domingo, 1 de fevereiro de 2009

UM POUCO MAIS DE RENATO CALDAS

Da esquerda para direita: o poeta Rento Caldas, dona Mariná Fonseca e o ex-deputado Nelson Montenegro.
1 - Certa vez, Renato Caldas se dirigiu ao Grande Hotel, em Natal, do major e deputado Theodorico Bezerra. Ao oferecer vender um exemplar do seu já afamado livro Fulô do Mato a aquele hoteleiro e parlamentar, surpreendeu-se com a deselegante e ofensiva frase: "Vá trabalhar vagabundo!" Sobre esse fato dizia não guardar ressentimento. Pois bem, como não deixava de versejava sobre aquilo que acontecia ao seu entorno, escreveu a sextilha transcrita adiante:

Eu conheci Theodorico,
Quando lavava penico
No hotel da velha Danona.
Hoje é rico, é potentado.
É major, é deputado...
Oh sorte velha sacana!
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sábado, 31 de janeiro de 2009

ASSU DE ANTIGAMENTE

Parte da praça Getúlio Vargas, início da década de oitenta. O prédio da esquina, parede-e-meia com a casa da escritora Maria Eugênia, era um pequeno sobrado, de propriedade da Paróquia de São João Batista. Naquela edificação funcionou nos idos de sessenta, o centro de telefonia paroquial, além de ter sido nos anos setenta, sede da Casa dos Estudantes (casa de diversões) e a Divulgadora Assuense, fundada por Herval Tavares. Foi demolido no governo do prefeito Ronaldo Soares, para alargar quela travessa denominada travessa Fernando Tavares, desde 1975, uma homenagem do prefeito Walter de Sá Leitão (1972-75). Ainda hoje é reconhecida pelos mais antigos, como "Beco do Padre".

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TRANSPORTE ANTIGO DO RGNORTE II







segunda-feira, 26 de janeiro de 2009

POEMETOS DE JOÃO LINS CALDAS



I

E essa carta esperada,
Que dizia somente,
Simplesmente:
- "Consola-te. Afinal não há mais nada"
- "Não há mais nada? E o coração da gente?

II

A lua que me dirão?
Precisa talvez de irmão.

Eu sou tão só sobre a Terra,
Tanta luta, tanta guerra...

A lua que me dirão?
Se ela precisa irmão
Eu já que abandono a Terra.

III

Culpa-te a ti somente, a ti culpa.
A ti somente, ó grande desgraçado!
Culpa-te a ti de ser desventurado
Culpa-te a ti de ser já sem desculpa,
Amaste por amor. Amaste crendo.

IV

Quero-te. Vem. As carnes palpitantes
A forma nua onde a beleza mora...
És tu. Quero-te assim. Meu corpo implora
A graça que desce dos contornos...
Trêmulas as mãos e os lábios mornos.

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domingo, 18 de janeiro de 2009

POESIA

Poeta natalene Jorge Fernandes.
.
Deus lembrou-se de mim, lembrou-se
ungindo-me de bondade e de amor!
Martirizou-me pra tornar-me santo
e deu-me asas pra fugir da dor...

sexta-feira, 16 de janeiro de 2009

MANOEL RODRIGUES DE MELO

Manoel Rodrigues de Melo (1907-1996), nasceu na fazenda Queimado, na várzea do Assu. Era membro da Academia Norte-riograndense de Letras (chegando a construir a sede própria daquela academia, onde foi seu presidente), da Academia de Trovas e do Instituto Histórico e Geográfico do Rio Grande do Norte. Viveu a sua infância na área rural daquela região varzeana. Viu de perto com os seus olhos a seca e a enxurrada que ainda atormenta aquela região. Estudou apenas o curso primário que inciou em Macau e terminou em Currais Novos (RN), onde em 1926, fundou e redigiu o jornal estudantil intitulado O Porvir. 

Rodrigues de Melo estreou nas letras potiguares publicando o livro sob o título "Várzea do Açu", 1940. O poeta, o jornalista e escritor, "o cronista da várzea do Açu" como ficou conhecido Manoel Rodrigues de Melo (quatro anos após a publicação do seu primeiro livro), publicou ainda o volume intitulado "Patriarcas e Carreiros", 1944, 54 e 85 (primeira, segunda e terceira edição, respectivamente), que na observação de Claudio Galvão, o escritor Manoel Rodrigues naquela edição "refletem as lembranças de sua infância distante, a evocação dos lentos carros-de-boi sulcando vagarosamente  as oras secas, ora enlameadas estradas do seu rincão, e a monótona melodia do áspero rangido de suas rodas roçando os eixos de madeira  E vai mais adiante Galvão ao dizer que Manoel Rodrigues é um profundo conhecedor da sociologia rural, dos usos e costumes e, principalmente, dos homens que fizeram a vida dos rincões distantes do Estado". Manoel Rodrigues escreveu ainda "Cavalo de Pau", 1953, "Chico Caboclo e Outros Poemas", 1957, além de "Terras de Comundá", 1972 (romance), "Dicionário da Imprensa No Rio Grande do Norte", 1987 e "Memória do Livro Potiguar" (uma biografia de autores potiguares, publicado em 1994 pela Editora Universitária.

Sobre a sua terra natal, o poeta escreveu:

Pendências

Sob o formoso céu que te cobre e ilumina,
Vives como a cantar uma canção serena...
Desde os bosques ao jardim, do roçado á campina,
Deixas sempre exalar um cheiro que envenena!...

Minha Terra! Meu ninho azul, onde a bonina,
Aberta ao rubro sol da tarde, incita pena...
Tenho n'alma e terei mirrada e bem franzina
Uma saudade atroz que maltrata e condena!
Minha terra! Meu berço amado eu te amo tanto,
Que se um dia o estilete agro da Dor vier
Matar-me, servirás de meu repouso Santo.
És o templo bendito, onde aprendi primeiro,
Entre o aroma sutil do brando malmequer
A divina canção dolente do vaqueiro!

terça-feira, 13 de janeiro de 2009

É TARDE, MAS ARDE A ESPERANÇA

Paulo Sérgio Martins
Jornalista e pesquisador
Especial para o Nasemana

Nada embriaga mais a vida do que o vinho da verdade. E verdade seja dita: Machado de Assis foi, indubitavelmente, o maior escritor brasileiro. Fundador e primeiro presidente da Academia Brasileira de Letras, a forma inconcistente como teve celebrado oficialmente o seu centenário de morte, neste controvertido e terminal 2008, é, na realidade, mais uma das injustiças que marcaram a densa biografia do "bruxo".

Ele faleceu num quarto térreo do sobradinho alugado em que vivia na rua Cosme Velho, número 18, no Rio de Janeiro. Machado de Assis andava muito doente. Enxergava mal e sofria com as dores de uma antiga infecção intestinal. As convulsões epiléticas eram mais frequente. Por causa delas, seus dentes abriram um ferimento na língua que virou úlcera cancerosa. Não podia mais mastigar e comer - passou seus últimos dias à base de leite levado pelos amigos.

O autor de "Dom Camurro" estava afastado havia dois meses do cargo de diretor-geral de contabilidade do Ministério da Viação. "Ele evitava transmitir expressões de dor aos que o cercavam", recordaria mais tarde o escritor Euclides da Cunha. Na hora da morte, alguns colegas famosos faziam parte do grupo que estava ao lado de machado - o próprio Euclides, Coelho Neto, José Veríssimo e Raimundo Correia. Alguém, ali, lembrou de chamar um padre. Machado, um ex-coroinha, repudiou a idéia. "Não creio, seria hipocrisia", susurrou.

Ele estava esperando a morte, tanto que deixou tudo arrumado. Não ficou nada para incomodar os amigos. Pagou as contas e chegou mesmo a preparar o quarto de morte. Ainda assistiu o lançamento de "Memória de Ayres", seu último romance, e transferiu em testamento todos os seus bens a uma sobrinha da mulher Carolina, morta quatro anos antes e com quem não teve filhos.

Tinha pouco - doze apólices, uma conta na Caixa Econômica Federal, móveis e biblioteca. Viveu 69 anos assim. Amigos de verdade? Raros. Preferia trocar cartas e bilhetes com eles. depois de 1881 - ano em que sai "Memórias Póstumas de Brás Cubas" -, marca a segunda fase de sua obra que consagra o definitivamente.

Ainda existia muita contradição na biografia desse escritor brasileiro - para não dizer " da língua portuguesa". Ninguém garante, por exemplo, que Maria Leopoldina, a mãe do escritor, foi lavadeira, nem confirma se ele teria tido em seguida relações conflituosas com a madrasta Maria Inês. Há insinuações também, que a salvação literária de Machado foi o casamento com Carolina Xavier Novais, uma portuguesa do Porto, quatro anos mais velha que ele. Ela seria a autora de correções gramaticais e de alguns reparos de estilo na obra do marido o que, na realidade, não passa de um exagero histórico.

Fala-se também de outras mulheres na vida de Machado. A atriz Ismênia dos Santos, para quem o então crítico teatral fizera algumas traduções de peças como "O barbeiro de Sevilha", um romance às vésperas do casamento com Carolina, e Inês Gomes, outra atriz que ele conheceu já quarentão e casado. "Tive três amores, mas só você não é vulgar", escreveu ele a Carolina.

O consagrado escritor viveu também constrangido e explorado. Emprestou dinheiro de amigos para se casar e teve de assinar dezenas de péssimos contratos com seu editor, o francês Hypolittee Garnier, tradicionalmente conhecido como "o bom ladrão". Fazia adiantamentos, mas pagava mal. E o velho mestre, ainda por cima, tinha inimigos gratuitos. Os desafetos jamais o deixaram sossegado.

Sagacíssimo mas calado, tornou-se alvo fácil de Sílvio Romero e Luiz Murat. Até o poeta-maior, Carlos Drummond de Andrade, na juventude, escreveu um artigo agressivo contra Machado, mas depois reparou a ofensa gratuita e injustificada, publicando o poema "A um bruxo, com amor".

Os hábitos discretos de Machado de Assis enlouqueceram biógrafos e geraram lendas. Machado escondia tudo. Havia, porém, duas tragédias pessoais incontornáveis. A primeira era a epilepsia, sua doença mais grave. Ela o traiu várias vezes em plena rua. Certa vez, num impulso depressivo, ele se comparou a um cão contorcido em espumas. Sequer pronunciava o nome da moléstia, que lhe deixara irascível, a ponto de expulsar de casa um médico amigo que o socorrera depois de um ataque dentro de um bonde. "Eis o meu pecado original", sempre afirmava o escritor.

O outro drama estava na pele. Seu cabelo também não negva a origem - bisneto de escravos, nascido no Morro do Livramento, onde ainda hoje é o bairro da Gamboa, no Rio de Janeiro. Não consta que tenha frequentado escola, e suas fronteiras geográfica não foram além de Fiburgo, Petrópolis e Minas Gerais. Mesmo assim, transformou-se no melhor romancista da língua portuguesa até hoje.



quinta-feira, 1 de janeiro de 2009

POESIA

PARÁFRASE

"No meu tempo de menino
Minha vida era um colosso:
Fazia currá de pedra
Pra prendê vaca de osso...
Abria espiga de mio,
Pra vê se tinha caroço"
- As morenas me chamavam
Pra tomá banho, num poço;
Quando elas tiravam a rôpa
Faziam aquele alvoroço...
Se agarravam cum eu,
Mordiam no meu pescoço!
Deus me livre qui inda vorte
Aquele tempo de moço.
Quero ruê a sodade
Qui nem cachorro rói osso.
Mas, quando eu era menino...
Minha vida era um colosso!

Renato Caldas

ASSU AÉREO I

(Arquivo: blogdofernandocaldas.blogspot.com)





quarta-feira, 31 de dezembro de 2008

UM POETA BOÊMIO E IRREVERENTE


Ascenso Ferreira nasceu na cidade de Palmares, interior do Estado do Pernambuco, em data de 1895 e faleceu no Recife em 1965. Poeta boêmio, irreverente. Ascenso era amigo de Juscelino Kubistchek e chegou a participar ativamente da sua campanha a presidência da república, em 1955. Estreiou nas letras brasileiras publicando, salvo engano, o volume sob o título "Catimbó". Um dos seus versos mais notórios, diz assim:

Hora de comer - comer!
Hora de dormir - dormir!
Hora de vadiar - vadiar!
Hora de trabalhar?
- Perna pro ar que ninguém é de ferro!

... Sonhos possuem anos...
Asas do desejo...
Asas da esperança...
Asas do amor...
Asas da fé...
Desejo que seu novo ano seja de PAZ.
Que a esperança nunca o abandone.
Que a FÉ seja sua companheira constante.
Que o AMOR faça parte do dia-a-dia.
Nunca abandone seus SONHOS...
Nunca perca suas ASAS...
"Amanhã será um nono dia..."
Um novo nascer do sol,
Um novo começo, uma nova chance,
Basta sonhar e acreditar...

Um grande abraço de, Jadson.


domingo, 28 de dezembro de 2008

SONETO DE AMOR

DESPEITO

Digo o que noutro tempo não diria:
Foi tudo um grande sonho enganador...
Nego o passado, e juro que este amor
Só existiu na tua fantasia...

Sinto a volúpia da mentira! A dor
Não transparece. Nego... Que alegria!
Fiz crer ao mundo inteiro, por magia!
Que és de todos os homens o pior...

Nunca me entristeceu esse sorriso...
E vê-la tu, se tanto for preciso,
Nego também as cartas que escrevi!

Quero humilhar-te, enfim... Mas não entendo
Porque me exalto e choro e ti defendo,
Se alguém, a não ser eu, diz mal de ti...

Virgínia Victorino

quinta-feira, 25 de dezembro de 2008

MEUS OLHOS

(...) Meus olhos são uns olhos para não se ver
Ninguém para ver meus olhos
Meus olhos são uma tarde, meus olhos são uma tarde para sempre entardecer.

João Lins Caldas

quarta-feira, 24 de dezembro de 2008

POESIA

ORGULHO

És orgulhoso e altivo, também eu...
Nem sei bem qual de nós o será mais...
As nossas forças são rivais:
Se é grande o teu poder, maior é o meu...

Tão alto anda esse orgulho!... Toca o céu.
Nem eu quebro, nem tu. Somos iguais.
Cremo-nos inimigos... Como tais,
Nenhum de nós ainda se rendeu...

Ontem, quando nos vimos, frente a frente,
Fingiste bem esse ar indiferente,
E eu, desdenhosa, ri sem descorar...

Mas, que lágrimas devo àquele riso,
E quanto, quanto esforço foi preciso,
Para, na tua frente, não chorar...

Virgínia Victorina
(Poetisa portuguesa)

segunda-feira, 22 de dezembro de 2008

PAPAI NOEL


MONÓLOGO DO NATAL

Por Aldemar Paiva*

Não gosto de você Papai Noel.
Também não gosto desse seu papel
De vender ilusões a burguesia.
Se os garotos humildes da cidade,
Soubessem do seu ódio à humanidade.
Jogavam pedras nessa fantasia!

Você talvez nem se recorde mais.
Cresci depressa e me tornei rapaz,
Sem esquecer no entanto o que passou.
Fiz-lhe um bilhete pedindo um presente,
A noite inteira eu esperei contente,
Chegou o sol e você não chegou.

Dias depois, meu pobre pai cansado
Trousse um trenzinho velho, empoeirado,
Que me entregou com certa hesitação.
Fechou os olhos e balbuciou:
"É pra você... Papai Noel mandou..."
E se esquivou contendo a emoção.

Alegre e inocente nesse caso,
Pensei que meu bilhete com atraso
Chegara às suas mãos no fim do mês.
Limpei o trem, dei corda, ele partiu,
Deu muitas voltas, meu pai sorriu
E me abraçou pela última vez.

O resto só eu pude compreender
Quando cresci e comecei a ver
Todas as coisas com realidade.
Meu pai chegou um dia e disse, a medo:
"Onde é que está aquele seu brinquedo?
Eu vou trocar por outro na cidade".

Dei-lhe o trenzinho quase a soluçar,
E como quem não quer abandonar
Um mimo que lhe deu quem lhe quer bem,
Disse medroso: "Eu só quero ele...
Não quero outro brinquedo, quero aquele
E por favor, não vá trocar meu trem".

Meu pai calou-se e pelo rosto veio
Descendo um pranto que eu ainda creio,
Tão puro e santo, só Jesus chorou.
Bateu a porta com muito ruído,
Mamãe gritou, ele não deu ouvidos,
Saiu correndo e nunca mais voltou.

Você Papai Noel, me transformou
Num homem que a infância arruinou,
Sem pai e sem brinquedos. Afinal,
Dos seus presentes, não há um que sobre
Para a riqueza do menino pobre
Que sonha o ano inteiro com o Natal!

Meu pobre pai doente, mal vestido,
Para não me ver assim desiludido,
Comprou por qualquer preço uma ilusão:
Num gesto nobre, humano e decisivo,
Foi longe pra trazer um lenitivo,
Roubando o trem do filho do patrão.

Pensei que viajara. No entanto
Depois de grande, minha mãe, em pranto,
Contou-me que fora preso. E como réu,
Ninguém a absolvê-lo se atrevia,
Foi definhando, até que Deus um dia
Entrou na cela e libertou pro céu!

*Aldemar Paiva é jornalista, poeta, escritor, membro da Academia Pernambucana de Letras, animador cultural, radialista, apresentador do programa "Pernambuco Você é Meu", da Rádio Clube de Pernambuco. Paiva gozava da amizade com o poeta assuense Renato Caldas, a quem sempre visitava quando de passagem para. Paiva, sempre declama os poemas do velho poeta assuense, falecido em 1991, através daquela rádio da terra pernambucana.




sexta-feira, 19 de dezembro de 2008

VIRGÍNIA VICTORINO

Virgínia Victorino, poeta sonetista e dramaturga portuguesa de Alcabaça. Nasceu no dia 13 de agosto de 1898 e faleceu em 1967. Por sinal, o amargurado e amoroso poeta potiguar, também sonetista, chamado João Lins Caldas, era um dos seus admiradores de Virginia. No dia em que veio a falecer em 1967, conta-se que estava a ler o livro sobre o título "Apaixonadamente", daquela poeta lusitana autora do livro "Namorados, já em quatorze edições. A primeira é de 1918. De Virgínia conta-se que ela "foi amada e odiada ao extremo". Seus versos são recheados de melancolia. e paixão. Transcrevo adiante o soneto  sob o título "Renúncia", que diz assim:

Fui nova, mais fui triste... Só eu sei
Como passou por mim a mocidade...
Cantar era o dever da minha idade!
Devia ter amado e não cantei...

Fui bela... Fui amada e desprezei
Não quis beber o filtro da ansiedade.
Amar era o destino, a claridade...
Devia ter amado e não amei...

Si de mim!... Nem saudade, nem desejos...
Nem cinzas mortas... Nem calor de beijos...
Eu nada soube, eu nada quis perder...

E o que me resta?! Uma amargura infinda...
Ver que é, para morrer, tão cedo ainda...
E que é tão tarde já, para viver!...

quinta-feira, 18 de dezembro de 2008

POESIA

Só faltam usar maçarico
Instrumento de arrombar
E o povo fica a clamar
É pena o Brasil tão rico!
Com essa gente eu não fico,
Quero servir de espião,
Mas, todo esforço é em vão,
Roubam mesmo sem respeito,
Para o Brasil não há jeito
Com tanto filho ladrão.

Luizinho Caldas

AMÉRICO SOARES DE MACEDO

O bardo assuense Américo Soares de Macedo era membro de uma família vocacionada para a poesia. Publicou em 1939, dois livros sob o título "Sombras" (sonetos) e "Motes e Glosas". Daquele último volume, está transcrito a décima (glosa), que diz asim:

Ante o prazer me detive,
Gosei a vida um momento,
Depois veio o desalento,
Assim vive, quem não vive.
De sofrer, não me contive,
Procurei então saber,
Se a gente deve morrer,
Por não achar neste mundo,
Um amor firme e profundo
Com quem deseja viver.

segunda-feira, 15 de dezembro de 2008

"DIO COME TI AMO"


O filme intitulado Dio come ti amo, na minha observação, foi o filme que mais rodou na telinha do Cine Theatro Pedro Amorim, de Assu (1966,67,68, 69,70). É o meu filme favorito. Relembra a minha adolescência prazenteira e feliz, na minha cidade então provinciana chamada Assu. O filme é dirigido por Miguel Iglesias e a canção Dio come ti amo, é de Domenico Modugno. Gigliola interpreta além daquela canção, No ho lé´tà, dentre outras.. Gigliola (Gigliola di Francesco), a protagonista, é uma jovem inocente e bela, de família pobre que se apaixona por um jovem rico chamado Luis (Mark Damon), noivo de sua melhor amiga. Vejam o vidio do filme que levou multidões às salas dos cinemas.

PELO DIA DA CONSCIÊNCIA NEGRA Se Guilherme de Almeida escreveu 'Raça', em 1925, uma obra literária “que tem como tema a gênese da na...