quarta-feira, 29 de julho de 2020

MATOLENGO

 

Matolengo

O autor de caçadas

De tiros em antas, em onças em

garças...

Lá vai Matolengo

O livro que leva

Das selvas, dos bosques

Das matas espessas

Lagoas nas bordas

Tem bichos nas bordas...

Tem amplas caçadas

 

Meu Deus, Matolengo...

Amigos que teve

Piratas de livros

Piratas de cousas

Que cousa...

 

Ouvi Matolengo

Seu gosto é desgosto

Seu modo é de fardo

Que fardo o seu corpo.

 

Eu sei do seu corpo

Que o bom Matolengo

Disperso nas águas

Disperso nas matas

É folha com o vento...

 

Lá vai Matolengo...

um verso nas folhas

Um verso nas rochas

Estrofes nas nuvens

Estrofes nas pedras

Seu canto não pára...

Dispara...

 

Um canto na treva

Um trilo

Sigilo...

É ele quem leva

O fardo espingarda...

 

Parado

Tranquilo

A face de pedra

Caminho de rochas

E tochas

Pesadas

As mãos desvairadas

Que abraçam nas rochas.

 

Ouvi Matolengo

Sombrio, cansado

Fardado de rochas

Fardado de pedras

Passando os extremos...

 

Matolengo...

Se roça nas pedras

Se roça as escarpas

Os astros que roça...

 

 

 João Lins Caldas)

 


BELA ESTRELA DE VÊNUS

Bela estrela de Vênus fez tua face que fosses,
Pois o véu ainda esconde Diana clara e doce,
E até perto das tílias, junto ao pé da colina,
Luz meu passo secreto na tua trilha divina.
Não no intento noturno por milgalha furtiva,
Ou a viajantes levar onde a morte os cativa.
É o amor: vou trovar sobre mútuos ardores,
Uma ninfa adorada, uma flor entre as flores.
Como em meio aos fogos, entre quem Diana impera,
Brilham puros os teus, a ornar noite e esfera.

André Shénier, poeta francês (1762-1794)

André Chénier – Wikipédia, a enciclopédia livre

terça-feira, 28 de julho de 2020

AO CORAÇÃO QUE SOFRE

Por Olavo Bilac, o príncipe dos poetas brasileiros

Ao coração que sofre, separado
Do teu, no exílio em que a chorar me vejo,
Não basta o afeto simples e sagrado
Com que das desventuras me protejo.

Não me basta saber que sou amado,
Nem só desejo o teu amor: desejo
Ter nos braços teu corpo delicado,
Ter na boca a doçura de teu beijo.

E as justas ambições que me consomem
Não me envergonham: pois maior baixeza
Não há que a terra pelo céu trocar;

E mais eleva o coração de um homem
Ser de homem sempre e, na maior pureza,
Ficar na terra e humanamente amar.

segunda-feira, 27 de julho de 2020

LEMBRANDO IVANILTON GALHARDO


Ivanilton, além de médico neurologista formado pela UFRN, era também compositor, escritor, seresteiro da velha guarda, “médico de cérebro e poeta de coração”. Ele teve uma vida recheada de valores e princípios.
Ivanilton se não foi médico da primeira turma, foi um dos primeiros médicos neurologistas formados por aquela universidade. É autor, salvo engano, do livro sob o título ‘Propedêutica Neurológica Essencial’.
Lembro-me dele, Doutor Ivanilton ou simplesmente Ivanilton, quando médico de profissão, atendendo no seu consultoria que ficava num prédio de primeiro andar, esquina da rua Princesa Isabel com a João Pessoa, Cidade Alta, bairro de centro da capital potiguar. Isso nos idos de sessenta. Naquele tempo, fui por ele consultado quando eu era ainda adolescente e depois na minha vida adulta. Por sinal, Ivanilton era sobrinho de minha avô paterna pelo lado da família Fernandes de Queiroz, do alto oeste do Rio Grande do Norte. Portanto, é Ivanilton, meu primo em segundo grau com muito orgulho.
A escritora Leide Câmara em seu livro intitulado Dicionário da Música do Rio Grande do Norte, 2001, pag. 253, depõe que Ivanilton Galhardo “revelou-se compositor em 1983, quando a música Vagando nos teus olhos, em parceria com Duarte de Carvalho, foi gravada por Wigder Valle, no LP Música Universitária. Em 1998, como cantor, gravou a mesma música no CD coletânea MPB-Médico Popular Brasileiro.”
Por fim, revendo os guardados de minha avó, encontro a fotografia de formatura dele, Ivanilton, um pouco gasta pelo tempo, conforme abaixo.
Fica, portanto, um pouco da vida e obra daquele renomado médico, professor, que se dizia apaixonado pela neurologia, chamado Ivanilton Galhardo que, por Ironia do destino fora vítima aos 73 anos de idade, de Acidente Vascular Cerebral.
Fernando Caldas

COSTUMES ALIMENTARES DO SERTÃO POTIGUAR NO SÉCULO XVIII – Luís da Câmara Cascudo

LUDOVICUS - INSTITUTO CÂMARA CASCUDO·QUARTA-FEIRA, 8 DE JULHO DE 2020

Fundava-se, sobre base do tradicionalismo patriarcal, a sociedade norte-rio-grandense, no trabalho da pecuária e agricultura. O plano de roças de mandioca garantia a farinha indispensável à alimentação histórica. A ribeira do Apodi, na última década do século XVIII (1791-93, a grande seca, “Seca Grande” como ficou conhecida), produzia 56.640 alqueires de farinha nas freguesias do Apodi, Portalegre e Pau dos Ferros. O rebanho bovino é que se desenvolvia normalmente, criando-se, desde longos anos, a indústria das carnes secas em Mossoró e Açu, tornando-se famosos os portos das “Oficinas de Carne”, ou simplesmente Oficinas, à margem do mesmo rio. Somente em 1788 é que o Capitão General de Pernambuco, D. Tomás José de Melo, proibiu a promissora indústria, permitindo-a apenas do Aracati para o norte. Decorrentemente a carne seca ficou conhecida como “carne do Ceará” em data posterior à tão desassisada medida de administração às avessas. A abundância do gado, explicação poderosa da obstinação holandesa em fixar-se no Rio Grande, era uma consequência dos pastos bons nas zonas de criação. Já em julho e novembro de 1686 o Governador de Pernambuco avisava ao Rei ter recebido avisos do Capitão-Mor do Rio Grande informando-o da presença de um navio “de grande força” e um patacho de piratas no litoral norte-rio-grandense, saqueando barcos e que “lançava gente em terra a fazer Carnes e aguadas”.

O contrato do estanco do sal, alvará de 7 de dezembro de 1758, permitia aos proprietários de salinas o uso do produto, mas não a exportação. Multa e perda da embarcação carregadora. Só em 1808 recomeçaria a produção regular e venda para o sul.

A alimentação era a carne, assada ou cozida, com farinha, farófia ou pirão. Verduras, hortaliças, quase desconhecidas. Usavam os “cheiros”, cominho, coentro, alho, como no “Velho da Horta” de Gil Vicente. O milho dava o cuscuz, comum e mais raro o cuscuz de mandioca. O de milho nos viera do Oriente pela mão do português e do negro africano que o tivera do árabe. As vacas-de-leite garantiam o queijo e especialmente o prato secular e milenar, a coalhada, de universal uso. O sertanejo não bebia leite. Comia-o, com farinha, com jerimum (abóbora), com batata, com milho cozido, o mungunzá. No ciclo de São João há a comida-de-milho, canjica, pamonha, bolo, canjicão, com leite de coco, este em anos do século XIX. O açúcar branco não era fácil. Comprava-se e guardava-se para adoçar remédios lambedores (xaropes) e chás medicamentosos. Como o mel de abelha para o indígena, a rapadura era o “doce” para o sertanejo. O próprio nome de “açúcar” era pouco usado. Dizia-se:- “quer mais doce? Sirva-se do doce!” na acepção do adoçante que era rapadura raspada para os pobres. Ainda em 1910 havia esse clima no sertão norte-rio-grandense.

Ovelhas, marrã de ovelha, constituíam prato precioso, cozido, assado, a buchada, tripas e mais vísceras, cozidas em fogo lento, noite inteira, com pirão de farinha ferventado na gordura do próprio animal. Até meados do século XVIII não encontro alusão aos caprinos. O carneiro, nunca recusado, foi acepipe conhecido e Henry Koster encontrava-o menos saboroso que o da Inglaterra. Manoel Rodrigues de Melo e Hélio Galvão mostraram sua popularidade na alimentação normal.

As sobremesas apreciadas eram banana cozida, batata assada, doce de banana, rapadura com farinha, também o chouriço, espécie de morcela portuguesa. Ainda alcancei o prestígio da farinha com açúcar para os meninos do meu tempo. Finalizava-se a refeição bebendo o caldo da carne.

Os ovos quentes eram impopulares. Ovo cozido, farinha de ovos com carne assada era prato antiquíssimo. Beber ovo cru só o faria timbu. Os peixes eram cozidos ou assados. Raramente havia técnicas para outras maneiras. Os molhos eram desconhecidos. O leite de coco tornou-se indispensável, mas é vitória do século XIX para o sertão.

Galinhas seriam comida clássica das parturientes, a canja simples e a galinha cozida, com arroz de forno. Galinha assada era prato de festa. O guiné, angola, pintado, tido por “carregado” era parcimoniosamente consumido. Os perus apareceram no interior muito depois. Eram comuns no litoral. Gostava-se mais das peruas, cevadas em casa, com milho cozido, empurrado a dedo na goela.

Herdeiro do indígena, o sertanejo amava todas as peças de caça, veados, pacas, emas, nambus, asa-branca, tijuaçu, preá, mocó, tatus, muitas repugnando aos moradores do litoral, especialmente aos praieiros. Em compensação, os caranguejos, lagostas, lagostins davam náuseas aos sertanejos e eram saboreados pelos praianos, “gente que come aranha caranguejeira”, como dizia, arrepiado feito porco espinho, meu tio Francisco José Fernandes Pimenta, olhando em Natal uma travessa de goiamuns rescendentes.

As comidas comuns correspondiam às “comidas de campo”, levados pelos vaqueiros nos pequeninos alforjes de couro como provisão para os longos dias de perseguição aos bois marruás ou touros fugitivos. Era a paçoca, carne pisada a pilão, com farinha, comida com rapadura ou banana. Delícia. Era o “comboieiro” carne assada, cortada miudinha e misturada com farinha. Diziam-na “comboieiro”, porque era o prato mais fácil de fazer quando os longos “comboios”, carregados de algodão, descendo para as cidades e vilas, arranchavam-se à sombra das oiticicas. Água, conduzia-se na “borracha”, saco de couro, que a tornava fria e límpida. Era nome vindo de português. Os indígenas amazônicos faziam-na com a seringa e daí denominar-se “borracha” ao látex da seringueira. As velhas e legítimas “borrachas” (“Botas” em Espanha e França) eram de couro.

Fiéis a dez mil anos de sabor, os sertanejos eram amigos do tutano, batendo os ossos, sorvendo-o devagar, puro ou misturado com farinha. Tutano dá força porque é a essência do animal. Pensavam assim todos os povos primitivos do mundo. E o gosto continua.

Para beber, o raro vinho tinto, a meladinha ou cachimbo, aguardente com mel de abelha, insubstituível para “fechar o corpo aos calores e friagens”.

Os ricos tinham sempre vinho do Porto, vinho espanhol de Málaga, servidos aos cálices. Fumava-se cachimbo, mascava-se uma folha de tabaco, usava-se mecha no nariz ou sorvia-se o rapé, torrado. O cigarro é depois da Guerra do Paraguai. O charuto apareceu no século XIX. E raro. Quando o Padre Francisco de Brito Guerra, então deputado-geral em 1833, voltou do Rio de Janeiro para o Caicó, trouxe charutos e ofereceu-os a dois amigos velhos, correligionários seguros. Acabaram de almoçar e o Padre retirou-se um instante. Quando regressou viu os amigos verdes e nauseados. Tinham comido os charutos, julgando-os sobremesa habitual na Corte.


Fonte: “História do Rio Grande do Norte” / Luís da Câmara Cascudo – Natal: Fundação José Augusto/Rio de Janeiro: Achiamé, 1984.

Imagem: Reprodução capa da obra “Arte e rituais do fazer, do servir e do comer no Rio Grande do Norte: uma homenagem a Câmara Cascudo” / Arthur Bosisio Junior (Coord.) – Rio de Janeiro: Senac Nacional, 2007.

quinta-feira, 23 de julho de 2020

Páginas Aleatórias

Um jovem encontra um senhor de idade e lhe pergunta:
- Se lembra de mim?
E o velho diz: - não.
Então o jovem diz que ele era aluno dele.
E o professor pergunta:
- O que você está fazendo, o que você faz para viver?
O jovem responde:
- Bem, eu me tornei professor.
- Ah, que bom, como eu? (disse o velho)
- Pois sim. Na verdade, eu me tornei professor porque você me inspirou a ser como você.
O velho, curioso, pergunta ao jovem que momento foi que o inspirou a ser professor.
E o jovem conta a seguinte história:
- Um dia, um amigo meu, também estudante, chegou com um relógio novo e bonito, e eu decidi que queria para mim e eu o roubei, tirei do bolso dele.
Logo depois, meu amigo notou o roubo e imediatamente reclamou ao nosso professor, que era você.
- Então, você parou a aula e disse:
“O relógio do seu parceiro foi roubado durante a aula hoje. Quem o roubou, devolva-o”.
- Eu não devolvi porque não queria fazê-lo.
- Então você fechou a porta e disse para todos nós levantarmos e iria vasculhar nossos bolsos até encontrarmos o relógio.
- Mas, nos disse para fechar os olhos, porque só procuraria se todos tivéssemos os olhos fechados. Então fizemos, e você foi de bolso em bolso, e quando chegou ao meu, encontrou o relógio e o pegou.
- Você continuou procurando os bolsos de todos e, quando terminou, você disse:
"Abram os olhos. Já temos o relógio."
- Você não me disse nada e nunca mencionou o episódio. Nunca disse quem foi quem roubou o relógio. - Naquele dia, você salvou minha dignidade para sempre.
- Foi o dia mais vergonhoso da minha vida. Mas também foi o dia em que minha dignidade foi salva de não me tornar ladrão, má pessoa, etc. Você nunca me disse nada e, mesmo que não tenha me repreendido ou chamado minha atenção para me dar uma lição de moral, recebi a mensagem claramente.
- E, graças a você, entendi que é isso que um verdadeiro educador deve fazer.
- Você se lembra desse episódio, professor?
E o professor responde:
- Lembro-me da situação, do relógio roubado, que procurava em todos, mas não lembro de você, porque também fechei os olhos enquanto procurava.
Esta é a essência do ensino: Se para corrigir você precisa humilhar; você não sabe ensinar.
[autoria desconhecida]
Se conseguiu ler deixe seu UP, obrigado pela atenção !!!

quarta-feira, 22 de julho de 2020

Ouvir estrelas
"Ora (direis) ouvir estrelas! Certo
Perdeste o senso!" E eu vos direi, no entanto,
Que, para ouvi-las, muita vez desperto
E abro as janelas, pálido de espanto...
E conversamos toda a noite, enquanto
A via-láctea, como um pálio aberto,
Cintila. E, ao vir do sol, saudoso e em pranto,
Inda as procuro pelo céu deserto.
Direis agora: "Tresloucado amigo!
Que conversas com elas? Que sentido
Tem o que dizem, quando estão contigo?"
E eu vos direi: "Amai para entendê-las!
Pois só quem ama pode ter ouvido
Capaz de ouvir e de entender estrelas."
(Olavo Bilac)
EM DELÍRIO
Por que é que nós vivemos tão distantes,
Si estamos neste sonho todo incerto:
- Eu ao teu lado em pulsações vibrantes,
E tu, longe de mim, sempre tão perto?
E é isso como um lúgubre deserto
onde andem as chamas palpitantes
Deste amor, deste amor que vive aberto
para os teus cem mil beijos escaldantes!
Amo-te! E fui-te sempre à eterna esquiva...
Mata-me agora esta aflição tão viva
Que explode em mim, que no meu seio estua...
Que tu não sejas meu, pouco me importa...
Mas tira-me esta dor que me transporta
A este desejo eterno de ser tua!
Carolina Bertholo
___________em, revista Fon-Fon, Rio de Janeiro, 1924.
Ó vida! Os teus milagres nem
sempre são doçura, mas
não me dês tanto, tanto!
Não me dês tanto, tanto,
tanta amargura!

Caldas, poeta do Assu

segunda-feira, 20 de julho de 2020

Ditos populares

Dinheiro muito é riqueza
Dinheiro pouco é lizeira
Muita conversa é besteira
E se for pouca é singeleza
Tudo o que é bom tá beleza
Se num tá, é fuleiragem
Troço demais é bagagem
Se for pouquinho é “moqueca”
Muito disco é discoteca
Desgraça pouca é bobagem

Fábio Gomes

sexta-feira, 17 de julho de 2020

Amor não se negocia
Não se compra, não se vende
Sequer, o.amor se entende
Ele acontece, se cria
Quem tem a mente vazia
Briga, faz um escarcéu
Nosso par não cai do céu
Sou paciente e espero
NÃO DISPUTO QUEM EU QUERO
PORQUE NÃO QUERO TROFEU



Fabio Gomes
Para se erguer um prédio
Tem que existir alicerce
Um ser humano não cresce
Se é crônico o seu tédio
O sucesso faz assédio
Devagarinho me encaixo
Faço o que certo eu acho
Sempre na mesma batida
PRA VOCÊ SUBIR NA VIDA
TEM QUE COMEÇAR DE BAIXO

CREIO
Creio na beleza do teu porte,
Na doce floração do teu receio.
Creio, feliz, no teu melhor anseio
E creio-me feliz por ver-te forte.
Creio em teus olhos divisar meu norte
Nos teus olhares julgo ler mais forte.
Creio na fé de ter nos teus afetos
Nos teus sorrisos doces, prediletos,
Na luz que vem seus divisar escolhos...
Na serena visão dos teus castelos...
Na pureza infantil dos teus desvelos
Creio na prece muda dos teus olhos.
Caldas
(Manuscrito)
Da linha do tempo, Face de Fernando Caldas

Veja imagens do Açude Gargalheiras

DICIONÁRIO MATUTO;
COMO SE FALA(VA) PEDRO-AVELINÊS:
1ª edição: 2012.. 2ª edição: 2018.
Um exemplo de cada letra do alfabeto:
-Altear: aumentar o volume do som do velho rádio ABC.
-Batatão: fogo fátuo em que os animais se assustam à noite.
-Caganeira: disenteria, diarreia.
-Desfigurado; pálido, doente.
-Entojo: enjoo de mulher grávida.
-Filepa: graveto pequeno e fino.
-Graxa: molho de carne.
-Herna: hérnia.
-Ingembrado: torto, empenado.
-Jararaca: mulher braba, briguenta.
-Lambaio: puxa-saco, adulador.
-Manquejar:andar mancando.
-Nanico; pequeno,de baixa estatura.
-Ofender; desvirginar, alimentação que faz mal.
-Passatempo; desmaio, turica.
-Quixó; armadilha para pegar preá.
-Ruma: amontoado de algo, monte de gente.
-Sodoro: xique-xique.
-Tiquim: pouca coisa.
-Usura; vantagem, ambição.
-Varapau: indivíduo alto e magro.
-Xilindró: quartel, cadeia.
-Zanho: zangado, desconfiado.
Marcos Calaça é professor, poeta matuto e jornalista cultural.
Obs. Esse dicionário sertanejo e matuto tem mais de duas mil palavras e frases referentes ao meu velho torrão, com 83 páginas.

quinta-feira, 16 de julho de 2020

AGNELO ALVES UM VOCACIONADO JORNALISTA E GRANDE POLITICO DO RN


Hoje estaria completando 88 anos de idade se vivo fosse - Agnelo Alves nasceu em 16 de julho de 1932 e faleceu em 15 junho de 2015. Foi jornalista vocacionado fazendo história no Jornal Tribuna do Norte, tendo se autodefinido pelo pseudônimo de Neco com grande destaque de comentários da vida politica do RN. Foi um grande politico potiguar: prefeito de Natal, Parnamirim, senador da república e deputado estadual. 

Deixou um legado de trabalho bem expressivo e sendo irmão do ex-governador Aluizio Alves, teve outro irmão deputado estadual, vice governador e senador Garibaldi Alves.  

Fazia parte do naipe familiar de enorme prestigio na politica do RN - tio do carismático Garibaldi Alves Filho, ex- deputado federal e ex-ministro Henrique Alves, sendo seu herdeiro direto o ex-prefeito da capital Carlos Eduardo Alves. Atualmente apenas o deputado federal Walter Alves seu sobrinho ostenta representatividade na alta câmara do País.

Agnelo deixou no municipio de Parnamirim um espólio eleitoral de grande potencialidade, a ponto da candidatura que encarnar o apoio do seu nome in memoriam ser favorecido e ter chance de sair do pleito vitorioso.

Vivê nu mato é mió,
Vivê sozinho nu rancho
Penerando a luz do só.

(desconheço o autor)

quarta-feira, 15 de julho de 2020

ORIGEM DA FAZENDA SÃO FRANCISCO

Essa fazenda foi fundada por Alexandre Francisco Pereira Pinto, o Capitão Antas. Um homem católico, temente a Deus, é tanto que colocou os nomes da fazenda e de todos os filhos nomes de Santos. Foi de São José dos Angicos para o distrito de Gaspar Lopes, hoje Pedro Avelino, por volta do ano de 1860. Casou-se com Maria dos Milagres, com quem teve dois filhos. Com o falecimento da primeira esposa, teve um segundo matrimônio com Maria Batista da Trindade, outra angicana, sendo pai de cinco filhos. Era um desbravador visionário, vinha sempre à capital fazer negócios e aproveitava para contratar uma professora para transmitir conhecimentos, ensinando o BÊ A BÁ e as quatro operações da aritmética a seus filhos e netos. Construiu a casa grande no pé da Serra Aguda, separada por um açude, que servia de suporte hídrico para fazenda. Essa casa é conjugada, vindo a nela morar o Capitão e seu filho Pedro, casado também com a angicana Cecília Genuína Antas, minha avó, a qual pariu vinte e um filhos e era uma verdadeira santa.

O Capitão faleceu no dia 16 de junho de 1923 na fazenda São Francisco, aos cuidados de Ana do Carmo, sua única filha solteira.
Minhas homenagens ao Capitão Antas, esse homem de fibra.

Autor: Geraldo José Antas
Engenheiro Civil e Agropecuarista
A imagem pode conter: uma ou mais pessoas
Sandi Grace
ha perdido a sua boneca favorita. Ela e Kafka procuraram a boneca sem sucesso.
Kafka disse-lhe para se encontrar com ele lá no dia seguinte e eles voltavam para a procurar.
No dia seguinte, quando ainda não encontraram a boneca, Kafka deu à menina uma letra ′′ escrita ′′ pela boneca dizendo ′′ por favor não chores. Fiz uma viagem para ver o mundo. Vou escrever-te sobre as minhas aventuras."
Assim começou uma história que continuou até o fim da vida de Kafka.
Durante as suas reuniões, Kafka leu as letras da boneca cuidadosamente escritas com aventuras e conversas que a menina achou adorável.
Finalmente, Kafka trouxe de volta a boneca (ela comprou uma) que tinha regressado a Berlim.
′′ Não se parece nada com a minha boneca," disse a rapariga.
Kafka entregou-lhe outra carta em que a boneca escreveu: ′′ as minhas viagens mudaram-me." a menina abraçou a nova boneca e trouxe-a feliz para casa.
Um ano depois Kafka morreu.
Muitos anos depois, a menina adulta encontrou uma carta dentro da boneca. Na pequena carta assinada por Kafka, estava escrita:
′′ Tudo o que amas provavelmente será perdido, mas no final, o amor voltará de outra forma."

terça-feira, 14 de julho de 2020

Nessa vida já dei muita mancada
Por cachaça, já fiz muita baderna
Dava o passo maior que minha perna
E o meu ímpeto sempre acabava em nada
Vi toda a minha fama acabada
Parei por um instante e pensei
Não foi isso da vida o que almejei
Vou agir de forma mais cautelar
APRENDI COM O TEMPO, A ESPERAR
POIS QUANDO TIVE PRESSA, EU ERREI

sábado, 11 de julho de 2020

Alba Fonseca de Sá Leitão



Morreu Alba Leitão. Hoje. Desaparece  com ela uma época.

Alba Leitão personificou o glamour, em Assu, por muitos anos.  Ela foi a imagem dos bailes elegantes e das grandes festas, quando se apresentava com vestidos especiais, calçava luvas, colocava sapatos altos  e resplandecia  pelo bom gosto.  Gestos e voz se harmonizavam.  Eram os anos finais da década de 1950. A década de 1960. Os anos dourados das orquestras que enchiam o ar com o som dos metais, ou  o  ritmo dado pelas maracas, pois as grandes orquestras  seguiam o estilo americano ou mexicano. Esse era o ambiente em que Alba se movia e impregnava de elegância.

Para compor a  personagem  vem a frase  que lhe atribuía a qualidade de árbitro da moda, na cidade. 

Se Alba  vestiu é porque está na moda, era o sussurro à sua passagem.  Mas   não era uma moda  simplesmente  vinda da costureira fina e dos tecidos nobres  ou como decorrência da   reprodução dos  trajes  da revista “O Cruzeiro” ou dos figurinos  importados. A moda de Alba era feita de  bom gosto e, por isso, conferia  destaque e se afirmava sem retoques, por inteiro como um retrato completo e perfeito.  Tudo era exato, nem a mais nem a menos. A fulguração era suave, pois não era de bom tom a estridência.

Não  me recordo de qualquer vestido  que Alba usou para descrever aqui. Dos adornos do que poderia ser chamado de vaidade, lembro apenas os brincos de pérola presos à orelha, grandes pérolas, clássicas. O que descrevo, esse pouco mundano ou material,  é próprio da elegância, em que  o  importante é o  gesto, a postura, a voz, um conjunto que identifica a pessoa e lhe cria uma marca pessoal, inimitável. Um certo  jeito de dizer. Uma certa forma de se comportar.  Um conjunto que  registra o estar no mundo, ocupando o lugar que é seu  e é único.

Afinal o poeta Paulo Valery afirmou  que – “Elegância é a arte de não se fazer notar, aliada ao cuidado sutil de se deixar distinguir.”

Dessa forma feita de harmonia e sutileza, Alba compôs  o retrato das festas  que, como dizia dona Sinhazinha, o Assu já teve. De finesse e harmonia. O grandioso palco da época foi o Clube Municipal. E o som de Orquestras como a de Ed Mandarino que animaram festas nos anos 1960 e sempre retornam à saudade daquela época.

Hoje Alba partiu. Ao encontro de José de Sá Leitão. Ao encontro dos familiares que a precederam. 

Foi para a casa do Pai Eterno. Ficaram  seus filhos, Raissa e Caio César, que, em meio às lágrimas da despedida, devem encontrar o conforto da gratidão nos anos de vida de Alba. Para os assuenses,  faço o registro que homenageia e relembra  toda uma época que recendia a rosas e  modula  as lembranças  com os  afetos. Uma luz  que presente nas histórias  que são contadas  sobre Assu.

Perpetua Wanderley,  10/07/2020

(Fotografia do blog).



quinta-feira, 9 de julho de 2020

IMPOSSÍVEL
Tudo findo. Deixaste-me e seguiste
O primeiro que veio ao teu caminho;
Não pensaste sequer que fiquei triste,
Preso à desgraça de viver sozinho!
Dois longos anos! ... Nunca mais me viste! ...
Foram-se as aves, desmanchou-se o ninho! ...
Hoje, me escreves: "Meu viver consiste
Na mistura de lágrimas e vinho!"
E me imploras: "Perdoa-me e consente
Que eu vá viver contigo novamente,
Pois só contigo poderei ter paz!"
Eu te perdôo... mas o empecilio é este;
Eu amava aquela alma que perdeste...
Alma que nunca reconquistarás! ...
(Rogaciano Leite)
Fortaleza, Dezembro de 1948.

PELO DIA DA CONSCIÊNCIA NEGRA Se Guilherme de Almeida escreveu 'Raça', em 1925, uma obra literária “que tem como tema a gênese da na...