Jornalista passa bem após sofrer atentado
Roberto Guedes abastecia o carro, em Caiçara do Rio dos Ventos, quando foi cercado por um bando
Paulo de Sousa
jpaulosousa.rn@dabr.com.br
Paulo de Sousa
jpaulosousa.rn@dabr.com.br
A caminho de uma missa pela "pacificação", o jornalista Roberto Guedes da Fonseca foi agredido e quase linchado em um posto de combustíveis da cidade de Caiçara do Rio dos Ventos, no último sábado. Segundo ele, o motivo do atentado contra a sua vida seriam as duras críticas que vem fazendo à violência presente na campanha política da cidade, promovida pelo grupo do candidato a prefeito Felipe Muller Filho (PP). O jornalista teve de fugir dos agressores até Macaíba, região metropolitana de Natal. Ele está internado no hospital da Unimed, onde passou por cirurgia.
Roberto Guedes conta que na noite do último sábado, por volta das 20h, saía de sua casa, em Caiçara do Rio dos Ventos, para ir a uma missa que ele pedira ao pároco local para ser celebrada em prol da pacificação da campanha eleitoral da cidade. "A igreja fica a pouco mais de 300 metros de casa, mas decidi sair no meu veículo (Ford Ranger). Percebi, no entanto, que precisava abastecer e como o posto de combustível fecha às 22h, fui logo para lá".
Segundo o jornalista, enquanto estava abastecendo, algumas pessoas ligadas ao grupo político de Felipe Muller Filho o chamaram para uma conversa "amigável". No entanto, do diálogo se passou logo para um bate boca e essas pessoas passaram a xingá-lo e bater contra o seu veículo, chegando a utilizar até paus e barras de ferro. "Tentei sair dali, pois sentia que iria ser linchado. Mas não podia avançar, pois sempre que saía, alguém ficava à frente do carro. De repente, jogaram um líquido amarelo no para-brisa e eu perdi a visibilidade. Então buzinei e avancei. Na hora pensei: era a minha vida ou a deles".
Roberto diz ter seguido em direção à delegacia local, mas essa estava fechada. Então, ele decidiu pegar a BR- 304 para encontrar uma unidade policial mais próxima. Contudo, no caminho, teriam montado um piquete para tentar pará-lo. "Eu cheguei a reduzir a velocidade, mas voltei a avançar. Jogaram então uma pedra contra o meu carro". O objeto, de cerca de 25 cm de espessura, atingiu o veículo pela janela do motorista, quebrando o vidro e atingindo o jornalista no braço esquerdo. Mesmo ferido, Roberto afirma ter conseguido sair do local e seguiu até Macaíba.
Já na Grande Natal, Roberto Guedes procurou abrigo no Posto da Polícia Rodoviária Federal (PRF) em Macaíba. "Eles me seguiram pela estrada e tive que correr a 170 km/h. Quando cheguei ao posto, parei deliberadamente para pedir socorro". Sob proteção da polícia, o jornalista seguiu para a delegacia de plantão zona sul, em Natal, onde prestou depoimento sobre o ocorrido ao delegado Custódio Arraes.
Ainda conforme o jornalista, o grupo que tentou agredi-lo fez de tudo para que ele fosse acusado de ter atropelado pessoas no posto de combustível de Caiçara do Rio dos Ventos. Inclusive, foi feito um Termo Circunstanciado de Ocorrência (TCO) contra ele por lesão corporal no trânsito. "E o delegado não quis que eu prestasse queixa de tentativa de homicídio". Custódio Arraes, no entanto, garante que "ele prestou depoimento da formaque quis. Inclusive, antes de liberá-lo, expedi guia para que o carro dele fosse periciado". O caso deverá seguir para a delegacia de Lajes, onde serão marcadas audiências para apurar o fato.
Roberto Guedes está internado no hospital da Unimed, em Morro Branco, zona Leste de Natal. Com o braço esquerdo fraturado, ele aguarda liberação médica para uma cirurgia de reparação. O jornalista ainda teme novas represálias. "Por isso eu tinha pedido proteção ao Ministério Público desde a sexta-feira. Falei com a promotora Juliana Alcoforado e mostrei ameaças contra mim no Facebook". Para ele, a pedra foi arremessada contra si com interesse de matá-lo. "Os médicos disseram que se tivesse atingido minha cabeça eu teria morrido".
No Facebook
Segundo o jornalista, ele foi "jurado de morte pelo grupo político do ex-prefeito Felipe Elói Muller", que ele afirma estar causando uma série de tumultos na campanha eleitoral do filho, Felipe Muller de Caiçara. O grupo tem sido criticado por Roberto Guedes na imprensa potiguar. Ele cita cinco nomes de pessoas que supostamente teriam idealizado o atentado contra si: Felipe Elói Muller, Felipe Muller Filho, Priscila Muller (filha do primeiro) e os vereadores Alfeu D'ágata e Robenildo Robério, todos alvos das críticas do jornalista. Ontem, durante todo o dia, o jornal tentou entrevistar os suspeitos da agressão, via partido político ao qual são filiados, mas não conseguiu.
A promotora Juliana Alcoforado afirma não ter conseguido acessar o conteúdo do Facebook no Fórum de Lajes porque o site é bloqueado pela rede do MPE. Ela acrescenta, no entanto, que devido ao atentado, deverá pedir proteção policial para o jornalista, assim como reforço policial na segurança da cidade. "Há muitos tumultos dos grupos políticos locais, com uso até de spray de pimenta. Temos receio das coisas piorarem, por isso é necessário um maior contingente policial para conter o ânimos", comenta a promotora.
A Delegacia Geral de Polícia Civil emitiu ontem à tarde uma nota informando que o delegado Geral da Polícia Civil, Fábio Rogério Silva, designou o delegado Otacílio Medeiros, da 1ª Delegacia Regional de São Paulo do Potengi para apurar o atentado.
O Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Rio Grande do Norte (Sindjorn) também emitiu uma nota, repudiando o atentado contra Roberto Guedes. "É inadmissível que nos dias atuais pessoas não aceitem opiniões diferentes e achem que com violência poderão cercear a liberdade de expressão. É preciso que o fato seja apurado e que todas as medidas cabíveis sejam tomadas, seja por parte da polícia como também da Justiça. Não podemos admitir que coisas desse tipo tornem nosso estado um dos mais perigosos para o exercício da profissão de jornalista, profissão essencial para o exercício pleno da democracia e cidadania", diz Neli Carlos, diretora do sindicato.
Roberto Guedes conta que na noite do último sábado, por volta das 20h, saía de sua casa, em Caiçara do Rio dos Ventos, para ir a uma missa que ele pedira ao pároco local para ser celebrada em prol da pacificação da campanha eleitoral da cidade. "A igreja fica a pouco mais de 300 metros de casa, mas decidi sair no meu veículo (Ford Ranger). Percebi, no entanto, que precisava abastecer e como o posto de combustível fecha às 22h, fui logo para lá".
Segundo o jornalista, enquanto estava abastecendo, algumas pessoas ligadas ao grupo político de Felipe Muller Filho o chamaram para uma conversa "amigável". No entanto, do diálogo se passou logo para um bate boca e essas pessoas passaram a xingá-lo e bater contra o seu veículo, chegando a utilizar até paus e barras de ferro. "Tentei sair dali, pois sentia que iria ser linchado. Mas não podia avançar, pois sempre que saía, alguém ficava à frente do carro. De repente, jogaram um líquido amarelo no para-brisa e eu perdi a visibilidade. Então buzinei e avancei. Na hora pensei: era a minha vida ou a deles".
Vítima de agressões físicas por parte de grupo político de Caiça do Rio dos Ventos, Roberto se recupera em hospital. Foto: Paulo de Sousa/DN/D.A Press |
Roberto diz ter seguido em direção à delegacia local, mas essa estava fechada. Então, ele decidiu pegar a BR- 304 para encontrar uma unidade policial mais próxima. Contudo, no caminho, teriam montado um piquete para tentar pará-lo. "Eu cheguei a reduzir a velocidade, mas voltei a avançar. Jogaram então uma pedra contra o meu carro". O objeto, de cerca de 25 cm de espessura, atingiu o veículo pela janela do motorista, quebrando o vidro e atingindo o jornalista no braço esquerdo. Mesmo ferido, Roberto afirma ter conseguido sair do local e seguiu até Macaíba.
Já na Grande Natal, Roberto Guedes procurou abrigo no Posto da Polícia Rodoviária Federal (PRF) em Macaíba. "Eles me seguiram pela estrada e tive que correr a 170 km/h. Quando cheguei ao posto, parei deliberadamente para pedir socorro". Sob proteção da polícia, o jornalista seguiu para a delegacia de plantão zona sul, em Natal, onde prestou depoimento sobre o ocorrido ao delegado Custódio Arraes.
Ainda conforme o jornalista, o grupo que tentou agredi-lo fez de tudo para que ele fosse acusado de ter atropelado pessoas no posto de combustível de Caiçara do Rio dos Ventos. Inclusive, foi feito um Termo Circunstanciado de Ocorrência (TCO) contra ele por lesão corporal no trânsito. "E o delegado não quis que eu prestasse queixa de tentativa de homicídio". Custódio Arraes, no entanto, garante que "ele prestou depoimento da formaque quis. Inclusive, antes de liberá-lo, expedi guia para que o carro dele fosse periciado". O caso deverá seguir para a delegacia de Lajes, onde serão marcadas audiências para apurar o fato.
Roberto Guedes está internado no hospital da Unimed, em Morro Branco, zona Leste de Natal. Com o braço esquerdo fraturado, ele aguarda liberação médica para uma cirurgia de reparação. O jornalista ainda teme novas represálias. "Por isso eu tinha pedido proteção ao Ministério Público desde a sexta-feira. Falei com a promotora Juliana Alcoforado e mostrei ameaças contra mim no Facebook". Para ele, a pedra foi arremessada contra si com interesse de matá-lo. "Os médicos disseram que se tivesse atingido minha cabeça eu teria morrido".
No Facebook
Segundo o jornalista, ele foi "jurado de morte pelo grupo político do ex-prefeito Felipe Elói Muller", que ele afirma estar causando uma série de tumultos na campanha eleitoral do filho, Felipe Muller de Caiçara. O grupo tem sido criticado por Roberto Guedes na imprensa potiguar. Ele cita cinco nomes de pessoas que supostamente teriam idealizado o atentado contra si: Felipe Elói Muller, Felipe Muller Filho, Priscila Muller (filha do primeiro) e os vereadores Alfeu D'ágata e Robenildo Robério, todos alvos das críticas do jornalista. Ontem, durante todo o dia, o jornal tentou entrevistar os suspeitos da agressão, via partido político ao qual são filiados, mas não conseguiu.
A promotora Juliana Alcoforado afirma não ter conseguido acessar o conteúdo do Facebook no Fórum de Lajes porque o site é bloqueado pela rede do MPE. Ela acrescenta, no entanto, que devido ao atentado, deverá pedir proteção policial para o jornalista, assim como reforço policial na segurança da cidade. "Há muitos tumultos dos grupos políticos locais, com uso até de spray de pimenta. Temos receio das coisas piorarem, por isso é necessário um maior contingente policial para conter o ânimos", comenta a promotora.
A Delegacia Geral de Polícia Civil emitiu ontem à tarde uma nota informando que o delegado Geral da Polícia Civil, Fábio Rogério Silva, designou o delegado Otacílio Medeiros, da 1ª Delegacia Regional de São Paulo do Potengi para apurar o atentado.
O Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Rio Grande do Norte (Sindjorn) também emitiu uma nota, repudiando o atentado contra Roberto Guedes. "É inadmissível que nos dias atuais pessoas não aceitem opiniões diferentes e achem que com violência poderão cercear a liberdade de expressão. É preciso que o fato seja apurado e que todas as medidas cabíveis sejam tomadas, seja por parte da polícia como também da Justiça. Não podemos admitir que coisas desse tipo tornem nosso estado um dos mais perigosos para o exercício da profissão de jornalista, profissão essencial para o exercício pleno da democracia e cidadania", diz Neli Carlos, diretora do sindicato.
FONTE: Diàrio de Natal