segunda-feira, 9 de abril de 2018

UMA REVOLUÇÃO PELO VOTO – A CAMPANHA PARA GOVERNADOR DE 1960 NO RIO GRANDE DO NORTE

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Aluizio Alves
Propaganda eleitoral de Aluízio Alves – Fonte – https://juscelinofranca.blogspot.com.br/2013/05/7-anos-sem-aluizio-alves-o-homem-da.html
Rostand Medeiros – Membro da Diretoria do Instituto Histórico e Geográfico do Rio Grande do Norte
No ano de 1960 era governador no Rio Grande do Norte o caicoense Dinarte de Medeiros Mariz, da União Democrática Nacional – UDN. Neste seu último ano de mandato o governador buscava consolidar os candidatos à sua sucessão.
Dinarte Mariz discursando.
Paralelamente as bases oposicionistas, representados pelo Partido Social Demócrito – PSD se organizavam para eleger o então deputado federal Aluízio Alves, tendo como vice-governador monsenhor Walfredo Dantas Gurgel.
As limitadas bases do PSD no Rio Grande do Norte começaram a apoiar a candidatura e as definições de apoio ao candidato oposicionista se avolumavam. Foi então deflagrada a campanha “Cruzada da Esperança”, com o apoio da maioria dos deputados federais potiguares, inclusive dois da UDN e o apoio de vários partidos anteriormente conflitantes que se uniram para assegurar a vitória dos candidatos da “Cruzada”.
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Aluízio Alves e Monsenhor Walfredo Gurgel na campanha de 1960 – Fonte – http://www.moradadamemoria.com.br/aluizio-alves/
Sob muitos aspectos a campanha de Aluízio Alves ao governo potiguar de 1960 foi revolucionária, onde contou, por exemplo, com a participação de um profissional que havia estudado marketing político nos Estados Unidos e até mesmo participado naquele país da vitoriosa campanha presidencial de Dwight David “Ike” Eisenhower.
Este homem era Roberto Albano e esta era uma situação até então inédita em uma campanha eleitoral no Rio Grande do Norte.
Albano havia participado em 1958 da vitoriosa campanha de governador do pernambucano Cid Sampaio e em terras potiguares ele repetiu de forma inédita por aqui o uso do sistema de pesquisas eleitorais e o uso de material propagandístico como adesivos, cartazes e foram criadas músicas que contagiavam as multidões. Uma destas músicas que chamou muita atenção durante a campanha foi a “Marcha da Esperança” e o slogan principal foi “A esperança e a fé salvarão o Estado”.
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Ponte sobre o Rio Potengi na década de 1960. Era uma época onde o Rio Grande do Norte carecia de obras estruturantes.

Logo Aluízio Alves chegou do Rio de Janeiro e a campanha “Cruzada da Esperança” começou para valer.
Começa a Campanha
Segundo o jornal Tribuna do Norte estampa, no dia 22 de maio de 1960, um domingo à noite, Aluízio desembarcou de um avião do Loyde Aéreo no extinto Aeroporto Augusto Severo. Era por volta das sete e meia da noite e Aluízio já desembarcou direto nos braços do povo. Foi realizada uma grande carreata com mais de 400 veículos até a Praça Gentil Ferreira, onde se realizou um comício que foi classificado como o primeiro grande evento de sua campanha no Rio Grande do Norte, com mais de 15.000 pessoas presentes.
No Rio Grande do Norte a campanha de Aluízio pegava fogo. Foram muitas as vigílias, passeatas de longa e de curta distância, mas sempre com muitas pessoas presentes. Foi criado o “Caminhão da Esperança”, onde os principais candidatos percorriam bairros da capital e as cidades do interior do Estado. O “Caminhão da Esperança” percorreu todos os quadrantes do Rio Grande do Norte.
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Trem da Esperança – Fonte – http://www.moradadamemoria.com.br/aluizio-alves/
Na busca para alcançar o maior número de adeptos foram utilizamos outros meios disponíveis existentes na época, como o “Trem da Esperança”. Que saiu de Natal até a cidade de Nova Cruz, realizando muitas paradas e comícios ao longo do percurso.
A convenção que homologou os nomes dos candidatos se realizou no dia 11 de agosto de 1960, uma quinta feira, dia do aniversário de Aluízio Alves. Segundo o jornal Tribuna do Norte primeiramente aconteceu pela manhã uma missa comemorativa do aniversário de Aluízio na antiga Catedral. Depois ocorreu uma reunião nos jardins da residência do empresário Rui Moreira Paiva, na Avenida Rodrigues Alves, com a presença dos principais candidatos e lideranças políticas, onde Aluízio leu o esboço do seu programa de governo.
Depois todos seguiram para a Praça André de Albuquerque, no centro da cidade, onde se realizou uma grande concentração popular, formada por pessoas de todas as partes da cidade que para lá se dirigiam em numerosas passeatas, destacando-se em número de pessoas e animação a passeata que veio do popular bairro das Rocas. Em meio a muito entusiasmo foi realizada a parte programática da convenção, onde foram homologados os nomes dos candidatos da “Cruzada da Esperança”. Foram escolhidos os seguintes candidatos.
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Campanha nas ruas. Aluízio na carroceria do “Caminhão da Esperança” – Fonte – http://www.tribunadonorte.com.br/noticia/50-anos-do-governo-da-esperanca-a-campanha-da-esperanca/171456
Para governador – Aluízio Alves;
Para vice-governador – Monsenhor Walfredo Gurgel;
Para prefeito da capital – Djalma Maranhão;
Para vice-prefeito – Luiz Gonzaga dos Santos.
Em praça pública Aluízio e Djalma Maranhão anunciaram ao povo seus respectivos planos de governo.
A Campanha no Interior
Já logo no início Aluízio e o monsenhor Walfredo Gurgel seguiram para o interior do Rio Grande do Norte para levar a “Cruzada da Esperança”. Um destes casos ocorreu em uma grande movimentação política no Seridó.
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Fonte – http://www.moradadamemoria.com.br/aluizio-alves/
No dia 13 de agosto Aluízio e seus companheiros de campanha saíram de Natal, seguindo para Currais Novos, onde o candidato deu uma entrevista na Rádio Brejuí e depois o destino para a cidade de Jucurutu.
No outro dia, domingo, dia de feira em Acari, houve uma grande concentração dos aluizistas. Onde foi realizado um grande comício na antiga Praça Presidente Vargas, hoje Cipriano Pereira, diante da Igreja de Nossa Senhora do Rosário.
O palanque foi o tradicional e ainda existente coreto. Ali, no começo da noite, em meio a uma multidão expressiva falaram várias lideranças. No momento de Aluízio falar ele então elencou várias metas que pretendia executar no seu governo para a Região do Seridó e, antes de encerrar o discurso, informou a multidão o apoio que recebeu para a sua candidatura do líder seridoense José Augusto Bezerra de Medeiros, ex-governador potiguar que nesta época vivia no Rio de Janeiro. A multidão aplaudiu de maneira entusiástica e ensurdecedora o teor da missiva e esse acontecimento tiveram muita repercussão em toda a região.
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Aluízio Alves em Macau – Fonte – http://www.obaudemacau.com/?page_id=30330
Um dos maiores eventos foi a caminhada da capital até a cidade de Macaíba, a maior manifestação em prol de Aluízio que ocorreu naquela campanha de 1960.
O povo seguiu seu líder a pé, chamou atenção a quantidade de pessoas, de bandeiras e todos percorrendo o velho caminho que passava pelos Guarapes. Era gente de todos os cantos da capital e dos sítios vizinhos. Havia homens, mulheres, jovens, velhos, crianças, ricos, pobres, enfim o povo potiguar se fez presente nesse dia.
As Eleições
Segundo as páginas da Tribuna do Norte e do Diário de Natal as eleições ocorreram em uma segunda-feira, 3 de outubro, onde foi decretado feriado nacional em todo o país. Tropas federais foram convocadas para conter os ânimos de uma campanha onde, infelizmente, ocorreram excessos decorrentes do radicalismo que marcou a mesma.
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Aluízio Alves e Monsenhor Walfredo Gurgel – Fonte – http://www.moradadamemoria.com.br/aluizio-alves/
Entretanto, as manifestações ocorridas na capital no sábado e no domingo antes da eleição foram intensas, mas sem problemas.
Houve muita previsão de violências, mas elas não aconteceram. Os eleitores dos dois candidatos, cada um ao seu modo, chegaram ao último momento da luta eleitoral em um clima de normalidade. Desde cedo muita gente foi para as ruas com suas bandeiras verdes dos aluizistas e vermelhas dos seguidores de Djalma Marinho. Havia em Natal um clima de verdadeiro carnaval, com a improvisação de blocos, de passeatas e de pequenos comícios, com pessoas de todas as idades participando.
Na segunda as eleições foram tranquilas, com um amplo comparecimento do eleitorado aos locais de votação e com abstenção mínima. Não se registraram maiores ocorrências nas inúmeras seções eleitoras espalhadas pelo Rio Grande do Norte. Soube que muitas destas terminaram a votação cedo devido ao comparecimento maciço de eleitores assim que as mesmas foram abertas. Às cinco da tarde encerrou-se o pleito.
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Juscelino Kubitschek e Aluízio Alves – Fonte – http://www.moradadamemoria.com.br/aluizio-alves/
O grupo aluizista em Natal manteve uma equipe bem organizada para coordenar os trabalhos da “Cruzada da Esperança” no dia da eleição. À frente estava o ex-governador Silvio Pedroza, o seu cunhado Graco Magalhães Alves e o candidato a prefeito Djalma Maranhão.
O Resultado
Naquele tempo as apurações eram mais lentas, pois eram manuais. Mas na terça-feira, 4 de outubro, já estava consolidada a vitória de Jânio Quadros em todo o país, de Aluízio Alves no Estado e de Djalma Maranhão como prefeito de Natal.
Para se tenha uma ideia da vantagem de Aluízio na eleição para governador, o jornal Tribuna do Norte aponta que em todas as urnas das 1ª e 2ª Zonas Eleitorais de Natal e em 12 urnas da 3ª Zona Eleitoral da Capital, Aluízio obteve 12.499 votos, contra 6.424 de Djalma Marinho, ou seja, o dobro da votação do candidato governista. Nas ruas o povo dizia com razão – “Aluízio ganhou na capital e Djalma perdeu no interior”.
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Discuso da vitória – Fonte – http://www.tribunadonorte.com.br/noticia/50-anos-do-governo-da-esperanca-o-tempo-das-mudancas/171453
Os festejos foram muitos com o sucesso de Aluízio, mas os ecos da campanha ainda mantinham os ânimos bem acirrados. O jornal Diário de Natal de 9 de novembro de 1960 trás os detalhes de um caso que chamou a atenção no Rio Grande do Norte.
Tiros na Assembleia Legislativa do Rio Grande do Norte
No dia 7 de novembro, uma segunda-feira, aconteceu uma seção extremamente tensa na Assembleia Legislativa e com desdobramentos violentos. O deputado estadual Carvalho Neto, que apoiou a eleição de Aluízio, denunciou nesta sessão o deputado Moacir Duarte de forma bastante agressiva. Moacir era genro de Dinarte Mariz e líder de seu governo na Assembleia Legislativa.
Segundo Carvalho Neto o líder udenista teria pedido uma contribuição financeira “por fora” ao empresário italiano Cornélio Giordanetti, proprietário do “Moinho Mobrasa”, na Ribeira. O dinheiro seria uma contribuição para ser utilizada na campanha política daquele ano.
Na mesma hora Moacir repeliu a insinuação e exigiu provas das acusações contra ele, na sequência foi para frente da tribuna e perguntou a Carvalho Neto se realmente era sobre ele que o deputado estava falando. Diante da resposta positiva Moacir Duarte partiu para cima do seu acusador tomando o microfone e o conflito começou.
Moacir então puxou um revólver e disparou contra Carvalho Neto, que aparentemente percebeu o que iria ocorrer tentou se baixar, mas escorregou e caiu. Se não fosse essa sua ação teria levado dois tiros, que inclusive vararam a tribuna feita de madeira de lei.
Aí, segundo a versão estampada no jornal, Carvalho Neto caído no chão puxou a sua arma e atirou.
De cinco a seis tiros foram disparados, mas logo a sua arma engasgou. Inclusive uma das balas atingiu uma janela do velho Palácio Amaro Cavalcanti, onde a Assembleia Legislativa do Rio Grande do Norte tinha a sua sede e hoje se encontra o Tribunal de Contas do Rio Grande do Norte.
O Deputado Garibaldi Alves, irmão de Aluízio Alves, ao buscar apaziguar os ânimos entre os dois deputados levou um tiro na perna. Quem desarmou Carvalho Neto foi o deputado Valdemar Veras, então 1° Secretário da Mesa, que lhe tomou uma pistola calibre 45.
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Foi quando José Varela, então Presidente da Assembleia Legislativa e vice-governador, entrou na confusão aos gritos e de revólver na mão. Mandou de maneira forte que os dois deputados que se agrediram baixar as armas, se não “Quem atirava neles dois era ele”.
Varela desarmou a todos e pôs ordem na casa. Em seguida Garibaldi foi levado ao Hospital Miguel Couto, atual Hospital Universitário Onofre Lopes e depois seguiu para Recife.
Essa situação extrema na Assembleia Legislativa mostrou um dos aspectos negativos resultantes desta campanha política e do acirramento do clima entre a classe política do Rio Grande do Norte na década de 60.
https://tokdehistoria.com.br

sábado, 7 de abril de 2018

O INSTITUTO HISTÓRICO E GEOGRÁFICO DO RIO GRANDE DO NORTE COMPLETA 116 ANOS

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No próximo dia 12 de abril de 2018 o Instituto Histórico e Geográfico do Rio Grande do Norte – IHGRN, a mais antiga instituição cultural do estado, vai comemorar 116 anos de fundação. Na ocasião ocorrerá o lançamento da Revista do Instituto Histórico de número 96 e do Catálogo do IHGRN. Também serão entregues de vários títulos da instituição a autoridades, beneméritos e amigos do IHGRN e será dado posse a novos sócios-efetivos.
O evento será realizado no Centro Pastoral Dom Heitor de Araújo Sales, na Rua da Conceição 615, ao lado da sede do IHGRN.
De: https://tokdehistoria.com.br

quarta-feira, 4 de abril de 2018

Respeitável públicooo!!! É com o prefácio de Rodrigo Bico, prefácio de Antônio Nóbrega, ilustrações de Filipe Marcus, que eu tenho a honra de anunciar que sexta-feira, dia 06 de abril, às 9:40h da manhã, lançaremos nossa nova obra "O CIRCO", no auditório da Escola de Governo, no centro administrativo de Natal-RN, na II Jornada Potiguar de Leitura e Educação. Nessa oportunidade, teremos um bate-papo literário com professores e outros autores, quem quiser, é só chegar. Em breve, montaremos a lona em outros lugares para fazer as pessoas conhecerem nosso espetáculo. Viva!  O livro é todo escrito em sonetos e, em número de 15, conta uma historinha de amor entre os personagens do circo. Venham, venham! Segurem-se nas poltronas, reservem seus lugares! 


O potencial subaproveitado das frutas do Vale do Açu

Joacir Rufino

O Vale do Açu é uma microrregião conhecida em todo o país pelo dinamismo de sua fruticultura irrigada. No Rio Grande do Norte (RN), segundo dados do IBGE, a área é destaque na produção de banana, manga, melancia, mamão, entre outras variedades. Além disso, frutos nativos como o umbu e a cajá vicejam nos campos. Entretanto, prevalece no presente um subaproveitamento do potencial de nossas saborosas frutas, que são majoritariamente comercializadas “in natura” sem qualquer agregação de valor e/ou são pouco valorizadas como meio para garantir a segurança alimentar e nutricional da população local. Tal situação é incompreensível do ponto de vista econômico e chega até a causar surpresa entre observadores externos.
No começo do mês passado (março/2018), por exemplo, tive a oportunidade de recepcionar uma pequena comitiva de pesquisadores de diferentes universidades do Brasil e do exterior, entre eles o professor Walter Belik da UNICAMP, os quais estão estudando as relações de trabalho no setor agrícola exportador em várias partes do mundo. Após o encerramento do nosso almoço, em um dos restaurantes da cidade de Assú, alguns dos referidos pesquisadores ficaram decepcionados com a sobremesa. Isso porque, depois de observarem a riqueza da agricultura irrigada regional, eles esperavam saborear algum doce feito a partir das frutas locais e só encontraram um punhado de sorvetes e picolés de marcas tradicionais no contexto nacional.
Na verdade, essa é uma situação que tem frustrado muita gente e não apenas os nossos visitantes ilustres. De fato, nos bares e restaurantes das cidades da região é raro encontrar no cardápio um doce típico preparado com as bananas produzidas em Ipanguaçu ou com as goiabas colhidas nos pomares localizados no Distrito Irrigado Baixo Açu (DIBA) e nas centenas de quintais produtivos familiares espalhados nas comunidades rurais da microrregião. Cabe registrar que o Vale do Açu não possui atualmente em seu território nenhuma fábrica de doce que processe e agregue valor às frutas da terra. Ao mesmo tempo, a pouco incentivo para o incremento de pequenas agroindústrias caseiras de doce ou de fabricação de polpas de frutas, que existem em localidades isoladas e poderiam ser expandidas para abastecer o mercado local e estadual.
Outra questão que incomodou uma parte da mencionada comitiva de pesquisadores foi a informação sobre o baixíssimo consumo de nossas frutas na alimentação escolar. Por incrível que pareça, a merenda das crianças na maioria das escolas do Vale do Açu não conta “de maneira regular” com frutas no cardápio. No dia-a-dia, elas não comem banana, manga, mamão, goiaba e melancia e nem bebem sucos feitos a partir da polpa de algumas dessas preciosidades citadas. Talvez haja exceção nos municípios onde o Programa de Aquisição de Alimentos (PAA/Compra Direta) e o Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE) são bem operacionalizados e as compras institucionais conseguem abrir espaço para os agricultores familiares e assentados da reforma agrária escoarem sua colheita. Mas o fato é que não há uma estratégia deliberada das prefeituras ou do governo potiguar para inserir as frutas da microrregião na dieta dos estudantes, que continuam consumindo, em muitos casos, alimentos industrializados produzidos em outros estados do país.
O cenário brevemente apresentado indica, portanto, a necessidade de repensar ações e seguir novos caminhos. Naturalmente, os produtores locais têm sobrevivido vendendo sua produção para atravessadores e canais de comercialização variados, inclusive exportando. Mesmo assim, não resta dúvida de que há grandes oportunidades para a expansão do mercado local da fruticultura do Vale do Açu. Uma política bem planejada de apoio à agroindústria processadora (de micro, pequeno e médio porte), assim como a inserção permanente de nossas frutas nos cardápios de todas as escolas públicas da região, proporcionaria um poderoso incentivo à atividade. O resultado disso seria mais empregos e renda no meio rural e, o que é mais importante, a formação de uma geração de pessoas com menos problemas de saúde e com hábitos alimentares mais saudáveis do que o atual padrão baseado principalmente nos refrigerantes, nos sucos de caixinha e nos biscoitos cream-cracker.
Joacir Rufino de Aquino – Economista, professor e pesquisador da UERN.
 http://www.omossoroense.com.br

terça-feira, 3 de abril de 2018

HOMEM CONSTRÓI CASA NO FORMATO DE ‘DISCO VOADOR’ NO RIO GRANDE DO NORTE

O nome dele é Raimundo Filadélfio, morador de Taipu, Serra Pelada, Rio Grande do Norte. Ele queria “um cantinho” para passar os fins de semana com a família e os amigos, acabou criando uma casa no formato de um disco voador.
Sem ser nem engenheiro e nem arquiteto, Raimundo conseguiu fazer o projeto, calcular a estrutura e construir a casa, que conta com sala de estar, jantar, cozinha e dois quartos. Tudo isso com vista 360 graus da região e uma porta automática em forma de rampa de acesso digna de filme de Hollywood, descendo e subindo da “nave”.
O vídeo feito por uma pessoa da família de Raimundo viralizou nas redes sociais:

segunda-feira, 2 de abril de 2018

DISCURSO DE APRESENTAÇÃO DA ACADÊMICA MARIA DO PERPÉTUO SOCORRO WANDERLEY DE CASTRO


DATA: 21 DE MARÇO DE 2018

ASSU
Amo-te com o amor definitivo das coisas simples,
que não precisam ser explicadas,
não buscam ser compreendidas,
porque em si mesmas desatam todas as gamas do ser.

Amo-te com o amor constante dos elementos naturais
da sucessão inevitável entre o dia e a noite.

Amo-te como a vida
E quanto mais de ti estou longe,
Mais te trago dentro de mim.

Autora: Poetisa Maria do Perpétuo Wanderley.

Presidente da Academia Assuense de Letras, Francisco José Costa;
Demais confrades, confreiras;
Demais autoridades;
Senhoras, senhores.

Peço vênia a Vossa Senhoria, Senhor Presidente, para antes de saudar a Acadêmica, cumprimentar os poetas e poetisas aqui presentes pelo Dia Mundial da Poesia, transcorrido nesta data. 
Com muita honra, por comprometimento da função que me é atinente, saúdo e dou boas-vindas a distinta conterrânea, Maria do Perpétuo Socorro Wanderley de Castro que passa a categoria de sócia efetiva da Academia Assuense de Letras.
Regozijo-me através deste pronunciamento, que é a palavra cerimoniosa, ataviada em traje de gala, ao externar a esta distinta plateia uma pequena história. Todas as vezes que me encontrava em eventos sociais ou culturais com Dr. Chaguinha, Auricéia Lima, Dra. Perpetua e outros apologistas da cultura assuense, questionávamos a ausência de uma academia de letras em Assu. Aquela ideia, alicerçada com o surgimento de outras confrarias em cidades de porte inferior à nossa, tanto em população quanto em tradição literária e cultural, nos fortaleceu para abraçarmos a causa.
Arregaçamos as mangas e montamos toda a estrutura estatutária e regimental. Buscamos parcerias para que essa Instituição pudesse existir de fato e de direito. Hoje é uma realidade, um sonho de olhos abertos. A Academia Assuense de Letras além de legalizada, é reconhecida de utilidade pública municipal, propositura da vereadora Delkisa Cavalcante e estadual que teve como propositor o deputado estadual George Soares.
Ano passado, eu estava na Casa do Cordel, associação que faço parte, proferindo uma palestra sobre a nossa poetisa Sinhazinha Wanderley. Já ao final do bate papo, fui surpreendido com a presença da conterrânea Doutora Perpétua. Ela se empolgou com a roda de conversa e ao final a convidei para participar da nossa Academia. Ela aceitou. No entanto, deixou claro a sua resumida disponibilidade devido ao trabalho partilhado entre Brasília e Natal.
Seu nome foi apresentado e, por unanimidade, aprovado. Hoje, senhora acadêmica, estamos aqui, alegres por contar com vossa presença que doravante passará a sócia efetiva tendo acento a cadeira 15 que tem como patrona a escritora e poetisa Maria Eugênia Maceira Montenegro.

Quem é MARIA DO PERPÉTUO SOCORRO WANDERLEY DE CASTRO?
Vou discorrer um breve perfil, baseado em uma de suas crônicas onde ela descreve sua relação com a cidade da seguinte forma:
Filha de Adherbal da Costa Wanderley e Francisca Machado Wanderley. Nasceu em Assu, uma das mais antigas cidades do Estado, orgulhosa de um passado tradicional, marcado por ter tido jornal semanal em 1867, por ter sido a segunda Comarca criada pela Lei Provincial nº 13 de 11 de março de 1835 tendo como primeiro juiz Basílio Quaresma Torreão Júnior, a freguesia de São João Batista da Ribeira do Assu em 1726, a segunda cidade a libertar os escravos, em 24 de junho de 1885.
Criou-se ouvindo estórias de trancoso, ainda do tempo em que se falava da moura torta e da pobre menina enterrada pela madrasta malvada e ouvindo estórias dos fatos da cidade, como a angústia do grande incêndio ocorrido em 1951 de que resultou a destruição de casa integrante do conjunto arquitetônico da velha rua Casa Grande, a estupefação com a chegada do primeiro carro, um Ford que causou assombro, assim como tempos depois o avião causara medo.
Viveu o cotidiano da cidade do interior, com as crenças e temores dos mais velhos, falando ainda sobre botijas, sobre becos mal-assombrados, sobre aparições e fantasmas.
Naquele tempo, a luz elétrica chegava com o pôr do sol, quando o velho motor era ligado e, ordinariamente, desligado ao meio da noite, após os três sinais que anunciavam verdadeiro toque de recolher, pois a cidade se recolhia à escuridão. E as noites eram, ainda, adoçadas por sons de violões e serenatas, frequentemente permeadas pela declamação de versos e pela acolhida hospitaleira dos donos das casas escolhidas, que serviam bebidas e petiscos aos seresteiros.
A cidade desfrutava de luz elétrica (a motor) desde 1927 o que permitia as sessões de cinema, festas em clubes e pequenas festas em locais como a Casa da Juventude, cuja lembrança se enche do som redondo da bola ping-pong, nas mesas ali instaladas.   
Viveu o início da adolescência andando em suas ruas ainda não calçadas, no caminho diário para as aulas do Colégio Nossa Senhora das Vitórias, na diversão domingueira dos banhos de rio. Era uma vida calma, então igual à de cinquenta anos atrás, nas mesmas ruas, nos mesmos costumes, marcantemente rígidos e tradicionais.
Em 1966, ouvia-se, e mal, através do rádio, as transmissões dos jogos da Copa do Mundo. Em 1970, assistia-se, pela televisão, os jogos no México.
Nesse intervalo de quatro anos, a cidade mudara profundamente, mais do que levara a se modificar durante décadas, em que o tempo passara quase imperceptivelmente. Com a televisão, o espaço e a distância diminuíram.
A geração que assistia a esta mudança passou a viver em conformidade com ela e com as possibilidades e oportunidades que gerou. Mas os dias idos, dias de infância e adolescência ficaram acumulados pela vida afora, como pequeno tesouro de bem-querença.
A menina, a adolescente cresceu, não foi um crescimento físico vertical avantajado, mas culturalmente... formou-se em direito pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte, no ano de 1973.
Casou-se com Aluísio Garcia de Castro, cuja união nasceram Adherbal Attílio e Luisa Magdalena.
Especializou-se em Direito do Trabalho, pela UFRN, com monografia de conclusão do curso sobre "A mulher e a previdência social".
Aprovada em diversos Concursos Públicos, exerceu os cargos: Inspetor do Trabalho, na DRT/RN; Procuradora do Instituto Nacional de Previdência Social e, posteriormente, Instituto de Administração Financeira da Previdência e Assistência Social - IAPAS, Superintendência do Rio Grande do Norte; Professora de Direito Civil, da Universidade Federal do Rio Grande do Norte.
Aprovada em concurso público para Juiz do Trabalho Substituto do Tribunal Regional do Trabalho da 13ª Região, foi nomeada e tomou posse em fevereiro de 1987, tendo sido Juíza-Presidente da JCJ de Macau; Juíza Presidente da 3ª JCJ de Natal e Juíza do Tribunal Regional do Trabalho da 21ª Região.
No ano de 2002 foi convocada para atuar no Tribunal Superior do Trabalho.
Em sessão extraordinária realizada no ano de 2013, o Pleno do Tribunal Superior do Trabalho definiu os nomes dos desembargadores da lista tríplice para preenchimento de vaga de ministro da Corte, destinada à magistratura do trabalho de carreira, para ocupar a vaga decorrente da aposentadoria do ministro Pedro Paulo Teixeira Manus, que se aposentou. Entre os três nomes escolhidos e apresentados a então presidente da República Dilma Rousseff estava o da desembargadora Maria do Perpétuo Socorro Wanderley de Castro, do Tribunal Regional do Trabalho da 21ª Região do Rio Grande do Norte.
Possui os títulos de Cidadã Natalense e cidadã Mossororense. Diploma de Homenagem do Coletivo Leila Diniz pelo trabalho em favor das mulheres. É membro efetivo do Instituto Histórico e Geográfico do Rio Grande do Norte.
Na literatura produziu diversos artigos jurídicos, publicados em livros e revistas da área. Foi a coordenadora da obra Execução na Justiça do Trabalho, livro em homenagem ao Ministro Francisco Fausto, publicado pela LTR Editora, São Paulo.
É autora dos livros: Memorial do Meu Velho Assu –publicado pela Editora Sebo Vermelho, em 2000 e o livro de memória autobiográfica, Daqui eu Vejo o Cata-vento – publicado pela FASA Gráfica, no ano 2013.
Daqui eu vejo o Cata-Vento ela fez questão de dedicar a família, a todos os amigos assuenses, com registro especial às alunas do Colégio Nossa Senhora das Vitórias em 1965 e às rebeldes queridas.
Tenha a certeza, Dra. Perpétua, de que contará sempre com o aplauso unânime dos que agora, de braços abertos, lhe acolhe como uma das mais queridas e competentes assuenses de vossa geração.
Inspirado no pensamento de Bob Marley que diz:
“Um povo sem conhecimento, saliência de seu passado histórico, origem e cultura é como uma árvore sem raízes”.
Encerro minha saudação, conclamando a mais nova acadêmica para, ao nosso lado, defender o Assu. Defender com amor, com decência, com ardor, com a dor, com paixão, com compaixão, com argumentos, com qualquer coisa que se possa fazer respeitar esta terra querida – berço de nomes memoráveis, de uma história invejável, conhecida pelos Potiguares como Terra dos Poetas, a Atenas Norte-rio-grandense, Terra de São João Batista, Terra de Irmã Lindalva, Terra dos Verdes Carnaubais.
Dra. Perpétua, seja bem-vinda a nossa Academia Assuense de Letras.
Muito obrigado!
Boa noite!

domingo, 1 de abril de 2018

PENSAMENTOS

Fotografia: Esquerda para direita: O poeta potiguar João Lins Caldas e o renomado romancista brasileira autor do romance intitulado de "A Mulher Que Fugiu de Sodoma". Rio de Janeiro, 1930.

Oh vida! Os teus milagres nem sempre são doçuras, mas não me des tanto, Tanto! Não me des tanto, tanta amargura.

Saio de mim e, às vezes me procurando. Perdão se me acho e assim às vezes fora de mim.

Cantai lindo pássaro. Cantai amorosamente a vossa alegria. Assim que se é pássaro.

A vida incide aflitivamente. É a concessão irrefreável.

Com esses olhos grossos de chuva eu quero chorar.

Errar é comigo. Nunca acerto convosco.

A gaiola da vida tem muitos pássaros. às vezes carrega pássaros mortos. E cantos fúnebres nos vagões dos pássaros.

Febre há. Bem dentro da minha febre.

Autor: João Lins Caldas

Postado por Fernando Caldas

Aprovada isenção de taxas de concursos para carentes ou doadores de medula


O Senado aprovou nesta terça-feira (27) o projeto SCD 22/2015, que isenta a cobrança de taxas de inscrição em concursos públicos para carentes ou doadores de medula. O texto já havia sido aprovado anteriormente pelo Senado, em 2008, e enviado à Câmara dos Deputados, onde sofreu alterações em 2015. Assim, teve de retornar ao Senado, para votar a manutenção ou a retirada das alterações da Câmara.

O projeto original, o PLS 295/2007, foi apresentado pela então senadora Serys Slhessarenko (PT-MT) e foi aprovado terminativamente pela Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) em 2008. No texto inicial, a proposta estabelecia a isenção das taxas de concursos para aqueles que tivessem renda familiar abaixo de meio salário mínimo.

Na Câmara dos Deputados, após uma longa tramitação, foi aprovado em 2015, ampliando a isenção para os desempregados, os carentes e os doadores de medula óssea.

Ao retornar ao Senado, a CCJ aprovou quase todas as mudanças, retirando a isenção para os desempregados e mantendo para os carentes e os doadores de medula. Pelo texto, os carentes necessitam estar inscritos no Cadastro Único para Programas Sociais do Governo Federal.

Finalmente, nesta terça-feira, o Plenário do Senado votou o substitutivo da Câmara com a alteração da CCJ. Agora, o texto vai para a sanção presidencial.
 Fonte: Agência Senado, em 27/03/2018

VALE DO AÇU

Em 1969, os proprietários de terras no Vale do Açu/RN, região de grande fertilidade para o plantio de algodão e outras culturas, por decreto do presidente da república Emílio Garrastazu Médici, ficaram impedidos de operar, fazer empréstimos agrícolas junto ao Banco do Brasil, única casa bancária então existente naquela importante região. O governo federal tinha o objetivo de desapropriar 22 mil hectares de terras de aluvião, para fazer um gigantesco projeto agrícola, fato este que levou muitos agricultores a passar por certas dificuldades financeiras.

A Comissão de Desenvolvimento do Vale do Açu (CODEVA), instituição de caráter consultivo e executivo, que tinha como presidente Edgard Borges Montenegro e Osvaldo de Oliveira Amorim como secretário geral, começaram as articulações para impedir a desapropriação do vale, bem como os proprietários rurais voltarem a operar, contrair empréstimos agrícolas no Banco do Brasil. Osvaldo Amorim, figura habilidosa e competente, tomou conhecimento da vinda do Ministro da Agricultura ao estado de Pernambuco, para incentivar a caprinocultura no semiárido nordestino, entrou em contato com seus assessores que logo tomaram conhecimento da situação do Vale do Açu, vindo até a cidade de Ipanguaçu e, na praça pública daquele município Cirne Lima se comprometeu em resolver imediatamente a questão. Foi oferecido ao ministro um jantar na casa da fazenda Itu/Picada, do Major Manoel de Melo Montenegro, onde o poeta Renato Caldas após ter declamado entregou uma carta rimada aquele simpático ministro, intitulada "Carta Matuta ao Exmo. Sr. Ministro da Agricultura, Dr. Cirne Lima", que diz assim:


Da esquerda: Cyrne Lima. Osvaldo Amorim, Mariinha Amorim, Maria Eugênia Montenegro e Dix-Zuit Rosado.


Da esquerda: Astério Tinôco, Carvalho, Osvaldo Amorim Cyrne Lima (sentado).

sábado, 31 de março de 2018

Só faltam usar maçarico
Instrumento de arrombar:
E o povo fica a clamar,
É pena! O Brasil tão rico.
Com esta gente eu não fico,
Quero servir de espião
Mas, todo esforço é em vão
Roubam mesmo sem respeito
Para o Brasil não há jeito
Com tanto filho ladrão.
Efecê

sexta-feira, 30 de março de 2018

O poeta assuense João Celso Neto escreve ao editor deste blog:

Estou afastado, sabaticamente, do Facebook, mas soube da glosa que você postou, e ressuscitei o glosador que um dia fui, bocagiano.

O país que tanto quero / não é este sem futuro

Faz tanto tempo que espero
ver o futuro chegar
pra poder aproveitar
O PAÍS QUE TANTO QUERO.
Meu desejo mais sincero
se desvanece, eu juro.
não sei mais onde procuro
novos sonhos e projetos,
pois o Brasil pros meus netos
NÃO É ESTE SEM FUTURO.

(João Celso Neto)

A glosa postada postada no Facebook, conforme João Celso, é de autoria do poeta Lindomar Paiva.  vejamos abaixo:

Mote (Heliodoro Morais)
O País que tanto quero,
Não é este sem futuro.
Glosa (Dedé de Dedeca).
Acabaram meu País,
Destruíram a Nação
Parece sem salvação
O nosso Povo infeliz
Só mesmo o Grande Juiz
Pra nos tirar do escuro
Mandando um homem puro
E um governo Austero
O País que tanto quero
Não é esse sem futuro.
Natal (RN), 29 de março de 2017.
Dedé de Dedeca.
Mote de Heliodoro Morais.

Postado por Fernando Caldas


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