quarta-feira, 23 de dezembro de 2020

AS METAMORFOSES DO CORONELISMO

 Rostand Medeiros

https://tokdehistoria.com.br/

Coronel Marcolino Diniz e seus homens de confiança, Paraíba.

José Murilo de Carvalho – Professor UFRJ (Publicado no Jornal do Brasil em 6/05/2001).

“A lei parava nas porteiras das fazendas. O governo renunciava ao seu caráter público. Um elementar senso de autodefesa dizia à população rural que era mais vantajoso submeter-se ao poder e a proteção do coronel”

Dizia Víctor Nunes Leal, no clássico Coronelismo, enxada e voto, publicado em 1949, que coronelismo era compromisso entre poder privado e poder público. O compromisso, continuava ele, derivava de um longo processo histórico e se enraizava na estrutura social. A urbanização, a industrialização, a libertação do eleitorado rural, o aperfeiçoamento da justiça eleitoral, acreditava, iriam enterrar coronéis e coronelismo.

Pedida a bênção a quem de direito, me aventuro em variações em torno do tema.

Coronel Antônio Ferreira de Carvalho, conhecido como “Antônio Caixeiro”, Sergipe.

No princípio, era o “coronel”. Entre aspas, porque não era chamado assim. Era o homem-bom, o chefe , o patriarca, o mandão, o grande senhor de terras e de escravos, base da organização social da colônia. Alguns historiadores o chamaram até de senhor feudal. Comandava vasto séquito que incluía a família, a parentela, os escravos, os agregados, os capangas. Todos dependiam dele, de seu poder, de seu dinheiro, de sua proteção. Controlava a terra, o trabalho, a política, a polícia e a justiça. Alguns isolavam-se no interior comandando estados à parte. A maioria, no entanto, desde o início vinculava-se à economia exportadora e à administração colonial. O poder colonial não tinha braços suficientes para administrar e delegava aos chefes locais tarefas de governo ou simplesmente deixava que mandassem como bem entendessem.

“Foi na Bahia que os coronéis chegaram ao auge da influência, como tão bem demonstra a obra romanesca de Jorge Amado”

Quando a colônia virou Brasil, o “coronel” virou coronel, sem aspas. A Regência, imprensada entre reacionários de um lado e “povo e tropa”, do outro, não tinha como manter a ordem. Criou a Guarda Nacional, de olho na congênere francesa, para colocar a manutenção da ordem nas mãos dos que tinham o que perder. Faziam parte da Guarda os adultos entre 21 e 60 anos que tivessem renda de 200 mil-réis nas quatro maiores cidades e 100 mil-réis no resto do país. Os oficiais eram nomeados pelo ministro da Justiça, sob recomendação dos presidentes de província. Pode-se adivinhar quem era escolhido. A hierarquia da Guarda seguia a hierarquia da renda e do poder.

Coronal Erônides Ferreira de Carvalho, filho de Antônio Ferreira de Carvalho, Sergipe.

O chefão local virava coronel, o posto mais alto, o segundo mais poderoso virava tenente-coronel, o seguinte major, e assim por diante. Lavradores e artesãos tinham que se contentar em ser praças. A Guarda foi um eficiente mecanismo encontrado pelo governo para cooptar os senhores de terra, para estreitar o laço entre governo e poder privado. Se o posto de coronel não bastava, o governo o fazia barão. Com o tempo, a Guarda deixou de exercer funções de segurança e virou instrumento político-eleitoral. O coronel virou chefe político. A ele se dirigia o deputado para pedir votos. Vangloriava-se das relações com políticos da capital. Alguns iam a cidades próximas para mandar carta para si mesmos, pretendendo ser carta de deputado. Podia ser caprichoso. Na década de 50 do século XX, um coronel ainda se negou a apoiar um pretendente porque não dava votos a quem usava paletó rachado na bunda. A tecnologia eleitoral aperfeiçoou-se em suas mãos. Criou o voto de defunto, o fósforo, que votava várias vezes, o capanga que espantava o opositor, o curral, o bico-de-pena. Para seus subordinados, continuava sendo o chefe, o juiz, o protetor. Seu capanga não era condenado se cometesse crime, seus dependentes não eram recrutados para o serviço militar, seu escravo era solto. Sua mulher não precisava ser defendida das autoridades porque estava submetida a sua justiça particular.

Coronel Horácio Queirós de Matos, Bahia.

A federação de 1891 abriu as portas do paraíso para o coronel. Agora havia um governador de estado eleito que dependia mais dele do que o ministro da Justiça. Surgiu o coronelismo como sistema na terminologia de Víctor Nunes. O coronel municipal apoiava o coronel estadual que apoiava o coronel nacional, também chamado de presidente da República, que apoiava o coronel estadual, que apoiava o coronel municipal. Aperfeiçoou-se ao máximo a técnica eleitoral. Quanto mais regular a eleição, de acordo com as atas, mais fraudada era. Nem a capital da República escapava. Um coronel da Guarda costumava incluir entre os preparativos das eleições cariocas a contratação de um médico para assistir os feridos nos inevitáveis rolos que seus próprios capangas provocavam. Aumentou também o dá-cá-toma-lá entre coronéis e governo. As nomeações de funcionários se faziam sob consulta aos chefes locais. Surgiram o “juiz nosso” e o “delegado nosso”, para aplicar a lei contra os inimigos e proteger os amigos. O clientelismo, isto é, a troca de favores com o uso de bens públicos, sobretudo empregos, tornou-se a moeda de troca do coronelismo. Em sua forma extrema, o clientelismo virava nepotismo. O coronel nomeava, ou fazia nomear, filho, genro, cunhado, primo, sobrinho. Só não nomeava mulher e filha porque o lugar delas ainda era dentro de casa.

Os coronéis tornaram-se poderosos e onipresentes. Em São Paulo, Minas e Rio Grande do Sul foram enquadrados pelos partidos republicanos estaduais, o PRP, PRM, PRR. No Rio Grande do Sul, seu enquadramento foi feito por Júlio de Castilhos. Dele se conta que ao ouvir um coronel interiorano começar uma frase assim: “Chefe, eu penso que…” interrompeu-o bruscamente dizendo: “Você não pensa, quem pensa sou eu”. Outros estados, como Bahia e Pernambuco, tiveram maiores dificuldades em controlá-los. Nesses estados, alguns coronéis se tornaram legendários. Em Pernambuco, Chico Romão, Chico Heráclio, Veremundo Soares, coronel intelectual, e José Abílio, de que um padre disse poder ser enquadrado em todos os artigos do Código Penal.

Coronel Audálio Tenório de Albuquerque, Pernambuco.

Foi na Bahia que os coronéis chegaram ao auge da influência, como tão bem demonstra a obra romanesca de Jorge Amado. De tão fortes, desafiavam o governo do estado. O coronel estadual, ou governador, em geral membro das velhas oligarquias, não conseguia controlar os coronéis municipais, chefes de estados dentro do estado. Os partidos, Republicano da Bahia e Republicano Democrático, eram meras aglomerações de coronéis rivais. O maior dos coronéis baianos na Primeira República foi Horácio de Matos, senhor das Lavras Diamantinas. Em fins de 1919, ele chefiou uma revolta de coronéis contra o governo do estado. Reuniu mais de 4 mil homens em armas. O governo federal interveio e assinou um tratado de paz com os coronéis, passando por cima do governador. Horácio lutou contra a coluna Prestes e contra Lampião. Em 1930, a pedido de Washington Luís, reuniu milhares de homens para atacar Minas Gerais na expectativa de fazer abortar a revolução que a Aliança Liberal pusera na rua.

Coronel José Pereira Lima, Paraíba.

O coronelismo, como sistema nacional de poder, acabou em 1930, mais precisamente com a prisão do governador gaúcho, Flores da Cunha, em 1937. O centralismo estado-novista destruiu o federalismo de 1891 e reduziu o poder dos governadores e de seus coronéis. Mas os coronéis não desapareceram. Alguns da velha estirpe ainda sobreviveram ao Estado Novo. Chico Romão viveu até a década de 60, assustado ao final da vida com o surgimento das Ligas Camponesas. E surgiu o novo coronel, metamorfose do antigo, que vive da sobrevivência de traços, práticas e valores remanescentes dos velhos tempos.

O coronel típico da Primeira República dependia do governo para manter seu poder. Era governista por definição. Nos casos extremos em que se revoltava contra o governo estadual, fazia-o em conluio com o governo federal. Víctor Nunes percebeu com clareza o problema. O coronel não era funcionário do governo, mas tão pouco senhor absoluto, independente, isolado em seus domínios. Era um intermediário. Sua intermediação sustentava-se em dois pilares. Um deles era a incapacidade do governo de levar a administração, sobretudo da justiça, à população. Constrangido ou de bom grado, o governo aliava-se ao poder privado, renunciando a seu caráter público.

Coronel Joaquim da Silva Saldanha, o “Quincas Saldanha”, Rio Grande do Norte.

A lei parava na porteira das fazendas. O outro era a dependência econômica e social da população. Até 1940, a população brasileira era predominantemente rural (60% nessa data), pobre e analfabeta. Um elementar senso de autodefesa lhe dizia que era mais vantajoso submeter-se ao poder e à proteção do coronel. Fora dessa proteção, restava-lhe a lei, isto é, o total desamparo. Não havia direitos civis, não havia direitos políticos autênticos, não havia cidadãos. Havia o poder do governo e o poder do coronel, em conluio.

Com base nessas premissas, Víctor Nunes previa o fim do coronelismo e do coronel quando o país se industrializasse e urbanizasse, as eleições se moralizassem, o cidadão se emancipasse. O país urbanizou-se (81% da população são hoje urbanos), industrializou-se (só 24% da mão de obra se emprega na agricultura), o direito do voto se estendeu a 65% da população, a justiça eleitoral acabou com a fraude. Diante desses dados, é preciso optar por uma das seguintes saídas: ou dizer que Víctor Nunes se enganou na previsão; ou admitir que ele acertou e que falar hoje em coronel é mera figura de linguagem, retórica política; ou afirmar que a palavra está sendo usada com outro sentido.

Coronel Abílio Wolney, Goiás.

Vamos por partes. São inegáveis as drásticas mudanças econômicas e demográficas por que passou o país desde 1950. Mas algumas coisas não mudaram tanto. Não mudaram a pobreza, a desigualdade e, até recentemente, o nível educacional. Os 50% mais pobres da população ainda recebem apenas 14,5% da renda nacional, ao passo que o 1% mais rico fica com quase a mesma parcela, 12,5%. Adotando-se a linha divisória de 70 dólares, definida pela Organização Mundial de Saúde, mais de 50% dos brasileiros devem ser classificados como pobres. Para o Nordeste, a porcentagem sobe para 80%. A renda per capita de São Paulo equivale a 5 vezes a do Piauí. Cerca de 30% da população de 15 anos ou mais são analfabetos funcionais (menos de quatro anos de estudo). No Nordeste, a porcentagem é de 50%, no Nordeste rural, de 72%. A pobreza e a baixa escolaridade mantêm a dependência de grande parte do eleitorado. O clientelismo tem aí terreno fértil em que vicejar.

Coronel Francisco Heráclio do Rêgo, o “Chico Heráclio”, Pernambuco

Além disso, a política nem sempre segue de perto, de imediato e em linha reta, as transformações sociais. Uma consequência política das mudanças pode ser detectada na década de 30. Surgiu no Rio de Janeiro o populismo, que se difundiu pelas grandes cidades nas décadas de 50 e 60. Ao mesmo tempo que invadia as cidades, a população foi pela primeira vez na história do país admitida em massa ao exercício do voto. Era um passo à frente, mas estávamos longe de um eleitorado maduro. No populismo, o eleitor dispensava a mediação do coronel mas fazia do líder um grande coronel urbano de que esperava ajuda e proteção. No Rio de Janeiro, o populismo montou uma máquina clientelística de corrupção e distribuição de favores à custa de recursos públicos. Mas quando o eleitorado começou a emancipar-se, o golpe de 1964 paralisou a experiência e atrasou o aprendizado democrático por 26 anos, criando um descompasso entre o social e o político. Grande parte do eleitorado de hoje começou a votar sob a ditadura. Muitos desses eleitores ainda funcionam no antigo esquema clientelístico.

Coronel Pacífico Clementino de Medeiros, Rio Grande do Norte e Padre Cícero Romão Baptista, Ceará.

Por fim, quando se fala, melhor, quando eu falo, de coronéis hoje uso a parte pelo todo. O coronel de hoje não vive num sistema coronelista que envolvia os três níveis de governo, não derruba governadores, não tem seu poder baseado na posse da terra e no controle da população rural. Mas mantém do antigo coronel a arrogância e a prepotência no trato com os adversários, a inadaptação às regras da convivência democrática, a convicção de estar acima da lei, a incapacidade de distinguir o público do privado, o uso do poder para conseguir empregos, contratos, financiamentos, subsídios e outros favores para enriquecimento próprio e da parentela. Tempera tudo isso com o molho do paternalismo e do clientelismo distribuindo as sobras das benesses públicas de que se apropria. Habilidoso, ele pode usar máscaras, como a do líder populista, ou do campeão da moralidade. Para conseguir tudo isso, conta hoje, como contava ontem, com a conivência dos governos estadual e federal, prontos a comprar seu apoio para manter a base de sustentação, fazer aprovar leis, evitar investigações indesejáveis. Nesse sentido, o novo coronel é parte de um sistema clientelístico nacional.

Joaquim Paulino de Medeiros, o “Quincó da Ramada”, Rio Grande do Norte.

Nem errou Víctor Nunes, nem uso figura de linguagem. Apenas opero ligeiro deslizamento semântico do conceito. Tudo resolvido? Não. Que os pobres, os analfabetos funcionais, os eleitores iniciantes, elejam e reelejam os neo-coronéis, pode-se entender. Mas quando artistas e intelectuais se solidarizam com paizinhos e paizões, a análise precisa ir mais fundo, além da sociologia. Ela precisa questionar a natureza mesma de nossa cidadania, aventurando-se nos subterrâneos da cultura e da psicologia coletiva. Os valores subjacentes aos pólos coronel/cliente, pai/filho, senhor/servo, parecem persistir na cabeça de muitos de nossos melhores cidadãos e cidadãs, bloqueando a consolidação democrática.a


sábado, 19 de dezembro de 2020

 Marcos Calaça

 

À SOMBRA DA MEMÓRIA NO MEU TORRÃO:

Lembro as coisas antigas para rejuvenescer a alma adormecida.

-É preciso voltar ao passado e lembrar do Biotônico Fontoura (com muito álcool), da Emulsão de Scott (gosto de peixe) e do Poliplex como fontes de vitamina;

-Da Brilhantina Glostora com cabelos colados para trás, do Saridon e da Cibalena para dor de cabeça;

-Da cera Parquetina para quem tinha enceradeira;

-Do querosene Jacaré para colocar nas lamparinas, em retalho;

-Da televisão que era um verdadeiro baú, de marca ABC ou Colorado RQ e que esse aparelho existia em poucas casas;

-Da imagem da TV em preto e branco, com muito 'chuvisco';

-Das novelas da TV Tupi, como Hospital, Os Inocentes, A Viagem, Mulheres de Areia, além do seriado que os meninos não perdiam: Jerônimo, O Herói do Sertão;

-Dos viajantes que vendiam remédios para abastecer as farmácias de Zelito Calaça e de Geraldo Antas que entregavam almanaques como Almanaque Capivarol e Almanaque Biotônico Fontoura, que deixavam dicas de saúde, dicas para os agricultores, charadas, divertimentos etc;

-Do Café Vencedor, em caroço, moído na hora ou batido no pilão.;

-Da bodega que vendia açúcar, feijão e farinha na cuia, sendo que os sacos ficavam com a 'boca' aberta;

-Do óleo que era vendido a granel. Ex: 'Me dê um cruzeiro de óleo'. -Velhos tempos: isso e muito mais. Belas saudades.

Marcos Calaça é poeta matuto e cordelista.

 De: Manoel Cavalcante

Quando alguém fala em vacina,Meu cumpade, eu não me domo!Se ela for gás, eu inalo,Se ela for líquida, eu tomo,Se a bicha quiser vir quente,Eu faço um pirão e como.

 O MIXTO DE ZÉ ROCHA

João Etelvino Lopes, de tradicional família Lopes, do então distrito de Ipanguaçu, denominado Saco, atual e próspero município de Itajá, costumava ir à cidade de Angicos. Certa vez, pegou o mixto (meio de transporte coletivo no Nordeste no passado (conforme fotografia abaixo, ilustrativa), que fazia a linha Angicos a Mossoró (o povoado Saco fica setenta e poucos quilomemetros daquela cidade do oeste potiguar), de propriedade de Zé Rocha, que tinha como motorista de nome Severino, natural de Angicos. Ao chegar no Saco, o motorista daquele transporte deu uma parada para João Etelvino descer, o qual perguntou a Severino o valor da passagem. Severino respondeu: - “Não custa nada, Seu João, disponha de um angicano.” - João Etelvino agradeceu da seguinte forma: - “Severino, também disponha de um sacana.”- Não sabia Etelvino que sacana é sinônimo de safado, pilantra, patife e outros ‘bichos’. Estórias do Nordeste brasileiro.
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Gervazio Costa e Maria Selma de Sales

sexta-feira, 18 de dezembro de 2020

Maria Olímpia Neves de Oliveira ou "Maroquinha" como era chamada carinhosamente, se viva fosse estaria completando hoje, 18, cem anos de idade. Além de ter sido a primeira mulher a se eleger vereador, foi também a primeira mulher a se eleger prefeito do município do Assu, pelo então PSD, administrando a terra assuense entre 1963 a 1968. Antes, porém Maria Olímpia fora aluna do Colégio Nossa Senhora das Vitórias (Colégio das Freiras), professora no Grupo Escolar Cel. José Correia e participou ativamente da vida social, cultural e política da terra assuense. Em fins dos anos sessenta ou início de setanta ela regressou ao Rio de Janeiro, para trabalhar no INDA atual INCRA (Institututo de colonização e reforma agrária), a convite do ex-senador e ex-prefeito de Mossoró, Dix-Zuit Rosado. Tranferida para Brasilia, onde se aposentou aos setenta anos de idade, Maria Olímpia viveu os últimos dias de sua vida. O seu nome, o que ela representou, honra e dignifica a cidade do Assu. Ela, Maroquinha, era minha vizinha e com ela convivi no meu tempo de adolescente.

Na fotografia abaixo, Maria Olimpia ladeada pelo presidente da República Humberto de Alencar Castelo Branco, num encontro de prefeitos da América Latina, 1965. Fica o registro.

Fernando Caldas
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 "Triunfar na vida não é ganhar. Triunfar na vida é levantar e recomeçar cada vez que se cai".

Pepe Mujica



quinta-feira, 17 de dezembro de 2020

O CENTENÁRIO DE UMA GUERREIRA

 Por João Celso Neto

Nascida aos 18 de dezembro de 1920, Maria Olímpia Neves de Oliveira (mais conhecida como Maroquinhas ou Olímpia) saiu de sua cidade natal ainda bem criança, quando seu pai faleceu, em 1923. Sua mãe, paraibana, foi com os dois filhos viver sob a proteção de um irmão, padre, tenho morado em várias cidades paraibanas onde seu “Tio Padre” fosse ser pároco. O sobrinho virou coroinha. Cerca de dez ou doze anos depois, o Padre Jose Neves de Sá transferiu-se para o Rio de Janeiro e entendeu que no então Distrito Federal poderia não ter condições de manter os três. Como consequência, os três voltaram a morar no Açu-RN.
Seu irmão, meu pai, concluíra seus estudos ginasianos interno na capital pernambucana enquanto ela iniciaria o Curso Normal na Escola N. Sra. das Vitórias (o popular “colégio das freiras”), talvez em uma das suas primeiras turmas. Destacava-se em várias atividades da vida social e cultural e demostrou ser excelente professora no Grupo Escolar Tenente-Coronel José Correia, que iria dirigir muitos anos depois.
A política entrou em sua vida, inicialmente, dada sua atuação junto ao então Prefeito Manoelzinho Montenegro. Cerca de quinze anos depois, tendo voltado (pela segunda vez) a residir onde nascera, por haver passado a viver com Arcelino Costa Leitão e este ser ligado ao PSD e capitanear as campanhas dos candidatos do partido, como João Câmara (foi Senador) e José Arnaud (Deputado Federal, genro do senador) em diversas eleições. Inevitavelmente, ela passou a ter importante participação naquela tarefa. Em 1958, Costa foi eleito Prefeito e ela, logo depois, Vereadora.
Maroquinhas, ou “a Onça”, foi eleita para suceder Costa Leitão, e seu mandato foi estendido para seis anos por decisão do governo federal, ao adiar as eleições marcadas para 1965 e que só foram realizadas em 1966. Foi a primeira mulher a se eleger Prefeita do município e suas reconhecidas qualidades fizeram com que ela fosse frequentemente chamada para participar de comícios em outras cidades do estado. Ao encerrar seu mandato, as circunstâncias da vida levaram-na para morar no Rio de Janeiro, onde foi nomeada para o Incra (então Inda), até ser aposentada do serviço público federal compulsoriamente no dia em que completou 70 anos de vida, deixando para trás um legado de exemplos e competência.
Permaneceu lúcida, respeitada e querida por muitos anos mais até que, como disse Bandeira, a “indesejada das gentes” veio busca-la na exata data de seu aniversário de 98 anos, em Brasília para onde o Incra a transferira em 1982.
Sua vontade expressa foi atendida quanto a ser sepultada no Açu, sendo velada na Câmara Municipal e com direito a uma missa de corpo presente na Matriz de São João Batista em que fora batizada.
Evidentemente, na atividade política, teve adversários que venceu e que a venceram nas urnas, contudo soube ter o mérito cristão de não guardar mágoas e, pelo contrário, buscar a reconciliação com todos eles enquanto estavam “a caminho”.
Pessoas como Maria Olímpia deixam sua marca indelével e, assim, se tornam inesquecíveis.


Cuscuz é declarado Patrimônio Imaterial da Humanidade

 Por: AFP


Foto: Arquivo/DP
Os conhecimentos, as práticas e as tradições relacionadas ao preparo e ao consumo do cuscuz foram declarados 
Patrimônio Imaterial da Humanidade nesta quarta-feira (16).

Reunido por videoconferência, o Comitê de Patrimônio da Organização das Nações Unidas para a Educação, a 
Ciência e a Cultura (Unesco), sob a Presidência da Jamaica, aprovou este caso apresentado em conjunto por Argélia, 
Mauritânia, Marrocos e Tunísia.

Esses países haviam argumentado que tais saberes e práticas, parte integrante de seu patrimônio cultural, eram 
praticados por todas as populações de Argélia, Marrocos, Mauritânia e Tunísia, de todos os gêneros, de todas as idades, sedentários ou nômades, rurais ou urbano, incluindo os imigrantes, e em todas as circunstâncias: dos pratos do dia a dia 
às refeições festivas.

https://www.diariodepernambuco.com.br/

EU...TU Eu sou doçura, Mas o mel és tu A imagem é minha, Mas a cor é dada por ti A flor sou eu, Mas tu és a fragrância Eu sou felicidade, Ma...