sábado, 23 de novembro de 2013

SOBRE A GUERRA DO PARAGUAI

(Titulo do blog)

Francisco Doratioto

Pense no Paraguai

Por Bruno Garcia
  • Tudo começou com uma visita despretensiosa ao Paraguai, em 1983. Fascinado com o país, o historiador Francisco Doratioto terminou dedicando-lhe mestrado e doutorado, tornando-se o maior especialista nas relações entre o Brasil e seu vizinho. Tudo parece ter acontecido por acaso. Do interesse pela década de 1870, logo o historiador se viu obrigado a confrontar o tema da Guerra do Paraguai, mas não esperava encontrar grande novidade. O trabalho terminou, entretanto, com uma dissertação de quase 600 páginas que revolucionou a historiografia sobre o conflito.
    Doratioto aposentou teses até então consagradas. O imperialismo inglês, tratado como responsável pela guerra, teve pouca ou nenhuma responsabilidade. O historiador demonstra ainda que, diferente do que se dizia, o Paraguai não era moderno e industrializado. E descobre um Duque de Caxias que, além da grandeza militar, tinha uma notável dimensão humana. “O que eu gosto no trabalho do historiador é essa surpresa de chegar a um documento e descobrir algo novo”.
    Conversando com a equipe da Revista de História, o professor da UnB contou detalhes sobre o plano militar de Solano López e falou sobre a demora de teses e interpretações originais chegarem às escolas e aos livros didáticos e sobre sua trajetória acadêmica, que continua rendendo trabalhos inéditos sobre a relação entre os dois países. Acaso ou destino, a visita de 1983 parece ter se estendido além do previsto, como confessa o historiador, “desde então, eu e o Paraguai estamos num casamento sólido”.
    Revista de História – Por que estudar o Paraguai?
    Francisco Doratioto – Eu fui ao Paraguai em 1983, na época da ditadura de Alfredo Stroessner, e a gente tinha a sensação de voltar no tempo. Fiquei impactado com uma história que pouco conhecia, com as pessoas sempre simpáticas, com o discurso anticomunista de defesa da ditadura e o culto à personalidade de Stroessner. Resolvi saber mais. E pensei em fazer uma pós-graduação, e o que eu conhecia da Guerra do Paraguai, naquela época, era basicamente o livro do [Julio José] Chiavenatto e me parecia que ela já estava bem explicada. Pensei em estudar as relações entre Brasil e Paraguai depois da guerra. Fui fazer uma pesquisa e me deparei, em 1984, com uma tese de doutorado recém-defendida pelo professor Moniz Bandeira. Ele tinha uma longa trajetória intelectual, tinha sido exilado político e, ao voltar, fez um doutorado na USP, cuja tese veio a ser o livro O expansionismo brasileiro. É o estudo da geopolítica portuguesa/brasileira do rio da Prata da época colonial até a Guerra do Paraguai, mas apenas sua origem, sem analisar as operações militares. Foi fascinante porque questionava a visão clássica sobre o imperialismo inglês. Era uma tese diferente da forma como eu via e ensinava a questão na época, pois eu era professor secundário em São Paulo.
    RH – Como o senhor chegou ao tema da Guerra do Paraguai?
    FD - Quando eu comecei o mestrado, pensava em analisar as relações Brasil-Paraguai no pós-guerra e a rivalidade brasileiro-argentina nas negociações de paz após 1870. Mas para explicar a rivalidade entre Brasil e Argentina eu me dei conta de que precisava entender as relações político-militares entre os dois países durante a Guerra do Paraguai. E ao pesquisar sobre as operações militares, me deparei com informações que eram inéditas e outras que, com o passar do tempo, simplesmente haviam sido esquecidas; daí a guerra se tornou meu interesse.  
    RH – Como era a produção paraguaia a respeito?
    FD – Havia poucos livros sobre história da política externa paraguaia e as relações com o Brasil, e nenhum analisando o período posterior a 1844, quando o Brasil foi o primeiro país a reconhecer formalmente a independência paraguaia. Sobre a guerra, todos faziam apologia da figura de Francisco Solano López, que era herói oficial da ditadura de Stroessner, o qual se apresentava como herdeiro daquele. A versão do Chiavenato fez muito sucesso no Paraguai, o que é aparentemente contraditório, pois no Brasil seu sucesso foi junto à esquerda. No Paraguai, foi um sucesso junto à direita, à ditadura do Stroessner que, para legitimar-se, se apresentava como um herdeiro da luta de Solano López e da grandeza do Paraguai, de uma suposta “idade do ouro” que, na realidade, nunca existiu e foi inventada pelo revisionismo nacionalista paraguaio.
    RH – O que o Paraguai queria nessa guerra?
    FD – Fala-se Paraguai por uma questão didática, mas a decisão foi de Solano López. Tratava-se de uma ditadura, mas não na forma contemporânea que conhecemos. Não havia meios de comunicação ou inserção internacional, como hoje. Uma ditadura hoje, por mais ferrenha que seja, tem que reagir ao contexto internacional e há algum processo decisório, mas na de Solano López tudo se concentrava nele. A elite paraguaia era ínfima e dependente dele, enquanto o cotidiano dessa ditadura é algo digno de Gabriel Garcia Márquez, do realismo fantástico. Tanto [o presidente argentino] Bartolomé Mitre quanto o governo imperial tinham oposições e havia no Brasil e na Argentina certo debate sobre política externa, além de jornais que refletiam diferentes posições. No Paraguai não existia jornal, além de um diário oficial, e nem oposição. A oposição estava em cemitérios ou no exílio na Argentina. A população era pequena, o país era fechado ao exterior e ela não tinha acesso a outras informações, que não as oficiais.  
    RH – Então, por que houve a guerra?
    FD – A documentação mostra, inequivocamente, que em 1864 não havia nenhum plano militar do Império do Brasil contra o Paraguai. Sequer havia um exército brasileiro moderno organizado; seus efetivos não chegavam a 20 mil homens e estavam distribuídos pela imensidão do país. Do lado da República Argentina, criada em 1862 e ainda sem exército nacional, não interessava um governo paraguaio, que tinha vínculos com a oposição argentina que se opunha à centralização do poder em Buenos Aires. Mas Mitre não podia fazer nada contra Solano López, no mínimo por não ter recursos militares para tanto. Aparentemente, Solano López não pensava assim ou, então, tomou uma opção de risco, a de iniciar uma guerra, aproveitando-se do contexto favorável para impor-se ao Brasil e à Argentina.
    RH – Havia quem apoiasse López?
    FD – No Uruguai, ele tinha uma aliança tácita com os blancos, pois lá acontecia uma guerra civil entre estes, que ocupavam legalmente o poder, e os colorados, que se sublevaram com o apoio de Mitre e as simpatias dos estancieiros do Rio Grande do Sul e, depois, do governo brasileiro. Na Argentina, a centralização do poder nas mãos da elite portenha em 1862 era recente e as oligarquias do interior tinham muito autoridade e resistiam a Buenos Aires. O principal caudilho oposicionista, Justo José de Urquiza, da província de Entre Ríos, estimulou Solano López a resistir a Buenos Aires que, por sua posição geográfica, tradicionalmente era um obstáculo ao acesso paraguaio ao Oceano Atlântico e, portanto, ao comércio com o exterior. Solano López tinha o apoio dos blancos, tinha o apoio de Urquiza, e sabia que o sul do Brasil era fraco e vulnerável militarmente. Ele fez um plano militar brilhante, arriscado mas brilhante, que consistia em uma “guerra relâmpago contra o Brasil e Buenos Aires, mas que deu errado. Afinal, planos brilhantes também dão errado.
    RH – Qual foi o plano?
    FD – Começar uma guerra contra o Brasil, em um ataque surpresa a Mato Grosso, para garantir a retaguarda paraguaia, o que ocorreu em dezembro de 1864 e, ao ter negada permissão de Mitre para passar com as tropas por território argentino para invadir o Rio Grande do Sul, Solano López invadiu a província de Corrientes em abril de 1865 e o Rio Grande do Sul em junho. Ao que tudo indica, o plano era vencer Mitre e impor uma derrota militar ao Império no Uruguai. Esse plano era exequível, tanto que os paraguaios chegaram até Uruguaiana e ocuparam Corrientes com facilidade. Só não foram além porque, no Rio Grande do Sul, o coronel Estigarribia desobedeceu a ordem de não entrar nas cidades para não perder tempo na marcha. Mas como Uruguaiana era um centro comercial, os paraguaios nela entraram para saqueá-la, dando tempo aos aliados de se organizarem, sitiarem a cidade e, após combate, obterem a rendição de Estigarribia.
    RH – E em relação à Argentina?
    FD – Solano López pensou em uma guerra relâmpago contra a Argentina e o Brasil. Após ocupar Corrientes, o comandante das forças paraguaias, general Robles, também desobedeceu as instruções de marchar para o sul e manteve-se imóvel, dando tempo de reação por parte dos aliados. Ademais, Urquiza aderiu aos aliados, inviabilizando um apoio organizado da oposição argentina a Solano López. O plano era de os invasores marcharem para o sul, rumo a Buenos Aires, na condição de libertadores das províncias do interior contra a capital, contra Mitre.
    RH – Qual foi a participação do Duque de Caxias?
    FD – Esta foi uma surpresa para mim. Fiz minha graduação durante a ditadura militar e tudo o que o regime afirmava a gente pensava o contrário. Se o regime apresentava Caxias como herói, nós éramos contra. Este foi um grande prejuízo para o mundo intelectual brasileiro: a polarização política e a falta de liberdade acadêmica levaram a interpretações que, em outras condições, não teriam prosperado, e uma delas é o equívoco na interpretação da figura de Caxias.   
    RH – Que interpretação foi essa?
    FD – Para mim, foi fantástico ler a correspondência dele, porque descobri um “outro Caxias”. Por exemplo, ele foi contra a continuação da guerra em 1868. Ele foi a favor da paz, mas o imperador mandou-o continuar. Aquele senhor de mais de 60 anos de idade, que tinha sido ministro da Guerra, era senador vitalício, enfim, que estava numa posição politica confortável, aceitou ir para a guerra em 1866, em um momento em que a possibilidade da vitória aliada estava comprometida. Falava-se em derrota, em fazer a paz; o exército estava desorganizado e desmoralizado após a derrota na batalha de Curupaití e, ainda assim, ele aceitou ir para o Paraguai.
    RH – Por que ele aceitou?
    FD – Caxias era um fiel servidor do Estado monárquico. Embora não fosse um amigo do imperador, ele era extremamente fiel à sua figura. O que me surpreendeu foi sua dimensão humana, suas angústias com a guerra e sua subordinação ao poder civil. Ele era uma figura mais complexa do que o chefe militar vitorioso, disciplinador e centralizador que o regime militar me apresentara nas décadas de 1970 e 1980. Ele foi um grande líder militar, cometeu erros, mas muito mais acertos, e conseguiu destruir o exército inimigo. Em todos os comandos que exerceu, Caxias obedeceu às ordens superiores, inclusive aquelas das quais discordava pois, além de disciplinador, era disciplinado e sempre foi fiel à Constituição e subordinado ao poder civil; foi um legalista do Império. Estas características devem ser recuperadas na construção de um Brasil democrático e moderno.
    RH – Como ficou o Paraguai quando terminou a guerra?
    FD – Foi destruído. Claro que também não era o país industrializado e moderno, mito construído por aquele revisionismo histórico mais populista. Era um país agrário, com técnicas de cultivo atrasadas e com alguns lampejos de modernidade com finalidade militar. Se você aceitar a tese de que o Paraguai era desenvolvido e industrializado, o que não é verdade, a destruição teria sido abismal. Se você considerar que se tratava de um país agrário, também foi uma destruição. Mas nos faltam dados confiáveis.
    RH – De que tipo?
    FD – Sabemos que houve uma imensa perda demográfica, mas não sabemos exatamente de quanto, e essa falta de informação também se aplica às forças aliadas. Podemos falar que o exército imperial teve uma imensa perda, mas só sabemos em termos relativos, não absolutos. Não temos certeza, até hoje, de quantos homens foram para guerra pelo lado do Brasil. Nós não sabemos qual era a população do Paraguai no início da guerra. Sabemos que não era de 1 milhão, como afirma o revisionismo, mas sabemos que a maior parte da população masculina morreu, podendo-se afirmar que houve uma hecatombe demográfica, pois no país a mortandade se concentrou entre aqueles que estavam em idade reprodutiva. A perda masculina foi tão grande que, inclusive, se cita a poligamia como consequência da guerra, mas este não é um bom argumento, pois ela existia  no Paraguai desde os tempos coloniais. A historiadora alemã Bárbara Potthast-Jutkeit afirma que o número de mulheres que um homem tinha era um indicador de prestígio político no Paraguai colonial.  
    RH – Como a economia paraguaia foi afetada?
    FD – A agricultura perdeu terreno para uma floresta que reocupou os campos, e o interior ficou despovoado. A partir da década de 1870, houve o início da valorização de matérias-primas, devido à industrialização acelerada da Europa. Argentina, Uruguai e Brasil se beneficiaram muito com isso, mas não o Paraguai. O país não tinha um produto competitivo para exportar e nem acesso a essas correntes internacionais de comércio devido à sua posição geográfica de país mediterrâneo. Desse modo, o Paraguai se tornou a periferia da periferia, dependente da Argentina.
    RH – Como ficou o equilíbrio de poderes no Cone Sul?
    FD – A guerra acentuou a rivalidade entre Brasil e Argentina. Em 1868, o partido conservador retornou ao poder no Brasil. Era o mesmo partido que, na década de 1840, havia elaborado uma política externa de contenção de Buenos Aires e que via a Argentina como um inimigo que um dia atacaria o Império. Do lado argentino, o presidente eleito em 1868, Domingo Faustino Sarmiento, não confiava no Império. Quando a guerra acabou, houve uma tensão enorme. A diplomacia brasileira criou um governo provisório em Assunção, composto por paraguaios sem ligações com Buenos Aires e, depois, influenciou na montagem de uma estrutura política, de modo a garantir a continuidade do Estado paraguaio independente, pois temia-se que pudesse ser incorporado à Argentina. Até 1876 houve uma divisão do Exército Imperial; 3 mil homens ficaram aquartelados em Assunção, e o Império usou sua superioridade militar para impedir que se instalassem no Paraguai governos favoráveis à Argentina. A tensão foi muito grande, a ponto de o Brasil assinar com o Paraguai um tratado de paz unilateral em 1872, o que era proibido pelo acordo que criou a Tríplice Aliança [Argentina, Brasil e Uruguai]. Por ele, todo o território a oeste do rio Paraguai seria anexado à Argentina, o que foi rejeitado pelos conservadores brasileiros, sob o argumento de que este país teria, então, fronteira com Mato Grosso, de difícil defesa. Só não houve guerra entre o Império e a Argentina porque ela não tinha Marinha de Guerra e sua economia seria duramente atingida em caso de bloqueio naval brasileiro ao porto de Buenos Aires. Em 1876, depois de arbitragem internacional do presidente dos EUA, a Argentina ficou apenas com parte desse território, de acordo com o desejado pelos conservadores brasileiros, embora eles não tivessem tido qualquer influência nesse laudo arbitral.
    RH – Existem documentos que permanecem secretos?
    FD – Não pesquisei no arquivo do Exército, de modo que nada posso afirmar sobre ele, mas não me surpreenderia que nele ou em outros arquivos houvesse algo inédito, em decorrência da classificação incompleta de documentos. No entanto, quando se fala em arquivo secreto da Guerra do Paraguai, cita-se o diplomático, do Itamaraty, no Rio de Janeiro. Conheço bem esse arquivo e tenho certeza de que nele não há documentação sobre a Guerra do Paraguai, sobre as operações militares que tenham se mantido secretas. Existiu, de fato, essa documentação, mas ela foi liberada na década de 1990; de verdadeiramente inédito, havia pouco menos de duas dezenas de cartas do Solano López sobre condições de saúde no exército. O resto era material já de conhecimento público, mas que ficou secreto por muito tempo não pelo conteúdo, mas pela lógica burocrática da instituição, e em função da falta profissionais que pusessem a documentação em ordem para a consulta.
    RH – Como o senhor vê o ensino da guerra na escola e o lapso entre as pesquisas acadêmicas e o ensino escolar?
    FD – Leva alguns anos até os resultados de uma pesquisa original chegarem aos livros didáticos dos ensinos Fundamental e Médio. Muitas vezes editoras e autores de livros didáticos não querem fazer essas inclusões, por comodidade ou custo financeiro. Ademais, o professor do Fundamental e do Médio, que é um herói, pois ganha pouco e trabalha muito em condições precárias, não tem tempo e nem dinheiro para se atualizar.  Além disso, dizer que o imperialismo não foi responsável pelo conflito ou que foi Solano López que iniciou o conflito, retirando-lhe o papel de vítima, faz com que se tenha  de repensar outras explicações para o processo histórico de nosso país e da América Latina. Se você passou 20 anos acreditando em uma coisa, é difícil mudar de opinião. É muito mais fácil e confortável culpar o imperialismo por todos os problemas do nosso continente, embora, evidentemente, tenha existido a ação imperialista, como o demonstra a criação do Canal do Panamá.
    RH – Qual é o tema da sua nova pesquisa?
    FD – Publiquei, no ano passado, o livro Relações Brasil-Paraguai: afastamento, tensões e reaproximação (1889-1954); são 550 páginas recheadas de informações inéditas obtidas em arquivos. Para tanto, eu tive uma bolsa de produtividade cientifica do CNPq e, agora, com esse mesmo apoio, estou trabalhando as relações entre o Brasil e a ditadura de Stroessner. É uma pesquisa que envolve questões como a cooperação militar e cultural, a integração logística, a construção de Itaipu, a Operação Condor, a relação entre ditaduras e o impacto da redemocratização brasileira na ditadura de Stroessner. Para tanto, já pesquisei no arquivo diplomático uruguaio e agora estou pesquisando no Itamaraty; também espero ter acesso a arquivos na Argentina e no Paraguai. Há bibliografia sobre alguns desses aspectos, mas baseada em documentação limitada, pois a Lei de Acesso à Informação é deste ano. Minha expectativa é a de escrever, daqui a algum tempo, um livro sobre essas relações baseado em documentação inédita e nos trabalhos já publicados por colegas.

ASSUENSES DAS ANTIGAS

Família do Casal Judilita/Geraldo Dantas.

Lei brasileira permite ao presidente perdoar e soltar mensaleiros a qualquer momento

Juristas acreditam, porém, que desgaste político inviabiliza adoção da medida por Dilma 

Alexandre Saconi, do R7
Se o presidente do STF (Supremo Tribunal Federal) e relator do processo do mensalão, ministro Joaquim Barbosa, endurece cada vez mais a vida dos condenados na ação, existe uma possibilidade — ainda que improvável e muito remota — para os mensaleiros se livrarem da cadeia.
A legislação brasileira permite que a chefe do poder Executivo, a presidente Dilma Rousseff, conceda o perdão, denominado graça, a qualquer condenado no País, o que poderia beneficiar os condenados no julgamento do mensalão.
De acordo com a Constituição Federal de 1988, é competência exclusiva do presidente essa prática, geralmente oferecida em caráter excepcional para corrigir equívocos na aplicação da pena ou possíveis erros do Judiciário.
A possibilidade de o perdão acontecer é remota, segundo juristas ouvidos pelo R7. A própria presidente Dilma, em entrevista a rádios da região de Campinas (SP), nesta quarta-feira (20), declarou que não faria "qualquer observação, análise ou avaliação" sobre atos do Judiciário, em especial do STF.
Para Pedro Lazarini Neto, professor do Complexo Educacional Damásio de Jesus, essa possibilidade da graça presidencial aos condenados no mensalão é descartada.
— Não é possível fazermos isso. Se nós fizermos isso, haverá uma subversão da ordem do estado de direito. Aí, de repente, qualquer membro do PCC [Primeiro Comando da Capital] pode invocar este direito, dizer que é um preso político, dizer que é perseguido porque está ligado ao PT.
Para que o benefício seja concedido, ele deve ser pedido pelo próprio condenado, pelo Ministério Público, entre outras formas. Porém, Lazarini reforça que não há como o perdão ocorrer de maneira alguma, tendo em vista que há como interpretar como um crime político a condenação.
A presidente poderia, em caráter extremo, conceder o indulto humanitário, onde, em caso de sofrimento ou doença severa do condenado, a presidente, por questão de humanidade, concederia a graça. Essa prática, porém, é vista apenas por juristas como possibilidade em raros casos.
O advogado Filipe Schmidt Sarmento Fialdini, do escritório Fialdini, Guillon & Bernardes Jr Advogados, lembra que muitas pessoas acabam confundindo a graça, que é exclusiva a uma única pessoa, com o indulto, que é um benefício concedido a várias pessoas. Este último costuma acontecer anualmente, próximo ao Natal.
— O indulto é coletivo. Eles certamente vão se beneficiar dele em um momento, a não ser que se beneficiem da graça antes.
Fialdini lembra que, no final do ano, o presidente da República costuma conceder o indulto coletivo para presos que cumpram determinadas condições. Entre elas, costumam estar o cumprimento de certa fatia da pena, a pena máxima do crime cometido não ser elevada etc.
— Próximo ao dia 20 de dezembro, o presidente faz um decreto de indulto, onde ele estipula os casos em que os presos podem pedir o indulto ou a comutação da pena. Por exemplo: Se já cumpriu um terço da pena, pronto, poderia ir para casa.
Vale destacar que o indulto não deve ser confundido com as saídas temporárias. O indulto permite que o condenado cumpra o resto da pena em liberdade. Já a saída temporária obriga que o sentenciado retorne à prisão após determinado período, como as saídas de dia dos Pais, dia das mães etc.
Veja o que diz a Legislação
Constituição Federal:
Art. 84. Compete privativamente ao Presidente da República:
XII - conceder indulto e comutar penas, com audiência, se necessário, dos órgãos instituídos em lei;
Lei de Execução Penal:
Art. 188. O indulto individual poderá ser provocado por petição do condenado, por iniciativa do Ministério Público, do Conselho Penitenciário, ou da autoridade administrativa.



O MUEZIM DE CAPIM MACIO


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O poeta Walflan de Queiroz pintado por Newton Navarro

No final dos anos oitenta, a pedido de amigos, organizei numa clínica de saúde mental, em Natal, uma pequena biblioteca. Sugeri aos diretores um nome, imediatamente aprovado: “WALFLAN DE QUEIROZ” (*). Era, o próprio, um dos pacientes mais antigos do lugar, parente dos donos da instituição. A um dos irmãos, pedi a doação dos livros do poeta e nas estantes os arrumei com carinho. Do homenageado, com muito jeito e agrado, auxiliado por um fotógrafo sorrateiro e camarada, descolei razoável fotografia colorida e ampliada, para a indispensável entronização na sala acanhada. Finalmente, na data aprazada, foi uma festa e tanto.

Conhecia Walflan há mais de quarenta anos – tinha eu uns seis ou sete - desde a casa do meu Pai, na Avenida Rio Branco, cercanias do velho Mercado. Sempre de terno de linho branco impecável, na gravata encarnada um alfinete de pérola, sapato “Fox”, brilhantina nos cabelos, com fala grave e sonora, ao cair da noite, papeava com meu Pai, velho amigo do seu. Uma algaravia, um charabiá repleto de erres que eu e meu irmão, um pouco mais velho, curiosos, não entendíamos. Era, descobrimos perguntando, tão somente dois poetas falando francês, o belo idioma de Hugo, Verlaine e Rimbaud! Bom mesmo, para nós, meninos, era a moeda de mil réis que o rapaz risonho nos dava “para comprar confeito”, terminada a conversa.

Anos depois, a luta pela vida me afastou de Natal e de Walflan por muitos lustros. Por onde andei, poucas notícias tinha do moço culto de terno branco que me dava moedas, do filho do Doutor Letício, bacharel no Recife, promotor público, monge trapista, sábio, embarcadiço, aventureiro, diretor de museu – que confessava em versos ser “poeta maldito” e ter “pedido esmola na porta de Notre Dame”.

Nos ocasos de alguns dias, quando o reencontrei na clínica de Capim Macio – abatido, o rosto cavado pela magreza, os dedos finos manchados pela nicotina -, nas raras ocasiões para o diálogo, instado, provocado, reconhecia-me, pedindo cigarros ao “filho de Othoniel”!  Recitava salmos e suratas, indagava pelo “Grande Ponto”…

No pico das doses mais fortes de aldol, no prelúdio do sossego, ainda agitado, subia a um dos bancos do jardim e, numa mescla de cantochão gregoriano e pregão de muezim, desandava o querido vate a declamar, com sofrível dicção, palavras e nomes do seu gigantesco vocabulário, algumas e alguns por mim gravados, à época: “Alá, Adonai, arrabil, Aluízio Alves, Apolinaire, Aramis, acadiano, Baudelaire, Gotardo, apocalipse, Miriam Coeli, Baal, Bel, Li Po, Vale de Josafá, Iavé, Jeová, Eloím, Trapa, Othoniel, Rancé, Cister, cisterciense, Dalton Melo, humanista, Djalma, Soligny, Islã, trapista, eloísta, mulçumana, Roldão, Brama, Parnaso, geena, faiança, Giralda, runa, Excalibur, Saladino, durindana, Natan, Betsabé, deambulatório, Leviatã, consitório, Patmos, Jó, Rimbaud, Patagônia, João Café, Moisés, Tânia, Genilda, paladino, Walt Whitman, Dom Quixote, Irene, França, Ulisses Cavalcanti, mamãe, Sheaskspeare, amidalite,  Sanderson Negreiros…"

Este é o registro e dou fé.

Laélio Ferreira

(*) “Walflan de Queiroz (1930-1995) era natural de São Miguel, região do alto oeste do Rio Grande do Norte. Eram seus pais Letício Fernandes de Queiroz e Raimunda Furtado de Queiroz . Ele formou-se pela famosa Faculdade de Direito do Recife, mas nunca exerceu a profissão. Certamente teria advogado com brilhantismo. Tipo baixo, fumante inveterado, teve uma juventude boêmia, intelectual, poeta dos melhores. Conheci aquela figura (que engrandece as letras potiguares), nos idos de setenta, na calçada do Café São Luiz, em Natal, declamando exaltado um poema de Rimbaud. Apresentei-me a ele, que me tratou com distância. Logo entendi. A última vez que estive com Walflan foi na clínica Santa Maria (quando ele estava em tratamento psiquiátrico). Vejamos o poeta visto por ele próprio, no poema sob o título “Autobiografia”, que diz assim: Nasci sob o signo de São Bento José de Labre. / Pedi esmola na porta de Notre Dame./ E fui encontrado morto numa rua de Madrid./ O primeiro hino foi meu, o primeiro canto/ Que comoveu a alma de Francesca de Rimini./ Fui monge, amei a virgem./ Fui marinheiro, estive no oriente./ Mais tarde, pertenci ao grupo dos poetas malditos/ E escrevi o meu último poema para uma menina espanhola.
Walflan publicou oito livros intitulados O Tempo da Salvação, 1960, O Livro de Tânia, 1963, O Testamento de Jó, 1967, A Colina de Deus, 1968, Nas Fontes da Salvação, 1970, Aos Pés do Senhor, 1972 e A Porta de Zeus, 1974. O solitário Walflan teve amores apaixonados. Vejamos o poema adiante: Três amores / E uma solidão. / Irene, Tânia / E Herna / Vi Abraão / No monte moriá / Três amores / E uma solidão,/ Irene Azul / Tânia amarga / E Herna triste.
Walflan “conhecia vários idiomas. Lia, escrevia e falava em latim. Era fluente em Francês e inglês”. Ele era da Marinha Mercante e percorreu o mundo. O produtor cultural Eduardo Gosson, depõe que Walflan nas suas andanças “apaixonou-se por uma bailarina cubana, gostou das noites da Martinica e quase casou-se com uma colegial de Buenos Aires”. É lindo o seu poema “Auto Retrato”, que vejamos adiante: Não tenho a beleza de Rimbaud,/ nem o rosto torturado de Baudelaire./ Tenho sim, olhos negros,/ Como os olhos de Poe. Meus cabelos são soltos, em desalinho como os de algum Anjo ou demônio./ Minha pele, queimada eternamente pelo sol, tem sal do mar e a cor morena dos que são náufragos./ Minhas mãos são pequenas, tristes embora como mãos de alguém que só as estendeu para o Adeus!

POETA ASSUENSE

JURAMENTO


 

Sá Dona, eu só quiria,
Qui mecê pudesse vê,
A dô qui trago nos peito,
Sofrendo pru seu respeito
Tudo pru vossa mecê.

Desde aquela tarde ingrata,
Meu coração parpitô:
Qui tava tudo acabado,
Tava tudo desgraçado...
Meu coração num faiô.

Prá eu, tem sido uma luta.
Tô mágo assim de pená!
Se as vez, eu pégo no pinho,
Coméço a cantá baxinho,
O pinho pega a chorá.

Se coméço oiá pra lua,
Me alembrando de mecê;
Vejo ela se escondendo,
Se incuiendo, se incuiendo,
Cum pena do meu sofrê.

Inté a lua, Sá Dona,
Chora, tem pena d’eu!
Só Sá Dona num simporta,
Inté me fechô a porta,
Cuma se eu fosse um judeu.

... Lá um dia Deus mióra,
mióra pruque Deus qué.
E eu juro ajueiado;
Inquanto tive lembrado,

Num oiá mais pra muié.

Renato Caldas - Poeta Assuense
* 08/10/1902  + 26/10/1991
Fonte: Fulô do Mato.
Ser poeta é ser mais alto, é ser maior
Do que os homens! Morder como quem beija!
É ser mendigo e dar como quem seja
Rei do Reino de Aquém e de Além Dor!

É ter de mil desejos o esplendor
E não saber sequer que se deseja!
É ter cá dentro um astro que flameja,
É ter garras e asas de condor!

É ter fome, é ter sede de Infinito!
Por elmo, as manhãs de oiro e de cetim...
É condensar o mundo num só grito!

E é amar-te, assim, perdidamente...
É seres alma, e sangue, e vida em mim
E dizê-lo cantando a toda a gente!"

Florbela Espanca
 
1

A chuva fina na vidraça,
Embaça o que eu preciso ver.
Seus passos apressados,
Pisando em poças d'agua,
Levando o meu viver.





domingo, 24 de abril de 2011
http://mediocridade-plural.blogspot.com.br

BAR NOGUEIRA - RENATO CALDAS

 
















O Bar Nogueira era estabelecido na praça do Rosário, de propriedade de João Nogueira.
Era um recinto aristocrático, seleto. Quando o freguês tomava três cervejas, João Nogueira 
não mais atendia. Ali frequentarammuitas figuras do Açu-RN como, por exemplo, 
o bardo matuto que o Brasil consagrou chamado Renato Caldas. Na fotografia podemos 
conferir da direita: Pedro Cícero, Cândida Nogueira [que herdoue explorou por um certo 
tempo aquele bar de muitas histórias e estórias, até, salvo engano, finais de 1980],
Renato tomando a sua 'fria' como ele gostava de dizer, apagando as velinhas dos seus
anos, [?[, João M. de Vasconcelos - Lou, [?]. E escreveu um dia, o poeta, o clássico 
soneto dedicado ao igualmente poeta e amigo João Fonseca, dizendo:

Vinte mil dias de tranquilidade,
De dor, de sofrimento, eu já vivi;
De poucas horas de felicidade;
De sonhos e venturas que perdi.

Vinte mil dias! Numerar quem ha de 
Os tragos de "veneno" que bebi.
As poucas vezes que falei verdade
E milhares de vezes que menti!...

Hoje alquebrado pelos desenganos;
Caminho sem sentir na mesma estrada
Que viajo há cinquenta e cinco anos...

E se breve parar meu coração,
A minha esposa, triste e desolada
Jogará flores sobre o meu caixão.

Postado por Fernando Caldas

PADRE MARCELINO (*) 


Igreja Martriz de Jardim do Seridó



(Nota de Othoniel Menezes aposta a uma das sextilhas do livro “Sertão de Espinho e de Flor” (poema em 16 Cantos), no livro “OTHONIEL MENEZES - Obra Reunida”. 


“Por que não, se o padre é um santo?
Lidou tanto, perdoou tanto,
que anda curvado, a tremer…
A cabeça, alva, é um capulho,
esgarçado ao sol de julho…
– São Marcelino há de ser.

* * *

Todo este poema, desde a primeira página, vê-se logo, é uma apologia, uma defesa do sertão e da admirável gente – vítimas, imbeles[1] e resignadas, do celerado abandono a que, de trezentos anos a esta época de atômica superfetação[2] da democracia, os relegaram, os políticos e o governo da república; vítimas da imbecil ironia de muitos “escritores’ e “poetas” granfinos, irmãos desnaturados, caluniadores de Jeca Tatu e Manoel Xiquexique, que aqui continuam a lutar sozinhos, pegando queda de corpo com o sol, para gáudio do parasitismo dourado dos “mestiços neurastênicos do litoral”.

A expressão anotada inspira-se nas recordações de infância do Autor, quando via ele, na figura do pároco de uma freguesia, a encarnação da pureza e da bondade dos velhos ministros da Igreja, e cujas mão eram beijadas, a cada encontro do dia, por todos os habitantes do lugar.

Seguem umas notas biográficas, devidas à incansável prestimosidade do Dr. Heráclio Pires, que já ilustrou várias das presentes NOTAS. Delas ressalta, simpática e original, a personalidade do vigário de Jardim do Seridó, naquela época (1899-1908), e evocada no poema:

“Era paraibano, e chegou ao Jardim em fins de 1899, como vigário. Foi um dos melhores homens – padres, sobretudo – de quantos tenho conhecido. Quando aqui chegou, já beirava pelos oitenta anos, trazendo uma velha criada e uma moçoila, que era sua sobrinha. O padre Marcelino Rogério dos Santos Freire era tio legítimo do major Umbelino Freire de Gouveia Melo, que foi administrador dos Correios, em Natal. A indumentária do velho sacerdote era o que havia de mais pitoresco, e assim o vi milhares de vezes. Avalie o amigo como ele resolveu o caso do preço, então elevadíssimo, dos chapéus sacerdotais: chamou a um dos nossos mais hábeis “carapuceiros” (fabricantes de chapéu-de-couro), deu-lhe todas as medidas, e mandou fazer um cahpéu de couro para o seu uso diário, com o formato dos chapéus de padre; depois de bem pintado a Nubian[3], ficou mesmo um belo chapéu.

Restava o caso da batina, o que, entretanto, não embraçou o nosso herói: mandou costurá-la de brim preto, com a dupla vantagem de ser mais fresca, neste rigoroso clima do sertão, e mais econômica! Veja que tudo ele resolveu sem ferir as exigências litúrgicas ou canônicas e, portanto, merecia aplausos. Também conheci aqui um oficial da nossa Polícia e que, um belo dia, me apareceu no balcão (o dr. Heráclio manteve uma ótima farmácia, em Jardim, por alguns decênios) com uma farda… de brim preto! Com os respectivos galões e botões próprios; menos, apenas, o cinturão… Censurando, eu, a propósito, o mau gosto da nossa Polícia, em adotar tal fazenda para os seus oficiais, ele me respondeu, com a maior naturalidade, que absolutamente não se tratava disso e, sim, que havia mandado confeccionar aquela farda funérea, porque lhe havia morrido o pai!… (…).

Voltando ao padre Marcelino: aqui passou ele cerca de 8 a 10 anos, durante os quais amealhou alguma pecúnia. Voltou à Paraíba, onde D. Adauto o agraciou com o título de Cônego. Ali morreu, com mais de 90 anos de idade”.

(*) Padre Marcelino Rogério dos Santos Freire (Vigário de Pedra Lavrada/PB, de 1860 a 1870 e de Jardim do Seridó/RN entre 1899 a 1908).
[1] Que não é belicoso; não beligerante.
[2] Coisa que se acrescenta inutilmente a outra; excrescência, redundância.
[3] Antiga marca de tinta para calçados.

LEMBRANDO ZÉ DA LUZ (*) - POETA PARAIBANO



(in “OTHONIEL MENEZES – Obra Reunida” – Editora UNA, Natal-RN, 2011)


“Me alembro qui um sordado
quaje perde farda e gorro
só pruquê Né Alejado
tinha um dado aviciado,
com três cabra e três cachorro.

Os butiquim, qui são feito,
uns maió, outros miúdo,
é um retrato perfeito
daquelas casa sem jeito
dos jagunço de Canudo!”


(Zé-da-Luz,51 “Um Natal na minha terra”,em O Cruzeiro, 18.12.1948)

Severino de Andrade Silva (Zé da Luz). Nasceu em Itabaiana em 29 de março de 1904 e faleceu no Rio de Janeiro em 12 de fevereiro de 1965. Poeta popular, ficou famoso, nacionalmente, com o poema “As flô de Puxinanã”.

sexta-feira, 22 de novembro de 2013

CRC/RN


O contabilista assuense João Gregório Júnior venceu a eleição para dirigente do Conselho Regional de Contabilidade - CRC/RN, para um mandato de 4 anos, obtendo 2.134 votos (chapa 1), contra 1.154 (chapa 2). Fica os parabéns do editor deste blog. É o Assu sempre mais!


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