domingo, 16 de junho de 2013

O MESTRE DE RANCHINHO DE PÁIA

Chico Elion - O pai de canções eternas

Francisco Elion Caldas Nobre
 16/5/1930 Assu, RN
+ 13/06/2013 - Natal/RN.
O compositor, instrumentista e cantor Francisco Elion Caldas Nobre, mais conhecido no mundo artístico como “Chico Elion”, autor de “Ranchinho de Páia” e “Moinho Dágua” foi um dos mais prolíficos autores musicais que o Rio Grande do Norte já ofereceu ao mundo. Quem informa é a pesquisadora musical Leide Câmara, que o visitou no Hospital Professor Luiz Soares, a Policlínica do Alecrim, onde o artista, alcançado por uma crise violenta de enfisema pulmonar, faleceu na quinta feira dia 13 de junho de 2013.

Músico desde a mais tenra infância, Elion estreou profissionalmente como cantor em 1948, na Rádio Nacional do Rio de Janeiro com a música"Lavadeira", de sua autoria e Capelinha, como consta no “Dicionário da Música Popular Brasileira”, do crítico Ricardo Cravo Alvim, que se baseou para escrever o verbete sobre Chico no livro de Leide “Dicionário da Música Popular do Rio Grande do Norte”.

Como registra a pesquisa de Leide, muito amiga do artista, ainda em 1948 Chico Elion formou dupla com Manoel Neves Cavalcante, de duração efêmera. Em 1951 fundou o Trio Acaiaca. No mesmo ano formou o Quarteto Marupiara, que teve pouco tempo de atuação. Em 1950 teve sua primeira composição gravada, "Moinho d'água", por Aldair Soares na CBS. Em 1955 teve o samba "Se eu fracassar" gravado por Rinaldo Calheiros.

Entre 1960 e 1971 apresentou em diferentes rádios o programa "Varieté transa bacana", no qual recebeu importantes nomes da música brasileira. Em 1981 teve a música "Rancho de paia", registrada por Luiz Gonzaga no LP "A festa".

Músicas de Elion foram gravadas por vários intérpretes, entre outros os trios Nordestino, Irakitan e Marayá. Em 1995 lançou de forma independente o CD "Chico Elion e vozes amigas", seu primeiro trabalho solo.

Em 2010, foi homenageado e teve sua música "Lembranças de um solovox" gravada no CD "Gerações", de seu filho Kiko Chagas. O disco consistiu em uma homagem, além dele, a outros dois compositores potiguares, os irmãos Manoel de Elias e Zé de Elias.

No ano seguinte, foi novamente homenageado por seu filho, Kiko Chagas, no CD "Kiko Chagas canta Chico Elion". O disco trouxe apenas regravações de obras suas, sendo três delas em parceria com Kiko: “Meu brinquedo”, “A flor e o beija-flor” “Bom brasileiro”.
Chico Elion no "Ranchinho de Páia".

Chico Elion e Nara Leão
Fonte: Blog de Roberto Guedes.

HISTÓRIA

JOSÉ MEDEIROS - O EMPREENDEDOR

O poeta Pedro Ezequiel lá de Ipanguaçu, me presenteou com uma cópia do livro de João Moacir de Medeiros com o título de: José Medeiros - Quase uma biografia de Ipanguaçu. Levo ao leitor algumas informações sobre o capítulo: Ipanguaçu – Um sonho do “Plantador de Cidades”.

A vinda de José Medeiros para Sacramento (atualmente Ipanguaçu), mudou a vida do pequeno povoado, que se formara ao longo de muitos anos a partir de duas modestas fileiras de casas, (só três de tijolo e telha e quatro de taipa) à margem da estrada que ainda hoje liga Macau a Assu, ocupando terras da família Lins Caldas de um lado, e de proprietários menores, de outro lado.
Carro de boi em Ipanguaçu
      
Essa estrada era a via de escoamento do sal de Macau, transportado em carros de boi, geralmente à noite e na madrugada, e posteriormente dos demais produtos e outros alimentos de subsistência.

José Medeiros logo percebeu que Sacramento reunia todas as condições para se tornar um centro de desenvolvimento, de comércio e de concentração humana. E começou a alimentar o sonho de ver o vilarejo crescer e de um dia vir a construir um Mercado Público.

A posição geográfica do povoado colocava-o no centro de várias rotas que se cruzavam, entre as lagoas da Ponta Grande e do Piató, equidistante do rio Pataxó e do rio Assu, com suas vazantes, que ao longo dos anos sempre funcionaram como um seguro contra as secas, garantindo a produção de alimento para o homem, tanto quanto a rama e a bebida para os animais. Tinha ainda, carnaubal abundante, que fornecia a madeira, o talo e as folhas que permitiam ao homem a construção de moradias, mesmo modesta, bem como a criação dos animais de serviço – a vaca e o cavalo dos mais “arrecursados”, o jumento e a cabra dos mais pobres, garantia da carne, do queijo, da coalhada e também do leite das crianças.

José Medeiros, no ano de 1919 mudou-se de Assu para o pequeno povoado de Sacramento, atual Ipanguaçu, passando a residir numa propriedade cuja frente ocupa, ainda hoje, parte da rua que leva o seu nome, local onde ele introduziu, em 1929, a eletrificação rural, que lhe permitiu irrigar o seu famoso sítio com água de cacimbões, colhida através de possantes bombas, para cultivar e produzir em grande escala as mais variadas frutas, tais como: banana, manga, pinha, mamão, graviola, goiaba e até uvas deliciosas, na época desconhecidas no Vale do Assu, mudando futuristicamente os destinos daquele povoado.
Comunidades de Assu-RN
                                          Comunidade Baviera.
                                          Comunidade Poré.
                                          Comunidade Nova Esperança.

Fotografias do Facebook de Luiz Antonio Siqueira.

MORREU O PAI DE "RANCHINHO DE PAIA"

George, Edgard Montenegro e Chico Elion
O deputado estadual George Soares (PR) registrou nesta sexta-feira (14), na Assembleia Legislativa do RN, Moção de Pesar pelo falecimento do músico, compositor e poeta assuense Francisco Elion Caldas Nobre,“Chico Elion”.

“Recebi com profundo pesar a lamentável notícia do falecimento de Chico Elion”, destacou o parlamentar.

O músico e compositor, primo do também poeta assuense Renato Caldas, foi autor de diversos sucessos, entre eles Ranchinho de Paia, cantado igualmente pelo Rei do Baião, Luiz Gonzaga.

“Este poeta não deixará uma lacuna somente em Assú, sua terra natal, mas também em todo o Estado. Chico de Elion nos deixa uma vasta obra, que através dela podemos relembrar seus sucessos”, disse George Soares.

sábado, 15 de junho de 2013

Assuenses em visita recente a nossa querida ex-prefeita do Assu, Maria Olímpia Neves de Oliveira, na capital Federal.

sexta-feira, 14 de junho de 2013

Assu – terra da poesia – está de luto com a partida de Chico Elion


Na fotografia, data de 2010, da esquerda: Fernando Caldas, Chico Elion, Ana, Leide Câmara, no Palácio da Cultura em Natal.

Partiu ontem, 13 de junho, para “o lado do azul”, aos 83 anos de idade, o nosso "poetinha" querido dos potiguares chamado Francisco Elion Caldas Nobre ou Chico Elion ou “Chico Elion” como era mais conhecido nos meios artísticos do país. Eu tive o privilégio de com ele ter convivido, unidos pela amizade e pelo parentesco, de quem eu guardo boas recordações e lembranças. Ele estreou como cantor, aos dezoito anos de idade, cantando na Rádio Nacional do Rio de Janeiro, a canção Lavadeira, em 1948. tor de mais de 400 composições. Em 1950 Aldair Soares gravou pela CBS a canção Moinho D’agua e em 1955 Rinaldo Calheiros gravou a composição de autoria dele, Chico Elion, intitulada Se eu fracassar. consagrou-se com a canção intitulada Ranchinho de Paia interpretada (1952) por grandes nomes da Canção Popular Brasileira como, Trio Irakitan, Luiz Gonzaga, Trio Nordestino, Ivanildo Sax de Ouro, dentre outros. Afinal, sem o talento de Chico Elion, perde o Assu, a terra potiguar e o Brasil. Vejamos para o nosso deleite “Ranchinho de Paia”, a sua eterna canção:

Ranchinho de paia,
Que abriga você
Nas paia do coqueiro
E só a lua nos vê.
Ranchinho de paia,
Onde tudo é amor
A beleza na praia
E o canto do pescador.
Ranchinho de paia,
Onde o chão é de areia,
Onde nós dois se "agasaia"
Nessa casinha tão feia.
Mas pouca gente
É feliz como nós
Um canta pro outro
E do vento, escutamos a voz.

Fernando Caldas

quinta-feira, 13 de junho de 2013




 Instituto Histórico e Geográfico do Rio Grande do Norte
– A MAIS ANTIGA INSTITUIÇÃO CULTURAL DO ESTADO –
Rua da Conceição, 622 / 623, Centro – CEP: 59025-270 – Natal/RN  -  Brasil
Fone: (0xx84) 3232-9728 – E-mail: ihgrn@yahoo.com.br
 

 
 




PARCERIA CULTURAL COMUNITÁRIA


Caros amigos e amigas,


O Instituto Histórico e Geográfico do Rio Grande do Norte é uma organização de caráter privado, com 111 (cento e onze) anos de existência, guardião da memória potiguar, corporificados por documentos tricentenários, representados por um acervo de cerca de 50 mil títulos e obras raras. Contudo, a conservação deste acervo está em perigo constante, tal a precariedade física do seu prédio-sede e o risco iminente de sinistro, já atestado por laudos técnicos de órgãos competentes, além de outras urgentes providências que são descritas na relação anexa.
Visando a solução desse grave problema os atuais dirigentes do Instituto, tendo à frente o Presidente Valério Mesquita vem procurando celebrar convênio com entidades governamentais, as quais, mercê de determinação legal, exige contrapartidas em recursos financeiros, que efetivamente não temos.
Sendo assim, chegou a hora da convocação do povo, real destinatário desta Casa da Memória, para salvar o patrimônio que lhe pertence e essa ajuda que se torna fundamental, somente poderá ocorrer com desembolso financeiro, em tempo breve.
Com essa finalidade, deposite sua contribuição, que esperamos seja generosa, nunca inferior a R$ 50,00 (cinquenta reais), na CONTA Nº 130001219 – AGÊNCIA Nº 4322, do Banco Santander – Natal/Centro, (CNPJ.: 08.274.078.0001-06) ou, se mais conveniente, pela entrega da contribuição na Sede do Instituto, na rua da Conceição, nº 622 – Cidade Alta – no turno matutino, diariamente, local em que os diretores se reúnem.
A história do Rio Grande do Norte agradece.



Natal, 11 de junho de 2013

quarta-feira, 12 de junho de 2013

☆☆☆------☆~ ~☆------☆☆☆ 

Não me enquadro neste tempo-espaço!
Terei nascido na era errada?
Este tempo sombrio em nada se enquadra ao meu!
Serei de um tempo remoto, onde havia sensibilidade
e os valores eram retos?
Terei vindo de mares distantes, de águas onde às vezes mergulho
em busca de alento e paz?
Serei eu de ares remotos ou de lugares luminosos e diferentes?
Sou de um lugar onde se brinca com com anjos 
e descansa sem máscaras!
Onde abro a janela dos sonhos
e por entre as frestas, arriscam-se luzes
e desejos cintilam em azuis violáceos.
E arrisco uma nota sol no meu violino imaginário
E nada mais me causa tormento
nem a voz do vento a sussurrar.
Preparo um poema-luz que retiro das entranhas
o mistério contido no mais obscuro recanto da minha alma.
De onde sou? Não sei!
Só sei que o meu tempo é escasso
e anseio pelo momento de retornar.

☆☆☆------☆~ ~☆------☆☆☆

















Por Cristina Costa
Não me enquadro neste tempo-espaço!
Terei nascido na era errada?
Este tempo sombrio em nada se enquadra ao meu!
Serei de um tempo remoto, onde havia sensibilidade
e os valores eram retos?
Terei vindo de mares distantes, de águas onde às vezes mergulho
em busca de alento e paz?
Serei eu de ares remotos ou de lugares luminosos e diferentes?
Sou de um lugar onde se brinca com com anjos
e descansa sem máscaras!
Onde abro a janela dos sonhos
e por entre as frestas, arriscam-se luzes
e desejos cintilam em azuis violáceos.
E arrisco uma nota sol no meu violino imaginário
E nada mais me causa tormento
nem a voz do vento a sussurrar.
Preparo um poema-luz que retiro das entranhas
o mistério contido no mais obscuro recanto da minha alma.
De onde sou? Não sei!
Só sei que o meu tempo é escasso
e anseio pelo momento de retornar.

terça-feira, 11 de junho de 2013

Uma merecida homenagem

Ao meu lado direito, na fotografia recente (sábado passado, 6 de junho), um velho amigo chamado Edgard Montenegro, que no dia 23 que se aproxima, aniversaria completando seus bons 95 anos de idade, gozando de boa saúde, de uma lucidez invejável. Por sinal, ele é meu primo pelo lado dos Lins Caldas. Político desde os tempos da UDN. Engenheiro agrônomo formado pela Escola Superior de Agricultura de Lavras, sul de Minas Gerais. Brilhante orador, foi prefeito do Assu-RN, minha terra natal, deputado estadual em várias legislaturas, além de secretário de governo. Tive o privilégio de com ele, Edgard, ter feito militância política, participando ao seu lado, de campanhas memoráveis. Afinal, é o político mais antigo da terra potiguar. Figura de espírito público, de bem e do bem.

Fernando Caldas


segunda-feira, 10 de junho de 2013

"Não existe nada mais contagioso que o entusiasmo, a felicidade.
Porém só existe o contágio em pessoas puras de coração e dispostas a recebê-los tão puros, quanto por quem foram contaminados ..."

G.Fernandes



domingo, 9 de junho de 2013

BREVE RELATO

ASSÚ – RIO GRANDE DO NORTE - BRASIL
O topônimo ASSÚ, originou-se da grande Aldeia ou taba, denominada Taba-Assú, existente na região em meados do século XVII, que significava em tupi-guarani Aldeia Grande. Povoada pelos índios Janduís os quais firmaram verdadeiros laços de amizade com os holandeses, transformando-se em ferrenhos inimigos dos portugueses. 

Os Janduís, comandados pelo rei Janduí, participaram ativamente, por mais de 10 anos, da Guerra dos Bárbaros ou Confederação dos Cariris considerado, até hoje, como o maior levante indígena do Brasil.

Desta guerra (1686 à 1696) participou o então Capitão-Mor da Capitania do Rio Grande Bernardo Vieira de Melo, o qual chegou guarnecido com o que se tinha de melhor em termos de força militar da Bahia, Pernambuco e o'Terço dos Paulistas' com o intuito de expulsar os indígenas, conseguindo a custa de muito sangue, no dia 24 de abril de 1696, aldear todos os índios, criando o Presídio Nossa Senhora dos Prazeres.

A Lei Provincial de nº 124 de 16 de outubro de 1845, concedeu a Villa Nova da Princesa, foros de cidade com o nome de ASSÚ (com dois esses e acento agudo no U).

NOMES: 

Taba-Assú – Por volta de 1630 à 1686.

Arraial Santa Margarida – 06/02/1686 à 23/04/1696.

Arraial Nossa Senhora dos Prazeres - 24/04/1696 a 21/07/1776.

Villa Nova da Princesa – 22/07/1776 a 15/10/1845.

ASSÚ – 16/10/1845 até os dias atuais.

PSEUDÔNIMOS: Terra dos Poetas / Atenas Norte-Rio-Grandense / Terra dos Verdes Carnaubais / Capital Nacional dos Baobás / Capital do Vale.

Adjetivo Pátrio - Assuense.

Clima – Quente.

Temperatura - 30ºC (média).

Área - 1.269,235 km².

População - 54.031 habitantes (IBGE – 2012).
EM FAMÍLIA GEORGE SOARES PARTICIPA DA TRADICIONAL MISSA DE PÁSCOA DA COLÔNIA ASSUENSE, EM NATAL
Na manhã deste sábado, 8, o Deputado George Soares (PR) participou, em família, da tradicional Celebração da Páscoa da Colônia Assuense, na igreja de Nossa Senhora do Líbano, em Natal. O evento recebeu a imagem de São João Batista - Padroeiro do Assu.

Estiveram na Celebração as 4 gerações da família Montenegro, o avô do Parlamentar, Edgar Montenegro, sua mãe Rizza Montenegro e sua filha Stella. Danielle, esposa do republicano também esteve presente.

"Temos que manter nossas tradições vivas, por isso que faço questão de estar presente todo ano e hoje, em especial, de trazer minha família para essa celebração."

Após a missa George Soares participou também do tradicional café da manhã. A programação seguiu com o forró, que aconteceu na AABB a partir do meio dia. 
Assessoria Parlamentar Deputado Estadual George Soares


OUTRAS FOTOS DA CELEBRAÇÃO DA PÁSCOA DA COLÔNIA ASSUENSE






 Fotos de: Aida Celeste Tavares de Sá Leitão.

sexta-feira, 7 de junho de 2013

Para tudo existe dois caminhos.
Um é em frente, o outro é às voltas.
Só que, às voltas, não é caminho!~

Cristina Costa

"A distância entre a amizade e o amor pode ser a distância de um beijo."

 A distância entre a amizade e o amor pode ser a distância de um beijo.

Autor Desconhecido 
Kazi

SÃO JOÃO DO ASSU - PATRIMÔNIO DOS POTIGUARES

Proposta do deputado estadual George Soares (PR), aprovada à unanimidade de votos na Assembleia Legislativa, declarando integrante do Patrimônio Cultural, Imaterial e Histórico do Rio Grande do Norte a FESTA DE SÃO JOÃO BATISTA recebe sanção da Governadora e agora é Lei.

Por intermédio da edição desta sexta-feira (07) do Diário Oficial do Estado, ocorre a veiculação da Lei nº 9.723, do dia 06 de junho de 2013, que declara integrante do patrimônio cultural, imaterial e histórico do RN a Festa de São João Batista, no município de Assu.

Além da Governadora o ato recebeu o aval do secretário de Justiça e Cidadania, senhor Júlio César de Queiroz Costa. O gesto garante de forma oficial a expressão do São João assuense como bem inestimável para todo o Estado. Parabéns George.
 
Mais uma conquista do povo do Assu. Parabéns ASSUenses!

Anavantur!

Zelito Calaça

06/06/1927 nascimento de

ZELITO CALAÇA

TESTEMUNHO PARA A HISTÓRIA: O 'MÉDICO' DO POVO

Em 06 de junho de 1927, na cidade de Angicos, nasceu Zelito Calaça, filho do dentista Francisco Emílio Gomes Calaça, natural de Alagoas, e de dona Maria de Araújo Calaça, de Angicos. Seu pai era dentista formado pela faculdade de Alagoas. Este, trabalhou em vários municípios das regiões Central, Mato Grande e Salineira do nosso Estado. Isso fez com que seu filho, Zelito, o acompanhasse ainda menino e abandonasse os seus estudos para se dedicar à sua futura profissão como protético e, depois, 'médico', 'dentista'e farmacêutico. Desde a mocidade, após a morte de doutor Calaça, Zelito passou a fazer extração e prótese dentária em vários municípios. Em 1957, fixa residência em Pedro Avelino e se casa no ano seguinte com dona Maria da Conceição Carneiro, filha do agropecuarista e liderança política da época, o ex-prefeito José Carneiro Filho. A partir desse momento, Calaça se dedica à saúde do povo dessa cidade. Do seu lado sempre existiu a prática fervorosa da sua profissão: bondade , dedicação, paciência, além do lado humano. Nas décadas de 1950, 1960 e 1970 trabalhar na área da saúde era um verdadeiro sacerdócio, uma missão para a qual Zelito se doava no seu exercício de curar os doentes, servir à sociedade e fazer o bem ao próximo. Era o tempo do 'médico' humanitário, a casa aberta para servir a qualquer hora do dia, como se fosse um posto de saúde.

Esse homem foi um obreiro na saúde do município. Era chamado de doutor Zelito, numa época em que não existia médico na cidade, depois, alguns médicos apareceram nos fins de semana. Calaça era exímio na prática. Consultava e passava remédios jamais desaprovados por médicos especialistas. De acordo com os sintomas acertava na maioria das vezes: quando a pessoa estava com pedras nos rins; doenças do fígado, como cirrose, hepatite, problemas de vesícula etc. Ele fazia quase de tudo: pequenas cirurgias; engessava braço, clavícula, perna; fazia extração dentária, chapa, obturação; era perito no parto, inclusive, alguns complicados e, também, em curar crianças com doenças comuns através de remédios populares daquela época. Injeção, aplicação, curativos etc, não custavam nada. A sua farmácia 'Socorro Farmacêutico Zelito Calaça' foi à falência várias vezes. Dava remédio ao povo e não cobrava nada. Dizia: 'vim para servir aos pobres'. Era defensor fervoroso da saúde pública, de tentar combater as doenças comuns da região. Mesmo o doente quando estava numa situação difícil, existia o esforço e a força de vontade pelo seu lado humano. Isso sem recompensas financeiras, pois ele sempre dizia: 'vim para servir, não para ser servido'.

Aos sábados, dia de feira na cidade, atendia a muitas pessoas das zonas urbana e rural. Na sua farmácia, o atendimento começava às sete da manhã até cinco da tarde ou enquanto tivesse gente na fila para a consulta, pois naquela época a feira terminava tarde. Além da consulta, dava o remédio aos pobres ou vendia fiado e, na maioria das vezes, não cobrava e nem recebia nenhum tostão. Na 'caixinha', nada de dinheiro dos mais humildes. Mas, em compensação, recebia do homem do campo galinha, ovos, feijão verde, jerimum, melancia e outras coisas mais. E ficava satisfeito.

Hoje, que tanto se fala em médico de família, é bom lembrar que naquela época Calaça já fazia isso em Pedro Avelino, de verdade, conhecendo o corpo e a alma do paciente e sabia o que estava acontecendo porque fazia acompanhamento quase que diariamente. Muitos choravam num ato de eterna gratidão. Hoje em dia o que existe é a frieza do atendimento de alguns médicos, sem ir na casa do paciente, principalmente, na zona rural, com rara exceção. Calaça era desse jeito, falava, escutava e fazia visita 'médica' aos seus pacientes. Era um ser humano que se interessava pela cura, que tirava as dúvidas e dava esperança e uma palavra de conforto. Também julgava ser adepto de remédios homeopáticos, que dizia curar a saúde de alguns enfermos.

Devido aos serviços prestados conquistou muitas amizades e foi cooptado para a política e para o ambiente elitizado, pois tinha um serviço na área da saúde invejável. Se candidatou para prefeito em 1962 e para vice-prefeito em 1968 e 1988. Perdeu em ambas as campanhas. Antes, em 1982, foi eleito o vereador mais votado do município com mais de 10% do eleitorado total. A sua casa estava sempre cheia de amigos, colegas, ricos, pobres, cristãos, ateus, políticos e intelectuais. Era um ponto de convergência para uma boa conversa que a cidade tinha na sua paisagem humana. Chegou a hospedar em sua residência médicos, juízes, promotores, fiscais de banco, viajantes e outros. No bate-papo tinha gente como os juízes Luís Carlos Guimarães, Manoel dos Santos, doutor Levi; os médicos Juan Rivas Zambrana, Mauro Carmelo dos Santos, Pablo Pachá Quintela, José Martins dos Santos; o poeta Gilberto Avelino e outras pessoas ilustres que nos fogem a lembrança. E entre eles viam-se também pessoas simples. Alguns nem entravam , ficavam na calçada trocando conversas. Isso pela década de 1960 e início de 1970. Outros dormiam na sua residência.

Com a chegada de médicos na cidade, muitas famílias ainda o procuravam para consultar seus entes queridos doentes, embora, em menor escala. Mas, com o fim da farmácia, a idade, o declínio político e financeiro, ocorreu a exclusão dos espaços sociais em sua residência. Tudo pela falsa elite hipócrita, deformada, de conveniências e aproveitamento que afagara, deu-lhe gelo sem fim, impingindo-lhe o ostracismo amargo em que teve, permanecendo sua vida pelo lado bom e humano servindo aos pobres, com desilusões e decepções, quase todas elitistas.

Registra-se uma reparação necessária à brutal injustiça que marcou em fel anos de vida em Zelito Calaça, pela falsa burguesia local. Jovem, humano, conversador, gentil homem, prestador de serviços gratuitos, com isso, dominou o meio jovem e adulto da década de 1960 na área política e social da cidade do algodão.

É de entristecer que na sua velhice caminhou inevitavelmente para o esquecimento, por melhor que tenha sido ou que tenha dado de si aos seus semelhantes, o ser humano é capaz de injustiças, ingratidões, incompreensões. Calaça esqueceu tudo isso através das virtudes espirituais e de um bom coração, já que uma das propriedades do ser humano é de esquecer com facilidade tudo que um dia lhe foi útil ou que teve sua importância.

Queira Deus que o nome do 'médico e dentista' Zelito Calaça seja lembrado para sempre, que ele durante alguns anos não se encontre no sepulcro dos esquecidos. Entretanto bem que poderíamos retardar esse ostracismo a que foi relegado, com palestras mostrando o lado histórico do seu trabalho repassando quem foi ele e o que ele fez, principalmente, para essa juventude local, pois se Zelito Calaça não fez para os adolescentes atuais, mas certamente prestou serviços e favores para seus familiares.

ALGUMAS DAS MIL FRASES EM RELAÇÃO A ZELITO CALAÇA:

- 'Foi o homem que mais prestou serviços ao povo da nossa terra. Estava pronto para atender a crianças pobres e idosos a qualquer hora do dia. Foi o maior médico de todos os tempos'; Tica Flor, professora.

-'Salve meus amigos e minhas amigas essa figura que é o doutor Zelito Calaça'; Padre Antas.

-'Zelito Calaça, o Januário Cicco de Pedro Avelino', professor João Bosco da Silva.

-'O maior médico do mundo é Zelito', Luís Costa, conhecido como Luís Peninha, telegrafista.

-'Daqui a mil anos não teremos um Zelito Calaça. Foi o homem que mais prestou serviços na saúde da nossa terra', Rômulo Figueredo, vereador.

-'Se foi o herói de Pedro Avelino', Zé Galego, filho de Manoel Inês Filho.

-'Do início da década de noventa para trás, toda família de Pedro Avelino deve favor a
Zelito', Jairo Ernesto, comerciante e agropecuarista.


Do Facebook de Marcos Calaça

quinta-feira, 6 de junho de 2013

PELO DIA DA CONSCIÊNCIA NEGRA Se Guilherme de Almeida escreveu 'Raça', em 1925, uma obra literária “que tem como tema a gênese da na...