terça-feira, 9 de dezembro de 2008

WASHINGTON ARAÚJO, "CIDADÃO DO MUNDO"

O escritor potiguar Washington Araújo é, salvo engano, natalense. Seu avô paterno Venâncio Zacarias foi prefeito de Macau (região salineira, litoral do Rio Grande do Norte) por várias mandatos. Seu pai Adonias Bezerra de Araújo, macauense, chegou na cidade de Assu no começo da década de setenta, nomeado coletor da fazenda estadual. Adonias foi diretor do importante Ginásio Pedro Amorim, daquela terra assuense. Pois bem, Washington Araújo viveu parte da sua infância e começo da juventude na aristocrática cidade de Assu, onde conviveu com a imortal da Academia Potiguar de Letras, Maria Eugênia. Washington estudou no Colégio Nossa Senhora das Vitórias (um dos melhores educandários do interior do Estado). Depois que deixou o Assu, para trabalhar no Banco do Nordeste, estreou bem nas letras brasileiras, no mundo literária, publicando o livro sob o título "Estamos Desaparecendo da Terra", já em terceira edição na Espanha. Aquele volume, segundo depoimento do missionário, poeta , escritor e bispo católico catalão chamado Pedro Casaldáliga, que viveu ou ainda vive na Amazônia, defendendo as injustiças sociais, diz que o volume daquele escritor Norte-riograndense, "deveria ser a Bíblia dos povos Indígenas nas Américas". Pois bem, Washington além de escritor, é jornalista, colabora em importantes revistas e jornais do Brasil, como O Globo, Jornal de Brasília, dentre outros do país, bem como é autor de mais de dez livros publicados no Brasil e até no exterior. Ele é sempre convidado para proferir palestras pelo Brasil afora. Será que é a toa que ele é membro da Academia de Letras do Distrito Federa (Brasília), do Instituto Histórico e Geográfico de São Paulo, Da Bahia, do Rio Grande do Norte e de tantas outras instituições culturais do Brasil?
Recentemente ele acessou este blog (que organizo e escrevo de forma simples e despretensiosa), fazendo um comentário a propósito da escritora Maria Eugênia Montenegro, com quem ele conviveu na intimidade, que transcrevo para o nosso deleite adiante:

Dona Gena - Porque nem todos morrem

Tinha 12 ou 13 anos de idade e minha família foi morar na calorenta Assu. Nossa casa ficava ali na praça central da cidade, a Getúlio Vargas. A vida social da cidade girava em torno desta praça. O programa noturno tanto de jovens quanto de idosos era passear pela praça. Pois bem, em um sóbrio casarão de paredes azuladas vivia dona Gena - diminutivo carinhoso para um nome pomposo: Maria Eugênia Maceira Montenegro. Era casada com doutor Nelson Borges Montenegro, um agrônomo formado em Lavras, cidade mineira onde iria conhecer Maria Eugênia. Um sujeito igualmente formidável: parcimonioso, ensimesmado, leal e amigo. Não sei se foi no verão de 1971 ou de 1972 que com a mudança de Macau para Assu vim a conhecer "estes montenegros" Mas sei, com enorme certeza, que ter conhecido dona Gena, ainda adentrando na adolescência, foi provavelmente a força mais importante a impulsionar meus anos vida afora. É que ela era uma poeta, com diversos livros publicados. Uma intelectual enclausurada na província e mais ainda, em uma diminuta cidade de um dos estados mais pobres do país. Era além de poeta, cronista, pintora. Sendo seu marido de tradicional família de líderes políticos da região não haveríamos de nos admirar que dona Gena também respirasse política. E assim foi prefeita da ainda menor cidade de Ipanguaçu. Ela gostava de música clássica, de ópera. Seu apreço pela arte dramática era tal que chegou a escreve. algumas peças e, como autoridade municipal, criou e depois ampliou um incipiente Teatro Sandoval Wanderley. Certo dia, vendo que já era chegado à literatura, dona Gena me convidou para organizar sua biblioteca particular. O trabalho consistia em catalogar todos os nomes dos livros com seus respectivos autores e depois etiquetá-los. Foram quase três meses de trabalho vespertino: pela manhã estudava no Colégio Nossa Senhora das Vitórias e a tarde me enfurnava com livros na casa de dona Gena. Não era raro que tinha como fundo musical de algumas óperas de Verdi, como La Traviatta. Os livros passaram a me ser familiares. Conheço Victor 
Hugo e Alexandre Dumas, Júlio Verne e Leon Tolstoi, Charles Dickens e Mark Twan. Hoje, reparo que não me lembro de quase nenhum autor brasileiro frequentando a biblioteca da dona Gena. Algumas vezes, naquele momento em que a tarde se vai e a noite principia, ficava muito feliz com dona Gena lendo para mim trechos de um novo livro ou versos de uma poesia ainda inconclusa. Ela criava e depois queria receber algum sinal de aprovação. E caminhava pela casa, uma casa grande, com um viveiro de pássaros, sempre acompanhada de seu cachorro Dayán: Um dia me disse que o nome de Dayán havia sido dado pela semelhança do cachorro com o famoso general Israelense Moshe Dayán: o general tinha uma tapa-olho negro e o cachorro tinha um dos olhos circulado de preto, uma espécie de sinal de nascença. Naqueles anos - é possível que ainda hoje seja assim - era muito comum as pessoas colocarem cadeiras na calçada, para receber as visitas. Certamente que uma das rodas de conversas mais animadas de Assu era a calçada destes Montenegro. Os temas variavam muito, de política internacional a nacional e desta a estadual e local, depois tínhamos sempre pessoas recitando frases, fragmentos de poesias deste ou daquele autor. As cadeiras, dobráveis, ficavam empilhadas no primeiro ambiente, geralmente a sala de estar. Anoitecia e o programa da noite era ficar jogando conversa fora naquela calçada e observar as pessoas chegando, passeando e saindo a Praça Getúlio Vargas. Dona Gena bem conhecida por seu temperamento aéreo, desligado vamos dizer. E suas histórias já habitavam o folclore da cidade interiorana. Uma delas dava conta de haver comprado dois pares de sapato idênticos: havia esquecido que já adquirira um par na mesma semana. Outra mostrava sua estranheza por, ao lavar as mãos no lavabo, o sabonete não fazia surgir espuma. É que esfregava, distraidamente, as mãos com... a tampa da pia. Em uma noite maldizia esta ou aquela atriz da telenovela, considerando-a péssima artista e já na noite seguinte não economizava em rasgados elogios pela maestria da mesmíssima atriz. Sua resposta: "As pessoas podem mudar e eu mudei de opinião". Os muitos quadros a óleo por ela pintados também chamava a atenção do incauto observador. Num deles a figura eloquente de um anjo negro. Uma espécie de Saci-Pererê alado. Noutro, umas borboletas com uma espécie de pequenos chifres nas asas, obviamente, um erro de cálculo cometido enquanto pintava. Tinha imensa admiração pelo poeta João Lins Caldas, um assuense cinco estrelas. Lembro de um dia ter ouvido comentar, a respeito de Clarice Lispector: "Não gosto dessa escritora, com tantos assuntos para escrever um romance ela resolve colocar um personagem comendo uma barata?! As pessoas falam que esta Clarice é muito culta, mas essa eu não engulo não!" Mas sabia que nos anos à frente iria ter tanta intimidade com o texto de Clarice. Até meu mestrado na Universidade de Brasília seria sobre o último livro transposto´para o cinema. A Hora da Estrela. Conversávamos muito. Se existiu alguém por quem sempre dediquei profunda admiração esta pessoa foi dona Gena. Hoje, com uma dezena e meia de livros publicados, após ter viajado quatro dezena e meia de países, de ser membro de diversas instituições culturais, academias etc, vira e mexe pensando nos dias de dona Gena, nas conversas varando a noite em sua acolhedora calçada, nos sons de Verdi pontuado a solidão assuense. Quando do lançamento de meus primeiros livros em Natal, dona Gena veio me abraçar. Era sempre a mesma senhora de rosto sorridente e alma de criança prestes a aprontar alguma. Há alguns anos minha mãe me telefonou para dizer que Gena havia morrido. Já morava em Brasília. Nem que quisesse conseguiria chegar a tempo de me despedir. Como diria Clarice, não fui ao enterro porque nem todos morrem.

Termino este breve texto com a singeleza da poesia de dona Gena:

FLOR DO AMOR

Quero te ofertar a flor
Dos beijos que plantei em tua boca.
Tem o perfume suave do amor
E a ternura de almas se encontrando.

Quando vires a flor entreaberta,
Lembra - te, querido amor,
Das Lágrimas que a regaram.

E sentirás, quando beijá-la,
Um amargo sabor de sal
Que as pétalas trêmulas captaram.

MINHA PERSONALIDADE ESPECIAL - DR. FERNANDO EZEQUIEL FONSECA


Vilmaci Viana

FERNANDO EZEQUIEL FONSECA
Assuense nascido em 26 de abril de 1927, é filho de Dr. Ezequiel Epaminondas da Fonseca Filho e dona Maria Helena Nunes Fonseca. Foi alfabetizado no Colégio Santo Antônio de Natal - RN (dos Irmãos Maristas), cursando o científico no Colégio Pedro Augusto, em Recife / Pe. Em 1946, após sua aprovação no vestibular, matriculou-se na Faculdade de Medicina de Recife / Pernambuco, graduando-se em 8 de dezembro de 1951.
ATIVIDFADES: Dr. Fernando Fonseca (como é mais conhecido), foi cirurgião geral do então Hospital Miguel Couto e obstetra da Maternidade Escola Januário Cicco. Serviu durante muito tempo, como plantonista do Serviço de Pronto Socorro em Natal. Foi médico estagiário do Hospital das Clínicas em São Paulo / SP, em 1955, juntamente com o Dr. Edmundo Vasconcelos. Sumeteu-se a concurso de provas e títulos nomeado efetivamente, cirurgião Geral do IAPC, servindo, ao longo dos anos, no Ambulatório de Natal. Foi professor fundador da Faculdade de Medicina de Natal, onde exerceu a cátedra de Patologia Geral e Clínica. Foi quem primeiro chefiou o Departamento de Cirurgia da UFRN e membro do Conselho Universitário. Foi Diretor do Hospital das Clínicas e da Faculdade de Medicina da UFRN. Frequentou, como médico visitante, a Universidade de Georgetown em Washington / EUA, convidado pelo Hoope. Credenciado pela UFRN visitou as Universidades de Coimbra / Portugal e Sorbone / França.
Durante a sua jornada profissional, Dr. Fernando Fonseca exerceu a medicina clínica em todos os hospitais de Natal, e no seu consultório à avenida Afonso Pena. É casado com a professora, escritora e artista plástica - Graziela Costa Fonseca - com quem teve quatro filhos e 12 netos. Foi admitido em Rotary Internacional desde 1958, presidindo seu clube rotário em dois mandatos.
Compareceu com sua esposa, às Convenções Internacionais de Rotary em Calgary / Alberta, no Canadá (1996), e em Glasgow, na Escócia, em 1977. É membro da Academis de Medicina do Rio Grande do Norte desde O6 de junho de 1995, ocupando a cadeira número 34. É autor de um livro em homenagem ao seu pai - Dr. Ezequiel Epaminondas da Fonseca - reeditado pela Livraria Clima.
(Transcrito do Blog: VIvi Eventos Culturais)

sábado, 6 de dezembro de 2008

O BRASIL DESCOBERTO POR ASSÚ

*Bruno Magalhães

Há uma coletânea de textos que eu estou degustando no momento, que já imaginava que me causaria imenso prazer em ler; mas não dimensionara o quanto. Estou lendo a "História do RN" em fascículos, da Tribuna do Norte (texto obrigatório para todos os potiguares leiam). Já no segundo fascículo, início da colonização, título "Prioridade Européia", subtítulo "Controvérsias Sobre a Presença Espanhola", tive o imenso prazer de notar a importância do Açu na história mundial, universal e interláctica. Está escrito que o Brasil foi realmente descoberto por Açu (morram de inveja). Antes de 1500, o navegador espanhol Alonso de Ojeda teria atingido o Delta do Açu no Rio Grande do Norte. Outro herói que atingiu o Rio Grande do Norte foi Diego de Lepe, que chegou à enseada do Açu antes de Cabral. Tudo comprovado e registrado por diversos e variados pesquisadores. Sendo assim, determino que a partir de hoje Açu seja declarado como ponto de descobrimento, e não Porto Seguro. Sugiro trocar o Hino Nacional pela supra-sumo do cancioneiro popular na letra de Renato Caldas, açuense da gema, com a canção "Reboliço" (segue texto abaixo). O pavilhão Nacional (Bandeira) terá que ter carnaúbas, assim como a bandeira da Atenas Norte-riograndense, com os dizeres "um pedacinho do céu dentro do mundo. Sete-de-setembro será dia 16 de outubro, quando os valentes portugueses escaparam da morte certa por canibalismo dos Janduís (tribo local) e declararam como terras do Senhor e fundaram a "Vila Nova da Princesa", nos idos de 1700 (se não me falha a memória).
Dessa forma, a cidade do Açu alcançará finalmente o lugar que de direito é dela e que foi surrupiado de maneira calamitosa por essa cidade insignificante e oportunista conhecida como Porto Seguro e, consequentemente, por toda a Bahia. Outro que merece o nosso mais total repúdio é esse ilustre segundo ou terceiro colocado na corrida para as Américas, Pedro Álvares Cabral. Um sujeitinho aproveitador e mesquinho que nem as glórias contemporâneas conseguiu para si. Os espanhóis descobriram o Brasil e foi por AÇU.
Tenho dito.

*(Bruno Magalhães é assuense, médico reumatologista em Natal)
Transcrito do jornal cultural "Reboliço", de Assu, outubro e novembro de 2005

CORTEZ PEREIRA, NO ASSU

Em data de 31 de julho de 1972, o governador Cortez Pereira esteve no Assu inaugurando uma usina de beneficiamento de cera de carnaúba, da Cooperativa Agropecuária do Vale do Assu Ltda - Coaperval. Da esquerda para direita, vejamos na fotografia abaixo, o Superintendente da Sudene general Evandro de Souza Lima, o deputado Edgard Montenegro, o governandor Cortez e o estudante Fernando Caldas. Fica o registro.

sexta-feira, 5 de dezembro de 2008

BRAZÃO DO ASSU

Meu caro leitor assuense: Na minha observação, acho que o importante (me ufano em chamá-lo assim) mucípio do Assu, de antigas glórias, de tantas tradições, conhecida até internacionalmente, merece um brazão melhor graficamente trabalhado, que represente não somente a carnaubeira (economia principal há quase trinta anos atrás daquela região varzeana) e o marco da virada do século 1900, bem como a nossa economia atual, a cultura, os casarões centenários. Faço essa sugestão ao poder legislativo e executivo do município do Assu. Fica o registro.

ASSU DE ANTIGAMENTE

Antes da Praça do Rosário (que Edgard Montenegro construiu com os recursos da prefeitura e em cooperação com alguns comerciantes daquela terra assuense, inaugurada em 29 de julho de 1949, e Ronaldo Soares reconstruiu na sua administração e inaugurou em 16 de outubro de 1984), era assim, como está na fotografia acima.

quinta-feira, 4 de dezembro de 2008

O POETA "JOÃO DE PAPAI"

João Evangelista Soares de Macedo era o nome de registro de "João de Papai" que, como bom assuense gostava de tomar uma "pinga" ou melhor dizendo, "umas e outras. Nos idos de quarenta ainda na época da segunda grande guerra João se encontrava nun certo botequim da cidade e, ao tomar conhecimento do mais novo delegado do Assu chamado Revoredo (tenente da polícia militar que já tinha muita ligação com o povo assuense por ser ele, Revoredo, natural da vizinha cidade de Mossoró), escreveu a décima (glosa) que logo se espalhou pela cidade inteira, conforme transcrito adiante: 


Logo o tipo é muito feio
De cabra tem a mistura
Não pode ter compostura
Esse tenente que veio
Ontem veio muito cheio
Com Vem-Vem a conversar,
E eu de longe a escutar
As proesas que fazia
Em vista do que dizia,
Pra mim não pode prestar.


Tenente Revoredo ao tomar conhecimenteo daqueles versos, logo se dirigiu ao famoso bar de Ximenes, esquina com a prefeitura municipal daquela terra assuense e, ao chegar naquele recinte foi logo perguntando ao bardo glosador: "O senhor é o autor daqueles versos a meu meu respeito? " João não se deu por medroso. Tirou do bolço uma caneta e um papel de carteira de cigarros e alí mesmo produziu a glosa seguinte: 

De errar não tenho medo,
Nem temo ser contestado,
Dizendo é bom delegado
O tenente Revoredo.
E não se diga que é cedo
Pra exaltar o oficial,
Aqui não tem outro igual
Faz justiça em profusão,
Em qualquer ocasião
É bom, é firme, é leal.

quarta-feira, 3 de dezembro de 2008

O HISTORIADOR

O poeta, escritor e pesquisador potiguar do Assu, Celso da Silveira, morava em Natal desde os anos cinquenta, mas sempre ia a sua terra natal, rever familiares, amigos e, como não podia ser diferente, tomar "umas e outras". Pois bem, certo dia, estando naquela cidade dos poetas como ele próprio, tomou conhecimento através de um amigo que, no Mercado Público daquela terra assuense, existia um certo velho estabelecido naquele mercado que era metido a historiador e se dizia saber muitos sobrer o passado e o presente das coisas do Assu e sua gente. Celso, ao chegar no local de trabalho do referido historiador, foi logo perguntando: "Meu amigo, você conheceu o escritor Francisco Amorim, que era chamado por "Chisquito?" "Conheci, sim senhor!" "Sabe a data que ele faleceu"? Indagou Celso, novamente. "Tanto de tanto, de mil novecentos e tanto!" Informou o historiador. "E Cecéu, filha de Chisquito?" "Tanto de tanto, de mil novecentos e tanto"! E Celso, bonachão e gosador que era, para encerrar o assunto, fez a útilma indagação: "E Tarcísio Amorim, filho de Chisquito?" "Esse, meu amigo, morreu lá por Natal e faz muito tempo!" - Morau da história: Tarcísio Amorim mora em Natal (ele é engenheiro eletricista, funcionário aposentado do Incra) e gosa de uma boa saúde).

terça-feira, 2 de dezembro de 2008

"TALENTO DE HOMEM"

José Caldas Soares Filgueira ou Dedé Caldas, como era chamado na intimidade pelos assuenses, era uma figura folclórica que deixou muita falta ao Assu. Ele morava numa casa centenária da praça Getúlio Vargas. Vigilante permanente das acontecência daquela terra, contava que uma certa senhora chamada dona Maria, tinha casado uma filha que muito reclamava pela falta de conforto. Dedé, na sua especulação, aprofundou-se daquele assunto: "Ou dona Maria, a sua filha casou-se recentemente e a senhora comenta que ela não tem conforto? O que é que está faltando na casa dela?" "Dedé, na casa de minha filha tem de tudo: fogão, geladeira duplex, freezer, dormitório completo, tem até ar condicionado... um luxo, né?" Dedé ficou bastante ansioso: "Dona Maria o que é que a senhora entende por conforto?" Maria naquele seu jeitão grosseiro, fechou a mão, estirou o braço e usou o seu linguajar na forma mais direta: "Dedé, Conforto é talento de homem!". - São coisas que só no Assu, acontece!

NOTA

Cada dia, me redobra o prazer de escrever (de forma simples e despretenciosa) sobre o velho Assu, de tantas tradições, de tantas figuras, de tantas glórias, de tantos poetas da melhor qualidade e de boas recordações. Cada dia, recebo comentários de pessoas de toda parte deste Brasil, bem como do exterior. Pois bem, a propósito, vejamos o que diz o nosso conterrâneo Joselito da Silveira, residente em Macaíba (RN), em data de 1.11.2008: "Fanfa como assuense é um privilégio ler estes causos, parabéns pelo blog e continue postando notícias da nossa querida Assu".

domingo, 30 de novembro de 2008

POESIA SOBRE O ASSU

HOMENAGEM

Cheia de encanto e beleza
Do grande Vale é a princesa
A nossa cidade Assu,
E que entre outras façanhas
É receber o Piranhas
E também o Paraú.

Bela e privilegiada
Por seus rios abraçada
ama os filhos com ardor,
Não nos tira da lembrança
e nos faz séria cobrança:
Quer um pouco mais de amor.

Diz que abriu seu coração
Quer que pisemos seu chão
Que preparou o arraial,
Quer ouvir nossa zoada
Na praça, na vaquejada
Dar o abraço maternal.

Quer também ser mais lembrada,
Um pouco mais visitada
Nesta sua faixa etária,
Quer que encham de calor,
Quer dar, receber amor
Po ser sesquicentenária.

(Assim o poeta Andière "Majó" Abreu homenageou o Assu, a sua terra natal, no dia do seu sesquicentenário, 1995).

POESIAS DE RENATO CALDAS

Como prova de que Renato Caldas não somente versejava em linguagem matuta, naturalista, vejamos os versos seguintes que, salvo engano, antes nunca foram publicados:

PORQUE AMO A NATUREZA

Eu amo o mar,
O vento, as estrelas, o sol,
As noites de luar,
As serras, o arrebol!
Amo a torrente do Rio,
Que, em louco desvario
Se despeja no mar...
O gorgeio sutil da passarada!
Eu amo a solidão,
O imprevisto, a incerteza,
A imensidão
Azul do firmamento,
As flores, as campinas verdejantes...
Eu adoro o lamento
Das vagas arquejantes,
O silêncio, a tristeza...
Enfim, eu amo a natureza!
Porque,
Tudo me traz uma lembrança,
Uma saudade louca de você.

RECORDANDO

Como a vida é transitória e boa!
Ontem, eu chorava,
Quando os barcos de papel
Que eu atirava,
Mergulhavam nas águas da lagoa.

Hoje, é o contrário:
Extingo os meus escolhos,
Mergulhando os meus olhos de poeta,
No lago verde dos teus lindos olhos.

NOTAS

Sobre algumas matérias publicadas neste blog, recebi com alegria vários comentários de pessoas do Assu. O assuense Parisaut C. Nogueira (que mora em terras distante) me manda o seguinte comentário: "Fernando, bom dia, É muito interessante e agradável o tipo destes comentários, principalmente para quem é assuense e reside atualmente bastante distante dessa maravilhosa cidade que por meio dessa Home tem a oportunidade de apreciar estas belas histórias de políticos como Walter Leitão, Costa Leitão, Edgard, Olavo e outros. Parabéns, minha nota é dez. Um abraço.
28.11.2008.

E ainda mais este outro comentário a respeito de uma matéria sobre o poeta Manoel Pitomba de Macedo (Manoel de Bobagem), intitulada "Um Poeta Glosador", que também muto me alegra, conforme transcrito adiante: "Meu querido Fanfa, meu nome é Chagas Matias, sou natural de Itajá mas moro no Assu desde o final dos anos sessenta, sou fascinado pelas coisas do Assu. Tenho decorado na cabeça muitos poesias de vários poetas assuenses, principalmente de Renato Caldas. Tenho esta de Manoel de Bobagem: Sua mãe Bobagem, sempre reclamava que o mesmo todo dia voltava pra casa bêbado e tombando quase caindo no meio da rua: Tenha vergonha Manoel! Todo dia você vem pra casa bêbado tombando em tempo de cair no meio da rua, homem tenha brio! Manoel saiu-se com essa:
Mamãe!

Ne todo homem tem brio
Nem toda moça se casa,
Nem todo fogo tem brasa
Nem toda lã dá pavio.
Nem todo inverno faz frio,
Nem todo filho tem pai,
Nem tudo que entra sai,
Nem toda fera é valente,
Nem todo lorde é descente,
Nem tudo que tomba cai.

quinta-feira, 27 de novembro de 2008

"POUCAS E BOAS", DE VALÉRIO MESQUITA

Ocorreu ontem, 26 de novembro, o lançamento do livro sob o título "Poucas e Boas", 2008, em segunda edição, do escritor potiguar de Macaíba, Valério Mesquita. Compareceram centenas de pessoas de vários segmentos da sociedade´potiguar, para prestigiar aquele escritor imortal. Naquele volume, Valério transcreve várias estórias narradas por minha pessoa (Fernando Caldas), bem como várias outras estórias relacionadas a pessoas folclóricas e espirituosas do Assu, que transcrevo adiante para o nosso bem estar:
1 - Fernando Caldas, assuense de ótima qualidade, poeta e pesquisador, enviou-me alguns "causos" folclóricos de sua região. Agradecendo a remessa, vamos juntos nos deliciar com as suas histórias. Chico Dias trabalhoui para o deputado Arnóbio Abreu, nas eleições de 1998. Logo após o pleito, foi à casa de Zeca Abreu, irmão de Arnóbio, para um entendimento político. Ao chegar, foi atendido pelo motorista de Zeca que lhe respondeu ao ser indagado pelo paradeiro de seu patrão. "Chico, Zeca encontra-se no banheiro com uma forte dor de barriga". Chico mandou chumbo grosso: "Meu amigo, eu não vim aqui comer o cedenho dele, não!!"
2 -Fernando Caldas contou que Bonzinho, lá do Açu, estava bebendo em um bar da cidade quando foi surpreendido por Joca Marreiro, seu pai, que lhe convidou a ir para casa pois já era noite alta. Aceitou o convite paterno, mas foi taxativo e solene: "Papai, vá na frente que o mundo tá cheio de gente ruim".

3 - Comício de Ronaldo Soares em Açu. O povo doidão na praça. O locutor vibranrte anuncia a palavra de Chico Galêgo, candidato a vereador, líder da Lagoa do Piató. Ao receber o microfone sem fio, assustou-se com o equipamento e tratou de reclamar: "Cadê a correia dele Lourinaldo, cadê a correia, esse bicho não vai falar de jeito nenhum!!!. Aí a galera vibrou.

4 - Açu é um filão de estórias que não tem fim. Ronaldo Soares, captador permanente dessa atmosfera densa e intensa, passou-me mais uma. Seu conterrâneo Zé Gago andava ás turras com a esposa Isabel. Em suma havia arranjado uma rival. Revoltada, a família se reuniu para lavrar aquele protesto e chamar o esposo e pai à responsabilidade. Em sua defesa, Zé Gago veio com um argumento genial: "Meus filhos, arranjei uma mulher, é verdade, mas foi pra poupar sua mãe". Inconformada, dona Isabel saiu do seu silêncio: "Se foi por esse motivo, pode me rasgar toda!!.
5 - Tico, motorista do ex-deputado Arnóbio Abreu, não foge à regra de muitos profissionais bons, mas broncos e teimosos demais. Certa noite, num comício em Açu apareceu por lá o servidor da secretaria de Saúde Alan Rio. Ao vê-lo, Tico comentou que já vira antes esse rapaz. Um interlocutor presente o ajuda afirmando que o nome dele é Alan. Tico repreende: "Não, Alan é apelido!!. Chamando a intervir, Arnóbio confirmou que o nome do visitante é Alan. Tico, na sua teimosia homérica, retruca: "Não, doutor Arnóbio, Alan é de ovelha por isso, é apelido mesmo"!!.
6 - Jobeni Machado, fazendeiro do Açu, lá pelos anos setenta não teve dificuldades para aprender, ao pé da letra, as lições dos filósofos da economia da época. Endividadíssimo e instado a pagar pelos bancos oficiais os seus empréstimos agrícolas vencidos e esquecidos, Jobeni utilizou a máxima do faraó Delfim Neto, ministro da fazenda: "Dívida pública não se paga, se rola". Não foi à toa que o governador de Minas Itamar Franco se inspirou no exemplo. No caso de Açu, até hoje tá rolando.
7 - Fernando Caldas manda-me algumas poucas e boas da rica safra açuense. Manoel Montenegro Neto (manuca), disputou sem sucesso a prefeitura de Açu, em 1976, contra Sebasrião Alves. Manuca foi deputado estadual por duas legislaturas e deputado federal durante alguns meses. Pertencendo ao então MDB, fazia discursos inflamados cumprindo o seu papel de oposição, combatendo a inflação e outros bichos. "Meus amigos, senhores deputados, quem é que pode comer uma galinha por tês cruzeiros?" (moeda da época), indaga Manuca pateticamente da tribuna da assembléia.. Um correligionário que ouvia atentamente o seu pronunciamento respondeu da galeria: "O galo, Manuca!".
8 - Junot Araújo dos Santos foi vice-prefeito na chapa de Lourinaldo Soares nas eleições municpais de 1992 em Açu. Junot prometeu na campanha a uma senhora, uma cirurgia de períneo. A operação seria feita pelo seu pai dr. Nelson, logo após as eleições. Certo dia a eleitora procurou o vice-prefeito com outra conversa: "Junot, no lugar da cirurgia me arrange cinco sacos de cimento". Fátima, sua mulher, escutando a exploração daquela eleitora, saiu-se com essa: "Essa égua quer agora tapar o buraco com cimento!"
9 - O saudoso Ronaldo Ferreira Dias era importante funcionário do Senado da República. Norte-riograndense de Lages e com muita ligação no Açu. Nas eleições de 1982, concorreu a deputado federal mesmo sem ter vivência política no Estado do Rio Grande do Norte. Ronaldo seria o segundo suplente com qualquer votação. Foi a Açu e procurou seu primo Chico Dias que era candidato a vereador para fazer a sua campanha no município assuense. Certo dia,telefonou de Brasília para o primo: "Chico, como vai a aceitação do meu nome por aí?" Chico respondeu pausadamente: "Ronaldo, saí de casa com mil fotografias (santnhos) suas e voltei com duas mil".

terça-feira, 25 de novembro de 2008

ASSU DE ANTIGAMENTE

Praça do Rosário (antes era uma igrejinha chamada Igreja do Rosário). Deu lugar a partir de 29 de junho de 1949, a já citada Praça do Rosário. A sua construção se deu com recursos da prefeitura do Assu e em cooperação com o povo daquele município (os comerciantes locais), como Solon e Afonso Wanderley que eram proprietários da famosa Padaria Santa Cruz, Fernando Tavares Filho, Minervino Wanderley , entre outros. Cada banco daquela praça estampava em letras vivas os nomes de cada um dos seus colaboradores. A imagem de Nossa Senhora do Rosário, foi doação do casal Betariz Amorim e Pedro Amorim (que foi médico, intendente, prefeito do Assu, deputado estadual e presidente da Assembléia Legislativa do Rio Grande do Norte). aquela praça teve a primeira reforma (totalmente modificada) na administração do prefeito Ronaldo Soares. A sua reforma foi inaugurada no dia 16 de outubro de 1994, dia do aniversário de emancipação daquele municipio. Aos fundos a esquerda, vejamos o Institututo Padre Ibiapina, e a direita o casarão que pertencia ao senhor Manuel Soares, onde hoje está assentado a casa bancária Banco do Brasil.
Fonte: blogdofernandocaldas.blogspot.com

segunda-feira, 24 de novembro de 2008

ASSU DE ANTIGAMENTE

O prédio a sua esquerda (lindo sobrado), era onde funcionava a Cadeia Pública. Foi demolido para ser construído um novo prédio para assentar a sede da prefeitura Municipal do Assu, na administração do prefeito Edgard Borges Montenegro. Deu-se início a sua construção no dia 10 de setembro de 1949 e concluido em 1956, pelo prefeito Francisco Augusto Caldas de Amorim (Chuisquiro). Hoje ele, Amorim, espresta o seu nome a sede dauqela prefeitura. O outro sobrado, a direita da referenciada edificação, atualmente está assentado o prédio pertencente a família de Zé da Bodega que foi proprietário de um super mercado naquele local, hoje pertencente aos seus familiares.
Fonte: blogdofernandocaldas.blogspot.com

sábado, 22 de novembro de 2008

POESIAS DE MARIA EUGÊNIA


AS ASAS DAS HORAS

São asas que marcam as horas
ou as flores nas sementes.
ou as crianças crescidas nos
cabelos brancos?
Quem marca caindo no canteiro?
Os ponteiros do relógio?
A lua que anda o tempo inteiro
ou a velhinha que cansou de andar e jaz sob o mármore
branco?
Quem marca as asas
horas?

INSÔNIA

O meu lençol está gelado.
Não tenho pouso para o meu corpo cansado.
Quem triuxe o gelo
para o meu quarto?
.
FANTASMA

Deito-me nas quatro paredes.
Meu corpo quadrado de
branco,
rola na varanda das redes.
Fantasmas brincam com o cal,
segredam-me rudes segredos.
De seus mundos arrenegados.
Sorriem do be, e do mal.

MINHAS MÂOS

Minhas mãos são
asas,
traças
preces:
Quando tenho sede de amor,
quando minha alma se transforma em dor.

quinta-feira, 20 de novembro de 2008

HOMENAGEM AO POETA CALDAS


Em 1958, ocorreu um fato literário importante. O poeta João Lins Caldas ao se encontrar naquele ano, na cidade de Natal, foi homenageado por intelectuais e pelo prefeito Djalma Maranhão, como podemos conferir na fotografia acima, o poeta entre as figuras de (da esquerda para direita) Veríssimo de Melo (escritor), Rômulo Wanderley (antologista) Esmeraldo Siqueira (poeta) amigo íntimo do homenageado, o poeta Caldas, Djalma Maranhão (prefeito de Natal) e Manoel Rodrigues de Melo (escritor). Aquela homenagem (um coquetel oferecido por aquele prefeito) ao poeta assuense, foi realizada nos jardins do Teatro Alberto Maranhão.

ASSU DE ANTIGAMENTE

7 de setembro de 1845. A praça já denominava-se de praça da proclamação, denominada por Ezequiel Fonseca quando intendente do Assu. Ao fundo vejamos o Mercado Público, já reformado em 19 de maio de 1943 pelo prefeito Manuel Pessoa Montenegro.
Comemoração do Centenário do Assu. Na prça então denominada de praça do Centenário. Vejamos ao fundo, o antigo Mercado Público, construido em 1876.

CRÔNICA


NOITES DE NATAL
(Por Bosco Lopes)
As muitas cidades que me perdoem, mas Natal é fundamental. Não fosse pelo seu pôr do sol do Potengi, seria pelas pessoas que o contemplam, embriagadas de poesia e que passeiam a beleza pelas suas ruas seculares.
Nascestes Natal, entre o rio e o mar, com os teus alicerces ancorados nos arrecifes da Praia do Forte, estrela maior que guia a nau catarineta tripulada de poetas, que saem por tuas noites em busca de bares nunca antes navegados. Caminhas ecologicamente banhada pelo rio e protegida pelas dunas. Fostes a bem-amada dos aventureiros gauleses, holandeses e lusitanos, para tempos d´pois servires de pilar de uma ponte de guerra que ia desta parte ao outro mundo.
Natal, admiro a ternura fotográfica dos seus becos que não cantei num dístico. Mas que canto cotidianamente com a minha presença, pois num deles aconteceu, num acaso feliz, meu batismo de cachaça e poesia, apadrinhado por Berilo Wanderley e Celso da Silveira. Para citar apenas um, fico com o Bar do beco de Nazi, que com suas alquimias prepara a melhor "meladinha" deste mundo.
Nas tuas noites, vejo teu nome inscrito em gás neon: Maria Boa, educadora de várias gerações. Noites que verei violentando teu silêncio com violões, modinhas, amigos e tragos de aguardente. Noites inolvidáveis do Brizza de Mare, do Cisne, do Granada Bar, do Acácia, tão distantes das tardes de minha infância, onde no patamar da Igreja do Galo meu velocípede azul pedalava esperanças. Mas é nas tuas manhãs ensolaradas que vejo tuas mulheres bonitas na passarela pública das praças, parques, praias a se perderem de vista.
Mas se é inverno, evito tuas praias e me agasalho no abrigo dos copos dos teus bares e no calor dos corpos de tuas mulheres. Tenho tudo para ate agradecer. Natal, pois tudo me deste: poetas como Itajubá, Jorge Fernandes e Jaime Wanderley, cujos versos guardo de memória. Eu, também etilírico poeta, de pé no chão aprendi o ofício da poesia para te dizer: muito obrigado, Natal, pelas dádivas que de ti recebo há 33 anos.
(Texto publicado na imprensa de Natal, em 1984).

quinta-feira, 13 de novembro de 2008

"POUCAS E BOAS"

Recebi com muita honra o convite de lançamento do livro intitulado "Poucas e Boas", do escritor imortal da Academia Potiguar de Letras, Valério Mesquita. Será no dia 26 de novembro, uma quarta feira, às 18h, na Livraria Siciliano do Shoping Midway. Farei presença com muito prazer, para prestigiar aquele escritor que engrandece as letras do Rio Grande do Norte. Valério foi prefeito de Macaíba, deputado estadual por várias legislaturas, presidente da Fundação José Augusto, membro do Conselho Estadual de Cultura e do Instituto Histórico e Geográfico do Rio Grannde do Norte, além de membro efetivo da União Brasileira de Escritores. Atualmente é Conselheiro do Tribunal de Contas do Rio Grande do Norte. Permita-me o escritor Valério, para transcrever alguns causos que ele conta na primeira edição de "Poucas e Boas", relacionados a alguns políticos norte-riograndenses, que dizem assim:

1) No Palácio Potengi dos anos cinquenta, cinquenta e sete, cinquenta e oito, pontificava a figura de Antônio Soares Filho, Chefe do Gabinete Civil. Bom papo, o saudoso Toinho, mandou mobiliar uma sala que estava vazia, só para os papos de fim de expediente com as grandes figuras da paróquia, onde rolavam as novidades políticas. Até Dinarte quando encerrava os despachos, aparecia por lá. Numa das vezes, o Governador recomendou a Antônio Soares para encaminhar um rapaz ao Dr. José Nilson de Sá, Diretor do DER, recomendando-o para o emprego de desenhista. No DER, quando soube da chegada do rapaz, Zé Nilson, já desconfiado, resmungava: "Eu não sei porque Dinarte botou na cabeça sempre a vaga de desenhista! Olha, manda esse rapaz desenhar uma boeira, uma ponte, um tubulão". Após alguns instantes, a secretária retornou com o diagnóstico: "Dr. Zé Nilson o rapaz não desenha coisa nenhuma!". "Suspenda, que eu vou falar com o Governador", respondeu o Diretor. À noite, na casa de Aldo Medeiros, nem precisou Zé Nilson provocar o assunto, pois Dinarte foi logo indagando: "Zé Nilson, você recebeu hoje um rapaz, filho de um compadre meu?". "Recebi, governador. Mas o rapaz não sabe desenhar absolutamente nada?" . "Ô Zé Nilson, ensina; ensina que ele aprende!!"

2) O mestre Odilon Ribeiro Coutinho, usineiro, intelectual, homem de finessse, acabara de se eleger deputado federal em 1963, pelo RGN. Estava no Rio, hospedado no Copacabana Pálace. Lá fora fluía naturalmente uma linda manhã carioca. No hotel, mulheres exuberantes pintavam em cada metro quadrado. O nosso Odilon tal um finíssimo lorde inglês era atendido no saguão por uma bonita pedicure. Em meio àquele torvelinho de bom gosto e elegância, o deputado sorvia os primeiros goles matinais de Whisky on the rocks, balançando o copo "softamente". De chofre, é reconhecido por um potiguar, empregado do hotel: "Deputado o senhor por aqui? Eu sou do RGN e votei no senhor! Como vai o senhor?" Odilon, sem perder a postura nobre, mexendo suavemente o copo, após outro gole: "É luta, meu filho! A luta é grande!".

quarta-feira, 12 de novembro de 2008

ESTÓRIAS DE POETAS

Desta plaquete (capa acima) extraio algumas estórias engraçadas contadas em versos por dois poetas consagrados chamados Moisés Sesión e Chico Traira, que veremos para o nosso deleite adiante:

Moisés Lopes Sesión, poeta dos versos jocosos e fesceninos, conhecido como "O Bocage do Rio Grande do Norte", era um boêmio autêntico. Certo dia, encontrando-se embriagado pelas ruas da cidade, foi convidado por um certo cabo de polícia para dormir na cadeia. Naquela hora vinha chegando o delegado que era seu amigo e, por se tratar de um homem de bem, popular e muito bem relacionado na cidade, deu ordem ao policial para relaxar a prisão. Foi o bastante para Sesión produzir os seguintes versos:

Sargento as suas divisas
Deus terá de protegê-las.
Dos braços irão para os ombros
E aí serão estrelas.
E Deus há de me dar vida
para que eu possa vê-las.
O cabo que aí está
Nunca será um tenente.
O galão que ele terá
É um galão diferente:
É um pau com duas latas,
- Uma atrás, outra na frente.


Chico Traíra era poeta cordelista, cantador de viola dos melhores do Nordeste. Era tido como assuense, mas era natural de Ipanguaçu, nascido no Sítio Pau de Jucá, ainda quando Ipanguaçu era um pequeno povoado chamado Sacramento. Pois bem, viajando em cima da corroceria de um caminhão, de Natal com destino a cidade de Macau (RN), em companhia do seu colega Patativa também renomado poeta cordelista potiguar, este reclamava a viagem de muitos tropeços, dizendo: "Eu acho que nossa viagem não vai ser muito sublime"! "Chico pegou na deixa, versejando de tal modo:

Se o colega não está
Achando a viagem boa
Você é pássaro, eu sou peixe
Eu mergulho e você voa
Você volta para o ninho
Eu volto a minha lagoa.

sábado, 8 de novembro de 2008

DEDICATÓRIA

O sociólogo potiguar Gilberto Freire de Melo, de Pendências, no Vale do Assu, têm vários livros publicados. É gostoso ler o que Gilberto escreve. Breve irei transcrever com sua permissão, alguns artigos do seu livro intitulado "Virgindade Profanada". Dele, o escritor, recebí o livro sob o título "Absurdos Gramaticais". Pois bem, naquele volume está escrito a sua decatória que muito me emociona, que diz assim: "Fanfa, pela lucidez de Chisquito, pelas Fulores de Renato, pelas amarguras de Seu Caldas, pelas saudades de D. Gena, não devemos deixar apagar-se a chama da cultura que ainda resta no Açu".

Natal, 05.05.06

COMENTÁRIOS

Oi Fanfa! tenho lido sempre o seu blog. É muito gostoso voltar a minha terra através de você. Éramos parentes do poeta Caldas? Tio Moacir sempre me contava histórias deles... a que mais me lembro aconteceu na pensão aonde ele titio morava - o dono pediu gentilmente para ele deixar armar uma rede para alguém a quem ele não podia faltar. Era então o poeta Caldas! titio observava que ele escrevia muito e na sua ausência começava a ler seus escritos. Finalmente o poeta descobriu com alegria quem era titio Moacir e o parentesco que tinham. Que perda tivemos com a partida do meu mestre (titio). Felizmente tem pessoas como você que não deixam morrer nossa cultura assuense com tantos intelectuais, poetas e tanta inteligência...

(O comentário referenciado acima, datado de 7 de novembro, é de Cinara de Medeiros Marinho Andrade, que mora há mais de duas décadas no Canadá. Mas nunca esqueceu as suas origens de potiguar, com raízes em Natal, Assu, Ipanguaçu, Goianinha. Cinara é também da família Lins Caldas (do poeta João Lins Caldas). O Moacir que ela se refere, era natural do Assu, seu tio pelo lado materno, um dos maiores poetas do Rio Grande do Norte, bem como um dos maiores da propaganda moderna no Brasil. Foi ele (já contei aqui neste blog), o pioneiro do Marketing político no Brasil. Ele deixou de poetar ainda jovem, para se tornar empresário no Rio de Janeiro. Faleceu aos 87 anos de idade naquela capital carioca, no última dia 4 de outubro. Neste blog já fiz comentários sobre o cidãdo e o poeta João Moacir de Medeiros). Fica o registro e a saudade! Obrigado Cinara pelo elogio ao meu trabalho. Abraços a todos vocês.

POESIA

RECORDANDO...

Como a vida é transitória e boa!
Ontem, eu chorava,
Quando os barcos de papel
Que eu atirava,
Mergulhavam nas águas da lagoa.

Hoje, é o contrário:
Extingo os meus escolhos,
Mergulhando os meus olhos de poeta,
No lago verde
Dos teus lindos olhos.

Renato Caldas
(Transcrito do seu livro intitulado Fulô do Mato, segunda edição)

POESIA

AO SERENO IDEAL DOS MEUS SONHARES !

Por ti, velho ideal dos meus sonhares,
Muitos me maldizem e me despresam.
Chamam-me louco, e as coisas que que eles presam
São outras coisas que não são teus lares...

Que importa a mim o mal desses olhares.
A praga dessas boucas que não rezam?
Cruz ou consolo, os sonhos que me pesam
Serão meus companheiros seculares...

Mal grado as tempestades que conheço,
O meu prazer não revelado e pouco,
As injúrias que sofro nesta lida,

És tu o sonho por quem vivo e cresço...
Que eu seja eternamente eterno louco
E nunca deixe de sonhar na vida!

João Lins Caldas
Assú, 8.8.1909

sexta-feira, 7 de novembro de 2008

POEMA

Azul é o sonho, azul é a cor
Da ilusão do teu consolo.
Do teu querer, do teu amor
Azul é o solo!

Eu poeta e sonhador,
Fibra por fibra hoje descolo
O beijo teu, do teu rigor...
O beijo colo!

O lírio d´alma no teu colo,
Descolo o lábio do rigor...
O beijo colo!

João Lins Caldas

domingo, 2 de novembro de 2008

IMEIOS (COMENTÁRIOS) RECEBIDOS

Amigo Fernando:

Grato pela generoza citação dos meus textos no seu blog. Muito me ufana o seu estímulo e a sua amizade. Disponha sempre e fique com o meu fraternal abraço.

Valério Mesquita
Conselheiro do Tribunal de Contas (RN)
30.10.2008

Parabéns a Fernando Caldas, pela iniciativa de divulgar os poetas e poetizas da nossa Assu.

Amariacaldas
22.10.2008

A Cada acessada em seu blog me sinto culturalmente alimentado... parabéns pelo seu blog Fanfa.

thiagomoura
30.10.2008
A charge inserida na capa da plaquete (de minha autoria) acima, é do grande Chargista que foi Edmar Viana. Ele inspirou-se numa estória de Walter de Sá Leitão que foi prefeito do Assu-Rn (1972-75). Naquela plaquete, data de 1998, eu conto a estória de Walter, de tal modo: Walter viaja a Brasilia em busca de recursos para o seu município. No gabinete do deputado federal Vingt Rosado, é advertido pela secretária daquele parlamentar mossoroense: "Prefeito, a calça do senhor está rasgada no fundo". Walter não se fez de rogado: "Moça, é que na minha terra no lugar do paletó, a moda é calça lascada atrás".

POESIA

(Doces em formato de caixão - arquivo do bol)
Neste dia "de todos os mortos", vale a pena citar o melancólico bardo assuense João Lins Caldas. Ele tinha muita obsessão pelo tema morte e acreditava na reencarnação. Vamos conhecer e reviver a poesia Linscaldiana, nos poemetos sem epígrafes que ele produziu, conforme transcrito abaixo:
I

Meus mortos vivos nunca apodreceram.
Serei as dores alucinadas
As virgens que se fecharam mortas
As rosas desfolhadas das rozeiras desfolhadas
Mortas, mortas...
Morto meu pai no seu caixão fechado.

II

A morte é o velho tema sempre novo.
Deus, Natureza é a Lágrima são um.
É a trindade das Lágrimas do povo...
O Mal na vida é o grande bem comum.

III

A vida pedi como quem pede um beijo na face,
Que ela, a vida, não me negasse...
Passou a vida, não me quis ver...
- Ora morrer!
Morrer é a vida de que se nasce...

RELÍQUIA DA POLÍTICA ASSUENSE II

Propaganda política de Walter de Sá Leitão quando disputou a prefeitura (sem sucesso), com Maria Olímpia Neves de Oliveira (Maroquinhas), em 1962. Foi uma eleição das mais acirradas da história política do Assu. Walter perdeu a eleição por, salvo engano, 428 votos. Maria Olímpia atualmente reside em Brasilia há mais de trinta anos, onde é funcionára pública federal aposentada. Walter faleceu em 1985, E o seu nome ele empresta ao Campus Avançado do Assu (Universidade). Walter pertencia ao partido da UDN e tinha o opoio político do então deputado Edgard Montenegro e Maroquinhas do PSD, apoiada pelo também deputado Olavo Montenegro.

quarta-feira, 29 de outubro de 2008

IGREJA MATRIZ DE ASSU

Igreja Matriz de São João Batista (Freguesia de 1726) é uma obra arquitetônica da antiguidade das mais belas do Rio Grande do Norte. Fora construída pelos índios mansos do Caicó ou Apodi por iniciativa de Manuel Lins Wanderley. Celso da Silveira (artigo intitulado Breve Memória da Freguesia de São João Batista do Assu) depõe que a sua construção deu-se início em 15 de julho de 1760 e que há notícia que em 1746 já havia um templo de madeira e barro. E vai mais adiante aquele escritor potiguar de Assu afirmando que em 1850 a 1857 aquela igreja foi construída inteiramente. O altar daquela igreja fora construído segundo Maria Carolina Caldas Wanderley (Sinhazinha Wanderley) em 1863 e no ano de 1907 foram abertas as arcadas laterais daquele templo religioso, bem como o piso revestido de mosaico pelo padre Antônio Brilhante de Alencar. A sua construção foi de iniciativa de Manuel Lins Wanderley (Coronel Wanderley) que também doou a imagem de São João Batista. o padroeiro.

Fernando Caldas


domingo, 26 de outubro de 2008

JORGE FERNANDES, O POTIGUAR PRECURSOR DO MODERNISMO

Na década de 20 escandalizou a sociedade natalense. Agora, sua obra é fonte de pesquisa para vestibulandos

O início do século XX caracterizou-se pela tentativa de renovação de valores artísticos e culturais e foi marcado, no continente europeu, por violenta crise que desencadeou duas grandes guerras e profundas transformações na vida política, econômica e social mundial. Essas mudanças afetaram a arte ao ponto de surgirem, vários ismos que significam os movimentos artísticos das vanguardas. Em Natal, sabe-se a respeito da euforia de um grupo de intelectuais que conhecia os novos preceitos poéticos, no entanto há apenas uma única produção literária inovadora, a de Jorge Fernandes", afirma a pesquisadora e escritora, professora da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, das disciplinas Teoria da Literatura e Semiótica, Maria Lúcia de Amorim Garcia que foi a responsável pela introdução e organização da 5. Edição revisada do "Livro de Poemas de Jorge Fernandes" que será lançado hoje, na Praça Cívica do Campus Universitário durante a CIENTEC/2008, no estande da Pró-Reitoria de Extensão . Segundo a professora Maria Lúcia, "o reitor pediu que eu organizasse essa obra, porque as duas anteriores, estava com muito erros. Sem contar, a necessidade e a importância, por ser um tema que nos últimos anos aparece com assiduidade como questão de vestibular. Fiz com muito carinho esse trabalho porque admiro Jorge Fernandes pela sua obra extraordinária". Na época da revolução cultural modernista, nos meados de década de 20, a cidade de Natal ainda se encontrava numa espécie de transição da vida provinciana para a moderna. A vida cotidiana brindada pela regionalidade e seus costumes e começava a ter que se habituar com os elementos modernos que se faziam cada vez mais presentes no dia-dia dos potiguares, como: o avião, o automóvel, a luz elétrica, entre outros. Com todas essas novidades os intelectuais da época, como Câmara Cascudo, mantiveram a sociedade informada sobre as transformações culturais ocorridas no país, e o potiguar Jorge Fernandes, cuja poesia conseguiu sintetizar os aspectos mais significativos de toda uma tradição. Ele é considerado um dos precursores da poesia moderna no Brasil. Proprietário do Café Magestic, naquela época era o ponto de encontro de populares e ilustre de Natal, esse poeta viveu todo o período de deflagração e desenvolvimento do Modernismo no estado. Contribuiu em jornais e revistas da época e produziu obras para o teatro. Em 1927, editou sua primeira obra, o "Livro de Poemas". O autor rompeu com as formas antigas de poetar, iniciando o verso livre, sem rima, cantando as coisas mais prosaicas possíveis, o que causou escândalo na província conservadora. A obra de Jorge Fernandes é considerada referência para o período e fizeram com que a obra tivesse repercussões fora da região Nordeste". Em 1964, Veríssimo de Melo publicava o estudo "Dois poetas do Nordeste", da Coleção "Aspectos", do Ministério da Educação e Cultura, abordando o trabalho de Jorge Fernandes e Ascenço Ferreira. Veríssimo de Melo disse "Jorge Fernandes foi o mais autêntico inovador da poesia norte-rio-grandense. Foi o poeta que sentiu e soube interpretar o cheiro da terra, o sabor das frutas, o perfume das madrugadas no sertão, as cores das árvores, o movimento dos bichos, os sons dos sinos velhos das igrejas, dos chocalhos, o canto dos pássaros, a beleza dos crepúsculos, a quentura do sol gostoso de verão da terra papa jerimum". Manuel Bandeira ficou entusiasmado com a poesia de Jorge Fernandes a ponta de dizer o seguinte: "Jorge Fernandes falou em muitos dos seus poemas com um timbre que é só dele: falou das coisas do Brasil com o sabor que é só dele; aquele seu livro deve estar na biblioteca de todos os brasileiros". Outro admirador do poeta potiguar foi Mário de Andrade que fez o seguinte comentário: "O admirável "livro de Poemas" que publicou no ano passado (1927) é isto: uma memória guardada nos músculos, nos nervos, nos estômagos, nos olhos, das coisas que viveu. O livro pode ser um bocado irregular pelos tiques de poética antiga, ainda mais humanamente brasileiras da poesia contemporânea".


Reporte: Daniel Pacheco


(Artigo transcrito do Jornal de Hoje, 24.10.2008

sexta-feira, 24 de outubro de 2008

VALÉRIO MESQUITA, DE "SEU MESQUITA"

Primeira edição de "Poucas e Boas", 1999

O escritor potiguar de Macaíba chamado Valério Mesquita é um dos bons autores do Estado. Ele têm diversos livros publicados. Será que é a toa que ele é membro da Academia Potiguar de Letras? Por sinal, com muita honra, ele é quem faz a apresentação do livro sob o título "Renato Caldas, de Cabo a Rabo" (Poeta de Fulô do Mato), organizado por Fernando Caldas (autor deste Blog) que em breve será publicado. O referido livro de Renato é feito de suas poesias (algumas inéditas), seus causos, suas estórias e ditos espirituosos, além de contar a sua fantástica trajetória como "romântico caminheiro", conhecendo o Brasil de ponta a ponta. Pois bem, Valério no final deste mês, publica a segunda edição do seu livro intitulado "Poucas e Boas", que vem mais rico em estórias pitorescas "de Macaíba de Seu Mesquita e Adjacências", no seu próprio dizer. Deleitamo-nos com algumas estórias que está no volume referenciado acima, que transcrevo adiante: 


1) A imagem que a memória nos desenvolve do saudoso ex-deputado Asclepíades Fernandes é a daquele homem taciturno, de baixa estatura, bigode crespo que escondia e parecia ser o responsável pelos seus longos silêncios. Mas, o equipamento facial inatingível era o cigarro, que nele assumia o aspecto de instituição permanente ou do próprio dogma constitucional. Certa vez, deputado oposicionista, adentrando atrasado no plenário da Assembléia, no auge de uma importante votação, é inopidamente interpelado pelo presidente: "Sim ou não, deputado Asclepíades?". Ainda de pé, sem tirar o cigarro da boca, nem entender os sinais de socorro dos companheiros, virou-se para proferir as mais longas palavras da sua legislatura: "Totalmente não!". O pior é que era SIM. Azar dos diabos. 2) Neto Correia passou-me essa do ex-prefeito de Cerro-Corá, o famoso Zé Amaro. Fã do futebol. Zé Amaro foi assistir o clássico ABC x América, que decidia o campeonato potiguar. O Machadão estava repleto e ao redor, centenas de veículos. Homem do interior, precavido, foi logo imaginando abrigar o seu veículo em lugar seguro. Viu a caixa d´água do estádio como ponto de visível referência e lá estacionou. Durante o jogo, tomou umas e outras, reencontrou amigos e andou pelas gerais e arquibancadas. Findo o jogo, na saída do estádio desorientou-se. Não viu a caixa d´água, o ponto de orientação. Rodou para direita, para a esquerda: nada. Enfim, estava só e desesperado. Um popular que esperava um coletivo, vendo a sua impaciência indaga o que se passa: "Sei não rapaz, que tenham levado o meu carro até que eu acredito mas com a caixa d´água e tudo eu estou em dúvida".

terça-feira, 21 de outubro de 2008

VIDIO - ENTREVISTA DO POETA ASSUENSE PAULO VARELA COM JÔ SOARES


CARICATURA DO ESCRITOR CELSO DA SILVEIRA

(Arquivo de Wan Gurgel)

RELÍQUIA DA POLÍTICA ASSUENSE I


"O amigo da onça".

Propaganda eleitoral de Walter de Sá Leitão quando disputou a prefeitura do Assu, contra Maria Olímpía Neves de Oliveira (Maroquinhas), em 1962. Walter (ele era meu padrinho e tio afim) perdeu por 428 votos. Foi uma campanha das mais tensas e intensas da terra da terra assuense. Walter tinha o apelido de "Golinha" e Maria Olímpia era chamada na política local de "A Onça".

segunda-feira, 20 de outubro de 2008

O POETA CALDAS

O poeta assuense João Lins Caldas (quando jovem) a esquerda, ladeado pelo romancista José Geraldo Vieira. Rio de Janeiro, 1924. Caldas é personagem do romance sob o título Território Humano, 1936, encarnado no personagem (segunda fase do romance) "Cássio Murtinho", de autoria do referido escritor, amigo íntimo de Caldas nos seus tempos de Rio de Janeiro, 1912-27 e 1930-33.

domingo, 19 de outubro de 2008

WALFLAN DE QUEIROZ, O POETA MÍSTICO

O poeta Walflan de Queiroz pintado por Newton Navarro

Walflan Furtado de Queiroz (1930-1995) era natural de São Miguel, cidade localizada na região do alto oeste do Rio Grande do Norte. Filho de Letício Fernandes de Queiroz e Raimunda Furtado de Queiroz (por sinal, Letício ou doutor Letício como era mais conhecido, era farmacêutico em Natal, irmão de minha avó paterna Odete Fernandes de Queiroz Caldas que residia na cidade de Assu. Era ele, Walflan, meu primo em segundo grau).

Walflan formou-se pela famosa Faculdade de Direito do Recife mas nunca exerceu a profissão. Se tivesse exercido certamente teria advogado com brilhantismo e notável saber saber jurídico.. 

Tipo baixo, gestos nervosos, fumante compulsivo. Ele teve uma juventude boêmia. Intelectual, poeta dos melhores. Conheci aquela figura que engrandece as letras potiguares, nos idos de setenta, na calçada do Café São Luiz, em Natal declamando exaltado um poema de Rimbaud. Apresentei-me a ele que me tratou com certa distância. Logo entendi. A última vez que estive com ele foi na clínica Santa Maria (quando ele estava em tratamento psiquiátrico). Eis o seu poema intitulado 'Autobiografia', cornforme adiante:

Nasci sob o signo de São Bento José de Labre. 
Pedi esmola na porta de Notre Dame.
E fui encontrado morto numa rua de Madrid.
O primeiro hino foi meu, o primeiro canto
Que comoveu a alma de Francesca de Rimini. 
Fui monge, amei a virgem.
Fui marinheiro, estive no oriente.
Mais tarde, pertenci ao grupo dos poetas malditos 
E escrevi o meu último poema para uma menina espanhola.

Walflan publicou oito livros intitulados O Tempo da Salvação, 1960, O Livro de Tânia, 1963, O Testamento de Jó, 1967, A Colina de Deus, 1968, Nas Fontes da Salvação, 1970, Aos Pés do Senhor, 1972 e A Porta de Zeus, 1974. 

Walflan viveu grande parte da sua vida na solidão, porém apaixonadamente. Vejamos o poema abaixo trancrito: 

Três amores 
E uma solidão. 
Irene, Tânia 
E Herna  
Vi Abraão  
No monte moriá  
Três amores 
E uma solidão, 
Irene Azul 
Tânia amarga 
E Herna triste.

Há informações que Walflan "conhecia vários idiomas. Lia, escrevia e falava em latim. Era fluente em Francês e inglês". 

Ele era da Marinha Mercante e percorreu o mundo. O produtor cultural Eduardo Gosson depõe que Walflan nas suas andanças "apaixonou-se por uma bailarina cubana, gostou das noites da Martinica e quase casou-se com uma colegial de Buenos Aires". É lindo o seu poema Auto Retrato: 

Não tenho a beleza de Rimbaud,
nem o rosto torturado de Baudelaire.
Tenho sim, olhos negros, Como os olhos de Poe. 
Meus cabelos são soltos, em desalinho como os de algum Anjo ou demônio.
Minha pele, queimada eternamente pelo sol, tem sal do mar e a cor morena dos que são náufragos. 
Minhas mãos são pequenas, tristes embora como mãos de alguém que só as estendeu para o Adeus!

(Fernando Caldas)


UM POETA BOÊMIO DO ASSU

Júlio Soares Filgueira (1898-1954) era natural do Assu. Ele está antologiado por Ezequiel Fonseca Filho, no seu livro 'Poetas e Boêmios do Assu", 1984. Depõe aquele escritor na referenciada antologia que Júlio era "arredio, desconfiado, valente e audaz, muito cedo entregou-se à boemia, o que constitui o traço frizante de sua vida". 

Ainda, no início da sua juventude, regressou ao Rio de Janeiro onde começou a escrever poesias. Conta ainda Ezequei Fonseca que Júlio herdara de seus pais e jogou fora em razão da sua vida boemia. 

Naquela capital carioca, Júlio fora companheiro de quarto de Ezequiel, numa pensão da rua do Catete, daquela então capital federal, no tempo em que  estudava medicina. E escreveu aquele bardo assuense, o soneto transcrito adiante:

Este meu riso, triste e macilento.
Perdido sobre o peito dolorido,
Bem demonstra o pesar e o sofrimento
De um desgraçado e de um desiludido.

Este meu riso, sem contentamento
Este meu vago olhar amortecido
São os sinais amargos do tormento
Da vida indesejável de um perdido

Vivo sempre a beber, de bar em bar,
Afogando num cálice de aguardente
A dor que faz meu peito pensar?

Chorando ou rindo, vou passando a esmo.
E no vício morrendo lentamente
Fazendo assim o enterro de mim mesmo.

quinta-feira, 16 de outubro de 2008

POESIA

O poeta Caldas aos 68 anos de idade

O município do Assu (minha terra natal querida) completa hoje 163 anos de emancipação política, de Vila Nova da Princesa a cidade de Assu. Nada justo do que homenageá-la nas palavras do grande bardo das letras assuenses, norte-rio-grandenses e porque não dizer brasileiras, chamado João Lins Caldas que, em homenagem a terra que escolheu para viver até os últimos dias de sua vida, escreveu o poema, datado de 17 de abril de 1967 (poucos dias antes de falecer), conforme abaixo transcrito, sob o título "Índio Janduí" (os primeiros habitantes da Ribeira do Assu), que veremos para o nosso deleite:

Sou Janduí, sou da taba,
Meu patrimônio ele só,
Riqueza que não se acaba,
Tem a várzea e o piató

Peixe, banho de lagoa
Riqueza que se conta mais
Bem vastos carnaubais.
Filho da terra dileta
O bravo de Curuzu
Nosso, um destino poeta,
Grandeza que é mesmo o Açu.

LUIZ CARLOS LINS WANDERLEY – 1831/1990, foi um dos primeiros poetas do Assu, primeiro médico e romancista do Rio Grande do Norte. Foi também...