quarta-feira, 12 de novembro de 2008
ESTÓRIAS DE POETAS
Moisés Lopes Sesión, poeta dos versos jocosos e fesceninos, conhecido como "O Bocage do Rio Grande do Norte", era um boêmio autêntico. Certo dia, encontrando-se embriagado pelas ruas da cidade, foi convidado por um certo cabo de polícia para dormir na cadeia. Naquela hora vinha chegando o delegado que era seu amigo e, por se tratar de um homem de bem, popular e muito bem relacionado na cidade, deu ordem ao policial para relaxar a prisão. Foi o bastante para Sesión produzir os seguintes versos:
Sargento as suas divisas
Deus terá de protegê-las.
Dos braços irão para os ombros
E aí serão estrelas.
E Deus há de me dar vida
para que eu possa vê-las.
O cabo que aí está
Nunca será um tenente.
O galão que ele terá
É um galão diferente:
É um pau com duas latas,
- Uma atrás, outra na frente.
Chico Traíra era poeta cordelista, cantador de viola dos melhores do Nordeste. Era tido como assuense, mas era natural de Ipanguaçu, nascido no Sítio Pau de Jucá, ainda quando Ipanguaçu era um pequeno povoado chamado Sacramento. Pois bem, viajando em cima da corroceria de um caminhão, de Natal com destino a cidade de Macau (RN), em companhia do seu colega Patativa também renomado poeta cordelista potiguar, este reclamava a viagem de muitos tropeços, dizendo: "Eu acho que nossa viagem não vai ser muito sublime"! "Chico pegou na deixa, versejando de tal modo:
Se o colega não está
Achando a viagem boa
Você é pássaro, eu sou peixe
Eu mergulho e você voa
Você volta para o ninho
Eu volto a minha lagoa.
sábado, 8 de novembro de 2008
DEDICATÓRIA
Natal, 05.05.06
COMENTÁRIOS
(O comentário referenciado acima, datado de 7 de novembro, é de Cinara de Medeiros Marinho Andrade, que mora há mais de duas décadas no Canadá. Mas nunca esqueceu as suas origens de potiguar, com raízes em Natal, Assu, Ipanguaçu, Goianinha. Cinara é também da família Lins Caldas (do poeta João Lins Caldas). O Moacir que ela se refere, era natural do Assu, seu tio pelo lado materno, um dos maiores poetas do Rio Grande do Norte, bem como um dos maiores da propaganda moderna no Brasil. Foi ele (já contei aqui neste blog), o pioneiro do Marketing político no Brasil. Ele deixou de poetar ainda jovem, para se tornar empresário no Rio de Janeiro. Faleceu aos 87 anos de idade naquela capital carioca, no última dia 4 de outubro. Neste blog já fiz comentários sobre o cidãdo e o poeta João Moacir de Medeiros). Fica o registro e a saudade! Obrigado Cinara pelo elogio ao meu trabalho. Abraços a todos vocês.
POESIA
Como a vida é transitória e boa!
Ontem, eu chorava,
Quando os barcos de papel
Que eu atirava,
Mergulhavam nas águas da lagoa.
Hoje, é o contrário:
Extingo os meus escolhos,
Mergulhando os meus olhos de poeta,
No lago verde
Dos teus lindos olhos.
Renato Caldas
(Transcrito do seu livro intitulado Fulô do Mato, segunda edição)
POESIA
Por ti, velho ideal dos meus sonhares,
Muitos me maldizem e me despresam.
Chamam-me louco, e as coisas que que eles presam
São outras coisas que não são teus lares...
Que importa a mim o mal desses olhares.
A praga dessas boucas que não rezam?
Cruz ou consolo, os sonhos que me pesam
Serão meus companheiros seculares...
Mal grado as tempestades que conheço,
O meu prazer não revelado e pouco,
As injúrias que sofro nesta lida,
És tu o sonho por quem vivo e cresço...
Que eu seja eternamente eterno louco
E nunca deixe de sonhar na vida!
João Lins Caldas
Assú, 8.8.1909
sexta-feira, 7 de novembro de 2008
POEMA
Da ilusão do teu consolo.
Do teu querer, do teu amor
Azul é o solo!
Eu poeta e sonhador,
Fibra por fibra hoje descolo
O beijo teu, do teu rigor...
O beijo colo!
O lírio d´alma no teu colo,
Descolo o lábio do rigor...
O beijo colo!
João Lins Caldas
domingo, 2 de novembro de 2008
IMEIOS (COMENTÁRIOS) RECEBIDOS
Grato pela generoza citação dos meus textos no seu blog. Muito me ufana o seu estímulo e a sua amizade. Disponha sempre e fique com o meu fraternal abraço.
Valério Mesquita
Conselheiro do Tribunal de Contas (RN)
30.10.2008
Parabéns a Fernando Caldas, pela iniciativa de divulgar os poetas e poetizas da nossa Assu.
Amariacaldas
22.10.2008
A Cada acessada em seu blog me sinto culturalmente alimentado... parabéns pelo seu blog Fanfa.
thiagomoura
30.10.2008
POESIA
RELÍQUIA DA POLÍTICA ASSUENSE II
quarta-feira, 29 de outubro de 2008
IGREJA MATRIZ DE ASSU
Fernando Caldas
domingo, 26 de outubro de 2008
JORGE FERNANDES, O POTIGUAR PRECURSOR DO MODERNISMO
sexta-feira, 24 de outubro de 2008
VALÉRIO MESQUITA, DE "SEU MESQUITA"
O escritor potiguar de Macaíba chamado Valério Mesquita é um dos bons autores do Estado. Ele têm diversos livros publicados. Será que é a toa que ele é membro da Academia Potiguar de Letras? Por sinal, com muita honra, ele é quem faz a apresentação do livro sob o título "Renato Caldas, de Cabo a Rabo" (Poeta de Fulô do Mato), organizado por Fernando Caldas (autor deste Blog) que em breve será publicado. O referido livro de Renato é feito de suas poesias (algumas inéditas), seus causos, suas estórias e ditos espirituosos, além de contar a sua fantástica trajetória como "romântico caminheiro", conhecendo o Brasil de ponta a ponta. Pois bem, Valério no final deste mês, publica a segunda edição do seu livro intitulado "Poucas e Boas", que vem mais rico em estórias pitorescas "de Macaíba de Seu Mesquita e Adjacências", no seu próprio dizer. Deleitamo-nos com algumas estórias que está no volume referenciado acima, que transcrevo adiante:
1) A imagem que a memória nos desenvolve do saudoso ex-deputado Asclepíades Fernandes é a daquele homem taciturno, de baixa estatura, bigode crespo que escondia e parecia ser o responsável pelos seus longos silêncios. Mas, o equipamento facial inatingível era o cigarro, que nele assumia o aspecto de instituição permanente ou do próprio dogma constitucional. Certa vez, deputado oposicionista, adentrando atrasado no plenário da Assembléia, no auge de uma importante votação, é inopidamente interpelado pelo presidente: "Sim ou não, deputado Asclepíades?". Ainda de pé, sem tirar o cigarro da boca, nem entender os sinais de socorro dos companheiros, virou-se para proferir as mais longas palavras da sua legislatura: "Totalmente não!". O pior é que era SIM. Azar dos diabos. 2) Neto Correia passou-me essa do ex-prefeito de Cerro-Corá, o famoso Zé Amaro. Fã do futebol. Zé Amaro foi assistir o clássico ABC x América, que decidia o campeonato potiguar. O Machadão estava repleto e ao redor, centenas de veículos. Homem do interior, precavido, foi logo imaginando abrigar o seu veículo em lugar seguro. Viu a caixa d´água do estádio como ponto de visível referência e lá estacionou. Durante o jogo, tomou umas e outras, reencontrou amigos e andou pelas gerais e arquibancadas. Findo o jogo, na saída do estádio desorientou-se. Não viu a caixa d´água, o ponto de orientação. Rodou para direita, para a esquerda: nada. Enfim, estava só e desesperado. Um popular que esperava um coletivo, vendo a sua impaciência indaga o que se passa: "Sei não rapaz, que tenham levado o meu carro até que eu acredito mas com a caixa d´água e tudo eu estou em dúvida".
terça-feira, 21 de outubro de 2008
RELÍQUIA DA POLÍTICA ASSUENSE I
"O amigo da onça".
Propaganda eleitoral de Walter de Sá Leitão quando disputou a prefeitura do Assu, contra Maria Olímpía Neves de Oliveira (Maroquinhas), em 1962. Walter (ele era meu padrinho e tio afim) perdeu por 428 votos. Foi uma campanha das mais tensas e intensas da terra da terra assuense. Walter tinha o apelido de "Golinha" e Maria Olímpia era chamada na política local de "A Onça".
segunda-feira, 20 de outubro de 2008
O POETA CALDAS
domingo, 19 de outubro de 2008
WALFLAN DE QUEIROZ, O POETA MÍSTICO
Que comoveu a alma de Francesca de Rimini.
Fui monge, amei a virgem.
Fui marinheiro, estive no oriente.
Mais tarde, pertenci ao grupo dos poetas malditos
E escrevi o meu último poema para uma menina espanhola.
(Fernando Caldas)
UM POETA BOÊMIO DO ASSU
Perdido sobre o peito dolorido,
Bem demonstra o pesar e o sofrimento
De um desgraçado e de um desiludido.
Este meu vago olhar amortecido
São os sinais amargos do tormento
Da vida indesejável de um perdido
Afogando num cálice de aguardente
A dor que faz meu peito pensar?
E no vício morrendo lentamente
Fazendo assim o enterro de mim mesmo.
quinta-feira, 16 de outubro de 2008
POESIA
O município do Assu (minha terra natal querida) completa hoje 163 anos de emancipação política, de Vila Nova da Princesa a cidade de Assu. Nada justo do que homenageá-la nas palavras do grande bardo das letras assuenses, norte-rio-grandenses e porque não dizer brasileiras, chamado João Lins Caldas que, em homenagem a terra que escolheu para viver até os últimos dias de sua vida, escreveu o poema, datado de 17 de abril de 1967 (poucos dias antes de falecer), conforme abaixo transcrito, sob o título "Índio Janduí" (os primeiros habitantes da Ribeira do Assu), que veremos para o nosso deleite:
Sou Janduí, sou da taba,
Meu patrimônio ele só,
Riqueza que não se acaba,
Tem a várzea e o piató
Peixe, banho de lagoa
Riqueza que se conta mais
Bem vastos carnaubais.
Filho da terra dileta
O bravo de Curuzu
Nosso, um destino poeta,
Grandeza que é mesmo o Açu.
terça-feira, 14 de outubro de 2008
UM GIGANTE DA PROPAGANDA BRASILEIRA
terça-feira, 7 de outubro de 2008
RÁDIO AMADOR SALVOU O VALE DO ASSU
Naquele tempo, Nilo Fonseca brincava com o rádio amador montado em sua casa como hoje os jovens usam as salas de bate-papo na internet. Desde 1961, discava uma chamada geral a espera de uma semana vinda de alguma parte do Brasil ou estrangeiro. Filho de Assu, durante a enchente Nilo procurou notícias de sua cidade. A resposta (ou câmbio) veio do primo assuense Tarcísio Amorim. Junto, o pedido alarmante de socorro. "Pediram-me para entrar em contato com o governador", lembra. Nos 20 dias seguintes, Aluízio Alves batia a porta da casa de Nilo Fonseca para comunicar o despacho do dia.
"Acordava cedo todo dia para arrumar a casa e preparar o cafezinho para o pessoal. Aluízio chegava acompanhado do Chefe da Casa Civil, Agnelo Alves e outros secretários". A comunicação direta de Aluízio em Assu era com o coronel Leão, então secretário de agricultura do governo. "O coronel pediu urgência da Sudene no envio de mantimentos. Aluízio disse que iria tentar. Quando avisei da possibilidade do contato pelo rádio amador ele ficou admirado. E quando o superintendente da Sudene, general Albuquerque Lima respondeu a chamada. Aluízio quase cai pra trás sem acreditar", recorda Nilo.
Estupefato com o alcance e importância do rádio amador, Aluízio Alves interligou o prefixo da rádio à transmissão da Rádio Cabugi. Diariamente grande parte do estado tomava conhecimento das providências tomadas pelo governo estadual. Essa ferramenta poderosa de comunicação logo despertou a atenção do alto comando militar. "O general da guarnição de Natal (situado onde hoje está o Museu Câmara Cascudo) chamou-me para entregar as conversações diárias feitas por Aluízio. Todos os dias às 17h entregava a fita ao general. Era a ditadura".
Nilo Fonseca lembra indignado da ira do general ao saber do envolvimento do arcebispo dom Eugênio Araújo Sales na ajuda às vítimas. Dom Eugênio havia conseguido um comboio para transportar toneladas de mantimentos até Angicos e de lá até Assu, por caminhões. "O general disse: "Até esse padre está metido nisso". O general dizia que tudo tinha de passar por ele". E concluiu: "Foi um período gratificante. Pude ajudar de alguma forma o povo de minha cidade. Um ano depois fui um dos ilustres da Festa das Personalidade, promovida por Paulo Macedo todos os anos no Aeroclube".
(Transcrito do jornal Diário de Natal, caderno Cidades, 13 de abril de 2008).
Do blog: Nilo Fonseca referenciado no artigo acima, é filho do médico Ezequiel Fonseca, que foi intendente do município do Assu, na década de trinta e depois deputado Estadual, chegando a presidir a Assembléia Legislativa do Rio Grande do Norte que também era o eventual vice-governador do estado por força do cargo de presidente do legislativo estadual.
domingo, 5 de outubro de 2008
SAUDADES DO GRANDE ODILON
Jurandyr Navarro, em seu, "Rio Grande do Norte - Oradores (1889-2000)" destacou dois dos seus pronunciamentos, na Câmara dos Deputados, onde representou o Rio Grande do Norte, com brilhantismo e talento.. Intelectual, culto, orador fluente. Em 1964, discordou do movimento militar que derrubou o presidente Jango, filiando-se ao MDB, com a extinção dos partidos, no governo Castelo Branco, logo após as eleições diretas de 1965, para escolha dos governadores estaduais.
Nesse mesmo ano, em novembro, discursou sobre o autor de "Eu e Outras Poesias", "eis aí um homem que, exercitando a poesia, dilatou a linha da morte até a ilimitação da eternidade. Para quem a vida, através do ato de criação poética, não foi senão uma forma de iludir a morte"
Odilon tinha uma excelente cultura literária. Conhecia com profundidade, não somente a vida e a obra do poeta, nascido no engenho "Pau d'árco", mas, também de um outro seu conterrâneo que se notabilzou como romancista do chamado ciclo da cana-de-açucar, o escritor José Lins do Rêgo. Amigo e conhecedor da obra de Gilberto Freire, certa feita, levou-me à residência do autor de "Casa Grande e Senzala", em epipucos, no Recife.
Tinha sido, em 1945, um dos que lutaram ao lado de Gilberto Freire, naquela cidade, contra o Estado Novo e a ditadura de Vargas, um dos líderes da campanha que o elegeu, constituinte no mesmo ano. Aliás, Gilberto Freire, queria que o candidato fosse Odilon, que abriu mão da disputa, dizendo: "Mestre, este lugar, por merecimento, é seu".
O discurso sobre Augusto dos Anjos tem forma de aula, de lição, sobre a obra e vida do poeta que ele chamou "Filho do carbono e do amaníaco que soube retirar dos forjos do seu gênio, o esplendor imperecível de palavras que viverão para sempre. Pois todo aquele que ouvir os versos de Augusto estará assegurando ao poeta a vida eterna".
Sou de uma geração que recitou Augusto dos Anjos, "ninguém, assistiu ao formidável enterro da tua última quimera"... ou "meu coração tem catedrais imensas" um dos seus instantes raros de lirismo.
Em 1965, em plena ditadura, o Congresso violentado com as cassações, fez um discurso em defesa do legislativo, da democracia e das liberdades constitucionais. Ocupou a tribuna para dizer solenemente que estava contra as emendas constitucionais enviadas pelo governo militar, do marechal Castelo Branco e fazia tal declaração, sem o propósito de desaforo, sem bravata, mas, solenemente, com a solenidade dos que aprenderam que a história caminha inexoravelmente em direção da liberdade, dizendo a esta casa, que eu, como representante do povo brasileiro, não posso e não devo concordar com as emendas enviadas pelo poder executivo, recuar, ceder, contraporizar, capitular; esta Casa foi feita antes de tudo para resistir e defender os direitos sagrados do povo".
Era difícil e raro, naquela época, encontrar homens do quilate de um Odilon Ribeiro Coutinho, sem medo, sem baixar a cabeça aos donos do poder, aos que tinham nas mãos as armas para destruir sua carreira que se iniciava, no primeiro mandato parlamentar,
Nesse pronunciamento histórico, ele citou Vevinson, a respeito da perda da liberdade: "nós costumamos perder a liberdade, como costumamos perder o amor. A luta pela liberdade e o amor, não termina nunca... e , finalizou de forma belíssima, como uma premonição. Quando a noite vier, estaremos lembrados das palavras de Maritain, quando os alemães invadiram a sua doce França: "A noite pode ser longa; a noite pode ser negra. Por mais longa e negra que seja ela caminha sempre inevitavelmente para a aurora".
Saudades, do grande Odilon.
Ticiano Duarte (jornalista)
(Transcrito do Jornal de Hoje, 1 de outubro de 2008)
(Eu tive o privilégio de ter conhecido e ouvido nas concentrações públicas, os brilhantes discursos de Odilon Ribeiro Coutinho. Certa vez, nos idos de setenta, no início da minha juventude ouvi logo após um comício que se realizara naquela terra assuense , Odilon contar um pouco da sua trajetória política. Tribuno da melhor qualidade. Fraçois Silvestre (um entusiasta de Odilon), depõe que o discursos de Odilon é "um estudo de sociologia").
Fernando Caldas.
terça-feira, 12 de agosto de 2008
"O POPULAR E A ARTE DE FAZER VERSOS"
O que é o canto senão, a exteriorização de um sentimento nascido do estado da alma! Essa, por exemplo, vem de longe. Quem canta seus males espanta. Pois é, sabe-se que homem primitivo soltava seus grunhidos para comemorar os feitos. No período Neolítico já solfejava cantando, acompanhados por instrumentos musicais.
Os egípiçios do Médio Império incluíam canções e poemas dedicados a assuntos da natureza, da vida e da morte para celebrar os mistérios de Osíris e a passagem dos mortos desta vida para o além.
Na Roma do século de Augusto, sob o patrocínio imperial, a literatura latina viveu um dos seus grandes momentos de esplendor. Era a fase das declamações públicas e dos desafios. Da mesma maneira que os antigos gregos faziam no Canto Amebeu.
Séculos e séculos de inspirações e cantos, levando-se em consideração as diversificadas formas instrumentais, como a cítara, o violão, depois a viola. E o cantador nordestino. É a reminiscência do aedo grego Orfeu, cantando ao som de sua lira; do minnesanger (cantor do amor) alemão, Walter de Vogelweide, na idade Média; da poética árabe, que atingiu prestígio com Tarefa e suas picantes sátiras; e vai por aí percorrendo mundo a fora.
Mas, foi no Nordeste do Brasil que o cordel europeu e a cantoria de viola encontraram ambiente propício ao seu desenvolvimento. Uma região de criatório de gado e cantares regionais. A esse respeito falou Miguel Torga: "É mais um povo que pelos séculos dos séculos terá de arrastar um destino próprio, a fazer milagres da pobreza do chão, das vogais da língua, do lirismo da alma".
O século XIX foi pródigo para com a poética popular nordestina, quando milhares de folhetos foram editados e vendidos, inclusive para o sul do Páis.
Os mais antigos eram escritos em quadra e chamava-se verso de quatro pés. Alguns estudiosos do cordel atribuem ao poeta paraibano Silvino de Parauá de Lima (1848-1913) a introdução da sextilha no folheto para melhorar expandir a idéia. O pioneirismo do romance em verso, uma beleza do Romano do Teixeira e Inácio da Catingueira, atribui-se a José Galdino da Silva (Zé Duda), numa versão de uma novela extraída das jornadas do Decameron chamada de "D. Genevra". O mais importante folhetista dessa época foi paraibano Leandro Gomes de Barros (1865-1918). Alcançou prestígio e fama com uma produção de folhetos editados e reeditados, conseguindo grande número de leitores e admiradores, na chamada fase de ouro dos folhetos populares nas feiras nordestinas. Suas obras são verdadeiros clássicos da poética popular brasileira, entre as quais podemos citar: A Donzela Teodora, O Reino da Pedra Fina, Canção de Fogo, O Marco Brasileiro, Os Mártires de Veneza. Existe outro poeta popular tão importante quanto Leandro Gomes. Trata-se de Agostinho Nunes da Costa (1797-1858), respeitado glosador, e tido como precursor da poesia popular nordestina da famosa Escola do Teixeira (PB).
Enfim, precisamos compreender a grande contribuição da tradição popular nordestina a renomados compositores, com a valiosa produção, inserida no cancioneiro nacional, do nível de Chiquinha Gonzaga, Donga, Ismael Silva, Ari Barroso, Noel Rosa, Lamartine Babo, Mário Lago, Adoniram Barbosa, Pixinguinha, Vinícius de Morais, Dorival Caymmi, e outros mais, leitores do cancioneiro popular, da velha guarda consagrada, lembrados ainda hoje, fazendo muito sucesso no mundo da Música Popular Brasileira."
Severino Vicente
Pesquisador e Sócio do IHGRN
(Transcrito do Jornal de Hoje, de Natal, 3.7.2008)
sábado, 2 de agosto de 2008
NATAL É ESCOLHIDA COMO MELHOR DESTINO TURÍSTICO DO BRASIL
A informação foi dada pelo presidente da Aviesp, Willian José Périco, ao secretário de Turismo de Natal, Fernando Bezerril. Ainda será marcada a data para entrega da premição a Natal, que alcançoiu a pontuação nove entre os associados da Aviesp.
Segundo Fernando Bezerril, a premiação faz jus ao trabalho desenvolvido na divulgação de Natal, através da Secretária de Turismo, em todos os eventos promocionais realizados no País e até no exterior. Além disso, aponta a realização do "Natal em Natal".
A Aviesp é a mais poderosa entidade de turismo do interior de São Paulo que é o maior órgão emisor de turistas para Natal e porque reúne os agentes de viagens daquele Estado e promove anualmente durante o mes de abril a Aviestur que reúne os agentes de viagens de todo o País.
Sete Maravilhas
Recentemente, o forte dos Reis Magos ganhou o concurso da revista CAaas - Sete Maravilhas do Brasil. O comunicado oficial também foi feito ao secretário de turismo, Fernando Bezerril, que recebeu o prêmio de Caras, em nome da Prefeitura de Natal, no Salão de Turismo realizado em junho no Parque Anhembi, em São Paulo.
(Transcrito do jornal Tribuna do Norte, de Natal, edição de 1 de agosto de 2008)
segunda-feira, 21 de julho de 2008
VALE DO AÇU
A Secretaria Estadual do Desenvolvimento Econômico (Sedec) e a Câmara de Dirigentes Logistas (CDL) de Assu fecharam um convênio com a Petrobrás para ser a patrocinadora oficial da V Feira de Negócios do Vale do Açu, que vai acontecer de 31 de julho a 2 de agosto, na praça Getúlio Vargas, em Assu.
Presente desde a primeira edição, a Petrobrás já havia anunciado, desde o ano passado, sua intenção em contribuir mais ainda com a realização da Feira, reforçando sua presença na economia da região e interagindo cada vez mais com os empresários locais.
A partir deste ano, a Feira de Negócios ganhou em sua programação uma nova proposta de qualificação e treinamento profissional que vem acontecendo desde o último dia 3 de julho.
O projeto intitulado "Super quinta feira de empreendedorismo e de negócios do Vale do Açu" é aberto ao público e acontece uma vez por semana até o início da Feira, no escritório regional do Sebrae.
São atendimentos personaliados e que ocorrem sempre no período da manhã, além de palestras à noite.
Na quinta-feira (17), a Petrobras e o Sebrae orientaram empresários de todas as áreas produtivas a realizarem os seus cadastros para tornarem-se, de acordo com as exigências legais, novos fornecedores da empresa.
"O objetivo principal está em canalizar o maior volume de recursos de suas compras para as empresas com sede no Rio Grande do Norte, criando maior vínculo com as diferente cadeiras produtivas no Estado", informa Otomar Lopes Cardoso Júnior, coordenador de feira.
A comercialização dos últimos estandes da Feira, que deverá repetir os mais de 100 estandes das edições anteriores, está sendo finalizada pela CDL de Assu.
Estão confirmadas empresas dois segmentos de moda, comcessionárias, supermercados, saúde, alimentação, material e implementos agrícolas, educação, eletrônica, entre outros, além do tradicional artesanato do Vale do Açu.
A programação cultural e artística, também renovada em sua proposta para o ano de 2008, será divulgada ofialmente na próxima semana, com a expectativa de novas atrações e novidades para o público, estimado em 40 mil pessoas durante os três dias do evento. Um evento que deverá incrementar a economia assuense e gerar empregos diretos e indiretos durante o período da feira empresarial.
(Artigo transcrito do jornal Potiguar Notícias, de Parnamirim, edição de 21.6.2008)
sábado, 19 de julho de 2008
JORGE FERNANDES, UM POETA MODERNISTA
Emboladora do sono...
Balanços dos alpendres e dos ranchos...
Vai e vem nas modinhas longorosas...
Vai e vem de embalos e canções...
Professora de violões..
Tipóia dos amores nordestinos...
Grande... longa e forte. pra casais
Berço de grande raça
SUSPENÇA...
Guardadoras de sonhos
Pra madorna ao meio-dia
Grande... côncova...
Lá no fundo dorme um bichinho...
- ô... ô... ô... ôô... ôôôôôôôôô...
- Balança o punho pro menino durmir...
Bem como este outro poema sob o título Remanescente, transcrito abaixo:
Sou como antigos poetas natalenses
Ao ver o luar sobre as dunas...
Onde estão as falanges desses mortos?
E as cordas de violões que eles vibraram?
- Passaram...
E a lua deles ainda resplandece
Por sobre a terra que os tragou
E a terra ficou
E eles passaram!
E as namoradas deles?
E as namoradas?
São espectros de sonhos...
Foram braços roliços que passaram!
Foram olhos fatais que se fecharam!
Ah! Eu sou a remenescença dos poetas
Que morreram cantando...
Que morreram lutando...
Talvez na guerra contra o Paraguay!
segunda-feira, 7 de julho de 2008
ARTIGO
Djalma Aranha Marinho nasceu vocacionado para servir ao parlamento na plenitude democrática ou ameaçado pelas intérpéries ocasionais do autoritarismo. Com prudência e saber jurídico deu sua colaboração ao país quase à beira de colapso constitucional em 1961, quando os militares se opuseram à posse do seu vice-presidente João Goulart, após a renúncia de Jânio Quadros. Foi o relator da emenda constitucional que instituiu o parlamentarismo e evitou o impasse que teria gerado um conflito imprevisível assegurando a posse de Goulart no dia 7 de setembro daquele ano.
Contrário a licença para processar o então deputado Márcio Moreira Alves solicitada pelo governo militar ao STF, naquela crise que resultaria na edição do AI-5 em 1968, defendeu com veemência a inviolabilidade da instituição, embora não tivesse concordado com o discurso inoportuno do deputado oposicionista. Valeu-se da frase do escritor espanhol Calderon de La Barca para concluir suas palavras na sessão histórica da Cãmara Federal no dia 12/12/1968: "Ao Rei tudo, menos a honra". Após o discurso, renunciou a presidência da Comissão de Justiça, em sinal de protesto ao gesto abusivo do abítrio.
Sentia-se bem no parlamento e útil a instituição na condição de guardião de suas prerrogativas constitucionais e na condenação aos excessos praticados por governos populistas com viés autoritário. Integrar aquela turma privilegiada pelo saber jurídico e intelectual, representava uma láurea consagradora.
O deputado Djalma Marinho integrou o grupo e foi bem recebido por todos. Destacavam-se, dentre outros, Carlos Lacerda, Afonso Arinos, Bilac Pinto, Pedro Aleixo, Miltom Campos, Aliomar Baleeiro, Prado Kelly, Adauto Lúcio Cardoso e Oscar Correia, para citar apenas alguns que se tornariam mais tarde juristas consagrados e ministros do Supremo Tribunal Federal. Na Câmara, as galerias superlotadas aplaudiam aqueles oradores que incendiavam o plenário da Casa pelo brilho da oratória demolidora e impecável. A "banda da UDN" tocava afinada com partitura até de olhos fechados.
Apesar da timidez que o caracterizava, avesso a qualquer tipo de publicidade, o parlamentar norte-rio-grandense conseguiu obter notoriedade entre seus pares, tendo sido indicado para as relatórias de projetos polêmicos como a fusão do estado da Guanabara com o Rio de Janeiro e da CPI do acordo Globo/Time-Life, este lesivo aos intereses nacionais, segundo afirmou o deputado em seu parecer. Desincumbiu-se airosamente das tarefas difíceis, contrariando poderosos, graças à responsabilidade de renomado jurista.
Iniciou sua vida pública como deputado estadual constituinte de 1946 pela UDN, ao lado de figuras como Dix-Huit Rosado, Mário Negócio, Gomes Lemos, José Gonçalves, Pereira de Macedo, José Xavier, Moacyr Duarte e outros. Obteria mais tarde sete mandatos de deputado federal. Perdeu duas eleições majoritárias que lhe marcaram profundamente: o governo do Estado paras Aluízio Alves em 1960 e o senado da República para Agenor Maria em 1974.
Mas, a derrota que mais o machucou foi a perda da presidência da Câmara Federal para o colega Nelson Marchesan em 1980, num momento em que o poder Legislativo massacrado pelo regime vigente começava a reagir à condição de vassalo do Executivo, que tantas vezes tinha estuprado sua autonomia em nome do arbítrio. A derrota mexeu com sua estrutura emocional. Morrera pouco tempo depois.
A sala da Comissão de Constituição e Justiça da Câmara tem o seu nome. Hoje, foi homenageado lá, pela pasagem do centenário ocorrido no último dia 30. Uma lembrança justa a quem teve uma atuação marcante no parlamento nacional. Infelismente, no Rio Grande do Norte, a data foi completamente esquecida.
Lamentavelmente, temos desapreço à memória dos homens públicos que se portaram com correção na vida pública".
Autor: João Batista Machado
(Transcrito do "Jornal de Hoje", 7/6/2008)
quinta-feira, 19 de junho de 2008
É POTIGUAR DO ASSU, O REALIZADOR DA PRIMEIRA CAMPANHA ELEITORAL MARKETIZADA NO BRASIL
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Tinha escritório à Rua Almirante Barroso, Centro do Rio, próximo ao Largo da Carioca e ao Teatro Municipal. Cid Pacheco figura que eu tive o prazer de conhecer no escritório da JMM, na capital carioca, era seu parceiro, outro gigante da propaganda moderna, do marketing político eleitoral no Brasil.
"Em 1954, dois candidatos polarizavam a disputa pela prefeitura de Belo Horizonte: Amintas de Barros, pelo PSD e Celso Azevedo, pela UDN. Foi o ano do suicídio de Getúlio Vargas, que estava em plena glória, mas também em pleno combate, um ano marcado por grande comoção política.
De propósito, nós esquecemos o outro candidato. Achamos que devíamos fazer campanha a favor do Celso Azevedo e não contra o Amintas de Barros. Eu nunca ocupei o nosso tempo e atenção do nosso ouvinte, do nosso eleitor, com histórias sobre o adversário. As histórias sobre o adversário sempre colaboram contra nós. Foi o esquema que deu certo.
Um comentário:
Valeu Caldas! Como neto do dr Amintas de Barros,se ainda hoje eu pudesse, como vim a saber pelo seu intermédio, era o pescoço deste grande expoente, o senhor Moacyr, que eu deveria apertar! Ora bolas...
domingo, 15 de junho de 2008
A MUTUCA
‘A Mutuca', antigo jornalzinho idealizado por Demócritico Amorim (Teté) que circulou em Assu nos anos 1967, 68, 69, 70, 71, 72, 73, 74 e 78, durante os festejos do padroeiro do Assu, São João Batista, divulgava os acontecimentos da cidade durante nove dias, satirizando as pessoas, os relacionamentos amorosos, entre outros assuntos relacionado am município do Assu. Amores erram feitos e desfeitos. Os poetas da cidade como Maria Eugênia, Renato Caldas, Francisco Amorim, João Fonseca e Boanerges Wanderley, entre outros, davam as suas colaborações, publicando versos amorosos, além de crônicas e artigos sobre a festa do padroeiro. Enilda de Souza (Nildinha), Perpétua Wanderley, Osvaldo Amorim e Walter de Sá Leitão também colaboraram com aquele citado periódico..
Revendo meus guardados, o meu pequeno acervo sobre
as coisas da minha terra natal – o Assu, deparo-me com uma das edições de A Mutuca, edição de 17 de junho de 1969 que, na sua primeira página, diz assim:
"Bôa noite habitantes dos Bairros Sítios e
Capelas, patrocinadores dos festejos hoje consagrados ao glorioso São João
Batista”.
Elementos integrantes da comunidade açuense, vocês, sabemos, empregar o melhor
das suas energias, de seu esforço e da sua dedicação para testemunharem ao
Santo, nosso Padroeiro a nossa fé cristã e nosso apelo às coisas de Deus.
Na quietude de seu bairro, nas suas conversas amigas, na vivência de uma
cordialidade amistosa o seu pensamento e a sua imaginação, por muito tempo se
comoveu na contemplação emotiva e encantadora do rodopiar de um balão
sanjoanesco que, na crendice popular, indica de acordo com a sua direção,
inverno futuro ou seca calamitosa.
Também vocês, moradores dos sítios distantes, a esta hora, depois de um dia
afanoso, cuidando do amanho da terra e da assistência às fruteiras em formação,
vocês também estão com a alma e o coração voltados para o Patrono de nossa
terra, pedindo bençãos e solicitando favores na esperança fagueira de uma
colhêta abundante.
Como tenho muito de cristianismo, tem algo de profano o novenário de São João
Batista, vocês habitantes dos Bairros Sítios e Capelas, no saborear das
pamonhas, canjicas e milho assado ao calor das fogueiras, no São João disse São
Pedro confirmou, prestam também o seu culto de veneração e respeito ao santo
que veio abrir os caminhos aplainar as veredas para a vinda do Senhor.
Daí, por tudo que vocês fizerem para homenagear o precursor do Messias,
recebam, habitantes dos Bairros Sitios e Capelas o nosso cordial e sincero BÔA
NOITE."
Postado por Fernando Caldas
POESIA SERTANEJA
Encontrando-me com um sertanejo
Perto de um pé de maracujá,
Eu lhe perguntei:
Diga-me como sertanejo,
Porque razão nasce branca e roxa,
A flor do maracujá?
Ah, pois então eu lhe conto,
A estória que ouvi contá,
A razão pro que nasce branca e roxa,
A frô do maracujá.
Maracujá já foi branco,
Eu posso inté lhe ajurá,
Mais branco do qui caridade,
Mais branco do que o luá.
Quando a frô brotava nele,
Lá pros confins do sertão,
Maracujá parecia,
Um ninho de argudão.
Mas um dia, há muito tempo,
Num meis que inté num me alembro,
Si foi maio, se foi junho,
Si foi janeiro ou dezembro.
Nosso sinhô Jesus Cristo,
Foi condenado a morrê,
Numa cruz crucificado,
Longe daqui como o quê,
Pregaro Cristo a martelo,
E ao vê tamanha crueza,
A natureza inteirinha
Pois-se a chorá di tristeza.
Chorava us campu,
As foia, as ribeira,
Sabiá também chorava
Nos gaio a laranjeira,
E havia junto da cruis,
Um pé de maracujá,
Carregadinho de frô
Aos pé de nosso sinhô.
I o sangue de Jesus Cristo,
Sangue pesado de dô,
Nus pé de maracujá,
Tingia todas as frô,
Eis aqui seu moço,
A estória que eu ouvi contá,
A razão proque nasce roxa,
A frô do maracujá.
Catulo da Paixão Cearense (de quem o poeta Renato Caldas é discípulo).
sexta-feira, 13 de junho de 2008
CATÔTA, DE MOSSORÓ
1 - Certa vez, certo cidadão praticava arruaças num dos bares do bairro Alto de São Manuel, em Mossoró. O delegado ao tomar conhecimento do fato, mandou Catôta resolver o problema. Ao chegar naquele botequim, aquele soldado foi logo dizendo: "Olha, meu amigo, eu trago ordem do delegado pra prender você. Vamos logo. "Taqui que você me prende." Disse o arruaceiro estirando o dedo médio. Catota respondeu e gesticular da mesma forma: "Taqui que eu lhe levo!" Botou o rabo entre as perna, no dizer popular, e escafedeu-se.
2 - Certa feita, Catôta foi designado para retirar as pessoas que estavam em cima do muro do Estádio Leonardo Nogueira (Nogueirão), de Mossoró, assistindo ao jogo Baraúnas X Potiguar. Times de futebol daquela terra oestana. Ao chegar naquele campo de futebol, Catôto gritou enfaticamente, cheio de autoridade, dizendo assim: "Ei, vocês aí cambadas, desçam do muro agora. Não pode ficar em cima, não. Ou pra fora ou pra dentro, em cima é que não pode" E todos pularam pra dentro do estádio.
quarta-feira, 11 de junho de 2008
MAIS UM POETA ASSUENSE
Eu convivi com ela, Luluda, nos velhos tempos da Cooperativa Agropecuária do Vale do Assu que meu pai dirigia. Eu sabia que ele era (ainda no tempo da maquina de escrever) boa datilógrafa, além de contadora. Porém, não tinha conhecimento da sua arte de versejar que ela escondeu e somente veio a revelar na sua maturidade. Ela fez igualmente aos poetas Moisés Sesióm e Andière Abreu que veio a produzir e se revelar poeta na sua vida adulta. O trabalho literário de Luluda engrandece as letras assuenses. O soneto transcrito abaixo encontro no Blog de Ana Valquíria. Intitula-se 'Quisera'. Seus versos são amorosos, puros, verdadeiros, de versificação fácil. Senão vejamos o referenciado soneto:
Quisera eu dizer-te que sinto
Mas não posso e jamais o farei.
Por teu amor lutei e ainda resisto,
Não quero perder-te, senão morrerei.
Por mais que procuro te esquecer
Cousa que nunca eu consegui,
Mas sentia o meu amor crescer
Mas hoje sinto o que me iludi.
Iludi-me, sim, porque sempre tentei
Esquecer de um amor, que nunca procurei
Saber se me amava ou se me enganava.
E agora muito sofro a pensar,
Que um dia, não queiras me amar,
E que nunca a me amar procurou.
Em tempo: Querida Luluda: Aumente mais ainda a minha biblioteca e, para que eu possa divulgar mais o seu trabalho, remeta-me um livro de sua estréia. Aguardo ansioso a sua dedicatória.
quinta-feira, 5 de junho de 2008
PAULINHO MONTENEGRO
Fernando Caldas
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