domingo, 30 de junho de 2024

Salário de R$ 3 bilhões: Vinicius Júnior recebe proposta de última hora para deixar o Real Madrid

História de Leandro Vieira

Momento


Vinicius Júnior, do Real Madrid, recebeu uma proposta para deixar o clube. Considerado por muitos como o melhor jogador do mundo na atualidade, o ponta segue focado na Copa América.

Ontem, o jogador foi o grande destaque da Seleção Brasileira na goleada por 4 a 1 sobre o Paraguai. Vinicius Júnior balançou as redes em duas oportunidades, ambas no primeiro tempo.

Porém, enquanto isso, o nome de Vini segue em alta também no futebol europeu. De acordo com um portal espanhol, o brasileiro recebeu uma oferta tentadora para deixar o Real Madrid.

Real Madrid vê Vinicius Júnior na mira de rival europeu

O Defensa Central revelou que o PSG ofereceu um contrato de seis anos para contar com o futebol do brasileiro. Além disso, o salário no período seria na casa de 500 milhões de euros – cerca de R$ 3 bilhões.

Entretanto, ainda de acordo com a publicação, Vinicius Júnior acabou recusando a investida dos franceses. O jogador entende que não seria positivo abandonar o projeto do Real Madrid neste momento.

Enquanto isso, o jogador segue focado na Seleção Brasileira. O próximo duelo será diante da Colômbia. Caso vença, o time de Dorival assumirá a liderança do grupo D.

Vinicius está com 23 anos de idade e somou 39 jogos pelo time espanhol na última temporada, tendo marcado 24 gols e fornecido outras nove assistências aos companheiros.

quinta-feira, 27 de junho de 2024

A FRUTILÂNDIA DO VALE

Desajeitado e cabreiro, a roupa já sem o vermelho da poeira das viagem no jipe, bando-de-cuia tomado na pensão de Chicó, na flor dos meus dezesseis janeiros, à porta da residência modesta, bati palmas e gaguejei o indispensável "ô de casa". Tinha uma obrigação, um dever sentimental, sagrado, uma promessa a cumprir no Assu, naquele ano dos anos 50. Visitar, saudar o dono da casa, mestre de muitos sonhos e senhor incontestável da mais úbere, abundante, edênica, maravilhosa e fértil gleba de todo o Vale´- a "Frutilândia". A incumbência me fora dada por meu pai, Othoniel, anos antes convidado solenemente, insistentemente, para ser sócio, meio a meio, de um colossal empreendimento de fruticultura. Redenção econômica de toda a região, gerando riqueza, justiça social, inovando a produção de frutas. legumes, hortaliças, tudo em grande escala, gigantescas proporções. Os pobres sairiam da miséria, teriam moradia, grandes vilas operárias, escolas, assistência médica, futuro. Largariam os barões da cera, que nada plantavam, viviam em Natal jogando baralho no Natal Clube, tomando uísque, enriquecendo Maria Boa, passeando no Rio de Janeiro - impecável ternos de linho branco, lustrosos, gordos como bispos. Moderníssimas máquinas, escavadeiras imensas, dragas descomunais - rebocada desde Roterdã - abririam largo e profundo canal, em linha reta, de Assu a Macau. Ali, mar adentro, plantar-se-iam modernos, imponentes, equipados cais, frigoríficos, grandes armazéns. Luzentes guindastes, esteiras rolantes, saciariam a fome das bocarras dos porões das grandes embarcações da própria Companhia, espalhando por Oropa, França e Bahia cajus, mangas, pinhas, araticuns, mangabas, romãs, laranjas-cravo, abacaxis, maracujás - os dúlcidos e tropicais produtos do gigante complexo agroindustrial da biliardária sociedade CALDAS & MENEZES... De volta ao Assu e à dura realidade, de novo bati palmas na soleira da casinha modesta do senhor da "Frutilândia", naquela rua do Assu, naquela era dos anos cinquenta. Apareceu o amigo do meu pai, o sócio do sonho tão sonhado, tão detalhado, idealizado nas conversas dos dois. Disse-lhe quem era, fez-me uma festa daquelas, passando, suavemente, a mão na minha cachola sonhadora. Era magro, gestos nervosos, rápidos. Dando o nó na gravata, convidou-me a entrar, risonho, gentil, hospitaleiro. Calçava, notei, uma daquelas botas de feira. Calça, camisa, colete - tudo amarfanhado, encardido. Guiou-me em direção à cozinha, por uma picada, uma vereda aberta numa mata fechada de ferro-velho, pacotes de amarelados jornais e uma imensidão de garrafas até o teto - um "caminho de Santiago" que, como peregrino, perpassei, com medo de lacraia e caranguejeira. Enquanto conversávamos, ferveu água e serviu-me um café saboroso, pegando fogo, coado de um pano que devia ter uns bons anos de uso diário e constante. Na minha idade, não tinha engenho, nem arte e nenhuma tendência para falar sobre poesia ou literatura com o idealizador de "Frutilândia". Mesmo que a minha casa, em Natal, vivesse, pululasse em certos dias, cheia de literatos e candidatos a poeta, aperreando Othoniel sobre coisas de metrificação, leituras, autores e outras milongas mais - alguns deles pedindo remendos em versos de pé-quebrado. Ficava só cubando, sem pigorar, quem era besta? Sem anuência ou conhecimento do dono da casa, tinha cometido, já, no Atheneu, algumas glosas sacanas e "burilado" uns três ou quatro sonetos decassílabos à moda de Augusto dos Anjos - coisas horrorosas... Na cozinha acolhedora, o cavaco, o bate-papo, limitou-se, pois, às notícias da capital, aos meus estudos, `saudação do "sócio" de Natal, à mutua e sincera admiração entre os dois, às amenidades. Nada sobre a "Frutilândia". Nada, também, acerca da razão social Caldas & Menezes". Ele entretanto, já na despedida - lembro bem - deu umas boas cutucadas nos políticos do Estado e de outras plagas, pilheriando, rindo com gosto, divertido. Sol descambando, da porta da sala, do início do labirinto de ferro velho, jornal e garrafa de todo tamanho e cor, veio o chamamento: "Seu João, tá na hora!" Saímos. Era um meninote, chapéu-de-couro atolado na cabeça grande, cara de janduí. O homem bom me pediu licença e retornou aos cafundós do seu tugúrio. Voltou lépido, brilho nos olhos, vestindo um paletó tão encardido quanto o restante da indumentária. Numa das mãos, um surrado bisaco de lona; noutra, uma lazarina impecável, ajeitada mesmo - oi cano brilhando mais do que espinhaço de pão doce, a coronha envernizada, bonita como os seiscentos. O Poeta João Lins Caldas, sublime sonhador, senhor de vaticínios para o seu Vale - o sócio do meu pai! - trancou a porta capenga da casinha. Apertou-me a mão, com calor, despedindo-se. Pediu desculpas pela pressa - ia caçar! Argumentou, cavalheiro, que aquela era a hora dos preás e das rolinhas, das nambus escondidas no panasco dourado. E lá se foi, engravatado, predador solene, feliz da vida - o sonhador. O curumiaçu, secretário e cúmplice, seguiu-lhe os passos ligeiros, no rumo - presumi - da "Frutilândia", procurando a presa miúda e saborosa..."

Laélio Ferreia, crônica publicada em O Mossoroense, 2007

segunda-feira, 24 de junho de 2024

 Terra da poesia

Terra de São João 

Cada volta

Cada cor

É cheiro

É vela

É couro

Bálsamo de água

De ar

De calor

Assu é meu prumo

Viva sua alegria

Salve, Assu!

Sua boêmia,

Meu torrão!


Rafael Cachina

23.06.2024

sábado, 22 de junho de 2024

O poeta assuense João Lins Caldas, autor compulsivo, foi o bardo potiguar que, penso eu, mais colaborou em importantes almanaques, revistas e jornais do Brasil, publicando poemas, contos, sonetos e pensamentos filosóficos. Nas minhas pesquisas sobre aquele vate, encontro em 'A Faceira', periódico carioca, que circulou no Rio de Janeiro entre 1911 a 1918, encontro esse belo soneto, publicado na edição de 1918 do citado periódico, classicamente metrificado, intitulado 'Rosa'.

(Clique na imagem para melhor visualizar).

Fernando Caldas

Pode ser uma imagem de 8 pessoas e texto que diz "อรมมงส inferior A Faceira esyuerda: Primcira baixo direita: Pssares. outrapa traparte. 17 orna-s AиcT reciso 材法, leitores porda. tala profusão lavorece fanta- BENTO BaHBoл. 20080 ROSA Rosae preta. coraçto| Razaria sem Lembrava moça CALDAS Não igradarel RABUJICES Carmaral pantas Te4eH passa catlões, desco- Krupgs tudo ดแล dusin lomingos SANTREI apparencia ถในจนเือร cidade c6o seu nsivel quizer xadrez. rTлeacnиHR Nie ponta pensa- de- dobradas dixez: por nalmente direita แล para quatro portas dobradas MTr inpora meravilhaso Mew-Yerk, Domingo Della Hovers Man en"
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Gilka Machado e a imprensa feminina/feminista da belle époque carioca: e...

CELSO DA SILVEIRA CHEIO DE GRAÇA



"Merece também um lugar na imortalidade. Tem todos os méritos. Tem uma obra. Um trabalho digno de respeito. É um escritor, é um poeta, será o que quiser.".


Dorian Jorge Freire

"Confesso que não sei onde catalogá-lo como poeta ou como boêmio. Se é verdade que nem todo poeta é boêmio, mas todo boêmio é poeta, Celso da Silveira é um misto de poeta e boêmio.". 

Ezequiel Fonseca Filho 

"Inquieto agitador cultural que tão bem soube encantar populares e intelectuais com suas histórias desconcertantes e hilárias.".

Yuno Silva

Celso Dantas da Silveira (1929-2004) era assuense de boa cepa, garboso, bonachão, eloquente, prosador dos melhores. Eu tinha por ele uma grande admiração e simpatia. Sorriso franco, glutão famoso, boêmio.

Celso da Silveira carregava no seu corpo de média estatura pouco mais de cem quilos. Nasceu na aristocrática e poética cidade de Assu num antigo casarão neoclássico, mais habitualmente conhecido como "Castelo", da então Rua das Flores, que também já fora denominada Rua Pedro Amorim, Siqueira Campos e Floriano Peixoto, Das Flores, atual prefeito Manoel Montenegro, onde também nasceu o afamado poeta Renato Caldas .

Celso teve uma vida recheada de felicidades. Era um exímio contador de estórias pitorescas, tiradas de sua criatividade, além da capacidade criadora de outras figuras espirituosas da terra potiguar.

Menino irrequieto, cheio de peripécias e aventuras próprias da idade. Já metido a gente grande, Celso sempre acompanhava seus pais João Celso Filho e dona Maria Leocádia em noites de festas bailes realizadas em Assu. Pois bem, certa vez, num baile de carnaval realizado em certo local improvisado, Celso deu uma escapulida, foi cheirar lança perfume num armazém de compra e venda de algodão, vizinho ao local onde se realizava o baile momesco, da antiga rua São João, Centro da cidade de Assu. João Celso, sentindo falta do menino traquino, foi procurá-lo encontrando-o em porre, entre os fardos de algodão do citado galpão. Alucinado,  soltou a frase denunciadora: "Não diga a papai, não!"

Certo dia, Celso fora a um centro espírita em Natal. O médium vidente lhe dirigiu a palavra para lhe fazer  alusão a um espírito de luz que o acompanhava. E Celso então desejou saber daquele médium mais detalhes sobre a predileção daquele espírito para com ele. O médium então expôs o tipo do espírito: "O nome dele é Douglas, é padre, italiano, desencarnou em São Paulo".  Celso não deixou para depois, dizendo com aquela graça que lhe era peculiar: "Será que esse Douglas é aquele que dirige o meu carro quando estou bêbado?"

Celso teve o privilégio de estudar no Colégio Militar Castelo Branco, da Arquidiocese de Fortaleza, antes no Colégio das Freiras de Assu, e São João, da capital cearense. Tempos depois regressou a cidade do Natal com o objetivo de estudar no Atheneu, da Junqueira Aires, depois voltou a sua terra natal onde lecionar na Escola Normal Regional de Açu e trabalhou num dos cartórios da Comarcada do Assu.  Herdou dos seus ancestrais a arte da prosa e do verso, produzindo uma obra que enriquece as letras, o folclore norte rio-grandense.

Na terra assuense de tantas tradições Celso foi escoteiro, vereador, professor, ator, fundou o Jornal Advertência em parceria com João Marcolino de Vasconcelos, além de fundar o 1º Museu de Arte Popular no Brasil, bem como o Clube do Copo, que tinha a finalidade de realizar saraus, tertúlias literárias e serenatas.

Celso nos idos de cinquenta, deixou a convivência harmoniosa da Fazenda Camelo e Limoeiro, dos verdes carnaubais da sua terra, passando a residir na cidade do Natal, do "Potengi amado", como diz a canção de Othoniel Menezes. Naquela capital bacharelou-se em jornalismo e comunicação Social pela Faculdade de Jornalismo Eloy de Souza, trabalhou e colaborou em diversos jornais de Natal, como Tribuna do Norte e foi repórter da sucursal do Jornal do Commercio, do Recife, bem como foi chefe de gabinete do prefeito Djalma Maranhão.

Conviveu com grandes nomes das letras potiguares como Como João Lins Caldas, Câmara Cascudo (que ele conheceu através do poeta Renato Caldas), Veríssimo de Melo, Manoel Rodrigues de Melo, Sandoval Wanderley, Newton Navarro, Luis Carlos Guimarães, Sanderson Negreiros, Bosco Lopes, Myrian Coeli (com quem contraiu matrimônio), Andíère Abreu, dentre outros da velha e jovem guarda das letras Norte-rio-grandenses..

No dizer de Manoel Onofre Junior, Celso "vale por toda uma academia", pois a sua obra é constituída de "26 Poemas de Um Menino Grande", 1952 (seu livro de estreia que mereceu elogio e a influência do grande poeta modernista João Lins Caldas) , "Imagem Virtual", 1961, "Glosa Glosarum", 1979, "O Homem Ri de Graça", 1982, "Salvados do Assu", 1996 (que conta alguns fatos da história da terra assuense, seus casarões e aspectos do Vale do Açu), "Assu, Gente, Natureza, História", 1996, (livro didático), "Peido, o Traque Pum" - O Valor que o Peido Tem", 1989, "Anjos Meus, Aonde Estais", 1996, (que relembra algumas figuras da terra assuense).

É de autoria de Celso, a seguinte glosa:

O peido de um general
não pode ser comparado com
O peido de um soldado
Que em tudo é desigual
Tem gente que peida mal,
Há outros que peidam bem
Eu não conheço ninguém
Que ainda não tenha peidado
Mas o povo não tem dado
o valor que o peido tem.

Suas “conversas eram recheadas de muita ironia e humor... Ninguém ficava indiferente a sua presença."

Afinal, numa manhã de domingo, 2 de janeiro de 2005 (ele nasceu no dia 25 de outubro de 1929)  partiu aos 75 anos de idade, para fazer versos e graças lá no céu, deixando o Assu - a terra que ele tanto amou - sem a sua irreverência, sem o seu talento e a sua arte de escrever, que lhe fez ficar conhecido como "O Bocagiano Potiguar", pelas suas glosas irreverentes que sabia produzir a seu modo.

Celso da Silveira está enterrado na cidade do Natal, terra que ele escolheu para viver até morrer. O seu sepultamento ocorreu conforme pedira aos seus familiares: "Sem choro nem vela, sem discursos, nem flores.".

Epitáfio é o título de um dos poemas do grande Celso Dantas da Silveira que eu conheci e convivi na intimidade. Vejamos:

Aqui jaz o poeta
e não o canto
que dele foi deflagrado
como a flecha de um arco.
Em cada intercessão
do trajeto alcançado
inércia e movimento
ganham o mesmo compasso.
Paro e passo, paripassu
o canto e o silêncio
para sempre viajado.

(Fernando Caldas)

quarta-feira, 12 de junho de 2024

Dix-huit, o revolucionário de 30 – Por Júlio Rosado

 

Dix-Huit, você sempre foi um bravo.
Desde as barrancas do rio São Francisco, nos idos de 1930, quando soldado revolucionário, enfrentava sob o comando de Agildo Barata, os jagunços de Horácio de Matos.
Guerreiro de mais alta estatura, cavando a picareta o seu próprio abrigo, era o último a repousar, dentre os da falange rebelde
.” Vingt-Un Rosado

O ano era 1930, o mês era outubro

O país mal havia saído do regime monárquico e ensaiava os primeiros passos de uma República. As estruturas antigas ainda não estavam totalmente superadas e o novo não se implantara de todo e por igual no território. Entre tantas outras contradições, persistia a existir as mazelas do coronelismo (com seus derivativos patrimonialismo, mandonismo e clientelismo).

Café com leite e a quebra da bolsa

Famílias tradicionais se mantinham no poder oligárquico regional e, a nível nacional, perdurava a política do ‘café com leite’, acomodando as elites de São Paulo e Minas Gerais no comando do poder central. Todos se ressentiam dos efeitos da quebra da bolsa de Nova York – EUA, que afetaria os bancos e a economia mundial, provocando a crise de 1929. O Brasil, dependente das comodities agrícolas, via se acumularem os prejuízos dos produtores cafeeiros e a grande depressão da América do Norte afetar a vida de nossos trabalhadores.

Um presidente estradeiro

Washington Luís, paulista eleito Presidente da República em 1926, lembrado pela frase ‘governar é abrir estradas’, rompeu o acordo tácito que deveria indicar, a sua sucessão, um político vinculado ao Estado de Minas Gerais. O ‘estradeiro’ resolvera designar Júlio Prestes como seu candidato presidencial, tendo Vital Soares, do Estado da Bahia, como vice.

A Aliança Liberal

Os humores nacionais já não eram mais os mesmos. Os governantes dos Estados de Minas Gerais, Rio Grande do Sul e Paraíba negam apoio ao candidato Júlio Prestes, da situação, e encontram no gaúcho Getúlio Dornelles Vargas (que fora Ministro da Fazenda de Washington Luís) o perfil ideal para formar uma chapa de oposição ao governo, contando com o paraibano João Pessoa como seu vice. Respaldado por setores de oposição de outros Estados e do movimento tenentista, estava formada a Aliança liberal.

A vitória de Júlio Prestes

Mesmo com reações, a candidatura de Júlio Prestes sagrou-se vitoriosa nas eleições de 1º de março, com apurações concluídas em 21 de maio de 1930. Somando-se ao governo central, dezessete governantes estaduais mobilizaram toda a estrutura de seus governos para garantir a eleição de Júlio Prestes.

O acaso na política

Os vencidos mal haviam digerido a derrota eleitoral quando, em 26 de julho, o acaso acende o estopim da Revolução de 30: em uma confeitaria de Recife, o paraibano João Pessoa, que fora candidato a vice de Getúlio, é assassinado por João Dantas, um adversário político regional ressentido e com motivações pessoais.
Este era um fato novo. Não demoraria a surgir a ideia de que o assassinato de João Pessoa fora encomendado. Os próximos dias apenas serviriam para dar o tempo de fermentar as conspirações até que, em 3 de outubro, estoura a Revolução que impediria a posse de Júlio Prestes e levaria Getúlio Vargas ao poder.

O nordeste descrito nos romances

O nordeste brasileiro que, no período monárquico, criou riquezas com o plantio de cana de açúcar, assistia as mudanças no cenário nacional como participante ativo. Ainda que pouco perceptível, formava-se um novo extrato social composto por profissionais de diversas áreas de ocupação e intelectuais.
Como fosse o enredo de um livro de Jorge Amado, surgia uma elite social mais próxima do povo, com interesses que não dependia dos latifúndios e que estava representada em variados setores profissionais: médicos, farmacêuticos e jornalistas, entre outros.
Este cenário urbano nos leva a lembrar da personagem fictícia de Mundinho Falcão, exportador que chega à região de Ilhéus com a mentalidade aberta para as mudanças que viriam com o novo momento e se vê a enfrentar os coronéis cacaueiros que baseiam seu poder e autoridade na propriedade de terras, reagindo a qualquer possibilidade de progresso.
Após submeter os coronéis, Mundinho Falcão, inevitavelmente, iria galgar economicamente e se projetar politicamente. Este cenário retratado na obra ‘Gabriela, cravo e canela’ sintetiza o Brasil daquela época.

Mossoró é de vanguarda

Mossoró sempre teve o perfil de uma sociedade pioneira, rebelde, que não se verga. Aqui, Ana Floriano desafiou o império com o seu motim, pessoas escravizadas foram libertas anos antes da abolição proclamada pela Princesa Regente e os que se evadiam de outras regiões para cá acorriam em busca de abrigo, a terra de Santa luzia enfrentou os cangaceiros de Virgulino Ferreira e, também, registrou o primeiro voto feminino em uma eleição.
O chão de Mossoró era um centro comercial regional. Atraia comerciantes e industriais, nacionais e estrangeiros, assim como profissionais liberais e produtores. A tudo isso, soma-se a formação de uma elite intelectual comprometida em pensar e construir um mundo onde todos possam usufruir dos benefícios gerados pela coletividade.

A formação universitária

De acordo com a estrutura da época, os estudantes locais que pretendessem concluir formação em um curso superior teriam que se deslocar para as capitais do nordeste. Se o curso desejado fosse medicina, o indicado seria ir para Recife ou Salvador.
Conforme Genário Freire de Medeiros diz, em sua saudação a Dix-Huit Rosado, durante solenidade da Loja Maçônica 24 de junho, este fora incentivado pelo irmão, Tércio Rosado (provavelmente por já estar estabelecido e conhecer a capital pernambucana e suas nuances), a prestar exame vestibular para o curso de medicina em Recife.

A decisão de se alistar

Sob as atenções de Tércio Rosado, Dix-Huit prosseguia os estudos até o momento em que os instintos de rebeldia da juventude são instigados. Com os rumores de revolução e as convicções de que deveria se somar ao Comando de Juarez Távora, na Paraíba, sob ordens imediatas de Agildo Barata, Dix-Huit Rosado deixa a seguinte mensagem para o irmão mais velho:

Tércio,
Me alistei na coluna revolucionária, talvez siga para Alagoas, não lhe disse porque você poderia não querer que eu fosse.
Adeus,
Dix-Huit.
Recife, 8 de outubro de 1930
,”

Um bilhete que, apesar de conter poucas palavras, traz um discurso dos mais eloquentes. Note-se que, ao se despedir do irmão, Dix-Huit não faz referência a seu esperado retorno, mas concentra suas emoções no lacônico ‘Adeus’ ao fim da mensagem, externando o compromisso com a causa, ciente dos riscos que correria e suas possíveis consequências.

Sangue do Nordeste

A Tércio, vinte anos mais velho, coube informar a seus pais, Jeronymo e Isaura, a decisão do jovem revolucionário. Porém não ficaria estático. Tércio Rosado pregava na imprensa e nas instituições reforçando o apoio aos ideais revolucionários. E, em ação prática, ainda se ofereceu para atuar, na condição de farmacêutico e professor da faculdade de medicina de Recife para atuar no Hospital Militar, tendo recebido da 7ª Região Militar a recomendação de aguardar oportunidade.
Tércio alimentava a imprensa com artigos e notícias em geral. Contudo, foi uma mensagem de Isaura Rosado, sua mãe, reproduzida nas páginas de vários periódicos, em especial no Diário de Pernambuco de 14 de outubro de 1930, demonstrando a determinação de uma mulher forte e mãe confiante que seria a maior expressão de apoio ao movimento:

SANGUE DO NORDESTE
O professor Tércio Rosado, recebeu de sua respeitável progenitora d. Isaura Rosado, residente em Mossoró, o seguinte telegrama em resposta ao em que lhe communicara haver partido para o sul como soldado seu irmão Jeronymo Dix-huit Rosado, acadêmico de medicina:
‘MOSSORÓ, 13 – Com enthusiasmo, abençôo o meu filho na marcha feliz da redempção. Meus filhos são para o Brasil. (a) Isaura Rosado’
.”

Em 24 de outubro de 1930, Washington Luís foi deposto e, em 3 de novembro, Getúlio Vargas assumiu o governo federal.
O jovem Dix-Huit retorna, vitorioso, para concluir o curso de medicina (o que ocorreria na Bahia, em 1935) e, com o passar do tempo, inscrever seu nome, com honradez, na história da política e da administração pública nacional.

terça-feira, 11 de junho de 2024

Acabou-se comigo a adorada.
A que amei, que busquei, agora vejo
Pobre d’ela , tão pobre, transformada...
Como um resto de amor neste meu beijo.
(João Lins Caldas, poeta potiguar do Assu. Poema transcrito da Revista Souza Cruz, RJ, 1924).







 Assu Antigo

TAPAR O BURACO
Do livro (de minha autoria), imagem abaixo, transcrevo: junot Araújo dos Santos foi vice-prefeito do Assu eleito na chapa encabeçada por Lourinaldo Soares, nas eleições municipais de 1992, em Açu. Junot prometeu na campanha a uma senhora, uma cirurgia de períneo. A operação seria feita pelo seu pai dr. Nelson, logo após as eleições. Pois bem. Certo dia, a eleitora procurou o vice-prefeito com outra conversa: “Junot, no lugar da cirurgia me arranje cinco sacos de cimento”. Fátima, sua esposa, escutando a conversa e a exploração da eleitora, saiu-se com essa: “Essa égua quer agora tapar o ‘buraco’ com cimento!”.
(Clique na imagem)

Fernando Caldas)
(Fernando Caldas)R O BURACODo livro (de minha autoria), imagem abaixo, transcrevo: junot Araújo dos Santos foi vice-prefeito do Assu eleito na chapa encabeçada por Lourinaldo Soares, nas eleições municipais de 1992, em Açu. Junot prometeu na campanha a uma senhora, uma cirurgia de períneo. A operação seria feita pelo seu pai dr. Nelson, logo após as eleições. Pois bem. Certo dia, a eleitora procurou o vice-prefeito com outra conversa: “Junot, no lugar da cirurgia me arranje cinco sacos de cimento”. Fátima, sua esposa, escutando a conversa e a exploração da eleitora, saiu-se com essa: “Essa égua quer agora tapar o ‘buraco’ com cimento!”.

quarta-feira, 5 de junho de 2024

BOINHO, O POETA DA RUA



Francisco Inácio Ferreira era o nome de batismo de "Boinho" como era mais chamado com carinho, na cidade de Assu, Terra dos Poetas. Tipo baixo, cordial. Ele era funcionário público municipal aposentado (gari de profissão). Encantou-se, foi fazer versos no outro lado.
Poeta popular de versificação fácil. Carregava um caderninho e uma caneta, fazendo versos e mais versos amorosos, aproveitando os temas que a cidade inspirava. Boinho revelou-se poeta já maduro. Deixou vários livros como ‘Estrada da minha vida’, 2003, com a colaboração da prefeitura da sua terra. E o poeta, na estrada da sua vida no seu próprio dizer, escreveu um dia, na sua melancolia, dizendo assim:
Hoje vivo torturado
Perdi tudo em minha vida
Perdi a jovem querida
Para falar do passado
Quando moço fui beijado
Vivo hoje nos escolhos
Sou tampa sem arrolhos
Velho gemendo com dor
Por causa de um grande amor
Molho com lágrimas meus olhos.
Afinal, a cidade de Assu, a cultura, a poesia popular do Assu ficou mais pobre e deserdada do seu talento, da sua arte de versejar. E o poeta querido do povo, externou certa vez em cinco versos:
Quando a gente se liquida
Irão botar nos jornais:
“Foi poeta querido”
Valor só quero em vida
Depois de morto não me serve mais.
Boinho morreu hoje, 5, aos 92 anos. O descanso eterno para Boinho!

(Fernando Caldas)

terça-feira, 4 de junho de 2024

A terceira guerra mundial

                       

  

Em vários lugares do mundo, já começou a terceira guerra mundial. Não será entre países, mas a guerra entre o homem e a natureza. Uma guerra que evidentemente não podemos ganhar.

Quando pensamos na natureza, pensamos nela de forma poética e telúrica. Mas terremoto é também natureza; tsunami também é natureza; seca, nevasca, chuvas torrenciais, avalanche – é tudo natureza. A natureza está agindo em legítima defesa. Ela não aguenta mais ser invadida, desrespeitada, queimada.

O que é o Rio Grande do Sul? É a morte anunciada de Gabriel García Márquez. Não vou escrever mais um texto ingênuo sobre o assunto. É tudo uma questão contábil: explorar a natureza é receita; preservação é despesa. E ninguém está disposto a pagar, nem o consumidor.

Mas o que tem a ver este texto “bicho grilo” neste jornal tão circunspecto? Tem tudo. Estive ano passado em Davos, sobre uma discussão sobre aquecimento global, e para meu estarrecimento e pânico, de uma mesa de 12 debatedores, 10 eram as grandes seguradoras do mundo. Elas tinham dados mais assustadores que o Greenpeace e sabiam avaliar as perdas catastróficas que aconteceriam a cada décimo de aquecimento global.

O aquecimento global é fato e fato econômico. Napoleão e Hitler perderam a guerra porque foram lutar contra um general chamado Inverno. Estamos entrando numa guerra que não podemos vencer. A devastação do Rio Grande do Sul é um drama humano: centenas de mortes humanas, milhares de mortes empresariais. Uma catástrofe fiscal, desempregadora.

Assisti a uma palestra no Itaú BBA Conference em Nova York de Al Gore, que fez o famoso documentário “Uma Verdade Inconveniente”. Hoje, ele poderia fazer outro documentário chamado “I Told You” (eu te disse).

Todos os leitores deste jornal estão ocupados em gerar e gerir patrimônio em sucessão familiar. Então eu chamo esta comunidade a pensar nos nossos filhos e netos. Seus filhos pequenos vão enfrentar um mundo muito difícil, nossos netos vão enfrentar um desastre.

Está na hora de ouvir quem mais entende de desastres climáticos: as seguradoras mundiais. Agora vamos colocar os pingos nos iis: o planeta não vai acabar, quem vai acabar são os seres humanos.

Você nunca se perguntou como o Titanic afundou? Como eles não viram um iceberg gigantesco? Simples: eles se achavam indestrutíveis. Não dá para negar que temos feitos avanços suficientes para gerar uma economia verde (que pode ser muito lucrativa).

Mas os projetos verdes devem ter processos de aprovação (que são infindáveis) mais céleres, muitos incentivos fiscais. O futuro precisa ter um fast track, o futuro tem que ser lucrativo. Chega de poesia.

Só se fala em inteligência artificial, mas a burrice anda mais rápido que a inteligência. A inteligência tem limites, a burrice não.

Os organismos multilaterais estão de mãos atadas por regras inoperantes. As ditaduras se movem muito mais rápido que a democracia, com suas infindáveis instâncias. E faltam Churchill e De Gaulles verdes.

No Rio Grande do Sul, a natureza não poupou ninguém. Os pobres perderam muito do pouco que tinham e os ricos, muito do muito que têm.

Este é mais um texto que os ricos não lerão porque estão cansados de textos assim e têm uma reunião hoje de manhã. Eles são regidos por um mercado sem alma. E os pobres não vão ler porque muitos não sabem nem ler.

A bomba atômica é um traque de São João. A caminho de Davos, vi, em pleno inverno, mas os mandatários não veem nem avalanches nem falta de neve porque estão no celular.

A natureza está avisando, tchê. Sirva nossa tragédia de aviso a toda a Terra.

Sou capitalista liberal. Gosto de dinheiro, de margem, mas não sou cego nem surdo. Senhores, estamos na primeira classe do Titanic.

(por Nizan Guanaes para o Estadão)



segunda-feira, 3 de junho de 2024

 

RECORDAÇÃO

Como está tão diferente a minha terra!
No meu tempo, era só brincadeira
Ninguém falava em guerra
Ninguém sabia,
Se existia
Diabo de alemão
Tudo era esperança!
- Como a vida nos cansa! -
E, como a saudade nos faz bem
Ao velho coração.
O prazer que contém
Recordar, vale tudo na vida!
Minha vida vivida: -
Meu jôgo de Castelo, a vaquejada,
O brinquedo de arraia...
Ah! velho tempo mau!...
Que saudade danada,
Do cavalo de pau.
Tudo era esperança...
Minha mestra França,
A palmatória...
Quem me dera de novo
Meu povo,
Uns bolos apanhar
Para poder de tudo recordar.

Vou contar uma história:
O Circo de Sansone,
- Alvo como madapolão -
Estava armado,
Como um funil de pano emborcado,
Bem no meio da Praça da Proclamação.
No dia do espetáculo,
- Um obstáculo,
Veio de encontro a mim -
Minha avó não podia - coitada,
Por falta de dinheiro
Pagar a minha entrada.
Terrível desengano!
Que fazer?
Fui forçado a meter,
A cabeça, por debaixo do pano.
E lá dentro, que alegria taful!
Um bocado de gente,
Assim na frente,
Dava alguns vivas ao cordão azul.
Do outro lado,
Todo mundo gritava: o encarnado.
Depois, a artista do azul apareceu.
A platéia, toda estremeceu.
Então,
Um cidadão,
Fez um discurso danado de comprido
E, entregou à mocinha,
Um bonito vestido;
Ela, agachou-se toda e saiu.
De repente,
Como se fosse uma alvorada,
Bem na frente,
Uma outra surgiu.
No meio do picadeiro,
A morena estacou.
Todo mundo vivou...

Um velho jornalista,
- Nesse tempo era moço -
Fez, para a artista morena,
Um discurso colosso.
Ao terminar sua linda oração,
"Curvou-se reverente"
E foi beijar-lhe a mão.
... Eu fiquei despeitado.
Não dei nem mais um viva
Ao cordão encarnado.
Fiquei disiludido...
A morena bonita não ganhou
Nem sequer um vestido.
O encarnado apanhou!...
Mas, o tempo passou...
Toda gente esqueceu!
Menos eu.
Naquele tempo, o encarnado venceu.
Quinita,
A morena bonita,
Morena sensação,
Ganhou da inteligência,
Um beijo, em sua mão.

Renato Caldas

domingo, 2 de junho de 2024

CHÁ  COM BOLACHA

Antônio Josino Tavares, ou "Caboré," como era mais chamado na cidade de Assu e região, era vaqueiro, negociante de gado, corredor de vaquejada, boêmio, glutão famoso. Tipo baixo, voz grave. Caboré era primo de meu avô materno chamado Fernando Tavares (Vemvem), bem como, se não me engano, irmão ou sobrinho de Luiz Tavares, figura muito conhecida em Natal, pelas suas peripécias. Pois bem. Certa vez, Caboré viajando com destino à cidade de Natal, chegou num restaurante à beira da estrada onde costumava almoçar quando em viagem a capital potiguar, sentou-se numa das mesas daquele recinto e logo pediu ao garçom que lhe trouxesse comida para seis pessoas. Carne seca, feijão verde, batata doce, arroz, cuscuz, era o seu prato preferido. Comeu tudo sozinho, além de três pratos de coalhada com rapadura do brejo, ainda mais, queijo de coalho com mel de engenho. Logo após o almoço, ainda sentado na cadeira, começou a dormir. Mergulhado no sono, roncando muito alto, o dono do restaurante preocupou-se com aquela roncaria de Caboré e, ao se dirigir ao antigo cliente, acordou-o em voz alta dizendo: "Caboré. O senhor está passando mal! Quer tomar um chá?" Caboré ainda esfomeado, saiu-se com essa: “Meu amigo. Só se for com bolacha!"

Fernando Caldas 



 

sábado, 1 de junho de 2024

Não existe maior penar,
E nem dor mais renitente:
Do que a gente gostar
De quem não gosta da gente.
RC

 Assu Antigo

TRÊS TIRADAS DE BONZINHO
1 - "Bonzinho" (não sei do nome de bastismo dele) era filho de Joca Marreiro. Certo dia, bebendo num bar da cidade, foi surpreendido por seu seu pai que lhe convidou para ir pra casa, pois já estava embriagado. Bonzinho aceitou o convite e filosofou: "Papai, vá na frente que o mundo tá cheio de gente ruim!"
2 - Certo dia, Bonzinho fora solicitado por certo viajante que fazia a praça de Assu, para comprar uma caixa de charuto. Aceitou fazer o favor, porém, no primeiro bar que encontrou, tomou umas dozes de cachaça gastando todo o dinheiro daquele vendedor de produtos que, demorando muito Bonzinho voltar, tomou outro destino. Meses depois aquele mesmo viajante retornou ao Assu e, logo dá de cara com Bonzinho. Não deixando para depois, indagou: "Você é aquela pessoa que meses atrás eu pedi para comprar uma caixa de charuto? Bonzinho não se fez de rogado: Foi, meu senhor. Quer mandar comprar outra!
3 - Bonzinho fazia mandados para ganhar um trocado. Pois bem. Certo dia, no Bar de Ximenes (era um bar e casa de jogo de cartas - baralho - muito frequentado pelos mais abastados da cidade assuense). Um dos seus assíduos frequentadores era Walter de Sá Leitão que não perdia a oportunidade para fazer um gracejo, dizer um dito espirituoso ou fazer uma prezepada, no bom sentido. Disse Walter: "Bonzinho. Vá alí na esquina da prefeitura e veja se eu estou lá!" Bonzinho na sua esperteza, saiu-se com essa: "Seu Walter, me dê o cabresto, se o senhor estiver lá, eu trago!"
(Fernando Caldas)

PELO DIA DA CONSCIÊNCIA NEGRA Se Guilherme de Almeida escreveu 'Raça', em 1925, uma obra literária “que tem como tema a gênese da na...