terça-feira, 18 de setembro de 2012


Jornalista passa bem após sofrer atentado
Roberto Guedes abastecia o carro, em Caiçara do Rio dos Ventos, quando foi cercado por um bando
Paulo de Sousa
jpaulosousa.rn@dabr.com.br

A caminho de uma missa pela "pacificação", o jornalista Roberto Guedes da Fonseca foi agredido e quase linchado em um posto de combustíveis da cidade de Caiçara do Rio dos Ventos, no último sábado. Segundo ele, o motivo do atentado contra a sua vida seriam as duras críticas que vem fazendo à violência presente na campanha política da cidade, promovida pelo grupo do candidato a prefeito Felipe Muller Filho (PP). O jornalista teve de fugir dos agressores até Macaíba, região metropolitana de Natal. Ele está internado no hospital da Unimed, onde passou por cirurgia.

Roberto Guedes conta que na noite do último sábado, por volta das 20h, saía de sua casa, em Caiçara do Rio dos Ventos, para ir a uma missa que ele pedira ao pároco local para ser celebrada em prol da pacificação da campanha eleitoral da cidade. "A igreja fica a pouco mais de 300 metros de casa, mas decidi sair no meu veículo (Ford Ranger). Percebi, no entanto, que precisava abastecer e como o posto de combustível fecha às 22h, fui logo para lá".

Segundo o jornalista, enquanto estava abastecendo, algumas pessoas ligadas ao grupo político de Felipe Muller Filho o chamaram para uma conversa "amigável". No entanto, do diálogo se passou logo para um bate boca e essas pessoas passaram a xingá-lo e bater contra o seu veículo, chegando a utilizar até paus e barras de ferro. "Tentei sair dali, pois sentia que iria ser linchado. Mas não podia avançar, pois sempre que saía, alguém ficava à frente do carro. De repente, jogaram um líquido amarelo no para-brisa e eu perdi a visibilidade. Então buzinei e avancei. Na hora pensei: era a minha vida ou a deles".

Vítima de agressões físicas por parte de grupo político de Caiça do Rio dos Ventos, Roberto se recupera em hospital. Foto: Paulo de Sousa/DN/D.A Press


Roberto diz ter seguido em direção à delegacia local, mas essa estava fechada. Então, ele decidiu pegar a BR- 304 para encontrar uma unidade policial mais próxima. Contudo, no caminho, teriam montado um piquete para tentar pará-lo. "Eu cheguei a reduzir a velocidade, mas voltei a avançar. Jogaram então uma pedra contra o meu carro". O objeto, de cerca de 25 cm de espessura, atingiu o veículo pela janela do motorista, quebrando o vidro e atingindo o jornalista no braço esquerdo. Mesmo ferido, Roberto afirma ter conseguido sair do local e seguiu até Macaíba.

Já na Grande Natal, Roberto Guedes procurou abrigo no Posto da Polícia Rodoviária Federal (PRF) em Macaíba. "Eles me seguiram pela estrada e tive que correr a 170 km/h. Quando cheguei ao posto, parei deliberadamente para pedir socorro". Sob proteção da polícia, o jornalista seguiu para a delegacia de plantão zona sul, em Natal, onde prestou depoimento sobre o ocorrido ao delegado Custódio Arraes.

Ainda conforme o jornalista, o grupo que tentou agredi-lo fez de tudo para que ele fosse acusado de ter atropelado pessoas no posto de combustível de Caiçara do Rio dos Ventos. Inclusive, foi feito um Termo Circunstanciado de Ocorrência (TCO) contra ele por lesão corporal no trânsito. "E o delegado não quis que eu prestasse queixa de tentativa de homicídio". Custódio Arraes, no entanto, garante que "ele prestou depoimento da formaque quis. Inclusive, antes de liberá-lo, expedi guia para que o carro dele fosse periciado". O caso deverá seguir para a delegacia de Lajes, onde serão marcadas audiências para apurar o fato.

Roberto Guedes está internado no hospital da Unimed, em Morro Branco, zona Leste de Natal. Com o braço esquerdo fraturado, ele aguarda liberação médica para uma cirurgia de reparação. O jornalista ainda teme novas represálias. "Por isso eu tinha pedido proteção ao Ministério Público desde a sexta-feira. Falei com a promotora Juliana Alcoforado e mostrei ameaças contra mim no Facebook". Para ele, a pedra foi arremessada contra si com interesse de matá-lo. "Os médicos disseram que se tivesse atingido minha cabeça eu teria morrido".

No Facebook
Segundo o jornalista, ele foi "jurado de morte pelo grupo político do ex-prefeito Felipe Elói Muller", que ele afirma estar causando uma série de tumultos na campanha eleitoral do filho, Felipe Muller de Caiçara. O grupo tem sido criticado por Roberto Guedes na imprensa potiguar. Ele cita cinco nomes de pessoas que supostamente teriam idealizado o atentado contra si: Felipe Elói Muller, Felipe Muller Filho, Priscila Muller (filha do primeiro) e os vereadores Alfeu D'ágata e Robenildo Robério, todos alvos das críticas do jornalista. Ontem, durante todo o dia, o jornal tentou entrevistar os suspeitos da agressão, via partido político ao qual são filiados, mas não conseguiu.

A promotora Juliana Alcoforado afirma não ter conseguido acessar o conteúdo do Facebook no Fórum de Lajes porque o site é bloqueado pela rede do MPE. Ela acrescenta, no entanto, que devido ao atentado, deverá pedir proteção policial para o jornalista, assim como reforço policial na segurança da cidade. "Há muitos tumultos dos grupos políticos locais, com uso até de spray de pimenta. Temos receio das coisas piorarem, por isso é necessário um maior contingente policial para conter o ânimos", comenta a promotora.

A Delegacia Geral de Polícia Civil emitiu ontem à tarde uma nota informando que o delegado Geral da Polícia Civil, Fábio Rogério Silva, designou o delegado Otacílio Medeiros, da 1ª Delegacia Regional de São Paulo do Potengi para apurar o atentado.

O Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Rio Grande do Norte (Sindjorn) também emitiu uma nota, repudiando o atentado contra Roberto Guedes. "É inadmissível que nos dias atuais pessoas não aceitem opiniões diferentes e achem que com violência poderão cercear a liberdade de expressão. É preciso que o fato seja apurado e que todas as medidas cabíveis sejam tomadas, seja por parte da polícia como também da Justiça. Não podemos admitir que coisas desse tipo tornem nosso estado um dos mais perigosos para o exercício da profissão de jornalista, profissão essencial para o exercício pleno da democracia e cidadania", diz Neli Carlos, diretora do sindicato.

FONTE: Diàrio de Natal

segunda-feira, 17 de setembro de 2012


Se por algum motivo você estiver triste, se a vida te deu uma rasteira e a outra pessoa sofrer o seu sofrimento, chorar as suas lágrimas e enxugá-las com ternura, que coisa maravilhosa: você poderá contar com ela em qualquer momento de sua vida.

Carlos Drummond de Andrade
(De: Doce Mistério)

OBRAS DA ARENA DAS DUNAS



“Eu não sei como alguém pode duvidar da
existencia de Deus... acreditar que o
universo possa ser obra do acaso? Diante da
grandeza da criação, nos ainda estamos de
rastros, somos poeiras cosmica _ não
deveriamos sequer nos atrever a olhar a
s
estrelas sem reverência...”

Chico Xavier
Foto: “Eu não sei como alguém pode duvidar da
existencia de Deus... acreditar que o
universo possa ser obra do acaso? Diante da
grandeza da criação, nos ainda estamos de
rastros, somos poeiras cosmica _ não
deveriamos sequer nos atrever a olhar as
estrelas sem reverência...”

Chico Xavier~

Mossoró antigo

Praça Rodolfo Fernandes

O reduto dos bons boêmios
No Beco da Lama, sem atenção do poder público e cheio de restrições aos bares, uma Nazaré é quem dita o tom
Sérgio Vilar
sergiovilar.rn@dabr.com.br

Se um tsunami devastasse Natal, o comércio no centro da cidade dava seu jeito de abrir as portas nas primeiras horas claras do dia. É a vocação que o tempo lhe emprestou. E na estreita rua Coronel Cascudo, uma senhora de 56 anos de idade cumpre a rotina de 31 anos de comércio: sobe o portão de ferro e inicia a limpeza do bar, muitas vezes já na companhia de clientes. "Mais uma bem gelada, Nazaré!". Por ali passam pedintes, políticos, artistas e profissionais liberais. Pelo Bar de Nazaré passa também a história da boemia natalense. Passam figuras folclóricas: desfila Gardênia, rasteja Helmut... E passa também um filme na memória da "dama do Beco da Lama" ainda sem final alegre.

Bar de Nazaré, no centro histórico, é ponto de encontro de expoentes da cultura potiguar há 31 anos. Foto: Ana Amaral/DN/D.A Press


Maria Nazaré Melo dos Santos permanece nas adjacências do Beco por falta de opção. Largaria a tradição, a clientela amiga conquistada com labuta e a referência do comércio por uma vida mais tranquila. O Bar de Nazaré vive mais da fama. Dinheiro mesmo tem ali quase ao lado, na Assembleia dos deputados que nunca inscreveram um projeto para aquele corredor histórico; ou mais à frente, na prefeitura da gestora que diminuiu metade do lucro do Bar. "No início do governo de Micarla eu fui notificada a tirar as mesas da calçada. Só eu em toda a redondeza. Perdi uns 70% dos clientes. Mas é ela saindo e eu colocando as mesas de volta. Não vejo a hora", diz, exaltada.

O lugar já é tombado pelo patrimônio histórico. Promessas de urbanização abundam. Na Ribeira "velha de guerra", a prefeitura aproveitou a moda e a aglomeração de cidadãos-eleitores no Buraco da Catita para construir um calçadão de uns 20 metros. O Centro, cansado da guerra e do esquecimento, suplica atenção. O comércio sobrevive do pouco ou do jogo. Na mesma rua Coronel Cascudo do Bar de Nazaré, muitos estabelecimentos teriam fechado não fossem as máquinas caça-níqueis. Nazaré segue com sua cerveja gelada, a meladinha e o cardápio de tira-gostos. Não é muito, mas é o possível. E agrada. No vasto mundo particular do Centro, é a referência boêmia ehistórica.

"O Bar de Nazaré, a despeito de ter perdido as mesas de rua, continua a ser para a boêmia do centro histórico um dos seus principais atrativos. É dos mais antigos em funcionamento. Atrai artistas, jornalistas, gente de variadas profissões que ali diariamente se confraternizam. Nas festas realizadas no centro, tem importância fundamental. Espero que possamos degustar, ali, da brisa que vem dos morros na nova administração da cidade. Ao ar livre, mesas e cadeiras no meio da rua, é melhor para o espírito e para a cidade, que ganha um atrativo a mais para o seu turismo histórico", sugere Eduardo Alexandre, o Dunga, agitador cultural e freguês antigo do bar.

(Diário de Natal)
Edição de domingo, 16 de setembro de 2012 

sábado, 15 de setembro de 2012

Existem saudades que sabem rir.
São as minhas preferidas 

Ana Jácomo
[De: Doce Mistério]

★⋰˚ Doce noite amigos ...

' Existem saudades que sabem rir. 
São as minhas preferidas '
- Ana Jácomo -

Dul ★⋰˚




Charge


Tudo que é sonho se parece comigo.

Caldas, poeta potiguar de Assu [1888-1967]

Foto: O sonho é a mão que resgata as almas tristes...

(Simples-mente)
[Emílio Miranda]
Imagem do Facebook: Simples-mente de EM


Uma brisa de palavras

Havia uma brisa a penetrar
A noite fria
Uma brisa de palavras
Sussurradas pelos teus lábios…
E a noite
Ainda tão longe da aurora
Transformou-se em dia…

(Simples-mente)
[Emílio Miranda]
Foto: Uma brisa de palavras

Havia uma brisa a penetrar
A noite fria
Uma brisa de palavras
Sussurradas pelos teus lábios…
E a noite
Ainda tão longe da aurora
Transformou-se em dia…

(Simples-mente)
[Emílio Miranda]

BAOBÁS DA MINHA TERRA - ASSU-RN


No município do Assu, baixo sertão potiguar, distante 210km de Natal [é uma terra pluralista, onde de tudo tem e acontece], existe onze árvores (Baobás) raras no Brasil! Os Baobás do Brasil, "foram trazidas pelos sacerdotes africanos e foram plantados em locais específicos para o culto das religiões africanas". Afinal, é esse o meu Assu, que além de ser cognominada de Terra dos Poetas, Atenas Norte-Riograndense, Dos Verdes Carnaubais, Da Fruticultura, está sendo cognominada também de Terra dos Baobás.



A Poesia está em todo lugar
Na folha que cai
No sol a brilhar
No sorriso da criança
No semblante triste de um idoso
No ritmo da batera.

A Poesia é como você olha as coisas
Ao amanhecer, o sopro nas narinas
O rosto no espelho
A vida que nos chama às tarefas
O jovem indo à escola
Os pássaros voando sobre os matagais.

A Poesia é a rotina diária
Costumamos não enxergá-la
Ficamos tão dormentes
Às coisas ao nosso redor; como forjá-la?
Vemos, mas não a enxergamos
Não há tempo pra senti-la.

A Poesia é apreciar tudo com carinho
Seja uma rosa, ou um jardim em flor
Seja o mar, ou o infinito oceano
De tudo  ser um eterno namorado
Amar em um dia muito atarefado
A Poesia é um circo encantado.

A Poesia está nas coisas mais simples
Está no encontro e no desencontro
No ir e vir dos transeuntes
No murmurinho das ruas
No silenciar dentro do peito
No querer bem.

É preciso olhar a Poesia, aí próximo, em cada canto
Está atento nos mínimos detalhes
Na padaria, o pão fresco
No restaurante, a sofreguidão da fome
Na academia, o afã da estética pessoal
Na morte, o suspiro final.

A Poesia pede esforço individual
Imaginação
Impossível passar pela vida
E não viver com inspiração
Assim, não há amadurecimento
Ver-se apenas o lado escuro da lida.
A Poesia não muda ninguém
Até porque ela não é feita pra isso
Ela, no máximo, remodela alguém
Deve reconstruir uma parte de mim e de ti
Não consigo imaginar um ser antipoético
Então, quer viver nisso? Viva.

A Poesia são as estrelas no firmamento
Depois de uma tempestade, o sol brilhar outra vez
O canto da rolinha na janela
Um hino de louvor a Deus
Aquilo que a gente imaginar
A Poesia é isso e muito mais.

A Poesia é preciosa na vida de nós todos
É superar a preguiça
Num dia de chuva, pular da cama
Deixando os cobertores pra trás
Continuar aquilo que havia iniciado
Fazer tudo o de sempre, de repente.

A Poesia é um salto de qualidade
É amar-se
É querer-se bem
Sem muito alarde
Nem muita afobação
É o amanhã.

A Poesia é viver a vida como ela é
Engatar a segunda na ladeira
Subir bem devagarinho
Encarando a depressão
Não cochilar pra não ratear
Seguir enfrente na pressão.

A Poesia é o mais lindo cantar
Música popular
Samba do bom
Paulinho da Viola, a nos contagiar
A brincadeira e vadiagem
No refrão, embalar os corações.
 (Lourdes Limeira, poeta paraibana)



Coração quebrado tem cura:
A paz de não precisar mais aguardar
a perfeição que não existe...

Fernanda Young
Foto: Coração quebrado tem cura:
A paz de não precisar mais aguardar
a perfeição que não existe...

Fernanda Young


Entro em ti,
Sem pressa
És o lugar onde vivo
Casa de todos os meus anseios
Para quê a pressa?
A pressa é inimiga
Da perfeição
Que procuro em ti
Nos teus defeitos que reconhecem os meus
Qualidade
Rara
De quem sempre me conheceu!

(Simples-mente)
[Emílio Miranda]

"PREFEITOS CONSTITUCIONAIS", DO ASSU

Photobucket

Carteiras de estudante antigas do IPI



Do blog: Página R

sexta-feira, 14 de setembro de 2012

Uma viagem com o barão de Ceará-Mirim


Eliade Pimentel - Repórter

A primeira impressão é de "turismo fantasma". Estradas cheias de casarões desabitados. Ou vilas
demolidas. Lugares que já foram o reduto de uma pequena aristocracia brasileira. A cidade que abriga
esse patrimônio é uma pérola a olhos vistos. Sua arquitetura - por vezes preservada, ora esquecida -
guarda uma história rica, cujo personagem principal chama-se Manoel Varella do Nascimento
(1802/1881), o Barão de Ceará-Mirim (o primeiro de quatros barões do RN). E o próprio - ou quase
ele - é quem apresenta o turista ao roteiro dos antigos engenhos.

Cidade áurea dos tempos do Império, distante apenas 28 km da Capital, Ceará-Mirim tem um forte apelo turístico: a visita-guiada por alguém vestido a caráter, o guia Francisco Ferreira que é conhecido por onde passa como "Barão", porque ele interpreta o personagem para falar a história do município. O passeio estimula a imaginação, com os relatos cheios de palavras que não mais se encaixam no vocabulário atual, como baronesa, sinhá-moça, feitor, escravos, ama de leite entre outras.

Mesmo antes de conhecer sua história, o visitante rapidamente se encanta pelas particularidades do destino turístico. Uma delas é o acesso por trem, transporte rápido e barato. Partindo da Ribeira (em Natal), um privilégio de poucos no RN. Outra é o cuidado que seus habitantes têm com a jardinagem. Casas, praças e canteiros exibem flores. Na cidade e no campo, percebe-se o empenho de muitas pessoas no cultivo de plantas.

Os engenhos preservados apresentam essa aura colorida e exalam seu odor nostálgico. Impossível não sentir uma volta no tempo. Pelo menos, na fantasia aquilo tudo é real. Tem até Barão com espada na cinta. Guia há quatro anos, com diversos cursos de formação, e reconhecido desde 2010 pelo Ministério do Turismo, Francisco "Barão" ensina o caminho das Quatro Estações Turísticas de Ceará-Mirim. A primeira delas é a Estação dos Engenhos, seguida das estações do Sabor, do Saber e das Artes.

ADEUS À RAPADURA

Saindo da cidade, as placas indicam o Roteiro dos Engenhos. O primeiro que se destaca é o Mucuripe. Adquirido em 1935 por Ruy Antunes Gaspar, que faleceu em 1995, o engenho Mucuripe originalmente era do major da guarda nacional Antero Leopoldo Raposo da Câmara. Até seis meses atrás, produzia umas das melhores rapaduras da região, fabricadas em máquinas originalmente a vapor adaptadas à energia elétrica. Apresentado pelo "Barão", o "feitor" Francisco Alves de Lima, 70 anos, conhecido como Tantico, revela algumas relíquias guardadas na recepção. Uma garrafa de cachaça da última leva (de 1958) e alguns exemplares da famosa rapadura.

 Nascido e criado no Mucuripe, seu Tantico reside na casa oficial do administrador da vila. As casas de colonos são as únicas parcialmente preservadas e ainda povoadas pelos familiares dos antigos moradores. A história se entrelaça, pois ao lado se encontra o engenho Oiteiro, onde morou a sinhá-moça Madalena Antunes Pereira (que se casou com o neto do Barão, Olímpio Varella). As terras agora pertencem aos herdeiros da família Pereira Gaspar.

ENGENHO NASCENÇA PRESERVA ACERVO DO BARÃO

O "Barão" aponta desolado para o que restou da casa onde nasceu o poeta Nilo Pereira, mostra restos do engenho Cruzeiro, construído pelo judeu Samuel Bolshaw. Ao lado, uma capela, datada de 1904, que devido à fé professada pelo fundador presume-se que deve ter sido uma sinagoga. Mais ruínas, mais histórias, até chegar ao engenho Nascença, construído no final do século 19 por Hermínio Leopoldino Cavalcanti, posteriormente adquirido por Roberto Varella, trineto do Barão.

Ele teve o cuidado de reunir ao máximo o acervo do triavô, como o retrato pintado pelo artista francês Jean Bindseil e as carruagens originais. A propriedade herdada por Sheila Varella é um convite à apreciação da natureza do vale verde, dos seus encantos e mistérios. Ao final da Estação dos Engenhos, a fome aperta e a parada seguinte é a Estação do Sabor. 

TURISMO EM SÃO LEOPOLDO

A caravana segue. O guia Barão leva o grupo para o engenho São Leopoldo. No caminho, próximo à nascente do rio Quiri, placas indicam local conhecido como o "Banho das Escravas". No caminho, restos de demolição das casas da vila. Não resta mais nenhuma. Vê-se em frente à casa grande - que é enorme e está preservada - uma usina em ruínas. Dentro de casa, móveis antigos recriam a atmosfera da decoração original.

Por sugestão do "Barão", a propriedade que é o berço da ilustre família Câmara no RN, recebe grupos para um dia de diversão no campo. Os turistas apreciam a vida ao ar livre e aproveitam o clima ameno do engenho, pertencente ao senhor Franklin Marinho. Nos alpendres da casa, serve-se o almoço para grupos reservados. "Os professores têm dificuldade para levar os estudantes de volta, porque eles adoram cada minuto do passeio", diz o guia-Barão, falando dos atrativos que incluem passeios em charretes. 

MERCADO DO CAFÉ: TRADIÇÃO GASTRONÔMICA

Fundado em 1881, por Onofre José Soares, o mercado público mais antigo do Brasil resguarda a tradição do artesanato e da boa comida do Vale de Ceará-Mirim. Quem não almoçou pelos engenhos no, tem a opção de saborear um prato de almoço por um valor bem acessível. No Box 9, D. Dalva cita o extenso cardápio, do picado de carneiro, ao guisado de boi. O feijão verde, diz, é bem novinho. Ao final, serve um doce de leite feito por ela mesma.

À saída, o Barão ainda incansável, leva os turistas para conhecerem o Solar dos Antunes (atual sede da prefeitura, doada ao município por Ruy Pereira), construída em 1888 para ser uma casa para festas e saraus do império. Pela cidade, ele aponta outros casarões. É a Estação do Saber, com a Biblioteca Municipal, o Solar dos Sás, a Igreja de Nossa Senhora da Conceiçao (o maior templo católico do RN) e outros prédios históricos. A quarta estação turística é a das Artes, composta pela Estação Cultural, onde são realizados eventos como o famoso Tributo a Raul Seixas.

ENTRE A BELEZA E O ABANDONO DO GUAPORÉ

 Uma das primeiras paradas é a Casa Grande do Engenho Guaporé (1850), também conhecida como a casa de veraneio do Barão e onde morou o ex-presidente da Província Vicente Inácio Pereora, primeiro médico nascido no RN, casado com a sinhá-moça Isabel Varella.

De arquitetura neo-clássica, o prédio pertence oficialmente ao acervo da Fundação José Augusto e foi denominado Museu Nilo Pereira, em homenagem ao poeta bisneto do antigo dono da casa. A restauração data de 1978, quando o madeiramento foi trocado. Não há nenhum móvel dentro do casarão, aberto aos visitantes pelo "Barão", que tem a chave e mostra as suas dependências. "Aqui era o meu quarto", diz eloquente, em meio às ruínas.

Subir as escadas chega a ser pavoroso. Quando o grupo é de estudantes, Francisco mostra o casarão apenas pelo lado de fora, porque não há a mínima segurança. Tudo está abandonado ao redor e nem parece um órgão público. A viagem continua.

De novo a estrada. Outros engenhos no caminho. Engenho dos Imburanas: fechado para visitação. Engenho Verde-Nasce (1853, em foto na página 7), que pertenceu à família do juiz municipal Victor José de Castro Barroca e posteriormente foi passado aos herdeiros do coronel Felismino Dantas. A cerca é original, de ferro, vinda da Inglaterra. Os arredores do engenho são cercados de história, como o túmulo da Emma, inglesa desposada pelo jovem Victor quando ele fora estudar na Europa. Sua morte é cercada de mistério. Por ser anglicana, ela não pôde ser sepultada no cemitério católico. Pelo caminho, vê-se os "cemitérios de anjinhos", de crianças que não haviam sido batizadas e eras consideradas pagãs na tradição religiosa.

SERVIÇO: Visita-guiada pelo "Barão de Ceará-Mirim" - Guia Francisco Ferreira - Tel.: (84) 9156-9060 (Claro)/8839-4975 (Oi). Preço: a partir de R$ 3 (por pessoa).

Dica: Expedição Fotográfica ao Vale do Ceará-Mirim (APHOTO - Associação Potiguar de Fotografia) - Domingo, 16/09/12, com saída às 6h do Foto Practical (por trás da Igreja do Galo), na Cidade Alta. Retorno após o pôr do sol. Valor: R$ 20 (sócio)/R$ 35 (não sócio). Tel.: (84) 3211-5436. 
Fonte: Tribuna do Norte

TRE decide pelo cancelamento da candidatura de Wober Júnior


Decisão resulta de uma Ação que aponta despesas ilegais realizadas pelo candidato quando era Secretário Estadual de Educação, Cultura e Desportos.


Por Gerlane Lima, com informações do TR

  
Em decisão publicada na quinta-feira (13), o Juiz da 69ª Zona Eleitoral de Natal, José Conrado Filho, cumpriu a determinação unânime do Tribunal Regional Eleitoral e definiu o cancelamento da candidatura a vereador de Wober Lopes Pinheiro Júnior.

A decisão é resultado de uma Ação de Impugnação de Registro de Candidatura ajuizada em julho de 2012 pelo Ministério Público Eleitoral. Na Ação o MPE ressalta o processo do Tribunal de Contas do Estado que aponta despesas ilegais realizadas pelo candidato em 2004 quando era Secretário Estadual de Educação, Cultura e Desportos.

Inicialmente a Ação foi indeferida, mas após recurso do MP Eleitoral o Tribunal Regional Eleitoral acatou os argumentos do MPE e determinou à unanimidade o cancelamento da candidatura de Wober Júnior a vereador de Natal. Embora o candidato tenha recorrido ao Tribunal Superior Eleitoral, na prática a partir da decisão ele está proibido de realizar quaisquer atos de campanha, como propaganda, direta ou indireta, em rádio ou televisão, além de qualquer outro ato por meio do qual venha se apresentar como candidato, inclusive aqueles feitos por meio de carreatas, comícios e outros tipos de campanha.

Além disso, foi ordenada a exclusão imediata de dados do candidato, tanto do sistema de participação do político nos horários eleitorais gratuitos de rádio e televisão quanto do sistema de candidaturas e da urna eletrônica. Foi determinado ao cartório eleitoral que cancelasse os dados cadastrais do candidato.

‎"A demonstração de amor requer mais do que beijos, sexo e palavras. Sentir-se amado, é sentir que a pessoa tem interesse real na sua vida."
‎Arnaldo Jabor

"Desapeguem-se da necessidade de ter que encurtar o tempo de evolução do outro".

Autor desconhecido



Leveza

Leve é o pássaro:
e a sua sombra voante,
mais leve.


E a cascata aérea
de sua garaganta,
mais leve.

E o que se lembra, ouvindo-se
deslizar seu canto,
mais leve.

E o desejo rápido
desse mais antigo instante,
mais leve.
E a fuga invisível
do amargo passante,
mais leve.


Cecília Meireles

Foto: Leveza 


Leve é o pássaro:
e a sua sombra voante,
mais leve.

E a cascata aérea
de sua garaganta,
mais leve.

E o que se lembra, ouvindo-se
deslizar seu canto,
mais leve.

E o desejo rápido
desse mais antigo instante,
mais leve.
E a fuga invisível
do amargo passante,
mais leve.

*Cecília Meireles

[De um poeta ardente de paixão]

Quero-te. Vem. As carnes palpitantes
A forma nua onde a beleza mora...
És tu. Quero-te assim. Meu corpo implora
A graça que te desce dos contornos...
Trêmulas as mãos e os lábios mornos.

Caldas [1888-1967], poeta potiguar de Assu


Fernando Caldas

quinta-feira, 13 de setembro de 2012

RIO PIRANHAS/AÇU

Piranhas. O "rio da minha aldeia." - Assu-RN. Nasce na Cerra de Bongá, sertão paraibano, corta o Rio Grande do Norte, desemboca no atlântico, em Macau, interior potiguar. É um dos cartões postais da minha terra natal querida, onde eu vivi a minha infância e juventude prazenteira e feliz. Ah! Velho tempo bom. Vezes há que choro me lembrando a minha meninice e dos banhos que ali tomei. Ah! Velho tempo bom.
Fernando Caldas

Foto: Piranhas. O "rio da minha aldeia." - Assu-RN. Nasce na Cerra de Bongá, sertão paraibano, corta o Rio Grande do Norte, desemboca no atlântico, em Macau, interior potiguar. É um dos cartões postais da minha terra natal querida, onde eu vivi a minha infância e juventude, prazenteira e feliz. Ah! Velho tempo bom.

quarta-feira, 12 de setembro de 2012

Poema da emancipação

[A todas as mulheres que são maltratadas!]

Um engano repetido
Cava mais fundo a funda ferida
Não é possível que ames

O rude gesto do carrasco
O fingido egoísmo de quem te prende
A mesquinhez que te maltrata
Liberta-te
E ganha a dignidade de uma ave…
Voa por um instante
Verás como te crescem asas
No espaço em que te fazes livre!

[Emílio Miranda]

Foto: Poema da emancipação 
[A todas as mulheres que são maltratadas!]

Um engano repetido 
Cava mais fundo a funda ferida
Não é possível que ames
O rude gesto do carrasco
O fingido egoísmo de quem te prende
A mesquinhez que te maltrata
Liberta-te
E ganha a dignidade de uma ave…
Voa por um instante
Verás como te crescem asas
No espaço em que te fazes livre!

[Emílio Miranda]

Assu hoje

Igreja Matriz de São João Batista - Largo Maria Eugênia.
DE: Doce Mistério

˚Eu precisei percorrer muito caminho para entender que um dos maiores tesouros da vida humana, talvez o mais precioso, é a capacidade essencial de sentir amor e saber expressá-lo."

Ana Jácomo


PELO DIA DA CONSCIÊNCIA NEGRA Se Guilherme de Almeida escreveu 'Raça', em 1925, uma obra literária “que tem como tema a gênese da na...