elétrica. A Rotisserie também procurava inovar, como quando trouxe um ‘arteculinarista’ português para caprichar no cardápio.

Rotisserie Natal anuncia o "arte culinarista" português Alfredo. E a "Despensa natalense" sortida para as festas

Outro lugar célebre, o Cova da Onça, era um misto de café, bar e bilhar, onde se podia degustar bebidas nacionais e importadas. O Café Chile, situado na Travessa Aureliano de Medeiros, além do cafezinho oferecia caldo de cana, refrigerantes, aperitivos e sucos. Já o American Bar se destacava pelo sorvete, feito de “pura nata”. Não há dúvida que era artesanal. O cinema Politeama, inaugurado em 1911, tinha serviço de bar e sorveteria. Das sete às 18h, os bares ofereciam café, queijos, sucos e lanches. À noite, os cafés tornavam-se espaços boêmios. No cardápio saíam grogues (bebida de rum, água e açúcar), cervejas, fritadas, lombo de porco, galinhas e filés.

Grande Ponto
A Cidade Alta também não deixava barato no quesito boemia e diversão. Nos anos de 1920 e 30 existia no bairro o Café Grande Ponto, na esquina da Rio Branco com a João Pessoa, uma  mercearia com serviço de bar e duas mesas de bilhar. A popularidade desse espaço acabou por batizar toda a área. Os cinemas, as confeitarias, as sorveterias, os cafés e os bares mais badalados estavam no Grande Ponto.

No final do Século XIX, o prédio da Ulisses Caldas foi o Café Potiguarania, Pharmacia Natal, Café Magestic e Royal Cinema

Um dos espaços de lazer mais antigos do bairro era o Café Magestic, localizado na esquina da Rua Ulisses Caldas com a Vigário Bartolomeu. Antes, no local funcionou o Café Potiguarânia, em atividade desde o final do século XIX. Apesar de ter um salão de bilhar, ficou mais conhecido como ponto da boemia literária da época. Era um dos lugares favoritos de Câmara Cascudo.

Os estabelecimentos da região vendiam cafés, cerveja, grogues, aguardentes, fritadas de camarão ou de caranguejo, petiscos de galinha ou de carne de porco, picles, embutidos, azeitonas, e o popular fiambre, (uma carne fria em conserva similar a um presunto). O jornalista Alexandre Gurgel, chef e pesquisador, ressalta que se ia mais aos cafés para beber e conversar do que para comer, daí os cardápios serem tão simples. E a época também era outra. “Nada refinado, a gastronomia aqui estava no início. O fornecimento também não era grande coisa, então só tinha isso, coisas rápidas, petiscos”, diz.

O Polytheama funcionou na Ribeira, um dos endereços mais movimentados do bairro

O Grande Ponto tinha ainda a Confeitaria  Helvetica, o  Bar  e  Confeitaria  Cisne,  Bar  e  Café  Expresso, Restaurante Prato de Ouro, Bar Dia e Noite, o Café São Luiz, e o Bar e Confeitaria Granada, este, do espanhol Nemésio Morquecho, que apresentou aos natalenses da década de 50 iguarias ainda inéditas por aqui como lula na tinta, testículos de boi, paella, iscas de fígado acebolado, ostra crua, e outras ‘tapas’. O Granada funcionou de 1954 a 1975, na Av. Rio Branco, recebendo ilustres como Monteiro Lobato e o príncipe Philip. Em 1975 o bar virou o restaurante Nemésio’s, e existe até hoje, agora no Tirol.

 Confeitarias
 Naquele cenário comercial emergente, as chamadas confeitarias eram espaços que também ganhavam cada vez mais território. Elas se caracterizavam  por  comercializar  artigos  de  confeitaria  e  lanches.  Eram lugares  frequentados  por  famílias  e  estudantes  que  paravam  pra comprar bombons, “confeitos” e doces. Uma das mais badaladas e bem sortidas era a Confeitaria Delícia, na Praça Augusto Severo, Ribeira. Vendia bombons, chocolates, frutas, presuntos, queijos, vinhos, e produtos importados. Na década de 40 foi acrescentado um bar, onde se bebia cerveja, conhaque, macieira, além de aperitivos como empadas e pastéis.

Confeitarias e cafés anunciavam nos jornais seus atrativos e produtos para festas

Menu mar e terra
Até meados do século XX Natal não tinha uma identidade culinária. Esta começou a ser moldada aos poucos pelo aparecimento de bares e restaurantes populares que destacavam determinados tipos de prato: a peixada e a carne de sol. “A gastronomia de Natal se polarizou no início entre o litoral e o sertão. As peixadas, que ofereciam os peixes e os pratos à base de frutos do mar, inicialmente mais peixe e camarão (lagosta só muito tempo depois), e as carnes assadas, herança do pessoal do interior”, afirma Alexandre Gurgel.

A Ribeira era o mais comercial dos endereços e concentrava hoteis e restaurantes

As casas de peixada foram as primeiras a se destacar na incipiente paisagem culinária da capital. Para Alexandre é um fato óbvio, já que por Natal ser uma cidade litorânea havia a oferta abundante de frutos do mar. E foi no próprio Canto do Mangue que surgiu a Peixada da Comadre, em 1931, até hoje a maior referência no assunto. O peixe cozido com legumes e ovos e servido com pirão virou um símbolo local. Em 1950 a casa já era uma referência entre a elite e a classe política da cidade, o que elevou ainda mais sua moral. Em 1956 Newton Navarro escreve a crônica “Peixe”, inspirado no restaurante. A Peixada saiu das Rocas e se firmou na Praia dos Artistas, até hoje.

O sucesso da Comadre fez surgir outras peixadas na esteira, como a Peixada do Chorão, em 1960, ainda em funcionamento na praia de Areia Preta. A Peixada Potengi, na Tavares de Lira, Ribeira, foi point dos boêmios, pois também era bar e ficava aberta 24 horas. “O pessoal ia curar a ressaca com um caldo famoso que tinha por lá”, diz Alexandre. O chef também lembra da Peixada do Caindão, que frequentava com a família  na praia de Miami, próximo a Areia Preta.   

Na outra ponta, também crescia a popularidade dos restaurantes de carne assada. Os dois mais conhecidos ficavam nas Rocas: a Carne de Sol do Lira e a do Marinho. “Eram as mais procuradas pela sociedade natalense quando saíam de casa pra comer. Os políticos também gostavam de fazer suas reuniões por lá”, diz Alexandre. O restaurante foi criado em meados dos anos 50 por Júlio Lira da Silva, paraibano comerciante de carne de sol autêntica. A venda logo virou restaurante, e o prato, sua marca registrada: carne com farofa d’água, macaxeira, feijão verde, salada e arroz. De Rita Lee a Luiz Gonzaga, todo mundo aprovou.

Famosa foto dos militares americanos na varanda do Grand Hotel. Após a guerra, o restaurante se manteve em alta entre a elite local, sendo ponto de encontro político. Foto Michel Ochs/ Getty Images

O jornalista Woden Madruga afirma que seu paladar foi moldado pelas peixadas e carne assadas que surgiram dos anos 50 em diante. “Não havia ‘points’ naquele tempo, a vida social era pequena, então era fácil a gente assimilar o que surgia na hora”, diz. As casas populares que se destacaram ajudaram a formar a identidade da culinária natalense e até mesmo potiguar, acredita Woden. Para completar o cardápio popular, o restaurante Casa de Mãe, também nas Rocas, pôs a galinha cabidela na rota da badalação culinária da cidade. A casa ainda existe, mas sem o peso que teve no passado.

Até a década de 70, os restaurantes mais refinados de Natal estavam nos hotéis. Woden lembra do restaurante do Grande Hotel, que mesmo depois da 2ª Guerra, se manteve em alta entre a elite local, sendo ponto de encontro político. Os almoços eram concorridos, assim como o jantar, mesmo fechando cedo. Havia trilha sonora ao vivo no piano. No menu, o filé mignon e a feijoada eram bastante pedidos.

Alexandre Gurgel ressalta que as cozinhas dos restaurantes de hotel eram as mais requisitadas para eventos políticos, como os jantares, que eram oferecidos para prefeitos, governadores, etc. “Quando eles faziam reuniões maiores recorriam aos restaurantes dos hotéis da cidade, que eram poucos e se concentravam basicamente na Ribeira”, diz.

O Grande Hotel já era uma antiguidade quando o Hotel Reis Magos abriu as portas em 1965, na Praia do Meio. Woden ressalta que era seu lugar favorito para almoçar no domingo. O restaurante era aberto para passantes, e a badalação era grande. A cozinha era comandada pelo chef – ou mestre-cuca, como se dizia – Alfredo Machado da Silva, cujos filhos Nelson e Azel abriram o café Machado, nas Quintas. De lá trouxeram iguarias setentistas como fricassê de frango com aspargo, taça de camarão crocante ao molho, filé flambado, entre outros.

“A cozinha e os profissionais do Hotel dos Reis Magos foram sem dúvida alguma, a maior referência para a gastronomia refinada, a alta gastronomia da época em Natal”, diz Alexandre. O chef ressalta ainda a importância da Toca do Chicão, no Aeroclube, onde muitas famílias iam para almoçar. Nos anos 70 também surgiu o Xique-Xique, que segundo Woden Madruga, “mudou parâmetros” no roteiro culinário da pequena cidade. Trouxe refinamento, pratos franceses, e outras iguarias. Segundo ele, o restaurante se alinha com expansão do turismo em Natal. O Xique-Xique funcionou até o início dos anos 2000. Daí em diante, houve a explosão da cena gastronômica natalense como a conhecemos atualmente.  


 

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