quarta-feira, 30 de setembro de 2009

ARTE PLÁSTICA


Tela do pintor assuense Wagner


CABÔCA

Eu conheço uma cabôca,
Que é, naturá do sertão.
Tem uma fulô na bôca
E nos óios dois ladrão.
Aqueles óios danisco,
Duas péda de curisco,
Num são óios de muié!...
E aquela bôca imcarnada,
Bonita cuma a arvorada,
É pió qui cascavé.

Seus óios são dois ladrão,
Dois gatume arrefeinado!
Qui, basta oiá pr1um cristão,
Pra ele ficá rôbado.
Ficá sem vida, sem arma,
Sem esperança, sem carma,
Sem tudo qui Deus lhe deu,
Mas, mesmo assim ele qué,
Qui os óio, dessa muié
Rôbe tudo qui fô seu.

A sua bôca incarnada,
Quiando começa a falá,
São duas pétia orvaiáda,
Da fulô do camará.
E, se um dia essa cabôca,
Deixasse qui a minha bôca,
Na sua bôca incostasse...
Nós tinha qui morrê junto,
E adespois de nós difunto,
vez num desapregasse.

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segunda-feira, 28 de setembro de 2009

LAGOA DO PIATÓ




LAGOA DO PIATÓ NA ARTE FOTOGRÁFICA DE LUIZ NETO. VEJA MAIS O SEU BELO TRABALHO FOTOGRÁFICO NO ENDEREÇO: FLICKR.COM/PHOTOS/SICALIS/ - VALE APENA COBFERIR.

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quinta-feira, 24 de setembro de 2009

UM POUCO DE ALZIRA SORIANO


Alzira Soriano (centro) no instante da posse como prefeita de Lages (RN), 1928.

Luiza Alzira Soriano Teixeira (1897-1963) com o apoio de seu pai coronel Miguel Teixeira e do governandor Juvenal Lamartine se elegeu através do voto popular, prefeita do município de Lages, interior do sertão potiguar, distante 120 quilometros de Natal, nas eleições de 1928. Foi a primeira (mulher) prefeita do Brasil e da América Latina. Alzira era natural de Jardim de Angicos (RN). Naquele tempo, a mulher era proibida de votar e se envolver em política e, coube a ela receber muitas ofensa pelo seu emvolvimento na política. Para assumir o mandato que o povo lhe deu, Alzira teve de recorrer a Justiça. Aquela eleição ela disputou contra Peres Neto Galvão que se sentindo desmoralizado, envergonhado por ter perdido o pleito para uma mulher, teve então por decisão própria e voluntária, de ir embora daquela cidade. Aquele fato rompeu fronteiras, tendo sido noticia no importante jornal New York Time, edicão de 28.9.1928. Com a revolução de 30 não concordando com a política ditatorial do presidente Getúlio Vargas, Alzira foi deposta. Coube a Juvenal Lamartine no entender da jornalista Anna Jailma, "o coroamento da luta pela emancipação femenina".
O nome de Alzira que a História Oficial esqueceu estampa em letras vivas em e avenidas de algumas cidades do Rio Grande do Norte, como em Lages, Natal e da sua terra natal, bem como numa fundação de Jardim de Angicos e na Casa de Cultura do município lagense. A sua saga está transcrita em importantes jornais, revistas e livros como o dicionário enciclopédico intitulado Qicionário Mulheres Brasileiras", organizado por Shuma Shumarer e Érico Vital Brasil.
Eis, portanto, um pouco da trajetória dessa grande mulher que engrandece a terra norte-rio-grandense chamada Alzira Soriano.

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terça-feira, 22 de setembro de 2009

POUCAS E BOAS

*Por Valério Mesquita

1 - Zé buchudo era um comerciante, proprietário de um pequeno açougue, nos fundos do mercado. Certa feita numa dessas manhãs chatas da cidade, foi convidado pelo farmacêutico Manoel Guedes e patota, a empreenderem uma viagem de circunavegação pelos bares da cidade. Guedes, capitão de longo curso, dirigiu logo a nau dos insensatos à cidade de Parnamirim, onde ancoraram no famoso cabaré de Tibinha. Desnecessário dizer das abluções profundas e repetidas até a hora vespertina, quando pressentiram que o náufrago Zé Buchudo havia mergulhado a estibordo, em abismal sono etílico. Retornaram a Macaíba e entregaram a domicílio o invólucro corpóreo do que restou do nosso heroi. Estirado no sofá da sala, Zé Buchudo sobreviveu a todos os exercícios de ressureição ministrados pela esposa inclinada sobre si, soltou a catastrófica exclamação denunciadora: "Mas, fia, que é que você está fazendo aqui no cabaré de Tibinha?" Depois dessa, Zé Buchudo era a imagem do próprio cristão trucidado.

2 - José Jeep era uma das mais populares figuras de Macaíba. Chamado assim pela sua baixa estatura, ele foi engraxate, palhaço de pastoril e trombonista. No carnaval de 1962, José Jeep foi contratado por um bloco de elite da cidade. Num dos "assaltos", ocorreu uma trajédia com o seu famoso instrumento na residência do comerciante Edmilson Dias, na hora dos "comes e bebes", José Jeep deixara o trombone sobre o sofá e nisso, o Bridenor Costa Jr., vulgo Costinha, sempre obeso e rotundo, passou mal com um porre de lança-perfume e desandando foi despencar os seus "quadris de jamanta" em cima do pobre trombone. Para consolar José Jeep e continuarmos a "jornada carnavalesca", o amassado instrumento foi amarrado de esparadrapo, o que obrigou a soprá-lo com muito mais força. Na visita seguinte, na casa de Seu Mesquita, o nosso José Jeep querendo impressionar o chefe político, soprou o trombone com tanta veemência que liberou um irreprimível e estrondoso peido. Comovido com o desempenho heróico do seu correligionário assustado, o velho Mesquita, ao seu lado comentou placidamente: "José, o trombone está soltando notas demais. Mas pra carnaval tá bom demais!!!".

*Valério Mesquita é escritor potiguar de Macaíba e membro da Academia Norte-Rio-Grandense de Letras.



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domingo, 20 de setembro de 2009

POESIA

Uma voz eu ouvi, vinda não sei de onde,
Dizendo-me que, algum dia,
Eu faria uma viagem para muito longe.

Uma voz eu ouvi, vinda das pequenas ondas do mar,
Dizendo-me que, eu deixaria este mundo por outro,
Esta vida, por uma vida melhor,
Esta estranha voz, agora eu sei, veio da noite,
Veio do rio, ou então, daquele sombrio cipreste, que,
Como a minha solidão, ofereço a Deus.

Walflan de Queiroz
(Livro de Tânia, 1963)

sábado, 19 de setembro de 2009

POESIA


LAGOA DAS MOÇAS

- Vancê tá vendo esse lago,
Pequeno, desse tamanho?
Apois bem é a lagoinha
Onde as moças tomam banho,
Quage toda manhanzinha.

- Eu num sei pruque razão
Essa água cheira tanto?
Num sei mesmo pruque é...
Mas, desconfio e agaranto:
Sê dos suó das muié.

- Mas, se eu fosse essa lagoa
Se ela eu pudesse sê!
Se quando as moças chegasse,
Eu pudesse as moças Vê...
Aí, os óios eu feixasse...

- Quando nágua elas caísse
Eu pegava, abria os óios.
Uns óios desse tamanho!!!
Só pra vê aqueles móios,
De moça tomando banho.

Renato Caldas

sexta-feira, 18 de setembro de 2009

DE ROGACIANO LEITE E CEGO ADERALDO

O poeta-repentista cearense Chamado Cego Aderaldo era quem andava pelas feiras livres do Nordeste, acompanhando o também poeta-repentista  que chegou a morar no Rio Grande do Norte, Rogaciano Leite, autor da famosa canção "Cabelos Cor de Prata". Rogaciano era também advogado, jornalista, morou na paraíba e no Ceará. Pois bem, certa vez, numa certa feira livre de uma cidade nordestina, cercado por estusiastas dele e de Aderaldo, Rogaciano  saiu com essa: "Tô cantando com esse velho, esse velho que não serve pra mais nada, que tá todo enferrujado e já devia´estar na cama cercado de aplausos." Cego Aderaldo puxou da viola e cantou:

Andei procurando um besta
Um besta que fosse capaz
E de tanto procurar um besta
Encontrei esse rapaz
Que não serve pra ser besta
Porque é besta demais.

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quinta-feira, 17 de setembro de 2009

HINO OFICIAL DO ASSÚ


A letra e música do Hino do Assú é de autoria da educadora, poetisa e também musicóloga assuense Maria Carolina Caldas Wanderley que na intimidade era chamada de Sinhazinha Wanderley. O Projeto de Lei é de n. 6/69, de 11 de setembro de 1969. Era prefeito do município do Assu João Batista Lacerda Montenegro. Vejamos o referido hino transcrito abaixo:

Qual um canto harmonioso
Das aves, pelo ramado
A minh'alma te festeja
Meu Assu, idolatrado.

Estribilho

Torrão bendito hei de amar-te
Dentro do meu coração
Salve, Assu estremecido.
Salve, salve o meu sertão

Palmeiral da minha terra
As várzeas cobrindo estás
Tu qu'és útil pelo inverno
E pela seca ainda mais

Valoroso, florecente,
Em face dos mais serões
Hão de erguer-te o nosso esforço
Nossos bravos corações.

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terça-feira, 15 de setembro de 2009

RENATO CALDAS, POETA PARA INGLÊS VER


Um fato importante que enriquece a biografia do poeta matuto Renato Caldas, veio a acontecer em 1991. Aquele bardo potiguar do Assu virou poeta para inglês ver, por intermédio do professor americano aposentado da Universidade da Flórida chamado Gerald Standley que na época da Segunda Grande Guerra morou em Natal trabalhando no Campo de Parnamirim (Base Aérea).

Standley já estando no seu país de origem, resolveu depois de mais de quarenta anos de ter conhecido a poesia renatocaldiana traduzir alguns poemas de Renato, para a língua inglesa, e remetê-los remetê-los para a revista cultural editada em Greensboro, Carolina do Norte, intitulada "Internacional Poetry review" (Poesia Internacional Revisitada, na tradução), que publicou as poesias intituladas "Arvorada Matuta" (Dawan in the backlands), "Juramento" e "Minha casinha", dentre outros, como  o célebre poema sob o título "Fulô do mato," que abre as páginas do seu afamado livro intitulado 'Fulô do Mato". Vejamos o original poema:

Sá dona, vossa mecê,
É a fulô mais cheirosa,
A fulô mais prefumosa
Qui o meu sertão já botô.
Podem fazê um cardume,
De tudo qui fô prefume
De tudo qui fô fulô
Qui nem um, nem uma só,
Tem o cheiro do suó
Qui o seu corpinho suô.
Tem cheiro de madrugada,
Fartum de areia muiáda,
Qui o uruváio inxombriô.
É cheiro bom, deferente,
Qui a gente sintindo, sente
Das outa coisa o fedô.
         
_______

M'am milady,
You are de most fragrat flower -
The most perfumed flower
Ever to bloom in my becloed backlands.
Make a collection
Of everytring that flowers -
Not one, not a single one
Wil have the delicious odor
Wil have the delicious odor
Of your sueet, sueet-little body.

Fernando Caldas

segunda-feira, 14 de setembro de 2009

POESIA MATUTA


LUA CHEIA

Logo de noite,
Quando vórto do trabáio,
Pégo a vióla e me espáio.
Coméço logo a cantá.
Enquanto a lua
Tá no céo dipindurada
Ouvindo a minha toáda
Com vontade de chorá.

Oh! Lua cheia, oh! Lua cheia.
Não óie nas teia
da casa de meu amô.
Pruquê se oiá,
Se espiá,
Cabô-se lua cheia
O teu furgô.

Eu tenho raiva
quando vejo a lua cheia,
Espiando pelas teia
Da casinha de meu bem!
Eu penso inté
Qu'essa lua tão marvada,
Qué levá a minha amada
Pra uma casa que ela tem.

Mas, se eu pegasse
A lua pelas guéla,
Dava tanta tápa nela
Qui nem é bom se falá...
Que me importava
Que o mundão escurecesse,
Ou que ela se escondesse,
Só com mêdo de apanhá.

Se Deus deixasse,
Se Deus aconsentisse,
Que pro céo eu assubisse
E fosse lua tambem...
Passava a noite,
Lá no céo dipindurado,
Oiando pulo teiádo
Da casinha de meu bem.

Renato Caldas

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domingo, 13 de setembro de 2009

35 ANOS ATRÁS, A 1. ELEIÇÃO INDIRETA

O dia 29 de outubro de 1935 amanheceu em clima de intranquilidade. A tarde, na Assembléia Legislativa do Estado (onde hoje funciona o Tribunal de Justiça do Estado), seria realizada a eleição indireta para governador do Rio Grande do Norte. Dois nomes disputavam o cargo: Rafael Fernandes e Elviro Carrilho. O interventor, Mário Câmara, ameaçava a realização de eleição. A oposição fugiu para a Paraíba, onde pediu garantias ao Governo Federal. Um clima de apreensão perturbava todo o Rio Grande do Norte. Ninguém poderia fazer prognóstico sobre o pleito. A Assembléia Legislativa era composta de 25 deputados e o voto era secreto. A ameaça do interventor pairava sobre a aposição.
O governo Getúlio Vargas resolveu garantir o pleito. As tropas do 22. BC, da Paraíba, foram deslocados para Natal. Estava garantida a realização da eleição. Os deputados chegaram à Assembléia escoltados pela tropa federal. Depois da votação secreta o resultado da apuração: Rafael Fernandes obteve 14 votos e o candidato governista, Eiviro Carrilho, 11 votos. Uma maioria, portanto, de apenas três votos. Uma comissão de parlamentares foi encarregada de comunicar o resultado ao candidato eleito. O Sr. Rafael Fernandes fez o juramento de praxe perante o desembargador Antonio Soares, que presidiu a eleição. Rafael Fernandes era o primeiro governador do Rio Grande do Norte eleito pela Assembléia Legislativa.

AGORA, CORTEZ

Os anos passaram e 35 anos depois, no mesmo mês de outubro, o Poder Legislativo do RGN repete a história. O governador do Estado, em pleito indireto, depois de escolhido pelo presidente Médice. No ano de 1935, sua irmã, Maria do Céu Pereira Fernandes, única deputada com assento na Assembléia Legislativa, votou em Rafael Fernandes. Hoje, 35 anos depois, seu irmão, deputado Bevenuto Pereira, vai dizer SIM para eleição de seu irmão Cortez Pereira.

Naquele tempo, a eleição foi realizada em clima de suspense e apreensão. Hoje, constata-se um clima de harmonia e tranquilidade. Não existia ameaça de ninguém, e já se sabe antecipadamente o resultado da eleição. O voto será aberto: SIM. Cortez Pereira terá trinta votos dos trinta e sete parlamentares que compõem a Assembléia Legislativa. Haverá apenas sete abstenções do partido oposicionista. Não será preciso a presença da escolta federal para proteger os deputados. Apenas um policiamento normal para manter a ordem do povo nas galerias da Assembléia Legislativa em virtude do pequeno espaço destinado à assistência.

OS ELEITORES DE CORTEZ

Os eleitores de Cortez Pereira são trinta deputados estaduais da ARENA. Antes eles pertenceram aos mais diversos partidos políticos: UDN, PSD, PTB, PDC e outras siglas de partidos existentes antes do movimento revolucionário de 1964. Depois, todos eles foram obrigados num mesmo partido: Aliança Renovadora Nacional (ARENA). Embora existam divergências externas e internas entre eles, há bem pouco tempo se abrigavam sob bandeiras e cores diferentes. Contudo, um nome voltou a uní-los: Cortez Pereira. Todos são unânimes em afirmar: foi mesmo a melhor escolha para o Rio Grande do Norte.

Os eleitores são: Anderson Dutra, Antônio Melo, Benvenuto Pereira, Boanerges Barbalho, Dari Dantas, Edgard Montenegro, Ezequiel Ferreira, José FernandesS, José Josias, José Pinto, Leão Filho, Luiz Antônio, Manoel Avelino, Milton Marinho, Marcílio Furtado, Moacyr Duarte, Mônica Dantas, Olavo Montenegro, Onésimo Maia, Paulo Barbalho, Paulo Diógenes, Paulo Gonçalves, Radir Pereira, Rainél Pereira, Raimundo Abrantes, Ramiro Pereia, Tertius Rebelo, Ulisses Potiguar, Valmir Targino e Veras Saldanha.

O QUE PENSAM

Moacyr Duarte, constituinte de 1946, 45 anos, advogado. Foi líder da oposição e de governo na Assembléia Legislativa. Chefe da Casa Civil do governo Dinarte Mariz, possui o maior "curriculum vitae" do Poder Legislativo. Sobre o futuro governador afirmou: "não é a primeira vez em nossa história política que um colegio de representantes do povo elegerá seu governante e lhe transmitirá com os deveres e atribuições inerentes ao mandato executivo, os anseios mais justos da coletividade. Todavia, na sessão de hoje, a Assembléia Legislativa não cumprirá à apenas a letra de um dispositivo de nossa Carta Magna, pois na verdade homologará uma preferência já manifestada na vontade popular. Cortez Pereira vai alcançar os sufrágios da eleição indireta pela aclamação dos seus méritos, pela soma incontestável de bons serviços prestados à nossa terra".

Mais adiante, frisou: "Sabedor dos percalços e dificuldades que irá encontrar. Cortez Pereira tem o senso e a medida dos programas que se tornaram, desde longa data, a herança dos administradores nordestinos, a estrela, por vezes funesta, assinalando rochedos e turbilhões onde sobraram os melhores propósitos e os mais sinceros desígnios. Saúdo, por isso, no futuro governador, o coroamento e o prêmio do esforço revolucionário em prol de um Rio Grande do Norte voltado para o futuro e integrado nas mais nobres aspirações de sua gente".

PALAVRA DO VALE

O deputado Edgard Montenegro, agrônomo, 50 anos, representantes do Vale do Açu, diz que "Cortez Pereira é uma mensagem viva de desenvolvimento. É técnico de certa visão política, moço, capaz, empreendedor e representa, para o Rio Grande do Norte, a certeza da participação do nosso povo na caminhada firme que daremos todos na busca das soluções dos problemas do Estado". O deputado Olavo Montenegro, também representante do Vale, 50 anos, aduz: "Como deputado e como político, deposito em Cortez Pereira as melhores e maiores esperanças. Pois ele é um profundo conhecedor dos problemas do Estado. Confio plenamente no êxito do seu governo".

RAINEL, ALEGRIA

Rainel Pereira de Araújo, 57 anos, criador e agricultor, explica: Sempre lembrei o nome de Cortez    Pereira
para governador do Estado, pois sabia que ele representava uma solução para o nosso Estado. Vou encerrar minha vida pública votando nele. Vou deixar a Assembléia Legislativa com saudades. Aqui, durante quatro anos, só tive alegrias, mas, meu filho, política é para gente moça". Por outro lado, o deputado Ezequiel Ferreira diz que  "Cortez Pereira foi a melhor solução para o Estado. Sua gestão no BNB, como ele costuma dizer, foi a grande faculfade de sua vida, aprendeu as grandes lições que serão empregadas para o desenvolvimento do RGN". Paulo Gonçalves, representante do Seridó, confirma: "É uma satisfação ver Cortez Pereira assumir o governo do Estado. É homem da geração de 45, que lutou nas praças de Recife pela redemocratização do país. Tem tudo para fazer um bom governo no RGN". O deputado Veras Saldanha, 70 anos, o mais velho, agrônomo, afirma: "Foi a melhor escolha do Presidente Médice. Cortez corresponderá à confiança de todos". Seu irmão, Bevenuto Pereira, lembra que "o governo Cortez Pereira vai trazer uma completa modificação no sistema administrativo do Estado. Sua experiência no BNB é o suficiente para implantar uma nova mentalidade político-administrativa no Estado. Todos nós estamos confiantes na ação do seu governo que será implantado a partir de 1. de janeiro".

Finalmente, é lembrar a frase de um influente parlamentar arenista, referindo-se a eleição: "Acreditei no prognóstico. Cortez está eleito".

João Batista Machado


Em tempo: O texto transcrito acima é parte do livro de estrea do escritor potiguar do Assu João Batista Machado intitulado "De 35 Ao AI5", 1986. São matérias publicadas nos jornais como "Diário de Natal" e "O Poti", de Natal, entre 1970 a 1976. Sobre aquele livro, Cassiano Arruda Câmara também jornalista, depõe que as reportagens que Machado reuniu naquele  volume "desde uma reconstituição da eleição de Rafael Fernandes, em 1935, até o final da década de 70, são indispensáveis para quem quizer entender a política do Rio Grande do Norte". Já,  o jornalista da Tribuna do Norte Woden Madruga comenta que "João Batista Machado conta em seis anos de jornalismo político, 35 da própria vida do Rio Grande do Norte".

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COMPARAÇÕES MATUTAS

Caro que nem ovo em tempo de quaresma .
Magro como cavalo de aroeira.
Velho como o chão.
Valente que nem cobra de resguardo.
Sono leve como o do xexéu.
Liso que é direitinhop um brunidor de sapateiro.
Perverso que só jararaca de rabo fino.
Malcriado que só rapariga de soldado em portão de feira.
Furado que nem renda de papelão.
Desconfiado que nem cachorro no r5eilho.
Falar mais que pobre no sol, ou falar mais que preto do leite.
Velho e brabo como D. Pedro Segundo.
Seco que nem língua de papagaio.
Esfomeado como cachorro de comboeiro.
Apertado que só pinto no ovo.
"Infalive" como doce de mamão em festa de pobre.
Medroso como boi de cr... branco.
Seguri como boi de carreiro, ou como raiz de samambaia.
Mentiroso como cachorro de preá, ou como espinfarda picapau.
Pelado que só caçote ou garrafa.
Desinquieto como galinha quando quer pôr.
Chorão que nem bezerro desmamado.
Resistente que nem cascavel de quatro ventas.
Rente como boca de bode.
Medroso que nem sonhim (sagui).
Agoniado como cobra quando perde o veveno (peçonha).
Besta como aruá.
Depressa como quem furta.
Contente que nem barata em bico de galinha.
Zoada grande como de fogo em tabcal.
Rede alta que só rede de esperar veado.
Calça curta que nem calca de pegar marreca.
Viagem aperreada como bacurinho em caçuá.
Tem carne nos quartos como sabiá tem nas unhas.
Padece que nem sovaco de aleijado em muleta.
Durou pouco que nem manteiga em venta de cachorro.
Acabou-se que nem sabão em mão de lavadeira.
Feio como necessidade ou justiça do diabo.
Andar ligeiro que nem peba em areia frouxa.
Andar depressa como quem vai tirar o pai da forca.
Aumentar como correia no fogo.
Ter o sossego das ondas do mar.
Crescer pra baixo como rabo de cavalo.
Andar devagar como quem procura pinico no escuro.
Sofrer que nem pé de cegpo em porta de igreja.
Limpo que nem pano do coar café ou poleiro de galinha.
Café fraco que nem lavagem de espingarda.
Zangado como caititu quando bate nos queixos.
Apanhar que nem couro de pisar fumo.
Pasto tão baixo que um piriquito come de cóca.
Tão perverso que tem coragem de matar padre celebrando missa.
Tão besta que que pá ser burro só falta cagar redondo.
Rio tão seco que não tem água pra dar nos peitos dum peba.

(Nordeste Ontem e Hoje, de Duarte da Costa e Juracy Pinheiro).

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terça-feira, 1 de setembro de 2009

O FOLCLÓRICO ABRAÃO

1 -Abraão Ambrósio de Andrade era tipo alto, gordo, buchudo, despachado. Funcionário da Prefeitura Municipal do Assu, rsponsável, salvo engano, pelas obras de calçamento daquela cidade. Na política local era cabo eleitoral de Edgard Montenegro, Maria Olímpia (Mariquinhas) e Costa Leitão. Nas eleições de 1968 Costa disputava aquela prefeitura pela segunda vez. Maroquinhas ainda era a prefeita daquele município. Logo após a fala de Maroquinhas, num certo comício realizado no Centro da cidade de Assu, o locutor anunciou Abraão para fazer a sua oração. Microfone em punho, abriu o verbo: "É pela primeira vez que eu boto a boca no aparelho de dona Maroquinhas." "Aparelho" é uma denominação popular do bojo sanitário. 

2 - Abraão era seme-analfabeto. Candidatou-se a vereador e, ao se aproximar as eleições resolveu investir um pouco mais no seu eleitorado. Se dirigiu ao Banco do Brasil, de Assu onde tinha uma reserva de dinheiro para sacar o valor naquela casa bancário, depositado. Ao chegar no caixa disse: "Eu quero retirar tudo que tem ai." O funcionário que lhe conhecia, indagou: "Quanto o senhor quer retirar?" "Eu quero tudo que tem aí." Pois não seu abraão", faça o cheque." Abraão não pensou duas vezes, escrevendo na folha de cheque: "Eu quero tudo que tem aí!"  

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"40 ANOS DO JORNAL NACIONAL"

No momento em que a Rede Globo de Televisão comemora os 40 anos do Jornal Nacional, é preciso lembrar o publicitário (da JMM Publicidade) chamado João Moacyr de Medeiros. Pois, a denominação Jornal Nacional foi sugestão deste potiguar já falecido (pioneiro do Marketing político no Brasil), desde o tempo em que aquele noticiário era aberto com a propaganda (do guarda chuva) do Banco Nacional de Minas Gerais.
Moacyr era natural do Assu (RN), estudou no Colégio Nossa Senhora das Vitórias, da sua terra natal, no Atheneu, de Natal, na Faculdade de Direito do Recife.  Foi para o Rio de Janeiro na década de quarenta, onde se formou em direito e fundou uma das maiores agências publicitárias do país já referida acima. Fica o registro sobre este assuense que orgulha o Assu e engrandeceu a publicidade brasileira.


Em tempo: João Moacyr de Medeiros era da família Lins Caldas pelo lado materno, com raízes em Assu e Ipanguaçu (RN), uma das famílias mais antigas do Rio Grande do Norte. 

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segunda-feira, 31 de agosto de 2009

LEMBRANDO CAROLINA WANDERLEY

A poetisa e professora Maria Carolina Wanderley (1891-1975) era natural do Assu (RN). Nasceu numa casa onde funcionou o Teatro São José (hoje de propriedade da viuva Sandoval Martins e filhos, esquina da travessa Pedro Amorim com a Manoel Mantenegro). Carolina ainda no início da sua juventude partiu para morar em Natal "com os olhos marejados de lágrimas", como depõe o antologista Ezequiel Fonseca Filho. Estudou na Escola Normal de Natal e, após se diplomar retornou ao Assu para ensinar no Grupo Escolar Ten. Cel. José Correia em 1911 quando ainda aquele educandário funcionava na rua São Paulo, atua Minervino Wanderley, sendo uma das suas primeiras professoras. Pouco tempo depois Carolina voltou a residir em Natal para ensinar no Colégio Frei Miguelinho. Naquela capital ela fez teatro, chegando a ensenar no Teatro Carlos Gomes, atual Alberto Maranhão. Publicou o livro de poesia intitulado "Alma em Versos", onde consta o soneto sob o título "Tuas Cartas", conforme transcrito adiante:


Relembro as tuas cartas uma a uma
Minha mente, ao lembrá-las não se trunca
Uma frase não há, que não resuma
Tudo que ainda o nosso afeto junca.


Tu me escrevias sempre: vez nenhuma
Senti da indiferença a garra adunca
Morria o sol do estio... vinha a bruma
E as tuas cartas não faltavam nunca


Hoje os dias se passam lentamente
Que me escrevas, espero ansiosamente
Mas, com que mágoa, vejo que emudece!


Termina este silêncio que crucia
E que me vai trazendo dia a dia
A certeza mortal de que me esqueces.

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RELÍQUIA DA POLÍTICA POTIGUAR

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PELO DIA DA CONSCIÊNCIA NEGRA Se Guilherme de Almeida escreveu 'Raça', em 1925, uma obra literária “que tem como tema a gênese da na...