José André de Souza ou Zezinho André, como era mais conhecido, era uma figura admirável. Eu morei próximo a sua casa (da rua Senador João Câmara), que eu passei a frequentar ainda menino, lá pelos idos dos anos sessenta e começo de setenta, como amigo de toda sua família, principalmente dos seus filhos Reges e Rogério.
Lembro-me dele, Zezinho, participando ativamente da memorável campanha política de 1962, quando Walter Leitão - Golinha (meu tio-afim), que tinha como seu vice-prefeito Francisco Assis da Cunha - Chico Pacaré, sogro de Zezinho, disputando a prefeitura do Assu, contra Maria Olímpia Neves de Oliveira - Maroquinhas, numa campanha da mais tensa e intensa que o Assu já viveu. Naquela eleição, Zezinho era candidato a vereador pela UDN - União Democrática Nacional, cuja bandeira no Assu, era empunhada pelo seu amigo e compadre, deputado e líder incontester Edgard Borges Montenegro.
Na iniciativa privada, Zé André, como era também conhecido, teve vários sucessos. Foi grande comerciante em Natal e no Assu, onde (no começo dos anos setenta) foi propritário de posto de gasolina, comprava e vendia castanha, peles e couros, produtos que ele comercializava com grandes empresários exportadores cearenses, entre outras atividades empresariais.
Figura aparentemente agradável, decidido, bom amigo, franco, sortudo, ganhador de loterias, extremamente vaidoso. No começo dos anos setenta, esnobava com o seu Dodje Dart cupê. Naquele tempo, era o único veículo de luxo existente no Assu e região.
Lembro-me dele, Zezinho, candidato a vice-prefeito do Assu, na chapa encabeçada por Walter Letão, nas eleições de 1972, pela ARENA - Aliança Renovadora Nacional, contra Sebastião Alves que tinha o apoio do prefeito João Batista Montenegro. E Zezinho e Walter, estruturados e embalados por uma marchinha (paródia) que pegou pra valer, ganharam a eleição folgadamente. E o povo cantava nas ruas do Assu, a seguinte marchinha: "(...) mas eu agora, não lhe dou satisfação, vou dar meu voto a José André e a Walter Leitão (...)."
Zezinho viveu tempos de glórias na política da terra assuense, graças o seu carisma e a sua determinação. Em sua casa (sou testemunha ocular), ele fora visitado muitas vezes, por influentes políticos da terra potiguar, como José Agripino, quando candidato ao governo do Rio Grande do Norte e já governador, além do deputado Vingt Rosado, prefeito de Mossoró Dix-zuit Rosado, deputado estadual Willy Saldanha, senador Jessé Freire, deputado federal Jessé Freire Filho (Jessezinho), dentre outros da terra potiguar, que tiveram o seu apoio político no Assu.
A campanha de 1982, foi a que mais marcou a sua trajetória política. Seus amigos e correligionários, entusiasmados com a sua candidatura para prefeito da terra assuense, custearam as despesas de campanha, organizaram as passeatas (que deixaram tontos seus adversários), como Arnóbio Abreu (do MDB), Ronaldo Soares e Herval Tavares que, como ele, Zezinho, disputavam também aquela prefeitura pelo PDS - Partido Democrático Social.
Afinal, é preciso registrar que um dia, Zezinho se fez líder incontestável, carregado nos braços do povo, nas praças e nas ruas da sua amada cidade de Assu.
Descança em paz valente lutador, ao lado dos seus e de Deus. Durma o sono dos justos, dos humanos.
Fica aqui nestas singelas palavras, a minha saudade e registrado o meu abraço solidário a Dasdores, extensivo a todos os seus familiares.
Fernando Caldas