segunda-feira, 29 de junho de 2009

VEREADOR PRESEPEIRO

Da plaquete de minha autoria intitulada intitula "Quando a Política Vale a Pena", 1996 (fotografia acima), transcrevo a seguinte estória: Iniciava-se o ano de 1983, posse em todo o Brasil dos novos governadores, deputados federais, estaduais, prefeitos e vereadores eleitos nas eleições de 1982. Pois bem, naquela época (31 de janeiro de 1983), encontrava-se de férias na cidade de Assu, meu amigo professor cearense chamado José Anchieta Esmeraldo Barreto (ele tem estreitas ligações na terra assuense, por ser casado com uma filha do jornalista Osvaldo Amorim, já falecido) que á época era o Reitor da Universidade Federal do Ceará. O carro oficial daquela Reitoria era um galaxi de cor preta, de placa oficial de bronze (que ele, Anchieta, guardava na garagem de minha casa, quando encontrava-se no Assu). Aquele veículo era igualzinho ao automóvel oficial do governo do Estado do Rio Grande do Norte (era governador José Agripino Maia). Solicitei dele, Anchiete, aquele veículo emprestado, com motorista fardado, "tudo como manda o figurino", para levar-me até a Câmara dos Vereadores daquele município. Pedido aceito. Ao aproximar-me do local da solenidade, "Logolhó" que era o motorista daquela Reitoria (nunca mais tive notícias dele), estacionou aquele veículo em frente a prefeitura, desceu do carro fardado, e abriu a porta para que eu descesse solenemente, para aplausos dos circunstantes. Antes, porém, alguém teria gritado para alertar o mestre da Banda de Música: "Vem chegando o governador Zé Agripino!" - O mestre da banda foi rápido no gatilho, tocando  dobrados de governador que, ao terminar, disse furioso: "Ora porra! Eu pensei que fosse o governador!" - E os fogos de artifícios, para serem detonados pelo fogueteiro no ato da posse do prefeito Ronaldo Soares, teriam sidos explodidos durante aquela minha chegada inesperada, naquela noite memorável e estrelada do Assu. É que em política meu caro leitor, acontece de tudo, principalmente na pluralista cidade de Assu!

CENTRO SPORTIVO ASSUENSE


Em pé: Maurício Assis, Delito, Zé Pretinho, Baiano, Eloi, Edson Assis e Carmelito. Agachados: Lino, melado, João de Seu Né e Waldick. Aquela agremiação futebolística fora fundada e presidida por Arcelino Costa Leitão, no começo da década de cinquenta. Costa era secretário de João Câmara (dirigia na terra asuense, a firma algodoeira João Câmara & Irmãos) que depois foi prefeito do Assu (1953-58). O Centro Sportivo jogou na década de cinquenta contra o Fortaleza Futebol Clube trazido por Costa para jogar no Estádio Senador João Câmara, onde hoje está assentado a antiga CIBRAZEM, atual CONAB. Era os tempos Áureos do Assu. Aquele time certa vez, ainda nos idos de cinquenta, jogou na cidade de Currais Novos, interior potiguar, contra o selecionado daquele município, perdendo para um time muito inferior. Pois bem, como em Assu de tudo faz-se um mote e haja glosa. o poeta Renato Caldas, permanente vigilante das acantencências do Assu, escreveu a seguinte trovinha:

O grande Centro de Costa
O primeiro sem segundo
Perdeu atolado em bosta
Da pior bosta do mundo.

Daquele jogadores, salvo engano, somente Zé Pretinho sobrevive com seus bons 88 anos de idade. Um goleiro que marcou uma época no futebol da região do Assu. Se fosse hoje, certamente seria chamado para jogar num grande clube deste país. Zé Pretinho é funcionário aposentado da COSERN. Conheci ainda Baiano (que morreu de cirrose hepática), Mundoca e Eloi também tiveram morte provocado pela bebida alcoólica. Este último amargou muitos anos de detenção na Cadeia Pública do Assu, por ter asssinado a tiro de revolver, o tabelião João Belo de Oliveira, nos finais dos anos cinquenta. E Carmelito que foi vereador no Assu entre 1983 a 1988, além de Lino que foi garçon durante muito tempo, do balneário Adega da Ponte e no clube social AABB, da cidade de Assu. Não tenho notícia do seu paradeiro. Eis, portanto, mais um registro da história da terra assuense de tantas glórias passadas.

domingo, 28 de junho de 2009

POESIA

Seis horas da tarde...
arde
em mim, a fogueira da ausência...
nostalgia!
A noite se debruça
nos escombros do dia.
- Evocação -
O sol vermelho cor de brasa,
desce, e a porta de sua casa,
acende uma fogueira a São João.


Renato Caldas

sábado, 27 de junho de 2009

GUIMARÃES, UM AMIGO LEAL


Francisco Guimarães Saraiva, mais conhecido como Guimarães, era uma figura extrovertida, carismática. Ele foi meu amigo e contemporâneo nos velhos tempos do Ginásio Pedro Amorim e do Centro Regional de Escoteiros do Assu (onde jogamos futebol), nos idos de sessenta e setenta. No Assu, sua terra amada, viveu a sua infância, adolescência, juventude e parte da maturidade. Tempos depois, já aposentado, salvo engano, passou a morar em Itajá, vivendo em paz com Deus e com os homens como sempre viveu, admirando a beleza da Barragem Ribeiro Gonçalves, comendo um peixe frito, pescado na hora. Pena que ele partiu para o outro lado. A útima vez que nos encontramos foi em Natal, há poucos anos atrás. Ele falva tanto sobre seus familiares e dos sonhos que deseja tornar realidade!
Guimarães, Jesus Cristo certa vez, disse que "o grão para ser fecundo terá que morrer." E assim vai ser com todos nós.
Você se foi, mas deixou a saudade no coração de todos aqueles que viviam em seu entorno, que lhe admiravam. Você deixou o exemplo da lealdade, da honestidade, da mão estendida para ajudar ao próximo, do companheirismo, afinal, o exemplo também de bom esposo, de bom filho, de bom pai, de bom avô, de bom amigo que o foi.
Guimarães, custa a crer que você partiu tão cedo ainda! "Todas as vezes que alguém for bom, se lembrará de você." A sua morte chorou também a mim, como seu amigo e admirador. Um dia, só Deus sabe quando, nos reencontraremos na eternidade.
Descança em paz valente lutador. Dormes o sono dos justos, dos humanos. Nada melhor terminar estas singelas palavras que escrevo movido pela emoção e pelo sentimento, nas palavras verdadeiras que você escreveu no seu perfil em orkut, conforme transcrevo adiante:

Você olha meus defeitos
Quer até me censurar
Sabendo que não tem direito
Porque vives a errar

Olhaste tanto pra mim
Que esquecestes do que é teu
Talvez nem percebeu
Que não és certo como eu

Porque você não observa
Que a vida é mesmo assim?
Uns não gostam de outros
E... Outros de outros sim!

Tudo que eu quero tenho
Pode chorar e pular
Mas viva a sua vida
Não viva pra me olhar

Na mimha vida de errante
Que por sinal tive sorte
Só quem pode concertar
É DEUS com uma boa morte.

Fernando Caldas (Fanfa).





RELEMBRANDO CELSO DA SILVEIRA

"Celso da Silveira (1929-04) era poeta, contista, jornalista, escritor consagrado. A sua memória precisa ser mais reverenciada, homenageada principalmente por nós assuenses. Ele, Celso, como tantos outros das letras potiguares, não pode ficar "para depois, para mais tarde." Celso divulgou o Assu (sua terra natal) através das letras. No Assu, onde foi vereador na déca de cinquenta, fundou o jornal Advertência, junto com João Marcolino de Vasconcelos, além do primeiro Museu de Arte Popular, do Brasil. Deu a sua colaboração literária em diversos jornais da terra assuense, bem como é autor de uma obra lieterária grandiosa que dignifica o Assu e engrandece o Rio Grande do Norte.
Autor de dezenas de livros publicados, em 1952 publicou o seu primeiro livro de versos sob o titulo "26 Poemas de Um Menino Grande", que teve a aprovação do grande poeta potiguar João Lins Caldas, e tornou-se popular no jornalismo. Ganhou prêmio como ator no II Festival Nortista de Teatro Amador, realizado em 1956, no Recife, além de ser cursado como intérprete pela Fundação Brasileira de Teatro. Na cidade de Natal onde morava desde os anos cinquenta, realizou "o primeiro espetáculo a céu aberto de Natal, o auto natalino O Caminho da Cruz além da peça Hoje tem Poesia, ambos de Newton Navarro."
Ainda na cidade de Assu (como não podia ser diferente para um jovem boêmio) fundou O Clube do Copo, que tinha como objetivo realizar serestas, tertúlias dançantes para movimentar a cidade. Afinal, ele imortalizou-se como "O Bocageano Potiguar", pelos versos ("ele conhecia o caminho da poesia fescenina") que produzira ao longo de sua existência prazenteira e feliz. Faleceu em Natal onde está sepultado. O seu sepultamento naquela capital, ocorreu como teria pedido aos seus familiares e amigos: "sem choro nem vela, sem discurso nem flores."
E os versos daquele poeta humorista, extraído do seu livro intitulado "Peido, o traque - o valor que o peido tem", editado em 2002 pelo Sebo Vermelho, não é uma uma delícia de versos? Vamos conferir:
O peido de um general
não pode ser comparado com
O peido de um soldado
Que em tudo é desigual
Tem gente que peida mal,
Há outros que peidam bem
Eu não conheço ninguém
Que ainda não tenha peidado
Mas o povo não tem dado
o valor que o peido tem.
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sexta-feira, 26 de junho de 2009

MANUSCRITO DE JOÃO LINS CALDAS

Dê um clique para visualizar melhor esta bela produção de João Lins Caldas:

POESIA DE RENATO CALDAS


Da esquerda para direita: O poeta Renato Caldas, dona Marinah Fonseca e o ex-deputado Nelson Montenegro (todos já falecidos).
Renato Caldas no seu livro intitulado "Meu Rio Grande do Norte - Outras Poesias, 1980, prefaciado por Expedito Silveira, editado pela Coleção Mossoroense, página 25, 26 e 27, dedica ao prefeito do Assu (1977-82) Sebastião Alves Martins, o poema sob o titulo "Ninguém Conhece Ninguém", que diz assim:

Senhor: eu não acredito
Que ninguém escute o grito
De angústia que a fome tem.
Não quero saber quem foi,
Quem inventou o perdoe...
Se negando fazer bem.

A espécie humana rasteja,
Sem saber o que deseja
Nem mesmo para onde vai...
É marcha hostil da matéria,
Caminha tropeça e cai.

Não sei no mundo o que fui
Fui talvez Edgar Poe...
Um Agostinho... Um plutão...
Nos festins da inteligência,
Mergulhei a consciência
E o vício estendeu-me a mão.

Na estrada dos infelizes
Na confusão dos matizes,
Nascem as flores também!
Sim, nos cérebros dos pobres
Há pensamentos tão nobres...
Ninguém conhece ninguém.

Fui nômade! Aventureiro,
Fui poeta seresteiro,
Um lovelace também!
Amei demais as mulheres
E procurei nos prazeres,
Marchar a face do bem.

Hoje, sinto a claridade,
Tenho, pois, necessidade
De meu passado esquecer.
Pouco importa os infelizes
À marcha das cicatrizes...
Se deixarem de doer.

Já viu lavar a desgraça?
Ou afogar na cachaça
A vergonha... a precisão?
É a fome conveniente
De tornar-se indiferente...
Podendo estender a mão.

Uma esmola por caridade:
É a voz da humilhação,
Morrendo de inanição
Não diga nunca perdoe,
Não queira saber: quem foi!
Esse alguém... é vosso irmão.

ASSU ANTIGO

O sobrado (a esquerda) fora demolido na administração do prefeito Edgard Montenegro, 1948-53, para dar lugar a sede da prefeitura daquele município, que Edgard começou a construir e o prefeito Francisco Augusto Caldas de Amorim, 1953-58, concluiu. O outro sobrado (a direita), pertencia a família Soares de Macedo, que também fora demolido para dar lugar a um prédio comercial, no começo dos anos oitenta. Podemos observar que a praça do Rosário (onde há muitos anos atrás era edificado uma pequena igreja, denominada Ireja do Rosário), ainda não teria sido construida. Na fotografia acima, podemos também observar as torres da Igreja Matriz de São João Batista.

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CELSO DA SILVEIRA




quarta-feira, 24 de junho de 2009

Clique na imagem para visualizar melhor.

"A Mutuca" era um periódico que circulou nos festejos do Padroeiro do Assu São João Batista, na década de sessenta e setenta. Já postei um artigo aqui neste blog, sobre aquele jornalzinho que satirizava a rapazeada e a moçada da época, além dos políticos locais. Naquele jornal era escrito pelos estudantes inteligentes da terra assuense, os poetas e jornalistas daquela cidade então provinciana. Aquela edição é data de 17 de junho de 1969, que guardo com muito amor e carinho, entre meus alfarrábios, que servirá como peça de museu, quando o poder público local, instalar o Museu do Assu. Fica o registro e a lembrança.

ALMOÇO DE SÃO JOÃO BATISTA

Esquerda para direita: dr. Edgard Montenegro, deputada federal Fátima Bezerra e o prefeito Ivan Júnior.

Durante o Almoço do Reencontro das famílias assuenses, o jovem prefeito Ivan Lopes Júnior saudou o ex-prefeito e ex-deputado Edgard Montenegro, pela passagem dos seus 89 anos de idade.
Esquerda para direita: Nelson Dantas (que foi empresário no Rio de Janeiro, onde também trabalhou numa das mais importantes agências de publicidades deste pais, que é a JMM Publicidade, nos tempos do assuense João Moacir de Medeiros (pioneiro em marketing político no Brasil, falecido recentemente), o ex-vereador e presidente da Câmara dos Vereadores do Assu Fernando Caldas - Fanfa (1985-86) e o blogueiro Juscelino França, no dia do Almoço do Reencontro, realizado no último domingo, em Assu. Nelson foi também auxiliar do então prefeito Zé Maria, salvo engano, na sua segunda administração frente a preitura da terra asuense.

AINDA SOBRE O SÃO JOÃO EM ASSU


Esquerda para direita: Fernando Caldas (Fanfa), o blgueiro de fatos políticos Juscelino França, o deputado federal Betinho Rosado, o ex prefeito do Assu Zé Maria Medeiros e o vereador Carlos Alberto Bezerra (carlinhos).

Estive na minha querida cidade de Assu, neste último domingo (dia e noite). Durante o dia realizou-se o tradicional "Almoço de São João", no Largo da praça da Matriz. Milhares de pessoas da sociedade assuense (ricos e pobres) compareceram aquela confraternização. A noite, deu-se início a novena e o grande shoow da dupla sertaneja Zezé di Camargo e Luciano. Pena que não pude ficar para o encerramento daquela festa religiosa que alí se realiza desde 1726. Parbenizo, portanto, o prefeito da terra assuense Ivan Lopes Júnior, pela grande festa, que termina amanhã com apresentação do músico de nome nacional, Leonardo.

terça-feira, 23 de junho de 2009

MAIS UM POUCO DE JOÃO LINS CALDAS

Seu Caldas, o "poeta da solidão e da dor" como define Maria Eugênia, em data de 1909 residia no povoado de Sacramento (fundado pelo meu bisavô paterno Luiz Lucas Lins Caldas) atual município de Ipanguaçu. Naquele ano ao ver um touro passar para o matadouro daquela localidade, levado por certo marchante (negociante de carne) escreveu o soneto intitulado Um Touro, cujos versos fora divulgado no Brasil e no exterior. Vamos conferir o célebre soneto:

Vais morrer, vais morrer... O cepo do marchante
Breve te pesará sobre a cabeça rude...
E tu, pobre animal, sem crime e sem virtude,
Nunca mais hás de ver o teu curral distante.

Jamais hás de provar, num mourejar constante,
Entre vacas e bois, a revelar saúde
Das águas de cristal do mais sereno açude
Ou do verde capim do campo mais fartante.

A tua pobre carne há de servir de pasto...
E quando fores nada, quando fores gasto,
Te resta esse consolo, o consolo dos mortos:

Morreste por servir, alimentando vidas,
Muito franco pesar, muitas dores compridas,
Muitos cegos que vão pelos caminhos tortos...

TRÊS SERTANEJOS

Fotografia: Arquivo de Valderi Tavares. Zezé di Camargo, Luciano e o prefeito do Assu (RN) Ivan Lopes Júnior.

Dentro da programação dos festejos do padroeiro do Assu São João Batista, Zezé di Camargo e Luciano (ícones da canção brasileira), se apresentaram naquela cidade festeira, neste último domingo. Naquela ocasião, aquela dupla de cantores sertanejos foram visitados no camarim pelo senador Garibaldi Alves Filho, deputado presidente da Assembléia Legislativa Robson Faria, deputado federal Fábio Faria, prefeito Ivan Lopes Júnior, vice-prefeito Alberto Luiz e demais autoridades locais. Das mãos daquele jovem prefeito, Zezé e Luciano receberam a camisa do Assu (time campeão do Estado potiguar, 2009), também denominado de "Camaleão do Vale." Fica o registro.

segunda-feira, 22 de junho de 2009

VEREADOR ÁS DE COPA

O ex-vereador Carlos Barromeu da Silva (Carmelito) de saudosa memória, gostava de jogar cartas (baralho). Numa certa cessão legislativa na Câmara dos Vereadores do Assu, presidida por minha pessoa (1985-86), ele, Carmelito, cochilava. Lembrei-me de fazer com ele uma brincadeira, dizendo assim: "Carmelito, ás de copa!" - O vereador assustado e ainda sonolente, gritou: "Bati, presidente!"

VERDE E VERMELHO

A cor verde no Rio Grande do Norte representava o bloco político do governador Aluísio Alves, e a vermelha o do senador Dinarte Mariz. Pois bem, Antônio Benevides quando fazia política no então distrito de Santa Luzia, atual e próspero município de Carnaubais, em razão do insucesso que tivera numa certa eleição naquela localidade, externou insatisfeito: "Eu não entendo os meus eleitores! Quando eu vou pro verde eles vão pro vermelho! Quando eu vou pro vermelho, eles vão pro verde!" - É que em política acontece de tude.

NOTA

Há 89 anos atrás, nascia (casa número 19 do Largo da Matriz de São João Batista, de Assu) um menino filho do casal Cândida Borges Montenegro e Manuel de Melo Montenegro - majó Montenegro), que mais tarde se tornaria um dos maiores líderes políticos que o Vale do Assu já teve, chamado Edgard Borges Montenegro.
O autor deste blog, que tem a honra de tê-lo como primo e amigo, parabeniza aquela ilustre figura que dignifica o Assu e engrandece a política do Rio Grande do Norte.

Fernando Caldas

sábado, 20 de junho de 2009


Ao comandante Edgard Montenegro (engenheiro agrônomo), que teve o privilégio de ter nascido numa noite dos festejos juninos de São João Batista, o Padroeiro do Assu, sua terra natal (ele é veterano da política potiguar e, se não o é mais antigo é, pelo menos, um dos mais ainda militando na política da terra potiguar, que durante quase quarenta anos liderou a política do Assu, como prefeito -1948-53, deputado estadual por várias legislaturas e chefe político, com vasta folha de serviços prestados ao Rio Grande do Norte, principalmente ao seu decantado Vale do Assu. Ele foi também auxiliar do governo Cortez Pereira, na década de setenta, além de diretor regional do DNOCS - RN), dedico no dia do seu aniversário, ou melhor dizendo, dos seus bons 89 anos de idade, com uma lucidez invejável) ,o poema de produção do consagrado bardo assuense Renato Caldas, intitulado "Meu São João", que diz assim:

Seis horas da tarde...
arde
em mim, a fogueira da ausência...
noltalgia!
A noite se debruça
nos escombros do dia.
- Evocação -
O sol vermelho cor de brasa,
desce, e a porta de sua casa,
acende uma fogueira a São João.

Fernando Caldas

quarta-feira, 17 de junho de 2009

AINDA SOBRE JOÃO MACAÍBA

O assuense Chagas Matias colabora com este blog com mais uma glosa do poeta do Assu, chamado Macaíba. Ele conta que "certa vez numa bebedeira nas barracas do Rio Açu, ao olhar aquelas garotas deitadas só de biquine nas areias, se bronzeando, o grande Barrinho deu este mote a Macaíba: Tanto tabaco no rio e eu com o nariz entupido. Macaíba glosou:

Ninguém aquece o meu frio,
Ninguém mata o meu desejo,
E meio desesperado vejo,
Tanto tabaco no Rio.
Um homem sendo vadio,
Fica logo enfurecido.
Eu mesmo já dei gemido
Que estou me sentindo fraco
De olhar tanto tabaco
Eu eu com o nariz entupido.

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terça-feira, 16 de junho de 2009

TROVINHAS DE ZÉ AREIA

Zé Areia (José Antônio Areia Filho, seu nome de registro) era uma figura por demais conhecida na cidade de Natal, onde nasceu em 1901, e faleceu em 1974. Ele foi barbeiro e vendedor de loterias. Naquela capital então provinciana. Já comentei aqui neste Blog, um pouco sobre as suas tiradas de espíritos, suas presepadas praticadas principalmente com os americanos que se aportaram naquela terra natalense na época da segunda grande guerra. Além das suas estórias jocosas, Areia dava-se o luxo de escrever trovinhas engraçadas, sacanas, amorosas, religiosas. Vejamos alguns versos que ele produziu para o nosso bem estar:

I

A lua tão branca e bela,
A mandado de Jesus,
Debruçou-se na janela
E pulverizou-nos de luz.

II

Ó milagroso Jesus!
A vós só peço justiça,
Fazei com que minha cruz
Seja feita de cortiça.

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segunda-feira, 15 de junho de 2009

LEMBRANDO JOÃO MACAÍBA

Macaíba era soldador de profissão, tocador de cavaquinho e dava-se o gosto de fazer versos. Lembro-me dele (ele faleceu, salvo engano, há uns quinze anos atrás) nos anos sessenta tocando nas serestas realizadas no bar Beira Sesp , que marcou uma época no Assu. Pois bem, recebi de Chagas Matias (que é declamador e admirador dos poetas assuenses, irmão do poeta Ynamá Matias), uns versos do poeta Macaíba, que diz assim:

Chegando ao cemitério,
Bem triste fiquei pensando,
Fui também observando
Que a vida é um mistério.

Quem tinha tanto império,
Tem sua vida acabada,
Pisei numa cruz quebrada
Bem em cima de uma cova,
Aquilo serviu de prova,
Que o pecador não é nada.

Ao chegar ao corpo santo,
eu vi a cada jasigo,
Nome de poetas amigos,
A quem pude lembrar tanto.

Não pude enchugar meu pranto,
De lágrimas sentimentais,
São momentos naturais,
E coisas que são concretas,
Ir a cova dos poetas,
Que foram e não voltam mais.

Quando eu for esta viagem,
Meu povo, não seja ingrato,
Me botem junto a Renato
Ou a manoel de Bobagem,

Me prestem esta homenagem,
Já que fui um João Ninguém
E na cruz o nome que tem
Só um "P" aparecendo,
Pra alguém sair dizendo,
João foi poeta também.

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domingo, 14 de junho de 2009

SÃO JOÃO, O PADROEIRO DO ASSU

Entre os dias 14 e 24 deste mês, é muita festa na cidade de Assu, um dos municípios da maior importância para o Rio Grande do Norte e para o Brasil, por que não dizer assim? Dia 20, será a "Noite da Colônia Assuense em Natal, Celebração da sexta novena e apresentação no palco (que fica instalado na praça Getúlio Vargas, entre a igreja Matriz e a Casa Paroquial) da cantora assuense Fadja Lorena, bem como será apresentado o terceiro Arraiá do Reencontro, ainda mais um shoow com apresentado pelo Os Nonatos, animando a galera. Lá pelas 22 horas, será realizado a Festa do Reencontro, no salão da Associação Atlética Banco do Brasil - AABB (que há décadas, vem emprestando o seu clube a sociedade assuense), que vai até o raiar do dia, ao som da orquestra Losmanos. Ainda terá na praça apresentação do cantor José Orlando, e Inala. Dia seguinte (21), começando pelas 11 horas, será realizado o tradicional Almoço de São João. Reencontro da sociedade assuense (ricos e pobres), no Largo Maria Eugênia (praça da matriz). A animação será dos músicos assuenses Carlos Bem e Nelsinho (meus grandes amigos), durante todo o dia. Lá pelas 20 horas, após a cerimônia religiosa, a Orquestra Filarmônica Maestro Cristóvão Dantas se apresentará para o povo em geral, seguido do shoow do asuense cantor sertanejo Bebeto, bem como apresentação dos músicos (um dos maiores ícones da canção brasileira) Zezé de Camargo e Luciano, além da banda Balanço de Menina.
Para participar daquela festa não precisa convite, nem pagar ingresso, não. Ela é nossa, do povo!
O Assu é uma cidade acolhedora, recebe seus visitantes com prazer e de braços abertos. Quem lá chegar não quer mais sair. Logo se casa, fica enraizado como a carnaubeira (uma espécie de palmeira então abundante no Vale do Assu), no dizer do poeta Renato Caldas. A cidade oferece estrutura para receber bem os turistas, têm o que motrar aos seus visitantes, como seus casarões centenários, seus balneários, seus belos açudes, sem esquecer seus Baobás da Lagoa do Piató. Afinal, o "Assu é +", é uma cidade plurarista, onde acontece de tudo. É a Terra dos Poetas, jornalistas, escritores, têm tradição de pioneirismo. É a terra norte-riograndense que depois de Natal, mais poeta teve, alguns deles de fama nacional como o poeta matuto Renato Caldas. Pois bem, Assú é uma cidade festeira, mesmo. É como disse certa vez, o ex governador do Estado potiguar Geraldo Melo, em resposta a uma pessoa que lhe pedira uma ajuda financeira para realizar uma festa na sua cidade: "Quer festa, minha senhora? Vá pro Assu que lá tem todo dia!"
Estarei lá, na minha querida cidade do Assu, nos próximos dias 20 e 21, para abraçar velhos amigos, recordar, comer uma galinha caipira torradinha, um filé de peixe no Restaurante do Dida Bola, acompanhado de uma geladinha "que ninguém é de ferro."'

EM TEMPO: O Assu, por volta de 1700, já fora denominado (antes de Vila Nova da Princesa) de Freguesia de São João Batista, Julgado de São João Batista, povoação de São João Batista da Ribeira do Assu. E o seu padroeiro já era o glorioso São João, que tinha o seu próprio patrimônio, como terrenos e fazendas. Celso da Silveira, em depoimento a Ferreira Nobre, transcrito no seu livro intitulado "Breve Notícias Sobre a Província do Rio Grande do Norte", diz que "o patrimônio de São João Batista foi feito de três Vezes: A primeira em 1712, por Sebastião de Souza Jorge, que deu o terreno estritamente necessário a construção da Matriz e da Paróquia; a segunda, em 12 de outubro de 1774, por dona Clara de Macedo, que doou 75 braças menos dois palmos. A terceira, finalmente, pela mesma dona Clara de Macedo, que doou a maior parte dos terrenos ao patrimônio no dia 6 de outubro de 1777."

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sexta-feira, 12 de junho de 2009

É DIA DOS NAMORADOS

ROSA

Rosa era preta. A lânguida mocinha
A pobre Rosa, a filha de africanos.
De braços lisos, de minguados anos
Todas as tardes ao ribeiro vinha...

Era, na primavera, uma andorinha
Desconhecendo a língua dos profanos,
Desconhecendo os saturnais enganos...
Era faceira, a lânguida negrinha.

Amou, porém. Um dia indo ao ribeiro,
(passava um branco moço cavaleiro)
Seu pobre coração pulsou baixinho...

Vozes de amor seu coração falava...
E quando longe o cavaleiro errava
Lembrava a moça um rouxinou sem ninho.

João Lins Caldas

quinta-feira, 11 de junho de 2009

POEMA

Alguém me chamou de feliz criatura
Sem conhecer meu padecer profundo
Mas tem razão: como há de ver o mundo
Se eu mostro um riso que só diz ventura?
Falo, por toda parte carregando
O riso domador e venturoso,
Eu mostro a forma do primeiro gozo
Mil vezes tendo o coração chorando.

Porque na vida o necessário pranto
Veste de luto a lágrima do riso?
Porque na festa o meu tormento aviso
Com a festa negra do meu rubro canto?
E de tantas misérias a delícia,
De tanta dor o coração se forma
Que eu julgo ver a lânguida reforma
De cada dor no seio da carícia.

João Lins Caldas
Assu, 1909.

quarta-feira, 10 de junho de 2009

A CAMPANHA ABOLICIONISTA, O BARÃO E A BARONESA DE SERRA BRANCA

Baronesa de Serra Branca Belizária Lins Wanderley de Carvalho e Silva.

Decreto que agraciou Felipe Néry de Carvalho e Silva Barão de Serra Branca.

A Campanha Abolicionista em Assu foi feita com muita euforia. Criaram a "Libertadora Assuense", presidida pelo vigário Antônio Germano de Barbalho Bezerra que obteve vitória, libertando a 30 de março de 1880, os 54 escravos existentes em Assu. Movimento este comemorado com muita festa. O Barão de Serra Branca Felipe Néry de Carvalho e Silva, ofereceu um banquete no sobrado (atual Casa de Cultura) onde ele residia com sua mulher Belizária Lins Wanderley de Carvalho e Silva (Baroneza de Serra Branca por casamento com Felipe Néry), servido por ela, Belizária, a todos os escravos libertados, existentes em Assu. A Felipe, foi decretado o título de Barão de Serra Branca, a 19 de agosto de 1888, pela Princesa Isabel quando governava o Brasil.

Depõe Lauro Antônio Bezerra (história contada por seu avô Antônio Bezerra) que Felipe Néry "costumava reunir os escravinhos pequenos para que eles tocassem e cantassem." Felipe nasceu em Santana do Matos e faleceu próximo a Caicó (RN), quando retornava de uma viagem que fizera a Juazeiro do Norte (CE), para visitar padre Cícero Romão Batista..

Felipe Néry (1829-1893) foi político, deputado provincial de 1878-79 e 1880-81, além de tenente-coronel da Guarda Nacional. O casal Belizária e Felipe Néry não deixou descendência. Alba Fonseca de Sá Leitão, salva engano, prima ou sobrinha segunda de Belizária, casada com José Wanderley de Sá Leitão (ambos assuenses e atualmente residindo em Natal), herdaram parte do patrimônio daquele ilustre casal que engrandece a História do Assu.

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terça-feira, 9 de junho de 2009

CONFRATERNIZAÇÃO DA COLÔNIA ASSUENSE EM NATAL

Da direita para esquerda: Cristóvão Ramalho, Souza Junior (Juninho), Mário Amorim e Fernando Caldas.
Na manhã deste último sábado, realizou-se na Igreja de São João Batista, de Natal, a tradicional missa (dos assuenses radicados naquela capital), promovida pelo Centro Assuense em Natal - CAN, entidade presidida pelo advogado Francisco de Souza Junior (Juninho). Após aquele ato religioso, deu-se início o café da manhã, no salão de recepção daquela igreja, seguido mais tarde, de uma festa dançante no salão da Associação Atlética Banco do Brasil (AABB de Natal). Compareceram centenas de assuenses, como Cristóvão Ramalho (funcionário do INSS), Souza Junior (Juninho), dr. Mário Amorim (diretor na EMATER), Fernando "Fanfa" Caldas (autor deste Blog), Vice-prefeito do Assu Alberto Luiz, além do presidente da Funasa Zeca Abreu, dr. Anóbio Junior, empresário Gustavo Montenegro Soares, dr. Francisco Das Chagas Pinheiro (Chaguinha), além do jovem e dinâmico prefeito da terra assuense Ivan Junior que fez presença na AABB, onde cumprimentou todos os assuenses ali presentes, bem como Francisco das Chagas Azevedo (Secretário de Agricultura do Rio Grande do Norte), entre outros conterrâneos e amigos por demais conhecidos.

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sexta-feira, 5 de junho de 2009

ÍNTIMAS DE JOÃO LINS CALDAS

O grande bardo potiguar João Lins Caldas, era extremamente contrário ao casamento. Certa vez, recebera uma carta de seu único irmão chamado José Lins Caldas, que lhe pedira a sua opinião para se casar. E aquele vate solitário, solteiro convicto, respondeu conforme transcrito adiante:
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"(...) Mas que posso eu dizer quando mamãe aprova o teu ato, quando parentes o aprovam? Que vais bem encaminhado e... que fazes muito bem. Agora, se queres minha opinião a respeito do casamento... esse laço de moral que prende a humanidade - eu vou darte-a: Tolstoi, o gtrande Tolstoi da Russia, diz que, para o homem se casar, deve pensar vinte anos... Eu, porém, não posso deixar de, em parte, ser contrário a essa opinião. Quando o homem é, como tu, sem aspirações superiores às do sertanejo obscuro e trabalhador, o casamento deve ser o supremo ideal, o laço que o lace, a alma que o prenda... O primeiro caso, o juízo de Tolstoi, que aproveitem os loucos... Os iludidos das ilusões... Eu estou no caso. O casamento para mim mim seria a paralisação dos trabalhos com que sonho rendilhar o meu futuro distanciado e oculto... No teu caso, a mulher é o objeto principal, no meu é o segundo.

Casa... casa mas pensa... Mede os passos do passo que vais dar. Eu quase que não conheço a menina a quem amas, contudo a casa em que se acha é para mim uma recomendação suficiente. São regulares ou, mesmo boas, as informações que tenho tido a respeito da mulher que me queres dar por cunhada. Felecito-te por isto, me felicitando. Eu aceito-a como a uma irmã, de braços abertos. É preciso que mamãe veja nela uma filha e que essa nossa mãe ela veja uma mãe. Isto é necessário para que haja harmonia e na harmonia felicidade. Será assim? É só como serve. Essa mulher que aí tens a despejar-te carinhos e a renovar-me preces, vale a nossa preocupação mais constante. Ela continuará em tua companhia, não é assim? Ha de ser. Deve ser assim. Todo carinho para ela. Algum dia, quando eu, o louco de há muito tempo e o louco de muito sonho, realizar o velho ideal que o destino me emprestou no berço, hei de mostrar o muito que me vale essa mulher coberta de luto, carcomida de lágrimas. Beija-lhe as mãos todos os dias, todos os dias que te lembrares de mim. Por ora, vai cumprindo o teu dever. Reza o evangelho do teu amor, realiza o teu sonho no dia em que poderes e, sê feliz, se a minha bençam vale.
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(E Caldas desenganado de um amor desfeito, fracassado, escreveu ainda em Assu, estes versos datado de 24 (11 da noite) fevereiro de 1910, dizendo assim):
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Doente por não te ver, ver não te quero,
Dispenso-te a visita de saúde.
Dê-me Deus, que me vê, sempre a virtude
De, calado, sofrer meu desengano.

Infeliz que por ti meu sonho altero,
Tenho a crença feliz que não me ilude
De, perdido este amor profundo e rude,
Ser mais forte na vida e mais severo.

O amor que nos maltrata e às vezes mata
(É crença que agasalho, crença ingrata,
Crença que as asas levemente solta.)

Se, crescendo, não mata o que padece,
Morre no peito onde a desdita cresce
E o amor que morre para amar não volta.
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quarta-feira, 3 de junho de 2009

ELEICÃO PARA PREFEITO, 1972

Concentracão pública da campanha política de Walter Leitão e José André - Zezinho, em 1972, pela Aliança Renovadora Nacional - ARENA, contra Sebastião Alves e Elias Moreira - Lico, pelo Movimento Democrático Brasileiro - MDB, para prefeito do Assu. Em cima do carro de som (Rural), a escritora Maria Eugênia Montenegro (discursando) e, próximo a porta daquele veúculo), podemos ver o estudante José de Deus Alves dos Santos - Zé de Deus, hoje advogado. Era uma concetracão, salvo engano, das mulheres assuenses, em frente a prefeitura municipal. Walter e Zezinho, contavam com o apoio político do deputado Edgard Montenegro, e Sebastião e Lico, com o apoio do deputado Olavo Montenegro. Edgard e Olavo eram ferrenhos adversários na política local e Esrtadual. Fica, portanto, mais um registro sobre as campanhas políticas do passado, da terra de São João Batista.

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sexta-feira, 29 de maio de 2009

LEMBRANDO ZEZINHO ANDRÉ

José André de Souza ou Zezinho André, como era mais conhecido, era uma figura admirável. Eu morei próximo a sua casa (da rua Senador João Câmara), que eu passei a frequentar ainda menino, lá pelos idos dos anos sessenta e começo de setenta, como amigo de toda sua família, principalmente dos seus filhos Reges e Rogério.
Lembro-me dele, Zezinho, participando ativamente da memorável campanha política de 1962, quando Walter Leitão - Golinha (meu tio-afim), que tinha como seu vice-prefeito Francisco Assis da Cunha - Chico Pacaré, sogro de Zezinho, disputando a prefeitura do Assu, contra Maria Olímpia Neves de Oliveira - Maroquinhas, numa campanha da mais tensa e intensa que o Assu já viveu. Naquela eleição, Zezinho era candidato a vereador pela UDN - União Democrática Nacional, cuja bandeira no Assu, era empunhada pelo seu amigo e compadre, deputado e líder incontester Edgard Borges Montenegro.
Na iniciativa privada, Zé André, como era também conhecido, teve vários sucessos. Foi grande comerciante em Natal e no Assu, onde (no começo dos anos setenta) foi propritário de posto de gasolina, comprava e vendia castanha, peles e couros, produtos que ele comercializava com grandes empresários exportadores cearenses, entre outras atividades empresariais.
Figura aparentemente agradável, decidido, bom amigo, franco, sortudo, ganhador de loterias, extremamente vaidoso. No começo dos anos setenta, esnobava com o seu Dodje Dart cupê. Naquele tempo, era o único veículo de luxo existente no Assu e região.
Lembro-me dele, Zezinho, candidato a vice-prefeito do Assu, na chapa encabeçada por Walter Letão, nas eleições de 1972, pela ARENA - Aliança Renovadora Nacional, contra Sebastião Alves que tinha o apoio do prefeito João Batista Montenegro. E Zezinho e Walter, estruturados e embalados por uma marchinha (paródia) que pegou pra valer, ganharam a eleição folgadamente. E o povo cantava nas ruas do Assu, a seguinte marchinha: "(...) mas eu agora, não lhe dou satisfação, vou dar meu voto a José André e a Walter Leitão (...)."
Zezinho viveu tempos de glórias na política da terra assuense, graças o seu carisma e a sua determinação. Em sua casa (sou testemunha ocular), ele fora visitado muitas vezes, por influentes políticos da terra potiguar, como José Agripino, quando candidato ao governo do Rio Grande do Norte e já governador, além do deputado Vingt Rosado, prefeito de Mossoró Dix-zuit Rosado, deputado estadual Willy Saldanha, senador Jessé Freire, deputado federal Jessé Freire Filho (Jessezinho), dentre outros da terra potiguar, que tiveram o seu apoio político no Assu.
A campanha de 1982, foi a que mais marcou a sua trajetória política. Seus amigos e correligionários, entusiasmados com a sua candidatura para prefeito da terra assuense, custearam as despesas de campanha, organizaram as passeatas (que deixaram tontos seus adversários), como Arnóbio Abreu (do MDB), Ronaldo Soares e Herval Tavares que, como ele, Zezinho, disputavam também aquela prefeitura pelo PDS - Partido Democrático Social.
Afinal, é preciso registrar que um dia, Zezinho se fez líder incontestável, carregado nos braços do povo, nas praças e nas ruas da sua amada cidade de Assu.
Descança em paz valente lutador, ao lado dos seus e de Deus. Durma o sono dos justos, dos humanos.
Fica aqui nestas singelas palavras, a minha saudade e registrado o meu abraço solidário a Dasdores, extensivo a todos os seus familiares.
Fernando Caldas

quarta-feira, 27 de maio de 2009

TIPOGRAFIA, JORNAL E TEATRO NO ASSU

João Carlos Wanderley foi quem em 1865, instalou a primeira tipografia no Assu. Olavo de Medeiros Filho (num artigo publicado no Jornal da Colônia Assuense, nº 3), depõe que "causava admiração o fato de a cidade contar com três tipografias, onde já havia sido impresso diversos jornais em épocas passadas, e nas quais eram publicados, em 1881, "O Brado", "Conservador", "O Jornal do Assu" e "A Cidade". - Este último circulou durante 25 anos, sobre a direção dos irmãos Palmério Filho, Otávio Amorim e Francisco Amorim, respectivamente diretor, redator e gerente.

O primeiro teatro era denominado São José, inaugurado a 19 de março de 1884, instalado num casarão da rua das Flores (onde mora a viúva de Sandoval Martins), esquina com a atual prefeito Manoel Montenegro e a travessa Pedro Amorim. Depois veio o Tetro São João, inaugurado a 24 de fevereiro de 1892, funcionando até 1897, bem como o teatro Alhambra que fazia suas exibições cênicas num antigo sobrado edificado ao norte da ireja Matriz de São João Batista (onde funcionou o escritório do DNOCS, hoje totalmente remudelado para funcionar o CDL - Clube de Diretores Logistas de Assu).

Outros grupos de teatros surgiram no Assu, como o Grupo Dramático Juvenil Assuense, que fazia suas exibições no teatro Alhambra, bem como outros organizados por João Marcolino de Vasconcelos (na década de sessenta), que fazia suas apresentações no palco da Sede dos Escoteiros, e por Ivan Pinheiro, na década de setenta.

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domingo, 24 de maio de 2009

ELEVAÇÃO DO AÇU

De Freguesia de São João Batista, da Ribeira do Açu, começou o desenvolvimento daquela região. O povo criava gado, cultivava a lavoura e instalava as Oficinas de Carne de Seca (se não foi a primeira, pelo menos, foi uma das primeiras charqueadas do Brasil). No desenvolvimento da pecuária foi pioneiro Manuel Filgueiras que chegou na região com um pequeno rebanho, tornando um fator comercial de muita importância. "O movimento de carnes e coiramas atraia as Oficinas três a quatro barcos, todos os anos, trazendo mercadorias." (A República, nº 160, de 9 de abril de 1892).

Depõe Nestor Lima que "em fins 1775 para 1776, a Freguesia de São João Batista "tinha quarenta léguas de comprimento por vinte de largura e o seu padroeiro já era o glorioso São João Batista." Elevou-se a município com a denomição de Vila Nova da Princesa, conforme Ordem Régia de 22 de julho de 1776. Foram, portanto, 57 anos de vila que tinha o seu próprio patrimônio, como terrenos e fazendas.

Celso da Silveira depõe que "O patrimônio de São João Batista, foi feito de três vezes: A primeira em 1712, por Sebastião de Souza Jorge, que deu o terreno estritamente necessário a construção da Matriz e da Paróquia; a segunda, em 12 de outubro de 1774, por dona Clara de Macêdo, que doou 75 braças menos dois palmos. A terceira, finalmente, pela mesma dona Clara de Macêdo, que doou a maior parte dos terrenos ao patrimônio no dia 6 de outubro de 1777." Está assim transcrito no livro "Breve Notícia Sobre a Província do Rio Grande do Norte", de Ferreira Nobre.

Criou-se então a Câmara Municipal, primeira organização de um governo local, em 1786, e instalada a 11 de agosto de 1788, sobre a presidência do Juiz Ouvidor e Corregedor da Paraíba, Antônio Phillipe de Andrade Brederodes. Foram membros daquela câmara (que tinha poder de administração), da recém criada Vila Nova da Princesa, os senhores Francisco da Silva Bastos, Francisco Dantas Barcelar, João Mendes Monteiro e Antônio Correia de Araújo Furtado.

De Freguesia de São João Batista da Ribeira do Açu, Julgado de São João Batista da Ribeira do Açu, Povoação de São João Batista da Ribeira do Açu, Vila Nova do Príncipe, Vila Nova da Princesa (também chamava-se aquela região de Vila do Açu) passou a ter foros de cidade, através da Lei º 124, originária do projeto de 30 de setembro que, em 16 de outubro de 1845, aprovado e sancionado pelo presidente Casimiro José de Morais Sarmento, com a denominação de Assú.

E Assú foi a segunda cidade, bem como um dos centros mais antigos da Província do Rio Grande, já com tradição de inteligência e heroísmo. Teve até Capitão General, patente que nem a própria capitania nuca teve. Foi autor da lei que deu foras de cidade de Assú, o assuense deputado provincial João Carlos Wanderley (1811-1899), que também presidiu aquela província, na qualidade de 1º vice-presidente, durante alguns meses dos anos de 1847,48, 49 e 50.

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sábado, 23 de maio de 2009

DE TABA-AÇU A CIDADE DE ASSU


Por volta de 1650 habitavam a região do Assu, os indígenas. Ficaram notabilizados de Janduís. Aquele lugar era denominado Taba-Açu, que quer dizer Aldeia Grande na linguagem Tupy-Guarany. Eram guerreiros, ferozes, supersticiosos e extremamente selvagens. Viviam quase nus, vestiam apenas uma pequena saia feita de palha de carnaubeira ou carnaúba (árvore nativa então abundante naquela região). Para sobreviver, os Janduís alimentavam-se de frutas, mel e raízes. Caçavam os veados (matavam e comiam somente as suas tripas cruas) e pescavam preferencialmente as traíras (peixe de água doce muito comum nos rios e lagoas).

Até a década de 1686/1696 os indígenas punham em pânico as hostes portuguesas, atacando-as até as proximidades da Capitania do Rio Grande. Na chegado dos brancos, foram eles dominados e eliminados quase por completo. Foi uma guerra sangrenta que a história denominou de Guerra dos Bárbaros ou Guerra dos índios também registrado na história de Guerra do Açu.

Agostinho César de Andrade, capitão-mor daquela capitania, sem poder cumprir a Ordem Régia, deu lugar ao seu sucessor capitão-mor Bernardo Vieira de Melo que veio a Ribeira do Açu, chegando a 6 de fevereiro de 1696, de acordo com o Ouvidor Geral Cristóvão Soares Reymão, acompanhado de 30 soldados negros, procedentes da Capitania de Pernambuco.

Arraial de Santa Margarida, data de 20 de julho de 1687, Arraial de Nossa Senhora dos Prazeres, fundado por Bernardo Vieira de Melo, à 24 de abril de 1696. "Sendo o dia 24 de abril consagrado a Nossa Senhora dos Prazeres, é natural que fosse o da fundação do Arraial. Porque costumam os portugueses assinalar os seus feitos com o nome do santo do dia." (Capitães Mores).

Os Tapuias (chefiado por Janduí) e os Janduís (travaram novas lutas sanguinárias contra os colonizadores em defesa de suas terras, preferindo a morte a serem subordinados e subjugados pelos portugueses e colonos. Nestor Lima depõe que "a colonização da Ribeira do Açu teve, porém, enormes dificuldades opostas pelos naturais da terra, numerosa tribo Tapuia, que declarou guerra de morte aos colonizadores, a quem causava toda sorte de danos em medonhas investidas."
E Taba-Açu se tornou então a Freguesia de São João Batista da Ribeira do Açu, Julgado de São João Batista da
Ribeira do Açu, Povoação de São João Batista da Ribeira do Açu, Vila Nova do Príncipe, Vila Nova da Princesa (também chamada de Vila do Açu), elevou-se a município com a denominação de Assú.

Fernando Caldas

segunda-feira, 18 de maio de 2009

CONTO

SANTA TEREZA

*Por Ivan Pinheiro

Apressa menina, senão vamos chegar atrasados! - Gritou Dona Francisca para sua filha Tereza.
A garota estava ansiosa e nervosa. Este dia era esperado há muito tempo. De família extremamente religiosa, ela tinha um sonho: se confessar com Frei Damião - o santo milagreiro do povo nordestino.
A década de sessenta tinha sido difícil para os nordestinos: estradas precárias, falta de energia em quase todos os lugares, meios de transporte escassos, falta d'agua nos sertões secos... Este quadro foi diversas vezes bem retratado nas poesias de Renato Caldas, José Coriolano, Francisco Amorim, Chico Traíra e tantas outras feras da li-teratura poética que habitavam a região do Vale do Açu.
A pequena comunidade de Juazeiro, onde residia à família de Dona Francisca ficou praticamente desabitada. Até o velho Lourenço que estava acometido de um forte reumatismo, viajou para a cidade do Assú numa carroça para participar da missão de Frei Damião e Frei Fernando, dois frades pertecentes à Ordem dos Capuchinhos que percorriam as cidades da região Nordeste, como andarilhos das estradas afora, a levarem às pessoas a mensagem do evangelho com muito radicalismo e muita fide-lidade aos ensinamentos bíblicos.
Quando a família de Tereza chegou defronte à Matriz de São João Batista, a luz solar já começava a desaparecer no horizonte. A multidão se comprimia para tocar em Frei Damião na sua "procissão de penitência", da casa paroquial à igreja, passando lentamente entre os fiés.
Era a última missa do dia. Dela participaria certamente o maior número de católicos. Em decorrência do atraso, toda família de Tereza teve de ficar em pé. A celebração começou pontualmente às dezoito horas.
"No inferno o calor é bilhões de vezes pior que no Nordeste. As labaredas sobem e queimam sem parar o corpo dos adúlteros, das prostitutas, dos afeminados e dos criminosos..." - Disse o Frei na abertura de sua homilia com a voz rouca, quase inaudível.
Depois da pregação foi formada uma fila quilométrica para confissões. Sentado num tamborete de madeira, o frade capuchinho escutava cada devoto com muita atenção, olho no olho, o cotovelo no joelho e a mão no queixo apoiando a cabeça. Desta posição quase não se mexia, vez por outra, parava por alguns segundos para tomar um golinho de café bem forte. Afinal precisava de resistência para adentrar até altas horas da noite.
Tereza estava na fila acompanhada pelos seus pais. Estava nervosa... Era a primeira vez que iria se encontrar com Frei Damião. Não bastasse, estava alí com o privilégio de se confessar com ele. Tinha plena certeza de que aquele momento marcaria sua vida, realizaria um sonho, fortaleceria sua fé no catolicismo e a devoção pelo Santo milagreiro do sertão.
A fila andava lentamente. Quando Tereza conseguiu chegar à porta principal da Matriz, fez um sinal da cruz, dobrou-se num gesto de respeito e adoração ao santíssimo. Verificou seu vestido branco de cambraia bordada para ter a certeza de que ele estava bem composto... Ajeitou a mantilha na cabeça, segurou com as duas mãos o terço e começou a rezar incessantemente. Suas feições eram como se estivesse caminhando rumo ao céu. Vez por outra, era interrompida pelos cochichos da mãe que estava por trás.
- Cuidado com o que vai dizer minha filha. Não quero que Frei Damião lhe passe nenhum castigo. Ele é um santo.
- Pode deixar mamãe, eu vou tomar muito cuidado.
O pai de Tereza vendo que a mãe estava exagerando tentou aliviar a pressão.
- Francisca, deixa a menina em paz! Vai dar tudo certo. Afinal Tereza já tem 14 anos. Está bem grandinha, sabe se pecou ou não.
Mesmo a contragosto, a mãe se comportou melhor. Já passava das oito da noite quando chegou o momento crucial. Tereza chegou perante o capuchinho, curvou-se, fez o sinal da cruz e ajoelhou-se. Ela tinha a certeza de que estava ali diante de um homem diferente... De alma pura. Frei Damião a encarou e ela, na sua ingênua timidez, baixou a vista.
- Conte seus pecados minha filha... - Falou pausadamente o Frei.
Tereza ficou calada. Olhou para ele como que pedindo socorro. O nervosismo era tanto que as palavras não chegavam nem a serem balbuciadas.
Está nervosa, menina? Calma! Vou lhe ajudar. Tudo que eu perguntar você vai dizendo se fez ou não. Já desejou mal ao próximo?
- Não senhor Frei Damião!
- Já desrespeitou pai e mãe?
- Ave Maria... Deus me defenda!
- Já levantou falso testemunho?
- Nunca! Deus me guarde!
- Já sentiu inveja de alguém?
- Jamais! Deus me castigue se isso acontecer.
Frei Damião olhando cara a cara para a adolescente, mais uma vez, perguntou:
- Qual o seu nome garôta?
- Maria tereza da Silva - Respondeu Tereza com voz trêmula, instante em que Frei Damião lhe anunciou a penalidade:
- Faça o seguinte minha filha: se levante, procure um altar aqui na igreja e fique lá... Santa Tereza!


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POESIA

GARIMPEIRO DA ILUSÃO

Tal qual, os garimpeiros,
aventureiros,
mergulhado, nas águas
turvas dos ribeiros,
a procura do ouro!...
Eu, em vão procuro
no caudal das minhas máguas
um oculto tesouro.
Trabalho noite e dia,
a cata de ilusões...
necessito apenas de alegria,
pra amenizar
minhas decepções!
E, quanto mais procuro,
mais escuro
parece ficar
o corrente das minhas fantasias.
Na ansiedade
de encontrar
me aprofundo nás águas...
Ao retornar,
trago nas mãos
lavadas e vazias...
... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... .
... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... .
E a razão
me diz: -
Garimpeiro infeliz
da ilusão,
Por que?... e para que
tanto labor?!
Jamais terás a palma
de encontrares no fundo
da tu'alma,
outra coisa a não ser,
a SAUDADE e a DOR.

Renato Caldas

sábado, 16 de maio de 2009

O CABAÇO DE DASDORES ABRIU-SE EM BANDAS

*Por Gilberto Freire de Melo

Quem não viveu, mas se aventurou pela várzea do Açu, certamente participou do crucial e ao mesmo tempo divertido processo de extração da cera de carnaúba. Ou, no mínimo, conviveu com a população afeita às tarefas dessa atividade.

Na indústria rudimentar de extração da cera de carnaúba, havia, dentre outros, o processo de batimento para decolar o pó existente nas palhas que, depois de secas, eram transpotadas, em trincheiras, pelos homens e batidas, a cacetes, pelas mulheres, num processo trabalho manual feito à noite para evitar que os ventos prejudicassem a fixação do pó, que mais tarde seria transformado em cera, no piso que era igualmente forrado por lona para que não se misturasse com areia. Cada rachador tinha a sua ou as suas batedeiras, pois os mais habilidosos rachavam palhas para mais de uma mulher.

Não havia trabalho mais árduo, porém, ao mesmo tempo, mais divertido. As pilhérias, as chacotas, os ditos, as brincadeiras amenizavam as asperezas e divertiam sempre, sem, porém, ofender pessoas ou ferir a dignidade das famílias, moças, senhoras e crianças que ali trabalhavam. Uns cantavam "cocos" e "emboladas" ao rítmo do batuque improvisado por alguém mais competente que soubesse arremedar a batucada do "baião". O que não deixava, entretanto, de reservar certas intimidades a casais, dada a aproximação que, evoluindo, entremeava-se de afeto, de contatos, de esfregação, de namoro e de xamego, num ambiente estritamente de trabalho, porém com doses de acentuados encantos e estimulantes sexuais.

Como ninguém é de ferro, vez por outra alguém passava os pés adiante das mãos e os tampos voavam.

Foi o que ocorreu com Dasdores, filha de Zé Beradeiro, um cinquentão respeitável, trabalhador, de procedência ignorada, porém com muitos indícios seridoenses. que alí viera ter ainda moço e ali contituíra numerosa família, após seu casamento com Maria do Rosário, uma varziana de dezoito quilates.

Dasdores, já moça feita, era a filha mais velha do primeiro casamento de Zé Beradeiro que inviuvara e vivia àquela época, com D. Esmerina, com quem os filhos se davam relativamente bem, sem ter que se queixar. Com atrativos e exuberâncias capazes de desarticular exércitos, Dasdores engraçou-se de Chico Bozó, fornido caboclo, rachador de palhas, bem parecido, que não desmerecia a família da namorada e que rachava palha para Dasdores bater.

Zé Beradeiro, num daqueles famosos batimentos de palha, surpreendeu casualmente uns lances de que não gostou. Sua filha, Dasdores, se espojava com o namorado, Chico Bozó, sobre uns montes de palha batida, fora da empanada, a quem se entregava de corpo e coração, sem qualquer reserva. O pai ficou calado, porém furioso, e no outro dia, chamando o conquistador aos carretéis, disse não aceitar o que havia presenciado, sendo necessário providenciarem o casamento. Chico, o sedutor, argumentou que precisava pensar, pois casamento era coisa séria. Zé Beradeiro, que também não estava brincando, disse que não queria conversa. E não estava disposto a bater boca. Queria uma decisão.

Os ânimos se alteraram e Zé Beradeiro acabou ouvindo o que não queria:

- A sua filha não era mais moça e eu não sou pedreiro pra tapar buraco de ninguém. Ela já é de maior e pode procurar seus direitos.

Zé Beradeiro, porém, não engoliu o bocado. E não era para um pai de família ficar calado diante de semelhante situação. Tinha que tomar alguma providência. Nem que fosse a última decisão de sua vida. Não podia aceitar a desonra da filha, de seu nome e de sua família. Não seria qualquer Chico Bozó que iria desfeiteá-lo. Tinha pouca coisa na sua vida e a honra da família era o mais importante. Teria que agir ligeiro, antes que o atrevido comentasse com alguém e se espalhasse o boato de sua desdita. Era questão de vida ou morte.

O desapareciemento de Chico até que não foi notado imediatamente, vez que ele era acostumado a sumir por alguns dias, visitando alguns parentes, reapareccendo, em seguida, pouco tempo depois. Mas não tanto assim como da última vez. Já dava o que falar. Parentes seus perguntavam sem obter qualquer notícia.

Foi-se avolumando a ausência de Chico, já consubstanciada pelos boatos do namoro que tivera, conforme insinuações motivadas por gabolices do próprio, de intimidades mantidas com a filha de Zé Beradeiro. Dissera ainda a alguns vizinhos que ela não era mais moça. E que fora chamado às favas pelo pai que queria casamento. E que ele não era otário para pagar pecado que não havia cometido.

Os comentários se faziam e nada de Chico aparecer. Já fazia mais de um ano que havia sumido. Zé Beradeiro, há muito, havia-se mudado dali com a família.

A polícia, tomando conhecimento do sumiço do homem através de queixa prestada por familiares, abriu inquérito e passou a ouvir pessoas da localidade. O próprio Zé Beradeiro fora localizado e ouvido, com sua filha, pelo delegado. Permaneceu preso ainda, por alguns dias e solto depois, enquanto se investigava o caso que, por falta de qualquer prova, acabou arquivado o processo e esquecido o assunto. Só que os familiares não aceitavam e mantinham a suspeita do assassinato de Chico. Mas como provar se nem o cadáver aparecia?
Não se podia justificar. O sumiço de Chico deixava inconformados os seus parentes. E Seu José também havia saído do cenário da culpa.

A família de Chico apelou para tudo. Chegou até a insinuar que, em certo local, onde se havia construído uma vila de casas residenciais, ali antes, Chico havia sido enterrado. Derrubaram-se algumas casas, sem qualquer sucesso, até que desistiram dada a inconviniência de se derrubar todo o arruado.

Dasdores, noutras paragens, já com os burros n'agua, passou a viver amancebada com um vaqueiro com quem teve alguns filhos sem maldizer a vida e sem queixar da sorte.

O sedutor é que nunca justificou o seu desapracecimento.

* Gilberto Freire de Melo é sociólogo, escritor potiguar de Pendências

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PELO DIA DA CONSCIÊNCIA NEGRA Se Guilherme de Almeida escreveu 'Raça', em 1925, uma obra literária “que tem como tema a gênese da na...