sexta-feira, 9 de setembro de 2011

O FOLCLÓRICO ABRAÃO DO ASSU

 


Abraão Ambrósio de Andrade era tipo grandalhão, barrigão, andar cadenciado, desarumado. Trabalhava na prefeitura do Assu, importante município potiguar. Nas eleições de 1962 candidatou-se a vereador pelo velho PSD. Era candidata a prefeita Maria Olímpia Neves de Oliveira - Maroquinhas, com o apoio do seu marido já prefeito Arcelino Costa Leitão. Do outro lado era candidato Walter de Sá Leitão pela partido da UDN. Campanha acirrada, muitos oradores inflamados. Chegou a vez de Abrão estreiar como orador que, de microfone em punho, saiu-se com essa: "Meus amigo, essa é a premeira vez que boto a boca no 'apareio' de dona Maroquinhas". É que vaso sanitário no Nordeste é chamado aparelho ou 'apareio' no linguajar do homem não alfabetizado, matuto. 

De outra feita, na praça púlblica da terra assuense naquela mesma eleição, povão todo na rua. O locutor anuncia Abraão para falar. Ele era analfabeto porém desenibido, despachado. O seu linguajar, as suas tiradas agradava e atraia as pessoas. Pois bem, eleição disputada voto a voto entre Maroquinhas e Walter. Grande comício na praça Getúlio Vargas, o locutor anuncia Abraão para falar ao seu povo, que disse assim: "Meus cunterrâno, nós semo homilde. Dizia meu avô que de grão em grão, a galinha enche o rabo." E Maroquinhas ganhou a eleição com 308 votos de maioria.

Noutra concentração pública, Abrão ao ser chamado de imbecil por um dos circustantes no instante em que discursava, arrochou o verbo: "Imbecil, imbeciu é Seu Costa que é inteligente e sabido. É o nosso prefeito". Aí, alguém presente no palanque próximo a ele, Abraão, deu um chute no seu calcanhar para advertí-lo pelas suas palavras inconvenientes. Certo de que sua oração estava agradando, continuou o discurso: "E dona Maroquinhas tombém. Vai ser a nossa prefeita!" E a risada foi geral.

É assim o meu Assu de tanta história, celeiro de muitas figuras e estórias pitorescas.

Fernando Caldas


Concentre-se em seus pontos fortes

Todos nós, sem nenhuma exceção, temos habilidades. Diversas ou algumas, nascemos com elas e/ou adquirimos no curso da vida. O que ocorre é que muitos não descobrem quais sejam elas ou hesitam em exercitá-las. Não as aplicando estas se atrofiam. E perdemos oportunidades valiosas de sermos úteis à sociedade ou sermos gratificados com o resultado advindo dessas habilidades.

Eventualmente, como explicitado no artigo anexo, podemos exercer atividades que não identificam plenamente com nossa capacidade ou qualidades com que fomos aquinhoados por Deus. Entretanto, se nos determinarmos a praticar, a desempenhar o talento de que dispomos inevitavelmente surgirão oportunidades que propiciarão o reconhecimento de nossas aptidões. Sugerimos que pense e medite a respeito desse assunto nesse final de semana que vai chegando. Analise sua capacidade inata e aja com sabedoria e discernimento. E sempre haverá a possibilidade certa de que Deus – se for consultado – ajudar-lhe-á na execução de uma ou mais atividades para as quais suas habilidades estão presentes. Lembre-se sempre de que a presença de Jesus Cristo nunca deveria ser descartada nesses momentos. O sucesso de sua vida está em jogo. Consulte o seu Amigo de todos os momentos e receberá auxílio precioso e muito valioso que com certeza alegrarão os seus dias.

Goze um final de semana sereno e sossegado ao lado de pessoas que lhe querem muito bem e aproveite a oportunidade para colocar este assunto em debate.
O abraço deste seu amigo de hoje e de sempre

Clênio Lins Caldas

Concentre-se em seus pontos fortes

Um grupo de crianças do bairro construiu uma casa na árvore e formou o seu próprio clube. Quando os adultos souberam quem havia sido escolhido para cada cargo, eles ficaram impressionados ao ouvir que um garoto de quatro anos havia sido eleito presidente.
“Ele deve ser um líder nato”, observou um pai. “Como é possível que os garotos maiores tenham votado nele?”. Seu filho respondeu: “Bem, ele não podia ser secretário porque não sabe ler e nem escrever. Ele não podia ser tesoureiro porque não sabe contar. Ele jamais poderia ser o responsável pela lei e a ordem porque é muito pequeno para botar qualquer um para fora. Se não o escolhêssemos para nada, ele se sentiria mal. Então nós o elegemos presidente”.
A vida não funciona assim! Você não se torna uma pessoa de sucesso por eliminação; na verdade, para ser bem sucedido você precisa trabalhar com os pontos fortes que Deus lhe deu. Na vida, o seu propósito está sempre ligado aos seus dons. Deus não o chama para fazer algo que você não tem talento para fazer. Deus disse a Moisés: “Reúna-me setenta... que você sabe que são líderes”.
Você não pode crescer e atingir o seu pleno potencial se estiver constantemente produzindo sem usar suas principais habilidades. O aperfeiçoamento está sempre relacionado à habilidade. Você sabe o que acontece quando passa todo o seu tempo trabalhando nas suas fraquezas, e nunca desenvolve os seus pontos fortes? Se você realmente trabalhar duro, poderá galgar alguns degraus até a mediocridade, mas nunca irá além disso. A necessidade econômica e a responsabilidade com a família podem exigir que você trabalhe por algum tempo fora de suas habilidades específicas, mas não fique paralisado nessa posição. Busque a direção de Deus, afie os seus dons, seja paciente e Deus abrirá as portas para você.

E o Deus de toda a graça, que em Cristo vos chamou à sua eterna glória, depois de haverdes sofrido por um pouco, ele mesmo vos há de aperfeiçoar, confirmar e fortalecer. 1 Pedro 5:10
Ouça também, o sábio e cresça em ciência, e o entendido adquira habilidade, Provérbios 1:5
Porque há homem cujo trabalho é feito com sabedoria, e ciência, e destreza; Eclesiastes 2:21a

Palavra para hoje





quinta-feira, 8 de setembro de 2011



 INSPIRAÇÕES CRUAS

Por Luciana Dimazio

Brotam-me palavras
Brutas
Cruas
Nuas
Para vesti-las a meu bel-prazer
(fatigo-me das roupas emprestadas)

Afloram-me frases
Livres
Leves
Soltas
Para compô-las em versos sem rima
(de prisões e correntes ponho-me farta)

A sede de escrever bebe direto na fonte
Nascente fulgurante em meio ao oásis
Vaga-lume emergente no breu da dor
Fresta iluminada na porta cerrada

Invadem-me sentimentos e inspirações
Que se debruçam no meu pensar
Deitam-se no meu escrever
E desfalecem no meu viver...

Luciana Dimarzio - SET/2011

QUEM GOSTA DO FRACASSO?

Por Públio José - jornalista

(publiojosé@gmail.com)

A criação e educação dos homens que estão hoje no poder na política, nas empresas, na comunidade – pessoas na faixa etária dos 40 aos 60 anos – foram feitas para não conhecer o fracasso. “Homem que é homem não chora”; “homem não leva desaforo pra casa”; “quem bater leva”, etc, etc. Lembram-se? Era assim a essência da nossa criação doméstica. O que isso originou? Pessoas fechadas a outro tipo de linguagem, duras de coração, culturalmente pré-estabelecidas a sempre levar vantagens e avessas ao risco. Essa geração prima por buscar a segurança, a tranqüilidade de uma vida assentada em parâmetros que giram em torno de regularidade. E o que significa regularidade? Vem de regular, “referente a regra, disposto simetricamente, que tem lados e ângulos iguais” entre outros significados.

Vamos agora olhar ao nosso redor. A realidade que nos cerca nos traz regularidade, segurança? De jeito nenhum. Estamos rodeados de dificuldades por todos os lados. Então, porque nossos pais e educadores não nos treinaram para o enfrentamento de adversidades, ao invés de nos dotarem de uma capacidade sem igual de gerarmos medo, traumas, egoísmo, individualismo e violência?  O negócio é atingirmos um estilo de vida que nos garanta conforto, sucesso, bem-estar. Das pessoas que alcançam este patamar diz-se “serem pessoas bem sucedidas”. Será que são? “É, fulano é um cara bem sucedido” afirma-se, apontando-se para aquele que tem um bom lugar para morar, um bom emprego, carro do ano (de preferência importado), celular e roupas de grife, etc, etc. E a que custo? Essa cultura nos levou a sermos pessoas desprendidas, corajosas, risonhas, solidárias, bem postadas interiormente? 
                                               
Nada a criticar das pessoas que são bem aquinhoadas materialmente. Mas, será que a vida é simplesmente isso? Com a criação que recebemos – inclusive nas escolas – nos estruturaram para sermos óbvios, retilíneos, com lados e ângulos iguais, dispostos simetricamente. Sem estrutura interior para topar o risco, enfrentar a escuridão e encarar o caos do dia-a-dia. Por sinal, enfrentar o dia-a-dia com coragem é onde está o verdadeiro sabor da vida. Pense agora: qual é a grande barreira da sua vida? Falar em público ou plantar e colher relacionamentos pessoais e profissionais? Pense!
                                             
Está na hora de vencermos as nossas próprias limitações. O que você acha que não sabe fazer – faça. O que você acha que não pode fazer – faça. O que dizem que você é incapaz de fazer prove o contrário às pessoas e a você mesmo. Está na hora de desafiarmos o imenso potencial que temos dentro de nós. Qual a sua deficiência? Estabeleça-a para você sincera e honestamente e lute para vencê-la. Se o fracasso vier, tente novamente. Não desista. A recompensa virá de você para você mesmo. Já se imaginou rompendo barreiras no seu dia-a-dia e na alegria que surgirá do seu interior? Já pensou na onda interior de realização, você dizendo a você mesmo: eu consegui, eu venci?
                                               
Aprenda a desafiar o caos, a escuridão, a incerteza, a dúvida. Onde está a escuridão da sua vida? No medo do amanhã? No teste para o futuro emprego? No enfrentar a sogra? O auditório lotado? A síndrome da segunda-feira? O receio da traição? Sabe por que você pode desafiar a escuridão, o caos? Porque você foi dotado para isso! Você foi projetado para ser um vencedor. Analise as possibilidades infinitas de seu cérebro. Sinta a capacidade enorme de percepção que tem no seu olhar. Veja a potencialidade da sua “máquina corporal”. A enormidade de alternativas e respostas que seu cérebro tem a lhe oferecer. “E o fracasso, se ocorrer”? Você me pergunta. Tente de novo. Se posicione diferente, busque, procure. Você vai começar a experimentar, mesmo que de leve, o sabor indescritível e legítimo de vitória, aquele sentimento de esperança surgindo, brotando de dentro de você. Você é capaz de coisas maravilhosas. Quer apostar?
    

O CANGULEIRO JOÃO CAFÉ FILHO


"Café fiel às suas raízes

Roberto Brandão Furtado

Inegavelmente, Café foi o político mais importante do Rio Grande do Norte, no século XX.

Sem se formar em Direito, foi um dos mais brilhantes advogados criminalistas do Estado, aceitando muitas vezes as causas mais difíceis e de pessoas sem condições financeiras de contratar defensor. Defendia por solidariedade humana.

Iniciou-se nas lides forenses, com dezessete ou dezoito anos, aceitando a causa de um homicida, absolutamente miserável, cuja defesa fora recusada por inúmeros advogados. O réu, um homem triste, de vestimenta rota e suja, já sentado no banco dos réus, cercado pela mulher que amamentava no peito o filho mais novo e tendo ao seu redor mais dois filhos menores.

Como não podia negar a autoria do crime ou mesmo alegar legitima defesa, dirigiu-se ao sentimento dos jurados, mostrando que a condenação do réu seria um mal maior – pelo completo abandono em que ficaria sua família do que o mal praticado por ele ferindo mortalmente, com uma faca, o seu desafeto. Conseguiu uma inesperada absolvição. Este, como tantos outros casos, ficou na história da justiça criminal do Estado.

Seu espírito irrequieto levou-o a vários outros confrontos com a polícia, sempre na defesa das reinvindicações das classes menos privilegiadas. É o próprio Café quem nos conta: “de tanto advogar as causas dos pobres aderi ao drama deles e tomei a frente de suas reivindicações, nos sindicatos e nas ruas, e nasci assim politicamente nas Rocas, cercado pela polícia numa colônia de pescadores (Do Sindicato ao Catete, 1966, pag.35) ”.

Os pescadores lutavam por direitos e suas reinvindicações se transformaram em tumulto, quando a Capitania dos Portos solicitou a ação policial que cercou os 45 homens reunidos na colônia de pescadores, entre os quais Café Filho, o seu advogado, todos sob ameaça de prisão.

Ficaram sitiados até que, vencidos pela fome e pela sede, deixaram a Colônia em fila, com Café à frente, seguido pelos quarenta e quatro pescadores, dirigindo-se para a Delegacia do bairro da Ribeira, o que ocorreu sob o cerco dos policiais e, já nesta altura, com o acompanhamento de uma multidão das Rocas, em manifestação de solidariedade.

Dos entendimentos com o Chefe de Policia, comandados por Café, resultou a liberação de todos, sendo Café o último a sair.

Assim, com esses gestos de solidariedade e demonstração de coragem cívica, Café conquistou a confiança de Natal e do Rio Grande do Norte.

Apesar da forma populista de fazer política, não se podia imaginar que aquele homem simples e humilde, filho político das Rocas, como ele próprio se denominava, viesse no futuro a galgar, pelo voto direto do povo brasileiro, a vice-Presidência da República, e, em conseqüência, tivesse que assumir a Presidência em decorrência do suicídio do Presidente Getúlio Vargas.

Quanto a isto, Café, no livro citado, relata uma premonição que lhe ocorreu e que só foi contada após a confirmação factual do vaticínio, com receio de ser levado ao ridículo, que foi a de que chegaria à Presidência da República.

Segundo ele, aos quatro ou cinco anos de idade, estando no sitio de seu avô em Ceará Mirim, pressentiu alguma coisa que lhe dizia vir ele a ser Presidente. E esse pressentimento o perseguiu a vida toda, Conta ele ainda que, quando vice-Presidente, tornou ao citado sítio e ali voltou ao lugar onde sentira a predição: o cajueiro plantado por seu avô. Mas na verdade nada aconteceu.

Quando foi presidente do sindicato, pensou que era aquela voz que se cumpria mas intuía que não era aquilo somente.

Folheando o exemplar que ele dedicou a meu pai e minha mãe, eu encontrei uma anotação de meu pai na margem onde Café fala da premonição, dizendo: “Acompanhei, com Eider Varela, Café nessa incursão ao Guajiru”. Tenho o testemunho de Roberto Varela que também estava presente, pois papai teria feito essa anotação que ele esteve lá, e foi uma coisa interessante por que ele guardou aquilo a vida toda, e, quando eu abri o livro estava escrito isso. Agora eu queria ler para vocês o que ele escreveu para meus pais: “Para João Maria Furtado e Jacyra, amigos leais das horas certas e incertas, testemunhas vivas da minha vida política, como reconhecimento pela solidariedade que sempre me emprestaram. Rio de Janeiro, 15/02/1966. João Café Filho”.

Apesar de alguns dizerem que Café, depois de Vice e de Presidente, mudou a sua maneira de ser e as suas posições políticas, entendo, pelo que me foi dado a conhecer de sua vida, de sua história, que Café, ao contrário desse enunciado, se caracterizou, exatamente, pela fidelidade às raízes, pela demonstração de solidariedade aos sus amigos, pelo reconhecimento aos que de qualquer forma, o ajudaram, pelo espírito contestador, estando sempre na oposição. Dessa última somente se afastou, como não podia deixar de ser, quando foi chefe de Policia e depois Vice-Presidente da República.

Tendo sido um dos líderes da revolução de 1930 no Estado, quando esta se tornou vitoriosa, Café sentiu-se escanteado, pela escolha, pelas forças da Revolução, do Desembargador Silvino Bezerra Neto, irmão de José Augusto, para Governador, Não aceitando a indicação, Café fez uma mobilização popular de forma que chegaram a um entendimento: formou-se uma Junta Governativa Militar, Café foi nomeado Chefe de Polícia e articulou com comícios e passeatas o nome de Irineu Jofilly para o governo, o que afinal se concretizou. Café continuou Chefe de Polícia com o inusitado apoio popular.

Ele próprio diz: “O líder das greves, que desafiara a polícia, era o chefe de polícia e no comando da ordem - situação nova volvendo o olhar revia como no período da desordem, o povo caminhando confiante a seu lado” (1966:70); quer dizer ele dizendo que o povo o acompanhava de qualquer maneira. Uma demonstração do desprendimento de Café é que dizia que não tinha vocação política. O primeiro ato de Café, como chefe da polícia, foi libertar todos os presos políticos.

Em virtude de sua atividades à frente de, praticamente, todas as greves - estivadores, pescadores, portuários - Café se viu na contingência de fugir do Estado, depois do cerco policial ao quarteirão onde se situava sua casa e o Jornal do Norte, que dirigia. Foi parar em Bezerros, Pernambuco, onde, por influência do Capitão José Alvim, Delegado de polícia local, conseguiu a nomeação para o cargo de secretário da Prefeitura.

Em 1952, trinta anos depois desses fatos, Café, Vice-Presidente da República, pôde retribuir ao Capitão Alvin o favor recebido, conseguindo, a pedido daquele militar, o emprego de contínuo dos correios de Surubim, para um seu filho. Falado sobre o episódio, diz Café: “As pequenas alegrias também justificam o exercício dos altos cargos” (1966:47).

Em junho de 1932, Café, que já exercera o cargo, é nomeado Chefe de Polícia, cria a guarda Civil e nomeia para o seu comando o cidadão Agripino de Souza. Trinta anos depois, este cidadão procura Café - vice-presidente -, que assim se refere ao encontro: ” Alguns nem gostavam de esperar e nem compreendiam que eu não estivesse livre, no momento, para receber e abraçar. Assim aconteceu, uma tarde, com Agripino de Sousa, companheiro dos mais fiéis e denodados, em minhas lutas políticas do Rio Grande do Norte e meu colaborador, em 1932, na Chefia de Polícia, quando lhe confiei a direção da Guarda Civil, em Natal, criada durante a minha gestão. Deixava o Senado as pressas, pois estava atrasado, a fim de comparecer a um ato diplomático em uma Embaixada estrangeira. Fiz-lhe um sinal, de dentro do automóvel para que me esperasse, dizendo-lhe que conversaria com ele na volta. Agastado, Agripino de Souza, não me esperou. E nunca mais me procurou. Morreu sem que nos tivéssemos encontrado de novo” (1966:279).

Abordando esse caso, na introdução ao citado livro de Café, Munhoz da Rocha professou: “Todos os políticos militantes tem seu Agripino de Souza, esfumaçado no cenário de antigas jornadas, um velho companheiro que ajudou e ajudou muito, não apareceu mais ou apareceu raramente, não pediu, não pleiteou, escondeu-se modesta e humildemente no meio de muitos, e sem despedir-se, desapareceu para sempre”.

Nenhum exemplo de seu desprendimento foi mais eloqüente do que a decisão de não ser candidato a Constituinte de 1934, indicando em seu lugar Keginaldo Cavalcanti, que na época morava no Ceará, elegendo-o com facilidade.

Em 1953, Café foi candidato à Câmara Federal, por imposição dos seus correligionários e é ele próprio que comenta a sua eleição: “Assim cheguei à política, através da revolta e da revolução, levado a ela pelas circunstâncias, movido por um sentimento de justiça e de solidariedade humana” (1966:78).

De outra feita, depois de deixar a Presidência da República, recusou-se a disputar vaga na Câmara dos Deputados: “Devo registrar que após cumprir as várias etapas, não teria conseguido sair da política se a ela me prendesse uma verdadeira, específica, insubstituível e absorvente vocação. Não contesto que, no decorrer dos anos, por força de praticá-la, adquiri o hábito da política, e precisei lutar contra esse hábito, inclusive aconselhando pelos médicos, até perto das eleições de 1958, as reservas físicas de antes, não quis estabelecer contraste comigo mesmo (1966:79)... Mas há outro fator - determinante e decisivo para as consciências honestas - que é o de se dar alguém conta que já não pode transmitir, com a mesma convicção a mesma mensagem” (1966:145).

Café Filho, quando vice, e depois como Presidente da República, estabeleceu as “Audiências Públicas”, atendendo a todos os que o procuravam e ouvindo as suas reinvindicações. Com isso se manteve, apesar da aparente distância existente entre os cargos exercidos e o povo, em permanente contato com os mais variados problemas da comunidade.

Dentro deste sentido, de ter contato direto com os problemas do povo, quando parlamentar, dotou o sistema de “Comandos Parlamentares”, indo pessoalmente, juntamente com outros deputados, aos vários órgãos do Governo e ai se inteirando do funcionamento de cada um, no que dizia respeito ao atendimento aos cidadãos.

Fazendo uma apreciação sobre a vida pública de Café, seu caminho, dos sindicatos até o mais alto posto da República, Munhoz da Rocha assevera: “As Rocas o fariam advogado dos pobres e dos humildes a começar pelos estivadores e o imunizariam contra a perda de contato humano com todas as situações..... Café caiu porque eliminou do seu Governo o favoritismo, a parcialidade e toda a trama de múltiplas e recíprocas compensações que enfraquecem a autoridade, mas a mantém embora enfraquecida. Caiu porque não transgrediu, não se agachou para continuar politicamente.”

Munhoz ainda cita uma frase de Otávio Mangabeira: “Café subiu por seus defeitos e caiu por suas virtudes” e analisa: “ se não fosse tão-somente uma frase, teria demonstrado desconhecimento da justificação de um estilo vivido por Café, preso às suas origens e condicionado à realidade humana que permitiu seu arranco político”.

Prossegue Munhoz da Rocha no prefácio do livro “Do Sindicato ao Catete”, na sua exuberante introdução que trata da vida de Café: “As Rocas significam a pobreza, mas também a solidariedade que a acompanha, como uma sombra; significam o pequeno aparando e assistindo ao pequeno, o pequeno precisando de amparo e obtendo-o de outros pequenos; significam o pobre angustiado socorrido pelo próximo, também pobre, mas que sabe ajudar e encontrar reservas para fazê-lo; significam todos pó um e um pó todos, ao contrário dos ricos, em cujo meio o egoísmo e a desajuda recíproca definem a vida. Esse ambiente marcou a Café de modo indelével e Café lhe conservou fidelidade”.

João Maria Furtado em seu livro de memórias, “Vertentes” (67), depois de relatar o seu primeiro encontro com Café, numa sessão de júri popular, onde o autor foi acusador e o futuro presidente defensor, quando este convidou João Maria para fazer parte do seu escritório de advogado, dá um testemunho da amizade que daí surgiu: “Nossa aproximação se estreitou sempre, daí por diante ininterruptamente, no alto das posições que assumiu ou nos dias de privações e ostracismo a que chegou. Nada a perturbou, e crescendo sempre, veio a se tornar definitiva quando ele entra para a política e das posições de tanto relevo ocupadas voltou à planície. A afinidade de sentimentos e de pensamentos, as recordações e lembranças da luta comum, embora em setores diferentes, pelo aperfeiçoamento de nossos costumes políticos, nos uniram na comunhão dos mesmos ideais de combatentes contra as velhas formas de governar e dirigir o Brasil, sem que qualquer interesse material influísse em nossas relações de amizade”.

Sempre que ele vinha a Natal ia na nossa casa. Vou contar um fato que aconteceu na minha família, dentro da minha casa. Jantava normalmente com mamãe, pedindo as comidas da terra, quando não chegava de surpresa. Um belo dia ele chegou de surpresa, já estava a mesa posta; ele foi chegando, era vice-Presidente, só tinha uma pessoa com ele, entrou e veio almoçar, mamãe correu aperreada, pediu para ele demorar um pouquinho para ver se ela aumentava a água do feijão, e por coincidência tinha uma toalha na mesa que tinha um furo, um buraco na toalha, coisa diária, então mamãe pegou um prato botou em cima daquele buraco e eu tenho uma prima e filha de criação que chegava de instante em instante, pegava o prato e puxava. Lá para tantas, Café falou: “Jacira eu já vi o buraco na toalha não se incomode mais não”.

Na verdade, a fidelidade às suas origens é uma das qualidades mais marcantes da personalidade de Café Filho. Não pode ser, se não movido por este sentimento de coerência política, que um ex-Presidnete da República faz esta confissão: “Permaneciam em minha lembrança e quantas vezes - sobretudo na Presidência da República - ansiava por rever, reencontrar e abraçar esses companheiros dispersos, reclamando, no íntimo, o seu convívio e o seu diálogo. Uns se haviam associado a mim na juventude, em minhas lutas pela sindicalização dos trabalhadores do Rio Grande do Norte; outros, das minhas conspirações e das minhas campanhas políticas, guardando muitos, nos corpos, as cicatrizes das refregas violentas; ainda outros eram meus antigos correligionários das primeiras organizações partidárias que estabelecera contra o poderio das oligarquias em meu Estado; e haviam os que estiveram ao meu lado quando fui Chefe da Polícia, em Natal; os que conheci e privei com eles em meu primeiro mandato de Deputado; os que comigo sofreram juntos o ostracismo e o exílio; os que se reuniram sob o meu comando pela restauração democrática de 1945 e me levaram à Assembléia Nacional Constituinte; os colegas de jornal no interior nordestino; os estrategistas e os hospedeiros do meu tempo de conspirações e evasões da polícia, antes de 1930; aqueles de quem defendi as causas e os que me levaram subsídios ao combate parlamentar em meu segundo mandado de Deputado; e inclusive alguns que mais recentemente, tendo estado comigo quando eu era vice-Presidente, desapareceram na minha fase de Presidente da República” (1966:276).

Os fatos aqui citados, os depoimentos transcritos, mostram que Café Filho foi um homem coerente em suas atitudes, um político fiel às suas origens.

De agitador nas ruas de Natal à sobriedade do Presidente, Café foi um homem só: coerente e firme, sem tergiversação.

Foi a maior expressão política do Estado no século XX."

Breve roteiro cronológico de Café Filho

Laelio Ferreira de Melo

1) CAFÉ FILHO nasceu em Natal, na antiga rua do Triunfo, hoje Quinze de Novembro, na Ribeira, em 1899;

2) O pai, João Fernandes Café, era funcionário público modesto, herdeiro empobrecido. Seus avós, do Ceará-Mirim, tinham sido donos de engenhos e terras;

3) Teve infância “canguleira” nas campinas da Ribeira de então, pequena e bucólica. Estudou na primeira escola evangélica do Estado (o pai era batista), depois foi para o Atheneu;

4) Freqüentando às sessões dos júris na Capital, entusiasmou-se pela advocacia. Foi para o Recife, trabalhar no comércio para se manter e estudar Direito. Com dificuldades financeiras, voltou a Natal sem o canudo de Bacharel, apenas com um diploma de eletrotécnico;

5) Por concurso público, recebeu no Tribunal de Justiça, a provisão de Advogado (Rábula). Orador brilhante, estrategista lúcido, cheio de astúcias, conhecedor da legislação, fez-se defensor das camadas mais humildes da população (estivadores, trabalhadores rurais, pescadores, gente pobre, carente), granjeando largo prestígio e acumulando o ressentimento das classes mais abastadas da República Velha, no Estado;

6) Fez-se Jornalista e político de oposição combativo, fundando jornais, defendendo os interesses dos sindicatos, recém criados no RN. Foi duas vezes candidato a Vereador, sem êxito, na década de 20;

7) Organizador de passeatas e manifestações, foi preso diversas vezes, a residência cercada pela Polícia, chegando a cumprir pena de detenção, inclusive. Até 1930 quando caiu a República Velha –, sempre perseguido, várias vezes ausentou-se do RN, trabalhando como Jornalista em Pernambuco, na Bahia, no Rio de Janeiro, na Paraíba;

8) Já conhecido nacionalmente, na Revolução de 1930, vindo do Estado vizinho, comandou a primeira coluna dos revoltosos a entrar em Natal, ordeiramente. Seu maior desafeto político, o Governador Juvenal Lamartine, derrotado, exilou-se na Europa;

9) Participante ativo de todos os episódios políticos e administrativos do seu Estado e do País, o admirável tribuno elege-se Deputado Federal Constituinte em 1934,deixando a Câmara pouco antes do golpe do Estado Novo, em 1937.

10) Retorna deputado à Assembléia Nacional Constituinte de 1946. Mais tarde, em 1950, elege-se Vice-Presidente da República;

11) Antes de chegar à Vice-Presidência, político hábil que era, lembrado para governar o Estado, preferiu apoiar a candidatura de Dix-Sept-Rosado Maia. Iria, fatalmente, voar mais alto;

12) Assumindo a Chefia da Nação no dia fatídico, trágico e comovente da morte de Vargas, governou um ano e dois meses atropelado por conspirações e ameaças de golpe vindas das casernas e da pena brilhante, ferina e iconoclasta de Carlos Lacerda Frederico Werneck de Lacerda, que, anos depois, num gesto nobre, amparou o potiguar ilustre;

13) Não terminou o mandato. Vítima de um dos cinco enfartes que teve durante a existência atribulada, afastou-se da presidência em três de novembro de 1955, substituindo-o o Presidente da Câmara, Deputado Carlos Luz;

14) Restabelecido, tentou reassumir o governo mas o seu impedimento, urdido nos bastidores da oposição, foi aprovado pelo Congresso Nacional(em 22 de novembro e em dezembro confirmada pelo Supremo Tribunal Federal);

15) Vice-Presidente, Café Filho assumiu o Governo em condições dramáticas e surpreendentes. Confessaria, depois, não se encontrar politicamente preparado, porque não tinha base parlamentar suficiente para as árduas e complexas responsabilidades. Surgiram as críticas;

16) Aqui, na nossa terra, durante e depois do seu curto período de governo, os próprios "cafeístas" correligionários fiéis das primeiras horas nas lutas dos sindicatos e no jornalismo de oposição -, muitos deles presos e humilhados nas cadeias do Estado Novo, taxados de subversivos na chamada "Intentona Comunista de 35", quase todos, afirmam muitos estudiosos, se decepcionaram com o Presidente conterrâneo. Restou um misto de alegria e decepção – dúvidas, críticas, controvérsias, até os nossos dias;

17) E aqui estamos nós, hoje, nesta reunião de estudiosos, contemporâneos, críticos e admiradores realizarmos o resgate da historia e do homem publico que foi Café Filho;

18) Contando a própria vida, nas memórias que deixou à posteridade de certa forma justificando-se pelos erros cometidos -, Café Filho transcendeu o terreno pessoal para se entrelaçar com a própria história do Estado e do País, nos seus momentos mais graves -tarefa que exigiu, além da imperiosa base de verdade, muita vivência, habilidade, inteligência e muita humildade, sobretudo;

19) Homem probo e pobre, homem raro que, recebendo inesperadamente, no último ato da tragédia de Getúlio Vargas, a alta investidura na Presidência da Nação, não deixou, que as grandezas do cargo lhe subissem à cabeça.

20) Neste “BOM-DIA CAFÉ” vamos todos relembrar a trajetória, a memória e a história do menino canguleiro da Ribeira antiga

FONTE: "BOM-DIA CAFÉ", Edição FAPERN, NATAL/2007

Postado por Laferre de Melo (lLaélio Ferreira de Melo)

[Do blog Mediocridade Pural]

Postado por Fernando Caldas

quarta-feira, 7 de setembro de 2011

LITERATURA DE CORDEL

O MENINO DA BICICLETA

Um menino andar de bicicleta
Pela praça ou no meio da rua
Impedidndo passagem minha e sua
De uma via urbana completa
Mesmo ele não sendo um atleta
Simplesmente um crica mandrião 
sem respeito ao jovem e ancião
Aprontando com muita pirueta
Depois passa fazendo careta
Isso é falta de boa educação.


É importante que se entenda
Que a educação sistematizada
É para escola destinada
E queremos que o aluno aprenda
Que ele venha não só pela merenda
ou porque está sendo obrigado
Falta educação do oputro lado
Da família, ugreja e pastorais
Deos trabalhos ditos sociais
Tudo deve ser bem analisado.

José Carlos Silva
Montanhas-RN (www.pucrs.br)
Fonte: O Jornal de Hoje, Caderno Interior




segunda-feira, 5 de setembro de 2011

Hoje perdi-me
no caminhos dos teus braços
o mundo desabava lá fora
enquanto eu me encontrava-me
no aconchego dos teus braços

Perdi-me nesse caminho,
achei-me nessa ilusão
teu abraço transportava-me
para longe da minha razão
 
Por Cristina Costa
C e d e r

Por que será que nos
lamentamos tanto quando nos
decepcionamos,
perdemos e erramos?

O mundo não acaba quando
nos enganamos;
ele muda, talvez,
de direção.

Mas precisamos tirar partido
dos nossos erros.

Por que tudo teria que ser correto,
coerente, sem falhas?

As quedas fazem parte
da vida e do nosso
aprendizado dela.

Que dói, dói.
Ah! Isso não posso negar!
Dói no orgulho, principalmente.
E quanto mais gente envolvida,
mais nosso orgulho dói.

Portanto,
o humilhante não é cair,
mas permanecer
no chão enquanto a vida
continua seu curso.

O problema é que julgamos
o mundo segundo
nossa própria maneira
de olhar e nos esquecemos
que existem milhões e
milhões de olhares
diferentes do nosso.

Mas não está
obrigatoriamente errado
quem pensa diferente
da gente só porque pensa
diferente.
E nem obrigatoriamente
certo.

Todo mundo é livre de ver
e tirar suas próprias
conclusões sobre a vida
e sobre o mundo.

Às vezes acertamos,
outras erramos.
E somos normais assim.

Então,
numa discussão,
numa briga,
pare um segundo e pense:
"e se eu estiver errado?"
É uma possibilidade na qual
raramente queremos
pensar.

Nosso "eu" nos cega
muitas vezes.
Nosso ciúme,
nosso orgulho e até,
por que não,
nosso amor?

Não vemos o lado do outro
e nem queremos ver.

E somos assim,
muitas vezes injustos tanto
com o outro quanto
com a gente mesmo,
já que nos recusamos a
oportunidade de aprender alguma
coisa com alguém.

E é porque tanta gente se
mantém nessa
posição que existem desavenças,
guerras, separações.

Ninguém cede e as
pessoas acabam ficando
sozinhas.

E de que adianta ter
sempre razão,
saber de tudo,
se no fim o que nos resta
é a solidão?

Vida é partilha.

E não há partilha sem humildade,
sem generosidade,
sem amor no coração.

Na escola,
só aprendemos porque
somos conscientes de que
estamos lá porque não
sabemos ainda;
na vida é exatamente a
mesma coisa.

Se nos fecharmos,
se fecharmos nossa alma
e nosso coração,
nada vai entrar.

E será que conseguiremos nos
bastar a nós mesmos?

Eu duvido.

Não andamos em cordas
bambas o tempo todo,
mas às vezes é o único
meio de atravessar.

Somos bem mais resistentes
do que julgamos;
a própria vida nos ensina
a sobreviver,
viver sobre tudo e
sobretudo.

Nunca duvide do seu poder
de sobrevivência!
Se você duvida,
cai.

Aprenda com
o apóstolo Pedro que,
enquanto acreditou,
andou sobre o mar,
mas começou a afundar
quando sentiu medo.

Então,
afundar ou andar
sobre as águas?

Depende de nós,
depende de cada um
em particular.

Podemos nos unir em força
na oração para ajudar alguém,
mas só esse alguém pode
decidir a ter fé,
força e coragem para continuar
essa maravilhosa jornada
da vida.

TEXTO: Letícia Thompsom

C e d e r

Por que será que nos
...
lamentamos tanto quando nos
decepcionamos,
perdemos e erramos?

O mundo não acaba quando
nos enganamos;
ele muda, talvez,
de direção.

Mas precisamos tirar partido
dos nossos erros.

Por que tudo teria que ser correto,
coerente, sem falhas?

As quedas fazem parte
da vida e do nosso
aprendizado dela.

Que dói, dói.
Ah! Isso não posso negar!
Dói no orgulho, principalmente.
E quanto mais gente envolvida,
mais nosso orgulho dói.

Portanto,
o humilhante não é cair,
mas permanecer
no chão enquanto a vida
continua seu curso.

O problema é que julgamos
o mundo segundo
nossa própria maneira
de olhar e nos esquecemos
que existem milhões e
milhões de olhares
diferentes do nosso.

Mas não está
obrigatoriamente errado
quem pensa diferente
da gente só porque pensa
diferente.
E nem obrigatoriamente
certo.

Todo mundo é livre de ver
e tirar suas próprias
conclusões sobre a vida
e sobre o mundo.

Às vezes acertamos,
outras erramos.
E somos normais assim.

Então,
numa discussão,
numa briga,
pare um segundo e pense:
"e se eu estiver errado?"
É uma possibilidade na qual
raramente queremos
pensar.

Nosso "eu" nos cega
muitas vezes.
Nosso ciúme,
nosso orgulho e até,
por que não,
nosso amor?

Não vemos o lado do outro
e nem queremos ver.

E somos assim,
muitas vezes injustos tanto
com o outro quanto
com a gente mesmo,
já que nos recusamos a
oportunidade de aprender alguma
coisa com alguém.

E é porque tanta gente se
mantém nessa
posição que existem desavenças,
guerras, separações.

Ninguém cede e as
pessoas acabam ficando
sozinhas.

E de que adianta ter
sempre razão,
saber de tudo,
se no fim o que nos resta
é a solidão?

Vida é partilha.

E não há partilha sem humildade,
sem generosidade,
sem amor no coração.

Na escola,
só aprendemos porque
somos conscientes de que
estamos lá porque não
sabemos ainda;
na vida é exatamente a
mesma coisa.

Se nos fecharmos,
se fecharmos nossa alma
e nosso coração,
nada vai entrar.

E será que conseguiremos nos
bastar a nós mesmos?

Eu duvido.

Não andamos em cordas
bambas o tempo todo,
mas às vezes é o único
meio de atravessar.

Somos bem mais resistentes
do que julgamos;
a própria vida nos ensina
a sobreviver,
viver sobre tudo e
sobretudo.

Nunca duvide do seu poder
de sobrevivência!
Se você duvida,
cai.

Aprenda com
o apóstolo Pedro que,
enquanto acreditou,
andou sobre o mar,
mas começou a afundar
quando sentiu medo.

Então,
afundar ou andar
sobre as águas?

Depende de nós,
depende de cada um
em particular.

Podemos nos unir em força
na oração para ajudar alguém,
mas só esse alguém pode
decidir a ter fé,
força e coragem para continuar
essa maravilhosa jornada
da vida.

TEXTO: Letícia Thompson
 

Do FB de TCD

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