sexta-feira, 24 de setembro de 2021

 Casa Rosa

"Livra-nos Senhor, dos perigos que a gente não vê, dos corações mal intencionados que a gente não sente, e dos cansaços diários que enfraquecem a alma da gente. Livra-nos de todo mal sim, e nos dê proteção, amor, descanso e paz."
- Cecília Sfalsin



 Atenas, Grécia



terça-feira, 21 de setembro de 2021

‘A ternura’ e ‘A bela cena’ – duas crônicas fascinantes de Rubem Alves

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Rubem Alves - educador e escritor

A ternura

“Pureza de coração é desejar uma só coisa.” Foi assim que Kierkegaard definiu, a pureza. Puro é aquilo em que não há misturas; é uma coisa só.

A paixão é pura porque vive de uma coisa só: a imagem da pessoa amada. Não se trata de uma imagem mais bonita que as outras. É uma única imagem que apaga todas as outras. O apaixonado só pensa na pessoa amada. Sempre. Os assuntos que fazem as conversas do cotidiano não lhe interessam. Bem que ele gostaria de falar sobre o seu amor, mas se cala sabendo que ririam dele. Camões, no episódio de Inês de Castro, escreveu que ela caminhava

Aos montes ensinando e às ervinhas
O nome que no peito escrito tinhas.

Se não havia ouvidos humanos a quem pudesse dizer o nome que tinha gravado no peito, que as árvores, a relva e as pedras fossem depositárias do seu segredo – um único nome.

A raposa pediu que o Pequeno Príncipe a cativasse.

– Que quer dizer “cativar”? — ele perguntou.
A raposa explicou:
– Tu te sentarás primeiro um pouco longe de mim, assim, na relva. Eu te olharei com o canto do olho e tu não dirás nada. A linguagem é uma fonte de mal-entendidos. Mas, a cada dia, te sentarás mais perto… Se tu vens, por exemplo, às quatro da tarde, desde as três eu começarei a ser feliz. Quanto mais a hora for chegando, mais eu me sentirei feliz. Às quatro horas, então, estarei inquieta e agitada: descobrirei o preço da felicidade!

Aconteceu então que o Pequeno Príncipe cativou a raposa. O tempo passou e chegou o dia em que ele precisou partir. A raposa disse:

– Ah! Eu vou chorar.
– A culpa é tua; eu não te queria fazer mal, mas tu quiseste que eu te cativasse…
– Quis — disse a raposa.
– Mas tu vais chorar!
– Vou — ela respondeu.
– Então, não sais lucrando nada!
– Eu lucro — disse ela — por causa da cor do trigo. — E acrescentou: – Eu não como pão. O trigo para mim é inútil. Os campos de trigo não me lembram coisa alguma. E isso é triste! Mas tu tens cabelos cor de ouro. O trigo, que é dourado, fará lembrar-me de ti. E eu amarei o barulho do vento no trigo…

O amor começa quando colocamos uma metáfora poética no rosto da pessoa amada. A paixão é uma experiência estética. Está ligada à contemplação da beleza. A pessoa pela qual se está apaixonado é bela. Não é que ela seja bela – é o olhar apaixonado que a torna assim. Porque não vemos o que vemos, vemos o que somos. Uma mulher é bela quando nos vemos belos ao seu olhar. Quem, ao olhar para uma mulher, pensa em sexo não é um apaixonado.

O apaixonado sorri ao contemplar a amada dormindo, sem tocá-la. O corpo de lado, o rosto sobre o travesseiro, os olhos fechados, o suave ressonar, a camisola suspensa deixando ver a calcinha – é uma imagem de paz, de tranquilidade. E um momento de ternura. Há um desejo de acariciá-la, mas a mão se contém; nenhum movimento dele deverá interromper a beleza da cena. Nela, os impulsos sexuais estão proibidos.

O sexo dos adolescentes e dos jovens se parece com um furúnculo inchado – túrgido, vermelho, dolorido, que busca se livrar do incômodo. O que se busca não é a experiência amorosa, é rasgar o furúnculo para que o pus saia, trazendo alívio. E o esperma não se parece com pus? Quando o orgasmo acontece, numa mistura de dor e prazer, o furúnculo se esvazia e o corpo fica em paz. Pode até ser que nesse momento o parceiro se esqueça da mulher ao seu lado, vire as costas para ela e durma.

Foi sobre esse sexo que Freud escreveu. Era o único que ele conhecia. Era o sexo que Tomas, personagem de A insustentável leveza do ser, fazia com suas namoradas. Mas uma delas protestava: “não procuro o prazer, procuro a alegria…”.

O sexo-furúnculo prescinde da ternura. Tomas não sentia ternura por suas amantes. Elas eram objetos para seu alívio. Ele as usava. Não as amava. O amor mora no olhar terno que sorri ao contemplar o rosto da pessoa amada.

***

A bela cena

Tomas, personagem de A insustentável leveza do ser, de Milan Kundera, não conhecia a experiência da paixão. O que ele conhecia eram os prazeres do sexo. Esgotada a orgia, o seu desejo era se livrar da mulher. A ideia de acordar com uma mulher ao lado o horrorizava. O seu horror ao amor era tal que nunca permitia que uma mulher dormisse na sua cama. Encontrava sempre uma desculpa para se livrar da companheira, levando-a de volta à casa dela. Ele se parecia com o sultão de As mil e uma noites, que, depois de uma noite de prazeres carnais, quando o sol iluminava o horizonte, fazia com que a amante fosse decapitada… Era assim que Tomas agia, como um animal caçador que abandona a caça tão logo sua fome é satisfeita.

Mas com Tereza tudo foi diferente. Não que ela tivesse algum traço especial, que a distinguisse das outras. Não era mais bonita. Por que Tomas a amou e deixou que ela passasse a noite na cama dele? Por mais que a examinasse, nada encontrava nela que pudesse ser apontado como a razão do seu amor. Eles se conheciam por um tempo tão curto! Mas, sem razões e contra a sua vontade, o fato era que ele estava apaixonado por ela.

Sua aventura com Tereza havia começado exatamente onde terminavam suas aventuras com as outras mulheres. Ela acontecera do outro lado do impulso que o levava às conquistas. Conhecera Tereza acidentalmente, num bar de uma cidadezinha do interior. Dissera-lhe, quase como brincadeira, que o procurasse se fosse à capital. E lhe dera o seu endereço. Tereza chegou à capital doente, sentindo-se perdida. Não tinha para onde ir. Foi isso que a levou a procurar Tomas. E foi aí que a história de amor começou.

Ela ardia em febre. Ele não podia fazer com ela aquilo que fazia com as outras. Não podia levá-la de volta para casa, porque ela não tinha casa. Ajoelhado à sua cabeceira, “ocorrera-lhe a ideia de que ela viera para ele numa cesta sobre as águas”.

Agora, a distância, pensava sobre as razões do seu amor e fazia, sem que disso se desse conta, a insólita pergunta de Santo Agostinho: “o que é que amo quando amo Tereza?”. Tudo se tornou claro de repente. Ele ficou comovido pela fragilidade de Tereza adormecida – criança amedrontada, chegando aos seus braços com um pedido de socorro.

A mulher não resiste à voz do que chama sua alma amedrontada; o homem não resiste à mulher cuja alma se torna atenta à sua voz. Parece que existe no cérebro uma zona específica, que poderíamos chamar de memória poética, que registra o que nos encantou, o que nos comoveu, o que dá beleza à nossa vida. Desde que Tomas conhecera Tereza, nenhuma outra mulher tinha o direito de deixar a marca, por efêmera que fosse, nessa zona do seu cérebro.

Agora, na memória poética de Tomas, aquela cena permanecia imóvel, imperturbável, fora do tempo. Era uma parte da sua alma. Não morreria jamais.

“O que é que amo quando te amo?” Tomas amava Tereza porque amava nela uma outra coisa: aquela cena que repentinamente brilhara em sua imaginação. Na cena, Tereza não era Tereza; era uma criança abandonada, levada pelas águas de um rio. E, de repente, ele deixou de ser Tomas, o caçador – tornou-se um homem forte, que tomava aquela criança nos braços. Tereza poderia deteriorar-se ou morrer. Mas a cena permaneceria inalterada, suspensa na memória poética, como objeto de amor.

Amamos a bela cena antes de amar a pessoa. Amamos a pessoa porque ela completa a bela cena. Por isso Santo Agostinho, antecedendo os versos de Fernando Pessoa, escreveu em suas Confissões: “antes que te conhecesse eu já te amava”. Somos amantes antes de nos encontrar com a mulher ou com o homem que será o objeto do nosso amor. A alma é uma coleção de belos quadros adormecidos, seus rostos envoltos pelas sombras. Sua beleza é triste e nostálgica porque, sendo moradores da alma ao lado dos sonhos, eles não existem do lado de fora. Vez por outra, entretanto, defrontamo-nos com um rosto – ou apenas uma voz, um olhar, um gesto com a mão… – que, sem razões, ilumina um dos quadros que estava no escuro. Somos então possuídos pela certeza de que esse rosto que os olhos veem é o mesmo que está no quadro que mora nas sombras da alma. O corpo estremece. A paixão está nascendo.

– Rubem Alves, no livro “Cantos do pássaro encantado”. [crônicas]. São Paulo: Planeta, 2017.

Roteiro sentimental e gastronômico do Assu

De: https://www.navegos.com.br/




Maria do Perpétuo Socorro Wanderley de Castro – Desembargadora do Trabalho, professora da UFRN aposentada e membro da Academia Assuense de Letras

A alimentação, por constituir uma necessidade vital, marca espaços, vivências, alegrias e  momentos.  Já diz Câmara Cascudo, em seu prefácio à História da Alimentação no Brasil que “a eleição de certos sabores que já constituem alicerce do patrimônio seletivo no domínio familiar, de regiões inteiras, unânimes na convicção da excelência nutritiva ou agradável, cimentada através de séculos”, não se transforma com facilidade. Assim, há um  predicado de permanência  nos sabores.

E, se nos voltamos para Marcel Proust, autor cuja obra é construída pela lembrança, já percebemos nas páginas, que o alimento surge como um encaminhador ou condutor de ocasiões à volta da mesa com o chá de tília e as madalenas, deliciosas.

Em qualquer lugar, encontramos hábitos alimentares de seus habitantes. Nas cidades às margens de rio ou mar, os peixes. Em Assu, a boa curimatã, assada na brasa e ainda sinal de inverno bom quando, no final do ano, estivesse ovada. Essa é para a hora do almoço. Melhor começar do amanhecer, com o café da manhã.

O acompanhamento do café, em Assu, é o biscoito homenagem, sim o biscoito ‘flor do Assu,. Pode ter queijo, ovos, cuscuz, muitos alimentos, mas um café assuense não está completo se faltar o biscoito fofo com massa que inclui especiarias, um travo bom do cravo ou do anis.

Para o meio da manhã, se é hora do lanche, comer sonhos fritos em óleo, feitos em pequenas formas por dona Nila Pinheiro.  Ou comer os doces casadinhos   preparados com esmero por dona Maria Iná, que morava em frente à Igreja e até em outra festa que não a festa do paladar, regalado pelo sabor.

Chegada a hora do almoço, arroz e feijão e a batata doce em rodelas são a companhia para o peixe, mas acompanham igualmente a galinha torrada, galinha criada no quintal de casa,  engordada sob os olhos das crianças que,  às vezes, fazem das aves, pequenas amigas. E à mesa, começavam a rebelião. Como aceitar ver servida na travessa de louça branca, a galinha que batia as asas, soltava penas antava seu canto miúdo, pois cantar forte e alto era qualidade do galo?

O peixe não recebia essa prova de estima e a solidariedade da recusa a ser degustado, mas sua utilização na comida era mais esparsa do que a ave. Aos domingos, galinha torrada. Era o cardápio habitual e que, às vezes, se completava substituindo o arroz pelo macarrão e fazendo aparecer, timidamente, uma farofa com muita manteiga, sal e cebola, usando farinha da melhor qualidade para os grãos dourados brilharem

À tarde, o tabuleiro de alfenim fresco, recém-saído do fogo trazia a guloseima apreciada. O açúcar com gotas de limão, cozinhado até o ponto, depois puxado até o segundo ponto e, então, cortado e passado na goma. Desmanchava-se na boca.  Se então não me lembrava das madeleines é porque não as conhecia, mas essa sensação do paladar é comum aos dois.  O velho doce assuense é reminiscência árabe e ficou nas casas grandes chegando às mãos das doceiras.

As comidas tinham suas horas próprias e sua época. Pois o peixe era para a Semana Santa e o jejum, como a canjica e a pamonha eram para o São João e as festas; e a galinha  era para o domingo, por ser o dia de  repouso, o dia festivo de cada semana.

Assim seguia a vida simples. Eita vida besta, numa cidadezinha com Drummond. Numa cidadezinha amada.

 

segunda-feira, 20 de setembro de 2021

 


Ai! Se Sêsse!…

Se um dia nóis se gostasse;
Se um dia nóis se queresse;
Se nóis dois se impariásse,
Se juntinho nóis dois vivesse!
Se juntinho nóis dois morasse
Se juntinho nóis dois drumisse;
Se juntinho nóis dois morresse!
Se pro céu nóis assubisse?
Mas porém, se acontecesse
qui São Pêdo não abrisse
as portas do céu e fosse,
te dizê quarqué toulíce?
E se eu me arriminasse
e tu cum insistisse,
prá qui eu me arrezorvesse
e a minha faca puxasse,
e o buxo do céu furasse?…
Tarvez qui nóis dois ficasse
tarvez qui nóis dois caísse
e o céu furado arriasse
e as virge tôdas fugisse!!!

(Zé da Luz, poeta paraibano



 

O PADRE QUE FRACASSOU

O Padre de um pequeno vilarejo chegou à igreja animado e motivado para realizar mais uma missa vespertina. A hora passava e o povo não chegava.

Depois de 15 minutos de atraso, entraram três crianças, depois de 20 minutos entraram dois jovens. Então o padre resolveu começar a missa com os cinco irmãos.

No decorrer da missa, entrou um casal que se sentou nos últimos bancos da igreja.

Quando o padre fazia a Homilia, entrou mais um senhor, meio sujo, com uma corda na mão.
Desapontado e sem entender o porquê da fraca participação dos fiéis, o padre conduziu a missa animado e pregou com dedicação e zelo.

Quando voltava para a casa foi assaltado e espancado por dois ladrões que levaram a sua pasta onde estavam sua Bíblia e outros pertences de valor.

Chegando na casa paroquial, fazendo os curativos das feridas, ele descreveu aquele dia como:
1) o dia mais triste da sua vida,
2) o dia mais fracassado do seu ministério,
3) o dia mais infrutífero da sua carreira.
Após cinco anos, o padre resolveu compartilhar essa história com a igreja. Quando ele terminava de contar a história, um casal de grande destaque naquela paróquia interrompeu-o e disse:

- Padre, o casal da história que se sentou no fundo éramos nós.

Estávamos à beira da separação em função de vários problemas e desentendimentos que havia no nosso lar. Naquela noite, decidimos por fim ao nosso casamento, mas, primeiro, decidimos vir à igreja para deixarmos as nossas alianças e depois cada um seguiria o seu caminho. Entretanto, desistimos da separação depois de ouvirmos sua homilia, naquela mesma noite.

Como consequência, hoje, estamos aqui com o lar e a família restaurados.

Enquanto o casal falava, um dos empresários mais bem sucedidos que ajudava no sustento daquela igreja acenava, pedindo para falar e ao lhe ser dada a oportunidade disse:

- Padre, eu sou aquele senhor que entrou meio sujo com uma corda na mão.

- Eu estava à beira da falência, perdido nas drogas, minha esposa e meus filhos tinham ido embora de casa por conta das minhas agressões. Naquela noite tentei suicidar-me, só que a corda arrebentou. Então decidi comprar outra. Quando me pus a caminho para comprar uma outra corda, vi a igreja aberta, decidi entrar mesmo sujo com a corda na mão.

- Naquela noite, a sua homilia perfurou o meu coração e saí daqui com ânimo para viver. Hoje estou livre das drogas, minha família voltou para casa e me tornei o maior empresário do vilarejo.

Lá na porta da entrada da sacristia, o Diácono gritou:

- Padre, eu fui um daqueles ladrões que o assaltaram. O outro morreu naquela mesma noite, quando realizávamos o segundo assalto.

Naquela sua pasta, havia uma Bíblia. Eu passei a lê-la sempre que acordava pela manhã. Depois de tanto ler, resolvi participar dessa igreja.

O Padre ficou em choque e começou a chorar junto com os fiéis.

Afinal aquela noite que ele considerava como uma noite de fracasso foi uma noite muito produtiva.

MORAL DA HISTÓRIA

1- Exerça o seu chamado(trabalho/ missão) com dedicação e zelo independente do número de participantes.

2- Dê o seu melhor todos os dias, pois a cada dia você é um instrumento do bem para a vida de alguém.

3- Nos piores dias da sua vida você ainda pode ser benção na vida de alguém.

4- O dia que você considera como o dia mais infrutífero da sua vida na terra, na verdade é o dia mais produtivo no mundo espiritual.

5- Deus usa as circunstâncias ruins da vida para produzir grandes vitórias.

6- Nunca diga:" hoje Deus não fez nada", só pelo fato de seus olhos nada
enxergarem!

 




https://cantinho.live/

A mandioca tem inúmeros e distintos destinos, como a fabricação de papel e celulose, panificação, têxtil, indústria fármaco e de cosméticos, fertilizantes, bom emprego em campos de petróleo e siderurgia e como alimento..

Nomeada pela Organização das Nações Unidas (ONU) como alimento mais relevante do século, a mandioca poder ser consumida por pessoas, animais e usada para fabricação.  A mandioca tem inúmeros e distintos destinos, como a fabricação de papel e celulose, panificação, têxtil, indústria fármaco e de cosméticos, fertilizantes, bom emprego em campos de petróleo, siderurgia e como alimento, e ainda serve produtos básico para a fabricação de alimentos sem glúten, lactose e ativados.

A mandioca tem a composição rica em carboidratos especiais que, entre outras funções, conseguem liberar a glicose mais lentamente no organismo, garantindo que não haja picos de açúcar, que a digestão seja realizada de maneira mais fácil e, além disso, que o corpo mantenha os níveis de energia altos por mais tempo. Além desses benefícios, a mandioca também é rica em vitaminas A, B1, B2 e C e é muito indicada para a dieta de pessoas diabéticas, mesmo contendo muitos carboidratos que, quando metabolizados, transformam-se em açúcar. Isso porque os carboidratos presentes na estrutura não geram picos de glicemia, ou seja, produzem açúcar mais lentamente.

Hoje, a fabricação da mandioca é mais concentrada em países como a Nigéria, Tailândia, Indonésia, Brasil, República Democrática do Congo e Gana. De acordo com o última declaração exposta pela ONU para a alimentação e agricultura(FAO), a fabricação mundial  da raiz da mandioca resulta em cerca de 270,28 milhões de toneladas em 2014, permanecendo o Brasil na 4ª colocação com uma plantação de 23,24 milhões de toneladas.

Dessa forma, o Brasil concentra 3 grandes centro produtivos: o estado do Pará(alimentício), a região Sul (industrial) e o Mato Grosso. Resultados do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea) comprova que o Pará foi encarregado do total de féculas de mandioca fabricada no país no ano de 2015 – este número está estável a cada safra, sendo ainda o Paranavaí (PR) uma citado como mundialmente em cultivo e qualidade.

Este artigo foi publicado originariamente no site- Norteste Rural, e foi reproduzido adaptado por equipe do blog cantinho.



Há 50 anos, o Concorde cruzava o Atlântico pela primeira vez e seu destino era o Brasil

 

- https://www.aeroin.net/

 



Concorde em voo de demonstração em 1971 – BAE

No começo de setembro de 1971, o icônico jato supersônico Concorde inciava um tour comercial global com objetivo de ser apresentado a importantes companhias aéreas, dentre elas a brasileira VARIG. Assim, no dia 4 daquele mês, o avião decolou para sua primeira travessia do Atlântico e um dos destinos era o Rio de Janeiro.

Em matéria de 7 de setembro de 1971, os jornalistas do The New York Times enviados ao Brasil diziam assim:

“O avião supersônico francês-britânico Concorde pousou aqui hoje, completando sua primeira viagem transatlântica. Ele voou de Caiena, Guiana Francesa, a 2.100 quilômetros por hora, o dobro da velocidade do som”.

“O jato deixou a França na semana passada e parou nas ilhas de Cabo Verde e em Caiena. Autoridades disseram que ele não estava equipado com tanques de reserva de combustível, o que possibilitaria um voo sem escalas”.

“O avião será demonstrado a funcionários de quatro companhias aéreas sul-americanas – Varig do Brasil, Aerolineas Argentinas, Avianca da Colômbia e Viasa da Venezuela. Deve voar até São Paulo, principal polo industrial da América Latina, para uma feira industrial francesa que abre quinta-feira, e depois segue para a Argentina”.

O vídeo abaixo foi feito pela fabricante e mostra esse voo sobre terras cariocas. No final, nenhuma unidade foi vendida a empresas brasileiras, mas a aeronave voou regularmente ao Rio de Janeiro nas cores da Air France, a partir de 1976.

O Projeto

O Concorde foi um projeto franco-britânico lançado em 29 de novembro de 1962, entre a British Aircraft, a Rolls Royce e a Aerospatiale mais a SNEC-MA, que enfrentou diversos problemas desde seu início.

As empresas, British Aircraft Corporation e Sud-Aviation não se colocavam de acordo sobre as particularidades da aeronave. A British Aircraft Corporation apoiava um avião de longo alcance capaz de cruzar o Atlântico, enquanto a Sud-Aviation defendia uma aeronave de médio alcance à imagem e semelhança de seu famoso Caravelle.

Até o próprio nome do projeto foi motivo de desavença, entre “Concord”, à inglesa, e “Concorde”, à francesa. Em 1967, o britânico Tony Benn, secretário de Estado de Tecnologia, resolveu a questão dizendo que seria adicionado ao final um “e” de “excelência”, “England” (Inglaterra), “Europa” e “entendimento cordial”.

Para o que veio?

Muito mais do que sua aparência diferente à época, o Concorde veio para se tornar um ícone, exclusivamente para ricos e famosos, cruzando continentes numa velocidade que superava os 2.400 km/h e voando a mais de 20.000 metros de altura.

Podia-se ir de Paris a Nova Iorque em pouco mais de 3 horas, o que na época e até mesmo nos dias atuais causa espanto, tamanha rapidez e performance.

O supersônico ainda foi o primeiro jato de passageiros a dispor a sistema fly-by-wire, ou sistema de controle por cabos elétricos, e também foi a primeiro a empregar circuitos híbridos, com controles computadorizados do motor, e a usar a eletrônica de maneira tão extensiva.

Operações

Mesmo sendo uma maravilha tecnológica na época, o Concorde acabou sendo um fracasso comercial.

Com cerca de 100 unidades encomendadas no início do projeto, feitos por diferentes e importantes companhias aéreas, tais como Japan Airlines, Lufthansa, American Airlines, Qantas e TWA, acabou recebido apenas pelas duas companhias que faziam parte do projeto.

Depois de realizar seu primeiro voo em 1969, dois anos depois, em 1971, o protótipo 001 começou a realizar turnês de demonstrações pelo mundo, onde acabou acumulando cerca de 60 pedidos.

No entanto, diversos cancelamentos começaram a surgir devido a fatores como a crise na época, a alta do petróleo, adversidades financeiras por parte dos parceiros, etc. Por fim, apenas Air France e British Airways conseguiram manter os Concordes.

O Concorde no Rio em 1971

O fim

No dia 25 de julho de 2000, um Concorde decolava de Paris para Nova Iorque quando, ainda na corrida de pista, passou sobre um pedaço de metal que rompeu um dos pneus e foi arremessado em direção à asa, culminado na perfuração de um tanque de combustível.

A asa pegou fogo e o incêndio foi se ampliando nos instantes iniciais do voo, até o jato da Air France colidir com um hotel, matando 100 passageiros, nove tripulantes e quatro pessoas no chão.

O modelo ainda operou por poucos anos, até que o último voo comercial operado pela companhia Air France foi realizado entre Nova York e Paris em 31 de maio de 2003, enquanto a British Airways realizou seus últimos voos entre Londres e Nova York no dia 24 de outubro de 2003.

Depois do último voo comercial pela British Airways, o Concorde ainda fez alguns voos de traslado, sem passageiros, voando para alguns museus na Europa e nos Estados Unidos.

O Concorde ainda pode ser visto atualmente no Museu do Ar e Espaço, no aeroporto de Le Bourget, em Paris (França), no Museu do Voo, em Seattle (EUA), no aeroporto de Heathrow, em Londres e também no museu em Bridgetown (Barbados), que em breve poderá ser reaberto para as pessoas, como mostramos nesta matéria publicada anteriormente.





sábado, 18 de setembro de 2021

AS FLÔ DE PUXINANÃ - ZÉ DA LUZ


Severino Andrade da Silva é o nome de batismo do famoso bardo paraibano de Itabaiana, nascido no ano de 1904 e falecido no Rio de Janeiro em 1965 apelidado Zé da Luz . O seu célebre poema intitulado As flô de Puxinanã (Puxinanã é um pequeno municipio do Estado da Paraíba) está espalhado Brasil afora. Conta-se que é uma paradódia de As flô de Gerematáia, poema de autoria do poeta e jornalista cearense de Uruburetama, Ceará, Napoleão Meneses (1903-33). As flô de Puxinanã é uma história (irònica e satírica) sobre três irmãs. Senão vejamos para o nosso deleite: 

 

Três muié ou três irmã,

três cachôrra da mulesta,
eu vi num dia de festa,
no lugar Puxinanã.

A mais véia, a mais ribusta
era mermo uma tentação!
mimosa flô do sertão
que o povo chamava Ogusta.

A segunda, a Guléimina,
tinha uns ói qui ô! mardição!
Matava quarqué critão
os oiá déssa minina.

Os ói dela paricia
duas istrêla tremendo,
se apagando e se acendendo
em noite de ventania.

A tercêra, era Maroca.
Cum um cóipo muito má feito.
Mas porém, tinha nos peito
dois cuscús de mandioca.

Dois cuscús, qui, prú capricho,
quando ela passou pru eu,
minhas venta se acendeu
cum o chêro vindo dos bicho.

Eu inté, me atrapaiava,
sem sabê das três irmã
qui ei vi im Puxinanã,
qual era a qui mi agradava.

(fernandocaldas110@gmail.com

Uma escritora mineira no Assu

 

A partir deste 15 de agosto de 2021, Navegos presta homenagem à memória da escritora mineiro-potiguar que viveu mais de 70 anos de sua vida no Rio Grande do Norte, publicando uma antologia de bolso funcional © Feedback Livros.


*Da Redação

Nascida na antiga cidade de Lavras do Funil [Minas Gerais] em 1915, Maria Eugênia Maceira Montenegro radicou-se no Rio Grande do Norte em 1938, mais precisamente no município do Açu, onde faleceu em 2006, após longo sofrimento físico e moral. Escritora, artista plástica, poetisa, pertenceu à Academia Norte-rio-grandense de Letras e ao Instituto Histórico e Geográfico do Rio Grande do Norte.

Exerceu o mandato de prefeita de Ipanguaçu, onde o seu marido, deputado Nelson Borges Montenegro, tinha a sua base eleitoral. Um pouco antes de falecer recebeu o título de “Cidadã Norte-rio-grandense”, por proposição do deputado Valério Mesquita, em reconhecimento aos inumeráveis serviços prestados ao povo e à cultura potiguares. Tendo estreado com um livro de memórias, através do qual contou sua história de menina, encerrou suas atividades literárias publicando as memórias de sua mocidade [“Lavras, terra de lembranças”].

O escritor Franklin Jorge [Ceará-Mirim, RN, 1952-] considera-se seu discípulo. Tendo convivido com a escritora por mais de 50 anos, de quem recebeu contínuos ensinamentos, desde a época em que tinha apenas 14 anos, reuniu em livro [“Paraísos de Papel”], ainda inédito, uma série de artigos e ensaios que escreveu sobre Maria Eugênia, do qual extraímos os fragmentos reproduzidos a seguir. As fotografias que ilustram esse material pertencem ao arquivo do autor e constituem parte do acervo do Museu Virtual de Literatura Norte-rio-grandense que está organizando, no momento e que a seu ver constitui a obra capital de sua vida dedicada à cultura e às letras.

Bibliografia resumida de Maria Eugênia Maceira Montenegro

Saudade, teu nome é Menina

Lavras, Terra de Lembranças [memórias da infância e da mocidade]

Alfar, a que Está Só [conto filosófico]

Azul Solitário [poesia]

Tradições e Costumes do Açu [ensaio etnográfico]

João Lins Caldas [ensaio]

(Do blog: Da esquerda para direita: Maria Eugênia Maceira Montenegro, Nelson Borges Montenegro, Edmilson Lins Caldas, José Caldas Soares Filgueira e Franklin Jorge Roque. Na Janela Ruan Montenegro)

 


PELO DIA DA CONSCIÊNCIA NEGRA Se Guilherme de Almeida escreveu 'Raça', em 1925, uma obra literária “que tem como tema a gênese da na...