quinta-feira, 8 de abril de 2021

 Helder Cortês Alves - 

Um diagnóstico dos tempos.

“Eles perguntaram ao fundador de Dubai, * Sheikh Rashid, * sobre o futuro de seu país, e ele respondeu: 'Meu avô andava de camelo, meu pai andava de camelo, eu andava de Mercedes, meu filho andava de Land Rover e meu neto vai andar de Land Rover, mas meu bisneto vai ter que andar de camelo novamente ... »
Por quê?
“Tempos difíceis criam homens fortes, homens fortes criam tempos fáceis. Tempos fáceis criam homens fracos, homens fracos criam tempos difíceis. ”
Muitos não vão entender, mas você tem que criar guerreiros, não parasitas ... "
Mesma coisa que você dar tudo de graça ao seu filho que fica dormindo o dia todo.
Você está criando um fracassado dentro de casa





terça-feira, 6 de abril de 2021

 


 


Sorriso da eternidade



Por Perpétuo Wanderley de Castro

Há saudades  que  são sons.  Josenilde  ficará  em nossas  lembranças  como o som de sua risada franca e  aberta, pois era assim   seu coração  fraterno e  amoroso.

O que  podemos dizer a você, Nildinha, que  partiu  para o maior e mais  elevado encontro  da vida?  Você retornou para  Deus que aprendeu  a conhecer e a crer  nas  matinas do Colégio Nossa Senhora das Vitórias. Ou nas lindas manhãs de Maio quando enfeitávamos o altar da Virgem. Será assim que você continuará  entre nós, nas  lembranças vívidas e cheias de animação. Você, Nildinha com quem convivemos, por tantos anos,  representava a alegria, o puro contentamento,  o prazer de viver.  

Simplesmente, vivia  e encontrava satisfação nas pequenas coisas que o mundo esquece. Ah,  o pequeno momento de bordar uma toalha, de encher de flores o tecido amarelo e, para tornar ainda mais festiva, fazer uma barra cintilante de contas, uma a uma entremeadas. Como quem reúne transparência e cintilações,  reflexos seus.

Nildinha entremeou a vida de alegria e leveza. Uma  presença integral, plena, que chegava e iluminava   com entrega todos os momentos, sem medir esforços para colaborar. A comemoração do nosso padroeiro, São João Batista, ou  na Igreja de São João, tinham sua assistência para organizar a mesa lauta, o café farto. Porque Nildinha era a fartura sertaneja do acolhimento, do abraço. E se ampliava em  risos, depois já  na festa profana  em meio aos amigos, à música, à festividade.

Não é possível  falar em Nildinha, sem ver o seu sorriso, sem sentir no coração seu afago sorridente que enchia o ar de amizade e de meiguice. Seu sorriso era a  marca registrada de querer bem. Sinal de sua espontaneidade fraterna. Sinal de união entre os amigos que sua afabilidade reunia. Você  está conosco, porque sua lembrança nos enternece e se instaura em largo espaço de nossos corações, seu carinho e seu dulçor nos animam a revê-la sempre com amor, o mesmo amor  que você prodigalizou na vida para seus pais, para seus filhos e chegou até nós, suas amigas. Somos numerosas, não se pode contar nos dedos quantos amigos apegados ao seu jeito de ser, admiradores de sua alma cheia de bondade. 

Nildinha: Sua  morada será de luz e de alegria e será  assim, que em cada momento você estará entre nós, no nosso afeto, na nossa fraternidade e, porque não dizer, na nossa irmandade, porque você se tornou  parte de nossas vidas, com a solidez em  que os afetos verdadeiros se tornam eternos.

 

segunda-feira, 5 de abril de 2021

 Um tempo custoso.

Passados dias e meses
Em grande confinamento
Bate à porta a melancolia
E vem um mau pensamento
Esperar um pouco é preciso
No longo distanciamento.
O tempo é o dono da vida
Dele ninguém pode fugir
Só a calma e resiliência
Ajudam esta etapa a cumprir
Ansiedade só atrapalha
Dificulta a hora de dormir.
Em vários momentos da vida
Aparecem grandes perigos
Difícil escapar do acaso
Nos caminhos percorridos
Quem chega à reta final
São os fortes e aguerridos.
Os bons sentimentos da vida
Carregamos no coração
O amor, a paz e a alegria
Também temos a solidão
Ter fé e muita esperança
Que vai passar toda aflição.
Maria Willima Barbosa

 

Geomar Azevedo - Facebook


Se você é patuense
Você é abençoado
Pois tem aí do seu lado
Uma serra que lhe pertence
No sertão riograndense
Debaixo de um clima quente
Nosso Deus onipotente
Com a mão da natureza
Escupiu essa beleza
E deu a vocês de presente .
Versos do poeta Liberato de Paiva
Patu RN
Pode ser uma imagem de ao ar livre

domingo, 4 de abril de 2021

O DISTANCIADO


Por João Lins Caldas


Nessa via de abrolhos sobre a terra

Quando um dia eu cansar, ferido e morto.

Ninguém venha a chorar. - cheguei ao porto

Do descanso afinal, da paz sem guerra.


Tudo o que a vida no seu todo encerra

De agonia, de fel, de desencanto,

Tudo - o que for mais feiamente torto -

Em mim, seu bojo, negramente afora.


Houve algum que me viu, alma ferida,

Esse alguém que passou. E a si, com a vida,

 Deu-se à morte. E a morte que eu queria.


A morte proclamada que é meu norte,

A morte não me deu. Negou-me a morte!

- Esse alguém que passou levou meu dia. 


(Inédito)


Sonata e destruições

Depois de muito, depois de vagas léguas,
Confuso de domínios, incerto de territórios,
acompanhado de pobres esperanças
e companhias infiéis e desconfiados sonhos,
Amo o quão tenaz ainda sobrevive nos meus olhos,
ouço no meu coração meus passos de cavaleiro,
mordo o fogo adormecido e o sal arruinado,
e de noite, de atmosfera escura e luto foragido,
Aquele que vela à beira dos acampamentos,
o viajante armado de resistências estéreis,
preso entre sombras que crescem e asas que tremem,
Eu me sinto ser e meu braço de pedra se defende.
Há entre ciências de choro um altar confuso,
e na minha sessão de pôr do sol sem perfume,
nos meus dormitórios abandonados onde a lua habita,
e aranhas da minha propriedade, e destruições que me são queridas,
Eu adoro meu próprio ser perdido, minha substância imperfeita,
meu golpe de prata e minha perda eterna.
Ardeu a uva molhadinha e sua água fúnebre
Ainda vacila, ainda reside,
e o património estéril e o domicílio traidor.
Quem fez cerimônia de cinzas?
Quem amou o perdido, quem protegeu a última coisa?
O osso do pai, a madeira do navio morto,
e seu próprio fim, sua mesma fuga,
Sua força triste, seu deus miserável?
Espreita, pois, o inanimado e o enlutado,
e o testemunho estranho que eu segurei,
com eficiência cruel e escrito em cinzas,
é a forma de esquecer que eu prefiro,
o nome que dou à terra, o valor dos meus sonhos,
A quantidade infindável que eu divido
com meus olhos de inverno, durando cada dia desse mundo.

Pablo Neruda



 A VELHA CASA DE TAIPA

No semblante do poeta
Essa tapera é mansão,
Felicidade é pureza
Lugar de muita união,
Família muito feliz
Com Jesus no coração.
A seca expulsou o povo
A casinha era animada,
Foi embora todo mundo
Ela está abandonada,
Feliz com essa riqueza
A familia abençoada.
Nada de ser orgulhoso
Se você não leva nada,
Simplicidade tá aqui
Uma bendita morada,
Do humilde sertanejo
A vivenda afeiçoada.
O matuto foi embora
O cão ficou no terreiro,
Esperando pelo dono
Um vigia verdadeiro,
Pra não ficar no abandono
Vai sair por derradeiro.
Marcos Calaça é poeta matuto e cordelista.




sábado, 3 de abril de 2021

Agnaldo Timóteo - O Escudo

Carta de Clarice Lispector ao Presidente Getúlio Vargas

Por Revista Prosa Verso e Arte




Clarice Lispector, uma das maiores escritoras brasileiras, nem sempre foi considerada brasileira.

A escritora nasceu na cidade ucraniana Tchetchelnik, em 1920, e veio para o Brasil com seus pais e suas duas irmãs quando ainda era recém nascida, tendo chegado no Brasil em março de 1922. Na ocasião seus pais alteraram seu nome estrangeiro ‘Haia’ por ‘Clarice’.

Ao completar 21 anos – idade mínima para requerer a nacionalidade brasileira -, Clarice escreveu uma carta direto para o presidente Getúlio Vargas requerendo atenção à sua solicitação.

Que audácia hein?!

Confira:

Rio de Janeiro, 3 de junho de 1942¹

Senhor Presidente Getúlio Vargas:

Quem lhe escreve é uma jornalista, ex-redatora da Agência Nacional (Departamento de Imprensa e Propaganda)², atualmente n’A Noite, acadêmica da Faculdade Nacional de Direito e, casualmente, russa também.

Uma russa de 21 anos de idade e que está no Brasil há 21 anos menos alguns meses. Que não conhece uma só palavra de russo mas que pensa, fala, escreve e age em português, fazendo disso sua profissão e nisso pousando todos os projetos do seu futuro, próximo ou longínquo. Que não tem pai nem mãe – o primeiro, assim como as irmãs da signatária, brasileiro naturalizado – e que por isso não se sente de modo algum presa ao país de onde veio, nem sequer por ouvir relatos sobre ele. Que deseja casar-se com brasileiro e ter filhos brasileiros. Que, se fosse obrigada a voltar à Rússia, lá se sentiria irremediavelmente estrangeira, sem amigos, sem profissão, sem esperanças.

Senhor Presidente. Não pretendo afirmar que tenho prestado grandes serviços à Nação – requisito que poderia alegar para ter direito de pedir a V. Ex.ª a dispensa de um ano de prazo, necessário a minha naturalização. Sou jovem e, salvo em ato de heroísmo, não poderia ter servido ao Brasil senão fragilmente. Demonstrei minha ligação com esta terra e meu desejo de servi-la, cooperando com o DIP, por meio de reportagens e artigos, distribuídos aos jornais do Rio e dos estados, na divulgação e na propaganda do governo de V. Ex.ª E, de um modo geral, trabalhando na imprensa diária, o grande elemento de aproximação entre governo e povo.

Como jornalista, tomei parte em comemorações das grandes datas nacionais, participei da inauguração de inúmeras obras iniciadas por V. Ex.ª, e estive mesmo ao lado de V Ex.ª mais de uma vez, sendo que a última em 1º de maio de 1941, Dia do Trabalho.

Se trago a V. Ex.ª o resumo dos meus trabalhos jornalísticos não é para pedir-lhe, como recompensa, o direito de ser brasileira. Prestei esses serviços espontânea e naturalmente, e nem poderia deixar de executá-los. Se neles falo é para atestar que já sou brasileira.

Posso apresentar provas materiais de tudo o que afirmo. Infelizmente, o que não posso provar materialmente – e que, no entanto, é o que mais importa – é que tudo que fiz tinha como núcleo minha real união com o país e que não possuo, nem elegeria, outra pátria senão o Brasil.

Senhor Presidente. Tomo a liberdade de solicitar a V. Ex.ª a dispensa do prazo de um ano, que se deve seguir ao processo que atualmente transita pelo Ministério da Justiça, com todos os requisitos satisfeitos. Poderei trabalhar, formar-me, fazer os indispensáveis projetos para o futuro, com segurança e estabilidade. A assinatura de V. Ex.ª tornará de direito uma situação de fato. Creia-me, Senhor Presidente, ela alargará minha vida. E um dia saberei provar que não a usei inutilmente.

Clarice Lispector

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[1] Carta publicada originalmente em Eu sou uma pergunta (Rocco, 1999), de Teresa Montero.

[2] A sede da Agência Nacional era no prédio da atual Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro (ALERJ), na avenida Primeiro de Março. Para acelerar os trâmites de seu processo de naturalização, Clarice escreve a carta ao presidente da República. O pedido só foi concedido em 12 de janeiro de 1943, dias antes de expirar o prazo determinado.

Clarice Lispector, no livro “Todas as cartas”. Rocco, 2020

 

 


 


 Currais Novos RN




 

 
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Alguém já ouviu falar da Rosa de Saron??
Aí está uma foto.🌷
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