sábado, 4 de janeiro de 2020

RECONCILIAÇÃO E DESPEDIDA


De Walter de Sá Leitão sobre João Lins Caldas

Há cinco anos, mais ou menos, o velho e amigo João Lins Caldas limitara nossa amizade a saudações e cumprimentos simples e – não poucas vezes – estas cortesias eram para ele um constrangimento. 

Por muitos frequentara a nossa casa, diariamente, sentindo-se à vontade, contando-me dramas da sua vida, atitudes que tomara em certos e determinados casos, especialmente como funcionário público, e, por fim, recitando seus formidáveis poemas e sonetos. Na sua espetacular inteligência, havia um ponto característico dos poetas – “as imaginações” – que lhe produziram um gênio tempestivo e absoluto para viver, anormalmente, entre os seus semelhantes. Uma simples conversa que divergisse do seu ponto de vista, em relação especialmente a determinadas pessoas, era o bastante para multiplicar o número dos seus desafetos, acrescido do dialogante. Reconhecendo-o POETA, sonhador, portando, jamais considerei suas denúncias, acusações ou julgamentos aqueles por quem se dizia prejudicado. Isto lhe causava um mal estar, cujos efeitos eu minorava contando-lhe anedotas picantes, piadas, impúdicas e ele, o velho Caldas, sem arrefecer os ódios, retira-se anotando-me no seu caderno como um indigno, também. Distanciava-se de mim, torcia caminhos para não me encontrar, porém eu o procurava, intrometia-me nos ambientes onde ele comparecia e, assim, ia amenizando sua intolerância, sem conseguir modificar suas sentenças. 

Como poeta era sublime, vibrações, divinais; um disco de sonatas infindas que quanto mais se ouvia, mais desejos se tinha de continuar ouvindo. No cotidiano da vida, era humano...

Ontem, dia 18, as seis horas da manhã, caminhávamos em direção ao Mercado Público, quando, em frente à Padaria Santa Cruz, os nossos caminhos cruzara-se e eu, na minha teimosia para tê-lo amigo, provoquei o diálogo:

- Bom dia, Frutilândia!...
- Bom dia, Walter, preciso falar com você.
- Caldas, voltarei logo para lhe atender.
Voltei minutos depois, indo encontra-lo na Praça da Criança, comprando uma espiga de milho verde. Ao ver-me reiniciou o diálogo:

- Walter, você tem recebido notícias ou carta de Moacir?
- Não, depois da última estadia aqui não me deu notícias nem me escreveu.
- A mim, também não. Parece que está zangado porque não lhe dei resposta às últimas cartas. Mas, vou respondê-las. Preciso demais comunicar certos desejos e, fatos da minha vida, sobretudo porque o meu fim está chegando e só a ele poderei contar, sabe!
- Caldas, a sua saúde, como vai? Tem tomado os remédios e seguido a dieta?
- Não, comecei a tomar umas pílulas, porém as suspendi. Depois de liquidar meus negócios irei cuidar da doença. O meu mal são estas coisas...
- Tens ouvido ou lido alguma coisa?
- Ouvido, não, Caldas, porém estou lendo um grande livro sobre Hermes Fontes, escrito por Povina Cavalcanti e dirigido por Afonso Arinos de Mélo Franco.
- Ah! Quero vê-lo. Preciso ler. O Hermes, como já lhe contei, morreu rompido comigo. Hoje, ou melhor, depois é que, reconheci ser um mal entendido meu. Seria fácil, Walter, emprestar-me este livro, agora?
- Pois não, Caldas, vou mandar busca-lo.
Minutos depois, chegava o portador trazendo o livro.
- Pronto Caldas, aqui o livro.

Com o livro às mãos começou a folheá-lo e, ao deparar em uma das páginas o retrato de Hermes, fitou-o bem e exclamou: “Hermes! Hermes!... Breve a nossa reconciliação espiritual.”

Despedimo-nos, ele saiu com o livro na mão e a cesta na outra. Partiu para completar a sua feira e, horas depois, completava também a sua vida atribulada de poeta e sonhador.

DEUS o tenha lá, com menos imaginações humanas!

Assu, 19 de maio de 1967

Do blog: Este depoimento de Walter de Sá Leitão encontrei entre os grandes versos de Caldas, dos seus livros organizados em manuscritos, antes sobre a guarda do poeta e publicitário no Rio de Janeiro - JMM Publicidade -, João Moacir de Medeiros  já falecido, que era primo de Caldas pelo lado da família Lins Caldas de Ipanguaçu/Assu. Antes de sua morte, Moacir autorizou que me fosse entregue os originais dos versos de Caldas, além daqueles que já foram entregues ao Conselho Estadual de Cultura/RN. São belos poemas e sonetos dos livros que Caldas não teve o privilégio nem a felicidade de publica-los, intitulados de “Deus Tributário”, Águas de Sono" e "Caminho de Estrelas", entre outros, além de centenas de pensamentos filosóficos. Fica o registro.

Fernando Caldas

quinta-feira, 2 de janeiro de 2020

AS TIRADAS DE WALTER LEITÃO I

Walter de Sá Leitão ou Walter Leitão como era mais conhecido, foi prefeito do Assu (1972-75). Ele empresta o seu nome ao Campus Avançado do Açu (universidade). Quando prefeito viajou à Brasília em busca de recursos para aquele importante município potiguar. No gabinete do deputado Vingt Rosado, é advertido pela secretária daquele parlamentar mossoroense: "Prefeito, a calça do senhor está rasgada no 'fundo!' Walter não se fez de rogado: "Moça, é que na minha terra no lugar do paletó, a moda é calça lascada atrás!"

Ainda na qualidade de prefeito (ele já se notabilizara como uma pessoa espirituosíssima), foi surpreendido em seu gabinete por uma eleitora aflita: "Seu Walter meu filho comeu uma macaxeira e se encontra em casa com muita dor no pé da barriga, precisando comprar esse remédio". Disse aquela senhora mostrando-lhe a prescrição médica. Walter afagou a genitália e saiu-se com essa: "Minha senhora, ontem eu comi um pé de barriga e me encontro agora, com muito dor na 'macaxeira'.

Em tempo: Para registrar, macaxeira é conhecida no Rio de Janeiro, como aipim, e em São Paulo, como mandioca.

Em 1973, a estrada que dá acesso a cidade era carroçável. Pois bem, Walter chegando naquela terra assuense, retornando de uma viagem que fizera a Natal, acordou atordoado reclamando da trepidante estrada esburacada: "Que prefeito filho da p... é esse que não manda tapar os buracos desta estrada." O motorista meio sem jeito, respondeu: "Seu Walter já estamos entrando no Assu!" "Eu já disse e tá dito e não volto atrás. Esse prefeito é o que disse e pronto!" Respondeu Walter.

Fernando Caldas

Em tempos de eleições, os poetas populares, glosadores do Assu não perdiam as oportunidades para produzir um versinho satirizando os candidatos. Pois bem. Em em 1962, o Assu viveu uma eleição municipal das mais radicais, tensa e intensa da sua história. De um lado Walter Leitão (UDN - União Democrática Nacional) candidato a prefeito com o apoio do deputado estadual Edgard Borges Montenegro e do outro lado, Maria Olímpia Neves de Oliveira - Maroquinha (PSD - Partido Social Democrático) que era chamada "A Onça", pelos seus amigos e seguidores, com o apoio dolavo Lacerda Montenegro. Walter Leitão era chamado de "Golinha". O poeta da rua escreveu a seguinte sextilha:

Digo aqui em confiança
Como amigo da Onça
Tenha cuidado Golinha
Que na hora de votar
Talvez até Edgard
Dê o voto a Maroquinha.

Maroquinha saiu vitoriosa com uma maioria de 380 votos.

Fernando Caldas




O incrível manto colorido do esquilo-gigante-indiano


A natureza vem sempre nos surpreendendo com a beleza exuberante de suas cores e formas.


Hoje o exemplo vem de um esquilo, o gigante indiano (Ratufa Indica), um esplêndido animal caracterizado por uma pelagem colorida fenomenal e exótica!

 https://www.greenme.com.br

O Ratufa Indica é um espécime que vive na região de Maharashtra, no centro-oeste da Índia, e é possível encontrar esses esquilos, em específico no Santuário da Vida Selvagem de Bhimashankar.

Esse esquilo é maior do que outras espécies similares: o Ratufa tem 35centímetros de comprimento e uma cauda grossa que pode chegar a 60 centímetros, o que lhe permite agarrar-se às árvores e a se mover agilmente entre os galhos.

O Ratufa se movimenta e se esconde no topo de mangueiras e coqueiros para encontrar comida e escapar dos predadores, dos quais, é difícil não ser notado.

Além das dimensões incríveis, o que chama a atenção nesse animal belo e fofo é a impressionante paleta de cores do seu pelo que vai do azul ao bordô, passando por vários tons de vermelho, marrom, laranja e amarelo.

O Ratufa infelizmente está incluso na lista de espécies ameaçadas de extinção: desde a abertura do santuário na Índia, na década de 1980, o número de espécimes aumentou atingindo o pico de 22 mil indivíduos, mas atualmente a população desses esquilos está novamente  diminuindo.

Agora aprecie toda beleza dessa espécie de esquilo neste vídeo do canal WildGreen Films:

Nestas imagens dá para conferir a esperteza e a agilidade deste animal que vive andando nos galhos em busca de alimentos.

O Ratufa, mesmo com todos seus atributos e presteza, é mais uma espécie que precisa de nossa atenção para ser protegida e preservada!

 
Professora, alfabetizadora, formada em História pela Universidade Santa Cecília, tem o blog A Vida nos fala e escreve para GreenMe desde 2017.
Tenho um verso na mão direita
E na esquerda meu coração.

Newton Navarro, poeta potiguar

Artista argentino cria tanque de guerra munido da arma mais poderosa: livros




Artista argentino cria tanque de guerra munido da arma mais poderosa: livros 1

Já dizia Nelson Mandela: “A educação é a arma mais poderosa que você pode usar para mudar o mundo”. Talvez esta frase tenha inspirado o artista argentino Raul Lemesoff, o responsável pela criação de uma arma que pode mudar a vida de muitas pessoas: ele transformou um antigo carro Ford Falcon, de 1979, em um tanque de guerra. Mas, ao invés de disparar balas, o veículo dispara livros.
O Razões e o Educa Mais Brasil te ajudam a conseguir bolsa de estudo para cursos técnicos e profissionalizantes, cursos de idiomas, entre outras, clique aqui.

O veículo funciona como uma verdadeira biblioteca itinerante. O formato é de tanque de guerra e tem até um canhão, mas toda a lateral é repleta de prateleiras, em que são dispostos até 900 livros, com os mais diversos temas e estilos.

Com a munição de livros pronta, o artista percorre as ruas de Buenos Aires, na Argentina, disparando livros por todos os lados e para todas as pessoas que cruzam o seu caminho. Não é necessário pagar nada pelos exemplares, apenas se comprometer com a leitura:

O projeto em que Lemesoff trabalhou nos últimos anos dá um novo significado a um dos principais símbolos de guerra, que foi batizado de “Arma de Instrução em Massa”. 

De:  https://razoesparaacreditar.com



Eu não vou falar sobre a obra poética de um gênio (esquecido e injustiçado da poesia brasileira) chamado João Lins Caldas (poeta Norte-riograndense do Assu) porque, é tarefa difícil para mim. Apenas registrar a grandeza do seu poetar como venho fazendo por meio desta página. Porém, tenho certeza, trata-se de um vate que, por ironia do destino, não conseguiu publicar-se. Tinha ele, Caldas, a convicção de que publicado todo seu trabalho literário se consagraria como um dos maiores da poesia universal. O poema (inédito) adiante, penso eu, já é o bastante para "figurar numa antologia dos maiores poetas do mundo". Vejamos:

Eu acendi o relâmpago do ódio.

A noite tem ladrões engurujados
E tem traidores
E tem invejosos
E tem morcegos
E tem corujas
Eu preciso com os seus relâmpagos queimar toda essa fauna da noite.
A noite tem ladrões engurujados
Eles são lemáticos e frios,
Desencantados
O encanto dos charcos mais sombrios,
A sombra de todos os malvados,
- Condenados,
As suas ânsias, os seus arrepios...
A noite tem, com a traição, a inveja, os invejosos...
São da noite
Todos esses negros partos monstruosos...
São da noite
Os ladrões, a traição, os invejosos...
Mas da noite
Luminosos
Os relâmpagos que hão de queimar também todos os invejosos...

Acendam-se todos os meus relâmpagos.

Postado por Fernando Caldas

terça-feira, 31 de dezembro de 2019

segunda-feira, 30 de dezembro de 2019

A política é quase tão excitante como a guerra e não menos perigosa. Na guerra a pessoa só pode ser morta uma vez, mas na política diversas vezes. 

Winston Churchill
Repostando por correção:

Por João Lins Caldas

Eu trabalhei por uma eternidade.
Meus filhos, pelos meus filhos, eu trabalhei por uma eternidade em pensamentos.
Meus filhos, pelos meus filhos, eu trabalhei por uma eternidade.

Era a luz do meu verso a arder na cruzada do meu sentimento.
Todas as vozes do meu ser arrancadas
E dos raios do meu ser, e dos raios todos do meu maior sentimento.

Eram o céu e a luz de toda minha vontade.
O ardor da minha fé, a minha fé como o meu monumento.
E a minha voz de fé, e a minha fé toda como vontade.

Eram Deus e a verdade, sendo Deus a verdade dos crentes.
E o iluminado, e o circulo de fogo de todos os iluminados.
A fé de todos os vivos, a vida de todos os crentes.

Os oceanos, os rios, as ondas longas de todos os lagos crescentes e decrescentes.
As escadas, os degraus, as escarpas mesmo de todas as subidas
E as descidas escarpadas, e as subidas crescentes e decrescentes.

Os rosais, os pomares, todas as ervas e todas as flores.
Todas as vidas, vivas, que se faziam e que se fizeram para as vidas...
Tudo de tudo; todos os galhos, todas as raízes, todos os frutos e todas as flores...

Caí porém de caída...
Hoje, e não conheço a vida...
Mataram-me, e como me mataram mesmo de todos os estertores...

domingo, 29 de dezembro de 2019

A imagem pode conter: árvore, céu, grama, nuvem, atividades ao ar livre e natureza

Estudantes de Natal criam veículo adaptado para levar cadeirantes à praia

De:  https://agorarn.com.br

Diferente das rodas finas da cadeira de rodas que logo afundam, o veículo tem seis rodinhas largas com um sistema de tração

 


Divulgação
 
A cadeira de rodas sobe na plataforma do Crab por uma rampa e é possível “dirigir” o veículo usando um controle remoto
Ir à praia, andar na areia e entrar na água pode ser o programa ideal para quem vive perto do mar. No entanto, imagine o desafio que é para um cadeirante se deslocar pela areia e ter esse momento de lazer.

Após ouvir o relato sobre as dificuldades de um cadeirante da cidade de Natal (RN) para ir à praia, um estudante do Instituto Federal do Rio Grande do Norte quis mudar essa realidade e teve a ideia de criar um veículo adaptado.

O projeto do estudante Iago Souza ganhou o apoio da colega Maraysa Araújo e dos docentes Artur Salgado e João Teixeira. Eles desenvolveram o Crab, palavra em inglês que significa caranguejo, numa referência à habilidade do animal de andar na areia.

Diferente das rodas finas da cadeira de rodas que logo afundam, o veículo tem seis rodinhas largas com um sistema de tração. A cadeira de rodas sobe na plataforma do Crab por uma rampa e é possível “dirigir” o veículo usando um controle remoto.

O primeiro protótipo em escala real foi produzido e, duas vezes por ano, faz demonstrações na orla de Natal levando os cadeirantes até a faixa de areia próxima ao mar. O Crab tem capacidade para transportar uma cadeira de até oitenta quilos. A bateria é alimentada por energia solar e chega a durar sete horas.

Um dos idealizadores do projeto de acessibilidade, o diretor de Inovação Tecnológica do campus Natal-Zona Norte do Instituto Federal do Rio Grande do Norte, João Teixeira, diz que o grande mérito do Crab é devolver a autonomia para quem tem dificuldade de locomoção.

“Demonstra a expansão do mundo dos cadeirantes. Eles têm dificuldade de locomoção, de ter acesso a lugares, algo que deveria ser um direito garantido. É necessário que haja políticas públicas que possibilitem levá-los a lugares onde há dificuldade de acesso, como é o caso da praia”, disse Teixeira.

O garoto João Gabriel Andrade, de 8 anos, participou do projeto desde o início e já foi à praia duas vezes usando o Crab. A mãe, Juliana Andrade de Castro, conta que o filho ficou encantado. “O projeto é fantástico. O carro ajudou, porque são os pés dele. Para ele foi maravilhoso e, pra mim, mais ainda. Ele inclusive conseguiu controlar o carro, então ficou encantado”, relatou.

A experiência foi muito diferente de outro passeio que eles fizeram à praia, que terminou com os pais carregando o menino e a cadeira de rodas. “Tentei uma vez e quase morro. Andei dois metros e tivemos que colocar a cadeira num braço e ele no outro. É impossível andar com a cadeira na areia fofa”, disse. Para ela, o ideal é que um número maior de crianças, também de outros estados, pudesse ter acesso ao Crab.

 

Projeto de expansão


A meta agora é expandir a iniciativa e levar o Crab a outras praias do País. O diretor João Teixeira conta que a equipe vai buscar parcerias ou mesmo transferir tecnologia para que mais unidades do veículo sejam produzidas.

“Esperamos ter o apoio de instituições, do governo, para que a gente possa desenvolver esse veículo em maior quantidade e disponibilizar nas praias do Brasil”, explicou.

A experiência do Crab foi apresentada em eventos no Brasil e no exterior e recebeu prêmios, na Feira Brasileira de Ciências e Engenharia, em São Paulo, e na Mostra Internacional de Ciência e Tecnologia, no Rio Grande do Sul. A invenção ainda levou o primeiro lugar na Infomatrix, feira realizada no México.

A imagem pode conter: texto

quinta-feira, 26 de dezembro de 2019

SURDINA

Um vento leve, os pés de lã,
Vem vagaroso, como uma carícia para a minha fronte.
Como será amanhã?
Na lembrança da tarde, outra tarde distante...

Os olhos para a terra, os olhos para o monte...
E distante
Na curva do caminho, a curva adiante,
Sem que me afoite,
Os passos que da tarde para a noite,
Sou distante...

Longe de mim, tão perto da minh'alma...
Uma pétala de rosa no meu rosto...
E o desgosto
A lembrança que fui d'aquela calma...

A calma que não sou, da minha vida...
Nova pétala de rosa, demorada...
que me trás esse vento, tarde amada?
Ah! a lembrança que me foi querida...

Um vento leve, os pés de lã,
Vem vagaroso, como uma carícia para a minha fronte.
como será amanhã?
sem que me afoite,
os passos que da tarde para a noite,
sou distante...

(João Lins Caldas)

 

quarta-feira, 25 de dezembro de 2019

Afinal, o que é sonho?
Será querer o impossível?
Sonho é querer?
Que loucura!
Acho que sonho, pode ser
um grito da alma.
Preciso definir o que é sonho!
Sonhar é lançar-se no espaço,
Sonho é mergulhar no infinito.
Sonhar é a vontade de ver de novo.
Não! Isso é definição de saudade!
Sonho, será o mesmo que devaneio?
Se é, para que tanto rodeio!
No meu sonho sou poeta.
Já sei, sonho é ter amizade sincera,
É ter um grande amor nos braços,
É esquecer todos os fracassos.
É dar e receber beijos de ternura,
É fazer do amor uma doce loucura,
É nutrir sentimento bem definido,
É sentir um amor não dividido.
É sentir paixão ardendo no peito!
É isso mesmo!
É assim,
Que eu sonho..
.
(Cristina Costa)

*Ninguém como ELE...*

 *_Ninguém NASCEU como Ele..._* 
 
Seu nascimento há centenas de anos foi fartamente anunciado
Pois o Espírito de Deus a homens santos inspirados
Anunciou local, condições, ascendência, nomes e sua missão
Sem falhas ou mesmo erros, mas com fantástica exatidão.

 _*Ninguém VIVEU como Ele...*_ 

Nada tendo como seu
No entanto, para servir aos outros Ele viveu.
Embora de humilde ofício de sua carpintaria
Para multidões que a Ele acorreram discursaria
Nos caminhos e cidades da Judéia
Ou mesmo por montes e mares da Galiléia
Não foram poucos os que queriam ao menos vê-Lo
E ouvi-Lo falar do Pai com tanto zelo.
E o evangelista relatando descrevia
Somente “Fazendo o bem, ele vivia”.

 _*Ninguém AMOU como Ele...*_ 

Cercado por discípulos, crianças, jovens e anciãos
Pessoas ricas, pobres, doentes e também os sãos
A todos igualmente Ele tratava
Declarando a quem quer que O procurava
Com autoridade de que domina a situação
Sua identidade, seu propósito, sua missão.
Sendo de Deus, o Enviado
O Amor encarnado
Jamais limitou do sentimento a extensão
Amando sem medidas, foi assim
Que os discípulos “amou-os até o fim”.

 _*Ninguém MORREU como Ele...*_ 

De seus trinta e três anos de vida que aqui se registrou
Em pouco mais de três seu ministério concretizou
Não lhe esperava, no entanto, uma morte honrosa
Para cumprir a profecia e salvar o homem
Estava destinado a si a cruz ignominiosa.
Sofreu a dor da rejeição, do escárnio e do desprezo
Nada alegou e não reagiu quando foi preso.
De seus discípulos, outrora inseparáveis do meigo e bom Pastor,
Exceto João, se foram todos, vendo de longe padecer o Salvador.
Expirou com um brado de vitória
Suportando os pecados da humanidade
Ao Pai Seu espírito entregou
Respondendo aos algozes Ele provou
Com Sua Vida, o sentido da Verdade.

 _*Ninguém RESSUSCITOU como Ele...*_ 

Foi no alvorecer do terceiro dia
Que o maior milagre de toda história se realizou
As três Marias, indo ao túmulo, entristecidas
Estupefatas, descobriram que a pedra alguém rolou.
Não tinha sido o jardineiro
E muito menos a escolta do poder romano
Certamente o que ali se passara
Acima estava do entender do ser humano.
Entre lágrimas de singela dor e de saudade
Foi do anjo que ouviram a novidade:
“Não está mais aqui Aquele
Que a morte venceu e a profecia cumpriu.
Anunciai a todo mundo que o Rei dos Reis,
Príncipe da Paz, Conselheiro,
Pai da Eternidade, Maravilhoso, ressurgiu!”

 _*Ninguém VIRÁ como Ele...*_ 

Mais de dois mil anos se passaram
Desde aquela manhã tão gloriosa.
Decorreram vinte séculos que neste mundo
A presença do Santo Espírito o homem goza
Mas o tempo do fim não tarda a se cumprir
E ao homem pouco tempo lhe resta prá se decidir
Eis que vindo o Filho do Homem lá nas nuvens
Como havia antes sido profetizado
Da Salvação a porta será fechada
E da decisão a oportunidade estará encerrada.

É sua hoje a escolha, leitor amigo
Não desprezes nem rejeites este convite
Salve sua vida e viva seus dias descansado
Tenha certeza de que Ele nunca o deixará
Suas promessas fielmente cumprirá
E para sempre ao seu lado Ele estará!

 _*Ninguém É como Ele...*_ 

Nosso amado Redentor Onipotente
Nosso Salvador suficiente
Supremo Pastor, Sol da Justiça, SENHOR JESUS!!!

 _Clênio Falcão Lins Caldas_

“A minha alma tem pressa” – Belíssimo poema para refletir

O brilho que você gera irrita aqueles que vivem na escuridão

 


A ALMA

Por Augusto Frederico Schomidt

Às vezes eu sinto – minha alma
Bem viva.
Outras vezes porém ando erradio,
Perdido na bruma, atraído por todas as distâncias.

Às vezes entro na posse absoluta de mim mesmo
E a minha essência é alguma coisa de palpável
E de real.
Outras vezes porém ouço vozes chamando por mim,
Vozes vindas de longe, vozes distantes que o vento traz nas tardes mansas.

Sou o que fui …
Sou o que serei …

Às vezes me abandono inteiramente a saudades estranhas
E viajo por terras incríveis, incríveis.
Outras vezes porém qualquer coisa à-toa –
O uivo de um cão na noite morta,
O apito de um trem cortando o silêncio,
Uma paisagem matinal,
Uma canção qualquer surpreendida na rua –
Qualquer coisa acorda em mim coisas perdidas no tempo
E há no meu ser uma unidade tão perfeita
Que perco a noção da hora presente, e então

Sou o que fui.
E sou o que serei.

terça-feira, 24 de dezembro de 2019

*Os magos que visitaram Jesus*

Neste próximo dia seis de janeiro, em alguns países que tradicionalmente não comemoram o Natal,  é celebrado o Dia de Reis, dedicado justamente àqueles homens que visitaram Jesus em Belém, quando seguiram o rumo de uma estrela especial que avistaram em seu país de origem e que os guiou justamente até a Cidade de Davi.
De acordo com a Bíblia, _“E tendo nascido Jesus em Belém de Judéia, no tempo do rei Herodes, eis que uns magos vieram do oriente a Jerusalém.” (Mateus 2:1)_ . Aliás, Mateus não fala de reis. Julga-se que terá sido Tertuliano de Cartago quem no início do sec. III D.C. teria escrito que os Magos do Oriente eram reis. Mais uma vez, o motivo pode vir de algumas referências do Antigo Testamento, como é o caso do Salmo (68:29): _“Por amor do teu templo em Jerusalém, os reis te trarão presentes.”_ Foram mencionados apenas no Evangelho segundo Mateus, onde se afirma que teriam vindo "do leste" para visitar Cristo.
Nem Mateus ou qualquer outro evangelista cita literalmente que eram três os homens que foram oferecer os presentes à criança nascida em Belém. Deduz-se que poderiam ser três diante das três dádivas que trouxeram (ouro, incenso e mirra). Muito menos que seus nomes eram Melchior, Baltasar e Gaspar, atribuído esse fato à tradição.
Não seriam reis nem necessariamente três mas sim, talvez, sacerdotes da religião zoroástrica da Pérsia ou conselheiros. Como não diz quantos eram, diz-se três pela quantia dos presentes oferecidos. A exegese vê na chegada dos magos o cumprimento da profecia contida no livro dos Salmos (Sl. 71, 11): _“Os reis de toda a terra hão de adorá-Lo”._
Talvez fossem astrônomos, pois, segundo consta, viram uma estrela e foram, por isso, até a região onde nascera Jesus. Assim os magos sabendo que se tratava do nascimento de um rei, foram ao palácio do cruel rei Herodes em Jerusalém na Judeia. Perguntaram eles ao rei sobre a criança. Este disse nada saber.
Herodes alarmou-se e sentiu-se ameaçado, e pediu aos magos que, se o encontrassem, falassem a ele, pois iria adorá-lo também, embora suas intenções fossem a de matá-lo. Até que os magos chegassem ao local onde estava o menino, já havia se passado algum tempo, por causa da distância percorrida, assim a tradição atribuiu à visitação dos Magos o dia 6 de janeiro.
Atente bem para esta passagem bíblica: "Entrando na casa"(grifo nosso),  viram o menino (Jesus), com Maria sua mãe. Prostrando-se, o adoraram; e abrindo os seus tesouros, entregaram-lhe suas ofertas: ouro, incenso e mirra." (Mt 2, 11)._
A tradicional crença de que Jesus foi visitado quando do seu nascimento não é consensual entre todas as pessoas. Há pessoas que acreditam que Jesus já possuía uma certa idade. Segundo seus defensores há quatro linhas de evidência para acreditar que Jesus já não era mais um bebé quando recebeu a visita: a) a tradução para o texto de Mat. 2.11 usa a expressão "uma criancinha", "um menino", e não um bebê em diversas traduções de respeito, como a Almeida; b) Mat 2.11 também cita que quando Jesus foi encontrado estava em uma casa e não em uma manjedoura; c) o fato de Herodes mandar matar as crianças de até dois anos e, por último, d) o fato de Maria ter dado apenas dois pássaros no templo como contribuição pelo nascimento do menino, o que a identificava como muito pobre, e não parte dos presentes que supostamente já teria ganho, já que na visita ela, através de seu filho, ganhou ouro e outros itens valiosos.
O ouro representa a realeza além da providência divina para sua futura fuga ao Egito. O incenso representa a fé, pois era usado nos templos para simbolizar a oração que chega a Deus assim como a fumaça sobe ao céu (Salmos 141:2). A mirra, resina antisséptica usada em embalsamamentos desde o Egito antigo, nos remete ao gênero da morte de Jesus, o martírio, sendo que um composto de mirra e aloés foi usado no embalsamamento de Jesus (João 19: 39 e 40).
Devemos aos Magos a tradição de trocar presentes no Natal. Dos seus presentes surgiu essa tradição em celebração do nascimento de Jesus. Em diversos países, como por exemplo os de língua espanhola, a principal troca de presentes é feita não no Natal, mas no dia 6 de janeiro.

Clênio Falcão Lins Caldas (baseado em pesquisas extraídas de vários sites da internet e consultas à Bíblia)
"Deixo minha visão ao homem que jamais viu o amanhecer....
Deixo minha visão ao homem que jamais viu o amanhecer nos braços da mulher amada. Deixo meu coração à mulher que vive exclusivamente para fazer o coração de seu filho feliz. Deixo meus rins às pessoas que tiveram seus sonhos interrompidos, mas que ainda os cultivam. Deixo meu pulmão ao adolescente que quer gritar ao mundo mais uma vez ‘eu te amo'. Deixo meu fígado para aqueles que não tinham esperança na recuperação. Deixo ossos, pele, cada tecido meu, à criança que ainda não descobriu o que é viver por inteiro. Deixo a você o meu exemplo. Deixo à minha família o desejo de ser um doador. Deixo para a vida, enfim, um recado: nós vencemos! Seja um doador de órgãos."
AOS OLHOS DELE

Não acredito em nada. As minhas crenças
Voaram como voa a pomba mansa,
Pelo azul do ar. E assim fugiram o
As minhas doces crenças de criança.


Fiquei então sem fé; e a toda gente
Eu digo sempre, embora magoada:
Não acredito em Deus e a Virgem Santa
É uma ilusão apenas e mais nada!

Mas avisto os teus olhos, meu amor,
Duma luz suavíssima de dor...
E grito então ao ver esses dois céus:

Eu creio, sim, eu creio na Virgem Santa
Que criou esse brilho que m'encanta!
Eu creio, sim, creio, eu creio em Deus!

(Florbela Espanca)

segunda-feira, 23 de dezembro de 2019

QUATRO SONETOS DE VIRGÍNIA VITORINO

DESPEITO


Digo o que noutro tempo não diria:
Foi tudo um grande sonho enganador...
Nego o passado, e juro que este amor
Só existiu na tua fantasia...


Sinto a volúpia da mentira! A dor
Não transparece. Nego... Que alegria!
Fiz crer ao mundo inteiro, por magia,
Que és de todos os homens o pior...


Nunca me entonteceu esse sorriso...
E, vê lá tu, se tanto for preciso,
Nego também as cartas que escrevi!

Quero humilhar-te, enfim... Mas não entendo
Porque me exalto e choro e te defendo,
Se alguém, a não ser eu, diz mal de ti...


ORGULHO


És orgulhoso e altivo, também eu...
Nem sei bem qual de nós o será mais...
As nossas duas forças são rivais:
Se é grande o teu poder, maior é o meu...


Tão alto anda esse orgulho!... Toca o céu.
Nem eu quebro, nem tu. Somos iguais.
Cremo-nos inimigos... Como tais,
Nenhum de nós ainda se rendeu...


Ontem, quando nos vimos, frente a frente,
Fingiste bem esse ar indiferente,
E eu, desdenhosa, ri sem descorar...

Mas, que lágrimas devo àquele riso,
E quanto, quanto esforço foi preciso,
Para, na tua frente, não chorar...


TRISTEZA


Nos dias de tristeza, quando alguém
Nos pergunta, baixinho, o que é que temos,
Às vezes, nem sequer nós respondemos:
Faz-nos mal a pergunta, em vez de bem.


Nos dias dolorosos e supremos,
Sabe-se lá donde a tristeza vem?!...
Calamo-nos. Pedimos que ninguém
Pergunte pelo mal de que sofremos...


Mas, quem é livre de contradições?!
Quem pode ler em nossos corações?!...
Ó mistério, que em toda parte existes...

Pois, haverá desgosto mais profundo
Do que este de não se ter alguém no mundo
Que nos pergunte por que estamos tristes?!


RENÚNCIA


Fui nova, mas fui triste... Só eu sei
Como passou por mim a mocidade...
Cantar era o dever da minha idade,
Devia ter cantado e não cantei...


Fui bela... Fui amada e desprezei...
Não quis beber o filtro da ansiedade.
Amar era o destino, a claridade...
Devia ter amado e não amei...


Ai de mim!... Nem saudades, nem desejos...
Nem cinzas mortas... Nem calor de beijos...
Eu nada soube, eu nada quis prender...


E o que me resta?! Uma amargura infinda...
Ver que é, para morrer, tão cedo ainda...
E que é tão tarde já, para viver!...

Por Vivianne Caldas
No palanque fazem a festa
Embaixo os jovens homenageiam
Com faixas representam a história
De um povo
Dos primeiros povos
Da ilha entre dois rios
Da grande Ipanguaçu

Os jovens, embaixo, representam as famílias
Felizes por trazerem os laços da história da grande ilha
E uma família não é citada, quando um jovem
Abaixo traz na faixa, o nome da família Caldas.
Família que tem história
Marca desde dos primórdios deste chão
Família donas de terra, de escritores
Poetas e tradição
Família que esqueceu de ser dita no palanque da gestão
Família que doou terras para órgãos públicos
Família de Renato Caldas,
João Lins Caldas e Elisa Ribeiro de Oliveira
Família de nome e sobrenome
Que deste torrão ninguém apaga
E que nos escritos da região
É tão homenageada
Que fez de Açu
A terra dos poetas
Por meio de Renato Caldas.
Escrevo neste poema,
Uma pequena homenagem
A família de escritores, poetas
E doutores
Que ajudou a construir esta cidade.

domingo, 22 de dezembro de 2019

VIDA CANSADA

Cansado.
Pergunto quem me cansou.
- A vida.
Pergunto quem me descansará.
- A vida, a vida.
Tudo é a vida, vida cansada.

(Caldas)

Eu a gemer,
Eu feito dor,
Não meu amor,
Eu só a ver
Meu dissabor...

Mas há quem o chame de meu amor.

(João Lins Caldas

quinta-feira, 19 de dezembro de 2019

PELO DIA DA CONSCIÊNCIA NEGRA Se Guilherme de Almeida escreveu 'Raça', em 1925, uma obra literária “que tem como tema a gênese da na...