quinta-feira, 24 de março de 2011

NATAL ANTIGA


Foto de 1950. Atual Av. Hermes da Fonseca, bem próximo da Alexandrino de Alencar. Templo da Igreja Batista Regular, hoje Colégio Bereiano.

(Fonte: Do Facebook de Francisco Martins)

CMN realiza solenidade em comemoração aos 45 anos do PMDB

A Câmara Municipal do Natal realizará nesta sexta-feira (25), às 18h, uma sessão solene em homenagem aos 45 anos de fundação do Partido do Movimento Democrático Brasileiro, o PMDB. A solenidade é de autoria do vereador Luís Carlos, presidente em exercício da legenda em Natal.

Estarão presentes na comemoração o ministro da Previdência Garibaldi Alves Filho, o presidente do diretório estadual do partido, deputado federal Henrique Alves, os deputados estaduais Hermano Morais e Walter Alves, assim como a vereadora de Natal Rejane Ferreira, além de membros do diretório, filiados e simpatizantes.

Fundado em 1980, o PMDB é sucessor do Movimento Democrático Brasileiro, legenda de oposição ao Regime Militar de 1964. Participou ativamente de importantes momentos da história política brasileira, como o “Diretas Já”, em 1984, comandado por Ulysses Guimarães – uma das maiores figuras na História do partido.

Aluízio
 
No Rio Grande do Norte, o partido foi berço de nomes importantes para a história política local, como o do ex-ministro Aluízio Alves, além de ter destaque no cenário nacional através da atuação do ministro Garibaldi e do deputado federal Henrique Alves.

Por Leonardo Sodré

Lançamento da Expofruit 2011 exibe a força da fruticultura no estado

Nesta quarta-feira (23), foi promovido na fazenda Agrícola Famosa em Mossoró, o lançamento da Feira Internacional da Fruticultura Irrigada (Expofruit) 2011. O evento que acontecerá no período de 8 a 10 de junho no Centro de Exposições e Eventos (Expocenter), contou com a participação de diversas autoridades e técnicos do ramo agrícola na solenidade de lançamento.

Na abertura, os coordenadores da feira promoveram uma visita dos jornalistas convidados a cinco fazendas de agricultura irrigada na região da Chapada do Apodi. O passeio teve o objetivo de exibir todo o bom potencial da região. De acordo com o presidente do Comitê Executivo de Fruticultura do Rio Grande do norte (Coex), Segundo de Paula, essa iniciativa foi pensada como uma forma de mostrar aos repórteres as dificuldades do setor, mas também a vontade de luta do produtor rural.

“Essa visita foi para mostrar que a feira levanta a moral dos produtores rurais. A organização e todo o sucesso em negócios firmados é um novo gás para os empresários do campo. Uma força que mostra todo o potencial de nossa fruticultura, que cresce a cada ano. Uma história que começou pequena, quando poucos apostavam no desenvolvimento desse setor por aqui. Para se ter idéia dessa pujança, são cerca de 200 mil toneladas por ano só de melão”, ressaltou Segundo de Paula.

Fazendas

As fazendas visitadas foram: Pedra Preta (Coopyfrutas), Agrícola Canaã, localizada no assentamento Maisa, Mata Fresca, Frumel, e fazenda Agrícola Famosa, aonde finalizou o tour e também onde foi promovido o lançamento da feira e o almoço para as autoridades convidadas.

Na oportunidade, o presidente do Sistema Faern/Senar, José Álvares Vieira, ao lado do superintendente do Senar, Otávio Tavares, acompanharam toda a logística apresentada pelos organizadores da feira e também puderam conferir toda a dinâmica de uma das empresas mais capacitadas do Brasil no ramo de fruticultura: a Fazenda Agrícola Famosa.

De acordo com José Vieira, da Faern, além de impulsionar o setor de fruticultura, a Expofruit gera emprego e renda para o município de Mossoró. “Com ela, cerca de 20 mil empregos diretos e 70 mil indiretos são firmados. Um verdadeiro estimulo para essas pessoas e uma mostra da expansão da feira na economia local”, explicou Vieira.

Infraestrutura

Na visita, os representantes do Sistema Faern/Senar também puderam observar toda a infraestrutura da Fazenda Agrícola Famosa, que desde a década de 1990 é sinônimo de boas práticas econômicas e sociais.

Fundada em 1995, a Agrícola Famosa é uma empresa de capital nacional situada na divisa dos estados do Rio Grande do Norte e Ceará. Em seus mais de 15 anos de existência, consolidou-se no agronegócio caracterizando-se por investimentos em novas tecnologias, pesquisas constantes, respeito ao meio ambiente e compromisso social. “Uma fazenda modelo para os produtores rurais. Um exemplo do trabalho sério de Carlos Porro e Luiz Roberto Barcelos”, explicou José Vieira.     

Durante o lançamento da Expofruit 2011, o presidente do Sistema Faern/Senar pôde conversar com o secretário de Agricultura do Estado, Betinho Rosado, sobre problemas enfrentados pelos produtores rurais nesse início de ano.

Apoio

“Foi uma conversa rápida, mas que deu para sentir a vontade de trabalho do secretário. Falei sobre a nossa fruticultura e também sobre o apoio do governo ao médio produtor rural, que muitas vezes fica sem amparo em determinadas situações. Acredito que ele sabe das nossas dificuldades e também sabe da nossa força em produzir”, finalizou Vieira.

Com reportagem de Paulo Correia.
 
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Comerciantes lançam o projeto Viva Petrópolis

Apesar de concentrar um bom conjunto de bares e restaurantes de tradição, e ser uma área frequentada basicamente pela classe média, os bairros de Tirol e Petrópolis estão há muito tempo fora do eixo agitado quando o assunto é lazer e badalação em Natal, se comparado com Ponta Negra, por exemplo. Os problemas se agravam no período de alta estação, quando praticamente ficam vazios também nos finais de semana, já que poucos turistas se aventuram a mudar o roteiro turístico.  A iluminação antiga e precária dos bairros é um dos pontos dessa baixa frequência, agravada pela falta de segurança à noite, escassez de estacionamentos e ainda o hábito dos moradores do bairro de não frequentarem a vida noturna durante a semana.

Para mudar essa realidade, comerciantes da área de gastronomia e entretenimento de Tirol e Petrópolis  criaram o projeto coletivo Viva Petrópolis. As ações foram apresentadas hoje, no restaurante Agaricus,  e contou com a presença de associados, representantes de entidades como Sesc, Senac, Fecomércio, Prefeitura do Natal, Sebrae e empresas privadas que aderiram à empreitada. 

melhorias

O Viva Petrópolis vai cobrir várias frentes. Buscar melhorias para o bairro, como iluminação e segurança, ações culturais e de lazer, integrando inclusive espaços como o Mercado de Petrópolis, e ainda ações comerciais, com descontos, promoções em todas as casas engajadas, além de eventos gastronômicos abertos — há um projeto de um festival gastronômico em frente ao Palácio dos Esportes — e um relacionamento com o consumidor através das redes sociais. O site com o guia do bairro já está no ar pelo www.vivapetropolis.com.br

O Secretário da Semsur, Claudio Porpino, garantiu que nas próximas semanas fará um “choque de luz” no bairro, começando pela av Afonso Pena, a partir da praça Aristófanes Fernandes (praça das Flores). “Também estamos com um projeto de melhoria da praça das Flores e realização de eventos mensais nas outras praças (Pedro Velho) e ampliar a iluminação na área”, disse ele.

Um dos idealizadores do projeto, o empresário Alexandre Capistrano, disse que essa união será importante para angariar melhorias aos dois bairros. “Estamos dando a nossa contrapartida”, disse.

Além de bares e restaurantes, estão integrados ao Viva Petrópolis lojas de conveniências, delicatessens e docerias. O primeiro projeto já começou com as ‘Terças gourmet’ e a Semana Viva Petrópolis, com pratos ao preço de R$ 15 durante toda a terceira semana de cada mês. Também foi lançado o cartão desconto, que poderá ser adquirido nos estabelecimentos associados a R$ 50, garantido descontos de 10% de segunda à quarta, e 5% de quinta a domingo.

O diretor regional do Sesc, Helder Cavalcanti, disse que a entidade está responsável por uma pesquisa nos estabelecimentos e entre os clientes, para identificar e diagnosticar necessidades do consumidor e do comércio local. Já o Senac, através de Laumir Barreto, anunciou que a tradicional Corrida do Comerciário, dia 1º de maio, terá ações culturais e desportivas durante todo o dia em torno da praça Pedro Velho.

Fonte: Tribuna do Norte - Viver

quarta-feira, 23 de março de 2011

terça-feira, 22 de março de 2011

DO FACEBOOK DE UMA AMIGA


Aê, Bahia!!!

DERCY GONÇALVES NO CÉU

- Porra tá frio aqui em cima.
- O céu não tem temperatura, minha senhora – pondera um porteiro celestial de plantão..
- Não tem o cacête. Tá frio sim senhor – insiste Dercy.
- Prefere o inferno? Lá é mais quentinho!
- Manda tua mãe pra lá. Cadê o Pedro?
- Pedro só atende aos purificados.
- E eu tô suja por acaso? Tô cagada, esporrada?
- Você primeiro tem que passar pelo purgatório, ajustar umas continhas…
- Não devo nada a viado nenhum.
- Você foi muito sapeca lá por baixo.
- Como é que você sabe? Andava escondido debaixo das minhas saias?
- Dercy, daqui de cima a gente vê tudo.
- Vê porra nenhuma. Vê a pobreza, a violência, meninas de 4 anos sendo estupradas pelos pais, político metendo a mão no dinheiro dos pobres, carinha cheirando até bosta pra ficar doidão? O que vocês vêem? Só me viam?
- Você fala muito palavrão.
- Eu sempre disse que o palavrão estava na cabeça de quem escutava.
Palavrão é a fome, a falta de moral destes caras que pensam que o mundo é deles. Esses goelas grandes e seus assessores laranjas, tangerinas e o cacête!
- Está vendo? Outro palavrão.
- Cacête é palavrão, seu porteiro do caralho? Palavrão é a Puta Que o Pariu!

(Silêncio por alguns segundos)

- Seja bem vinda Dercy. Sou Pedro. Pode entrar.
- CARAAAAAALHO!!! Não é que eu morri mesmo?!!! Vou p/o purgatório????
- Não, pelo purgatório você já passou 101 anos, no Brasil. Venha descansar!!!

































































































Tenho percebido que principalmente no meio acadêmico existe certo preconceito para com as pessoas que gostam de programas no estilo dos realites show (como é o caso do “BBB”, “A Fazenda” e os extintos “No Limite” e “Casa dos Artistas”, entre outros).

No contexto acadêmico é privilegiada a imagem do aluno que ler livros imensos, daqueles que dar náuseas até para os amantes da leitura, de linguagem complicada e com assuntos mais formais possíveis, de cunho existencialista, filosófico. Tal fato é tão verdade, ao ponto que o acadêmico que diz abertamente ser fã do BBB, daqueles que não perde um dia e sabe tudo que acontece no programa, é considerado menos inteligente, incapaz, sem cultura, infantil e bobo. Não esquece os devoradores de livros-enciclopédias que ao assistir o BBB pode-se aprender mais sobre o comportamento humano do que em uma aula de psicologia; identificar a variedade linguística dos falantes de forma mais interessante do que em uma leitura de
A língua de Eulália; desvendar os segredos e mistérios da mente humana do que uma leitura de Clarice Lispector, por exemplo; aprender mais sobre a cultura e costume dos estados brasileiros do que horas e horas em uma aula de geografia ou história; compreender os medos, fraquezas e se surpreender com a complexidade da mente humana do que ler o livro Diário de Sofia.

Os ditos “cultos” que assistem somente a documentários com legendas, jornais e filmes importados esquecem que o BBB é uma novela da vida real, e como tal tem cenas interessantes, engraçadas, tolas, de brigas, sexo, etc.

Tudo que acontece lá dentro acontece aqui fora também. O diferente é que poucos ficam sabendo quem realmente somos e o que fazemos, quem desejamos eliminar, a quem queremos dar o monstro da semana ou quem de fato tem poder de anjo.

Aqui fora vivemos fazendo
“panelinha” pra defender aqueles que gostamos; buscamos ser o líder de nossas vidas; não suportamos quando alguém nos coloca no paredão e as dores são suavizadas quando sentimos que nossa família e nossos amigos estão por perto, mesmo que separados por um alto muro. Aprontamos os maiores barracos quando nos tiram a comidinha de que mais gostamos ou a liberdade que julgávamos ter; adoramos uma festinha nos finais de semana; ora desfrutamos do conforto da casa grande, ora estamos passando pelo pior acampamento de nossas vidas; um dia atendemos ao telefone e somos agraciados com uma bela surpresa, outro dia atendemos esse mesmo telefone e caímos numa armadilha traiçoeira.

O BBB não seria uma espécie de grande biblioteca aberta ao diversificado público brasileiro, onde em cada estante encontramos livros expostos com a vida das pessoas que pedem pra editora Globo os publicar? Como em toda biblioteca, temos livros de cordel, romance, aventura, tragédia, livros pequenos e livros grandes, livros que chamam atenção pela capa, livros que depois de algumas folhas desistimos de ler, livros que parecem que foram escritos pra nós, livros bons e livros médios (ou até ruins!), mas que ainda assim, merecem ser lidos, pois trata-se da vida e história de alguém como nós, humanos, gente...

É, mas uma coisa é preciso destacar: talvez a maior diferença do nosso BBB para o BBB do Pedro Bial e do Boninho é que poucas vezes temos a chance de retornar para casa e poder fazer diferente, embora muitas vezes sentimos que estamos dentro de uma casa de vidro, sendo observado e avaliado por todos os lados e nada podemos fazer, a não ser acenar.

Assim, o BBB é feito de corajosas pessoas que pediram para serem expostas, desnudas e criticadas por milhões de brasileiros e o fato de assistirmos e acompanharmos tal trajetória não nos torna pessoas menos legais, menos “cultas” e sem conteúdo. Pelo contrário, nos faz gente como elas, pois o público do BBB é tão inteligente que soube reconhecer o audácia e valor de um fazendeiro simples, uma humilde empregada doméstica, um coveiro do interior, um gay nordestino, uma dona de casa batalhadora mãe de uma filha deficiente e um homem sensível que declarou seu amor por uma sacoleira em rede nacional.

O público do BBB não é burro, nem tão pouco bobo. Alguns acadêmicos de visão preconceituosa é que se limitam às estantes empoeiradas dos livros, quando poderiam viver realmente a essência das páginas que eles carregam.  

Por Rômulo Gomes – Colaborador
(cesargomes_17@yahoo.com.br)

Cheque Padrão da Câmara Federal... Cheque Tiririca...




 (Do Blog de Aluíziolacerda)

domingo, 20 de março de 2011

Aventuras num pau de arara

Das ribeiras do Acari, em tempo de chuva, me chega carta do doutor Paulo Bezerra dando ciência de suas pesquisas no mundo vasto, mundo da antropologia e da sociologia sertaneja.  Desta feita se estriba nas histórias contadas  por Raimundo  Nunes, gente boa das Pinturas,  onde se narra  as aventuras de uma viagem de pau de arara do Seridó no rumo de Minas Gerais e de Goiás, altos sertões do Brasil Central.  Do Sítio Saco dos Pereira, o doutor Paulo Balá vai debulhando suas anotações:

- Maria Suzana de Jesus casada com Abdias Joventino de Medeiros desembuchou um menino no dia 24 de julho de 1932 o qual, na água de batismo, tomou o nome de Raimundo e no registro de nascimento lhe puseram Nunes – nome de família na qual seus antepassados viveram longa vida, com gente beirando um século de idade. Todos esguios, negros, secos do corpo e musculosos, desenvolvendo atividades manuais como fazer louça de barro, curtir couro na casca do angico, trançar cerca de varas e de arame farpado, dedicados à agricultura e à criação em minguado pedaço de terra, deitando cedo e levantando de madrugada, comendo nas horas certas, e pouco. Pois foi nesse meio onde o menino aprendeu de um tudo, até de reza e fazer conta, de cozinhar, de gostar da sua gente, de querer bem à terra onde nasceu e  de tudo o mais. Cresceu, e assim se pôs adulto.

- E conta o homem alto, de mãos enormes e pés de mata-babugem, ossudo, desempenado, cabelo ruim, cara raspada e fala manso, rindo a cada manifestação do seu linguajar: “Em 1953 eu trabalhava nas Pinturas quando Dr. Bezerra me mandou passar férias em casa, aqui nesta casa onde minha mãe morava. Vim, mas fui trabalhar no serviço do campo de aviação do Belém e, em seguida, na estrada que estava sendo aberta, passando no oitão do cemitério e saindo no Saco do Juazeiro. Vicente do Rêgo, de Cruzeta, abria inscrições para quem quisesse ir  para o sul e nessa lá fui eu, em julho de 1953, com destino a Uberlândia, mais Pedro de João Garcia, Luís de Miguel Pitomba e Geraldo Agostinho casado com Maria Rosa, minha irmã, travessia de oito dias de viagem, deixando para trás o nosso chão e a nossa gente, depois de triste despedida.

- Fomos montar no caminhão em Acari, e já vinha cheio. Mané Vermelho subiu por derradeiro sem achar lugar folgado, aí era só o povo gritando “senta, senta, senta”, mas ele não achava adonde, daí o motorista gritou de lá “senta de qualquer jeito que quando começar a rodar a carga arruma”. Mané se apoquentou e disse “eu num vô mais não. Compadre Raimundo, quando eu descer você me dê minha mala que tá debaixo do banco”, e desceu. Ao receber a dita, os passageiros que já vinham acunharam no grito: “arara arrependida... arara arrependida... arara arrependida...”

- Cada qual levava a sua boia, a mala, algum dinheiro e a rede. Tinha os pontos de pouso sem jantar e dormir, alguns em redes armadas de pé de pau a pé de pau, acordando cedo para quebrar o jejum e engolir de novo léguas e mais léguas de terra, até chegar a vez do almoço, numa hora também de atender às necessidades conquanto no meio da manhã e no meio da tarde houvesse uma parada obrigatória, a dita hora da mijada, como dizia o motorista, com um aviso: “Atenção: os homens na frente do caminhão e as mulheres atrás”.

- Despejados na rodoviária de Uberlândia fomos tangidos para uma sala onde ficamos sentados a espera de Vicente do Rego que chegou acompanhado de um mineiro chamado Miguel Pereira Cabral o qual, apontando pra pessoa, ia dizendo “escolhi você... você...você..” num tanto de 12, tudo homem sadio e forte – a cabeceira dos araras – e fomos levados para Goiás, fazenda Gameleira, perto de Santa Helena e de Capinópólis, em Minas. Tivemos sorte, pois ficamos juntos. O nosso trabalho era o de brocar o mato, arrancar o toco, plantar e colher o arroz pelo que eram dois ganhos, um pela diária e outro pela produção do arroz. Da diária a maior parte ficava dentro, na mão do homem, pois o abastecimento era feito em caderneta pelo barracão que de tudo tinha, saindo também na nossa conta o custo dos ferros usados no serviço. Do arroz, só quando apurasse a safra. Sabendo que minha mãe passava precisão falei em dinheiro mais avultado para mandar pra ela, mas foi negado pelo patrão sob o pretexto de ser preciso vender uma carrada de arroz, estopim que tocou fogo na minha vontade de voltar.

- No primeiro acerto, o da produção, quando me foi entregue uma prata como saldo eu agradeci, mas ouvi dele indignado: “Uai, qué qué isso, sô, leve o dinheiro Reimundo, compre uns ovos, deite uma galinha e vá multiplicando”, mas o certo foi que saí com uma moeda na mão. Da outra conta, descontadas as despesas da viagem – alimentação e passagem  - pois eu fui vendido por aquelas coisas, e descontados o preço dos ferros de trabalho e o fornecimento do barracão, me sobrou dinheiro para vir embora. Um genro de seu Miguel me deixou em Uberlândia numa pensão onde passei três dias esperando carro quando, só por economia, almoçava e não jantava. Voltei. Já em Cruzeta, depois de seis dias de viagem, projetei descer nas Imburanas e chegar em casa a pé, mas quando dei cuido da viagem estava em Acari. Era o dia 2 de agosto de 1954.

- Entreguei nas mãos do Dr. Bezerra as cartas trazidas para João Garcia e Miguel Pitomba quando escutei dele: “Raimundo, a sua vaga está aberta”. Outra vez nas Pinturas, fiquei por quase vinte anos. Hoje vivo aqui no Saco, sozinho, na casa do meu nascimento, cuidando de mim mesmo, em paz com o mundo e com Deus, devendo a alma a Ele e ao chão esse corpo de negro. Sadio por dentro, mas puxando por uma perna pois o joelho, da mesma idade do outro, num me ajuda, se eu pudesse me enterrava aqui no Saco mesmo onde passei até por instrutor do finado MOBRAL, na falta, ta bem visto, de gente mais letrada”.

- Saiba, Woden, que pegando uma garupa na conversa do meu amigo Raimundo Nunes me lembrei do meu irmão Zezé (1925-2000), - formado em dentista e dos bons, saído do forno de Alfenas -, comprando um gabinete a Chico Feio em Natal e com  ele viajando para Capinópolis no caminhão de arara de Zé Braz, mas pouco durou, voltando logo ao Acari. Apois bem: por conta disso ganhou o apelido de Arara – o Dr. Arara, também um grande orador, fluente, emotivo...

- No Acari também Antônio Preto, com um olho furado por bala, vaquejava quem levar para o Sul, interessando até Luís Coelho – a mulher com um bucho no pé da goela – e mais uma escadinha de gente miúda. Insatisfeita, correr a ser valer do compadre Silvino, nas Pinturas, vendo naquilo um passo errado. Este chamou o compadre aos carretéis: “Se quer ir vá, junte seus cafiotes e vá, mas a família fica”. Foi como o sonho do amigo, morto outro dia aos 90 anos, foi de água abaixo.

Sem mais assunto para o momento me assino

Paulo Bezerra

(por Wodem Madruga, da sua Coluna WM, Tribuna do Norte, 20.2.11)

DO FACEBOOK DE GERALDO MELO


Hoje morreu Raphael de Almeida Magalhães, Ministro da Previdência, fundador do SUS, governo de Sarney. Na foto, como Governador, celebro o fato de ser o primeiro governador do país a trazer o SUS para o seu Estado. Presentes três ministros: Aluizio Alves, da Administração, Raphael, da Previdência, Roberto Santos da Saúde. À direita, Ézio Cordeiro, presidente do então INAMPS, e um dos líderes do movimento nacional pela unificação do sistema público de saúde. Ao querido amigo que hoje se vai, a minha homenagem comovida.

[Do blog: Palavras de Geraldo Melo]
OLHAI OS LÍRIOS DO CAMPO!
                                                                                                                                                             (Mt. 6.28)
                                                                       Públio José – jornalista

Esta é uma das citações mais conhecidas da Bíblia. Faz parte de um dos mais belos momentos vividos pelos discípulos na companhia de Jesus. A essência de seu discurso envolvia a questão da ansiedade das pessoas, já naquele tempo, com a sobrevivência, com o vestir, o ter, o exibir. Na sua palavra, Jesus exortava os presentes no sentido de não se angustiarem tanto com as necessidades do dia a dia. Muito sabiamente, Jesus já preparava as pessoas daquele tempo – e dos tempos atuais – a respeito da importância de preservar sua qualidade de vida, não permitindo a ocupação da mente com pesos em excesso nem com uma configuração de vida super avaliada nas coisas materiais. Aliás, Jesus também deu uma certa importância às demandas materiais de nossas vidas, deixando bem claro, porém, de que nossa preocupação com essas coisas deveria caminhar até um certo limite. A partir daí...

As palavras de Jesus lastreiam também uma afirmação de fé. No momento em que fez essa afirmação era verão na Palestina e nos campos, rigorosamente, não havia lírio algum. Jesus tencionava, assim, puxar pela mente das pessoas, fazendo-as lembrar de que, apesar da geografia árida, seca que elas tinham diante de si, existia sempre a perspectiva de um tempo de beleza, de fartura, de provisão. Ou por outra: mesmo quando a vida está em baixa, com predominância da dor, da incerteza, da amargura, existe sempre a perspectiva de surgir o outro lado da medalha. E, através da fé, um novo tempo poderá ser alcançado. À frente de Jesus as pessoas estavam confusas. Como enxergar lírios belíssimos, de uma textura luxuriante, em meio à secura de um período de verão? Ou como enxergar uma nova realidade de vida diante da escravidão materializada na presença do senhorio romano?

“Olhai os lírios do campo!” Ao fazer tal afirmativa, Jesus queria enlarguecer nossa visão, ampliar nossos horizontes. Sabe-se que no campo existem armadilhas contra a vida. As aves de rapina, os répteis, os rigores do inverno, o calor inclemente do verão. Os predadores, os animais de grande porte, as ervas daninhas... Apesar disso tudo, os lírios também surgem, emoldurando com sua beleza uma nova realidade. O problema é quando o campo – em síntese, na ótica de Jesus, uma alegoria da vida, do mundo – é visualizado somente através das grossas lentes do negativismo gratuito. Apesar de todas as adversidades da vida, há sempre a presença de algo belo a ser visto, focalizado, priorizado. E que, diante de um vastíssimo leque de sentimentos que a vida nos impõe, tais como o egoísmo, o individualismo, a soberba, a arrogância, há sempre a chance de cultivarmos o belo, o frutífero, o substancial, o edificante.

Ao que tudo indica, a planta que Jesus nomeou em seu discurso como lírio é hoje conhecida com o nome científico de “anemone coronária”. Tinha uma haste de uns 40 centímetros e pétalas vermelhas, púrpuras, azuis, róseas ou brancas. Como se vê, algo de uma beleza realmente estonteante em meio à aridez do solo palestino. Segundo relatos históricos era uma planta de floração comum na região, florescendo próxima ao tempo da colheita do feno. Devido à sua beleza, já era usada em larga escala na decoração dos ambientes requintados, bem como nas casas simples dos moradores do campo. Era, por assim dizer, um referencial de beleza, de nobreza, de excelência decorativa. Uma planta que realmente fazia a diferença. É nesse ponto que quero destacar o eixo sobre o qual gira o ensinamento de Jesus. Fazer a diferença. Priorizar sentimentos nobres sobre o negrume dos valores cultivados atualmente.

Há momentos na vida em que a mente se fecha. O horizonte divisado vai somente um pouco além das agruras do dia a dia. O belo da vida se perde diante da feiúra do contexto da existência. É preciso romper essa linha divisória que demarca a tristeza da alegria, a angústia da paz, o caos da ordem, da serenidade, da esperança. Quando o campo da existência está recheado de abutres, répteis e ervas daninhas, é necessário se crer que, mesmo num campo assim, a semente do lírio está lá, latente, pronta a brotar – a se fazer presente. A irradiar a vida com a variedade de suas cores, a emergir bela, firme, altaneira em meio à aridez da geografia social da atualidade. “Olhai os lírios do campo” é em sua essência uma receita inteligente de vida. Ou por outra, uma concepção ideal de vida para quem deseja enxergar a realidade atual como algo mais do que um mero passar de dias. Vai olhar?  




sábado, 19 de março de 2011

ZÉ NEGUINHO

Laélio Ferreira

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Meu caro Berto - Senhor da Besta Fubana, primo de São Benedito e Papa de todos nós.
A glosa abaixo - que tem a idade de umas quarenta safras de caju, e de costume, naquelas quadras, lavrada numa grossa folha de papel de embalagem de cigarro, num desses bares da vida-, foi calcada num mote do insuperável Celso da Silveira,  sacaneando um linotipista do “Diário de Natal”.
Zé Neguinho passava o dia inteiro compondo e, claro, lendo tudo o que lhe passavam os redatores. Em vez do leite – preconizado pelos regulamentos do Ministério do Trabalho para o insalubre ofício –, bebia cachaça, e muita, enrustida nas oficinas, não se sabia em que moita ou toca.
Findo o expediente – que ninguém é de ferro! -, melado, chispava-se para os bares à cata de patrocinadores de copos de cerveja. Dávamos-lhe corda. Aí, meu amigo, professoral e muito erudito, o gráfico danava-se a “receitar” sobre qualquer assunto: literatura, geografia e história eram o seu forte, as suas paixões.
Passados tantos anos, sinto saudades do velho linotipista e da sua pose olímpica e incontestável de “sábio”: impoluto, superior, distribuindo “cultura” de mesa em mesa, de balcão em balcão, de copo em copo…
Zé Neguinho, hoje em dia, se vivo fosse, meu caro Berto – tenho certeza! –, estaria deitando e rolando na Internet e nos blogues, campeão invicto de comments e pitacos, dando tenência, rumo e azimute a um mundão de gente… 

MOTE:

Filosofando, o Neguinho
Entende de Nada, Tudo.

GLOSA:

Cachola rara, – é um ninho
de toda a ciência exata.
De qualquer doutrina trata,
filosofando, o Neguinho:
A Vida, a Morte e o Vinho,
o Tempo, o Nada e o Tudo,
a Regra, a Rima e o Contudo,
a Reta e a Circunferência;
– é de mais essa potência:
entende de Nada, Tudo!

Ladies potiguares

Yuno Silva - repórter

“Um povo sem memória é um povo sem história”. A célebre frase, cunhada na década de 1930 pelo poeta, musicólogo, historiador, crítico de arte e pioneiro no campo da etnomusicologia Mário de Andrade (1893-1945), justifica – com todas as letras – o trabalho da pesquisadora Leide Câmara.

emanuel amaralPesquisadora Leide Câmara expõe acervo que mapeia personalidades femininas da música popular e eruditaPesquisadora Leide Câmara expõe acervo que mapeia personalidades femininas da música popular e erudita
Incansável em sua missão de identificar, registrar e catalogar parte importante da história musical do Rio Grande do Norte, Câmara compartilha com o público potiguar, durante a exposição “Mulheres & Leide”, fragmentos de seu vasto acervo. Como o próprio título sugere, a exposição faz um recorte da presença feminina na música do RN.

Em cartaz na galeria Newton Navarro até o dia 31 de março, o visitante poderá conferir fotos, objetos pessoais, roupas, instrumentos, móveis, livros e discos de artistas potiguares. A mostra abre o projeto “Privado é Público”, promovido pela Fundação José Augusto / Secretaria Extraordinária de Cultura, cuja programação anual já está fechada – mensalmente, a galeria abrigará acervos pessoais com temas variados. Após passar pela galeria da FJA, as exposições circulam pelas Casas de Cultura instaladas no interior do Estado.

Iniciada em 1996, a pesquisa de Leide Câmara remonta um passado recente: “Venho coletando material publicado desde 1904, e uma segunda edição do Dicionário da Música do RN já está sendo planejada”, adianta. A primeira edição, ricamente ilustrada e lançada em 2001, trouxe cerca de 600 verbetes - “Hoje são mais de seis mil”, disse. Em um universo de mais de cinco mil nomes masculinos, a pesquisadora identificou 714 mulheres, entre romanceiras, cantoras, compositoras e instrumentistas.

Também alusiva às comemorações do Dia Internacional da Mulher (8 de março), “a exposição é uma homenagem, e as cerca de 180 fotografias representam a presença das mulheres na cena da música Norte-rio-grandense”.

No acervo, Leide Câmara destaca a sanfona de Chiquinha do Acordeon, vitrolas antigas e referências à Dona Maria Nazaré, de 105 anos completos. “Ela é mãe do cantor Fernando Tovar e tem uma memória privilegiada: ainda sabe de cor as modinhas do início do século passado”, festeja.

E estão todas lá, de Ademilde Fonseca, Glorinha Oliveira, Núbia Lafayete e Terezinha de Jesus, a Valéria Oliveira, Khrystal, Marina Elali, Cida Lobo e Roberta Sá. As poetisas Zila Mamede, Palmira Wanderley e Marize Castro, que tiveram seus poemas musicados, também fazem parte da exposição. “Desde as pianistas do início do século, passando pelas cantoras do rádio dos anos 1950, até as jovens roqueiras da atualidade”, enumera Leide.

Vídeos do Festival do Forte serão recuperados

E não é de hoje que corre sangue de pesquisadora nas veias de Leide Câmara: ela guarda algumas relíquias que ainda não vieram à público. Militante cultural desde sempre, a pesquisadora colaborou com as últimas edições do saudoso Festival de Artes do Forte, no início da década de 1980, e revela que está concluindo a digitalização de imagens da época.

“Poetas, artistas plásticos, cantores, atores... pessoas que estão em plena atividade, ficaram curiosas para assistir esses vídeos. Pretendo editar as imagens para lançar de uma forma que possa dar a devida importância a essa passagem importante da memória cultural da cidade”, disse. Nos planos de Leide, sessão íntima para amigos antes de iniciar a compilação. “Será bacana reunir parte da turma que viveu essa época inesquecível”, finaliza sem querer adiantar muito para não estragar a surpresa.

O Festival de Artes do Forte, formatado a partir de desdobramentos da Galeria do Povo, iniciativa de Eduardo Alexandre (Dunga) que exibia quadros e poemas em um muro na Praia dos Artistas, começou sua trajetória no finalzinho da década de 1970. Inicialmente, toda a programação acontecia dentro da Fortaleza dos Reis Magos. Na metade dos anos 1980, após algumas baixas na equipe original, as apresentações de teatro, dança, música, performances poéticas e exposições seguiram para a Cidade da Criança. “O Festival era, essencialmente, alternativo. E talvez tenha deixado de ser realizado justamente após tentativa de institucionalização”, disse certa vez o poeta Carlos Gurgel, um dos protagonistas do movimento, que teve grande repercussão, inclusive nacional.

agenda 2011

Série de exposições “Privado é Público”,  com acervos de pesquisadores e colecionadores do RN

Março: “Mulheres & Leide”, acervo particular de Leide Câmara. Até dia 31, na Galeria da FJA, Av. Jundiaí, Tirol.

Abril: “Paixão de Espinho em Altar de Pedra”, de Ricardo Veriano

Maio: “Luís Carlos Guimarães”, acervo de Leda Guimarães

Junho: “Xananas e Baobás”, de Diógenes da Cunha Lima

Julho: “Augusto Severo”, de Olímpio Maciel

Agosto: “As Cores do Folclore”, de Gutenberg Costa e Daliana Cascudo

Setembro: “Dorian de Dorian”, de Dorian Gray Caldas

Outubro: “A Arte que Convivo”, de Elenir Varela

Novembro: “Sem Título”, de Selma Bezerra

Dezembro e Janeiro/2012: “Presépios Epifania”, de Antônio Marques

Fonte: Tribuna do Norte

quinta-feira, 17 de março de 2011

JEFF THOMAS CANDIDATO A ACADEMIA CONTRA MERVAL, O DA GLOBO:“ALI KAMEL, SECRETAMENTE TORCE POR MIM”

Posted by Seja Dita Verdade On March - 9 - 2011

Jeff Thomas, colunista social, potiguar de nascimento  “mas também cidadão do Reino Unido”, amigo pessoal do Príncipe Charles, fundador do PT e seu primeiro candidato ao senado no Rio Grande do Norte, já se candidatou várias vezes à Academia Brasileira de Letras. Autor de quase duas dezenas de livros, fala com exclusividade ao Seja Dita Verdade sobre sua decisão de enfrentar o jornalista Merval Pereira, das Organizações Globo, na disputa por mais uma vaga na casa de Machado de Assis.

O que motiva sua candidatura à Academia contra o poderoso colunista de O Globo e da Globo News?

Jeff Thomas – Em primeiro lugar o sagrado sentimento de indignação. Desgraçado daquele que perde a capacidade de se indignar diante da infâmia e da canalhice. Em segundo lugar, minha biografia. Jamais rastejei para os poderosos, jamais coloquei a mão em um centavo do dinheiro público, jamais prestei vassalagem aos Marinho, jamais compactuei com a ditadura militar que infelicitou esse país depois do golpe de 64. Fui amigo pessoal do grande presidente Jango que me nomeou para o Itamaraty, para servir em importante legação diplomática, em Hong Kong, justamente na área econômica, de atração de investimentos para o Brasil. Foi desalojado de meu posto pelos milicos gorilas em 64. Eu, sim, sou jornalista! Eu, sim, tenho muitos livros publicados! Eu, sim, vendi milhares de exemplares nas livrarias desse país sem o apoio da máquina da Globo!

Sua candidatura, portanto, é uma candidatura de protesto?

- Minha candidatura é a candidatura de um profissional das letras, de um escritor, de um verdadeiro jornalista, de um cultor de dois idiomas, o de Machado e o de Shakespeare, os dois maiores escritores de todos os tempos. A candidatura do senhor Merval Pereira é a candidatura de um empregado da família Marinho no que de pior isso possa representar. Que títulos têm? Que qualidades nos apresenta? Sua obsessão em caluniar um presidente que tirou 30 milhões de brasileiros da miséria e os levou para a classe média de consumo? Escreveu um livro mais grosso que a Biblía e o Alcorão juntos para esculhambar o Lula e agradar os três meninos Marinho  e acha que isso é passaporte para vestir o fardão! Coitadinho!

Não acredita ser legítima ou válida a candidatura de Merval Pereira à Academia Brasileira de Letras apenas por ser de O Globo e por ser de oposição a Lula e ao PT?

Jeff Thomas – Meu querido, não é isso, não! Ele tem o direito de ser candidato até a síndico do prédio dele lá no Méier. Eu já fui candidato várias vezes concorrendo com laureados escritores por vagas na Academia. Sabe quem me incentivava? Meu saudosíssimo e querido amigo Austregésilo de Athayde, que inclusive me deu a honra de prefaciar vários de meus livros, assim como o inesquecível Sérgio Porto, o Stanislaw Ponte Preta, outro amigo a quem recordo com muitas saudades. Quem são os amigos do Merval? De quem ele sente saudades? Do general Garrastazu Médici, do Armando Falcão, aquele pulha, do Alfredo Buzaid, do general Aurélio de Lyra Tavares, um analfabeto e troglodita que entrou para a academia com uns versinhos infantis assinados como “Adelita”, que eram as iniciais dele!

Então, Merval na Academia, de jeito nenhum?!

Jeff Thomas – Of course, meu caro! Nem que o Doutor Roberto Marinho se levante do jazigo pérpetuo da Academia no cemitério de São João Batista, desnude seu esqueleto milionário, empreste o fardão com cheiro de naftalina para o seu empregado e mande que todos votem nele, ainda assim, a entrada de Merval Pereira naquele sodalício seria um estupro intelectual. Não tenho nenhum veto moral a esse cidadão, não conheço nada que o desabone no plano pessoal e ético. Meu veto é só político e intelectual. Político por ser um reacionário que representa o que há de pior, de mais atrasado, de mais negativo, de mais antipopular, de mais amofinado em nosso país. Intelectual por não enxergar nesse pobre coitado as condições indispensáveis de dialético, sinapse, formulação intelectual, redação minimamente aceitável e domínio da língua pátria. E aproveito a oportunidade para lançar a candidatura de Merval para a Academia Nacional de Medicina, na primeira vaga de houver, do mais importante cientista que partir desta para melhor, do médico mais renomado que abotoar o paletó, do pesquisador mais respeitado que bater as botas. Lá é o lugar do Merval: suas colunas são uma revolução científica, pois acabaram com a insônia de milhares de pessoas que ao lê-las desabam no sono em pouquíssimos segundos! Será o acadêmico Morfeu Pereira!

Tem feito contatos e recebidos incentivos de outros imortais? Já tem votos garantidos?

Jeff Thomas – Há muita falsidade, muitos pusilânimes. Mas, em relação ao Merval, não a mim. Tenho sido muito bem recebido e muito incentivado. Recebo telefonemas, alguns tarde da noite, em plena madrugada. Vou toda semana lá na sede da Academia tomar o meu chá. Sempre me tratam como se fora um imortal sem fardão. Falam no meu ouvido: “Vai Jeff, enfrenta esse cara, ele é um chato! Deus nos livre dele aqui!”.  Ninguém quer brigar com um bedel dos Marinho, com um xeleléu de O Globo. Mas, pelas costas, como na cena imortalizada por Shakespeare em sua obra sensacional, o apunhalam e me prometem votos, pois “Merval é um jornalista honrado”… Sei que conto com a torcida secreta do poderoso jornalista Ali Kamel, que é quem manda lá na Globo e detesta o Merval. O Merval quer ser da Academia para não ser demitido pelo Ali Kamel, mais dia menos dia, que é o que vai acontecer. Nesse caso, o fardão seria uma espécie de “blindagem”, quáquáquá!!!

Você continua petista?

Jeff Thomas – Não. Fundei o PT. Fui ao ABC e levei meu amigo Lula ao Gallery para tomar champanhe. A primeira vez que o Lula tomou champanhe, que entrou num restaurante fino, que conheceu a burguesia, que foi recebido pela classe dirigente, foi pelas minhas mãos. Quem pagou a conta foi o inesquecível Adolfo Bloch, da Manchete, onde eu trabalhava na época. Lula se comportou com muita educação e personalidade, defendeu seus pontos de vista e respeitou as pessoas da burguesia presentes naquele templo da elegância no fim dos anos 70. Depois pediu que eu fosse ao Rio Grande do Norte e fundasse o PT, que na verdade já existia por aquelas bandas, e fizesse o supremo sacrifício de ser candidato ao senado em 1982, enfrentando as oligarquias de Agripino Maia e de Aluisio Alves. Minha plataforma era objetiva: ensino do inglês nas escolas públicas, adoção daquele idioma como segunda língua em todo o Brasil, adesão de nosso país ao Commonwealth, a comunidade dos países do Reino Unido. O Lula, surpreendentemente, me disse: “Olha, companheiro, não perdendo a soberania, acho tudo isso ótimo. Toca adiante!” Desembarquei em Natal e senti a ausência do fog londrino, achei o calor horrível, não consegui entender o sotaque das pessoas, elas olhavam o meu terno risca-de-giz com o indefectível cravo vermelho na lapela, os meus chapéus Gelot ou Panamá e o meu guarda-chuva com cabo de castão de prata que Lord Montbatten me presenteou na velha Albion em 1967, e arregalavam os olhos como se estivessem diante de um ET. Desembarcava no teco-teco nas pistas de pouso empoeiradas do interior miserável e multidões me esperavam. Mas eu não sou bobo como o Merval: não estavam ali para votar em mim, estavam lá por terem ouvido que havia chegado de Londres um amigo da rainha com a mala cheia de libras para comprar votos.  O que, é claro, era uma mentira terrível. Deixei aquela terra calcinada e aquele povo sofrido (...) e fui tomar meu gin tônica no Annabel’s  em Londres, que é o meu lugar.

Sua expectativa é de vitória na disputa contra Merval Pereira?

Jeff Thomas – Tenho a mesma expectativa de Miss Thatcher ao ordenar que o almirantado recolhesse as âncoras e rumasse ao sul, direto para as Falklands, para acabar com a festança do cachaceiro Galtieri e dos arrogantes argentinos em 82. Sinto um peso enorme em enfrentar o Merval. Não é medo, mas uma certa humilhação:  quem conviveu e privou com Di Cavalcanti, Assis Chateaubriand, Lord Montbatten, Madame Coco Chanel, Walther Moreira Salles, ter que perder tempo com esse sujeito, é quase uma degradação espiritual! A Academia é coisa séria! Ser empregado da Globo não dá direito de se sentar onde se sentaram Machado e Jorge Amado, Guimarães Rosa e Abgar Renault, Antônio Callado e Coelho Neto, José do Patrocínio e Joaquim Nabuco, só para ficar em alguns. Já chegam alguns que não enobrecem a ABL e não vou citar seus nomes e o Merval ainda que sujar ainda mais o galinheiro? Nãozinho para ele! Bye Bye, Merval Morfeu!


(Matéria enviada por Paulo Sérgio)


Nota do blog: Jeff Thomas é um afamado jornalista social (colunista social). Ele é natural de Paraú-RN, filho do Coronel Silvestre Veras, abastardo fazendeiro naquele sertão parauense, falecido na década de setenta. Conheci Jeff Thomas uma vez no Açu quando candidato ao senado da república pelo Rio Grande do Norte, foi também candidato a deputado federal, se não me falha a memória, no início da década de sessenta, também pela terra potiguar.

Fernando Caldas

O CASAMENTO

Rosélia Santos

Felizes para sempre, muito amor, muita festa e muita fé. Isso é Casar, algo mágico e fascinante que parece ser eterno. Contudo, passado esse momento Alice no país das maravilhas, lá se vai o mar de rosas e lá se vem os espinhos.
É, minha querida! E não adianta pensar que com você vai ser diferente, que não vai!
No casamento, é assim. Nem sempre a vida de casado corre às mil maravilhas todo o tempo. O tempo vai passando, o encanto também e aí é um tal de marido virando sapo, mulher virando bruxa e assim por diante. Essa é a realidade. Mas, não desista de casar, que no final, tudo dar certo. É só saber levar a vida sem maiores atropelos.
O dia a dia revela defeitos do outro, isso é natural e não é motivo para não casar e quem já é casado, deixar seu relacionamento ir por água abaixo.
Acredite no seu relacionamento e mantenha a chama acesa apesar dos altos e baixos do conviver.
Casar significa acabar com duas individualidades e transformá-la em uma só. Na prática, começa com as certidões de nascimento, troca-se as duas por uma de casamento. E assim, duas histórias, dois mundos transformados num só mundo.
Casar é ter alguém que ame e que queira ser amado, alguém com quem dividir sua vida, suas preocupações, seus sentimentos e suas dívidas também. Certo? Porém, tal sentimento tem que ser recíproco para que o ‘eu’ possa ser transformado em um ‘nós’. E, um só ideal: Ser muito feliz.
Ser feliz exige investimento na relação, sabia? Isso significa que é preciso dar para receber. É bom lembrar que isso serve para os dois lados.
Lutar é a palavra. Trave uma luta para que seu relacionamento não caia na rotina. Infelizmente, todo relacionamento está sujeito a esta situação. E, procurar uma relação nova não é solução. No entanto, algum dia, o novo também irá acabar na rotina.
O cansaço diário consome a maioria dos casais. Com isso, eles acabam se deixando levar pelo mau humor e não se dedicam ao relacionamento. Numa relação a dois é preciso dedicar um tempo a/o companheira/o e por menor que seja essa dedicação, o que tem que valer mesmo é a qualidade e não a quantidade dedicada, livrando assim, seu casamento de um fracasso.
Como disse o escritor francês Balzac: “o casamento deve lutar sem descanso contra o monstro do costume”. Ele se referia justamente a rotina.
Portanto, inove sempre que possível. Reconquiste, faça surpresas. Fale sempre palavras carinhosas, não permita que seu/sua parceira/a esqueça que você a/o ama. Uma dose de criatividade é sempre muito bom para o relacionamento a dois.
Alimente seu casamento com pequenas doses de carinho, pequenos gestos de amor, um sorriso amigo na hora certa, um beijo na hora exata. Saiba que especialistas em relacionamentos afirmam que, casamentos que duram, estão sempre aliados a uma grande amizade entre os casais.
Ouse. Isso mesmo! Ousadia é o principal antídoto contra a rotina de um casal. Você deve estar se perguntando: Como? Lembre-se do que Balzac disse: Lute contra o monstro do costume. Coloque em prática toda sua criatividade. É preciso dar o melhor de si, tanto você mulher quanto você homem.
Há quem diga que para um bom relacionamento é preciso casar várias vezes com a mesma pessoa e isso tem um fundo de verdade. 
Valorizar o sexo, isso é tão importante numa relação quanto qualquer outra ação entre quatro paredes. Não resolve tudo, mas, é essencial uni-lo aos outros componentes da relação.
Trocar os gritos pelo diálogo. Vocês não são iguais, ninguém é, graças a Deus. Seria um horror. Por exemplo, ele é muito racional, você toda romântica, ele é super desorganizado, você toda organizada. E agora? O melhor é aprender a conviver com essas diferenças e respeitar as diferentes opiniões.
Jogue na balança e veja o que é mais importante: Dialogar ou ficar aos berros toda vez que ele/a não atender suas expectativas?
Não tente mudar os hábitos do outro. Deixe que o rio corra sozinho. Ambos têm que sentir vontade de acertar. Acontecendo essa vontade, o acerto é inevitável, a mudança vem e isso tornará estável qualquer relação.
É importante ter jogo de cintura e transformar as diferenças, isto é, neutralizá-las, passando a dar mais valor aos pontos positivos da/o parceira/o. Isso exige paciência e bom senso acima de tudo.
Tudo que falei não significa que vocês não vão brigar e perder a paciência nunca. Contudo, se acontecer uma briga, não precisa se tornar inimigos dentro de casa. Tentem resolver depois de cabeça fria e não com um monte de palavrões e gritos.
Relação amorosa não tem fórmula. Tudo é uma questão de diálogo. Com esse hábito, escolhe-se junto com o outro a melhor maneira de manter um bom relacionamento. Amizade, companheirismo também é muito importante.
Enfim, uma regra básica numa relação: Confiança. Confiar em quem se ama é, acima de tudo, demonstrar segurança e respeito ao outro.
Assim, se você já fez tudo isso e não deu certo, sua relação fracassou, saiba que a culpa não foi sua.
Que bom que temos sempre o direito de um novo recomeço. Felicidades!!!

Fonte: espacounicocriativo.blogspot.com 
Blog organizado por Rosélia Santos. Vale a pena conferir.

Fernando Caldas 

PELO DIA DA CONSCIÊNCIA NEGRA Se Guilherme de Almeida escreveu 'Raça', em 1925, uma obra literária “que tem como tema a gênese da na...