SANTA TEREZA
*Por Ivan Pinheiro
Apressa menina, senão vamos chegar atrasados! - Gritou Dona Francisca para sua filha Tereza.
A garota estava ansiosa e nervosa. Este dia era esperado há muito tempo. De família extremamente religiosa, ela tinha um sonho: se confessar com Frei Damião - o santo milagreiro do povo nordestino.
A década de sessenta tinha sido difícil para os nordestinos: estradas precárias, falta de energia em quase todos os lugares, meios de transporte escassos, falta d'agua nos sertões secos... Este quadro foi diversas vezes bem retratado nas poesias de Renato Caldas, José Coriolano, Francisco Amorim, Chico Traíra e tantas outras feras da li-teratura poética que habitavam a região do Vale do Açu.
A pequena comunidade de Juazeiro, onde residia à família de Dona Francisca ficou praticamente desabitada. Até o velho Lourenço que estava acometido de um forte reumatismo, viajou para a cidade do Assú numa carroça para participar da missão de Frei Damião e Frei Fernando, dois frades pertecentes à Ordem dos Capuchinhos que percorriam as cidades da região Nordeste, como andarilhos das estradas afora, a levarem às pessoas a mensagem do evangelho com muito radicalismo e muita fide-lidade aos ensinamentos bíblicos.
Quando a família de Tereza chegou defronte à Matriz de São João Batista, a luz solar já começava a desaparecer no horizonte. A multidão se comprimia para tocar em Frei Damião na sua "procissão de penitência", da casa paroquial à igreja, passando lentamente entre os fiés.
Era a última missa do dia. Dela participaria certamente o maior número de católicos. Em decorrência do atraso, toda família de Tereza teve de ficar em pé. A celebração começou pontualmente às dezoito horas.
"No inferno o calor é bilhões de vezes pior que no Nordeste. As labaredas sobem e queimam sem parar o corpo dos adúlteros, das prostitutas, dos afeminados e dos criminosos..." - Disse o Frei na abertura de sua homilia com a voz rouca, quase inaudível.
Depois da pregação foi formada uma fila quilométrica para confissões. Sentado num tamborete de madeira, o frade capuchinho escutava cada devoto com muita atenção, olho no olho, o cotovelo no joelho e a mão no queixo apoiando a cabeça. Desta posição quase não se mexia, vez por outra, parava por alguns segundos para tomar um golinho de café bem forte. Afinal precisava de resistência para adentrar até altas horas da noite.
Tereza estava na fila acompanhada pelos seus pais. Estava nervosa... Era a primeira vez que iria se encontrar com Frei Damião. Não bastasse, estava alí com o privilégio de se confessar com ele. Tinha plena certeza de que aquele momento marcaria sua vida, realizaria um sonho, fortaleceria sua fé no catolicismo e a devoção pelo Santo milagreiro do sertão.
A fila andava lentamente. Quando Tereza conseguiu chegar à porta principal da Matriz, fez um sinal da cruz, dobrou-se num gesto de respeito e adoração ao santíssimo. Verificou seu vestido branco de cambraia bordada para ter a certeza de que ele estava bem composto... Ajeitou a mantilha na cabeça, segurou com as duas mãos o terço e começou a rezar incessantemente. Suas feições eram como se estivesse caminhando rumo ao céu. Vez por outra, era interrompida pelos cochichos da mãe que estava por trás.
- Cuidado com o que vai dizer minha filha. Não quero que Frei Damião lhe passe nenhum castigo. Ele é um santo.
- Pode deixar mamãe, eu vou tomar muito cuidado.
O pai de Tereza vendo que a mãe estava exagerando tentou aliviar a pressão.
- Francisca, deixa a menina em paz! Vai dar tudo certo. Afinal Tereza já tem 14 anos. Está bem grandinha, sabe se pecou ou não.
Mesmo a contragosto, a mãe se comportou melhor. Já passava das oito da noite quando chegou o momento crucial. Tereza chegou perante o capuchinho, curvou-se, fez o sinal da cruz e ajoelhou-se. Ela tinha a certeza de que estava ali diante de um homem diferente... De alma pura. Frei Damião a encarou e ela, na sua ingênua timidez, baixou a vista.
- Conte seus pecados minha filha... - Falou pausadamente o Frei.
Tereza ficou calada. Olhou para ele como que pedindo socorro. O nervosismo era tanto que as palavras não chegavam nem a serem balbuciadas.
Está nervosa, menina? Calma! Vou lhe ajudar. Tudo que eu perguntar você vai dizendo se fez ou não. Já desejou mal ao próximo?
- Não senhor Frei Damião!
- Já desrespeitou pai e mãe?
- Ave Maria... Deus me defenda!
- Já levantou falso testemunho?
- Nunca! Deus me guarde!
- Já sentiu inveja de alguém?
- Jamais! Deus me castigue se isso acontecer.
Frei Damião olhando cara a cara para a adolescente, mais uma vez, perguntou:
- Qual o seu nome garôta?
- Maria tereza da Silva - Respondeu Tereza com voz trêmula, instante em que Frei Damião lhe anunciou a penalidade:
- Faça o seguinte minha filha: se levante, procure um altar aqui na igreja e fique lá... Santa Tereza!
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segunda-feira, 18 de maio de 2009
POESIA
GARIMPEIRO DA ILUSÃO
Tal qual, os garimpeiros,
aventureiros,
mergulhado, nas águas
turvas dos ribeiros,
a procura do ouro!...
Eu, em vão procuro
no caudal das minhas máguas
um oculto tesouro.
Trabalho noite e dia,
a cata de ilusões...
necessito apenas de alegria,
pra amenizar
minhas decepções!
E, quanto mais procuro,
mais escuro
parece ficar
o corrente das minhas fantasias.
Na ansiedade
de encontrar
me aprofundo nás águas...
Ao retornar,
trago nas mãos
lavadas e vazias...
... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... .
... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... .
E a razão
me diz: -
Garimpeiro infeliz
da ilusão,
Por que?... e para que
tanto labor?!
Jamais terás a palma
de encontrares no fundo
da tu'alma,
outra coisa a não ser,
a SAUDADE e a DOR.
Renato Caldas
Tal qual, os garimpeiros,
aventureiros,
mergulhado, nas águas
turvas dos ribeiros,
a procura do ouro!...
Eu, em vão procuro
no caudal das minhas máguas
um oculto tesouro.
Trabalho noite e dia,
a cata de ilusões...
necessito apenas de alegria,
pra amenizar
minhas decepções!
E, quanto mais procuro,
mais escuro
parece ficar
o corrente das minhas fantasias.
Na ansiedade
de encontrar
me aprofundo nás águas...
Ao retornar,
trago nas mãos
lavadas e vazias...
... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... .
... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... .
E a razão
me diz: -
Garimpeiro infeliz
da ilusão,
Por que?... e para que
tanto labor?!
Jamais terás a palma
de encontrares no fundo
da tu'alma,
outra coisa a não ser,
a SAUDADE e a DOR.
Renato Caldas
sábado, 16 de maio de 2009
O CABAÇO DE DASDORES ABRIU-SE EM BANDAS
*Por Gilberto Freire de Melo
Quem não viveu, mas se aventurou pela várzea do Açu, certamente participou do crucial e ao mesmo tempo divertido processo de extração da cera de carnaúba. Ou, no mínimo, conviveu com a população afeita às tarefas dessa atividade.
Na indústria rudimentar de extração da cera de carnaúba, havia, dentre outros, o processo de batimento para decolar o pó existente nas palhas que, depois de secas, eram transpotadas, em trincheiras, pelos homens e batidas, a cacetes, pelas mulheres, num processo trabalho manual feito à noite para evitar que os ventos prejudicassem a fixação do pó, que mais tarde seria transformado em cera, no piso que era igualmente forrado por lona para que não se misturasse com areia. Cada rachador tinha a sua ou as suas batedeiras, pois os mais habilidosos rachavam palhas para mais de uma mulher.
Não havia trabalho mais árduo, porém, ao mesmo tempo, mais divertido. As pilhérias, as chacotas, os ditos, as brincadeiras amenizavam as asperezas e divertiam sempre, sem, porém, ofender pessoas ou ferir a dignidade das famílias, moças, senhoras e crianças que ali trabalhavam. Uns cantavam "cocos" e "emboladas" ao rítmo do batuque improvisado por alguém mais competente que soubesse arremedar a batucada do "baião". O que não deixava, entretanto, de reservar certas intimidades a casais, dada a aproximação que, evoluindo, entremeava-se de afeto, de contatos, de esfregação, de namoro e de xamego, num ambiente estritamente de trabalho, porém com doses de acentuados encantos e estimulantes sexuais.
Como ninguém é de ferro, vez por outra alguém passava os pés adiante das mãos e os tampos voavam.
Foi o que ocorreu com Dasdores, filha de Zé Beradeiro, um cinquentão respeitável, trabalhador, de procedência ignorada, porém com muitos indícios seridoenses. que alí viera ter ainda moço e ali contituíra numerosa família, após seu casamento com Maria do Rosário, uma varziana de dezoito quilates.
Dasdores, já moça feita, era a filha mais velha do primeiro casamento de Zé Beradeiro que inviuvara e vivia àquela época, com D. Esmerina, com quem os filhos se davam relativamente bem, sem ter que se queixar. Com atrativos e exuberâncias capazes de desarticular exércitos, Dasdores engraçou-se de Chico Bozó, fornido caboclo, rachador de palhas, bem parecido, que não desmerecia a família da namorada e que rachava palha para Dasdores bater.
Zé Beradeiro, num daqueles famosos batimentos de palha, surpreendeu casualmente uns lances de que não gostou. Sua filha, Dasdores, se espojava com o namorado, Chico Bozó, sobre uns montes de palha batida, fora da empanada, a quem se entregava de corpo e coração, sem qualquer reserva. O pai ficou calado, porém furioso, e no outro dia, chamando o conquistador aos carretéis, disse não aceitar o que havia presenciado, sendo necessário providenciarem o casamento. Chico, o sedutor, argumentou que precisava pensar, pois casamento era coisa séria. Zé Beradeiro, que também não estava brincando, disse que não queria conversa. E não estava disposto a bater boca. Queria uma decisão.
Os ânimos se alteraram e Zé Beradeiro acabou ouvindo o que não queria:
- A sua filha não era mais moça e eu não sou pedreiro pra tapar buraco de ninguém. Ela já é de maior e pode procurar seus direitos.
Zé Beradeiro, porém, não engoliu o bocado. E não era para um pai de família ficar calado diante de semelhante situação. Tinha que tomar alguma providência. Nem que fosse a última decisão de sua vida. Não podia aceitar a desonra da filha, de seu nome e de sua família. Não seria qualquer Chico Bozó que iria desfeiteá-lo. Tinha pouca coisa na sua vida e a honra da família era o mais importante. Teria que agir ligeiro, antes que o atrevido comentasse com alguém e se espalhasse o boato de sua desdita. Era questão de vida ou morte.
O desapareciemento de Chico até que não foi notado imediatamente, vez que ele era acostumado a sumir por alguns dias, visitando alguns parentes, reapareccendo, em seguida, pouco tempo depois. Mas não tanto assim como da última vez. Já dava o que falar. Parentes seus perguntavam sem obter qualquer notícia.
Foi-se avolumando a ausência de Chico, já consubstanciada pelos boatos do namoro que tivera, conforme insinuações motivadas por gabolices do próprio, de intimidades mantidas com a filha de Zé Beradeiro. Dissera ainda a alguns vizinhos que ela não era mais moça. E que fora chamado às favas pelo pai que queria casamento. E que ele não era otário para pagar pecado que não havia cometido.
Os comentários se faziam e nada de Chico aparecer. Já fazia mais de um ano que havia sumido. Zé Beradeiro, há muito, havia-se mudado dali com a família.
A polícia, tomando conhecimento do sumiço do homem através de queixa prestada por familiares, abriu inquérito e passou a ouvir pessoas da localidade. O próprio Zé Beradeiro fora localizado e ouvido, com sua filha, pelo delegado. Permaneceu preso ainda, por alguns dias e solto depois, enquanto se investigava o caso que, por falta de qualquer prova, acabou arquivado o processo e esquecido o assunto. Só que os familiares não aceitavam e mantinham a suspeita do assassinato de Chico. Mas como provar se nem o cadáver aparecia?
Não se podia justificar. O sumiço de Chico deixava inconformados os seus parentes. E Seu José também havia saído do cenário da culpa.
A família de Chico apelou para tudo. Chegou até a insinuar que, em certo local, onde se havia construído uma vila de casas residenciais, ali antes, Chico havia sido enterrado. Derrubaram-se algumas casas, sem qualquer sucesso, até que desistiram dada a inconviniência de se derrubar todo o arruado.
Dasdores, noutras paragens, já com os burros n'agua, passou a viver amancebada com um vaqueiro com quem teve alguns filhos sem maldizer a vida e sem queixar da sorte.
O sedutor é que nunca justificou o seu desapracecimento.
* Gilberto Freire de Melo é sociólogo, escritor potiguar de Pendências
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Quem não viveu, mas se aventurou pela várzea do Açu, certamente participou do crucial e ao mesmo tempo divertido processo de extração da cera de carnaúba. Ou, no mínimo, conviveu com a população afeita às tarefas dessa atividade.
Na indústria rudimentar de extração da cera de carnaúba, havia, dentre outros, o processo de batimento para decolar o pó existente nas palhas que, depois de secas, eram transpotadas, em trincheiras, pelos homens e batidas, a cacetes, pelas mulheres, num processo trabalho manual feito à noite para evitar que os ventos prejudicassem a fixação do pó, que mais tarde seria transformado em cera, no piso que era igualmente forrado por lona para que não se misturasse com areia. Cada rachador tinha a sua ou as suas batedeiras, pois os mais habilidosos rachavam palhas para mais de uma mulher.
Não havia trabalho mais árduo, porém, ao mesmo tempo, mais divertido. As pilhérias, as chacotas, os ditos, as brincadeiras amenizavam as asperezas e divertiam sempre, sem, porém, ofender pessoas ou ferir a dignidade das famílias, moças, senhoras e crianças que ali trabalhavam. Uns cantavam "cocos" e "emboladas" ao rítmo do batuque improvisado por alguém mais competente que soubesse arremedar a batucada do "baião". O que não deixava, entretanto, de reservar certas intimidades a casais, dada a aproximação que, evoluindo, entremeava-se de afeto, de contatos, de esfregação, de namoro e de xamego, num ambiente estritamente de trabalho, porém com doses de acentuados encantos e estimulantes sexuais.
Como ninguém é de ferro, vez por outra alguém passava os pés adiante das mãos e os tampos voavam.
Foi o que ocorreu com Dasdores, filha de Zé Beradeiro, um cinquentão respeitável, trabalhador, de procedência ignorada, porém com muitos indícios seridoenses. que alí viera ter ainda moço e ali contituíra numerosa família, após seu casamento com Maria do Rosário, uma varziana de dezoito quilates.
Dasdores, já moça feita, era a filha mais velha do primeiro casamento de Zé Beradeiro que inviuvara e vivia àquela época, com D. Esmerina, com quem os filhos se davam relativamente bem, sem ter que se queixar. Com atrativos e exuberâncias capazes de desarticular exércitos, Dasdores engraçou-se de Chico Bozó, fornido caboclo, rachador de palhas, bem parecido, que não desmerecia a família da namorada e que rachava palha para Dasdores bater.
Zé Beradeiro, num daqueles famosos batimentos de palha, surpreendeu casualmente uns lances de que não gostou. Sua filha, Dasdores, se espojava com o namorado, Chico Bozó, sobre uns montes de palha batida, fora da empanada, a quem se entregava de corpo e coração, sem qualquer reserva. O pai ficou calado, porém furioso, e no outro dia, chamando o conquistador aos carretéis, disse não aceitar o que havia presenciado, sendo necessário providenciarem o casamento. Chico, o sedutor, argumentou que precisava pensar, pois casamento era coisa séria. Zé Beradeiro, que também não estava brincando, disse que não queria conversa. E não estava disposto a bater boca. Queria uma decisão.
Os ânimos se alteraram e Zé Beradeiro acabou ouvindo o que não queria:
- A sua filha não era mais moça e eu não sou pedreiro pra tapar buraco de ninguém. Ela já é de maior e pode procurar seus direitos.
Zé Beradeiro, porém, não engoliu o bocado. E não era para um pai de família ficar calado diante de semelhante situação. Tinha que tomar alguma providência. Nem que fosse a última decisão de sua vida. Não podia aceitar a desonra da filha, de seu nome e de sua família. Não seria qualquer Chico Bozó que iria desfeiteá-lo. Tinha pouca coisa na sua vida e a honra da família era o mais importante. Teria que agir ligeiro, antes que o atrevido comentasse com alguém e se espalhasse o boato de sua desdita. Era questão de vida ou morte.
O desapareciemento de Chico até que não foi notado imediatamente, vez que ele era acostumado a sumir por alguns dias, visitando alguns parentes, reapareccendo, em seguida, pouco tempo depois. Mas não tanto assim como da última vez. Já dava o que falar. Parentes seus perguntavam sem obter qualquer notícia.
Foi-se avolumando a ausência de Chico, já consubstanciada pelos boatos do namoro que tivera, conforme insinuações motivadas por gabolices do próprio, de intimidades mantidas com a filha de Zé Beradeiro. Dissera ainda a alguns vizinhos que ela não era mais moça. E que fora chamado às favas pelo pai que queria casamento. E que ele não era otário para pagar pecado que não havia cometido.
Os comentários se faziam e nada de Chico aparecer. Já fazia mais de um ano que havia sumido. Zé Beradeiro, há muito, havia-se mudado dali com a família.
A polícia, tomando conhecimento do sumiço do homem através de queixa prestada por familiares, abriu inquérito e passou a ouvir pessoas da localidade. O próprio Zé Beradeiro fora localizado e ouvido, com sua filha, pelo delegado. Permaneceu preso ainda, por alguns dias e solto depois, enquanto se investigava o caso que, por falta de qualquer prova, acabou arquivado o processo e esquecido o assunto. Só que os familiares não aceitavam e mantinham a suspeita do assassinato de Chico. Mas como provar se nem o cadáver aparecia?
Não se podia justificar. O sumiço de Chico deixava inconformados os seus parentes. E Seu José também havia saído do cenário da culpa.
A família de Chico apelou para tudo. Chegou até a insinuar que, em certo local, onde se havia construído uma vila de casas residenciais, ali antes, Chico havia sido enterrado. Derrubaram-se algumas casas, sem qualquer sucesso, até que desistiram dada a inconviniência de se derrubar todo o arruado.
Dasdores, noutras paragens, já com os burros n'agua, passou a viver amancebada com um vaqueiro com quem teve alguns filhos sem maldizer a vida e sem queixar da sorte.
O sedutor é que nunca justificou o seu desapracecimento.
* Gilberto Freire de Melo é sociólogo, escritor potiguar de Pendências
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quinta-feira, 14 de maio de 2009
POESIA
O VALÔ DO ANÉ
Seu dotô, pode me crê:
Se tenho aprendido a lê,
Eu era dotô também.
Pruque hoje na cidade,
Nós só temo validade
Pela péda qui o ané tem?
Meu pai, era home pobre,
Porém morreu como nóbre,
Honesto e trabaiadô!
Morreu no mez de Dezembro
Ainda hoje eu me alembro...
Cuma a cidade chorô.
Era amigo da pobresa,
Inimigo da avaresa,
Cuma todo home de bem!
Num media sacrifíço
Para fazê benefíço...
Num despresava ninguem.
Veja a força do destino:
Morreu... Eu fiquei menino
Sem dinheiro pra estudá!
Fui cantadô e poéta;
Do mundo peguei a réta,
Num queria trabaiá.
Mas, graças a Providença,
Tenho o ané da inteligença,
Maió riqueza qui hai...
Num precisô de inventaro.
Sô rico, milionaro,
Do que herdei de meu pai.
Dotô, num é caçoada.
O ané num vale nada,
Sô mióra a posição!
Parece uma coisa incrive,
Quarqué um, compra no ourive,
Por cem cruzeiro, um anelão.
Olegaro Mariano
Poéta pernambucano,
Home de muito valô!...
Entrô para a cademia,
Amostrando a poesia,
Não, o ané de dotô!
... Adeus dotô, vô me embora.
Está chegando a hóra...
Eu preciso viajá.
Mas, pense na deferença
- Num se compra inteligença
E ané se póde comprá.
Renato Caldas
Seu dotô, pode me crê:
Se tenho aprendido a lê,
Eu era dotô também.
Pruque hoje na cidade,
Nós só temo validade
Pela péda qui o ané tem?
Meu pai, era home pobre,
Porém morreu como nóbre,
Honesto e trabaiadô!
Morreu no mez de Dezembro
Ainda hoje eu me alembro...
Cuma a cidade chorô.
Era amigo da pobresa,
Inimigo da avaresa,
Cuma todo home de bem!
Num media sacrifíço
Para fazê benefíço...
Num despresava ninguem.
Veja a força do destino:
Morreu... Eu fiquei menino
Sem dinheiro pra estudá!
Fui cantadô e poéta;
Do mundo peguei a réta,
Num queria trabaiá.
Mas, graças a Providença,
Tenho o ané da inteligença,
Maió riqueza qui hai...
Num precisô de inventaro.
Sô rico, milionaro,
Do que herdei de meu pai.
Dotô, num é caçoada.
O ané num vale nada,
Sô mióra a posição!
Parece uma coisa incrive,
Quarqué um, compra no ourive,
Por cem cruzeiro, um anelão.
Olegaro Mariano
Poéta pernambucano,
Home de muito valô!...
Entrô para a cademia,
Amostrando a poesia,
Não, o ané de dotô!
... Adeus dotô, vô me embora.
Está chegando a hóra...
Eu preciso viajá.
Mas, pense na deferença
- Num se compra inteligença
E ané se póde comprá.
Renato Caldas
A PONTE FELIPE GUERRA E FRANCISCO GAAG
A ponte sobre o Rio Piranhas/Assu, denominada Felipe Guerra (ele foi bacharel em direito, desembargador, deputado constituinte, secretário de educação e ainda é nome de um município potiguar, na Chapada do Apodi). Aquela ponte começou a ser construída em 1948 e a sua conclusão se deu em 1952. Naquela época era o prefeito do município do Assu, Edgard Borges Montenegro. A sua extenção é de 555 metros. Ainda hoje é a maior ponte de concreto armado do Nordeste. Foi construída pelo técnico em carpintaria Francisco Gaag, de nacionalidade austríaca, naturalizado brasileiro. Gaag, a quem reverencio com saudades, foi o mesmo técnico que reconstruiu a parede do Açude Pataxó, em Ipanguaçu, quando esteve para ser arrombada, salvo engano, em 1966. Por sinal, naquela época, Seu Gaag, hospedava-se na casa de meu pai (em Assu) Edmilson Caldas que também trabalhou na construção daquela ponte. Ele, Seu Gaag, comentava que teria também participado da construção do Cristo Redentor, no Rio de Janeiro). Finalmente, aquela ponte hoje faz a divisa entre entre os municípios de Assu, Itajá e Ipanguaçu. E Gaag, faleceu em Natal (onde morava), na década de setenta.
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quarta-feira, 13 de maio de 2009
CONTO
ACIDENTE UTÓPICO
*Por Ivan Pinheiro
Traga cerveja aí como quem trás oró pra burro!... Estão olhando o quê? Eu tenho dinheiro! - Gritou Aléxis para as mulheres presentes na sala central do "Mina de Couro".
"Mina de Couro" era o mais caro e requintado cabaré de Coruripe, no Estado de Alagoas. Aléxis era um comerciante. Vendia mangalhos e telhas industrializadas no pólo cerâmico do Assú. Naquele dia ele tinha ido entregar trinta mil telhas encomendadas pela cooperativa de Pindorama. A carga foi transportada em um caminhão Mercedes trucado.
Tão logo recebeu o pagamento. Aléxis quitou o frete do veículo e liberou-o. Retornaria à cidade do Assú, no Rio Grande do Norte, onde morava, de ônibus. Logicamente depois de umas boas farras.
Todo entusiasmado, Aléxis jogou sobre a mesa um maço de notas de cinquenta reais atadas com ligas. Quando a putada viu o dinheiro, a animação tomou conta do recinto. Ele rapidamente recolocou o pacote de cédulas em sua boça capanga.
- Meu filho, está estressado? Calma, fique tranquilo... Nós resolveremos seu estresse. - falou uma garota passando o braço sobre o ombro de Aléxis.
- Sua cerveja, bem geladinha. - A garçonete puxou uma cadeira e o convidou a sentar-se. - Deseja mais alguma coisa?
Aléxis estava radiante com o recinto e o atendimento. Observou quando a garçonete se afastava da mesa. Ela usava uma mini-saia de aproximadamente vinte centímetros. Cada passada que dava, mostrava a pequenina calça vermelha de rendas.
Em menos de três minutos, a mesa estava composta por três belas jovens. Uma loira, uma morena e a outra ruiva. O "Mina de Couro" tinha mulher para todos os gostos e gastos.
- Podemos pedir umas doses de Campari, meu tesão? - Perguntou alisando o peito de Aléxis, a loira.
- Se pode? Eu vim aqui pra farrear. Quero beber e comer até dar uma coisa ruim.
A farra se estendeu até à noite. A cidade começava a repousar. Aléxis já estava em estado de putrefação alcoólica. Chamou a garçonete e apontando para a piscina ordenou.
- A partir de agora quero vocês desfilando nuas na beira da piscina. E a primeira será você.
Todas se entreolharam discordando da proposta. A garçonete tomou a palavra.
- Vamos fazer o seguinte: o senhor paga esta primeira despesa e a partir de agora, nós iremos negociar as suas exigências. Aqui quem manda é o freguês.
- Fechado!... Traga a conta, feche as portas dessa espelunca e vamos fazer um bacanal... Cada mulher que desfilar pelada ganha "cin-quen-tinha". - Falou Aléxis, retirando um maço de notas da capanga.
A realização de Aléxis foi plena quando a garçonete tirou a última peça, a calcinha vermelha de rendas, e a passou delicadamente sobre seu rosto. A loira que ele estava a namorar reclamou.
- Deixa de tolices mulher. Acabe com esse ciúme besta, você será a última a desfilar... Quero ver agora na passarela a vermeinha! - Disse Aléxis apontando o dedo indicador em direção à ruíva.
Quando ele acordou, estranhou o recinto. O dia já tinha amanhecido. Olhou para o lado e viu a loira dormindo ao seu lado. Levantou rápido e foi até sua roupa pendurada num cabide no canto do quarto. Abriu a capanga. Restavam-lhe apenas quatro notas de cinquenta reais. Rapidamente, tomou banho, vestiu-se e foi saindo quando viu a voz da "companheira".
- Já vai meu bem? Não se esqueça de deixar meus cem.
- Vá roubar outro abestalhada, rapariga imunda! - esbravejou Aléxis, saindo do quarto apressado. Na rua tomou um táxi com destino a rodoviária.
O vento norte soprava com suavidade as últimas brisas da tarde. A força da luz solar já havia sido quebrada pelo crepúsculo da noite. Madalena sentada na calçada de sua casa, rodeada por cinco crianças, respirava aquele ar agradável. Seu pensamento era em Aléxis, seu marido, havia três dias que tinha saído pelo "meio do mundo" negociando.
- Mamãe, lá vem papai! - Gritou uma das crianças. Madelena olhou rapidamente para a rua sombria. O aspecto maltrapilho de Aléxis dificultou o reconhecimento à primeira vista. Ela levantou, correu ao encontro do esposo que chorava aos soluços.
- O que aconteceu homem de Deus? Você está todo arranhado, sujo, esmolambado, o que houve?
- Madalena, a história é longa. Dê graças a Deus eu estar vivo. O carro que levava a telha virou... Sic... Escapei por pouco. Perdi tudo mulher!
Os meninos abraçaram o pai chorando, enquanto Madalena agradecia de mãos postas o retorno do esposo ao lar. Ela providenciou o banho, colocou mercúrio nos seus leves ferimentos e serviu o jantar.
"Como fui tão imbecil... Como pude arranhar-me com cacos de telha para simular um acidente? Como gastei tanto dinheiro em vão? Como vou viver em paz com minha consciência e minha família? E o dinheiro para voltar a negociar?... Se perguntava Aléxis , recolhido e encolhido em sua rede.
* Ivan Pinheiro é historiador e secretário de Governo da Prefeitura Municipal do Assu.
(texto extraído do livro de sua autoria intitulado "Dez Contos Cem Causos, 2008).
*Por Ivan Pinheiro
Traga cerveja aí como quem trás oró pra burro!... Estão olhando o quê? Eu tenho dinheiro! - Gritou Aléxis para as mulheres presentes na sala central do "Mina de Couro".
"Mina de Couro" era o mais caro e requintado cabaré de Coruripe, no Estado de Alagoas. Aléxis era um comerciante. Vendia mangalhos e telhas industrializadas no pólo cerâmico do Assú. Naquele dia ele tinha ido entregar trinta mil telhas encomendadas pela cooperativa de Pindorama. A carga foi transportada em um caminhão Mercedes trucado.
Tão logo recebeu o pagamento. Aléxis quitou o frete do veículo e liberou-o. Retornaria à cidade do Assú, no Rio Grande do Norte, onde morava, de ônibus. Logicamente depois de umas boas farras.
Todo entusiasmado, Aléxis jogou sobre a mesa um maço de notas de cinquenta reais atadas com ligas. Quando a putada viu o dinheiro, a animação tomou conta do recinto. Ele rapidamente recolocou o pacote de cédulas em sua boça capanga.
- Meu filho, está estressado? Calma, fique tranquilo... Nós resolveremos seu estresse. - falou uma garota passando o braço sobre o ombro de Aléxis.
- Sua cerveja, bem geladinha. - A garçonete puxou uma cadeira e o convidou a sentar-se. - Deseja mais alguma coisa?
Aléxis estava radiante com o recinto e o atendimento. Observou quando a garçonete se afastava da mesa. Ela usava uma mini-saia de aproximadamente vinte centímetros. Cada passada que dava, mostrava a pequenina calça vermelha de rendas.
Em menos de três minutos, a mesa estava composta por três belas jovens. Uma loira, uma morena e a outra ruiva. O "Mina de Couro" tinha mulher para todos os gostos e gastos.
- Podemos pedir umas doses de Campari, meu tesão? - Perguntou alisando o peito de Aléxis, a loira.
- Se pode? Eu vim aqui pra farrear. Quero beber e comer até dar uma coisa ruim.
A farra se estendeu até à noite. A cidade começava a repousar. Aléxis já estava em estado de putrefação alcoólica. Chamou a garçonete e apontando para a piscina ordenou.
- A partir de agora quero vocês desfilando nuas na beira da piscina. E a primeira será você.
Todas se entreolharam discordando da proposta. A garçonete tomou a palavra.
- Vamos fazer o seguinte: o senhor paga esta primeira despesa e a partir de agora, nós iremos negociar as suas exigências. Aqui quem manda é o freguês.
- Fechado!... Traga a conta, feche as portas dessa espelunca e vamos fazer um bacanal... Cada mulher que desfilar pelada ganha "cin-quen-tinha". - Falou Aléxis, retirando um maço de notas da capanga.
A realização de Aléxis foi plena quando a garçonete tirou a última peça, a calcinha vermelha de rendas, e a passou delicadamente sobre seu rosto. A loira que ele estava a namorar reclamou.
- Deixa de tolices mulher. Acabe com esse ciúme besta, você será a última a desfilar... Quero ver agora na passarela a vermeinha! - Disse Aléxis apontando o dedo indicador em direção à ruíva.
Quando ele acordou, estranhou o recinto. O dia já tinha amanhecido. Olhou para o lado e viu a loira dormindo ao seu lado. Levantou rápido e foi até sua roupa pendurada num cabide no canto do quarto. Abriu a capanga. Restavam-lhe apenas quatro notas de cinquenta reais. Rapidamente, tomou banho, vestiu-se e foi saindo quando viu a voz da "companheira".
- Já vai meu bem? Não se esqueça de deixar meus cem.
- Vá roubar outro abestalhada, rapariga imunda! - esbravejou Aléxis, saindo do quarto apressado. Na rua tomou um táxi com destino a rodoviária.
O vento norte soprava com suavidade as últimas brisas da tarde. A força da luz solar já havia sido quebrada pelo crepúsculo da noite. Madalena sentada na calçada de sua casa, rodeada por cinco crianças, respirava aquele ar agradável. Seu pensamento era em Aléxis, seu marido, havia três dias que tinha saído pelo "meio do mundo" negociando.
- Mamãe, lá vem papai! - Gritou uma das crianças. Madelena olhou rapidamente para a rua sombria. O aspecto maltrapilho de Aléxis dificultou o reconhecimento à primeira vista. Ela levantou, correu ao encontro do esposo que chorava aos soluços.
- O que aconteceu homem de Deus? Você está todo arranhado, sujo, esmolambado, o que houve?
- Madalena, a história é longa. Dê graças a Deus eu estar vivo. O carro que levava a telha virou... Sic... Escapei por pouco. Perdi tudo mulher!
Os meninos abraçaram o pai chorando, enquanto Madalena agradecia de mãos postas o retorno do esposo ao lar. Ela providenciou o banho, colocou mercúrio nos seus leves ferimentos e serviu o jantar.
"Como fui tão imbecil... Como pude arranhar-me com cacos de telha para simular um acidente? Como gastei tanto dinheiro em vão? Como vou viver em paz com minha consciência e minha família? E o dinheiro para voltar a negociar?... Se perguntava Aléxis , recolhido e encolhido em sua rede.
* Ivan Pinheiro é historiador e secretário de Governo da Prefeitura Municipal do Assu.
(texto extraído do livro de sua autoria intitulado "Dez Contos Cem Causos, 2008).
segunda-feira, 11 de maio de 2009
SONETO DO POETA CALDAS
PRAGA
Persigam-te meus beijos e carinhos.
A bênção do amor e o coração da vida,
Sejam de flores teus lindos caminhos...
Estação da luz e estação florida.
Que te comova o fazer dos ninhos
E, em cada rosa de ilusão sentida,
Longe da mágoa e livre dos espinhos,
Palpite a tua imagem reflorida...
Que cante em as noites luminosas,
Dentro em teu seio, o teu sonho, vindo
D'alma das flores do íntimo das rosas...
E que teu nome só de luz imerso,
Um dia seja no meu verso, lindo,
A rica chave do meu triste verso.
Publicado em Almanaque de Pernambuco, para 1909
Persigam-te meus beijos e carinhos.
A bênção do amor e o coração da vida,
Sejam de flores teus lindos caminhos...
Estação da luz e estação florida.
Que te comova o fazer dos ninhos
E, em cada rosa de ilusão sentida,
Longe da mágoa e livre dos espinhos,
Palpite a tua imagem reflorida...
Que cante em as noites luminosas,
Dentro em teu seio, o teu sonho, vindo
D'alma das flores do íntimo das rosas...
E que teu nome só de luz imerso,
Um dia seja no meu verso, lindo,
A rica chave do meu triste verso.
Publicado em Almanaque de Pernambuco, para 1909
POESIA
Aquela casa branca, edificada
Sobre um alto, no meio do sertão,
Parece uma igrejinha iluminada
para a festa do amor e da ilusão.
Aquela casa, em noite constelada
Ou mesmo em dias quentes de verão
Tem para mim sorrisos de alvorada
E carícias de um terno coração.
Vejo-a sempre cercada de verdura
De borboletas e singelas rosas
Como o reino dourado da ventura.
Vivem nela, a sorrir, sempre vibrando
Duas almasa felizes e ditosas
Como um casal de pássaros cantando.
Júlio Soares
(Poeta do Assu)
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Sobre um alto, no meio do sertão,
Parece uma igrejinha iluminada
para a festa do amor e da ilusão.
Aquela casa, em noite constelada
Ou mesmo em dias quentes de verão
Tem para mim sorrisos de alvorada
E carícias de um terno coração.
Vejo-a sempre cercada de verdura
De borboletas e singelas rosas
Como o reino dourado da ventura.
Vivem nela, a sorrir, sempre vibrando
Duas almasa felizes e ditosas
Como um casal de pássaros cantando.
Júlio Soares
(Poeta do Assu)
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POESIA
Qual o remédio jocundo
Que ao mal nos serve de escudo?
"Fechai os olhos a tudo
Sorrir de tudo no mundo."
Foi esta a receita clara
Que me deu certa vez interrogado
Um homem que tinha achado coisa rara
A ventura neste mundo.
João Lins Caldas
Que ao mal nos serve de escudo?
"Fechai os olhos a tudo
Sorrir de tudo no mundo."
Foi esta a receita clara
Que me deu certa vez interrogado
Um homem que tinha achado coisa rara
A ventura neste mundo.
João Lins Caldas
quinta-feira, 7 de maio de 2009
O GRACIOSO CHICO DIAS
Francisco de Medeiros Dias, alcunhado de "Chico Dias", é uma figura querida e das mais espirituosas da cidade de Assu. Ele é cearense de nascimento e assuense por opção e escolha. Naquela terra do interior norte-riograndense ele chegou ainda menino de calças curtas. Lá, foi comerciário trabalhando na camisaria de seu primo também espirituoso chamado Oscarzinho Fernandes. Chico em Assu foi presidente do Grêmio Estudantil do Ginásio Pedro Amorim (da CNEG), fundou o Clube de Diretores Logistas (CDL), foi candidato a vereador por várias vezes, cabo eleitoral, comerciante e, atualmente é corretor de imóveis. Figura andarilha quando jovem. O Brasil ele conhece de ponta a ponta. "Era um romântico caminheiro". Pois bem, na década de noventa ou começo dos anos dois mil, salvo engano, foi instalado na cidade de Assu um novo hospital e um cemitério público ). Numa das campanhas políticas de Ronaldo Soares e Zeca Abreu candidatos a prefeito e vice-prefeito respectivamente, Chico trabalhou na certeza de arranjar uma colocação na prefeitura daquele importante município. Ronaldo e Zeca foram eleitos e, já passados mais de seis meses, nada de chico ser nomeado naquela edilidade. Foi quando um certo amigo perguntou-lhe: "Chico Dias e aí, já arranjaram um emprego pra você na prefeitura? Como vai a nova administração de Ronaldo?" " Ótima, estou aguardando se vão me colocar no novo ou no velho!" Respondeu Chico. Aquele amigo intrigou-se com aquele resposta e lhe fez nova pergunta: "No Hospital?" Chico que sempre tem a resposta na ponta da língua, não se fez de rogado, soltou essa de tal modo: "Não amigo! No cemitério!
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VALE DE LÁGRIMAS
O escritor veríssimo de Melo no seu livro intitulado sob o título "Várzea do Açu", primeira edição, diz que a região do Assu "se por um lado possui todos os dons que a Natureza é pródiga em conferir-lhe, não deixa, vez por outra, de sofrer os revezes caprichosos do clima e do meio, levando ao desespero o grosso da sua população.
pode ser, acertadamente, classificada como a "região dos contrastes".
Quando não é inverno copioso, com as cheias torturantes, é a seca dizimadora dos rebanhos, provocadora da fome, arrebatando as famílias ao seio bom e sossegado dos lares, arruinadora do comércio e da vida em geral". Afinal, qual é a solução para resolver o problema das enchentes? Será que somente com a Barragem de Oiticica, no leito do Piranhas/Assu (o terceiro maior rio do Nordeste), pode evitar as enchentes no Vale do Assu? A Barragem Ribeiro Gonçalves foi projetada também com o objetivo de evitar as enchentes naquela região! Mas, como "não sou médico para abrir barriga de ninguém", vou ficando por aqui.
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pode ser, acertadamente, classificada como a "região dos contrastes".
Quando não é inverno copioso, com as cheias torturantes, é a seca dizimadora dos rebanhos, provocadora da fome, arrebatando as famílias ao seio bom e sossegado dos lares, arruinadora do comércio e da vida em geral". Afinal, qual é a solução para resolver o problema das enchentes? Será que somente com a Barragem de Oiticica, no leito do Piranhas/Assu (o terceiro maior rio do Nordeste), pode evitar as enchentes no Vale do Assu? A Barragem Ribeiro Gonçalves foi projetada também com o objetivo de evitar as enchentes naquela região! Mas, como "não sou médico para abrir barriga de ninguém", vou ficando por aqui.
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LAGOA DO PIATÓ
Mas que beleza de fotografia que o renomado poeta fotógrafo assuense Jean Lopes produziu ao alvorecer naquele lago. Por sinal, postei aquela (uma obra de arte) foto no meu Orkut e, como não podia ser diferente, foram vários os comentários elogiosos. Aquela lagoa faz parte da minha juventude boêmia, prazenteira e feliz. Pois bem, comentando um pouco sobre aquela importante lagoa, segundo uma história muito antiga que a educadora e poeta Sinhazinha Wanderley conta (está publicado no livro de Walter Wanderley intitulado "Família Wanderley, 1965) que a "Lagoa do Piató contém muito ferro, razão pela qual a chuva, ainda mesmo pequena, ocasiona ali muito trovão. São 16 os riachos que correm para a lagoa, sendo os principais Pocinhos e Maniçabuais. No Piató, além da serra antiga, existe a chamada serra da Vaca Morta. Diziam os antigos que esta denominação fora dada por ter sido nesta serra onde morrera a primeira vaca no Assu. Havia mais dois serrotes denominados Serrote Pelado, que ficava dentro da lagoa, e Frecha de Urubu, lugar preferido pelos urubus".
A Lagoa do Piató recebe águas principalmente do Rio Piranhas/Assu e já esteve seca aproximadamente 50 anos, vindo a encher novamente depois que o canal fora desobstruido nos idos de 1972, através do empenho de Edgard Montenegro quando auxiliar do governo Cortêz Pereira.
São cinco as comunidades que estão no entorno daquela lagoa. Ela está "integrada a Floresta Nacional do Assu (bioma caatinga), apresenta considerável relevância para a manutenção da fauna, que depende deste manancial". E a sua principal ativida é a psicultura, com muita capacidade de exploração turística e a prática de esporte náutico.
Em tempo: Quero agradecer ao assuense historiador Ivan Pinheiro pelo elogio ao trabalho que venho fazendo neste blog (de forma simples e despretenciosa) contando a história do Assu e sua gente. Agradecer também a lembrança que ele me fez de comentar sobre os Baobás do Piató. Valeu Ivan, a crítica e a sugestão. Você é reconhecidamente o historiador do Assu, e eu sou verdadeiramente (escrevendo com gramática ou sem gramática) o biógrafo da terra assuense. Por este trabalho, pelos meus registros sobre a minha terra natal, só tenho recebido comentários elogiosos de potiguares residentes em terras distantes deste país e até do exterior. É o "Assu em evidência", no dizer do meu conterrâneo Junior Soares.
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segunda-feira, 4 de maio de 2009
SÓ TRISTEZA NA REGIÃO DO ASSU
O Rio Piranhas ou Assu, no Rio Grande do Norte, está "de barreira a barreira" como bem mostra a fotografia acima (extraída do "Blog de Juscelino"). Na foto podemos ver a ponte sobre aquele rio. Pena que a região do Vale do Assu se encontra em estado de calamidade. No começo do inverno, muita festa para os agricultores daquela promissora região de nome até internacional. Depois, só tristeza. No leito daquele rio está assentado uma grande barragem (segundo maior reservatório dágua do Nordeste), que foi construída com o objetivo de irrigar aquele vale, explorar a psicultura, além de evitar enchentes na zona rural daquela região, bem como nas cidades ribeirinhas do Piranhas. Afinal, desde 1983, data da sua inauguração pelo presidente Figuerêdo e pelo ministro Mário Andreazza, a Barragem Armando Ribeiro, não disse ainda para que veio! Para o turismo? Também não!
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sexta-feira, 1 de maio de 2009
ENCHENTE NO VALE DO ASSU
O poema de autoria do poeta matuto Renato Caldas intitulado "Desmantêlo", é uma realidade nos dias de hoje na região do Vale do Assu. Vamos conferir os versos do poeta adiante transcritos:
Foi no princípe de Março:
Inverno nem se falava!
Só omentava o mormaço,
Prumóde qui o Só baixava,
Pra matá tudo queimado.
O céo só se parecia,
- Deus me perdôe a hirisia -
Um prato azú imborcado.
Me restava inda uma crença:
Pois, pouco tempo fazia...
Pois, pouco tempo fazia...
Demenhã quando eu andava
Nas verêda, nos caminho,
Pra todo canto incontrava;
Os ninho de passarinho.
Adepois, já se falava,
De inverno no Pioí,
E, muita gente jurava,
Qui a noite relampiava,
No rumo dos Carirí.
Um dia demadrugada,
A barra vinha quebrando;
Ouví o "Pae da cuiáda",
Pulas quebrada roncando.
Era justamente o dia,
Qui nós todo, tinha fé.
A nossa crença dizia:
Na véspa de S. José,
O inverno, terá pegádo.
... Num tive qui duvidá.
Incuivarei meu roçado,
Tava tudo apreparado...
Só me fartava prantá.
Daí, o tempo trancô-se.
Chuveu dez dia amarrado!
Morreu metade do gado,
As criação acabô-se,
Tudo na váge atolado.
Subia as água do rio,
Foi subindo, foi subindo...
Despencô-se nos baixio,
As váge toda cubrindo.
Ficamo em casa cercado,
Sem tê pra onde apelá.
Se atrépamo no teiádo
E comecemo a gritá.
Eu, a muié e uma fia,
Passemo a noite atrepado.
E já pro rompê do dia,
As água tinha baixado.
Aí, nós fumo decendo.
Quando pizemo no chão,
Minha muié, foi dizendo:
- A menina tá tremendo,
Isso num será sezão?
- Prumóde incurtá a hitóra,
No anoitecer desse dia,
A minha fia subia,
Para o Reino da Gulóra.
E dessa hora indiente,
Jurei nas péda do artá,
Maldizê a toda inchente,
Qui Nosso Sinhô mandá.
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LUIZ CARLOS LINS WANDERLEY
Nota
Luís Carlos Lins Wanderley (1831-1890), primeiro potiguar a se diplomar em medicina, pela faculdade da Bahia. Como político, Luís Carlos foi deputado provincial "e presidindo a administração da sua Província". Luis Carlos foi poeta, educador, jornalista, teatrólogo. Foi também o primeiro romancista norte-riograndense e o primeiro poeta do Assu, bem como presidiu o Senado da Câmara (de Assu) em 1869, quando a câmara (no regime monárquico) tinha o poder de administrar aquele município.
Fernando Caldas
Luís Carlos Lins Wanderley (1831-1890), primeiro potiguar a se diplomar em medicina, pela faculdade da Bahia. Como político, Luís Carlos foi deputado provincial "e presidindo a administração da sua Província". Luis Carlos foi poeta, educador, jornalista, teatrólogo. Foi também o primeiro romancista norte-riograndense e o primeiro poeta do Assu, bem como presidiu o Senado da Câmara (de Assu) em 1869, quando a câmara (no regime monárquico) tinha o poder de administrar aquele município.
Fernando Caldas
DIA DO TRABALHO
Neste primeiro de maio, dia do trabalho, gostaria de lembrar dois consagrados poetas brasileiros como Ascenso Ferreira (de Palmares-PE) e Renato Caldas (de Assu-RN), nos versos que dizem assim, respectivamente:
Hora de comer - comer!
Hora de dormir - dormir"
Hora de vadiar - vadiar!
Hora de trabalhar?
- Perna pro ar que ninguém é de ferro.
*
Eu, trabalhar desse jeito
com as forças que Deus me deu
Pra sustentar um sujeito
Vagabundo como eu!
Hora de comer - comer!
Hora de dormir - dormir"
Hora de vadiar - vadiar!
Hora de trabalhar?
- Perna pro ar que ninguém é de ferro.
*
Eu, trabalhar desse jeito
com as forças que Deus me deu
Pra sustentar um sujeito
Vagabundo como eu!
sábado, 25 de abril de 2009
POESIA MATUTA
Eu tenho tanta sódade,
Da casinha lá da serra;
Qui ficô dento das grôtas,
Do sertão da minha terra,
Tão pequena, tão má feita,
Sem graça, sem perfeição...
Mas, qui sódade danada,
Eu sinto da casa amada
Qui ficô no meu sertão.
Renato Caldas (poeta matuto consagrado em todo Brasil).
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quinta-feira, 23 de abril de 2009
NATAL ANTIGO
A Rua Ulisses Caldas no Centro de Natal, tem essa denominação desde 13 de fevereiro de 1888. É uma justa homenagem ao ilustre e bravo assuense Ulisses Olegário Lins Caldas morto em combate na Guerra do Paraguai, a 7 de novembro de 1866. Ulisses fora o primeiro soldado a penetrar nas trincheiras inimigas em Curuzu, onde colocou o pavilhão nacional logo que tomou dois canhões. Ele Já foi ou ainda é nome de praça em Porto Alegre (RS), é nome de rua também em Assu e o nome do prédio da Câmara dos Vereadores daquela terra assuense, por proposição do vereador Fernando Caldas (1986) leva o seu nome.
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COMARCA DO ASSU
O Assu foi a segunda Comarca (e a segunda cidade potiguar). A Comarca, foi criada por deliberação do Conselho da Província. Lei Nº 13 de 11 de março de 1835, instalada pelo dr, Basílio Quaresma Torreão, portanto seu primeiro Juiz. A Comarca abrangia as regiões do Seridó, do Oeste e Central, como também as consideradas litorâneas, como Macau e Areia Branca. Vamos conferir abaixo a Lei que criou a Comarca do Assú, conforme escrito (linguagem antiga) naquele documento:
Lei Nº 13 - de 11 de março de 1835.
Aprovando a criação da Comarca do Assú com os três Districtos de Jurados, que forão marcados no acto de sua criação pelo Presidente em Conselho.
Basilio Quaresma Torreão, Presidente da Província do Rio Grande do Norte: Faço saber a todos os seus habitantes, que a Assembléia Legislativa Provincial Decretou, e eu sanccionei a Lei seguinte.
Art. Unico. Fica aprovada a criação da Comarca do Assú com os tres Destrictos de Jurados, que forão marcados no acto de sua criação pelo Presidente em Conselho.
Mando por tanto a todas as authoridades, a quem o conhecimento e execução da referida Lei pertencer, que a cumprão e fação cumprir tão inteiramente como nella se contem. O Secretário da Provincia a faça imprimir, publicar, correr. Cidade do Natal aos onze dias do mez de Março de mil oitocentos trinta e cinco, decimo quarto da Independência e do Imperio.
Basilio Quaresma Torreão.
Lei Nº 13 - de 11 de março de 1835.
Aprovando a criação da Comarca do Assú com os três Districtos de Jurados, que forão marcados no acto de sua criação pelo Presidente em Conselho.
Basilio Quaresma Torreão, Presidente da Província do Rio Grande do Norte: Faço saber a todos os seus habitantes, que a Assembléia Legislativa Provincial Decretou, e eu sanccionei a Lei seguinte.
Art. Unico. Fica aprovada a criação da Comarca do Assú com os tres Destrictos de Jurados, que forão marcados no acto de sua criação pelo Presidente em Conselho.
Mando por tanto a todas as authoridades, a quem o conhecimento e execução da referida Lei pertencer, que a cumprão e fação cumprir tão inteiramente como nella se contem. O Secretário da Provincia a faça imprimir, publicar, correr. Cidade do Natal aos onze dias do mez de Março de mil oitocentos trinta e cinco, decimo quarto da Independência e do Imperio.
Basilio Quaresma Torreão.
segunda-feira, 20 de abril de 2009
CALDAS, SIMPLESMENTE
O bardo potiguar do Assu João Lins Caldas era tipo magro e bonito rapaz. Solitário, amargurado. Na sua mocidade tivera muitos amores apaixonados e, apesar de dizer o contrário viveu com o coração ardente de paixão até os últimos dias de sua vida. É tanto que ele no dia em que veio a falecer (18 de maio de 1967), teria acabado de ler um livro de autoria da poetiza sonetista portuguesa Virgínia Victorino intitulado "Apaixonadamente." Vamos conferir para o nosso deleite, os poemas abaixo transcritos que ele escreveu há exatamente cem anos atrás, intitulado "Sonho de Estrela" e "Foge de Mim", respectivamente:
A via-láctea cintilava nua...
Larga nuvem branca, semelhante a um véu
Sobre o rosto de noiva - a cabeça tua -
Mal deixava transparecer o azul do céu.
Entre súbitos desmaios aparecia a lua,
Formosa, beijando as areias do escarcéu...
Mas, ah! Novo encanto novo se acentua...
Ao se recordar, talvez, do rosto lindo teu,
Disse, em sonho, uma mimosa estrela:
"Vem, único meteoro que do mundo resta
Brilhar sobre este azul... "E acenava a ela,
Então, apontando a esfera calma e bela,
Os anjos levaram-na para o céu, em festa,
Só porque um instante se lembrava d'ela.
*
Foge de mim; não quero ver-te. A vida
Que pesada fizeste, hoje despreza.
Do teu amor à dura natureza
Mas não se volva a página volvida...
Vou para longe enfin... Agora ouvida,
Minh´alma falará da tua reza...
Para longe de mim... Vai para longe.
Que eu aqui fique, solitário monge,
Olhando a triste solidão da vida...
Desterra-te de mim que eu me desterro...
Não me toques assim nesta ferida...
Aproveitando esta oportunidade, transcrevo um comentário de Ronaldo Emílio Cabral sobre a organização deste blog (como tantos outros comentários a respeito deste trabalho de registrar para a posteridade, o que disseram em prosa e verso, os poetas do Assu) que sensibilizou-me profundamente, dizendo assim: "Olá Fernando Caldas, sou de Fortaleza, mas meus pais são de Assu e tenho muitos parentes aí na terra dos poetas. Adoro não só essa cidade mas todo o povo também. Parabenizo pelo seu blog, leio todos os dias, continue com esse trabalho maravilhoso em prol da cultura do Assu."
ASSU ANTIGO
domingo, 19 de abril de 2009
COMENTÁRIO
"Olá Fernando sou Udson poeta e escritor da cidade de Icó no Ceará. Adoro a cidade de Assu já morei aim e queria parabenizar por belo trabalho para com os poetas daí, continue com ess trabalho, e queria deixar meu contato para termos informações (...)".
Obrigado Udson pelos elogios ao meu trabalho sobre o Assu e seus poetas. Obrigado também por gostar de Assu. "O Assu é +".
Obrigado Udson pelos elogios ao meu trabalho sobre o Assu e seus poetas. Obrigado também por gostar de Assu. "O Assu é +".
sexta-feira, 17 de abril de 2009
É FESTA NOS SERTÕES DO ASSU
quinta-feira, 16 de abril de 2009
ASSU ANTIGO
Praça Getúlio Vargas na década de sesenta. A fotografia podemos observar que foi tiurada de frente para o Mercado Público.
Antigos casarões que ficava de frente para a praça Pedro Velho que deu lugar a um parque de diversão nos anos sessenta e depois o Banco do Nordeste até hoje, A esquerda podemos ver o sobrado de Sebastião Cabral (como chamam os mais antigos do Ass) onde hoje está instalado a Betys Boutique. A fotografia é possivelmente da década de 20.
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quarta-feira, 15 de abril de 2009
SOBRE O ASSU DE ANTIGAMENTE
Gonçalo Lins Wanderley foi o primeiro proprietário de automóvel de luxo. Era um veículo de luxo, tinha segundo informações dos mais antigos assuenses cortinas de seda. Foi ele também o primeiro presidente da Câmara Municipal do Assu, ainda no regime monárquico quando a câmara dos vereadores tinha o poder de legislar e executar o município. A câmara foi o primeiro regime de governo local do Assu.
A poetisa e educadora sinhazinha Wanderley conta que em Assu existiu um pequeno museu com aves e cobras descecadas, além de um pedaço do osso do cangaceiro Jesuíno Brilhante.
As primeiras iluminações públicas eram feitas de vela de cera de carnaúba, de azeite de peixe dentro de um caco e, depois, com clássicos lampiões a querosene. A iluminação era no casarões dos velhos coronéis (da cera de carnaúba).
O primeiro poço tubular fora instalado na propriedade denominada "Arranhenta" de propriedade de Luiz Gomes de Amorim. Luiz adquiriu o equipamento nos Estados Unidos, fabricado pela Aermotor Campany, de Chicago. Chegou no Assu a 11 de fevereiro de 1916, depõe Francisco Amorim.
O telégrafo fora instalado a 11 de dezembro de 1890, na então rua São Paulo, atual Minervino Wanderley.
O primeiro cinema foi o Cine Theatro Pedro Amorim, trazido por Luiz Correia de Sá Leitão com a colaboração do Cel. Francisco Martins Fernandes que foi em terras assuenses, comerciante bem sucedido e agente do Banco do Brasil.
O primeiro avião a pousar no Assu foi um C-30 militar, no dia 24 de agosto de 1938. Tinha a denominação de "Mucuripe".
O primeiro Vigário do Assu foi Manuel de Mesquita e Silva, em 1726.
O primeiro promotor público do Assu foi o Manuel da Silva Ribeiro.
O primeiro tabelião público do Assu foi Manuel de Melo Montenegro Pessoa, avô do dr. Edgard Borges Montenegro.
O primeiro médico do Assu e do Rio Grande do Norte foi Luiz Carlos Lins Wanderley, formado na Bahia. Além de ter sido o primeiro romancista do Rio Grande do Norte. E, se não foi o primeiro foi um dos primeiros poetas do Assu.
O primeiro farmacêutico do Assu foi Pedro Soares de Araújo Amorim, diplomado na Bahia em 1857.
O primeiro dentista do Assu foi Francisco da Câmara Caldas, formado na Bahia, em 1929.
O primeiro engenheiro civil do Assu foi Raul de Sena Caldas, formado no Rio de Janeiro para onde, ainda jovem, na década de trinta, regressou aquela terra carioca. No Rio, Raul Sena era engenheiro do Departamento de Águas e Esgotos e, ainda naquela década, fora convidado pelo Conselho Britânico a conhecer a Inglaterra. Raul era proprietário de terras no município de Ipanguaçu.
O primeiro professor normalista do Assu foi o dr. Luiz Antônio Ferreira Souto dos Santos Lima.
O primeiro bairro habitacional do Assu é o bairro dom Eliseu.
A poetisa e educadora sinhazinha Wanderley conta que em Assu existiu um pequeno museu com aves e cobras descecadas, além de um pedaço do osso do cangaceiro Jesuíno Brilhante.
As primeiras iluminações públicas eram feitas de vela de cera de carnaúba, de azeite de peixe dentro de um caco e, depois, com clássicos lampiões a querosene. A iluminação era no casarões dos velhos coronéis (da cera de carnaúba).
O primeiro poço tubular fora instalado na propriedade denominada "Arranhenta" de propriedade de Luiz Gomes de Amorim. Luiz adquiriu o equipamento nos Estados Unidos, fabricado pela Aermotor Campany, de Chicago. Chegou no Assu a 11 de fevereiro de 1916, depõe Francisco Amorim.
O telégrafo fora instalado a 11 de dezembro de 1890, na então rua São Paulo, atual Minervino Wanderley.
O primeiro cinema foi o Cine Theatro Pedro Amorim, trazido por Luiz Correia de Sá Leitão com a colaboração do Cel. Francisco Martins Fernandes que foi em terras assuenses, comerciante bem sucedido e agente do Banco do Brasil.
O primeiro avião a pousar no Assu foi um C-30 militar, no dia 24 de agosto de 1938. Tinha a denominação de "Mucuripe".
O primeiro Vigário do Assu foi Manuel de Mesquita e Silva, em 1726.
O primeiro promotor público do Assu foi o Manuel da Silva Ribeiro.
O primeiro tabelião público do Assu foi Manuel de Melo Montenegro Pessoa, avô do dr. Edgard Borges Montenegro.
O primeiro médico do Assu e do Rio Grande do Norte foi Luiz Carlos Lins Wanderley, formado na Bahia. Além de ter sido o primeiro romancista do Rio Grande do Norte. E, se não foi o primeiro foi um dos primeiros poetas do Assu.
O primeiro farmacêutico do Assu foi Pedro Soares de Araújo Amorim, diplomado na Bahia em 1857.
O primeiro dentista do Assu foi Francisco da Câmara Caldas, formado na Bahia, em 1929.
O primeiro engenheiro civil do Assu foi Raul de Sena Caldas, formado no Rio de Janeiro para onde, ainda jovem, na década de trinta, regressou aquela terra carioca. No Rio, Raul Sena era engenheiro do Departamento de Águas e Esgotos e, ainda naquela década, fora convidado pelo Conselho Britânico a conhecer a Inglaterra. Raul era proprietário de terras no município de Ipanguaçu.
O primeiro professor normalista do Assu foi o dr. Luiz Antônio Ferreira Souto dos Santos Lima.
O primeiro bairro habitacional do Assu é o bairro dom Eliseu.
segunda-feira, 13 de abril de 2009
NOTA
Meu caro leitor Leônidas Neto: Li o seu comentário neste blog referente a minha matéria intitulada "Um Pouco da História da Cerval". Se você ler novamente vai encontrar sim, o nome do nosso José Maria Macedo Medeiros como um dos presidentes daquela cooperativa. Zé Maria para mim é uma pessoa de minha amizade e admiração. Não teria razões para omitir o seu nome. Quanto ao nome do grande João Leônidas não constar como sócio fundador da CERVAL naquele artigo de minha autoria, não foi omissão de minha parte, não. Até porque para que o texto não ficasse enfadonho, eu citei apenas alguns sócios fundadores daquela instituição,não me veio na memória naquele instante em que eu produzia a referida matéria, o nome de João Leônidas. Afinal, eu falei apenas "um pouco da Cerval". Na proxima matéria que eu escrever sobre aquela cooperativa vou lembrar o nome do seu avô João Leônidas de Medeiros. Por sinal, quando eu fui vereador pelo nosso querido Assu, eu votei a favor para que o nome de João Leônidas fosse dado a uma praça da nossa cidade, em reconhecimento pelos seus relevantes serviços prestados ao Assu e região.
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sexta-feira, 10 de abril de 2009
ASSU ANTIGO
GETÚLIO VARGAS NO ASSU
Em 1933, o presidente Getúlio Vargas, de passagem para Mossoró/Rn esteve na cidade de Assu. Ezequiel Fonseca Filho era intendente/prefeito daquele
município. Ezequiel mandou embandeirar a Rua Frei Miguelinho até a sua
residência (Sobrado da Baronesa onde atualmente funciona a Casa de Cultura e a Academia Assuense de Letras). Getúlio colocou o chapéu na
chapeleira, tomou champanhe e prosseguiu viagem para Mossoró, importante cidade
do oeste potiguar. Na fotografia acima, podemos conferir aquele estadista (com uma taça na mão) ao lado de Dix-sept Rosado. entre outros. Há informações que o presidente Vargas exigia que em todas as cidades brasileira fosse dado o
seu nome, a um um logradouro (praça). Naquele instante fora reivindicado por Ezequiel Fonseca, a construção da Ponte Felipe Guerra sobre o Rio Piranhas/Açu. Fica o registro.
Fernando Caldas
Fernando Caldas
ASSU BICAMPEÃO
Quando o Assu foi bicampeão de futebol de salão (hoje futsal), em 1966, no Palácio dos Esportes, em Natal. Vejamos a taça (daquele campeonato interiorano) erguida por Nazareno Tavares "Barão". E a festeira cidade de Assu virou carnaval. Lembro-me bem de uma modinha que os assuenses cantavam naquele dia festivo, que diz assim: "Assu bicampeão, do litoral até o sertão (...). Era tecnico daquela seleção Edson Queiroz que foi funcionário do Banco do Brasil, agência de Assu. Seus jogadores se não falha a memória eram Rui, Anchieta, Leleto, Mazinho, Lambioi, Maninho, Mauro e Agapito que eram cearenses. Fica esse registro de muita importância para o esporte assuense. L
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DURVAL SOARES DE MACEDO
Durval era tipo baixo, voz rouca, bom de copo. Eu era ainda menino quando o conheci pelas ruas do Assu vendendo cabo de vassoura, espanador e outros utensílios domésticos que fabrica na sua casa. Certa vez, se dirigiu a casa do médico Ezequiel Fonseca Filho, seu cliente. Ao chegar na residência daquele clínico, declamou de improviso estes versos adiante transcritos:
Quem tiver cavilação
Se apodera de doente
Dizendo pra toda gente
Não tenho melhora, não.
Mande fazer meu caixão
Cavar minha sepultura
Me disse uma criatura
Foi dia da Conceição
- A medicina não cura
- A dor da separação.
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Quem tiver cavilação
Se apodera de doente
Dizendo pra toda gente
Não tenho melhora, não.
Mande fazer meu caixão
Cavar minha sepultura
Me disse uma criatura
Foi dia da Conceição
- A medicina não cura
- A dor da separação.
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quinta-feira, 9 de abril de 2009
"O RIO DE MINHA ALDEIA" I
O título acima é de um poema de autoria do poeta portugues Fernando Pessoa. Este blog vai postar a partir de hoje, com ilustração do poeta fotojornalista Jean Lopes (com a sua permissão) poemas produzidos pelos bardos assuenses sobre o Rio Piranhas (também chamado antigamente de Rio do Peixe) ou Assu. Começamos com João Celso Filho com o poema intitulado "O Rio" que numa feliz inspiração escreveu:
Qual uma enorme jibóia
o rio ondula na areia,
espuma,
e a espuma que boia,
serpenteia...
E cheio o rio... pragueja!
Infla-lhe o ventre das águas
e é quando então,
rumoreja,
duras mágoas...
Imprecauções, gritos loucos,
soluça o rio, soluça
e pelas margens,
aos poucos,
se debruça.
E rola e cai e se arrasta
e as águas solta, esparze-as
pela terra,
que se afasta
pelas várzeas.
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quarta-feira, 8 de abril de 2009
ASSU ANTIGO
Antiga Casa Paroquial. Demolida para alargar a rua chamada popularmente como "Beco do Padre", hoje Rua Fernando Tavares. Visinho a casa da escritora Maria Eugênia. Monsenhor Júlio Alves Bezerra (que é nome de rua na cidade de Assu) morou naquela casa onde funcionou também a Divulgadora Assuense (organização de Herval Tavares), a Casa do Estudante e a central telefônica que pertencia a paróquia de São João Batista. Aquela casa foi demolida no início do no de 1983. Era prefeito Ronaldo Soares.
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terça-feira, 7 de abril de 2009
A CIDADE
"A Cidade", jornal do Assu, que circulou ininterupitamente durante 25 anos. Era seu diretor, redator e gerente, os irmãos Francisco, Palmério e Otávio Amorim., respectivamente. A edição abaixo é data de 13 de dezembro de 1925, número 581. A fotografia acima é do governador José Augusto, e logo abaixo, a direita, vejamos o Cel. Francisco Martins Fernandes que foi auto comerciante em Assu. Aquela edição está publicado uma matéria sobre a inauguração da luz elétrica na cidade de Assu, que era pública e particular, convênio celebrado entre o Cel. Francisco Martins e a Intendência Municipal (hoje prefeitura). Clique na fotografia para uma melhor visualisação.
LEMBRANÇAS DA POLÍTICA III
Tenho o prazer (não é para promoção pessoal, não) de informar que a propaganda política abaixo (do autor deste blog) serviu de comentário quando José Agripino esteve pela primeira vez na cidade de Assu, em campanha para o governo do Rio Grande do Norte, em 1982. Foi a primeira propaganda que circulou na terra potiguar com o JA (de José Agripino), segundo ele próprio informou a Raimundo pontes (da Sinwal) que recepcionava na sua casa o hoje senador José Agripino. E lá se vão 29 anos.
segunda-feira, 6 de abril de 2009
"ASSUENSE PREMIADO NA NOVA ZELÂNDIA"
"Jean Lopes conquista prêmio internacional"
"O fotógrafo assuense Jean Lopes é finalista num concurso internacional de fotografia na Nova Zelândia. Promovido por uma editora e com temática voltada para a amizade, família, amor e risos, o concurso M.I.L.K. selecionou 150 trabalhos do mundo todo. Cada um dos finalistas receberá quinhentos dólares e disputará o prêmio de 5oS$ mil. O resultado final sai no dia 31 desse mês, e será escolhido por Elliatt Erwett, fotógrafo da lendária agência Magnum de fotografia, um dos organaizadores do prêmio.
As fotos premiadas serão impressas numa edição luxuosa e ainda farão parte de uma exposição itinerante.
Na primeira edição, realizada há dez anos, disputaram o concurso mais de 17 mil fotógrafos, incluindo 4 fotojornalistas consagrados com o Pulitzer Prize o mais importante da imprensa americana. Na ocasião, foram mais de 40 mil trabalhos, provenientes de 160 países. Os números desse ano ainda não foram divulgados.
Flagrante em dia de laser
Jean Lopes conta que estava na praia de Ponta do Mel, em Areia Branca. Percebeu que um grupo de crianças se divertiam brincando com um cachorro. Elas corriam, e o cacchoro coria atrás. "Uma hora, a garotinha se distanciou do grupo", conta o fotógrafo, "e acabou alcançada pelo animal". O flagrante lembra um antigo anúncio da Coopertone e é o resultado de um olhar apurado e a paixão pelo ofício. Era o último dia de 2005 e Jean ia passar o reveillon na praia. Encontrou o grupo e percebel alí uma foto em potencial. "E como já disseram: é preciso crer para ver", diz o fotógrafo, reforçando uma das características mais marcantes de todo bom fotojornalista, a capacidade de antever a situação."
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domingo, 5 de abril de 2009
LEMBRANÇAS DA POLÍTICA II
Fernando Caldas (Fanfa) cumprimentando o então governador da Bahia Antônio Carlos Magalhães (1927-2007)que era chamado pelos seus ferrenhos adversários como "Toninho Malvadeza" e pelos seus correligionários como "Toninho Ternura". A fotografia acima fora tirada no Centro de Convenções da Bahia, em 1985. Naquele instante disse-me aquele governante baiano: "Quando se encontrar com José Agripino dê um forte abraço nele." E eu tive o prazer de dar aquele abraço no governador José Agripino quando estive em seu gabinete no Palácio Potengi em companhia do prefeito Ronaldo Soares. Antônio Carlos era egresso da velha UDN, ARENA, PDS (partido pelo qual elegi-me vereador do Assu, 1983-88), PFL e Democratas, sua última agremiação partidária. É o Assu "em evidência", no dizer do meu conterrâneo Junior Soares.
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sábado, 4 de abril de 2009
UM POUCO MAIS DE CHICO TRAIRA
Francisco Agripino de Alcaniz era o nome de registro de um dos maiores cantadores de viola que o Nordeste já teve. Nasceu no sítio Pau de Jucá, distrito de Ipanguçu e considerava-se assuense de coração. Na fotografia acima (praça do Rosário, de Assu), data de 28 de junho de 1979, vejamos o poeta cordelista com o olhar distante, preocupado com os destinos do Vale do Assu, antes da Barragem Armando Ribeiro, também chamada Barragem do Assu. Desencantado com o seu vale, escreveu naquele ano:
O Vale do Baixo Açu:
Frase tão pronunciada...
De riqueza? não tem nada.
Existe o vale, no nome.
Gritam: terra dos poetas.
Dos verdes carnaubais,
Só há isso, e nada mais
E o povo passando fome.
O Vale possui riqueza?
O vale possui riqueza:
Mas usando de franqueza
Que o povo aos poucos descobre,
Pois se assim continuar
Uma coisa eu cientifico:
O rico fica mais rico.
E o pobre fica mais pobre
Por que quizeram entravar
Tão grande empreendimento?
Aqui só há sofrimento,
Nudez, desemprego e fome;
Pois com o nosso clima incerto
Fartura não se constroe:
Num ano, a seca destroi,
No outro, a enchente come.
Há tempos vem esta terra
Á tecnica desafiando;
Os anos vão se passando
E os dias ficam mais criticos.
E para que serve este Vale,
Sem trabalho, sem recursos?
Sóm para enfeitar descursos
Dos repetidos políticos?...
E agora como está o nosso decantado Vale do Assu?
O Vale do Baixo Açu:
Frase tão pronunciada...
De riqueza? não tem nada.
Existe o vale, no nome.
Gritam: terra dos poetas.
Dos verdes carnaubais,
Só há isso, e nada mais
E o povo passando fome.
O Vale possui riqueza?
O vale possui riqueza:
Mas usando de franqueza
Que o povo aos poucos descobre,
Pois se assim continuar
Uma coisa eu cientifico:
O rico fica mais rico.
E o pobre fica mais pobre
Por que quizeram entravar
Tão grande empreendimento?
Aqui só há sofrimento,
Nudez, desemprego e fome;
Pois com o nosso clima incerto
Fartura não se constroe:
Num ano, a seca destroi,
No outro, a enchente come.
Há tempos vem esta terra
Á tecnica desafiando;
Os anos vão se passando
E os dias ficam mais criticos.
E para que serve este Vale,
Sem trabalho, sem recursos?
Sóm para enfeitar descursos
Dos repetidos políticos?...
E agora como está o nosso decantado Vale do Assu?
sexta-feira, 3 de abril de 2009
POEMAS
A ESPERADA
A esperada não veio. A esperada na vida
é o belo sonho para me inflamar.
Que ela não chegue, a bela comovida...
Que teria eu depois para ainda esperar?...
POEMA
À vida pedí como quem pede um beijo na face,
Que ela, a vida, não me negasse...
Passou a vida, não me quis ver...
Ora morrer!
Morrer é a vida de que se nasce...
João Lins Caldas
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A esperada não veio. A esperada na vida
é o belo sonho para me inflamar.
Que ela não chegue, a bela comovida...
Que teria eu depois para ainda esperar?...
POEMA
À vida pedí como quem pede um beijo na face,
Que ela, a vida, não me negasse...
Passou a vida, não me quis ver...
Ora morrer!
Morrer é a vida de que se nasce...
João Lins Caldas
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PALMÉRIO FILHO
O assuense Palmério Filho (1874 - 1958) "sem nunca ter saído de sua cidade natal, fez-se um dos mais primorosos jornalistas provincianos daqueles tempos.Assim depõe Ezequiel Fonseca Filho sobre aquele jornalista. Palmério foi tipógrafo na cidade de Assu, manteve vários jornais, além de ter fundado os jornais como "A Semana" (que circulava aos domingos), 1897 e "A Cidade", 1901. Este último era dirigido por ele e seus irmãos Otávio e Francisco Augusto Caldas de Amorim redator e gerente respectivamente. O jornal A cidade, circulou durante vinte e cinco anos.
Palmério era brilhante orador, poeta. Começou a versejar ainda adolescente. Dirigia a "Farmácia Amorim" de propriedade de seu pai. Naquela estabelecimento reuniam-se os intelectuais da terra assuense para uma conversa amistosa e declamação de poesias. É preciso que Palmério Filho (que em Assu, já foi nome de um Parque Infantil (onde hoje está assentado o Banco do Detentor) e de Biblioteca Pública Municipal, não caia no esquecimento como tantos outros ilustres do Assu. Ele é digno de tantas homenagens que nunca pediu, mas que tanto merece.
E com saudade da filha que perdera na morte, Palmério escreveu:
Senhor, a Fé - suma bondade
Que ao pecador contrito purifica.
Fé que nos transporta à Eternidade
E que as almas eleitas glorifica.
Dai-me, Senhor Deus, por piedade,
Essa Fé que encoraja e fortifica.
Filha do Céu, Irmã da Caridade,
Dai-me a resignação que santifica.
Afastai de meu peito o desalento,
Atendei a minha súplica, Deus clemente,
Elevai para o além meu pensamento.
E lá na Glória onde a luz mais brilha
Dai-me a graça, Senhor Onipotente,
De ver ainda um dia a minha filha.
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Palmério era brilhante orador, poeta. Começou a versejar ainda adolescente. Dirigia a "Farmácia Amorim" de propriedade de seu pai. Naquela estabelecimento reuniam-se os intelectuais da terra assuense para uma conversa amistosa e declamação de poesias. É preciso que Palmério Filho (que em Assu, já foi nome de um Parque Infantil (onde hoje está assentado o Banco do Detentor) e de Biblioteca Pública Municipal, não caia no esquecimento como tantos outros ilustres do Assu. Ele é digno de tantas homenagens que nunca pediu, mas que tanto merece.
E com saudade da filha que perdera na morte, Palmério escreveu:
Senhor, a Fé - suma bondade
Que ao pecador contrito purifica.
Fé que nos transporta à Eternidade
E que as almas eleitas glorifica.
Dai-me, Senhor Deus, por piedade,
Essa Fé que encoraja e fortifica.
Filha do Céu, Irmã da Caridade,
Dai-me a resignação que santifica.
Afastai de meu peito o desalento,
Atendei a minha súplica, Deus clemente,
Elevai para o além meu pensamento.
E lá na Glória onde a luz mais brilha
Dai-me a graça, Senhor Onipotente,
De ver ainda um dia a minha filha.
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quinta-feira, 2 de abril de 2009
ASSU NA ÓTICA DE JEAN LOPES
A fotografia acima (de alguns casarões do Assu, no largo da Matriz de São João Batista, praça Getúlio Vargas), é de autoria do fotógrafo assuense (ganhador de muitos prêmios até internacional) Jean Lopes. No canto, a direita, vejamos o sobrado da Baroneza de Serra Branca onde atualmente funciona a Casa de Cultura daquela terra assuense, que a Fundação José Augusto reformou - governo Wilma de Faria.
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terça-feira, 31 de março de 2009
RENATO CALDAS NA HISTÓRIA DA MÚSICA POTIGUAR
Chico Elion (Francisco Elion Caldas Nobre) musicou e gravou no seu CD "Chico Elion e Vozes amigas, 1995, o poema de Renato intitulado "Saudes de Guarapari", outro músico potiguar chamado Guaracy Picado musicou e gravou um CD com o título "Guaracy Canta Renato Caldas e Outros", 2005. Leide Câmara no seu livro "Dicionário da Música do Rio Grande do Norte", diz que Jarlene Maria musicou e gravou os poemas de Renato como "Reboliço ("LP Reboliço") e em parceria com Mirabô o poema "Fulô do Mato" ("LP Ponta de Mel"), além de "Mulata" que segue adiante:
"Mulata da minha terra"
Qui nasceu num pé de serra
Desta nação brasileira,
A tua boca encarnada,
Só parece uma taiáda
De goiabada pesqueira.
Só quero qui você deixe,
Qui você deixe mulata:
Qui eu fique quinem o peixe
Qui enfeite as tampa da lata.
Me deixe pro dó, pru pena,
Pru desejo, ou compaixão,
Qui eu enfeite as tampa morena,
Qui cobre o seu coração.
O poema canção sob o título "Lua Cheia" (paródia) é uma das belas composições de Renato Caldas. Vejamos:
Logo de noite,
Quando vorto do trabáio,
Pego a viola e me espáio,
Coméço logo a cantá.
Enquanto a Lua
Tá no Céu dipindurada
Ouvindo a minha toáda
Com vontade de chorá.
Oh! Lua cheia, Oh! Lua cheia.
Não óie nas teia
Da casa de meu amô.
Pruquê se oiá,
Se espiá,
Cabô-se lua cheia
O teu furgor.
Eu tenho raiva
Quando vejo a lua cheia,
Espiando pelas teia
Da casinha do meu bem!
Eu penso inté
Qu'essa lua tão marvada,
Qué levá a minha amada
pra uma casa que ela tem.
Mas, se eu pegasse
A lua pelas guéla,
Dava tanta tapa nela
Qui nem é bom, se falá...
Qui me importava
Qui o mundão escurecesse,
Ou qui ela se escondesse,
Só com medo de apanhá.
Se Deus deixasse
Se Deus aconsentisse,
Qui pro céu assubisse
E fosse lua também...
Passava a moite,
Lá no céu dipindurado, oiando pulo teiádo
Da casinha do meu bem.
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segunda-feira, 30 de março de 2009
AINDA SOBRE RENATO CALDAS
Renato Caldas esse excepcional artífice da poesia matuta brasileira que um dia Doryan Jorge Freire o chamou de "monstro sagrado", fora no ano de 1964 convidado, salvo engano, por Francisco Alves de Athaíde quando governador do Estado do Espírito Santo, para que ele, Renato, fizesse uma temporada na cidade de Vitória, capital daquele estado. No que aceitou o convite (a sua estadia naquela cidade fora custeado pelo governo daquele estado), apresentou o seu trabalho, a sua arte e, dias depois, já estando no Rio Grande do Norte, escreve o poema em homenagem a uma das praias daquele litoral capixaba sob o título "Saudades de Guarapari", que o compositor potiguar assuense, sobrinho de Renato chamado artisticamente como "Chico Elion" (Francisco Elion Caldas Nobre autor da famosa canção "Ranchinho de Paia" interpretado por grandes músicos da Canção Popular Brasileira", como Reinaldo Calheiros, Trio Irakitan, Luiz Gonzaga, dentre outros) musicou e gravou no seu CD intitulado "Chico Elion e Vozes Amigas, 1995, bem como no CD também de sua autoria com o título "Chico Elion Canções e Amigos, 2007, volume II, interpretado por Guaracy Picado com arranjos de Franklin Novais. Vejamos o referido poema canção daquele bardo assunse, para o nosso deleite:
Guarapari é a pra da saudade
Onde a felicidade
Fez um ninho pra morar
À noite o eterno candeeiro
Ilumina seus coqueiros
Com alvos flocos de luar
Na praia branca o mar verde se dserrama
Tudo vive r tudo ama
Tudo nos fala de amor
Da triste lenda de um rancho no abondono
Que chora a falta do dono
Um valente pescador.
Guarapari, Guarapari, felicidade!
Quero lembrar com saudade
O bem que tive e perdi
Nas horas tristes que passar de ti distante
Eu direi a todo instante
Saudades Guarapari.
Fernando Caldas
Guarapari é a pra da saudade
Onde a felicidade
Fez um ninho pra morar
À noite o eterno candeeiro
Ilumina seus coqueiros
Com alvos flocos de luar
Na praia branca o mar verde se dserrama
Tudo vive r tudo ama
Tudo nos fala de amor
Da triste lenda de um rancho no abondono
Que chora a falta do dono
Um valente pescador.
Guarapari, Guarapari, felicidade!
Quero lembrar com saudade
O bem que tive e perdi
Nas horas tristes que passar de ti distante
Eu direi a todo instante
Saudades Guarapari.
Fernando Caldas
domingo, 29 de março de 2009
COMENTÁRIO DE JOÃO CELSO NETO
Recentemente recebi vários comentários (que estão "guardados no posta restante do meu coração", no dizer de Renato Caldas) de filhos do Assu, a respeito deste blog que comenta principalmente o passado da terra assuense e sua gente evidente. Alguns deles morando em terras distantes como o poeta e advogado em Brasília (que saiu do Assu ainda menino) João Celso Neto que, quando aperta a saudade da terrinha acessa este blog. Vamos ao seu comentário:
"Fernando Caldas, dez anos mais novo que eu, não pôde ser meu contemporâneo. Saí do Açu em junho de 1949. nem sei se Edmilson já casara com Gelza.
Mas lembro-me bem dele menino "buchudo", pois eu ia sempre à terrinha nas férias escolares, e ele morava na esquina próxima à casa de minha tia, onde eu me hospedava sempre.
De fato, nos reencontramos em Brasília, ele presidente da Câmara de Vereadores do Açu, e tive oportunidade de ciceroneá-lo (eram 3, não me lembro quem era o terceiro) para mostrar os principais pontos turísticos da Capítal Federal.
Anos depois, recebi dele um convite para conhecer seu blog (este), onde já deixei mensagens desde o primeiro instante.
Surpreendi-me ontem com a grata citação, aqui repetida, de um verso meu na abertura de sua página em Orkut.
Não sei como ele conseguiu os poemas e versos, pois estão em livro de 1966, que lancei no Açu em uma noite no Clube Municipal. Provavelmente, Edmilson o comprou e guardou.
Uniu-nos, também, a afeição e admiração por João Lins Caldas, de quem tenho alguns autógrafos (herança de meu pai). Recentemente abri meu blog com versos dele, Caldas (A vida, pedi como quem pede um beijo na face...").
Não perco a esperança de rever Fernando Caldas, não sei se em Natal ou Açu, podendo ser aqui também, Brasília.
Não se pode negar a importância de seus registros, que resgatam a história de nossa cidade natal e de seus habitantes de ontem e de sempre.
Grato e parabéns."
"Fernando Caldas, dez anos mais novo que eu, não pôde ser meu contemporâneo. Saí do Açu em junho de 1949. nem sei se Edmilson já casara com Gelza.
Mas lembro-me bem dele menino "buchudo", pois eu ia sempre à terrinha nas férias escolares, e ele morava na esquina próxima à casa de minha tia, onde eu me hospedava sempre.
De fato, nos reencontramos em Brasília, ele presidente da Câmara de Vereadores do Açu, e tive oportunidade de ciceroneá-lo (eram 3, não me lembro quem era o terceiro) para mostrar os principais pontos turísticos da Capítal Federal.
Anos depois, recebi dele um convite para conhecer seu blog (este), onde já deixei mensagens desde o primeiro instante.
Surpreendi-me ontem com a grata citação, aqui repetida, de um verso meu na abertura de sua página em Orkut.
Não sei como ele conseguiu os poemas e versos, pois estão em livro de 1966, que lancei no Açu em uma noite no Clube Municipal. Provavelmente, Edmilson o comprou e guardou.
Uniu-nos, também, a afeição e admiração por João Lins Caldas, de quem tenho alguns autógrafos (herança de meu pai). Recentemente abri meu blog com versos dele, Caldas (A vida, pedi como quem pede um beijo na face...").
Não perco a esperança de rever Fernando Caldas, não sei se em Natal ou Açu, podendo ser aqui também, Brasília.
Não se pode negar a importância de seus registros, que resgatam a história de nossa cidade natal e de seus habitantes de ontem e de sempre.
Grato e parabéns."
O MEU SÃO JOÃO
Para mim a festa do padroeiro do Assu, São João Batista era como se fazia antigamente com direito a quadrilha, leilão, alfinin, balões, vaquejada com relabucho, barraca do verde e encarnado, jornalzinho como "A Mutuca", "O Vaqueiro", entre outros que circulavam no período daqueles festejos (nove dias de quermesse). Naqueles periódicos os poetas colaboravam com suas produções literárias, os comerciantes divulgavam as suas lojas, as moças e os rapazes eram satirizados, fazia e desfazia namoro, os políticos e toda a sociedade escreviam seus artigos sobre aquela festa e os problemas da região. Lembro o parque de diversão ao lado da matriz com sua roda gigante, carrossel, divulgadora. Os rapazes aproveitavam aquele meio de divulgação para dedicar canções as suas amadas. O locutor do parque dizia antes de divulgar a canção, essa linda mensagem: "De alguém para um alguém com muito amor e carinho."
Ah! Que saudade da "Quadrilha de Vovó Zulmira", que era realizada em frente a casa dela, dona Zulmira, de saudosa memória.
Na foto acima (São João de 1982) vejamos Fernando Caldas - Fanfa (de batina), O irreverente e espirituoso Chico Dias (o noivo), Iza Caldas (a noiva), entre outros amigos assuenses.
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