UMA ÁRVORE RUMO A EXTINÇÃO
A carnaúba
(Copernícia prunifera ou cerífera) é uma árvore endêmica no semi-árido
do nordeste brasileiro, sendo inclusive a árvore símbolo do Estado do
Ceará.
O Vale do Rio
Piranhas/Assu dominou por longos anos a produção comercial da carnaúba.
Nos anos quarenta, a cera de carnaúba atingiu o auge em matéria de
preços. No período da segunda guerra mundial a indústria bélica
utilizava a cera na fabricação de isolantes. Isso provocou um grande
desenvolvimento na região.
A medida em que
os preços internacionais aumentavam, cresciam os interesses dos
produtores na plantação de novos carnaubais. Em consequência disso, na
várzea do Assu, no início da década de sessenta, existiam por volta de
seis milhões de carnaubeiras, ocupando uma área de aproximadamente vinte
e cinco mil hectares, isto é, mais de 62,5% da superfície destas terras
da conhecida várzea. Em solos mais favoráveis, a densidade era tão
grande que se caminhava com dificuldade no carnaubal.
A partir do
momento em que a cera começou a ser substituída por produtos sintéticos
derivados do petróleo, sua produção foi drasticamente reduzida e a
carnaúba passou a ser utilizada para fins menos nobres, como a produção
de lenha.
No início da
década de oitenta, com a construção da barragem Armando Ribeiro, o Rio
Piranhas/Assu torna-se perene, criando condições para o desenvolvimento
da agricultura irrigada no Vale.
A partir deste
período, empresas agrícolas chegaram à região com a finalidade de
produzirem frutas tropicais, sobretudo para a exportação. Diante desta
nova realidade, os carnaubais passaram da condição de “salvador da
pátria” para “vilões das terras férteis”. Aí vieram as devastações.
A carnaúba é um
tipo de palmeira difícil de ser encontrada. No mundo, com condição de
produzir, em grande quantidade o precioso pó, só existe no Brasil. No
Brasil, apenas três estados nordestinos possuem carnaubais em
abundância: Piauí, Ceará e Rio Grande do Norte.
No Rio Grande
do Norte os carnaubais se estendem apenas pelos vales dos rios:
Piranhas/Assu, Apodi/Mossoró e Ceará Mirim, sendo que no Vale do Rio
Assu, ocorre em maior extensão.
Dá para se
notar que a Carnaúba é uma planta rara. Se o progresso da região
depender do seu desmatamento, certamente dentro de mais alguns anos
haveremos de vê-la tão somente através de fotografias, o que é uma
lástima para o nosso povo e para o nosso ecossistema.