sexta-feira, 26 de junho de 2009

MANUSCRITO DE JOÃO LINS CALDAS

Dê um clique para visualizar melhor esta bela produção de João Lins Caldas:

POESIA DE RENATO CALDAS


Da esquerda para direita: O poeta Renato Caldas, dona Marinah Fonseca e o ex-deputado Nelson Montenegro (todos já falecidos).
Renato Caldas no seu livro intitulado "Meu Rio Grande do Norte - Outras Poesias, 1980, prefaciado por Expedito Silveira, editado pela Coleção Mossoroense, página 25, 26 e 27, dedica ao prefeito do Assu (1977-82) Sebastião Alves Martins, o poema sob o titulo "Ninguém Conhece Ninguém", que diz assim:

Senhor: eu não acredito
Que ninguém escute o grito
De angústia que a fome tem.
Não quero saber quem foi,
Quem inventou o perdoe...
Se negando fazer bem.

A espécie humana rasteja,
Sem saber o que deseja
Nem mesmo para onde vai...
É marcha hostil da matéria,
Caminha tropeça e cai.

Não sei no mundo o que fui
Fui talvez Edgar Poe...
Um Agostinho... Um plutão...
Nos festins da inteligência,
Mergulhei a consciência
E o vício estendeu-me a mão.

Na estrada dos infelizes
Na confusão dos matizes,
Nascem as flores também!
Sim, nos cérebros dos pobres
Há pensamentos tão nobres...
Ninguém conhece ninguém.

Fui nômade! Aventureiro,
Fui poeta seresteiro,
Um lovelace também!
Amei demais as mulheres
E procurei nos prazeres,
Marchar a face do bem.

Hoje, sinto a claridade,
Tenho, pois, necessidade
De meu passado esquecer.
Pouco importa os infelizes
À marcha das cicatrizes...
Se deixarem de doer.

Já viu lavar a desgraça?
Ou afogar na cachaça
A vergonha... a precisão?
É a fome conveniente
De tornar-se indiferente...
Podendo estender a mão.

Uma esmola por caridade:
É a voz da humilhação,
Morrendo de inanição
Não diga nunca perdoe,
Não queira saber: quem foi!
Esse alguém... é vosso irmão.

ASSU ANTIGO

O sobrado (a esquerda) fora demolido na administração do prefeito Edgard Montenegro, 1948-53, para dar lugar a sede da prefeitura daquele município, que Edgard começou a construir e o prefeito Francisco Augusto Caldas de Amorim, 1953-58, concluiu. O outro sobrado (a direita), pertencia a família Soares de Macedo, que também fora demolido para dar lugar a um prédio comercial, no começo dos anos oitenta. Podemos observar que a praça do Rosário (onde há muitos anos atrás era edificado uma pequena igreja, denominada Ireja do Rosário), ainda não teria sido construida. Na fotografia acima, podemos também observar as torres da Igreja Matriz de São João Batista.

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CELSO DA SILVEIRA




quarta-feira, 24 de junho de 2009

Clique na imagem para visualizar melhor.

"A Mutuca" era um periódico que circulou nos festejos do Padroeiro do Assu São João Batista, na década de sessenta e setenta. Já postei um artigo aqui neste blog, sobre aquele jornalzinho que satirizava a rapazeada e a moçada da época, além dos políticos locais. Naquele jornal era escrito pelos estudantes inteligentes da terra assuense, os poetas e jornalistas daquela cidade então provinciana. Aquela edição é data de 17 de junho de 1969, que guardo com muito amor e carinho, entre meus alfarrábios, que servirá como peça de museu, quando o poder público local, instalar o Museu do Assu. Fica o registro e a lembrança.

ALMOÇO DE SÃO JOÃO BATISTA

Esquerda para direita: dr. Edgard Montenegro, deputada federal Fátima Bezerra e o prefeito Ivan Júnior.

Durante o Almoço do Reencontro das famílias assuenses, o jovem prefeito Ivan Lopes Júnior saudou o ex-prefeito e ex-deputado Edgard Montenegro, pela passagem dos seus 89 anos de idade.
Esquerda para direita: Nelson Dantas (que foi empresário no Rio de Janeiro, onde também trabalhou numa das mais importantes agências de publicidades deste pais, que é a JMM Publicidade, nos tempos do assuense João Moacir de Medeiros (pioneiro em marketing político no Brasil, falecido recentemente), o ex-vereador e presidente da Câmara dos Vereadores do Assu Fernando Caldas - Fanfa (1985-86) e o blogueiro Juscelino França, no dia do Almoço do Reencontro, realizado no último domingo, em Assu. Nelson foi também auxiliar do então prefeito Zé Maria, salvo engano, na sua segunda administração frente a preitura da terra asuense.

AINDA SOBRE O SÃO JOÃO EM ASSU


Esquerda para direita: Fernando Caldas (Fanfa), o blgueiro de fatos políticos Juscelino França, o deputado federal Betinho Rosado, o ex prefeito do Assu Zé Maria Medeiros e o vereador Carlos Alberto Bezerra (carlinhos).

Estive na minha querida cidade de Assu, neste último domingo (dia e noite). Durante o dia realizou-se o tradicional "Almoço de São João", no Largo da praça da Matriz. Milhares de pessoas da sociedade assuense (ricos e pobres) compareceram aquela confraternização. A noite, deu-se início a novena e o grande shoow da dupla sertaneja Zezé di Camargo e Luciano. Pena que não pude ficar para o encerramento daquela festa religiosa que alí se realiza desde 1726. Parbenizo, portanto, o prefeito da terra assuense Ivan Lopes Júnior, pela grande festa, que termina amanhã com apresentação do músico de nome nacional, Leonardo.

terça-feira, 23 de junho de 2009

MAIS UM POUCO DE JOÃO LINS CALDAS

Seu Caldas, o "poeta da solidão e da dor" como define Maria Eugênia, em data de 1909 residia no povoado de Sacramento (fundado pelo meu bisavô paterno Luiz Lucas Lins Caldas) atual município de Ipanguaçu. Naquele ano ao ver um touro passar para o matadouro daquela localidade, levado por certo marchante (negociante de carne) escreveu o soneto intitulado Um Touro, cujos versos fora divulgado no Brasil e no exterior. Vamos conferir o célebre soneto:

Vais morrer, vais morrer... O cepo do marchante
Breve te pesará sobre a cabeça rude...
E tu, pobre animal, sem crime e sem virtude,
Nunca mais hás de ver o teu curral distante.

Jamais hás de provar, num mourejar constante,
Entre vacas e bois, a revelar saúde
Das águas de cristal do mais sereno açude
Ou do verde capim do campo mais fartante.

A tua pobre carne há de servir de pasto...
E quando fores nada, quando fores gasto,
Te resta esse consolo, o consolo dos mortos:

Morreste por servir, alimentando vidas,
Muito franco pesar, muitas dores compridas,
Muitos cegos que vão pelos caminhos tortos...

TRÊS SERTANEJOS

Fotografia: Arquivo de Valderi Tavares. Zezé di Camargo, Luciano e o prefeito do Assu (RN) Ivan Lopes Júnior.

Dentro da programação dos festejos do padroeiro do Assu São João Batista, Zezé di Camargo e Luciano (ícones da canção brasileira), se apresentaram naquela cidade festeira, neste último domingo. Naquela ocasião, aquela dupla de cantores sertanejos foram visitados no camarim pelo senador Garibaldi Alves Filho, deputado presidente da Assembléia Legislativa Robson Faria, deputado federal Fábio Faria, prefeito Ivan Lopes Júnior, vice-prefeito Alberto Luiz e demais autoridades locais. Das mãos daquele jovem prefeito, Zezé e Luciano receberam a camisa do Assu (time campeão do Estado potiguar, 2009), também denominado de "Camaleão do Vale." Fica o registro.

segunda-feira, 22 de junho de 2009

VEREADOR ÁS DE COPA

O ex-vereador Carlos Barromeu da Silva (Carmelito) de saudosa memória, gostava de jogar cartas (baralho). Numa certa cessão legislativa na Câmara dos Vereadores do Assu, presidida por minha pessoa (1985-86), ele, Carmelito, cochilava. Lembrei-me de fazer com ele uma brincadeira, dizendo assim: "Carmelito, ás de copa!" - O vereador assustado e ainda sonolente, gritou: "Bati, presidente!"

VERDE E VERMELHO

A cor verde no Rio Grande do Norte representava o bloco político do governador Aluísio Alves, e a vermelha o do senador Dinarte Mariz. Pois bem, Antônio Benevides quando fazia política no então distrito de Santa Luzia, atual e próspero município de Carnaubais, em razão do insucesso que tivera numa certa eleição naquela localidade, externou insatisfeito: "Eu não entendo os meus eleitores! Quando eu vou pro verde eles vão pro vermelho! Quando eu vou pro vermelho, eles vão pro verde!" - É que em política acontece de tude.

NOTA

Há 89 anos atrás, nascia (casa número 19 do Largo da Matriz de São João Batista, de Assu) um menino filho do casal Cândida Borges Montenegro e Manuel de Melo Montenegro - majó Montenegro), que mais tarde se tornaria um dos maiores líderes políticos que o Vale do Assu já teve, chamado Edgard Borges Montenegro.
O autor deste blog, que tem a honra de tê-lo como primo e amigo, parabeniza aquela ilustre figura que dignifica o Assu e engrandece a política do Rio Grande do Norte.

Fernando Caldas

sábado, 20 de junho de 2009


Ao comandante Edgard Montenegro (engenheiro agrônomo), que teve o privilégio de ter nascido numa noite dos festejos juninos de São João Batista, o Padroeiro do Assu, sua terra natal (ele é veterano da política potiguar e, se não o é mais antigo é, pelo menos, um dos mais ainda militando na política da terra potiguar, que durante quase quarenta anos liderou a política do Assu, como prefeito -1948-53, deputado estadual por várias legislaturas e chefe político, com vasta folha de serviços prestados ao Rio Grande do Norte, principalmente ao seu decantado Vale do Assu. Ele foi também auxiliar do governo Cortez Pereira, na década de setenta, além de diretor regional do DNOCS - RN), dedico no dia do seu aniversário, ou melhor dizendo, dos seus bons 89 anos de idade, com uma lucidez invejável) ,o poema de produção do consagrado bardo assuense Renato Caldas, intitulado "Meu São João", que diz assim:

Seis horas da tarde...
arde
em mim, a fogueira da ausência...
noltalgia!
A noite se debruça
nos escombros do dia.
- Evocação -
O sol vermelho cor de brasa,
desce, e a porta de sua casa,
acende uma fogueira a São João.

Fernando Caldas

quarta-feira, 17 de junho de 2009

AINDA SOBRE JOÃO MACAÍBA

O assuense Chagas Matias colabora com este blog com mais uma glosa do poeta do Assu, chamado Macaíba. Ele conta que "certa vez numa bebedeira nas barracas do Rio Açu, ao olhar aquelas garotas deitadas só de biquine nas areias, se bronzeando, o grande Barrinho deu este mote a Macaíba: Tanto tabaco no rio e eu com o nariz entupido. Macaíba glosou:

Ninguém aquece o meu frio,
Ninguém mata o meu desejo,
E meio desesperado vejo,
Tanto tabaco no Rio.
Um homem sendo vadio,
Fica logo enfurecido.
Eu mesmo já dei gemido
Que estou me sentindo fraco
De olhar tanto tabaco
Eu eu com o nariz entupido.

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terça-feira, 16 de junho de 2009

TROVINHAS DE ZÉ AREIA

Zé Areia (José Antônio Areia Filho, seu nome de registro) era uma figura por demais conhecida na cidade de Natal, onde nasceu em 1901, e faleceu em 1974. Ele foi barbeiro e vendedor de loterias. Naquela capital então provinciana. Já comentei aqui neste Blog, um pouco sobre as suas tiradas de espíritos, suas presepadas praticadas principalmente com os americanos que se aportaram naquela terra natalense na época da segunda grande guerra. Além das suas estórias jocosas, Areia dava-se o luxo de escrever trovinhas engraçadas, sacanas, amorosas, religiosas. Vejamos alguns versos que ele produziu para o nosso bem estar:

I

A lua tão branca e bela,
A mandado de Jesus,
Debruçou-se na janela
E pulverizou-nos de luz.

II

Ó milagroso Jesus!
A vós só peço justiça,
Fazei com que minha cruz
Seja feita de cortiça.

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segunda-feira, 15 de junho de 2009

LEMBRANDO JOÃO MACAÍBA

Macaíba era soldador de profissão, tocador de cavaquinho e dava-se o gosto de fazer versos. Lembro-me dele (ele faleceu, salvo engano, há uns quinze anos atrás) nos anos sessenta tocando nas serestas realizadas no bar Beira Sesp , que marcou uma época no Assu. Pois bem, recebi de Chagas Matias (que é declamador e admirador dos poetas assuenses, irmão do poeta Ynamá Matias), uns versos do poeta Macaíba, que diz assim:

Chegando ao cemitério,
Bem triste fiquei pensando,
Fui também observando
Que a vida é um mistério.

Quem tinha tanto império,
Tem sua vida acabada,
Pisei numa cruz quebrada
Bem em cima de uma cova,
Aquilo serviu de prova,
Que o pecador não é nada.

Ao chegar ao corpo santo,
eu vi a cada jasigo,
Nome de poetas amigos,
A quem pude lembrar tanto.

Não pude enchugar meu pranto,
De lágrimas sentimentais,
São momentos naturais,
E coisas que são concretas,
Ir a cova dos poetas,
Que foram e não voltam mais.

Quando eu for esta viagem,
Meu povo, não seja ingrato,
Me botem junto a Renato
Ou a manoel de Bobagem,

Me prestem esta homenagem,
Já que fui um João Ninguém
E na cruz o nome que tem
Só um "P" aparecendo,
Pra alguém sair dizendo,
João foi poeta também.

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domingo, 14 de junho de 2009

SÃO JOÃO, O PADROEIRO DO ASSU

Entre os dias 14 e 24 deste mês, é muita festa na cidade de Assu, um dos municípios da maior importância para o Rio Grande do Norte e para o Brasil, por que não dizer assim? Dia 20, será a "Noite da Colônia Assuense em Natal, Celebração da sexta novena e apresentação no palco (que fica instalado na praça Getúlio Vargas, entre a igreja Matriz e a Casa Paroquial) da cantora assuense Fadja Lorena, bem como será apresentado o terceiro Arraiá do Reencontro, ainda mais um shoow com apresentado pelo Os Nonatos, animando a galera. Lá pelas 22 horas, será realizado a Festa do Reencontro, no salão da Associação Atlética Banco do Brasil - AABB (que há décadas, vem emprestando o seu clube a sociedade assuense), que vai até o raiar do dia, ao som da orquestra Losmanos. Ainda terá na praça apresentação do cantor José Orlando, e Inala. Dia seguinte (21), começando pelas 11 horas, será realizado o tradicional Almoço de São João. Reencontro da sociedade assuense (ricos e pobres), no Largo Maria Eugênia (praça da matriz). A animação será dos músicos assuenses Carlos Bem e Nelsinho (meus grandes amigos), durante todo o dia. Lá pelas 20 horas, após a cerimônia religiosa, a Orquestra Filarmônica Maestro Cristóvão Dantas se apresentará para o povo em geral, seguido do shoow do asuense cantor sertanejo Bebeto, bem como apresentação dos músicos (um dos maiores ícones da canção brasileira) Zezé de Camargo e Luciano, além da banda Balanço de Menina.
Para participar daquela festa não precisa convite, nem pagar ingresso, não. Ela é nossa, do povo!
O Assu é uma cidade acolhedora, recebe seus visitantes com prazer e de braços abertos. Quem lá chegar não quer mais sair. Logo se casa, fica enraizado como a carnaubeira (uma espécie de palmeira então abundante no Vale do Assu), no dizer do poeta Renato Caldas. A cidade oferece estrutura para receber bem os turistas, têm o que motrar aos seus visitantes, como seus casarões centenários, seus balneários, seus belos açudes, sem esquecer seus Baobás da Lagoa do Piató. Afinal, o "Assu é +", é uma cidade plurarista, onde acontece de tudo. É a Terra dos Poetas, jornalistas, escritores, têm tradição de pioneirismo. É a terra norte-riograndense que depois de Natal, mais poeta teve, alguns deles de fama nacional como o poeta matuto Renato Caldas. Pois bem, Assú é uma cidade festeira, mesmo. É como disse certa vez, o ex governador do Estado potiguar Geraldo Melo, em resposta a uma pessoa que lhe pedira uma ajuda financeira para realizar uma festa na sua cidade: "Quer festa, minha senhora? Vá pro Assu que lá tem todo dia!"
Estarei lá, na minha querida cidade do Assu, nos próximos dias 20 e 21, para abraçar velhos amigos, recordar, comer uma galinha caipira torradinha, um filé de peixe no Restaurante do Dida Bola, acompanhado de uma geladinha "que ninguém é de ferro."'

EM TEMPO: O Assu, por volta de 1700, já fora denominado (antes de Vila Nova da Princesa) de Freguesia de São João Batista, Julgado de São João Batista, povoação de São João Batista da Ribeira do Assu. E o seu padroeiro já era o glorioso São João, que tinha o seu próprio patrimônio, como terrenos e fazendas. Celso da Silveira, em depoimento a Ferreira Nobre, transcrito no seu livro intitulado "Breve Notícias Sobre a Província do Rio Grande do Norte", diz que "o patrimônio de São João Batista foi feito de três Vezes: A primeira em 1712, por Sebastião de Souza Jorge, que deu o terreno estritamente necessário a construção da Matriz e da Paróquia; a segunda, em 12 de outubro de 1774, por dona Clara de Macedo, que doou 75 braças menos dois palmos. A terceira, finalmente, pela mesma dona Clara de Macedo, que doou a maior parte dos terrenos ao patrimônio no dia 6 de outubro de 1777."

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sexta-feira, 12 de junho de 2009

É DIA DOS NAMORADOS

ROSA

Rosa era preta. A lânguida mocinha
A pobre Rosa, a filha de africanos.
De braços lisos, de minguados anos
Todas as tardes ao ribeiro vinha...

Era, na primavera, uma andorinha
Desconhecendo a língua dos profanos,
Desconhecendo os saturnais enganos...
Era faceira, a lânguida negrinha.

Amou, porém. Um dia indo ao ribeiro,
(passava um branco moço cavaleiro)
Seu pobre coração pulsou baixinho...

Vozes de amor seu coração falava...
E quando longe o cavaleiro errava
Lembrava a moça um rouxinou sem ninho.

João Lins Caldas

quinta-feira, 11 de junho de 2009

POEMA

Alguém me chamou de feliz criatura
Sem conhecer meu padecer profundo
Mas tem razão: como há de ver o mundo
Se eu mostro um riso que só diz ventura?
Falo, por toda parte carregando
O riso domador e venturoso,
Eu mostro a forma do primeiro gozo
Mil vezes tendo o coração chorando.

Porque na vida o necessário pranto
Veste de luto a lágrima do riso?
Porque na festa o meu tormento aviso
Com a festa negra do meu rubro canto?
E de tantas misérias a delícia,
De tanta dor o coração se forma
Que eu julgo ver a lânguida reforma
De cada dor no seio da carícia.

João Lins Caldas
Assu, 1909.

PELO DIA DA CONSCIÊNCIA NEGRA Se Guilherme de Almeida escreveu 'Raça', em 1925, uma obra literária “que tem como tema a gênese da na...