sexta-feira, 26 de junho de 2009
POESIA DE RENATO CALDAS
Senhor: eu não acredito
Que ninguém escute o grito
De angústia que a fome tem.
Não quero saber quem foi,
Quem inventou o perdoe...
Se negando fazer bem.
A espécie humana rasteja,
Sem saber o que deseja
Nem mesmo para onde vai...
É marcha hostil da matéria,
Caminha tropeça e cai.
Não sei no mundo o que fui
Fui talvez Edgar Poe...
Um Agostinho... Um plutão...
Nos festins da inteligência,
Mergulhei a consciência
E o vício estendeu-me a mão.
Na estrada dos infelizes
Na confusão dos matizes,
Nascem as flores também!
Sim, nos cérebros dos pobres
Há pensamentos tão nobres...
Ninguém conhece ninguém.
Fui nômade! Aventureiro,
Fui poeta seresteiro,
Um lovelace também!
Amei demais as mulheres
E procurei nos prazeres,
Marchar a face do bem.
Hoje, sinto a claridade,
Tenho, pois, necessidade
De meu passado esquecer.
Pouco importa os infelizes
À marcha das cicatrizes...
Se deixarem de doer.
Já viu lavar a desgraça?
Ou afogar na cachaça
A vergonha... a precisão?
É a fome conveniente
De tornar-se indiferente...
Podendo estender a mão.
Uma esmola por caridade:
É a voz da humilhação,
Morrendo de inanição
Não diga nunca perdoe,
Não queira saber: quem foi!
Esse alguém... é vosso irmão.
ASSU ANTIGO
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quinta-feira, 25 de junho de 2009
quarta-feira, 24 de junho de 2009
ALMOÇO DE SÃO JOÃO BATISTA
AINDA SOBRE O SÃO JOÃO EM ASSU
Esquerda para direita: Fernando Caldas (Fanfa), o blgueiro de fatos políticos Juscelino França, o deputado federal Betinho Rosado, o ex prefeito do Assu Zé Maria Medeiros e o vereador Carlos Alberto Bezerra (carlinhos).
terça-feira, 23 de junho de 2009
MAIS UM POUCO DE JOÃO LINS CALDAS
Vais morrer, vais morrer... O cepo do marchante
E tu, pobre animal, sem crime e sem virtude,
Nunca mais hás de ver o teu curral distante.
Jamais hás de provar, num mourejar constante,
Entre vacas e bois, a revelar saúde
Das águas de cristal do mais sereno açude
Ou do verde capim do campo mais fartante.
A tua pobre carne há de servir de pasto...
E quando fores nada, quando fores gasto,
Te resta esse consolo, o consolo dos mortos:
Morreste por servir, alimentando vidas,
Muito franco pesar, muitas dores compridas,
Muitos cegos que vão pelos caminhos tortos...
TRÊS SERTANEJOS
segunda-feira, 22 de junho de 2009
VEREADOR ÁS DE COPA
VERDE E VERMELHO
NOTA
O autor deste blog, que tem a honra de tê-lo como primo e amigo, parabeniza aquela ilustre figura que dignifica o Assu e engrandece a política do Rio Grande do Norte.
Fernando Caldas
sábado, 20 de junho de 2009
Seis horas da tarde...
arde
em mim, a fogueira da ausência...
noltalgia!
A noite se debruça
nos escombros do dia.
- Evocação -
O sol vermelho cor de brasa,
desce, e a porta de sua casa,
acende uma fogueira a São João.
Fernando Caldas
quarta-feira, 17 de junho de 2009
AINDA SOBRE JOÃO MACAÍBA
Ninguém aquece o meu frio,
Ninguém mata o meu desejo,
E meio desesperado vejo,
Tanto tabaco no Rio.
Um homem sendo vadio,
Fica logo enfurecido.
Eu mesmo já dei gemido
Que estou me sentindo fraco
De olhar tanto tabaco
Eu eu com o nariz entupido.
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terça-feira, 16 de junho de 2009
TROVINHAS DE ZÉ AREIA
I
A lua tão branca e bela,
A mandado de Jesus,
Debruçou-se na janela
E pulverizou-nos de luz.
II
Ó milagroso Jesus!
A vós só peço justiça,
Fazei com que minha cruz
Seja feita de cortiça.
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segunda-feira, 15 de junho de 2009
LEMBRANDO JOÃO MACAÍBA
Chegando ao cemitério,
Bem triste fiquei pensando,
Fui também observando
Que a vida é um mistério.
Quem tinha tanto império,
Tem sua vida acabada,
Pisei numa cruz quebrada
Bem em cima de uma cova,
Aquilo serviu de prova,
Que o pecador não é nada.
Ao chegar ao corpo santo,
eu vi a cada jasigo,
Nome de poetas amigos,
A quem pude lembrar tanto.
Não pude enchugar meu pranto,
De lágrimas sentimentais,
São momentos naturais,
E coisas que são concretas,
Ir a cova dos poetas,
Que foram e não voltam mais.
Quando eu for esta viagem,
Meu povo, não seja ingrato,
Me botem junto a Renato
Ou a manoel de Bobagem,
Me prestem esta homenagem,
Já que fui um João Ninguém
E na cruz o nome que tem
Só um "P" aparecendo,
Pra alguém sair dizendo,
João foi poeta também.
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domingo, 14 de junho de 2009
SÃO JOÃO, O PADROEIRO DO ASSU
EM TEMPO: O Assu, por volta de 1700, já fora denominado (antes de Vila Nova da Princesa) de Freguesia de São João Batista, Julgado de São João Batista, povoação de São João Batista da Ribeira do Assu. E o seu padroeiro já era o glorioso São João, que tinha o seu próprio patrimônio, como terrenos e fazendas. Celso da Silveira, em depoimento a Ferreira Nobre, transcrito no seu livro intitulado "Breve Notícias Sobre a Província do Rio Grande do Norte", diz que "o patrimônio de São João Batista foi feito de três Vezes: A primeira em 1712, por Sebastião de Souza Jorge, que deu o terreno estritamente necessário a construção da Matriz e da Paróquia; a segunda, em 12 de outubro de 1774, por dona Clara de Macedo, que doou 75 braças menos dois palmos. A terceira, finalmente, pela mesma dona Clara de Macedo, que doou a maior parte dos terrenos ao patrimônio no dia 6 de outubro de 1777."
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sexta-feira, 12 de junho de 2009
É DIA DOS NAMORADOS
Rosa era preta. A lânguida mocinha
A pobre Rosa, a filha de africanos.
De braços lisos, de minguados anos
Todas as tardes ao ribeiro vinha...
Era, na primavera, uma andorinha
Desconhecendo a língua dos profanos,
Desconhecendo os saturnais enganos...
Era faceira, a lânguida negrinha.
Amou, porém. Um dia indo ao ribeiro,
(passava um branco moço cavaleiro)
Seu pobre coração pulsou baixinho...
Vozes de amor seu coração falava...
E quando longe o cavaleiro errava
Lembrava a moça um rouxinou sem ninho.
João Lins Caldas
quinta-feira, 11 de junho de 2009
POEMA
Sem conhecer meu padecer profundo
Mas tem razão: como há de ver o mundo
Se eu mostro um riso que só diz ventura?
Falo, por toda parte carregando
O riso domador e venturoso,
Eu mostro a forma do primeiro gozo
Mil vezes tendo o coração chorando.
Porque na vida o necessário pranto
Veste de luto a lágrima do riso?
Porque na festa o meu tormento aviso
Com a festa negra do meu rubro canto?
E de tantas misérias a delícia,
De tanta dor o coração se forma
Que eu julgo ver a lânguida reforma
De cada dor no seio da carícia.
João Lins Caldas
Assu, 1909.
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