sábado, 20 de outubro de 2012
ALUIZIO ANIVERSARIA
Aluizio Lacerda é uma figura de minha admiração e simpatia. Eu tenho o prazer de com ele, Aluizio, gozar da amizade desde os tempos de nossa juventude no Assu e Natal. Fomos colegaS de assembléia legislativa. Ele, servindo na qualidade de Assessor Parlamentar do deputado Paulo Montenegro - meu compadre, primo e amigo -, salvo engano, 1988-91. Eu era com muita honra, naquele parlamento estadual, Coordenador de Administração Financeira e Orçamentária. era presidente daquela assembléia constituinte, o deputado Arnóbio Abreu, também filho do Assu.
Deixo, afinal, neste blog, os meus parabéns ao amigo e conterrâneo Aluizio, além do desejo de de te-lo por muitos anos, como cronista do Vale do Açu, continuando a contar, a história, as estórias do passado e do cotidiano da política da terra potiguar, principalmente do vale assuense!
Fernando Caldas
sexta-feira, 19 de outubro de 2012
JOSÉ DE SOUZA
Jornalista – paraibano,13.08.1940
MOTE
Buceta, cu e caralho:
Três instrumentos de foda.
GLOSA
Mesmo dentro do borralho
uma foda dá prazer;
pra ser boa tem que ter:
buceta, cu e caralho.
Um cu ao molho, e com alho,
quem come não se incomoda,
e eu que estou fora de moda
e não pretendo mais foder,
estou querendo vender
três instrumentos de foda.
Do livro Glosa Glosarum, de Celso da Silveira
Jornalista – paraibano,13.08.1940
MOTE
Buceta, cu e caralho:
Três instrumentos de foda.
GLOSA
Mesmo dentro do borralho
uma foda dá prazer;
pra ser boa tem que ter:
buceta, cu e caralho.
Um cu ao molho, e com alho,
quem come não se incomoda,
e eu que estou fora de moda
e não pretendo mais foder,
estou querendo vender
três instrumentos de foda.
Do livro Glosa Glosarum, de Celso da Silveira
Um ateliê para a cultura boêmia
Publicação: 19 de Outubro de 2012 às 00:00
Aos poucos e sempre, o bairro da Ribeira toma as feições desejadas por quem curte seu astral boêmio. E no limiar entre a nostalgia e a contemporaneidade, nasce o Ateliê Bar e Petiscaria, no térreo do prédio pertencente ao artista plástico Flávio Freitas, que entra como parceiro artístico da empreitada capitaneada pelos sócios André Maia e Suze Alves. Na inauguração, hoje (19), a cantora Juliana Menezes, acompanhada por Carlinhos Moreno, desfia repertório bossa nova e outras pérolas da MPB, a partir das 19h.
O espaço vai reunir arte, música e dança, entre outros elementos culturais, com uma boa carta de cerveja e petiscos variados. O ateliê do artista Flávio Freitas funciona no mesmo prédio desde 2005. Na noite de inauguração, uma modelo será retratada ao vivo pelo artista. Eventualmente, serão sorteados brindes culturais e haverá exposições de outros artistas.
"Unir gastronomia, bar e arte mantém o esforço que tenho de criar uma atmosfera cultural e ao mesmo tempo traz novas pessoas à Ribeira, além de criar a possibilidade de um novo uso à comunidade", afirma Flávio, que expõe mais de 50 telas no salão principal, onde está ambientada a petiscaria.
O Ateliê Bar e Petiscaria fica localizado na avenida Duque de Caxias, na esquina onde começa a travessa José Alencar Garcia, mesmo beco do conhecido Buraco da Catita. O trecho foi revitalizado em 2008 pela Prefeitura de Natal e hoje apresenta um calçadão com obras de grafite e pinturas nos muros laterais. Na calçada, também haverá mesas, ampliando a capacidade total do lugar para 200 pessoas.
O cardápio do novo bar vai oferecer desde antepastos de berinjela e sardela, do Papilas Gourmet, aos petiscos à base de camarão, filé e frango criados por André Maia, que residiu uma temporada na Irlanda, onde adquiriu experiência na gastronomia. Os petiscos envolvem clássicos da culinária nordestina com uma pitada de criatividade, como camarão ao molho de mostarda de Dijon, dadinhos de tapioca, lula à dorê, quiche de caranguejo e pratos tradicionais, como camarão ao molho de gorgonzola com fritas.
Outro destaque é o acervo de cervejas, que inclui variadas opções de marcas importadas, como Bierland, Bandebargen, Therezópolis, St. Gallen, Quilme, Strella Galicia, além das já conhecidas Skol, Budweiser e Heineken. O ambiente de trabalho de Freitas será aberto eventualmente nas noites de funcionamento do bar. O cliente do bar pode pedir para visitá-lo e será atendido prontamente. Uma boa pedida.
SERVIÇO: ATELIÊ BAR E PETISCARIA - Av. Duque de Caxias, 182. Ri-beira. Inauguração hoje (19), às 19h, com Juliana Menezes e Carli-nhos Moreno. Amanhã, show com Wigder. A casa funcionará às sextas e sábados, a partir das 18h. Aceita cartões Visa e Mastercard.
Tribuna do Norte
Aldair Dantas
O prédio onde funciona o ateliê de Flávio Freitas, desde 2005, é um dos poucos exemplares remanescentes da estética art déco em Natal. Estima-se que tenha sido construído na década de 30.
O prédio onde funciona o ateliê de Flávio Freitas, desde 2005, é um dos poucos exemplares remanescentes da estética art déco em Natal. Estima-se que tenha sido construído na década de 30.
O espaço vai reunir arte, música e dança, entre outros elementos culturais, com uma boa carta de cerveja e petiscos variados. O ateliê do artista Flávio Freitas funciona no mesmo prédio desde 2005. Na noite de inauguração, uma modelo será retratada ao vivo pelo artista. Eventualmente, serão sorteados brindes culturais e haverá exposições de outros artistas.
"Unir gastronomia, bar e arte mantém o esforço que tenho de criar uma atmosfera cultural e ao mesmo tempo traz novas pessoas à Ribeira, além de criar a possibilidade de um novo uso à comunidade", afirma Flávio, que expõe mais de 50 telas no salão principal, onde está ambientada a petiscaria.
O Ateliê Bar e Petiscaria fica localizado na avenida Duque de Caxias, na esquina onde começa a travessa José Alencar Garcia, mesmo beco do conhecido Buraco da Catita. O trecho foi revitalizado em 2008 pela Prefeitura de Natal e hoje apresenta um calçadão com obras de grafite e pinturas nos muros laterais. Na calçada, também haverá mesas, ampliando a capacidade total do lugar para 200 pessoas.
O cardápio do novo bar vai oferecer desde antepastos de berinjela e sardela, do Papilas Gourmet, aos petiscos à base de camarão, filé e frango criados por André Maia, que residiu uma temporada na Irlanda, onde adquiriu experiência na gastronomia. Os petiscos envolvem clássicos da culinária nordestina com uma pitada de criatividade, como camarão ao molho de mostarda de Dijon, dadinhos de tapioca, lula à dorê, quiche de caranguejo e pratos tradicionais, como camarão ao molho de gorgonzola com fritas.
Outro destaque é o acervo de cervejas, que inclui variadas opções de marcas importadas, como Bierland, Bandebargen, Therezópolis, St. Gallen, Quilme, Strella Galicia, além das já conhecidas Skol, Budweiser e Heineken. O ambiente de trabalho de Freitas será aberto eventualmente nas noites de funcionamento do bar. O cliente do bar pode pedir para visitá-lo e será atendido prontamente. Uma boa pedida.
SERVIÇO: ATELIÊ BAR E PETISCARIA - Av. Duque de Caxias, 182. Ri-beira. Inauguração hoje (19), às 19h, com Juliana Menezes e Carli-nhos Moreno. Amanhã, show com Wigder. A casa funcionará às sextas e sábados, a partir das 18h. Aceita cartões Visa e Mastercard.
Tribuna do Norte
Inscrição para casamento comunitário em Assú continua aberta até terça-feira, 23
Os casais que pretenderem selar o
compromisso matrimonial nesta edição do evento, devem providenciar a inscrição
diretamente no 2º Cartório, na avenida Senador João Câmara, 393, Assú, munidos
de documentos pessoais.
Após o processo de inscrição com
apresentação dos documentos por parte dos noivos, não existe nenhum processo de
seleção e o total de vagas desta edição, com solenidade marcada para 8 de
novembro, às 17h, no anfiteatro Arcelino Costa Leitão, na praça São João, Centro
de Assú, é ilimitada.
Antes da solenidade, no dia 5 de
novembro, os noivos participarão de uma reunião preparatória às 14h na
secretaria municipal de Desenvolvimento Social, da prefeitura do Assú, onde
funcionou anteriormente a AMVALE.
Um dos que oficializam a união
matrimonial na ocasião será o prefeito do Assú, Ivan Lopes Júnior com Vanessa
Brasileiro.
Alderi Dantas
quinta-feira, 18 de outubro de 2012
Pecuária é, sim, assunto de mulher
Margareth Grilo - repórter
O universo da pecuária é predominantemente masculino. Secularmente, os homens sempre tomaram à frente nos currais, na condução das boiadas, no tratamento com os animais e nos torneios das chamadas raças de 'elite'. Mas, o mundo mudou. No cenário da 50ª Exposição de Animais e Máquinas Agrícolas do Rio Grande do Norte - a Festa do Boi 2012 - um quarteto feminino dá provas disso. Quatro mulheres - três mineiras e uma goianiense - de três gerações diferentes, deixaram os pecuaristas deslumbrados com o conhecimento que possuem sobre as raças zebuínas, originárias da Índia e em expansão no Brasil.
Na pista de julgamento do gado Zebu (Sindi) e do Girolando, Lilian Mara Borges Jacinto, 29 anos, natural de Ituiutaba (MG), completa, nesta Festa do Boi, sua 32ª exposição como juíza de gado. Segue os passos do pai, o juiz de gado, José Jacinto Júnior, o número um no julgamento do Gir leiteiro, no Brasil. Nas palestras, Vânia Penna, 62; Maria Gabriela Peixoto, 49, e Mariana Alencar, 26, ditam conhecimentos sobre genética e melhoramento animal, na ânsia de aperfeiçoar os rebanhos.
Na evolução da carreira, elas não se intimidaram. Mesmo diante de frases do tipo "o que você está fazendo aqui" ou "vai cuidar dos seus filhos", seguiram em frente. As pesquisadoras Vânia Penna e Maria Gabriela começaram a atuar quando a mulher era minoria na medicina veterinária, respectivamente no final das décadas de 70 e 80. Lilian ingressou num universo ainda mais fechado - o das pistas de julgamento, mas já numa época (2006) em que a mulher se insere mais facilmente nesse mercado de trabalho.
"Até o final da década de 80, eram pouquíssimas as mulheres nesse campo, mas a mulher foi se inserindo. No sudeste, por exemplo, as mulheres estão em todas as áreas igualmente", disse Maria Gabriela. No campo da medicina veterinária, zootecnia e melhoramento animal, o maior desafio, segundo as pesquisadoras, ainda é vencer o preconceito. "Respeito ainda falta", disse Maria Gabriela, "porque a gente trabalha no interior do Brasil onde ainda há muito conservadorismo. Mas, no meio intelectualizado, já não tem muito problema".
No interior - segundo elas - ainda persiste a desconfiança do potencial e da capacidade da mulher. "Eles acham que para estar na área, tem que derrubar boi. E não é assim. Temos limitações, sim, que são mais físicas, mas intelectualmente posso resolver grande parte dos problemas deles", afirma Maria Gabriela.
Para as mulheres das novas gerações, a criadora e técnica Vânia Penna deixa um recado: "vão em frente, com gana, vontade, sem se inibir e sem se sentir inferior por ser mulher. Ao contrário, a gente tem menos força física, mas tem tem mais habilidade, mais sensibilidade para captar sutilezas e nuances. Mesmo como profissional a gente termina agindo como 'maezona' do grupo".
Mariana Alencar acredita que convencer o pecuarista não tem segredo. É uma questão de postura, de vontade e empenho. "Barreira sempre tem. Ou vão subestimar porque você é nova demais, dizendo 'essa menina não sabe de nada' ou porque é mulher. Mas vamos convencê-los", disse ela, "com competência, com técnica, mostrando o que é mais favorável e que não é. Para mim, os três pilares são: muito estudo, muita dedicação e muita competência".
Tecnologia ainda não chega a todos os criadores
Segundo as pesquisadoras, a melhoria do Zebu leiteiro é indiscutível, mas o melhoramento animal ainda é elitizado. "A produção do sêmem de animal para inseminação artificial exige treinamento de pessoal e técnica adequada, que não chegam a maioria dos pecuaristas. Ainda há muito para galgar", disse a pesquisadora e cientista Maria Gabriela Peixoto. Mesmo nos maiores celeiros da pecuária brasileira [Minas Gerais, Espírito Santo e São Paulo] ainda são baixos índices de melhoramento.
"Temos que fazer com que a genética chegue a todos os produtores, do grande ao pequeno. Esse é o desafio da pesquisa hoje", afirmou Maria Gabriela. Para a zootecnista Mariana Alencar o produtor tem absorvido bem as novas técnicas. "É demorado para quem está fazendo, porque quando você desenvolve uma pesquisa e quer vê-la aplicada de imediato, mas não é assim. Todo progresso é um pouco lento, mais chega", disse a zootecnista da ABCz.
Todos os anos, a Embrapa publica um sumário, informando ao criador os animais positivos, que vão dar boa resposta produtiva. No caso do Guzerá, uma das sete espécies do Zebu, os estudos começaram há 17 anos. Há 12 anos são publicados esses resultados de avaliação genética. A avaliação genética permite conhecer o potencial do animal, enquanto pai e mãe. "Poder selecionar para melhorar o desempenho produtivo do rebanho e depois, vê as médias aumentando e os rebanhos ficando melhores, a cada dia, é maravilhoso", conclui Gabriela.
Vânia Penna acredita que com os avanços das tecnologias de informática, a pesquisa está cada dia mais perto do produtor. "Ainda tem um longo caminho a percorrer, mas já está havendo um encontro, uma aproximação", disse ela. A técnica coloca como maior desafio a produção de animais adequados a cada ecossistema. "Lógico que o animal adequado para o Nordeste é diferente daquele adequado para o sul. E hoje, a gente está focando nisso e em promover o melhoramento para sistemas de produção que sejam econômicos, ecológicos, lucrativos e eficientes. Isso é uma reviravolta de século", disse Vânia Penna.
Brasil possui maior rebanho comercial da raça
O maior rebanho zebuíno está Índia, mas é o Brasil que detém o maior rebanho comercial zebuíno devido à melhoria genética. Isso foi possível pelas várias frentes de estudos e pesquisas, junto à Embrapa, ABCz e universidades, entre elas a Fazu. Apaixonadas pelo gado Zebu, as quatro estudiosas dessa raça, que participam da Festa do Boi, dizem que a raça é essencial para a produtividade nos trópicos, não apenas no Brasil. A rusticidade é outra característica marcante.
Para o sistema de produção a pasto, o zebuíno se adapta bem. É um gado extremamente rústico e produtivo. São sete raças, entre elas, o Sindi. Este animal, por exemplo, suporta a falta de chuvas do semiárido nordestino, com grande maestria. Ele foi adaptado no sudão, numa região semi-desértica. É um gado que supre a necessidade do Nordeste, assim como o Nelore, que sobrevive bem no Pantanal, supre a necessidade de produção de carne do sudeste e centro-oeste.
No caso do Gir, o Brasil tem uma das maiores produções de leite, entre as raças leiteiras. De forma geral, o Zebu tem uma peculiaridade: é um gado sentimental, segundo as estudiosas no assunto. "O Zebu é um animal apaixonante, tem um comportamento 'canino'. Ele gosta de carinho, procura dengo", afirma Vânia Penna. A zootecnista e juíza de gado, Lilian Jacinto, concorda.
"Se você der carinho, ele vai te retribuir carinho, mas se você agir com violência, ele não confia mais em você", afirmou. "É um gado totalmente diferente do europeu que é sempre mais calmo. O Zebu é mais agitado, mas você consegue ter um contato mais íntimo com ele", comentou Lilian.
Bate-papo
Lilian Mara Borges Jacinto, juíza de gado
"É um pouco mais difícil do que é para o homem"
É complicado entrar e se manter nessa atividade?
É um pouco complicado para entrar porque é um meio muito machista. É um pouco mais difícil do que é para o homem. Eu tive dificuldade no começo. Às vezes, eles acham que você não sabe de nada, mas depois de estar lá dentro, eles lhe tratam de igual para igual.
O que é mais difícil: o conhecimento da raça ou enfrentar esse universo machista?
Hoje é muito tranquilo. O pessoal já começou a perceber que tem mais mulheres, que são boas profissionais. Na hora que você mostra que é competente, consegue espaço. E o conhecimento, você tem que saber de tudo. Só de raça zebuína são sete raças, que você tem que saber padrão racial, conformação de musculatura, conformação óssea, o que produz, se carne ou leite, ou se carne e leite ao mesmo tempo; tem que saber do histórico da raça. Tem que aprender muita coisa.
O que te levou a esse campo?
É bem difícil dizer, mas ser criada praticamente na beira da pista de julgamento, ajudou. Meu pai é jurado há muitos anos. Então, além de eu ter o contato na prática, tenho o contato dentro de casa. No domingo, durante o almoço, se fala de vaca. Mas o fato de o Zebu ser um gado sentimental me cativou. Quis estudá-lo. A gente se apaixona pelo Zebu porque ele é muito dócil, corresponde ao trato que recebe.
Como você lida com as críticas?
Quando era mais nova, ficava indignada. Já ouvi profissionais dizerem: não segue nessa carreira de julgamento que você não vai dar certo, não vai se virar. E hoje estou no mesmo patamar dessa pessoa, às vezes acima. Hoje, eu tento sempre absorver o que há de melhor da crítica e evitar conflitos.
E como conciliar a vida pessoal e a rotina de juíza?
É uma correria. Sou professora na Universidade da minha cidade (Ituiutaba-MG), sou consultora e trabalho em julgamento. Consigo conciliar todas as aulas num dia na semana. Mas, no fim de semana, quando todo mundo descansa, estou em exposição, julgando. E, no tempo livre, ainda tem a fazenda do meu pai que ajudo. Vou descansar agora em dezembro, janeiro e fevereiro. O resto do ano é viagem o tempo todo.
Como fica o emocional?
Muito sacrificado. Não tem como ter namorado. Hoje, eu estou focando meu lado profissional. Depois, a hora que fizer meu nome, me preocupo com a outra parte.
O universo da pecuária é predominantemente masculino. Secularmente, os homens sempre tomaram à frente nos currais, na condução das boiadas, no tratamento com os animais e nos torneios das chamadas raças de 'elite'. Mas, o mundo mudou. No cenário da 50ª Exposição de Animais e Máquinas Agrícolas do Rio Grande do Norte - a Festa do Boi 2012 - um quarteto feminino dá provas disso. Quatro mulheres - três mineiras e uma goianiense - de três gerações diferentes, deixaram os pecuaristas deslumbrados com o conhecimento que possuem sobre as raças zebuínas, originárias da Índia e em expansão no Brasil.
Adriano AbreuAs mulheres estão cada vez mais ganhando espaço na pecuária, seja julgando, pesquisando ou repassando conhecimento
Na pista de julgamento do gado Zebu (Sindi) e do Girolando, Lilian Mara Borges Jacinto, 29 anos, natural de Ituiutaba (MG), completa, nesta Festa do Boi, sua 32ª exposição como juíza de gado. Segue os passos do pai, o juiz de gado, José Jacinto Júnior, o número um no julgamento do Gir leiteiro, no Brasil. Nas palestras, Vânia Penna, 62; Maria Gabriela Peixoto, 49, e Mariana Alencar, 26, ditam conhecimentos sobre genética e melhoramento animal, na ânsia de aperfeiçoar os rebanhos.
Na evolução da carreira, elas não se intimidaram. Mesmo diante de frases do tipo "o que você está fazendo aqui" ou "vai cuidar dos seus filhos", seguiram em frente. As pesquisadoras Vânia Penna e Maria Gabriela começaram a atuar quando a mulher era minoria na medicina veterinária, respectivamente no final das décadas de 70 e 80. Lilian ingressou num universo ainda mais fechado - o das pistas de julgamento, mas já numa época (2006) em que a mulher se insere mais facilmente nesse mercado de trabalho.
"Até o final da década de 80, eram pouquíssimas as mulheres nesse campo, mas a mulher foi se inserindo. No sudeste, por exemplo, as mulheres estão em todas as áreas igualmente", disse Maria Gabriela. No campo da medicina veterinária, zootecnia e melhoramento animal, o maior desafio, segundo as pesquisadoras, ainda é vencer o preconceito. "Respeito ainda falta", disse Maria Gabriela, "porque a gente trabalha no interior do Brasil onde ainda há muito conservadorismo. Mas, no meio intelectualizado, já não tem muito problema".
No interior - segundo elas - ainda persiste a desconfiança do potencial e da capacidade da mulher. "Eles acham que para estar na área, tem que derrubar boi. E não é assim. Temos limitações, sim, que são mais físicas, mas intelectualmente posso resolver grande parte dos problemas deles", afirma Maria Gabriela.
Para as mulheres das novas gerações, a criadora e técnica Vânia Penna deixa um recado: "vão em frente, com gana, vontade, sem se inibir e sem se sentir inferior por ser mulher. Ao contrário, a gente tem menos força física, mas tem tem mais habilidade, mais sensibilidade para captar sutilezas e nuances. Mesmo como profissional a gente termina agindo como 'maezona' do grupo".
Mariana Alencar acredita que convencer o pecuarista não tem segredo. É uma questão de postura, de vontade e empenho. "Barreira sempre tem. Ou vão subestimar porque você é nova demais, dizendo 'essa menina não sabe de nada' ou porque é mulher. Mas vamos convencê-los", disse ela, "com competência, com técnica, mostrando o que é mais favorável e que não é. Para mim, os três pilares são: muito estudo, muita dedicação e muita competência".
Tecnologia ainda não chega a todos os criadores
Segundo as pesquisadoras, a melhoria do Zebu leiteiro é indiscutível, mas o melhoramento animal ainda é elitizado. "A produção do sêmem de animal para inseminação artificial exige treinamento de pessoal e técnica adequada, que não chegam a maioria dos pecuaristas. Ainda há muito para galgar", disse a pesquisadora e cientista Maria Gabriela Peixoto. Mesmo nos maiores celeiros da pecuária brasileira [Minas Gerais, Espírito Santo e São Paulo] ainda são baixos índices de melhoramento.
"Temos que fazer com que a genética chegue a todos os produtores, do grande ao pequeno. Esse é o desafio da pesquisa hoje", afirmou Maria Gabriela. Para a zootecnista Mariana Alencar o produtor tem absorvido bem as novas técnicas. "É demorado para quem está fazendo, porque quando você desenvolve uma pesquisa e quer vê-la aplicada de imediato, mas não é assim. Todo progresso é um pouco lento, mais chega", disse a zootecnista da ABCz.
Todos os anos, a Embrapa publica um sumário, informando ao criador os animais positivos, que vão dar boa resposta produtiva. No caso do Guzerá, uma das sete espécies do Zebu, os estudos começaram há 17 anos. Há 12 anos são publicados esses resultados de avaliação genética. A avaliação genética permite conhecer o potencial do animal, enquanto pai e mãe. "Poder selecionar para melhorar o desempenho produtivo do rebanho e depois, vê as médias aumentando e os rebanhos ficando melhores, a cada dia, é maravilhoso", conclui Gabriela.
Vânia Penna acredita que com os avanços das tecnologias de informática, a pesquisa está cada dia mais perto do produtor. "Ainda tem um longo caminho a percorrer, mas já está havendo um encontro, uma aproximação", disse ela. A técnica coloca como maior desafio a produção de animais adequados a cada ecossistema. "Lógico que o animal adequado para o Nordeste é diferente daquele adequado para o sul. E hoje, a gente está focando nisso e em promover o melhoramento para sistemas de produção que sejam econômicos, ecológicos, lucrativos e eficientes. Isso é uma reviravolta de século", disse Vânia Penna.
Brasil possui maior rebanho comercial da raça
O maior rebanho zebuíno está Índia, mas é o Brasil que detém o maior rebanho comercial zebuíno devido à melhoria genética. Isso foi possível pelas várias frentes de estudos e pesquisas, junto à Embrapa, ABCz e universidades, entre elas a Fazu. Apaixonadas pelo gado Zebu, as quatro estudiosas dessa raça, que participam da Festa do Boi, dizem que a raça é essencial para a produtividade nos trópicos, não apenas no Brasil. A rusticidade é outra característica marcante.
Para o sistema de produção a pasto, o zebuíno se adapta bem. É um gado extremamente rústico e produtivo. São sete raças, entre elas, o Sindi. Este animal, por exemplo, suporta a falta de chuvas do semiárido nordestino, com grande maestria. Ele foi adaptado no sudão, numa região semi-desértica. É um gado que supre a necessidade do Nordeste, assim como o Nelore, que sobrevive bem no Pantanal, supre a necessidade de produção de carne do sudeste e centro-oeste.
No caso do Gir, o Brasil tem uma das maiores produções de leite, entre as raças leiteiras. De forma geral, o Zebu tem uma peculiaridade: é um gado sentimental, segundo as estudiosas no assunto. "O Zebu é um animal apaixonante, tem um comportamento 'canino'. Ele gosta de carinho, procura dengo", afirma Vânia Penna. A zootecnista e juíza de gado, Lilian Jacinto, concorda.
"Se você der carinho, ele vai te retribuir carinho, mas se você agir com violência, ele não confia mais em você", afirmou. "É um gado totalmente diferente do europeu que é sempre mais calmo. O Zebu é mais agitado, mas você consegue ter um contato mais íntimo com ele", comentou Lilian.
Bate-papo
Lilian Mara Borges Jacinto, juíza de gado
"É um pouco mais difícil do que é para o homem"
É complicado entrar e se manter nessa atividade?
É um pouco complicado para entrar porque é um meio muito machista. É um pouco mais difícil do que é para o homem. Eu tive dificuldade no começo. Às vezes, eles acham que você não sabe de nada, mas depois de estar lá dentro, eles lhe tratam de igual para igual.
O que é mais difícil: o conhecimento da raça ou enfrentar esse universo machista?
Hoje é muito tranquilo. O pessoal já começou a perceber que tem mais mulheres, que são boas profissionais. Na hora que você mostra que é competente, consegue espaço. E o conhecimento, você tem que saber de tudo. Só de raça zebuína são sete raças, que você tem que saber padrão racial, conformação de musculatura, conformação óssea, o que produz, se carne ou leite, ou se carne e leite ao mesmo tempo; tem que saber do histórico da raça. Tem que aprender muita coisa.
O que te levou a esse campo?
É bem difícil dizer, mas ser criada praticamente na beira da pista de julgamento, ajudou. Meu pai é jurado há muitos anos. Então, além de eu ter o contato na prática, tenho o contato dentro de casa. No domingo, durante o almoço, se fala de vaca. Mas o fato de o Zebu ser um gado sentimental me cativou. Quis estudá-lo. A gente se apaixona pelo Zebu porque ele é muito dócil, corresponde ao trato que recebe.
Como você lida com as críticas?
Quando era mais nova, ficava indignada. Já ouvi profissionais dizerem: não segue nessa carreira de julgamento que você não vai dar certo, não vai se virar. E hoje estou no mesmo patamar dessa pessoa, às vezes acima. Hoje, eu tento sempre absorver o que há de melhor da crítica e evitar conflitos.
E como conciliar a vida pessoal e a rotina de juíza?
É uma correria. Sou professora na Universidade da minha cidade (Ituiutaba-MG), sou consultora e trabalho em julgamento. Consigo conciliar todas as aulas num dia na semana. Mas, no fim de semana, quando todo mundo descansa, estou em exposição, julgando. E, no tempo livre, ainda tem a fazenda do meu pai que ajudo. Vou descansar agora em dezembro, janeiro e fevereiro. O resto do ano é viagem o tempo todo.
Como fica o emocional?
Muito sacrificado. Não tem como ter namorado. Hoje, eu estou focando meu lado profissional. Depois, a hora que fizer meu nome, me preocupo com a outra parte.
Tribuna do Norte
quarta-feira, 17 de outubro de 2012
terça-feira, 16 de outubro de 2012
Parabéns Assu e sua secular história
Hoje a cidade de Assu está de idade nova, terra de gente hospitaleira, digna do afeto dos seus filhos.
Sua secular e gloriosa história é uma pagina relevante nos anais da civilização potiguar.
Assu berço amado de ilustres criaturas, destaques na poesia, letras e outras atividades da sociedade contemporânea.
Seus costumes e tradições continuam preservados desde os primórdios e áureos tempo da sua existencialidade, carregando a bagagem dos seus principais vultos, valorosos patronos da sua independência.
O Assu (Açu) é grande pela pujante inteligência das novas gerações, em respeito aos seus antepassados, todos lutando cotidianamente pelo progresso e bem comum da municipalidade nos dias atuais.
O blog envia parabéns neste glorioso 16 de outubro, data símbolo da sua emancipação.
Aluizio Lacerda
Assu, 167 anos de Cidade
Assu é um município - minha terra natal querida –, localizado no baixo sertão potiguar. Hoje, comemora 167 anos de foros de Cidade do Assu, de 16 de outubro de 1845. Antes, Arraial de Santa Margarida, de 29 de julho de 1687, Presídio de Nos
sa Senhora dos Prazeres, de 20 de abril de 1696, Povoação de São João Batista, da Ribeira do Açu, Comarca, de 18 de março de 1833, Vila Nova da Princesa, de 11 de julho de 1788. Reconhecida como a Terra dos Poetas, Atenas Norte-Rio-Grandense, Dos Verdes Carnaubais, Da Fruticultura, do Petróleo. Um dos municípios brasileiros da maior importância, porque não dizer assim? Que me perdoe se estou exagerando no meu ufanismo. Terra berço de heróis de guerra, de tradições pioneiras. Assu é a segunda cidade instalada no interior potiguar. Terra festeira, de famílias fidalgas, aristocráticas, de gente acolhedora, de moças bonitas. Afinal, te saúdo Assu neste seu dia maior, nas palavras encantadoras de um bardo filho seu, chamado Oliveira Junior, que diz assim:
“Minha terra é tão linda,
Tão boa, tão rica...
Como a Terra da Promissão,
Nela o sol mais vivifica
A alma e o coração.
Penso ás vezes que os Gênios da Ventura
Nasceram no seu seio,
Num dia todo cheio
De luz, de sonhos, de alegria infinda.
Dos carnaubais as palmas verdejantes,
Sacudidas por ventos sussurrantes
Parecem ventarolas se cruzando
Se beijando
No espaço azulado.
E tudo é embalsamado
No perfume das plantas tropicais.
Seus lagos e seus rios
Sempre a cantar
Dolentes amavios,
Na voz de cristalinas águas,
Fazem-me recordar
A infância, a meninice, a mocidade...
E com que saudade
E quantas mágoas
Lembro esse tempo que não volta mais!
Olho o vistoso templo secular,
Enquanto o velho sino a badalar
Chama os fies ao culto de Jesus,
Num ambiente de flores e de luz...
Terra bendita,
Terra das searas maravilhosas,
Onde Ceres impera e de seiva palpita...
E onde as musas gentis e vaporosas,
Num concerto de rimas, na floresta
Dançam a dança dos rosais em festa.
Como é tão linda e boa
A minha terra natal!
De Deus a benção fadou-a
A ser na História, imortal!”
“Minha terra é tão linda,
Tão boa, tão rica...
Como a Terra da Promissão,
Nela o sol mais vivifica
A alma e o coração.
Penso ás vezes que os Gênios da Ventura
Nasceram no seu seio,
Num dia todo cheio
De luz, de sonhos, de alegria infinda.
Dos carnaubais as palmas verdejantes,
Sacudidas por ventos sussurrantes
Parecem ventarolas se cruzando
Se beijando
No espaço azulado.
E tudo é embalsamado
No perfume das plantas tropicais.
Seus lagos e seus rios
Sempre a cantar
Dolentes amavios,
Na voz de cristalinas águas,
Fazem-me recordar
A infância, a meninice, a mocidade...
E com que saudade
E quantas mágoas
Lembro esse tempo que não volta mais!
Olho o vistoso templo secular,
Enquanto o velho sino a badalar
Chama os fies ao culto de Jesus,
Num ambiente de flores e de luz...
Terra bendita,
Terra das searas maravilhosas,
Onde Ceres impera e de seiva palpita...
E onde as musas gentis e vaporosas,
Num concerto de rimas, na floresta
Dançam a dança dos rosais em festa.
Como é tão linda e boa
A minha terra natal!
De Deus a benção fadou-a
A ser na História, imortal!”
[DESCONHEÇO O AUTOR DA FOTOGRAFIA]
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