sexta-feira, 14 de fevereiro de 2014

Rio de Janeiro e Pernambuco de braços dados na dança

Museu de Arte do Rio (MAR) promove encontro entre frevo e passinho, dois movimentos populares do Brasil




No workshop, a cultura pernambucana se encontra com a carioca.  (Crédito: Thales Leite)




“Vem na dancinha do frevo com o funk", canta Mc Vakão na músicaPassinho dos Menores da Favela. “Pezinho, pezinho, ombrinho, ombrinho”, cita a letra de outro funk chamado Dança do Frevo, d’Os Hawaianos.  A fusão entre o ritmo centenário das ruas de Permambuco e o batidão carioca começa a ser tornar paupável. No Museu de Arte do Rio (MAR), o encontro se consagra no domingo, dia 16/02, em uma batalha de dança, coordenada pelo MC Rafael Nike. Trata-se do encerramento de uma oficina que durante toda a semana reuniu alunos e dançarinos dos dois ritmos.

Os alunos que participaram do workshop gratuito de frevo e passinho naEscola do Olhar se apresentam e duelam neste domingo, dia 16, no MAR. Os movimentos rápidos e de muitos 'sobe e desce', foram ensinados pelos dançarinos Diogo Breguete e João Pedro Fantástico, representantes do passinho, e pelo coreógrafo Otávio Bastos, nascido na terra do frevo. A onda pernambucana no MAR está presente desde dezembro de 2013 com a exposição Pernambuco Experimental e a iniciativa faz parte da mostra que está aberta até 30/04 .

A ideia surgiu da pernambucana Gleyce Heitor, assessora pedagógica do museu. Ela acompanhava uma das visitas escolares ao MAR quando duas turmas combinaram de dançar o passinho no fim do passeio. Ao observar, notou a aproximação com o ritmo de seu estado. Ela, então, uniu o útil ao agradável.

“O frevo, como um movimento da modernidade de Pernambuco, é bem urbano e traz uma questão de batalha na história do ritmo, com capoeiristas. São danças similares até mesmo nos movimentos de perna.” Gleyce ficou surpresa com o resultado ao ver alunos e professores curiosos e disposto a aprender. “O museu ficou contaminado pelos dois ritmos.”

Na hora da escolha dos professores, Gleyce lembrou de Otávio, conhecido de Recife que aprendeu a dançar com um dos últimos mestres de frevo, Nascimento do Passo. Para representar o fenômeno carioca, recebeu ajuda de Rafael Nike, que indicou Diogo e João. Representantes do funk, os meninos participaram da Batalha do Passinho e carregam vitórias no currículo. Passar pra frente o que aprenderam depois de tanto ensaio é sinônimo de realização. “Eu fico feliz pra caramba, sempre sonhei em ensinar os garotos da comunidade que me viam dançar. Não podemos desistir de nossos sonhos”, diz Breguete, de 23 anos, morador de Cachoeirinha, no Lins de Vasconcellos, Zona Norte.

João Pedro, 15 anos, já se vê trabalhando com dança no futuro. Em seu primeiro baile, precisou ir com a mãe. Ensaiou no chuveiro, no espelho, observando a própria sombra e deu tudo de si e agora faz parte dogrupo Bonde dos Fantásticos, super cogitado entre os dançarimos do estilo. Hoje, como professor no MAR, enxerga novas possibilidades para o passinho. “Estar dentro de um museu é algo importante para um estilo que sempre esteve dentro da favela. Torço para que isto seja lembrado um dia.”

A ligação com Pernambuco feita por Otávio Bastos se completou em uma grande roda organizada no aulão de quinta-feira, 13/2, no workshop. Quando postos um ao lado do outro, frevo e passinho se reconhecem. “O passinho absorve um pouco de tudo, é andrógeno e tem suingue. O legal é como preserva a individualidade dançante e isso o frevo perdeu com o tempo, porque se sistematizou. Acho que podemos observar o passinho e voltar a ter isso.” 

A disputa

Entre  os dançarinos de frevo, não há batalhas firmadas. No passinho, é o que dá sentido à tanta prática e dedicação. Breguete diz que preparou uma surpresa, João está confiante de que “vai pegar fogo”. Otávio, como quem entra em território desconhecido, acredita que a troca de experiências é o que vale mais a pena. “São saberes distintos, um é centenário e outro está nascendo agora, em outra realidade.”

Os alunos estão animados para mostrar o resultado de uma semana de prática, mas levam a disputa como uma brincadeira. Hayane Ferreira, de 29 anos, aproveitou o fim da licença-maternidade para fazer algo diferente. Ela se inscreveu nas aulas de frevo por curiosidade. Está adorando e, de quebra, conheceu novas pessoas. Marcos Leandro, de 32 anos, é ator e também aluno do workshop, mas optou pelo passinho. “Dançar é do corpo, a gente precisa dançar. É  ótimo estar em contato com uma manifestação cultural muito nova e tão brasileira, que recria e mistura várias referências.”  

Os dois estarão presentes na Batalha de domingo aberta ao público. Mais informações em Programação Cultural.  

Colaboração de Yzadora Monteiro

Fonte: http://www.cultura.rj.gov.br/

Um cajueiro criou uma floresta

Como a história da vassoura no aprendiz de feiticeiro, um cajueiro desdobra-se formando uma verdadeira floresta - Dois mil metros quadrados de área, quarenta e cinco mil frutos em cada safra - Uma grande atração turística para o Nordeste...

  Texto de ÍTALO VIOLA  - Fotos de RUBENS AMÉRICO
O Cajueiro de Pirangi já se consagrou como ponto obrigatório de visita dos que chegam à cidade de Natal. Pirangi é o nome de uma praia, na divisa dos municípios de Natal e Nísia Floresta, na qual o cidadão Sylvio Pedrosa possui um sítio, onde se encontra o cajueiro a que nos referimos e que os moradores do local denominam de “O Polvo”.

Êste cajueiro, segundo os mais velhos habitantes da região, tem aproximadamente uns quarenta anos de existência. Do seu tronco original (um tanto difícil de distinguir para quem o vê pela primeira vez) saíram dezenas de galhos que, por sua vez, transformaram-se em outros verdadeiros troncos, lançando centenas de galhos em tôdas as direções, numa progressão geométrica, numa sinfonia inacabada. Se emendássemos todos êstes galhos e troncos, cobriríamos, com a maior facilidade, a distância de um quilômetro. A área dêste cajueiro, verificada pelo seu proprietário, é de 2.000 m2. Quando chega a época de cajus, “O Polvo” mostra a sua pujança e prodigalidade, oferecendo uma média de 500 cajus diários em uma safra de três meses, portanto 45.000 frutos.
 
Assis Chateaubriand, os Governadores Lucas Garcez, Juscelino Kubitschek, Amaral Peixoto, o escritor e sociólogo Gilberto Freyre, o ex-Embaixador da Espanha e inúmeras outras personalidades celebrizaram o cajueiro de Pirangi com suas visitas.

Num país que soubesse aproveitar as suas atrações naturais para fins turísticos, êste cajueiro estaria mundialmente conhecido, convergindo para êle uma legião de curiosos, tal a sua excentricidade, tal a sua beleza, tal o seu caráter de exemplar único em todo o mundo.

Este artigo foi retirado, na íntegra, da Revista O CRUZEIRO - de 08 de janeiro de 1955.

Edgard Montenegro, uma relíquia da política Norte-riograndense



Eu e meu pai tivemos Domingo último (9), o prazer de visitar uma figura importante da política do Rio Grande do Norte chamado Edgard Montenegro (a minha esquerda na fotografia abaixo, e ao lado direito de meu pai Edmilson Caldas). Doutor Edgard (engenheiro agrônomo formado pela Escola Superior de Agricultura de Lavras, sul de Minas Gerais) com 94 anos de idade, lúcido ainda, é meu primo próximo pelo lado dos Lins Caldas. Ele foi prefeito do Assu, minha terra natal querida, deputado estadual em várias legislaturas, secretário do governo Cortez Pereira, Diretor do DNOCS. Sua família tem tradição no parlamento estadual desde os tempos do Rio Grande do Norte província. Político de espírito público. Por sinal, ele é o chefe político mais antigo da terra potiguar. Brilhante orador. A sua voz tem o timbre que a circunstância exige. Afinal, sempre uma voz presente a favor do desenvolvimento da importante região chamada Vale do Assu - Terra dos Poetas e da Fruticultura, um exemplo de ética e decência na política e na vida comum. Fica a minha homenagem registradO sobre aquela figura de bem e para o bem chamado Edgard Montenegro.

Fernando Caldas
Tuas cartas

Relembro as tuas cartas uma a uma,
Em minha mente todas se gravaram
Não encontro uma só que não resuma
Tudo o que nossos lábios já trocaram.

Tu me escrevias sempre; vez nenhuma
A sua falta os olhos meus choraram.
Morria o sol do estio ... vinha a bruma,
— E as tuas cartas nunca me faltaram.

Hoje os dias se passam lentamente
Que me escrevas espero ansiosamente,
Mas com que mágoa vejo que emudeces...

Termina esse silêncio que crucia,
É que me vai trazendo dia a dia
A certeza cruel de que me esqueces!

Carolina Wanderley, poeta potiguar do Assu.

(Soneto publicado em A República, jornal de Natal, edição de 16.02.1917).

"Maria Carolina Wanderley (Assu/RN, 04.01.1891-Natal/RN,
25.08.1975). Professora, dramaturga, poeta e musicista, publicou dois livros de poemas: Alma em versos (1919) e Rimário infantil (1926). Musicou versos de OM, dentre esses os da famosa modinha “A
lice”. Foi a primeira mulher a ocupar uma cadeira na Academia Norte-Rio-Grandense de Letras." (Laélio Ferreira de Melo, in Notas, "OTHONIEL MENEZES - Obra Reunida, Ed. UNA, 2011, Natal)


quinta-feira, 13 de fevereiro de 2014

Quem ama! É tão feliz
Que esconde as dores que tem.
E mesmo sofrendo, diz:
Sou mais feliz que ninguém.

Renato Caldas
 

HISTÓRIA DO ASSU

Início da construção da Matriz

Dos anos de 1755 a 1760, coordenou os trabalhos da Freguesia o padre Bernardo de Aragão Cabral. De 1760 a 1771 os paroquianos ficaram sob a orientação espiritual do padre João Saraiva de Araújo que deu início no dia 15 de julho de 1760, a construção da Matriz de São João Batista, no terreno doado por Sebastião de Souza Jorge (no ano de 1712) obedecendo ao projeto em estilo romano por dentro e por fora barroco. As primeiras pedras para edificação foram transportadas nos carros de bois. 

Em 06 de setembro de 1761, em um domingo, chegaram do Apodi alguns índios. Estes começaram a trabalhar nos serviços da Igreja, no dia 14 do referido mês. 
Matriz de São João - Foto anterior a ampliação da sacristia
A Matriz, desde a sua construção, passou por diversas reformas e ampliações. As arcadas medem trinta e três palmos de altura e as colunas, inclusive base e capitel, vinte e três palmos.

Na vigência do pároco Júlio Alves Bezerra, foi feita a ampliação dos fundos da Matriz, com a construção de um espaçoso salão que serve de sacristia e lugar de reuniões. 
Matriz de São João - atual - foto: Endson Esron
A Matriz de São João Batista é um dos mais antigos e suntuosos templos da Igreja Católica no Estado do Rio Grande do Norte. Do seu adro pode-se observar um acervo arquitetônico composto de garbosos palacetes, remanescentes de uma época áurea comercialmente, a qual ofereceu condições de vida confortáveis às famílias que ali residiram e que eram conhecidas em toda a região como possuidoras de “eira e beira”. Ou seja, cidadãos que tinham condições financeiras para construírem seus casarões de cumeeiras altas e fachadas de beirais bem trabalhados, com varandas e bicas, muitas vezes, caracterizando o símbolo da família ou representação de animais.
Fonte: Assu dos Janduís ao Sesquicentenário - Ivan Pinheiro

MANUEL MARIA BARBOSA DU BOCAGE


Bocage


Soneto do Pregador Pecador


Por Manuel Maria Barbosa du Bocage


Bojudo fradalhão de larga venta,
Abismo imundo de tabaco esturro,
Doutor na asneira, na ciência burro,
Com barba hirsuta, que no peito assenta:

No púlpito um domingo se apresenta;
Pregas nas grades espantoso murro;
E acalmado do povo o grão sussurro
O dique das asneiras arrebenta.

Quatro putas mofavam de seus brados,
Não querendo que gritasse contra as modas
Um pecador dos mais desaforados:

"Não (diz uma) tu padre não me engodas:
Sempre, me hé-de lembrar por meus pecados
A noite, em que me deste nove fodas"!

OPINIÃO - O QUE O TRE NÃO VÊ


Por Aluízio Lacerda

Eleição suplementar determinada pela justiça eleitoral não corrige distorções do viciado processo em Carnaubais, nem em lugar nenhum que ocorra.
O uso do cachimbo faz a boca torta e só torce por um novo pleito os contumazes corruptores e corrompidos.
Quem garante que uma nova eleição, se processe limpa, sem ofertas e sem barganhas.
O que uma corte colegiada decidiu desabona aos indivíduos que exerceram sua cidadania, usando a plenitude da sua vontade, quando livremente escolheram a melhor opção para administrar os destinos da sua cidade.
Em Carnaubais como em qualquer outro lugar os que se venderam ou se deixaram corromper estão aptos mais uma ver a fazerem suas negociatas.
Quem vai ser penalizado mais adiante serão os homens e mulheres de bem, cidadãos probos que escolheram seu dirigente de forma honesta, estes serão prejudicados, verão amanhã ou depois seu voto ir pra lata do lixo como aconteceu agora, porque alguém denunciou ou provou que determinado eleitor se vendeu, recebeu alguma coisa em troca pra sufragar o nome de quem ofereceu a bugiganga eleitoreira.
Afirmo isso porque sempre defendi o interesse coletivo baseado em princípios que norteiam minha dignidade, honrando o inalienável direito da legitimidade do voto ser secreto e soberano como determina a democracia.
Infelizmente só os togados da justiça eleitoral não enxergam, que uma nova eleição sincroniza mais uma safra para os que usam da esperteza para se beneficiarem individualmente.
Todavia, a justiça não se resume simplesmente a corte do TRE/RN, alguém do pleno do TSE, deve restabelecer essa anomalia praticada no estado, estão se tornando justiceiros usando o poder ao bel prazer de afastar que eles bem desejem.
Eleição sem o julgamento final do mérito em tela é uma exorbitante agressão ao direito adquirido nas urnas por um governante em qualquer nível do âmbito federativo, é simplesmente uma castração ao regime democrático e quando a democracia é desrespeitada tudo de errado pode prevalecer.

PERTINHO DE NÓS

Ponta do Mel em destaque na Folha de São Paulo 

A paradisíaca praia de Ponta do Mel, no litoral de Areia Branca, voltou a ser destaque nacional. O conceituado jornal Folha de São Paulo, destaca em sua pagina de turismo a Vila de Ponta do Mel como uma das 14 melhores praias brasileiras para se conhecer em 2014. Além de detalhar as belezas de Ponta do Mel, a publicação do jornal trás ainda, um roteiro dos locais para hospedagem na vila-praia, com valores de diárias e pacotes para temporada.

Ponta do Mel
Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.

Ponta do Mel é um vilarejo e uma praia localizado no município brasileiro de Areia Brancano estado do Rio Grande do Norte. É o único lugar do sertão em que este encontra-se com o mar.
Postado por Rosivaldo Quirino.

quarta-feira, 12 de fevereiro de 2014

Nas palavras do nosso presidente Vítor Nósseis: "No socialismo cristão o Estado existe para servir o indivíduo, e não para oprimí-lo. O Estado e os governos devem promover a paz e a justiça, que são anseios de todos os homens".
Conheça mais da nossa visão acessando o site: http://psc.org.br/


ASSEMBLEIA PAROQUIAL:

Já consta da pauta do vigário da paróquia de São João Batista, em Assú, padre Flávio Augusto Forte Melo, a realização de uma Assembleia Paroquial que, segundo ele, se traduzirá num instante para que possam ser levantadas informações sobre os principais desafios que se opõem ao trabalho de evangelização da Igreja Católica em Assú e região. 

O encaminhamento de tal realização está sendo trabalhado por uma comissão constituída pela paróquia para o evento que deverá ter sua primeira edição em março. 


A comissão terá a incumbência de apresentar ao sacerdote um esboço da referida Assembleia Paroquial que, conforme registrou o padre Flávio Melo, se dividirá em três estágios, com sua conclusão num domingo, quando as atividades consumirão todo o transcurso do dia. 


Na ótica do pároco, a partir da identificação dos gargalos, será possível firmar mais adequadamente os passos que necessitarão ser dados daqui pra frente pela instituição católica local.

Fonte: Pauta Aberta.

terça-feira, 11 de fevereiro de 2014

1943 – QUEM FOI O MOTORISTA DO JIPE DE ROOSEVELT E VARGAS EM NATAL

Publicado em 10/02/2014

Roosevelt e Vargas em Natal. Na direção do jipe o capitão David Channing Moore
Roosevelt e Vargas em Natal. Na direção do jipe o capitão David Channing Moore
Autor – Rostand Medeiros
Hoje, através do amigo Petit das Virgens, soube que outro dileto amigo, a quem muito admiro, desejava saber a identidade do militar americano que dirigia o jipe que transportou os presidentes Franklin Delano Roosevelt e Getúlio Dorneles Vargas, quando os dois estiveram em Natal em 1943. Quem desejava saber a informação é o meu amigo Luiz Gonzaga Cortez. Jornalista dos bons, a quem tenho enorme admiração. Seus livros e seu trabalho no Diário de Natal são referências para mim. Principalmente sobre 23 de novembro de 1935, dia da deflagração da Intentona Comunista em Natal. A importância está no sentido de descobrir mais sobre a participação do meu avô, Joaquim Paulino de Medeiros Filho, neste malogrado movimento.
Imagem1
Já sobre a pergunta do amigo, o nome do motorista era David Channing Moore, era um capitão e creio não era um piloto. Ele havia trabalhado na empresa IBM, era formado na Brown University (mas não sei em que), entrou na USAAF (United States Army Air Force) no ano 1942. Serviu em Washington, América do Sul, Norte da África e continuou sua trajetória militar em um grupo de caça junto à 14th Air Force, no teatro de guerra CBI – China, Burma e Índia.
Material jornalistico de um jornal americano, de 1943, apontando o capitão Moore como motorista do famoso jipe
Material jornalistico de um jornal americano, de 1943, apontando o capitão Moore como motorista do famoso jipe
Passou 31 meses servindo fora dos Estados Unidos. Deixou a USAAF no posto de coronel. Foi policial e morava em um subúrbio de Nova York chamado Bronxville. Casado, tinha três filhos e morava na Elm Rock Road, número 12, no Condado de Westchester, a cerca de 25 km ao norte de Manhattan.. Já o que ele especificamente fazia em Natal eu não sei…
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Fonte: Tok de História

TROTOL

A negrinha Passeeira
Que vagueia a noite inteira
Pela rua da ilusão
Anda sempre displicente
Procurando alegremente
A quem dá seu coração.

A negrinha Passeeira
É baixinha, é faceira
No seu jeito de andar
faz parada em cada esquina
Tem vontade de amar...
- Se é baixinha e faceira
Quem me impede de lhe amar!...

Antônio Souto, poeta potiguar assuense




JOÃO LINS CALDAS, O “CÁSSIO MURTINHO” DE JOSÉ GERALDO VIEIRA


Da esquerda para direita: João Lins Caldas e José Geraldo Vieira, Rio de Janeiro.

Transcrevo abaixo, o longo e importante depoimento do romancista José Geraldo Vieira afirmando que o poeta potiguar do Assu chamado João Lins Caldas é o seu Cássio Murtinho, personagem da segunda fase do romance urbano de ficção "essencialmente carioca" intitulado Território Humano, 1936. 

O escritor Vieira (falecido em 1967 era amigo íntimo de Caldas nos tempos em que o poeta viveu o Rio de Janeiro - 1912-27 e fins de 33) considerado um dos grandes autores do romance moderno brasileiro. Vamos conferir o depoimento de José Geraldo proferido na Academia Paulista de Letras no dia 19 de outubro de 1971, na ocasião do "Ciclo de Conferência realizado naquela Academia (Biblioteca Mário de Andrade) no período de 5 a 19 de outubro daquele mesmo ano em comemoração ao quadragésimo ano da ficção daquele romancista, conforme adiante transcrito:

"[...] Qual, pois, o personagem meu que aqui deva ser explicado, já que um decoro íntimo e sacrossanto me obriga a fechar Adri, Jandira e Plurabela de encontro ao coração, como aquele leque fechado e quieto do verso de Mallarmé?

Creio que o mais interessante, por sua singularidade e por não ser mentira como parece ser eu lhe disser o nome seja Cássio Murtinho. Se bem se lembram, é o terceiro personagem (como acabamento) de Território Humano. Comparado a todos os demais personagens de meus romances {romances onde eu apareço em doubles e em heterônimos diversos, mercê de complexos e de cartazes). Cássio Murtinho parecerá o ÚNICO inventado. Sua presença, sua reação, sua unidade, sua humanidade contraditória, sua filiação dostoivsquiana, suas tiradas a Nietzsche, sua insânia, sua psicose, tudo nele tem característica de símbolo preparado, ora como análise, ora como síntese, muitíssimas vezes como antítese. Aqui, porém, categoricamente declaro e confesso que Cássio Murtinho é o início do personagem inteiro e verídico de quantos há em qualquer e em todos os meus romances. Adri e Jandira, bem como a futura Plurabela, tive e tenho que as deformar e esgarçar de tal modo que sobrepairem nos romances como poesia bremondiana pura, transubstanciando-as em verônicas líricas que enxuguem as minhas vicissitudes reais e espirituais. Eu próprio, quando me transfiro para personagem, burguesmente, ou esnobemente, me deformo por mais que isso irrite o que em mim há de sinceridade exilado no Lord Jim em que me transformei ultimamente. Mas Cássio Murtinho está intacto, real, com a sua força humana e com a sua loucura. Foi isso mesmo que, decerto, o pus em Território Humano para atrapalhar a identidade transfigurada de Adri. Foi, talvez, o único meio que arranjei de tirar Adri do primeiro plano, como em orquestra se tenta anular a beleza e o milagre dum violino com os vieses dum contraponto bárbaro. (Subterfúgios de confissão e ao mesmo tempo de tentativa de desfiguração!)

Era eu ainda estudante de medicina, no Rio, quando, aí por volta de 1915, vim a conhecer João Lins Caldas, um nortista do Rio Grande do Norte com aquelas características mais diédricas possíveis e do nordestino: uma voz aberta, cantante, ora ventríloqua, ora empostação nasal, uma cabeça que parecia a daquele Esopo que Velasquez pintou, cabeça dura, grande, estranha, zangada; e um caráter a toda prova. A "ligação" ou, como se diz hoje, a "tarefa" que nos uniu, foi a Literatura. Circunstanciais diárias eventuais nos foram aproximando, no Garnier, no então Café Belas-Artes, e diante, por exemplo, do Clube de Engenharia, ora sozinhos, ora em rodas. João Lins Caldas optou por mim, entre tantas amizades e conhecimentos, e passou a tecer uma gradual intimidade que era até paradoxal e sem propósito aparente, pois eu era estudante filho de família grã-burguesa da Tijuca, e ele não passava dum pobre revisor de jornais que pagam com "vales". Começou a me ler uns sonetos onde a sintaxe, o léxico e as idéias eram tão extravagante dispostos que só encontrei semelhança num outro louco genial, Sá Carneiro, suicida de Paris. Mas os sonetos de João Lins Caldas, escritos em abas de carteiras de cigarros e em beiradas de jornais, em quantidade incrível (compunha doze, vinte por dia), ele não os declamava. Largava-os para cima de mim, como se ele próprio fugisse de brasas. Recitava-os como quem profere um edito. Ou como quem lança um anátema. Ou como quem esbruga nas unhas roídas um aerólito! E isso, lhe dava sempre. Era seu estado o de transe permanente. Política, safadezas, pseudoliteratos, discursos na Câmara, telegramas da Europa, questões de repartição pública, artigos de descompustura mútua em jornais, a Grande Guerra, tudo o incendiava. Para a humanidade inteira só conhecia ÓDIO. Para mim, só dedicou amor. E a tal ponto que, por fim, transmudou esse amor em ódio mortal.

Era um bárbaro rondando a Acrópole. Um Nietzsche exilado em Sil-Maria vendo em mim Veneza ou a Basílica Ulpia. Autêntico bárbaro mongólico, hirsuto, beirando a genialidade e a loucura. Jamais vi sujeito que tivesse duas vidas para dois fins opostos, como ele. Para o mundo, era um Kirillof; para mim, um Príncipe Muischkin. Odiava o erro, a tramóia, a hipocrisia, a acomodação, a politicalha, o falso valor, o chantagista intelectual, o cavador de situações oficiais; mas, diante de mim, andando comigo, almoçando comigo, me visitando, me ouvindo, me recitando toneladas de versos, tinha a doçura fraternal dum criado bem acolhido. Quando me conheceu, a sua cariátide de citações era Antero de Quental-Augusto dos Anjos. Nisso se apoiava como um molosso vertical em duas muletas. Quem o olhava, a gesticular nas calçadas, a embarafustar por um café a dentro, a sair duma roda como quem foge e não tolera ordinários, só podia ter duas impressões agudas e súbitas: ter ele perdido injustamente uma grande causa judicial, ou estar na aura dum ataque epilético. Eu lhe agravei muito a alma e o corpo sem querer.

Foi o caso que só conhecendo ele Virgílio, Dante e Sheakespeare, teoricamente, eu, sem querer, lhe fui mostrando outros marcos, através de citações: Gêethe, Novalis, Byron, Shelley, Paul Valéry, Gide, Rimbaud, Rilke. Ouvia, iluminava-se, passava a mão boa e leal pela testa, apalpando lesmas de febre que lhe entupiam as veias salientes, pendurava as falanges nos cabelos, torcendo-os como bilros, inflamava-se e dizia, obtemperando:

- Mas eu já disse isso! Eu, sim, eu!!

E Zás! empurrava-me um soneto, uma estrofe, uma brasa um aerólito um chumbo derretido onde aquilo que eu dissera, citando Lessing, ou Rant, ou Fitche, lá vinha, em forma precursora, joãobatisticanamente! E como aquilo lhe foi fazendo mal! Tamanho mal que nos cercou, a mim e a ele, dum arame farpado, em tal recinto não deixando entrar zoilo nenhum! E então, aderiu a mim, dia e noite, na escola, no hospital, na rua, no café, em casa, e até na ausência!

Lá para 1918 me evadi desse campo de concentração onde as carcaças de Pascal, Hoelderlin, João Paulo, Da Vinci, Feurbach, Hugo, Earrês e Claudel fediam entre corvos como as vítimas, agora, dos campos de Belzen; e fui para a França, a Alemanha, a Inglaterra e a Itália, do meu pobre João Lins Caldas, só me lembrando uma vez única, creio que em Toledo, ou em Burgos (que, uma ou outra, se pareciam tanto com ele), e lhe escrevi umas folhas que passou a guardar como se fosse uma lasca da parede ou do teto da Capela Sistina!

Quase quatro anos depois, voltei. Logo topo com ele, de jornais e de chapéu na mão, por uma dessas calçadas do Rio de Janeiro, ele, o João Lins Caldas, ainda e sempre de preto, misantropo, casto, paranóico, as veias salientes na testa, os cabelos lhe servindo de argolas para os dedos e os proparoxítonos, as mãos zurzindo a canalha, os olhos de descendente de holandês procurando no ar, talvez, uma nuvem que se parecesse com Spinosa, ou Erasmo! Que emoção, a dele! E por que não dizer? que emoção a minha! Semanas, meses, e ele a me ler sonetos que me eram de compreensão mais difícil do que qualquer das Elegias de Rilke! E eu me vingando a lhe falar em museus, em telas, em esculturas, em ruínas, em Paris, em Clemond-Ferrand, em Heidelberg, em Roma, em Dresden, em Assis, em Florença, em Giotto, em Cimabue, em Rafael, em Marinetti, em Cocteau, em Van Gogh, em Briand, em Lenin, em Gauguin, em Picasso! E ouvindo, marasmado, João Lins Caldas, a delirar, suspenso, caminhando sobre um tapete mágico! 

Casei-me. Fui tendo filhas. Uma, duas, três, quatro. E João Lins Caldas, pobre, sem consentir num emprego público, sem aceitar dinheiro, nem roupa, nem conselhos e nem mesmo uma simples observação a um dado verso, a mandar lá para a minha casa na Tijuca, malas com cadernos de poesias. Malas e malas. Ao cabo de alguns anos, em cima da minha garagem só havia malas de versos de João Lins Caldas. Um dia me disse com uma reserva de estátua mutilada, e com o orgulho duma púrpura que algum mastim rasgasse, que o Hermes Fontes, como já fizera o Gomes Leite, o andava plagiando. Ao dizer isso a boca amarga e o olhar cor de fel se uniram numa expressão que não esqueci.

Mas não voltou jamais a tal assunto, do qual não tirei conclusão alguma. Rente a mim, calado a mim, dia e noite, pela cidade, só aos domingos ia almoçar comigo à Tijuca, levando mais versos, de uma hermenêutica quase que à Rosa-Cruz. Mas, no vestíbulo de minha casa, sobre o lustre Carolean e entre os móveis Chipendale, brincava, como cavalo, de quatro patas no mosaico para que a Luisa-Cândida ou a Rosa-Ermelinda brincassem sobre aquele dorso de Pégaso-Quasímodo.

Mesmo quando eu queria ser planamente homem só, ele, João Lins Caldas, não deixava, pois andava a me provar a sua consangüinidade com André Suarês ou com Brandês, ajuizando o que eu escrevia e lhe mostrava. E provando a sua coaptação ao espírito de gênios, super-pondo frases de Lessing ou de Stuart Miii a versos seus. Até que...

Até que, de repente, passa a entristecer, aquela fornalha como que parada num desvio; e me diz taxativamente de súbito, um dia, que ia embarcar para Bauru, que ia se empregar nos escritórios da E. F. Noroeste do Brasil. Ofereci-lhe o emprego de meu secretário-perpétuo. Ah! Olhou-me de alto a baixo, como Cristo deve ter feito com Judas no jetsemani; despediu-se e... sumiu.

Não soube dele durante anos. Nem mais lhe vi aqueles sonetos que publicava em revistas e em jornais e cuja demora de publicação o punha em brasa, cuidando-se boicotado por tratantes e invejosos. Anos depois, afogueado, com um estranho fulgor nos olhos cor de bile, a boca mais amarga, me surgiu enviesadamente, trazendo na mão já não mais jornais nem o chapéu, mais uma incrível papelada. Todo um processo administrativo. Estava processando, arrasando o diretor da E. F. Noroeste do Brasil. Leu-me folhas e mais folhas de papel-ofício, com requerimentos, arrazoados, o diabo. E me explicou uma trapalhada. Gaguejando, passando a mão pelas veias e pelos cabelos daquela fronte de Esopo de Valesquez. meteu-se dias seguidos, no meu escritório, apossou-se da Remington, levou a matracar, a matracar. E assim continuou. A Revolução de Trinta foi para o espírito dele um fole avivando a chama dum maçarico. Mandava telegramas ao José Américo, ao Presidente Vargas, à Liga das Nações, ao Tribunal de Haia, a ministros do Supremo, a Juízes, a desembargadores, a Ghandhi, a Roosevelt, a Romain Rolland, "estivessem onde estivessem". No Ministério da Viação tinham paciência com ele, mas investia, esbarafustava, descompunha contínuos, agredia amanuenses, tinha um desdém oblíquo para com os oficiais de gabinete. Voltava a mim, lia-me aquela estrumela toda, um grande fogo de ódio e de purificação a lhe por na cabeleira labaredas de insânia. Arrastei-o a médicos, fiz que submetesse a reações de tudo, a regimes, e anuía, como um cordeiro. Mas, no dia seguinte o anho era um leão, uma hiena. E eis que, certa noite, já eu deitado, me batem à porta, na Tijuca, como um rebate de incêndio ou de catástrofe. Era João Lins Caldas. Vieira, conforme disse textual-mente, "matar quem amava". Antes de lhe abrir a porta já eu vira através do cristal a chama de delírio das suas pupilas fraternais transformadas em íris de Oaim.

E, depois, quando passou por mim, entrando, lhe vi o relevo que o revolver (uma colt lhe fazia no bolso traseiro da calça puída. Sentou-se, tornou a dizer (e era tal e qual um Rogoshin, ou um Kirillof! Desgrenhado, suando, as mãos sem parar, a boca torva) ”que precisava matar quem amava. Fiquei firme. Então saiu, fez sinal para dois sujeitos lá fora (dos quais eu não me dera conta e lhe disse que entrassem "houvesse o que houvesse!" Eram dois marçanos que não sei como nem onde descobriu àquelas horas. E ao mesmo tempo vi que três táxis estavam parados no meio-fio da minha calçada na Muda da Tijuca. Com eles (os marçanos) foi para o alto da garagem. estava fechado aquilo. Voltou e em silêncio me fez um sinal de que "fosse abrir". Revistou as malas (mais de doze ou quatorze), verificou se tinham sido "forçadas", meteu uma por uma as chaves, procurando-as com grande confusão de gestos e ruídos; algumas tinham cadeados, outras estavam amarradas com cordas! Dessas então desconfiou lançando-me um olhar que perdoava e que desesperava. Lá foram as malas escadas abaixo, uma por uma, para os três táxis, às tantas da madrugada.

- Que é que há, meu velho? Arranjaste quarto? Vais para fora?

Em respostas, reentrou no vestíbulo, percorreu os retratos da criançada, olhou os móveis, despediu-se de mim, com um silêncio confluente! E, para sempre, foi embora. Aboletou-se no último dos três táxis, os dois carregadores, cada qual num dos demais carros, velando os trastes que lá iam para um desses quartos-mansardas da Rua Acre ou da Rua do Resende, onde ele, João Lins Caldas, desde que viera do Nordeste, vivera em miséria orgulhosa e treda.

Subi, deitei-me, acendi um cigarro, fiquei pensando, o coração a crescer.


Para onde foi João Lins Caldas? Não sei. Nunca soube direito, por mais que o procurasse e indagasse no Rio e no Norte. Nunca mais o vi. A não ser como personagem dum romance meu. Como me entrara pela vida a dentro, assim como pelo Território Humano, como um Nietzsche sem bigodes e sem Wagner, mas com cento e tantos cadernos de poesia, com toneladas de delírios, com ódio, com amor, com perdão, com santidade, com loucura, e ainda hoje não sei porque o pus como personagem do meu romance. Talvez por ser tão meu amigo e merecer atrapalhar a verídica Adri, também desfigurada propositalmente no romance. Assim como as linhas geométricas da escola eubista marcaram a essência mesma de todo o cromatismo sintético e apaixonado duma bem-amada. Ou como um leão defendendo uma donzela. Ou como a loucura mascarando o amor.

Adri, eternamente ausente, veridicamente morta hoje, não o tendo conhecido senão como personagem talvez agora, lá nas Moradas desse Território Sobre-humano, o ature, e lhe queira bem, como eu que a ambos procuro neste vale que os dois, em certo ponto, transfiguram em patamar dos itinerários que ainda procuro atônito, sem saber o que me oferecem ou o que me negam."

(Postado por Fernando Caldas)






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