sexta-feira, 28 de maio de 2010

MAIS UM POUCO DE JOÃO LINS CALDAS

Caldas, como ele gostava de ser chamado, açuense por opção e escolha, viveu mais de duas décadas entre Rio de Janeiro e Bauru-SP. Morava na rua dos Inválidos, na Lapa, tradicional bairro da boêmia carioca. Poeta amargurado e ao mesmo tempo amoroso. O bardo Caldas, é considerado por alguns grandes críticos de arte moderna no Brasil, como o verdadeiro "pai do modenismo" brasileiro, pois já em 1917 escrevia anonimamente versos emancipados de métricas. Será que foi a toa que ele conviveu com o que tinha na década de dez, vinte e trinta, de melhor nas letras nacionais, como, por exemplo, Olavo Bilac, um dos mais notáveis poetas do Brasil? Claro que não! A sua poesia, a sua criatividade poética é das melhores. E quando exaltado, quando alguém duvidava da sua capacidade intelectual, dizia repetidas vezes: "Eu sou Nietzche... Eu sou Nietzche... Eu sou Nietzche!" Era por acaso? Ele tinha a certeza de que tivesse publicado trilingue (portugês, inglês e francês) toda a sua produção poética, teria sido consagrado o maior da poesia universal. Afinal, o poema abaixo tanscrito sob o título O Amigo não é uma jóia de poema? Vamos conferir:

Na noite eu serei o amigo.
Como o vento, na noite,
Como a estrela, na noite,
Na noite eu seurei o amigo.
Mas perdoa ao amigo.
Uma noite haverá e daí para talvez mais nunca em nenhuma outa noite
Em que eu já não serei o amigo.

E este outro sem epígrafe que, no meu entender, é o seu orgasmo poético: Vejamos para o nosso deleite, adiante:

O teu mundo é novo. A tua carne é nova. Eu sou a velhice, o mundo abalado.
O teu mundo que me convida. O permanente mundo em flo da tua carne.
Beijar-te os olhos, acariciar-te os o0s dedos, ter nas mãos a doçura do teu cabelo, tua nuca, o teu pescoço roliço para acariciados...
Dirás que a vida é bela. A vida é bela!
Mas eu, amo, já agora tão triste e tão cansado.

Ontem que não chegou. Ontem que estava mesmo um dia amaelo...
Perdão, perdão, eu de mim mesmo é que já não sou tão belo.

Vai, e não leves de ti a tua desilusão...
O que me dói, o que ainda me dói...
(... E não ver essas roupas desmanchadas,
O azul desses olhos, a graça e a festa dessas mãos...)
Deixa que eu feche os olhos, e não te veja, e não veja mais nada...

Obrigado, e perdão.

Caldas apesar de ter tido vários relacionamentos amorosos, morreu só, como sempre viveu numa modesta casa da cidade de Açu, em 1967 (ele nasceu em 1888), loo que tinha acabaedo de ler o livro da poetiza portuguesa Virgínia Victorino, intitulado "Apaixonadamente".

 E o poeta "que tinha muito de Deus", escreveu:

Estou calçado para a eternidade.
Vesti-me de roupas de caminhar por toda a eternidade.
Onde houver um rasgão, certo que as minhas roupas estarão rasgadas.

Mas o homem é um clarão
Eu serei um clarão por toda a eternidade.

Fernando Caldas

ENTÃO PRAÇA DA PROCLAMAÇÃO


Oh, bela praça de terra hospitaleira, que é berço do poeta Renato Caldas e que acolheu o bardo João Lins Caldas. Penso eu, que aquela praça (na época daquela fotografia, 1958) era ainda denominada de praça da Proclamação construída na administração de Ezequiel Fonseca Filho.

Fernando Caldas Fanfa 

GARIBALDI FILHO - ELEIÇÕES

Em quatro décadas de vida política, o senador Garibaldi Filho participou de 10 eleições. Contabilizando as votações desse período, segundo dados pesquisados no TRE e no TSE, ele recebeu um total de 3.885.424 votos. Confira a seguir os detalhes de cada eleição:

1970 Disputa pela primeira vez uma eleição. E é eleito para o primeiro mandato de deputado estadual com 22.266 votos. Foi o mais votado daquele ano.

1974 Tenta a reeleição e consegue, obtendo votação de 18.469.

1978 Mais um mandato para a Assembleia é conquistado com uma votação de 15.682.

1982 Disputa o quarto mandato como deputado. Reelege-se com 63.895

1985 Garibaldi Filho entra na disputa pela Prefeitura de Natal. E vence com 97.920 votos

1990 Tenta pela primeira vez uma vaga no Senado. A eleição é obtida com um total de 404.206 votos.

1994 Retorna ao Estado para disputar a eleição para governador. Consegue se eleger obtendo 489.766 votos.

1998 Reelege-se governador do Rio Grande do Norte com uma votação de 560.682.

2002 Deixa o governo do Estado para concorrer novamente a uma vaga ao Senado. É eleito com 714.363 votos.

2006 Disputa a eleição para o governo do Estado. Nos dois turnos obteve um total de 1.498.175 votos.

2008 É eleito pelos senadores presidente do Senado e, consequentemente do Congresso Nacional. Torna-se o primeiro potiguar eleito para a função. 2010 Completa quatro décadas de vida política, somando um total de 3.885.424 votos.

OBRAS

Nesse período de atuação, o senador Garibaldi Filho já registrou seu nome na história do Rio Grande do Norte devido às obras e serviços que prestou e continua prestando ao Estado. Confira abaixo algumas dessas obras e serviços:

 Destinação de R$ 102 milhões em emedas paras as cidades do Rio Grande do Norte

 Inclusão no PAC do projeto de irrigação da barragem de Santa Cruz

 Inclusão no PAC da reforma do terminal salineiro (porto-ilha) de Areia Branca

 Construção de 1.000 km de adutoras. Foram atendidas 46 cidades e 145 pequenas comunidades, o que equivalia, na época, a uma população de 544.249 habitantes. Na época a estimativa era que essa população beneficiada chegaria a 786.229 habitantes.

 Construção das barragens Santa Cruz (Apodi); Umari (Upanema) e Carnaúbas (no Seridó). Aumento da capacidade de armazenagem d’água em 900 milhões m3.

 Criação do programa do leite quando era prefeito. Depois ampliação do serviço para todo o Estado quando foi eleito governador.

 Duplicação da avenida João Medeiros Filho

 Recuperação e funcionamento da 1ª. etapa projeto Baixo Assu com 3.000 há irrigados

 Perfuração 3.592 poços; construção 1508 sistemas de abastecimento e 111 dessalinizadores

 Construção da BR-101 até Touros

 Construção do pronto-socorro Clóvis Sarinho

 Conclusão dos hospitais Maria Alice e Regional de Assu

 Reforma hospitais Tarcisio Maia e Regional de Apodi

 Construção Hemocentros em Parelhas, Pau dos Ferros e Currais Novos

 Ampliação do hospital do Câncer

 Equipamento e funcionamento dos Hospitais Acari, Macau, Santo Antonio, São Miguel e Angicos.

 Implantação de 10 centrais do cidadão

 Construção de 114 novas escolas. Ampliação/recuperação 974 escolas.

 Construção de 17 ginásios esportivos. Construção/recuperação 140 quadras .

 Construção da Biblioteca Zona Norte

 Construção do Teatro Adjuto Dias, em Caicó; e do Teatro Lauro Monte, em Mossoró

 Construção penitenciárias Alcaçuz e Caicó

 Construção presídios provisórios de Natal, Caraúbas e Parnamirim

 Construção/reforma 58 delegacias e aquisição 900 veículos,

 Construção 14.169 casas populares e 299 casas na área rural

 Reforma/melhoria de 17.187 casas

 Construção do Fórum Natal, Fórum da Zona Norte, sede do TCE e

 Construção aeroporto Augusto Severo

 Implantação 3470 km rede de eletrificação beneficiando 56.000 famílias

 Urbanização de Ponta Negra e Via Costeira

 Construção de 132 km de rede de esgoto e 1581 km rede água.

 Reforma terminal rodoviário Mossoró

BIOGRAFIA

Garibaldi Alves Filho nasceu em 4 de fevereiro de 1947, em Natal, Rio Grande do Norte. Filho de Garibaldi Alves e Maria Vanice Chaves Alves, Garibaldi é o mais velho das quatro filhos do casal. Sua formação escolar básica foi feita no Marista e no Atheneu. Após isso, Garibaldi Filho cursou Direito, na Universidade Federal do Rio Grande do Norte, concluindo o bacharelado no início da década de 70. O senador é casado com Denise Pereira Alves, com que teve dois filhos: Walter Pereira Alves (deputado estadual) e Bruno Pereira Alves (empresário).

Além do Direito, profissionalmente, o senador também se dedicou ao jornalismo, área na qual atuou (e atua até hoje) apresentando programas no rádio e escrevendo artigos para jornais.

A vida pública do senador começou em 1966, quando ele foi nomeado chefe da Casa Civil da Prefeitura de Natal, na administração Agnelo Alves. Garibaldi Filho ficou no cargo até 1969.

Em 1971, pelo PMDB, a primeira eleição: Garibaldi Filho foi eleito para a Assembléia Legislativa do Rio Grande do Norte e iniciou uma série de quatro mandatos consecutivos (71 a 75; 75 a 79; 79 a 83; 83 a 85).

Em 1985, o ex-chefe da Casa Civil concorreu à prefeitura de Natal foi eleito prefeito. Garibaldi Filho administrou Natal de 1986 a 1988 e sua gestão até hoje é lembrada como uma das melhores que a cidade já teve. Dois anos depois, um novo desafio: Garibaldi Filho disputa pela primeira vez uma vaga ao Senado. Ele se elege e passa a ter contato com o Legislativo Federal.

Em 1994, uma convocação estadual o impediu de prosseguir exercendo o mandato de senador. Garibaldi Filho torna-se o candidato do PMDB ao Governo do Estado. E mais uma vez é eleito. A eleição para o Executivo faz com que ele renuncie à cadeira de senador para iniciar, em 1º de janeiro de 1995, a administração que ficaria conhecida como “O Governo das Águas”.

Quatro anos após a primeira eleição, Garibaldi Filho disputou a reeleição ao governo e novamente foi eleito. Mas desta vez não cumpriu o mandato até seu final.

Em 7 de abril de 2002, ele renunciou ao mandato no Executivo para poder disputar pela segunda vez uma vaga ao Senado. Nesta eleição, seus suplentes foram João Faustino e Carlos Alberto Torres (1945 – 1998). Ele foi eleito para o período de fevereiro de 2003 a 21 de janeiro de 2011.

Em 2007, uma oportunidade jamais imaginada se apresentou ante o senador: ser o presidente do Senado Federal. Garibaldi Filho mais uma vez aceitou o desafio e conquistou o cargo com apoio da maioria dos senadores. A administração de Garibaldi Filho à frente do Senado foi muito elogiada pelo caráter independente que ele imprimiu à frente do Legislativo. Atualmente, após deixar a presidência, ele se dedica a presidir a Comissão de Assuntos Econômicos do Senado, uma das mais importantes da Casa. Um fato relevante de sua carreira política é que ele sempre pertenceu aos quadros do PMDB.

Mais informações:

www.garibaldifilho.com.br www.twitter.com/garibaldifilho http://garibaldifilho.wordpress.com

quinta-feira, 27 de maio de 2010

PREFEITO IVAN JUNIOR QUER CONSTRUIR ESCOLA PROFISSIONALIZANTE PARA ATENDER ASSU E REGIÃO

O prefeito do Assu, Ivan Júnior, que reafirma sua convicção de que as comunidades de Vila Nova e Mutambinha pertencem ao município – apesar do prefeito Luizinho, de Carnaubais, considerar que a área pertence ao seu município -, disse que pretende construir uma escola profissionalizante naquela região para beneficiar a população do Assu e Carnaubais. “Minha preocupação é a de dar oportunidade de emprego e renda aos jovens da região, mas para que isso aconteça é preciso formação profissional”, disse o prefeito assuense.
“Tenho dado especial atenção ao desenvolvimento econômico do Assu. Por isso, quero construir essa escola profissionalizante para que possamos atender as demandas de trabalho que virão após a implantação da ZPE do Sertão, que agora depende exclusivamente da sanção presidencial, visto que já foi aprovada em todos os níveis”, disse o prefeito. “A formação profissional não está limitada apenas a mão de obra direcionada para atividades ligadas ao petróleo”, lembrou Ivan Júnior.
“A Zona de Processamento Exportação, pela isenção de parte da carga de impostos para produtos exportados, será um grande atrativo para empresas nacionais e estrangeiras investirem na região, além dos benefícios da própria geração de emprego e renda que fortalecerá e expandirá a economia local”, encerrou o prefeito Ivan Júnior.

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Postado por Fernando Caldas Fanfa

FOTOGRAFIA DA FESTA DOS "AMIGOS DE IBERÊ"

Certo amigo jornalista açuense mandou-me esta fotografia acima com a seguinte frase criativa: "Quem disse que Rosalba vai ganhar a eleição, levante a mão...

Esquerda para direita: Governador Iberê Ferreia de Souza, ex-governadora Wilma de Faria, deputado federal João Maia, (?) e o ex-vereador do Açu Fernando Caldas Fanfa.

AÇU ANTIGO

quarta-feira, 26 de maio de 2010


Confraternização dos 40 anos de vida pública Garibaldi e Henrique reúne grandes nomes

A comemoração das quatro décadas de vida pública do senador Garibaldi Alves e do deputado federal Henrique Eduardo (ambos do PMDB), a se realizar nesta sexta-feira (28), no Centro de Convenções de Natal, vai reunir grandes nomes de expressão política do Estado e do País, como o presidente da Câmara Federal e presidente do PMDB nacional, deputado Michel Temer – indicado pelo PMDB como pré-candidato a vice na chapa da ministra Dilma Rousseff, a sucessão do presidente Lula -, o vice-presidente de Fundos de Governo e Loterias da Caixa Econômica Federal, Wellington Moreira Franco e o líder do PTB na Câmara, Jovair Arantes, entre outros, que ainda estão confirmando presença.

Serviço
 
O evento inicia às 12h30. A senha individual custa R$ 30,00 e pode ser adquirida na rua Lafayete Lamartine, 1889, Candelária. A renda arrecadada será utilizada para arcar com os custos da festa.


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segunda-feira, 24 de maio de 2010


o lançamento da candidatura de Iberê, amigos dançam "iberetion"

Publicação: 23 de Maio de 2010 às 13:43
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DivulgaçãoIberê e Wilma chegaram juntos ao evento de lançamento da candidatura do governadorIberê e Wilma chegaram juntos ao evento de lançamento da candidatura do governador
O governador Iberê Ferreira de Souza acaba de subir no palanque armado para a festa em comemoração ao restabelecimento de sua saúde, no Vila Folia, em Parnamirim. O evento está sendo chamado "Amigos de Iberê" e, segundo sua assessoria de imprensa, ja conta com cerca de 13 mil pessoas. Há um engarrafamento de carro na altura do Aeroporto Augusto Severo.

Há diversas faixas feitas por lideranças e políticos que exaltam o restabelecimento da saúde d governador.Entre elas uma que diz "não troco 40 cravos por 25 rosas", em menção os números dos partidos de Iberê, o PSB, e de Rosalba Ciarlini, o DEM.

FESTA DE IBERÊ, GOVERNADOR DO RGDONORTE

Fotografia do blog Panorama do Vale.

Fernando Caldas Fanfa, autor deste blog cumprimentando o Governador Iberê Ferreira de Souza na festa "Amigos de Iberê" realizada ontem, domingo, 23 de maio no Vila da Folia, em Natal em razão da recuperação da saúde daquele governate e candiato ao governo nas próximas eleições. Foi uma grande festa  com o comparecimento de mais de quinze mil pessoas. Estavam presentes os açuenses Zeca Abreu (Presidente da FUNASA), Ex-vereadores Toinho do Frutilândia (pré-candidato a deputado estadual pelo PSDB) e Everaldo Marques, além do blogueiro Nelson Dantas, "Arara", e muitas outras figuras do Açu. Presente também o prefeito de Itajá Gilberto Lopes.

Fernando Caldas

sábado, 22 de maio de 2010

Açu Irreverente

A irreverência está no sangue de cada um dos açuenses. Vejam vocês que lá, na cidade de Açu, na praça Getúlio Vargas, tem um anfiteatro denominado Arcelino Costa Leitão que popularmente é denominado de "Buraco do Prefeito", onde a juventude açuense dança nos dias de festejos do Padroeiro São João Batista, além de outros festas ali realizadas. Pois bem, tem também um obelisco na praça do Sal em homenagem pela passagem dos 150 anos da terra açuense. Aquele obelisco tem a semelhança de um minhoca que o povo apelidou de "Minhocão do Prefeito. A primeira construção (anfiteatro fora construído pelo prefeito Ronaldo Soares) e, a segunda pelo prefeito Lourinaldo Soares. Pois bem, o escritor açuense Celso da Silveira como não podia ser diferente, era também irreverente e bom contador de causos e tiradas, escreveu: "Já imaginaram se daqui a alguns anos, aparece um prefeito mais sofisticado, e inventa de colocar a recente obra, dentro daquela já existente"

Fernando Caldas Fanfa


"Viajando o Sertão (VI)"


"Igrejas e Arte Religiosa"

"(...) A mania da remodelação, para pior, ataca os nervos de muita gente bem intencionada. Creio firmemente que, na futura reforma dos Seminários brasileiros, reforma com as luzes dum Dom Xavier de Matos, seria indispensável a cadeira de Arte Religiosa Brasileira para ensinar aos nossos párocos um mais profundo amor pelos monumentos legados pelas gerações desaparecidas. Sirva de exemplo o altar da Igreja de Serra Negra, em madeira talhada, simples e emocionante prova de fé, quebrado, inutilizado, destruído, para ser substituído por um altar de tijolo ou cimento, sem significação, e história." (p.24)
"Durante o séc. XIX quase todas as Igrejas foram ‘remodeladas’, raspados seus frontispícios venerados, riscadas em sua fisionomia própria e coberta de cal e enfeites, de acordo com a inteligência do tempo. Ninguém lembrou a necessidade de conservar a fachada tal como estava e fazer adaptações interiores, respeitando os altares quando dignos de mantença. Igreja é prova de Fé e esta não se abala. Mesmo assim, com a devastação, ainda possuímos alguns documentos curiosos que atestam a revivência do barroco durante fins do séc. XVIII e XIX." (p.25)
"De todos os templos que visitei no Estado (nos 35 municípios que conheço) quase todos são incaracterísticos e já não podem ser apontados como estilos. São testemunhas de várias tarefas de consertos onde as mais estranhas mãos desviaram de seu trilho a espírito arquitetural daquelas capelas seculares." (p.25)
"As Igrejas outras, Açú, Ceará – Mirim, Moçoró, Caicó, não têm história em suas paredes, vinte vezes alteradas. Tanto podiam estar no nordeste brasileiro como na Austrália. Nada têm de nós porque as despojaram de suas heranças de cem anos." (p.26)
"Onde podemos ver a sobrevivência do barroco e a justiça dos que o dizem ter sido o verdadeiro estilo religioso brasileiro, é nos portões dos Cemitérios que escaparam à fúria modernizadora dos estetas." (p.26)
"Um outro ponto melancólico é a substituição dos Santos de madeira pelos Santos de gesso e de massa, bonitos e róseos com uma lindeza extra-humano." (p.26)
"(...) Deixaram o destronado orago num altar lateral enquanto o novo assumia o posto de honra no altar-mor. O Povo, habituado com o primeiro, continua obstinadamente, a recorrer ao conhecido padroeiro, dando-lhe orações e pagando promessas." (p.26-27)
"(...) Um trabalho de madeira é sempre um esforço pessoal, direto, próprio. Fique feio ou deslumbrante, o caso é que é um produto da inteligência humana, sem o auxílio da máquina polidora. Um trabalho de gesso, cartão ou massa, sempre bonito, é sempre o resultado frio da máquina, produto igual, monótono em sua beleza, sem calor da mão humana, rude ou apta, mas sincera." (p.27)
[Termina a crônica afirmando]
"Se os Santos de madeira são impróprios para o Culto ao menos conservemo-los como objetos de Arte, Arte primitiva, tosca, iniciante, mas Arte fiel a si mesma." (p.27)


Luiz da Câmara Cascudo

PAULO VARELA

O poeta matuto Paulo Varela, é meu conterrãneo do Açu, considerado um dos melhores poetas populares desse Nordeste. Paulo deixou o Açu para fazer apresentações na cidade do Natal se apresentando em casas de espetáculos da terra natalense. A sua poesia, é como a de Renato Caldas, agrada a gregos e troianos.Vejamos para o nosso deleite, o poema adiante:

Pro mode dessas doidice
Que temo que escutar
Tanta coisa ripitida
Desses tanto bla-blá-blá
Por isso qui tenho dito
Os versos são mais bunito
Do que esses pocotó
Gente sen arte tá rico
E ouvido não é pinico
E nem também urinó
Faço coisa diferente
Dessas raízes da gente
Pois eu acho mais mió

Falo de nossas sabenças
Das nossas maledecências
Das coisas do mei rurá
Eu falo do sofrimento
Do chicotar do jumento
Do vôo do carcará
Falo do gado magrenho
Da cachaça, do engenho
Do nordestino sofrido
Desse mato ressequido
Do espinho unha-de-gato
Tocaia no mei do mato
Das poça, do lamaçá
Da mãe que dá de mamar
Do aboiar do vaqueiro
Do repicar do ferreiro
Das prece, dos retirante
Dos bando de avuante
Do sol amarelo e quente
Da fome de nossa gente
Cangaia, borná, chucaio
Tropeiro no seu trabaio
Bisaca, xote, capim
Das negas, dos cabra ruim
Viola, moitão, furquia
Do calor do meio-dia
Casa de taipa, forró
Cachorro, gato, socó
Dos cabôco bom de briga
Das gostosas rapariga
Trinchete, alguidá, panela
Do pilão, cabaço e vela
Do luar, da lamparina
Dos perfume das menina
Quengo, feira e caçote
Biqueira, coice, magote
Farinha, feijão, arroz
Do nosso baião-de-dois
Cangapé, foice, matuto
Nossa fé, do nosso luto
Dos andar das romaria
Do repente, cantoria
Das beatas rezadeira
Dos tiros de baladeira
Dos bolão de vaquejada
Dos coriscos, trovoada
Enxada, perneira e pá
Brida, roçado, vasante
Mas vamos mais adiante
Que não parei de falá.

sexta-feira, 21 de maio de 2010

POESIA

Acabaram-se comigo todos os meus soluços.
Todos os meus gritos.
Todas as minhas tempestades.
Eu agora saio a perguntar onde ainda encontrar todos os meus soluços, todas as minhas tempestades.


João Lins Caldas, poeta potiguar



quinta-feira, 20 de maio de 2010

O príncipe plebeu e seu biógrafo
Livro inédito disseca a vida de Othoniel Menezes, autor de Praieira e um dos maiores poetas potiguares
Sérgio Vilar // sergiovilar.rn@dabr.com.br

A Rua das Laranjeiras ainda lamenta o fim do poema. A última estrofe de um soneto ritmado pelo balançar lânguido das jangadas ou de serenatas ao luar. Uma poesia de altos e farras boêmias. Frases metrificadas e desgarradas, soltas pelo pioneirismo modernista. A história de Othoniel Menezes vai além da Serenata do Pescador - a popular Praieira. Daquela rua ribeirinha foi precursor de Jorge Fernandes na poesia moderna potiguar, assumiu cargos de chefia no alto escalão governamental e viveu a maior parte da vida como príncipe plebeu. Um príncipe da poesia, amante tímido da simplicidade.


Foto: Fábio Cortez/DN/D.A Press
A história do autor do hino natalense foi imortalizada em prosa, verso e canção. O biógrafo e escritor Cláudio Galvão iniciou as pesquisas para o livro em 1981 e reuniu um compêndio de informações raras e inéditas. Príncipe Plebeu: uma biografia do poeta Othoniel Menezes foi editado pela Fundação de Apoio à Pesquisa do Rio Grande do Norte (Fapern). Ainda sem data agendada para lançamento,o livro virá acompanhado de CD composto por nove poemas de Othoniel Menezes musicados por diferentes autores. Afora Praieira, e também Sereia - inserida em um LP produzido pelo projeto Memória, da UFRN, as outras canções são inéditas.

Cláudio achou antigos seresteiros que ainda lembravam das canções. Visitou cada um acompanhado de um violonista, gravou as canções e repassou as partituras em casa. Muitas delas compõem o livro A Modinha Norte-Rio-Grandense, também de sua autoria. A demora na confecção do CD tem adiado o lançamento do livro. O filho de Othoniel, Laélio Ferreira - que assina o prefácio - pretende uma grande serenata para o lançamento do livro, em frente à antiga morada do "xaria mediano e formoso da Rua das Laranjeiras (quanta mansidão nos olhos claros!) era e seguirá sendo, sempre, o meu Príncipe e meu pai", escreveu. 

terça-feira, 18 de maio de 2010

UM POEMA DE WALFLAN DE QUEIROZ


[ in O livro de Tânia, 1963 ]
Eu venho de uma montanha, Tânia.
De uma montanha de fogo e de sombras,
De fogo como o sol e de sombras como a noite.
Venho de um vale, Tânia.
Um vale com mil flores brilhantes.
E todas estas flores eram tuas.
Venho de uma floresta, Tânia.
Uma floresta com apenas um pássaro.
Um pássaro azul como as águas do rio.
Venho de um lago também azul, Tânia.
Um lago tranquilo e sem rumores,
Com cisnes brancos, cisnes selvagens,
Selvagens como meu amor.
Eu venho do mar, Tânia.
Um mar sem praias e sem gaivotas,
Com uma ilha de carne,
E com o sangue de uma estrela.
Venho do deserto quente, Tânia.
Um deserto com ventos de areia,
E com monumentos que são sepulcros,
Onde enterro a minha solidão.

COSTA LEITÃO VERSUS EDGARD MONTENEGRO

Em 1962 disputava a prefeitura do Açu (foi uma campanha política mais tensa que o Açu já viveu) Maria Olímpia Neves de Oliveira - Maroquinhas (figura de minha estima e admiração, atualmente residente em Brasília) contra Walter de Sá Leitão. Maroquinhas tinha o apoio do seu marido Costa Leitão que na época era ainda o prefeito daquela terra açuense, Walter tinha o apoio de Edgard Montenegro então deputado estadual e líder incontestável do Vale do Açu..Em certo comício na praça pública do Açu Edgard em referência a Costa que tinha a cor escura e que era chamado pelos seus adversários de negro e "Barrão", externou: "Meus conterrâneos, esse negro achando pouco a sua "tinta" quer agora colocar uma "Onça" (apelido de Maroquinhas naquela eleição) na prefeitura do Açu.. Não podemos aceitar uma coisa dessas!" Dia seguinte, comício de Maroquinhas, povão na praça esperando a resposta de Costa sobre aquelas palavras de Edgard, Costa usou do microfone saindo-se com essa em referência a Edgard:: "Macacada te ajeita, porque Maroca vai ser prefeita!" E Maroquinhas, se não me falha a memória, ganhou a eleição para Walter (Golinha) por 308 votos. Era assim a política praticada no Açu.

segunda-feira, 17 de maio de 2010

SAUDADES DO MEU PAI



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10-Ago-2002
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SAUDADES DO MEU PAI

Neste domingo – dia dos pais – recordo-me da figura do meu pai como forma de homenagear todos os pais do RN. Católico fervoroso, moreno, estatura mediana, cabelos lisos bem penteados, voz mansa, simples, solidário, gostava de olhar nos olhos e apertar com firmeza as mãos das pessoas. O seu maior orgulho era ter nascido no Assu, onde passou a infância e a juventude. Visitava com freqüência a sua terra. Observador, gostava de poesia como todo assuense, opinava sobre tudo que ocorria ao seu redor.  Josias de Oliveira Souza, era o seu nome.
Mesmo com as névoas do tempo, lembro-me quando completei oito anos. Morávamos na rua Presidente Quaresma, 363, bairro do Alecrim, Natal. Ele e mamãe comemoraram a data de forma especial por gostarem da poesia de Casimiro de Abreu (“Meus oito anos”). Na festinha, tinha até “guaraná champagne”, o que não era comum na minha casa.
                        
“Oh! Que saudades que tenho

Da aurora da minha vida
Da minha infância querida,


Que os anos não trazem mais!
- Que amor, que sonho, que flores,
Naquelas tardes fagueiras
À sombra das bananeiras
Debaixo dos laranjais!” 


(Casimiro de Abreu)

Estudava no Colégio São Luiz, dirigido pelo Padre Eymard, onde recebi da professora Leonor as primeiras lições na vida. Quando fui fazer o exame de admissão ao ginásio de então, papai obrigou-me a freqüentar as aulas preparatórias do professor Batalha, conhecido pelo uso da palmatória a cada resposta errada do aluno. Cheguei em casa algumas vezes com as mãos vermelhas. Fui um dos primeiros colocados no exame de admissão do Colégio Marista e devo isto ao Mestre Batalha, um excelente professor e homem de bem.
A história de vida de papai teve a marca da luta e do cumprimento do dever. A tragédia o atingiu criança com a morte do seu pai, Francisco Justino de Souza, com quem praticamente não conviveu. Cursou até o atual segundo grau e contou com o amor e o carinho de sua mãe, Mafalda, caicoense de origem, que adotara Assu como a sua terra natal. Trabalhou no comércio. Gostava de conservar as amizades. O seu primeiro patrão  foi o honrado comerciante Leonardo Pinheiro (já falecido), dono de loja no Assu, por quem ele tinha grande estima e consideração. “Seu Leonardo” quando visitava  Natal era convidado permanente da nossa casa. Lembrava Cláudio, colega de juventude no Assu, que também veio morar em Natal, como um dos seus maiores amigos. Conversavam sempre. Nunca mais o vi.
Já morando em Natal, casou aos 22 anos (a mesma idade que casei) com a minha mãe, Neuza, com quem viveu até a morte prematura aos 56 anos de idade. Além de mim, o filho mais velho, os meus irmãos Gileno e Gilson. Aprendeu, durante a II Guerra, a arte de alfaiataria. Cortava o tecido, mas não sabia costurá-lo. Nos anos cinqüenta, instalou a Alfaiataria Globo, no Alecrim. Era uma mini-empresa com vários empregados, regra geral homens que costuravam os paletós e as mulheres as calças. Mensalmente, ia ao Recife e comprava tecidos para roupas masculinas e aviamentos para alfaiataria na loja “Fortunato Russo”, de quem foi cliente muitos anos.
Detestava dinheiro emprestado e pagava pontualmente as suas obrigações. Esta lição,  também me ensinou. As pessoas mais próximas dele diziam que “atravessava um rio a nado para fazer um favor”. Repetia sempre as máximas: “a única coisa duradoura que os pais dão aos filhos é o estudo”;  “o trabalho, qualquer que seja, não envergonha a ninguém”. Era rigoroso com os estudos. Mamãe fiscalizava os meus “deveres de casa”. Quando ela tinha outros afazeres, ele exigia que ficasse estudando sob a sua vista na alfaiataria. O seu sonho era que fosse “guarda marinha” (oficial da Marinha de Guerra). Depois, quando decidi ser advogado, afirmava que morreria tranqüilo, se eu chegasse a procurador federal. Fui procurador federal. (Hoje ganha menos da metade dos procuradores estaduais e municipais). Ele acompanhava tudo de política. Quando lhe dizia que um dia seria político, aconselhava: “no RN isto é um clube fechado. Não lhe deixarão entrar. E se entrar irá sofrer muita injustiça”. Citava como exemplo as perseguições contra Café Filho, a quem admirava. Ele tinha razão. Sonhava com oportunidades para mais os  pobres.
No final dos anos cinqüenta, surgiram em Natal as primeiras roupas feitas. Seria o momento para papai transformar a sua alfaiataria numa fábrica. Estimulado, negou-se a pedir dinheiro emprestado em bancos ou pedir favores ao Governo. Resultado: os seus clientes deixaram de fazer roupa sob medida e a Alfaiataria Globo fechou. Muitas vezes, com lágrimas nos olhos, antecipava as dificuldades financeiras, caso eu tivesse que cursar a Faculdade de Direito no Recife. A iniciativa pioneira do Professor Onofre Lopes (também da família por parte de minha mãe) tranquilizou-o com a instalação da nossa Universidade.
Fechada a alfaiataria, mamãe, eu e meus irmãos, ainda pequenos, procuramos trabalhar e ajudá-lo na manutenção da casa. Mamãe ingressou no serviço público, no qual aposentou-se. Eu fui revisor de jornal aos 14 anos. Recordo a aflição em família para compra de material escolar no início do ano e na hora de pagar a mensalidade dos filhos no colégio.Por esta razão, quando assumi uma cadeira na Câmara Federal em 1975, o primeiro projeto que apresentei foi o da criação do crédito educativo, hoje FIES.
Aposentado com um salário mínimo, ele sofria muito por não ter vida ativa no trabalho. Lembro-me das suas últimas alegrias: a minha formatura em 1967 em que fui o orador oficial da Turma da Liberdade e quando, dias depois, casei-me com Abigail, que ele considerava “uma moça excelente e de boa formação ”.
Morreu em 1972 de um pós-operatório. Esteve internado no navio-hospital norte-americano (“Hope”), ancorado em Natal. Nada adiantou. Transferiu-se para o então Hospital das Clínicas. Supersticioso com o número 9 ou numeração que desse “nove fora nada”,   faleceu, por ironia do destino, no dia 9 de maio, no apartamento número 9, às 7 horas e 11 minutos da manhã. Toda família herdou essa superstição. Autorizei a doação das  córneas dos seus olhos para transplante no navio “Hope”, sob a condição de nunca saber quem se beneficiou. Até hoje, a família desconhece quem passou a enxergar com elas.
Neste Domingo – dias dos pais – lembro de “seu Josias”, homenageando-o com parte da música de Sérgio Bittencourt, cantada pelo insuperável Nelson Gonçalves: “ Naquela mesa ele sentava sempre ; e me dizia contente o que é viver melhor..... Naquela mesa tá faltando ele; e a saudade dele tá doendo em mim”.


Coluna Publicada aos domingos nos jornais O POTI e GAZETA DO OESTE
Natal e Mossoró - Rio Grande do Norte

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