segunda-feira, 29 de junho de 2009
VEREADOR PRESEPEIRO
CENTRO SPORTIVO ASSUENSE
domingo, 28 de junho de 2009
POESIA
sábado, 27 de junho de 2009
GUIMARÃES, UM AMIGO LEAL
Francisco Guimarães Saraiva, mais conhecido como Guimarães, era uma figura extrovertida, carismática. Ele foi meu amigo e contemporâneo nos velhos tempos do Ginásio Pedro Amorim e do Centro Regional de Escoteiros do Assu (onde jogamos futebol), nos idos de sessenta e setenta. No Assu, sua terra amada, viveu a sua infância, adolescência, juventude e parte da maturidade. Tempos depois, já aposentado, salvo engano, passou a morar em Itajá, vivendo em paz com Deus e com os homens como sempre viveu, admirando a beleza da Barragem Ribeiro Gonçalves, comendo um peixe frito, pescado na hora. Pena que ele partiu para o outro lado. A útima vez que nos encontramos foi em Natal, há poucos anos atrás. Ele falva tanto sobre seus familiares e dos sonhos que deseja tornar realidade!
Guimarães, Jesus Cristo certa vez, disse que "o grão para ser fecundo terá que morrer." E assim vai ser com todos nós.
Você se foi, mas deixou a saudade no coração de todos aqueles que viviam em seu entorno, que lhe admiravam. Você deixou o exemplo da lealdade, da honestidade, da mão estendida para ajudar ao próximo, do companheirismo, afinal, o exemplo também de bom esposo, de bom filho, de bom pai, de bom avô, de bom amigo que o foi.
Você olha meus defeitos
Quer até me censurar
Sabendo que não tem direito
Porque vives a errar
Olhaste tanto pra mim
Que esquecestes do que é teu
Talvez nem percebeu
Que não és certo como eu
Porque você não observa
Que a vida é mesmo assim?
Uns não gostam de outros
E... Outros de outros sim!
Tudo que eu quero tenho
Pode chorar e pular
Mas viva a sua vida
Não viva pra me olhar
Na mimha vida de errante
Que por sinal tive sorte
Só quem pode concertar
É DEUS com uma boa morte.
Fernando Caldas (Fanfa).
RELEMBRANDO CELSO DA SILVEIRA
sexta-feira, 26 de junho de 2009
POESIA DE RENATO CALDAS
Senhor: eu não acredito
Que ninguém escute o grito
De angústia que a fome tem.
Não quero saber quem foi,
Quem inventou o perdoe...
Se negando fazer bem.
A espécie humana rasteja,
Sem saber o que deseja
Nem mesmo para onde vai...
É marcha hostil da matéria,
Caminha tropeça e cai.
Não sei no mundo o que fui
Fui talvez Edgar Poe...
Um Agostinho... Um plutão...
Nos festins da inteligência,
Mergulhei a consciência
E o vício estendeu-me a mão.
Na estrada dos infelizes
Na confusão dos matizes,
Nascem as flores também!
Sim, nos cérebros dos pobres
Há pensamentos tão nobres...
Ninguém conhece ninguém.
Fui nômade! Aventureiro,
Fui poeta seresteiro,
Um lovelace também!
Amei demais as mulheres
E procurei nos prazeres,
Marchar a face do bem.
Hoje, sinto a claridade,
Tenho, pois, necessidade
De meu passado esquecer.
Pouco importa os infelizes
À marcha das cicatrizes...
Se deixarem de doer.
Já viu lavar a desgraça?
Ou afogar na cachaça
A vergonha... a precisão?
É a fome conveniente
De tornar-se indiferente...
Podendo estender a mão.
Uma esmola por caridade:
É a voz da humilhação,
Morrendo de inanição
Não diga nunca perdoe,
Não queira saber: quem foi!
Esse alguém... é vosso irmão.
ASSU ANTIGO
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quinta-feira, 25 de junho de 2009
quarta-feira, 24 de junho de 2009
ALMOÇO DE SÃO JOÃO BATISTA
AINDA SOBRE O SÃO JOÃO EM ASSU
Esquerda para direita: Fernando Caldas (Fanfa), o blgueiro de fatos políticos Juscelino França, o deputado federal Betinho Rosado, o ex prefeito do Assu Zé Maria Medeiros e o vereador Carlos Alberto Bezerra (carlinhos).
terça-feira, 23 de junho de 2009
MAIS UM POUCO DE JOÃO LINS CALDAS
Vais morrer, vais morrer... O cepo do marchante
E tu, pobre animal, sem crime e sem virtude,
Nunca mais hás de ver o teu curral distante.
Jamais hás de provar, num mourejar constante,
Entre vacas e bois, a revelar saúde
Das águas de cristal do mais sereno açude
Ou do verde capim do campo mais fartante.
A tua pobre carne há de servir de pasto...
E quando fores nada, quando fores gasto,
Te resta esse consolo, o consolo dos mortos:
Morreste por servir, alimentando vidas,
Muito franco pesar, muitas dores compridas,
Muitos cegos que vão pelos caminhos tortos...
TRÊS SERTANEJOS
segunda-feira, 22 de junho de 2009
VEREADOR ÁS DE COPA
VERDE E VERMELHO
NOTA
O autor deste blog, que tem a honra de tê-lo como primo e amigo, parabeniza aquela ilustre figura que dignifica o Assu e engrandece a política do Rio Grande do Norte.
Fernando Caldas
sábado, 20 de junho de 2009
Seis horas da tarde...
arde
em mim, a fogueira da ausência...
noltalgia!
A noite se debruça
nos escombros do dia.
- Evocação -
O sol vermelho cor de brasa,
desce, e a porta de sua casa,
acende uma fogueira a São João.
Fernando Caldas
quarta-feira, 17 de junho de 2009
AINDA SOBRE JOÃO MACAÍBA
Ninguém aquece o meu frio,
Ninguém mata o meu desejo,
E meio desesperado vejo,
Tanto tabaco no Rio.
Um homem sendo vadio,
Fica logo enfurecido.
Eu mesmo já dei gemido
Que estou me sentindo fraco
De olhar tanto tabaco
Eu eu com o nariz entupido.
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terça-feira, 16 de junho de 2009
TROVINHAS DE ZÉ AREIA
I
A lua tão branca e bela,
A mandado de Jesus,
Debruçou-se na janela
E pulverizou-nos de luz.
II
Ó milagroso Jesus!
A vós só peço justiça,
Fazei com que minha cruz
Seja feita de cortiça.
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segunda-feira, 15 de junho de 2009
LEMBRANDO JOÃO MACAÍBA
Chegando ao cemitério,
Bem triste fiquei pensando,
Fui também observando
Que a vida é um mistério.
Quem tinha tanto império,
Tem sua vida acabada,
Pisei numa cruz quebrada
Bem em cima de uma cova,
Aquilo serviu de prova,
Que o pecador não é nada.
Ao chegar ao corpo santo,
eu vi a cada jasigo,
Nome de poetas amigos,
A quem pude lembrar tanto.
Não pude enchugar meu pranto,
De lágrimas sentimentais,
São momentos naturais,
E coisas que são concretas,
Ir a cova dos poetas,
Que foram e não voltam mais.
Quando eu for esta viagem,
Meu povo, não seja ingrato,
Me botem junto a Renato
Ou a manoel de Bobagem,
Me prestem esta homenagem,
Já que fui um João Ninguém
E na cruz o nome que tem
Só um "P" aparecendo,
Pra alguém sair dizendo,
João foi poeta também.
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domingo, 14 de junho de 2009
SÃO JOÃO, O PADROEIRO DO ASSU
EM TEMPO: O Assu, por volta de 1700, já fora denominado (antes de Vila Nova da Princesa) de Freguesia de São João Batista, Julgado de São João Batista, povoação de São João Batista da Ribeira do Assu. E o seu padroeiro já era o glorioso São João, que tinha o seu próprio patrimônio, como terrenos e fazendas. Celso da Silveira, em depoimento a Ferreira Nobre, transcrito no seu livro intitulado "Breve Notícias Sobre a Província do Rio Grande do Norte", diz que "o patrimônio de São João Batista foi feito de três Vezes: A primeira em 1712, por Sebastião de Souza Jorge, que deu o terreno estritamente necessário a construção da Matriz e da Paróquia; a segunda, em 12 de outubro de 1774, por dona Clara de Macedo, que doou 75 braças menos dois palmos. A terceira, finalmente, pela mesma dona Clara de Macedo, que doou a maior parte dos terrenos ao patrimônio no dia 6 de outubro de 1777."
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sexta-feira, 12 de junho de 2009
É DIA DOS NAMORADOS
Rosa era preta. A lânguida mocinha
A pobre Rosa, a filha de africanos.
De braços lisos, de minguados anos
Todas as tardes ao ribeiro vinha...
Era, na primavera, uma andorinha
Desconhecendo a língua dos profanos,
Desconhecendo os saturnais enganos...
Era faceira, a lânguida negrinha.
Amou, porém. Um dia indo ao ribeiro,
(passava um branco moço cavaleiro)
Seu pobre coração pulsou baixinho...
Vozes de amor seu coração falava...
E quando longe o cavaleiro errava
Lembrava a moça um rouxinou sem ninho.
João Lins Caldas
quinta-feira, 11 de junho de 2009
POEMA
Sem conhecer meu padecer profundo
Mas tem razão: como há de ver o mundo
Se eu mostro um riso que só diz ventura?
Falo, por toda parte carregando
O riso domador e venturoso,
Eu mostro a forma do primeiro gozo
Mil vezes tendo o coração chorando.
Porque na vida o necessário pranto
Veste de luto a lágrima do riso?
Porque na festa o meu tormento aviso
Com a festa negra do meu rubro canto?
E de tantas misérias a delícia,
De tanta dor o coração se forma
Que eu julgo ver a lânguida reforma
De cada dor no seio da carícia.
João Lins Caldas
Assu, 1909.
quarta-feira, 10 de junho de 2009
A CAMPANHA ABOLICIONISTA, O BARÃO E A BARONESA DE SERRA BRANCA
terça-feira, 9 de junho de 2009
CONFRATERNIZAÇÃO DA COLÔNIA ASSUENSE EM NATAL
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sexta-feira, 5 de junho de 2009
ÍNTIMAS DE JOÃO LINS CALDAS
Infeliz que por ti meu sonho altero,
O amor que nos maltrata e às vezes mata
Crença que as asas levemente solta.)
Se, crescendo, não mata o que padece,
Morre no peito onde a desdita cresce
quarta-feira, 3 de junho de 2009
ELEICÃO PARA PREFEITO, 1972
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sexta-feira, 29 de maio de 2009
LEMBRANDO ZEZINHO ANDRÉ
quarta-feira, 27 de maio de 2009
TIPOGRAFIA, JORNAL E TEATRO NO ASSU
O primeiro teatro era denominado São José, inaugurado a 19 de março de 1884, instalado num casarão da rua das Flores (onde mora a viúva de Sandoval Martins), esquina com a atual prefeito Manoel Montenegro e a travessa Pedro Amorim. Depois veio o Tetro São João, inaugurado a 24 de fevereiro de 1892, funcionando até 1897, bem como o teatro Alhambra que fazia suas exibições cênicas num antigo sobrado edificado ao norte da ireja Matriz de São João Batista (onde funcionou o escritório do DNOCS, hoje totalmente remudelado para funcionar o CDL - Clube de Diretores Logistas de Assu).
Outros grupos de teatros surgiram no Assu, como o Grupo Dramático Juvenil Assuense, que fazia suas exibições no teatro Alhambra, bem como outros organizados por João Marcolino de Vasconcelos (na década de sessenta), que fazia suas apresentações no palco da Sede dos Escoteiros, e por Ivan Pinheiro, na década de setenta.
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domingo, 24 de maio de 2009
ELEVAÇÃO DO AÇU
Depõe Nestor Lima que "em fins 1775 para 1776, a Freguesia de São João Batista "tinha quarenta léguas de comprimento por vinte de largura e o seu padroeiro já era o glorioso São João Batista." Elevou-se a município com a denomição de Vila Nova da Princesa, conforme Ordem Régia de 22 de julho de 1776. Foram, portanto, 57 anos de vila que tinha o seu próprio patrimônio, como terrenos e fazendas.
Celso da Silveira depõe que "O patrimônio de São João Batista, foi feito de três vezes: A primeira em 1712, por Sebastião de Souza Jorge, que deu o terreno estritamente necessário a construção da Matriz e da Paróquia; a segunda, em 12 de outubro de 1774, por dona Clara de Macêdo, que doou 75 braças menos dois palmos. A terceira, finalmente, pela mesma dona Clara de Macêdo, que doou a maior parte dos terrenos ao patrimônio no dia 6 de outubro de 1777." Está assim transcrito no livro "Breve Notícia Sobre a Província do Rio Grande do Norte", de Ferreira Nobre.
Criou-se então a Câmara Municipal, primeira organização de um governo local, em 1786, e instalada a 11 de agosto de 1788, sobre a presidência do Juiz Ouvidor e Corregedor da Paraíba, Antônio Phillipe de Andrade Brederodes. Foram membros daquela câmara (que tinha poder de administração), da recém criada Vila Nova da Princesa, os senhores Francisco da Silva Bastos, Francisco Dantas Barcelar, João Mendes Monteiro e Antônio Correia de Araújo Furtado.
De Freguesia de São João Batista da Ribeira do Açu, Julgado de São João Batista da Ribeira do Açu, Povoação de São João Batista da Ribeira do Açu, Vila Nova do Príncipe, Vila Nova da Princesa (também chamava-se aquela região de Vila do Açu) passou a ter foros de cidade, através da Lei º 124, originária do projeto de 30 de setembro que, em 16 de outubro de 1845, aprovado e sancionado pelo presidente Casimiro José de Morais Sarmento, com a denominação de Assú.
E Assú foi a segunda cidade, bem como um dos centros mais antigos da Província do Rio Grande, já com tradição de inteligência e heroísmo. Teve até Capitão General, patente que nem a própria capitania nuca teve. Foi autor da lei que deu foras de cidade de Assú, o assuense deputado provincial João Carlos Wanderley (1811-1899), que também presidiu aquela província, na qualidade de 1º vice-presidente, durante alguns meses dos anos de 1847,48, 49 e 50.
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sábado, 23 de maio de 2009
DE TABA-AÇU A CIDADE DE ASSU
Fernando Caldas
segunda-feira, 18 de maio de 2009
CONTO
*Por Ivan Pinheiro
Apressa menina, senão vamos chegar atrasados! - Gritou Dona Francisca para sua filha Tereza.
A garota estava ansiosa e nervosa. Este dia era esperado há muito tempo. De família extremamente religiosa, ela tinha um sonho: se confessar com Frei Damião - o santo milagreiro do povo nordestino.
A década de sessenta tinha sido difícil para os nordestinos: estradas precárias, falta de energia em quase todos os lugares, meios de transporte escassos, falta d'agua nos sertões secos... Este quadro foi diversas vezes bem retratado nas poesias de Renato Caldas, José Coriolano, Francisco Amorim, Chico Traíra e tantas outras feras da li-teratura poética que habitavam a região do Vale do Açu.
A pequena comunidade de Juazeiro, onde residia à família de Dona Francisca ficou praticamente desabitada. Até o velho Lourenço que estava acometido de um forte reumatismo, viajou para a cidade do Assú numa carroça para participar da missão de Frei Damião e Frei Fernando, dois frades pertecentes à Ordem dos Capuchinhos que percorriam as cidades da região Nordeste, como andarilhos das estradas afora, a levarem às pessoas a mensagem do evangelho com muito radicalismo e muita fide-lidade aos ensinamentos bíblicos.
Quando a família de Tereza chegou defronte à Matriz de São João Batista, a luz solar já começava a desaparecer no horizonte. A multidão se comprimia para tocar em Frei Damião na sua "procissão de penitência", da casa paroquial à igreja, passando lentamente entre os fiés.
Era a última missa do dia. Dela participaria certamente o maior número de católicos. Em decorrência do atraso, toda família de Tereza teve de ficar em pé. A celebração começou pontualmente às dezoito horas.
"No inferno o calor é bilhões de vezes pior que no Nordeste. As labaredas sobem e queimam sem parar o corpo dos adúlteros, das prostitutas, dos afeminados e dos criminosos..." - Disse o Frei na abertura de sua homilia com a voz rouca, quase inaudível.
Depois da pregação foi formada uma fila quilométrica para confissões. Sentado num tamborete de madeira, o frade capuchinho escutava cada devoto com muita atenção, olho no olho, o cotovelo no joelho e a mão no queixo apoiando a cabeça. Desta posição quase não se mexia, vez por outra, parava por alguns segundos para tomar um golinho de café bem forte. Afinal precisava de resistência para adentrar até altas horas da noite.
Tereza estava na fila acompanhada pelos seus pais. Estava nervosa... Era a primeira vez que iria se encontrar com Frei Damião. Não bastasse, estava alí com o privilégio de se confessar com ele. Tinha plena certeza de que aquele momento marcaria sua vida, realizaria um sonho, fortaleceria sua fé no catolicismo e a devoção pelo Santo milagreiro do sertão.
A fila andava lentamente. Quando Tereza conseguiu chegar à porta principal da Matriz, fez um sinal da cruz, dobrou-se num gesto de respeito e adoração ao santíssimo. Verificou seu vestido branco de cambraia bordada para ter a certeza de que ele estava bem composto... Ajeitou a mantilha na cabeça, segurou com as duas mãos o terço e começou a rezar incessantemente. Suas feições eram como se estivesse caminhando rumo ao céu. Vez por outra, era interrompida pelos cochichos da mãe que estava por trás.
- Cuidado com o que vai dizer minha filha. Não quero que Frei Damião lhe passe nenhum castigo. Ele é um santo.
- Pode deixar mamãe, eu vou tomar muito cuidado.
O pai de Tereza vendo que a mãe estava exagerando tentou aliviar a pressão.
- Francisca, deixa a menina em paz! Vai dar tudo certo. Afinal Tereza já tem 14 anos. Está bem grandinha, sabe se pecou ou não.
Mesmo a contragosto, a mãe se comportou melhor. Já passava das oito da noite quando chegou o momento crucial. Tereza chegou perante o capuchinho, curvou-se, fez o sinal da cruz e ajoelhou-se. Ela tinha a certeza de que estava ali diante de um homem diferente... De alma pura. Frei Damião a encarou e ela, na sua ingênua timidez, baixou a vista.
- Conte seus pecados minha filha... - Falou pausadamente o Frei.
Tereza ficou calada. Olhou para ele como que pedindo socorro. O nervosismo era tanto que as palavras não chegavam nem a serem balbuciadas.
Está nervosa, menina? Calma! Vou lhe ajudar. Tudo que eu perguntar você vai dizendo se fez ou não. Já desejou mal ao próximo?
- Não senhor Frei Damião!
- Já desrespeitou pai e mãe?
- Ave Maria... Deus me defenda!
- Já levantou falso testemunho?
- Nunca! Deus me guarde!
- Já sentiu inveja de alguém?
- Jamais! Deus me castigue se isso acontecer.
Frei Damião olhando cara a cara para a adolescente, mais uma vez, perguntou:
- Qual o seu nome garôta?
- Maria tereza da Silva - Respondeu Tereza com voz trêmula, instante em que Frei Damião lhe anunciou a penalidade:
- Faça o seguinte minha filha: se levante, procure um altar aqui na igreja e fique lá... Santa Tereza!
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POESIA
Tal qual, os garimpeiros,
aventureiros,
mergulhado, nas águas
turvas dos ribeiros,
a procura do ouro!...
Eu, em vão procuro
no caudal das minhas máguas
um oculto tesouro.
Trabalho noite e dia,
a cata de ilusões...
necessito apenas de alegria,
pra amenizar
minhas decepções!
E, quanto mais procuro,
mais escuro
parece ficar
o corrente das minhas fantasias.
Na ansiedade
de encontrar
me aprofundo nás águas...
Ao retornar,
trago nas mãos
lavadas e vazias...
... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... .
... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... .
E a razão
me diz: -
Garimpeiro infeliz
da ilusão,
Por que?... e para que
tanto labor?!
Jamais terás a palma
de encontrares no fundo
da tu'alma,
outra coisa a não ser,
a SAUDADE e a DOR.
Renato Caldas
sábado, 16 de maio de 2009
O CABAÇO DE DASDORES ABRIU-SE EM BANDAS
Quem não viveu, mas se aventurou pela várzea do Açu, certamente participou do crucial e ao mesmo tempo divertido processo de extração da cera de carnaúba. Ou, no mínimo, conviveu com a população afeita às tarefas dessa atividade.
Na indústria rudimentar de extração da cera de carnaúba, havia, dentre outros, o processo de batimento para decolar o pó existente nas palhas que, depois de secas, eram transpotadas, em trincheiras, pelos homens e batidas, a cacetes, pelas mulheres, num processo trabalho manual feito à noite para evitar que os ventos prejudicassem a fixação do pó, que mais tarde seria transformado em cera, no piso que era igualmente forrado por lona para que não se misturasse com areia. Cada rachador tinha a sua ou as suas batedeiras, pois os mais habilidosos rachavam palhas para mais de uma mulher.
Não havia trabalho mais árduo, porém, ao mesmo tempo, mais divertido. As pilhérias, as chacotas, os ditos, as brincadeiras amenizavam as asperezas e divertiam sempre, sem, porém, ofender pessoas ou ferir a dignidade das famílias, moças, senhoras e crianças que ali trabalhavam. Uns cantavam "cocos" e "emboladas" ao rítmo do batuque improvisado por alguém mais competente que soubesse arremedar a batucada do "baião". O que não deixava, entretanto, de reservar certas intimidades a casais, dada a aproximação que, evoluindo, entremeava-se de afeto, de contatos, de esfregação, de namoro e de xamego, num ambiente estritamente de trabalho, porém com doses de acentuados encantos e estimulantes sexuais.
Como ninguém é de ferro, vez por outra alguém passava os pés adiante das mãos e os tampos voavam.
Foi o que ocorreu com Dasdores, filha de Zé Beradeiro, um cinquentão respeitável, trabalhador, de procedência ignorada, porém com muitos indícios seridoenses. que alí viera ter ainda moço e ali contituíra numerosa família, após seu casamento com Maria do Rosário, uma varziana de dezoito quilates.
Dasdores, já moça feita, era a filha mais velha do primeiro casamento de Zé Beradeiro que inviuvara e vivia àquela época, com D. Esmerina, com quem os filhos se davam relativamente bem, sem ter que se queixar. Com atrativos e exuberâncias capazes de desarticular exércitos, Dasdores engraçou-se de Chico Bozó, fornido caboclo, rachador de palhas, bem parecido, que não desmerecia a família da namorada e que rachava palha para Dasdores bater.
Zé Beradeiro, num daqueles famosos batimentos de palha, surpreendeu casualmente uns lances de que não gostou. Sua filha, Dasdores, se espojava com o namorado, Chico Bozó, sobre uns montes de palha batida, fora da empanada, a quem se entregava de corpo e coração, sem qualquer reserva. O pai ficou calado, porém furioso, e no outro dia, chamando o conquistador aos carretéis, disse não aceitar o que havia presenciado, sendo necessário providenciarem o casamento. Chico, o sedutor, argumentou que precisava pensar, pois casamento era coisa séria. Zé Beradeiro, que também não estava brincando, disse que não queria conversa. E não estava disposto a bater boca. Queria uma decisão.
Os ânimos se alteraram e Zé Beradeiro acabou ouvindo o que não queria:
- A sua filha não era mais moça e eu não sou pedreiro pra tapar buraco de ninguém. Ela já é de maior e pode procurar seus direitos.
Zé Beradeiro, porém, não engoliu o bocado. E não era para um pai de família ficar calado diante de semelhante situação. Tinha que tomar alguma providência. Nem que fosse a última decisão de sua vida. Não podia aceitar a desonra da filha, de seu nome e de sua família. Não seria qualquer Chico Bozó que iria desfeiteá-lo. Tinha pouca coisa na sua vida e a honra da família era o mais importante. Teria que agir ligeiro, antes que o atrevido comentasse com alguém e se espalhasse o boato de sua desdita. Era questão de vida ou morte.
O desapareciemento de Chico até que não foi notado imediatamente, vez que ele era acostumado a sumir por alguns dias, visitando alguns parentes, reapareccendo, em seguida, pouco tempo depois. Mas não tanto assim como da última vez. Já dava o que falar. Parentes seus perguntavam sem obter qualquer notícia.
Foi-se avolumando a ausência de Chico, já consubstanciada pelos boatos do namoro que tivera, conforme insinuações motivadas por gabolices do próprio, de intimidades mantidas com a filha de Zé Beradeiro. Dissera ainda a alguns vizinhos que ela não era mais moça. E que fora chamado às favas pelo pai que queria casamento. E que ele não era otário para pagar pecado que não havia cometido.
Os comentários se faziam e nada de Chico aparecer. Já fazia mais de um ano que havia sumido. Zé Beradeiro, há muito, havia-se mudado dali com a família.
A polícia, tomando conhecimento do sumiço do homem através de queixa prestada por familiares, abriu inquérito e passou a ouvir pessoas da localidade. O próprio Zé Beradeiro fora localizado e ouvido, com sua filha, pelo delegado. Permaneceu preso ainda, por alguns dias e solto depois, enquanto se investigava o caso que, por falta de qualquer prova, acabou arquivado o processo e esquecido o assunto. Só que os familiares não aceitavam e mantinham a suspeita do assassinato de Chico. Mas como provar se nem o cadáver aparecia?
Não se podia justificar. O sumiço de Chico deixava inconformados os seus parentes. E Seu José também havia saído do cenário da culpa.
A família de Chico apelou para tudo. Chegou até a insinuar que, em certo local, onde se havia construído uma vila de casas residenciais, ali antes, Chico havia sido enterrado. Derrubaram-se algumas casas, sem qualquer sucesso, até que desistiram dada a inconviniência de se derrubar todo o arruado.
Dasdores, noutras paragens, já com os burros n'agua, passou a viver amancebada com um vaqueiro com quem teve alguns filhos sem maldizer a vida e sem queixar da sorte.
O sedutor é que nunca justificou o seu desapracecimento.
* Gilberto Freire de Melo é sociólogo, escritor potiguar de Pendências
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