domingo, 25 de outubro de 2020

Comando do Batalhão de Segurança em Natal, 13 de maio de 1902. Ordem do Dia n° 165. Faço público para conhecimento do Batalhão e devidos fins o seguinte: Camaradas! Nossa bandeira acha-se a meia haste, as nossas armas em funeral, os nossos clarins emudecidos e em todos os semblantes vemos estampados o mais profundo pesar, é que neste momento o Rio Grande do Norte, o Brasil e não erro em afirmar que o mundo inteiro chora o desaparecimento de um gênio, é que Augusto Severo aquele talento incomensurável que atraia para o Brasil admiração do mundo, aquele gênio desmedido que convencido de sua grandiosa ideia assegurava à humanidade a paz universal com o seu maravilhoso invento no momento em que ia embalar-se nos braços da fama, caiu gloriosamente no regaço da morte. Ele o nosso querido patrício e eminente representante no Congresso Federal desapareceu da face da terra mas resta-nos a consolação de que é-nos dolorosa está realidade, o seu nome brilhará para sempre no mundo inteiro como um astro de glória de maior grandeza do céu do Brasil. Em homenagem ao grande morto que nunca assaz pranteamos determino que o Batalhão tome luto por 8 dias, conservando a bandeira a meia haste e as armas em funeral. Assinado: Manoel Lins Caldas, Major Comandante.

 

ALMANACH DO ASSÚ - Publicado em 1903. Editado por Palmério Filho e Moysés Soares. Um pelo passeio poético, literário e social aceca da cidade conhecida pelos seus vates. Este exemplar, me fora dado pelo amigo João Batista Pinto, já encantado. O maior conhecedor da vida de José da Penha, o último amigo que me enviava cartas. Fez várias doações valiosas para o meu acervo. Aqui em minha linha do tempo, já fiz duas postagens acerca do meu tio bisavô (marteno). [Wandyr Villar].

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sábado, 24 de outubro de 2020

ALMANACH DO ASSU

 

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Wandyr Villar

ALMANACH DO ASSU - Em breve mais uma edição da AZYMUTH, em fase de editoração. Publicado originalmente em 1904. Tiragem especial para colecionadores. 50 exemplares. Traz introdução de Wandyr Villar com fortuna biográfica dos autores Palmerio Filho e Moysés Soares [Wandyr Villar].

ANNA SENHORINHA SOARES DE ARAÚJO - (minha trisavó): Mulher de destaque no abolicionismo do RN. Com seu pai (veja postagem anterior) ajudou a libertar e educar escravos e negros alforriados. Grande nome da caridade, em Serra Negra do Norte (onde nasceu) e no Assu. Lá ajudou o Padre Ibiapina a manter a "Casa de Caridade do Assu". Em Natal (a partir de 1886) destacou-se em suas ações sociais. Sendo Sócia Benemérita de várias instituições, algumas criadas por ela. Promoveu o escotismo feminino, o ensino de música para mulheres e foi tesoureira da Diocese a pedido de D. Joaquim de Almeida - primeiro Bispo de Natal. Casou-se com Cel. Pedro Soares, no Assu em 1876. Em Natal ajudou o seu grande amigo Padre João Maria em momentos dramáticos de nossa história. Foi entusiasta da "Liga de Ensino" (Escola Doméstica). Uma das primeiras mulheres do estado e entender de economia. Teve dez filhos. Oito deles chegaram à fase adulta e são personagens históricos do RN. Me ocuparei deles nas próximas postagens [Wandyr Villar]



terça-feira, 20 de outubro de 2020

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Jose Di Rosa Maria

Eu sou pai de cinco filhos
Que a natureza me deu;
De manhã compro seis pães,
Cada um agarra o seu,
A mulher come o que sobra,
Quem passa fome sou eu.

Autor: Manoel Xudu

segunda-feira, 19 de outubro de 2020

 Como te amo? Elizabeth Barrett Browning

________________________________________
Como te amo? Deixa-me contar de quantas maneiras.

Amo-te até ao mais fundo, ao mais amplo
e ao mais alto que a minha alma pode alcançar
buscando, para além do visível dos limites
do Ser e da Graça ideal.

Amo-te até às mais ínfimas necessidades de todos
os dias à luz do sol e à luz das velas.
Amo-te com liberdade, enquanto os homens lutam
pela Justiça;

Amo-te com pureza, enquanto se afastam da lisonja.
Amo-te com a paixão das minhas velhas mágoas
e com a fé da minha infância.

Amo-te com um amor que me parecia perdido - quando
perdi os meus santos - amo-te com o fôlego, os
sorrisos, as lágrimas de toda a minha vida!
E, se Deus quiser, amar-te-ei melhor depois da morte.

(tradução alternativa e mais comum):
Amo-te quanto em largo, alto e profundo
Minh’alma alcança quando, transportada,
Sente, alongando os olhos deste mundo,
Os fins do Ser, a Graça entressonhada.

Amo-te em cada dia, hora e segundo:
À luz do Sol, na noite sossegada.
E é tão pura a paixão de que me inundo
Quanto o pudor dos que não pedem nada.

Amo-te com o doer das velhas penas;
Com sorrisos, com lágrimas de prece,
E a fé da minha infância, ingênua e forte.

Amo-te até nas coisas mais pequenas.
Por toda a vida. E, assim Deus o quiser,
Ainda mais te amarei depois da morte.

TRADUÇÃO DE LUÍS EUZÉBIO:

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domingo, 18 de outubro de 2020

QUANDO A CASA DOS AVÓS SE FECHA

 QUANDO A CASA DOS AVÓS SE FECHA




Acho que um dos momentos mais tristes da nossa vida é quando a porta da casa dos avós se fecha para sempre, ou seja, quando essa porta se fecha, encerramos os encontros com todos os membros da família, que em ocasiões especiais quando se reúnem, exaltam os sobrenomes, como se fosse uma família real, e, sempre carregados pelo amor dos avós, como uma bandeira, eles (os avós) são culpados e cúmplices de tudo.

Quando fechamos a casa dos avós, também terminamos as tardes felizes com tios, primos, netos, sobrinhos, pais, irmãos e até recém-casados que se apaixonam pelo ambiente que ali se respira.

Não precisa nem sair de casa, estar na casa dos avós é o que toda família precisa para ser feliz.

As reuniões de Natal, regadas com o cheiro a tinta fresca, que cada ano que chegam, pensamos “...e se essa for a última vez”? É difícil aceitar que isso tenha um prazo, que um dia tudo ficará coberto de poeira e o riso será uma lembrança longínqua de tempos talvez melhores.

O ano passa enquanto você espera por esses momentos, e sem perceber, passamos de crianças abrindo presentes, a sentarmos ao lado dos adultos na mesma mesa, brincando do almoço, e do aperitivo para o jantar, porque o tempo da família não passa e o aperitivo é sagrado.

A casa dos avós está sempre cheia de cadeiras, nunca se sabe se um primo vai trazer namorada, porque aqui todos são bem-vindos.

Sempre haverá uma garrafa térmica com café, ou alguém disposto a fazê-lo.
Você cumprimenta as pessoas que passam pela porta, mesmo que sejam estranhas, porque as pessoas na rua dos seus avós são o seu povo, eles são a sua cidade.

Fechar a casa dos avós é dizer adeus às canções com a avó e aos conselhos do avô, ao dinheiro que te dão secretamente dos teus pais como se fosse uma ilegalidade, chorar de rir por qualquer bobagem, ou chorar a dor daqueles que partiram cedo demais. É dizer adeus à emoção de chegar à cozinha e descobrir as panelas, e saborear a “comida da nona”.

Portanto, se você tiver a oportunidade de bater na porta dessa casa e alguém abrir para você por dentro, aproveite sempre que puder, porque ver seus avós ou seus velhos, ficar sentado esperando para lhe dar um beijo é a maior sensação, maravilhosa, que você pode sentir na vida.

Descobrimos que agora nós temos que ser os avós, e nossos pais se foram, nunca vamos perder a oportunidade de abrir as portas para nossos filhos e netos e celebrar com eles o dom da família, porque só na família é onde os filhos e os netos encontrarão o espaço oportuno para viver o mistério do amor por quem está mais próximo e por quem está ao seu redor.

Aproveite e aproveite a casa dos avós, pois chegará um tempo em que na solidão de suas paredes e recantos, se fechar os olhos e se concentrar, poderá ouvir talvez o eco de um sorriso ou de um grito, preso no tempo. De resto, posso dizer que ao abri-los, a saudade vai pegar você, e você vai se perguntar: por que tudo foi tão rápido? E vai ser doloroso descobrir que ele não foi embora ... nós o deixamos ir ...

Mas nunca se fechará em minha memória.
Anônimo

sexta-feira, 16 de outubro de 2020

Aqui, eu tenho vivido
Desde quando menino
Aqui, Deus traçou o meu destino
Oh, meu Assu querido.
A tí, sou agradecido
Por mim, tu és cultuada
Terra reverenciada
Na cultura e na poesia
Jardim das minhas fantasias
Terra por mim amada.

(Chagas Matias)

ASSU 175 ANOS DE CIDADE

Assu de antigas glórias aniversaria hoje. Nascida banhada pelo Piranhas, rodeada de carnaubais. A cidade é bela, a sua história é vasta.

Freguesia de São João Batista, em 1726, segunda Comarca, em 1835, primeira cidade do interior do Rio Grande do Norte, em 1845. Naquela cidade fora instalado uma das primeiras Câmaras de Vereadores do Brasil (primeira organização de governo local e que tinha o pude deliberativo e executivo), em 1788, 175 anos que ganhou foros de Cidade do Assu, então Vila Nova da Princesa ou Vila do Assu, em 1788 elevou-se a município. Foram, portanto, 57 anos de vila.

Assu de tantos filhos virtuosos teve participação na Guerra do Paraguai (o maior conflito armado na América do Sul que o Brasil se envolveu), mandando um grupo de Voluntários da Pátria para lutarem na Guerra do Paraguai (1864-1870), entre tantos, o jovem Ulisses Olegário Lins Caldas ou simplesmente Ulisses Caldas. Sobre Ulisses, Câmara Cascudo em O Livro das Velhas Figuras, vol. IV, escreve que certo “veterano da Guerra do Paraguai, contou-lhe que, num combate, carregando a baioneta, rebentou no meio da tropa, uma mina. Areia, fogo, estilhaços, voaram semeando a morte, escurecendo o ambiente que se tornou trágico, na irreprimível onda de pavor. De espada em punho, negro de pólvora, desvairado, Ulisses Caldas passou, como um relâmpago, para a vanguarda do seu pelotão gritando: - Avante, camaradas! Ainda é vivo Ulisses! E todo batalhão em acelerado, faiscando de entusiasmo seguiu o jovem alferes de vinte anos, vivando o Brasil.”

Ulisses Caldas tombou morto na tomada do forte de Curuzu que ficava à margem esquerda do rio Paraguai, depois que tomara dois canhões, colocando ali, o pavilhão nacional. Foi o primeiro soldado a penetrar as trincheiras inimigas. Por seus atos de heroísmo e patriotismo foi promovido ao posto de tenente e condecorado com a Imperial Ordem do Cruzeiro, a mando de Dom Pedro.

Assu teve ainda participação marcante aderindo a Revolução Pernambucana, em 1817, na Guerra dos Mascate, em 1710, na Abolição, em 1885 (três anos antes da Lei Aurea que pôs fim a escravatura no Brasil), além de ter reagido ao movimento conhecido como Revolta de Pinto Madeira que ameaçava invadir o Assu, em 1832.

Seus filhos ainda são importantes na política, no jornalismo, nas letras, nas artes com destaque na poesia com Renato Caldas e João Lins Caldas, esse último considerado o pai da poesia moderna brasileira. Foi importante com Brito Guerra, primeiro senador Rio Grande do Norte, durante o período Imperial, bem como com Luiz Carlos Lins Wanderlei que foi deputado federal constituinte ainda no tempo do Brasil Império presidente ainda no tempo do Imperio da Província do Rio Grande do Norte, em 1886. Dentre outros. 

Vale a pena lembrar os poetas ‘novos, seus pintores, artistas plásticos que vem fazendo um trabalho contribuindo para que o Assu continue se destacando como a Terra dos Poetas ou melhor dizendo como a Terra das Artes.

Por fim, seu povo, outrora afeito quase que exclusivamente as coisas do espírito e ao labor intelectual que elevou o nome da cidade, caracteriza-se hoje como uma população heterogênea adepta dos mais renhidos embates político-partidários. O que, aliás, também contribuiu e ainda contribui para destacar a significação do seu topônimo, provando que sob qualquer aspecto, “Assu” é sempre “Grande”.

Fernando Caldas



segunda-feira, 12 de outubro de 2020

 A poesia moderna no Rio Grande do Norte

Eu era ainda muito criança quando testemunhei um evento na Av. Rio Branco, próximo ao “Grande Ponto” de Natal. Era uma amostra quase anárquica de um grupo de jovens poetas que resolviam exibir sua produção literária.
Nascido na “Terra dos Poetas”, desde a mais tenra infância eu convivia com poetas e poemas na cidade natal (Açu) e aquela espécie de arte não constituía surpresa ou novidade. Pelo contrário, era muito natural e corriqueira. Lá, eu encontrava diariamente Renato e João Lins Caldas (não tinham qualquer parentesco entre si), dois estilos completamente diferentes, porém nem por isso menos geniais. E muitos outros poetas, notadamente glosadores e sonetistas, grande parte de gerações passadas e já falecidos.
Talvez tivesse havido alguma preparação ou divulgação, mas para mim foi uma descoberta ao acaso me deparar com um salão cheio de poetas e deles eu conhecia bem poucos. Passei a admirá-los e acompanhá-los, embora eu não tivesse mais que uns sete anos de idade. Um deles era meu tio Celso da Silveira, que se lançava com seu primeiro livro, “26 poemas de um menino grande”. Outros já haviam estado em encontros “socioetílicos” lá em casa, a maioria deles mais para beber e comer. Creio que poucos eram os que já haviam publicado seus versos em livro.
Augusto Severo Neto, Berilo Wanderley, Celso da Silveira, Dorian Gray Caldas, Luís Carlos Guimarães, Myriam Coeli de Araújo, Ney Leandro de Castro, Newton Navarro e Zila Mamede são aqueles de quem mais me lembro. Myriam se tornou minha tia pelo casamento com Celso.

(Escreveu João Celso Neto, poeta do Assu)

 De: Assu Antigo

Estoriando. Era 1972. Dia de inaugurações no Assu, Governo/RN Cortez Pereira. Na fotografia, da direita para esquerda: Fernando Caldas (tinha eu 17 anos de idade. E lá se vão 48 anos), Edgard Montenegro que fora prefeito do Assu, deputado estadual. Naquela época, Edgard era auxiliar daquele governo), primeira dama Aída Ramalho Cortez Pereira, Maria Montenegro (esposa Edgard Montenegro) e Francisca Ximenes, dentre outras. Naquele tempo o inovador governador Cortez Pereira inaugurara a Casa do Agricultor. A foto fora tirada ao lado da praça do Rosário.

FERNANDO CALDAS, CANDIDATO A VEREADOR DO ASSU N. 77567.

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domingo, 11 de outubro de 2020

 Marcos Calaça

Publicado em 10/1999, no antigo 'O Jornal de Hoje'.

Crônica: ZÉ DONINHA

Zé Doninha era um moreno alto, com um forte brilho nos olhos, que sempre caminhava na rua Velha, na cidade de Pedro Avelino. Trabalhava como carpinteiro. Seu Zé era lírico e aprendeu a ler sem ter estudado em escola nenhuma.

Seu Doninha costumava fazer longas caminhadas pela madrugada ao distrito de Baixa do Meio, distante 30 quilômetros da cidade. Isso ocorria aos domingos, dia de feira no distrito.

Ele não gostava de carona. Certa vez, o dia estava clareando, bem próximo de Baixa do Meio, um cão vira-lata o mordeu. Pensou Zé Doninha: "Não tem problema". No retorno, por volta do meio-dia, o danado do cachorro estava numa tremenda soneca à sombra de uma algarobeira. Seu Zé, com um porrete, deu uma pancada segura no animal, que não chegou nem a latir. O velho Zé, experiente, com sua voz grave, disse:"Quem tem inimigo não dorme no ponto".

Zé Doninha tinha um problema sério de saúde, sofria de tuberculose. Sempre batia no peito com força, ao ponto de se ouvir o seu grito com muitos metros de distância. Quando batia, gritava: 'bá,bá,bá'.

Num dia qualquer, um aluno o indagou: "Seu Zé, porque o senhor bate com força no seu peito?'. O velho respondeu:" Menino, eu tenho problema de tuberculosis bacterium. Pergunte à sua professora o que é bacilo de coch".

Certo dia, Zé Doninha passou em frente à casa do agropecuarista Teodoro Ernesto, que estava sentado em sua calçada. Seu Zé bateu com força no peito e "bá, bá, bá". O senhor Teodoro o interpelou: "Zé Doninha, bata no seu peito devagar, isso dói". Zé Doninha perguntou: "Teodoro, o peito é meu ou seu?". Teodoro respondeu: "é seu", e Zé Doninha dá o troco: "Se o peito é meu, então, bá,bá,bá". E foi-se caminhando rua adentro.

O estudante adolescente Helder Câmara chegou à carpintaria e encontrou seu Doninha fazendo uma roda de madeira para carro de mão. "O que é isso?", perguntou Helder. "Isso é uma circunferência. E toda circunferência tem trezentos e sessenta graus". Converse com o seu professor de geometria, respondeu Doninha, sabiamente deixando o rapazinho sem entender nada.

Essa história aconteceu mais ou menos assim: na comunidade do Bairro do Açude, Zé Doninha tinha uma grande paixão. Não sei se pelo bairro ou por alguma mulher. O certo é que num desses dias loucos da vida, Doninha deve ter feito alguma presepada por lá, ao ponto da polícia ter ido ao local prendê-lo. Quando os soldados passaram em frente à Casa Paroquial, o padre Antas conversou com eles para liberar seu Doninha. Os policiais atenderam prontamente ao pedido do padre, que perguntou o motivo da prisão. Zé Doninha explicou: "Padre Antas, eu lhe respeito muito. Mas, samangos me levem preso. Dura lex sed lex. A lei é dura , mas é lei. Me prendam que eu errei". Imagine como ficou o padre.

Em um dia qualquer, faleceu uma pessoa importante da cidade, que Doninha certamente não gostava, chegando ao velório se dirigindo ao falecido fitou-o e foi logo dizendo: "se Deus não quiser, o Diabo não injeta ", e se retirou.

Zé Doninha fazia humor típico de uma pessoa respeitável e que sua resposta era rápida e convincente. É de lembrar que na sua humildade, nos seus defeitos e nas suas virtudes, era uma figura doce e simpática. Fazia com que nós sentíssemos uma certa infância nostálgica e feliz, ouvindo as suas palavras e o seu 'bá'.

Morreu, faz anos, e levou consigo um bocado de segredo e de mistério de sua vida. Como aprendeu a ler? Como sabia um pouco do latim? Como entendia algo de inglês, e o português? Como entedia o espaço geográfico? Quem ensinou a esse 'mestre' alguns segredos da matemática? e da geometria?. Só os Deuses da sabedoria respondem.

A maioria das crianças tinha medo do senhor Doninha, talvez pelo seu grito de 'bá'.

Doninha tinha uma certa cultura que se perdeu no tempo e no espaço e que ninguém tentou estudar esse fenômeno.

Já não se escuta o 'bá' de Zé Doninha há algumas décadas. Bá!

Marcos Calaça é jornalista e poeta.



quinta-feira, 8 de outubro de 2020

 

8 de outubro, Dia do Nordestino? Entenda a data e saiba por que mudou

Criado em outra região, o Dia do Nordestino caiu nos gostos de quem nasceu no Nordeste. Mas a data pode esconder vários estereótipos (Foto: O POVO.doc)

“Não nego meu sangue, não nego meu nome, olho para fome e pergunto: o que há? Eu sou brasilêro, fio do Nordeste, sou cabra da peste, sou do Ceará…”, enarrou Patativa em uma de suas inúmeras produções na pequena Assaré, município da Chapada do Araripe que emprestou seu nome ao poeta popular. Em homenagem ao centenário de Patativa do Assaré e aos nordestinos vivendo ali, a Câmara Municipal de São Paulo criou, em 2009, por meio da lei 14.952, o Dia do Nordestino, celebrado no 8 de outubro.

Dez anos depois, no entanto, o texto da lei que foi revogado pela lei 17.145 e a data acabou sendo alterada para o dia 2 de agosto, sendo este, agora, o Dia do Nordestino na capital paulista. O novo dia marca a morte do cantor e compositor Luiz Gonzaga, falecido a 2 de agosto de 1989. O pernambucano, um dos maiores expoentes da música brasileira, é considerado um dos porta-vozes da cultura nordestina no Sudeste. O 2 de agosto também marca a Semana Nacional da Cultura Nordestina, de maior abrangência, embora esta não seja uma data instituída por força legislativa.

No 8 de outubro de 2009, quando foi comemorado o primeiro Dia do Nordestino, a Câmara de São Paulo homenageou não só Patativa do Assaré, mas também o poeta nordestino Catulo da Paixão Cearense. Catulo é apontado por muitos como um dos mais prolíficos compositores da música nacional, autor de canções como “Luar do Sertão”, cantada por Luiz Gonzaga, Chitãozinho & Xororó, entre outros nomes da música nacional.

Natural do Maranhão e filho de pai cearense, o poeta nasceu em 8 de outubro. É justamente o nascimento do Catulo o mais próximo de uma justificativa para a comemoração na data. Apesar de homenagem solene a Patativa, o cearense nasceu em um 5 de março e morreu a 8 de julho

Catulo da Paixão Cearense ganhou a alcunha de “poeta do sertão”. Fez músicas, poesia e até teatro (Foto: Reprodução/Jornal do Commercio)

O fato da certidão de nascimento do Dia do Nordestino estar em São Paulo não é contraditório. A capital paulista recebe, desde o século passado, um intenso fluxo de imigrantes nordestinos. Segundo a Folha de S. Paulo, uma Pesquisa Nacional por Amostras de Domicílio (PNAD) realizada no final da década de 90 apontava que 37% dos nascidos na maior cidade do Brasil tinham pais de origem nordestina – um número superior aos nascidos com pais de origem no estado de São Paulo.

Em 2009, segundo a Câmara Municipal de São Paulo, pelo menos 4 dos 11 milhões de habitantes da cidade tinham descendência de algum estado do Nordeste. O próprio projeto foi proposto pelo então vereador e hoje deputado federal Francisco Chagas (PT), natural de Riachuelo, no Rio Grande do Norte.

No ABC paulista, uma região tradicionalmente industrial na Região Metropolitana, 20% da população são de imigrantes nordestinos. Há em São Paulo o Centro de Tradições Nordestinas (CTN), uma das principais organizações voltadas para difusão e preservação da cultura dos migrantes do Nordeste, fundado em 1991 e prestes a completar 30 anos com mais de 70 mil visitantes mensais, segundo dados da instituição.

Ainda assim, São Paulo não foi a primeira capital a introduzir uma data deste gênero. Em 2005, quatro anos antes, o Rio de Janeiro criou o Dia do Nordestino no 13 de dezembro, data de nascimento de Luiz Gonzaga. A homenagem carioca, no entanto, não recebeu tanta atenção quanto a paulista.

A despeito da alteração no calendário comemorativo, o 8 de outubro parece ter caído no gosto popular e foi bem recebido nos estados do Nordeste, onde costuma ser lembrado pelos governos, Câmaras e empresas, mesmo sem existir oficialmente aqui. Em 2019, quando já havia sido alterada a data, inúmeros usuários das redes sociais, famosos e até parlamentares prestaram homenagens aos nordestinos ou expressaram orgulho de suas origens, como o ator global Lázaro Ramos e o cantor Gilberto Gil.

Os homenageados e o Dia do Nordestino: uma cultura a celebrar?

A conexão de Catulo e Luiz Gonzaga ao Dia do Nordestino, seja no 8 de outubro ou 2 de agosto, tem algo em comum: as obras destes dois tiveram boa inserção no Sudeste. Gonzaga viveu por anos em São Paulo; Catulo, inclusive, morreu no Rio de Janeiro. Patativa nasceu e morreu em Assaré, mas sua produção tem adentrado, nos últimos anos, nos centros urbanos da região mais rica do País.

Os três, de origens distintas – Maranhão, Ceará e Pernambuco -, são símbolos, no entanto, de um título mais geral: o nordestino. Contudo, é possível falar em uma cultura nordestina? “Uma coisa é a cultura do Nordeste, no singular. Porque tem muitos Nordestes dentro do Nordeste. Outra coisa é falar da cultura do nordestino, porque o nordestino é uma construção histórica, caótica”, pondera o professor de Mestrado da Ciência da Informação na Universidade Federal do Ceará (UFC), Tadeu Feitosa.

Em 2019, completam 30 anos da morte do cantor pernambucano Luiz Gonzaga (Foto: REPRODUÇÃO/INSTAGRAM)

“Há uma cultura do modo de falar, do modo de viver, do que se come, do que se veste”, explica o docente, destacando as variações culturais entre os estados nordestinos e dentro destes estados. “Todo lugar, toda cidade, todo bairro, toda região tem um sotaque, uma aparato comportamental, uma produção de símbolos. O termo nordestino é perfeito se atrelado ao Nordeste e à sua cultura, mas ele foi incluído numa leitura que subtrai dele toda essa riqueza e pluralidade que ele tem”.

Isto porque, segundo o professor, a cultura se explica pelo que lhe é exterior. Assim como o bem se explica pelo mal, ou o bonito se explica pelo feio, traços culturais são identificados ou explicados ao serem postos em comparação. O problema é que estas percepções, muitas vezes, geram os discursos “preferenciais”, maneiras mais econômicas, mais simples de explicar algo. Daí nascem, por exemplo, os estereótipos, que “resumem” aquela cultura.

Datas como o Dia do Nordestino cumprem uma função simbólica, um rito de calendário, muitas vezes aproveitada nestes discursos preferenciais. Mas também acabam disputadas em ressignificações políticas, o que explica muitos nordestinos terem adotado o 8 de outubro como um dia para expressar seu orgulho nas redes sociais, ainda que a data tenha sido criada em outra região.

“O ato de dizer ‘eu sou’, com o sotaque que se tem, é um ato político. Uma das características da cultura é a demarcação de fronteiras. Ratificar nossa marca simbólica, na música, nos discursos, isso é demarcação política, posicionamento político. Essa demarcação é salutar e é o próprio sangue do que chamamos de cultura”, diz o professor Tadeu Feitosa. Uma manifestação saudável, distinta de um discurso preferencial supõe um nordestino único, viciado em estereótipos, sem sua pluralidade e complexidade. “Como dizia Patativa do Assaré, ‘nordestino sim, nordestinado não’. E eu acompanho ele”, finaliza.

Patativa nasceu e morreu em Assaré, mas sua produção tem adentrado, nos últimos anos, nos centros urbanos da região mais rica do País. (Foto: Tiago Santana)

Com O Povo

 A viagem é curta

Uma idosa entrou num autocarro e se sentou. Na próxima paragem, uma jovem mulher, forte e rabugenta subiu e sentou-se bruscamente ao lado da idosa, batendo-lhe com os seus numerosos sacos.

Ao ver que a idosa se mantinha em silêncio a jovem perguntou-lhe por que ela não tinha reclamado quando lhe bateu com os seus sacos.

A idosa respondeu com um sorriso: ′′ Não é preciso ser mal educada ou discutir algo tão insignificante, pois a minha viagem ao teu lado é tão curta porque vou descer na próxima paragem."

Esta resposta merece ser escrita em letras de ouro: ′′ Não é necessário discutir algo tão insignificante, porque a nossa viagem juntas é curta demais."

Cada um de nós deve entender que o nosso tempo neste mundo é tão curto, que escurecer com lutas, argumentos inúteis, ciúmes, não perdoar os outros, o descontentamento e uma atitude de descoberta constante é uma perda ridícula de tempo e energia.

Alguém partiu seu coração?. Fique calmo.
A viagem é curta demais.

Alguém te traiu, intimidou, enganou ou humilhou?. Relaxe. Desculpa. A viagem é curta demais.

Alguém te insultou sem razão?. Fique calmo. Ignore. A viagem é curta demais.

Algum vizinho fez um comentário no bate-papo que não foi do seu agrado?. Fique calmo. Ignore-o. Perdoe isso. A viagem é curta demais.

Seja qual for o problema que alguém nos trouxe, lembre-se que nossa viagem juntos é curta demais.

Ninguém sabe a duração dessa viagem. Ninguém sabe quando chegará à sua paragem. Nossa viagem juntos é curta demais.

Vamos apreciar amigos e familiares.

Sejamos respeitosos, gentis e perdoemos, vamos cheios de gratidão e alegria, afinal nossa viagem juntos é muito curta.

( Texto e imagem FACEBOOK )

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Corregedoria autoriza cartórios a realizarem comunicação eletrônica de venda de veículos ao Detran



Publicado em Segunda, 21 Setembro 2020 07:12

A Corregedoria Geral de Justiça editou provimento que permite aos cartórios realizarem a comunicação eletrônica de venda de veículos ao Departamento Estadual de Trânsito do Rio Grande do Norte (Detran/RN). O procedimento oferece comodidade aos cidadãos, além de segurança e celeridade na atualização dos bancos de dados do órgão de trânsito, reduzindo a possibilidade de fraudes na transferência de veículos. O provimento é assinado pelo desembargador Amaury Moura Sobrinho, corregedor geral de Justiça.

De acordo com o Código de Trânsito Brasileiro, o antigo proprietário do veículo tem um prazo de 30 dias para encaminhar ao Detran a cópia autenticada do comprovante de transferência de propriedade, devidamente assinado e datado, sob pena de se responsabilizar solidariamente pelas penalidades impostas e suas reincidências até a data da comunicação.

A edição do Provimento nº 216/2020 pela CGJ considera a facilidade de se comunicar de imediato a venda do veículo no cartório para o qual o proprietário deverá se dirigir com o objetivo de obter o reconhecimento de firma, para autorizar a transferência de propriedade do veículo.

Segundo o normativo, que altera o caderno extrajudicial do Código de Normas da Corregedoria, o Detran e a Associação de Notários e Registradores do Rio Grande do Norte (Anoreg/RN) poderão celebrar convênio para estabelecer o uso de um sistema, a ser administrado pelo Detran, seguindo os procedimentos e requisitos definidos por normatização específica do Conselho Nacional de Trânsito (Contran) e do Departamento Nacional de Trânsito (Denatran).

"O provimento permitirá que a Anoreg e o Detran desenvolvam ferramenta que facilitará a vida do cidadão e auxiliará o órgão de trânsito em manter atualizado o banco de dados dos registros dos veículos. De acordo com as regras do Contran, ao vender um automóvel, o vendedor deverá reconhecer a sua firma e a do comprador no documento de autorização de transferência. Como o cidadão terá que ir ao cartório para providenciar o reconhecimento das firmas, poderá lá mesmo realizar a comunicação eletrônica da venda ao Detran por sistema que interligará as serventias e o órgão de trânsito. Assim, não será necessário se deslocar ao Detran para cumprir essa formalidade que será atendida pelo próprio cartório", ressalto o desembargador Amaury Moura.

O serviço de comunicação eletrônica de venda será opcional, permanecendo inalterada a possibilidade do vendedor realizar a comunicação pelo meio físico. O serviço poderá ser solicitado pelo vendedor após o reconhecimento de firma no Certificado de Registro de Veículo (CRV).

A comunicação eletrônica de venda deverá conter as informações da autorização para transferência de propriedade de veículo (ATPV) e do CRV que venham a ser disciplinadas no convênio a ser estabelecido, como dados do veículo e do comprador, devendo ser incluídos outros dados que venham ser estabelecidos pela autoridade competente.

Após o Detran confirmar o recebimento da comunicação, o cartório deverá expedir uma certidão de confirmação que será entregue ao usuário com o valor dos emolumentos e taxas e o respectivo selo digital.

http://www.tjrn.jus.br/

                            



PELO DIA DA CONSCIÊNCIA NEGRA Se Guilherme de Almeida escreveu 'Raça', em 1925, uma obra literária “que tem como tema a gênese da na...