O que os três principais candidatos a governador do Rio Grande do Norte destacam sobre quais os motivos para terem a intenção de assumir o principal cargo político e administrativo do Estado. Há menos de uma semana de deflagrada a campanha eleitoral, a TRIBUNA DO NORTE deu voz aos candidatos das coligações “Vitória do Povo”, Iberê Ferreira de Souza (PSB); “Coragem para Mudar”, Carlos Eduardo Alves (PDT); e “A Força da União”, Rosalba Ciarlini (DEM). Eles tiveram até 3 minutos para destacar as propostas, prioridades e para se apresentar ao eleitor como uma opção na campanha que se inicia e que se estenderá até o próximo dia 3 de outubro, data do primeiro turno da eleição.
Em linhas gerais, os objetivos dos três candidatos se mostraram distintos em sua essência. A senadora Rosalba Ciarlini (DEM), candidata da oposição, fez um panorama das mudanças que pretende realizar no Estado - “o Rio Grande do Norte não pode continuar na condição de ‘semi-lanterninha na educação’”, disse ela, que defendeu mudanças nas áreas de saúde, segurança, além de garantir a continuidade do apoio à Copa do Mundo. O governador Iberê Ferreira de Souza (PSB), que pleiteia a reeleição, pregou a continuidade. Ele assinalou que pretende “vencer desafios para promover um futuro digno que já começou no governo do presidente Lula e da ex-governadora Wilma de Faria”. “Eu tenho certeza de que não seria submetido a uma prova de resistência e de fé tão grande se não fosse para ficar mais próximo do meu povo e para governar em uma hora histórica que nós vivemos”, observou.
O ex-prefeito de Natal, Carlos Eduardo Alves (PDT), disse que fará uma campanha “independente” e que aposta na experiência que acumulou enquanto foi deputado, secretário de Estado e prefeito da capital para governar o Rio Grande do Norte. O pedetista lembrou que, quando parlamentar, defendeu, entre outras coisas, os recursos do contribuinte. “Combatemos privilégios, regalias, como carros oficiais, aposentadorias precoces, e dessa forma eu creio que nós no exercício dessa função demos contribuição ao nosso Estado”, observou. Além de estarem transcritas nesta página, as respostas dos candidatos estarão disponíveis em vídeo na TN On line (www.tribunadonorte.com.br).
Carlos Eduardo
“Eu posso dar uma grande contribuição ao desenvolvimento do nosso Estado. Durante a minha vida pública, fui deputado estadual e no exercício dessa função fui líder de governo, líder de oposição, e sempre com um compromisso só: a promoção do bem comum. No exercício do mandato de deputado estadual, nós apresentamos projetos que até hoje estão beneficiando o nosso Estado, como por exemplo o primeiro apoio à ciência e tecnologia, que foi um projeto de nossa autoria. Como deputado, cuidamos também do dinheiro do contribuinte, ou seja, combatemos privilégios, regalias, com carros oficiais, aposentadorias precoces, e dessa forma eu creio que, no exercício dessa função, demos uma contribuição ao nosso Estado.
Depois tive uma experiência como secretário do Trabalho, Justiça e Cidadania e, à frente desta Secretaria, nós levamos a efeito projetos que estão, hoje, dando uma grande contribuição à promoção da cidadania potiguar. Eu quero destacar aqui da Central do Cidadão. Fizemos a primeira reforma do sistema penitenciário depois de mais de 40 anos no nosso Estado. Depois, chegamos à Prefeitura de Natal e, no exercício dessa função, nós realmente conseguimos realizar muito em favor da nossa cidade. Eu quero dizer a vocês que nós atualizamos a nossa legislação urbanística e ambiental, garantindo assim o crescimento sustentável de Natal, fizemos obras necessárias à cidade como a maternidade da Zona Norte, fizemos a Natal do Futuro, que foi a urbanização do conjunto Nossa Senhora da Apresentação. A Natal do Futuro contemplou também o bairro de Capim Macio, um problema que se arrastava há mais de 20 anos em Natal e foi resolvido. Fizemos o Parque da Cidade, um projeto belíssimo do doutor Oscar Niemeyer. É com essa experiência, com essa vivência e também esses serviços prestados que nós nos colocamos para governar o Rio Grande do Norte e temos coragem, independência e capacidade para que possamos dar a nossa contribuição para o desenvolvimento do Rio Grande do Norte, fazendo com que esse Estado seja melhor de se viver.”
Iberê
“Eu quero ser o governador do Rio Grande do Norte para vencer desafios e para promover um futuro digno que já começou no governo do presidente Lula e da ex-governadora Wilma de Faria. Eu quero ser governador do Rio Grande do Norte para promover o desenvolvimento do nosso estado, para transformar as riquezas naturais em oportunidades de emprego e de renda, para o nosso povo e para a nossa gente. Eu quero ser governador do estado para promover o bem estar e o desenvolvimento em todas as nossas regiões.
Eu tenho certeza de que não seria submetido a uma tamanha prova de resistência e de fé se não fosse para ficar mais próximo do meu povo e para governar em uma hora histórica que vivemos no nosso país e no nosso Estado.
Eu quero ser governador do Estado porque tenho convicção de que governar é fazer o bem e o meu desejo é governar e fazer o bem para o meu povo e para a minha gente.
Eu sou candidato porque quero construir, com o povo do Rio Grande do Norte, um Estado forte e democrático, capaz de continuar no caminha dos avanços social e econômico. Para promover o legítimo direito à cidadania, além de garantir mais saúde, educação e segurança.
Venho para continuar uma revolução pelo voto que nosso povo foi capaz de promover com os governos do Presidente Lula e, no Rio Grande do Norte, do PSB. Quero dar minha contribuição para fazer do desenvolvimento o crescimento de todos e não um privilégio de poucos. Eu sou candidato a governador porque precisamos manter o Rio Grande do Norte nas mãos do povo, e, ao seu lado, construir um futuro digno e justo para os todos norte-rio-grandenses de todas as regiões. Com a proteção de Deus e a confiança do povo"
Rosalba
“Eu vou trabalhar muito, promovendo transformações, fazendo acontecer. Eu quero fazer com que a geração de emprego e renda aconteça de forma sustentável em todas as regiões. Eu quero fazer acontecer a saúde, a educação, a segurança. Com mais recursos. Na saúde, por exemplo, cuidando da parte preventiva com saneamento básico. Não é possível Natal ser a capital do Brasil que tem menos saneamento básico. Isso não pode continuar. É saúde, é qualidade de vida, é sustentabilidade para o turismo. Nós queremos, sim, cuidar da saúde, melhorando os hospitais regionais, fazendo a saúde em movimento. Queremos fazer com que a educação aconteça. Não podemos ver escolas fechando. A nossa evasão escolar no segundo grau é em torno de 20% e ser semi-lanterninha. Só ganhamos para o Piauí em questão de qualidade de ensino. Vamos ter metas firmes e determinadas para melhorar a qualidade de ensino e fazer uma educação inclusiva no segundo grau, fazendo com que o ensino técnico esteja presente em todas as escolas estaduais, para criar oportunidade para os nossos jovens. Eu quero ser governadora e vou trabalhar muito para melhorar a segurança, em todos os aspectos, desde a parte preventiva como também a parte necessária de vigilância, apreensão e cuidados para que o cidadão tenha esse direito preservado. Fazer com que possamos ter muitas ações de infraestrutura, que são importantes para o desenvolvimento. Fazer acontecer as ZPE’s, da qual eu sou inclusive autora de uma da região do Vale do Açu. Fazer com que nós possamos ter a valorização da cultura, que é importante, promove e dá sustentabilidade ao turismo e faz parte de um processo de transformação social. Sem esquecer de outras questões importantíssimas de moradias, estradas, enfim, ações que serão feitas todas de forma participativa, quando o cidadão e cada cidade vão dizer o que deseja que Rosalba governadora possa fazer para o seu Estado. Sem esquecer o esporte, que é importante também como processo educacional de transformação. E nós temos a Copa que precisamos dar todo o apoio e incentivo para que ela possa vir a acontecer. Vamos juntos fazer o nosso Estado ser referência para o Nordeste e para o país.”
(Do jornal Tibuna do Norte, de Natal, 11 de julho de 2010)
domingo, 11 de julho de 2010
PROGRAMA REGISTRANDO DESSE SÁBADO ENTREVISTOU DOM MAGNUS LOPES
Por Jarbas Rocha
O 1º Assuense a ser nomeado Bispo da Igreja Católica, pelo vaticano, Dom Magnus Lopes, foi o entrevistado de hoje do Programa Registrando na Rádio Princesa do Vale. Apresentado e dirigido pelo Radialista Jose Reges de Souza, o programa foi ao ar com uma hora de duração. Dom Magnus que estava em Roma está hoje aqui em Assu, onde falou do momento em que fez sua 1º eucaristia e todo a sua caminhada falou também sobre essa nova missão recebida pela Igreja que será coordenar a paróquia de Salgueiro no interior do estado de Pernambuco. Muita gente foi assistir ao programa para dar boas vindas a Dom Magnus. Você pode ter acesso a entrevista através do www.programaregistrando.com.br
O 1º Assuense a ser nomeado Bispo da Igreja Católica, pelo vaticano, Dom Magnus Lopes, foi o entrevistado de hoje do Programa Registrando na Rádio Princesa do Vale. Apresentado e dirigido pelo Radialista Jose Reges de Souza, o programa foi ao ar com uma hora de duração. Dom Magnus que estava em Roma está hoje aqui em Assu, onde falou do momento em que fez sua 1º eucaristia e todo a sua caminhada falou também sobre essa nova missão recebida pela Igreja que será coordenar a paróquia de Salgueiro no interior do estado de Pernambuco. Muita gente foi assistir ao programa para dar boas vindas a Dom Magnus. Você pode ter acesso a entrevista através do www.programaregistrando.com.br
sábado, 10 de julho de 2010
*FERNANDO CALDAS É ESTADUAL
"Construamos uma ponte definitiva
Que sirva de ligação entre o Ocidente e o Oriente.
Uma ponte que seja universal, maior do que a de Brooklin
Irmanando pretos e brancos, ricos e pobres.
No grande dia inesquecível
Da paz e do amor entre os povos,
Então o mar devolverá teu corpo em alegria."
*Fernando Caldas é candidato a deputado estadual, N. - 23456
Que sirva de ligação entre o Ocidente e o Oriente.
Uma ponte que seja universal, maior do que a de Brooklin
Irmanando pretos e brancos, ricos e pobres.
No grande dia inesquecível
Da paz e do amor entre os povos,
Então o mar devolverá teu corpo em alegria."
*Fernando Caldas é candidato a deputado estadual, N. - 23456
EDITAL DE PEDIDO DE REGISTRO INDIVIDUAL
O(A) Exmo. EXPEDITO FERREIRA DE SOUZA, Desembargador deste Tribunal Regional Eleitoral, no uso de suas atribuições, faz saber aos interessados que foi protocolizado nesta Secretaria, em 08/07/2010, sob o número 172362010, o pedido de registro do candidato FERNANDO ANTONIO CALDAS, para concorrer ao cargo de Deputado Estadual, com o número 23456 e com a opção de nome para a urna FERNANDO CALDAS, nas eleições de 03/10/2010, pelo(a) VITORIA DO POVO I.Nos termos do art. 3º da Lei Complementar n.º 64/90, c/c o art. 37 da Resolução TSE n.º 23.221/2010, caberá a qualquer candidato(a), partido político, coligação partidária ou ao Ministério Público, no prazo de 5 (cinco) dias, contados da publicação deste edital, impugnar, em petição fundamentada, o pedido de registro de candidatura.
No mesmo prazo e forma, qualquer cidadão(ã), no gozo de seus direitos políticos, poderá dar notícia de inelegibilidade, nos termos do art. 38 da referida Resolução.
NATAL, 09 de Julho de 2010.
Desembargador EXPEDITO FERREIRA DE SOUZA
Presidente
No mesmo prazo e forma, qualquer cidadão(ã), no gozo de seus direitos políticos, poderá dar notícia de inelegibilidade, nos termos do art. 38 da referida Resolução.
NATAL, 09 de Julho de 2010.
Desembargador EXPEDITO FERREIRA DE SOUZA
Presidente
sexta-feira, 9 de julho de 2010
PESQUISA BUSCA PROVAS DA SOBREVIVÊNCIA INDÍGENA NO INTERIOR DO RIO ANDE DO NORTE
Como é a pesquisa
Onde estão os índios do interior (o “Sertão”) do Rio Grande do Norte? Teriam desaparecido após os contatos com os europeus? Teriam sido integrados ao restante da sociedade que se formava pelo interior da antiga Capitania do Rio Grande na época colonial? Diante da ausência de respostas convincentes para estas questões, historiadores da Universidade Federal do Rio Grande do Norte propuseram a presente pesquisa, voltada para a identificação e caracterização das populações de remanescentes indígenas no território potiguar
De fato, são quase inexistentes as referências, na literatura especializada, sobre os índios que estavam na então Capitania do Rio Grande à época da chegada dos conquistadores europeus.
Em compensação fala-se freqüentemente no desaparecimento destes nativos após os movimentos de resistência indígena conhecidos como Guerra dos Bárbaros (1683-1725) ou, no máximo, de seu aldeamento em missões religiosas dirigidas por missionários.
Essa ausência de informações sobre os índios do Rio Grande do Norte contribui para que os atuais moradores da região sertaneja do Seridó, na porção centro-sul do estado, imaginem as populações nativas locais como se tivessem fenótipo similar ao dos índios da Amazônia ou dos filmes norte-americanos, estereótipos que se tornam comuns nas escolas, sendo incorporados na comemoração do Dia do Índio, do 7 de Setembro e em desfiles sócio-culturais.
Por outro lado, os livros didáticos informam os estudantes que os Cariri foram os primeiros habitantes do Seridó, quando sabe-se, pelo estudo de Olavo de Medeiros Filho (1984) que estes habitavam tradicionalmente o Sertão da Capitania da Paraíba, enquanto o Sertão do Rio Grande era habitado pelos índios Tarairiu.
Fossem porém quais fossem os índios do Sertão do Rio Grande do Norte, o que se imagina mais comumente é que sofreram extermínio, expurgo, extinção, desaparecimento, submissão ao colonizador. Tudo leva a crer que os índios realmente sumiram do mapa do Sertão do Seridó.
Mas há vozes contrárias. Pesquisas dos anos 70, executadas por Dom José Adelino Dantas, e dos anos 80 e 90, de autoria de Sinval Costa, denotaram a presença de índios ao lado de brancos e negros nos assentamentos de batizados, casamentos e óbitos da antiga Freguesia da Gloriosa Senhora Santa Ana do Seridó (que abrangia o atual Seridó norte-rio-grandense e parte do Sertão da Paraíba) nas duas últimas décadas do século XVIII e primeiras do século XIX. Essas pesquisas provaram que os índios estavam presentes no Sertão do Seridó mesmo após a Guerra dos Bárbaros, quando se cogitava a sua extinção.
A presente pesquisa considera a hipótese que esses indígenas, com o impacto da colonização que lhes foi imposta, sofreram um complexo processo de mestiçagem com os demais grupos sociais que habitavam a região, a exemplo do que Serge Gruzinski propôs para a América Espanhola da Conquista. Para que essa hipótese possa ser confirmada, porém, é necessário responder às seguintes indagações: Quem eram as populações índias que habitavam na região sertaneja da Capitania do Rio Grande na época do contato com os europeus? Quais eram seus hábitos e como resistiram à colonização? Como viveram após a Guerra dos Bárbaros no Sertão do Seridó? Em que condições participaram do cotidiano das cidades que pouco a pouco surgiam nos séculos XVIII e XIX? Como o contato com os demais grupos sociais da região os afetou? E como constituíram suas famílias?
Partindo dessas premissas a pesquisa tem como foco geográfico o Sertão do Seridó no Rio Grande do Norte; que durante a período colonial correspondia ao território paroquial da Freguesia da Gloriosa Senhora Santa Ana do Seridó e à Comarca de Caicó. O foco temporal é o intervalo compreendido entre o século XVII; data dos primeiros registros sobre os indígenas do sertão potiguar; e os séculos XVIII e XIX, com ênfase nestes dois últimos, onde se têm notícias da persistência de índios junto ao restante das populações locais.
Como é feita a pesquisa
Inicialmente a pesquisa realiza uma revisão da literatura especializada. A moderna historiografia brasileira considera os índios indissociáveis da construção da história do país: um referencial é a obra História dos Índios no Brasil, organizada por Manuela Carneiro da Cunha (1998), que foca a história indígena não somente pelo olhar do conquistador, mas, também, sob a ótica do conquistado.
Em Rompendo o Silêncio: por uma revisão do ‘desaparecimento’ dos Povos Indígenas (1998), Maria Sylvia Porto Alegre põe em xeque o discurso recorrente sobre o desaparecimento dos índios. Para a autora esse discurso surge para explicar a desorganização dos indígenas e justificar a expropriação de suas terras.
Outros estudos examinados incluem a dissertação de mestrado (UFPE) Guerra dos Bárbaros: resistência indígena e conflitos no Nordeste Colonial (1990), de Maria Idalina da Cruz Pires e a tese de doutorado (USP) A Guerra dos Bárbaros: Povos Indígenas e a colonização do Sertão Nordeste do Brasil (1998), de Pedro Puntoni, onde os autores mostram que a “guerra” entre brancos e índios era, mais que um movimento militar organizado, a reação destes contra a dominação daqueles, evidenciando práticas culturais de resistência.
Já a tese de doutorado O descobrimento dos outros: povos indígenas do sertão nordestino no período colonial, de Ricardo Pinto de Medeiros (2000), tenta explicar o “encobrimento” dos nativos na memória regional numa perspectiva histórica.
São estudados também textos clássicos da historiografia regional, com pontos de vista mais tradicionais, como História do Rio Grande do Norte (1984) de Luís da Câmara Cascudo. A dissertação de mestrado (UFPE) Missões Religiosas: Índios, Colonos e Missionários na Colonização da Capitania do Rio Grande do Norte (1999), de Fátima Martins Lopes, mostra as missões como centros tanto de aculturação dos indígenas quanto de seus movimentos de resistência. Sobre a resistência indígena é examinado também o trabalho Índios do Açu e Seridó (1984), de Olavo de Medeiros Filho. Outro estudo importante, para uma visão do processo de mestiçagem, é da pesquisadora Maria Regina Mendonça Furtado Mattos que analisou, em 1985, dentro de seu estudo sobre a pobreza na cidade de Príncipe (hoje Caicó – RN), os resultados do Recenseamento Geral do Império do Brasil (de 1872), mostrando que, na população de 11.283 pessoas, somente 54,4% eram de cor branca. O segundo grupo mais populoso era o dos pardos (16,5%), seguidos dos pretos (14,6%) e dos caboclos, mestiços de brancos e índios, que somavam 14,5% da população total (cerca de 1.636 indivíduos).
Entre os principais conceitos adotados pela pesquisa destaca-se a noção de circularidade cultural, de Carlo Ginzburg, que supõe uma dinâmica entre a cultura popular e a erudita, segundo a qual não existe barreira rígida o bastante para impedir a influência mútua entre o popular (ou subalterno) e o erudito (ou dominante). Importante também, para este estudo, é o conceito de mestiçagem desenvolvido por Serge Gruzinski, que inclui tanto a mestiçagem biológica quanto a cultural. Outra idéia adotada é de Guillaume Boccara (2000, 2001), para quem não existe uma cultura pura e original.
Os documentos originais examinados incluem obras de cronistas holandeses e portugueses dos séculos XVII e XVIII, como os relatos de Gaspar Barleu, História dos feitos recentemente praticados durante oito anos no Brasil, sob o governo de João Maurício, conde de Nassau; de Rodolfo Baro, Relação da viagem ao país dos Tapuias e de Pedro Carrilho de Andrade, Memórias sobre os índios no Brasil.
É analisada ainda a documentação burocrática trocada entre a Capitania do Rio Grande e a Coroa Portuguesa na Colônia - produzida entre 1623 e 1823 -, que faz alusões aos índios, guardada no Arquivo Histórico Ultramarino (AHU). Outros documentos considerados incluem as atas do Senado da Câmara do Natal e outras instituições da Capitania, entre os séculos XVII e XIX, especialmente as que tratam da Guerra dos Bárbaros, arquivadas no Instituto Histórico e Geográfico do Rio Grande do Norte; e as Datas e Sesmarias da Capitania do Rio Grande (1600-1831) e Paraíba (1586-1888), que evidenciam a presença indígena junto aos sesmeiros nos séculos XVIII e XIX.
São investigados também os livros de assentamentos paroquiais de batismos, casamentos e óbitos da Freguesia da Gloriosa Senhora Santa Ana do Seridó, cujos registros aludem à presença indígena participando de rituais cristãos; de 1788 (data inicial dos livros) até o fim do século XIX. Os registros paroquiais serão anotados em fichas catalográficas elaboradas a partir da metodologia da Demografia Histórica, especialmente do Método Francês da Reconstituição das Famílias (Fleury-Henry) e depois digitados em banco de dados eletrônico criado no software Microsoft Access 2000.
As falas e relatórios dos Presidentes da Província do Rio Grande do Norte de 1835 a 1888 trazem referências e dados demográficos sobre os índios no século XIX. Já inventários post-mortem de índios processados na Comarca de Caicó (correspondente à Freguesia do Seridó) entre 1737 e1900 contém descrições de bens e herdeiros. Documentos avulsos da Comarca, custodiados pelo Laboratório de Documentação Histórica do Centro de Ensino Superior do Seridó relatam a presença de índios exercendo cargos públicos no Senado da Câmara da Vila do Príncipe.
Portanto, os passos metodológicos da pesquisa, por sua ordem, são: revisão bibliográfica, pesquisa de campo nos acervos, análise das fontes e redação. A maioria das fontes manuscritas já foi parcialmente pesquisada, ou está, no mínimo, indexada.
Saõ colaboradores desta pesquisa os pesquisadores
Prof. Ms. Muirakytan Kennedy de Macêdo, do Departamento de História e Geografia do Centro de Ensino Superior do Seridó da Universidade Federal do Rio Grande do Norte;
Profª Drª Julie Antoinette Cavignac, do Departamento de Antropologia do Centro de Ciências Humanas, Letras e Artes da Universidade Federal do Rio Grande do Norte;
Bela Alcineia Rodrigues dos Santos, Mestranda em Ciências Sociais pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte;
Rosinéia Ribeiro de Araújo Silva, graduanda em História pelo Centro de Ensino Superior do Seridó da Universidade Federal do Rio Grande do Norte.
Importância da pesquisa
O estudo da etno-história dos Índios do Rio Grande do Norte representa importante contribuição às Ciências Humanas e Sociais, já que se trata de uma área com poucos trabalhos específicos, havendo certa lacuna nos estudos a seu respeito.
O projeto proposto supõe uma revisão da própria História do Rio Grande do Norte. Num momento em que pesquisas atuais detectam alguns traços da ancestralidade nativa em comunidades do Rio Grande do Norte, torna-se imprescindível o estudo do passado e da memória indígena, que se reveste, portanto, de relevância contemporânea e social.
Texto de divulgação científica publicado em 28 de maio de 2003.
Pesquisador(es) Responsável(eis)
Helder Alexandre Medeiros de Macedo
Título do trabalho acadêmico
Vivências Índias, Mundos Mestiços: relações interétnicas na Freguesia da Gloriosa Senhora Santa Ana do Seridó entre o final do século XVIII e início do século XIX
Instituição(ões)
Universidade Federal do Rio Grande do Norte
Fonte(s) Financiadora(s)
Pró-Reitoria de Pesquisa e Pós-Graduação (PPPg) da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (2000-2001) e Conselho Nacional de Desenvolvimento Tecnológico – CNPq (2001-2002)
Sugestões de leitura
História do Rio Grande do Norte, de Luís da Câmara Cascudo, Fundação José Augusto, Natal, 1984.
Índios do Açu e Seridó, de Olavo de Medeiros Filho, Centro Gráfico do Senado Federal, Brasília, 1984.
De que morriam os sertanejos do Seridó Antigo?, de Dom José Adelino Dantas, revista Tempo Universitário, Natal, volume 2, nº. 1,1979
O Pensamento Mestiço, de Serge Gruzinski, Cia. das Letras, São Paulo, 2001.
A Guerra dos Bárbaros: povos indígenas e a colonização do Sertão Nordeste do Brasil, 1650-1720, de Pedro Puntoni. Tese de Doutorado em História Social pela Universidade de São Paulo, 1988.
Onde estão os índios do interior (o “Sertão”) do Rio Grande do Norte? Teriam desaparecido após os contatos com os europeus? Teriam sido integrados ao restante da sociedade que se formava pelo interior da antiga Capitania do Rio Grande na época colonial? Diante da ausência de respostas convincentes para estas questões, historiadores da Universidade Federal do Rio Grande do Norte propuseram a presente pesquisa, voltada para a identificação e caracterização das populações de remanescentes indígenas no território potiguar
De fato, são quase inexistentes as referências, na literatura especializada, sobre os índios que estavam na então Capitania do Rio Grande à época da chegada dos conquistadores europeus.
Em compensação fala-se freqüentemente no desaparecimento destes nativos após os movimentos de resistência indígena conhecidos como Guerra dos Bárbaros (1683-1725) ou, no máximo, de seu aldeamento em missões religiosas dirigidas por missionários.
Essa ausência de informações sobre os índios do Rio Grande do Norte contribui para que os atuais moradores da região sertaneja do Seridó, na porção centro-sul do estado, imaginem as populações nativas locais como se tivessem fenótipo similar ao dos índios da Amazônia ou dos filmes norte-americanos, estereótipos que se tornam comuns nas escolas, sendo incorporados na comemoração do Dia do Índio, do 7 de Setembro e em desfiles sócio-culturais.
Por outro lado, os livros didáticos informam os estudantes que os Cariri foram os primeiros habitantes do Seridó, quando sabe-se, pelo estudo de Olavo de Medeiros Filho (1984) que estes habitavam tradicionalmente o Sertão da Capitania da Paraíba, enquanto o Sertão do Rio Grande era habitado pelos índios Tarairiu.
Fossem porém quais fossem os índios do Sertão do Rio Grande do Norte, o que se imagina mais comumente é que sofreram extermínio, expurgo, extinção, desaparecimento, submissão ao colonizador. Tudo leva a crer que os índios realmente sumiram do mapa do Sertão do Seridó.
Mas há vozes contrárias. Pesquisas dos anos 70, executadas por Dom José Adelino Dantas, e dos anos 80 e 90, de autoria de Sinval Costa, denotaram a presença de índios ao lado de brancos e negros nos assentamentos de batizados, casamentos e óbitos da antiga Freguesia da Gloriosa Senhora Santa Ana do Seridó (que abrangia o atual Seridó norte-rio-grandense e parte do Sertão da Paraíba) nas duas últimas décadas do século XVIII e primeiras do século XIX. Essas pesquisas provaram que os índios estavam presentes no Sertão do Seridó mesmo após a Guerra dos Bárbaros, quando se cogitava a sua extinção.
A presente pesquisa considera a hipótese que esses indígenas, com o impacto da colonização que lhes foi imposta, sofreram um complexo processo de mestiçagem com os demais grupos sociais que habitavam a região, a exemplo do que Serge Gruzinski propôs para a América Espanhola da Conquista. Para que essa hipótese possa ser confirmada, porém, é necessário responder às seguintes indagações: Quem eram as populações índias que habitavam na região sertaneja da Capitania do Rio Grande na época do contato com os europeus? Quais eram seus hábitos e como resistiram à colonização? Como viveram após a Guerra dos Bárbaros no Sertão do Seridó? Em que condições participaram do cotidiano das cidades que pouco a pouco surgiam nos séculos XVIII e XIX? Como o contato com os demais grupos sociais da região os afetou? E como constituíram suas famílias?
Partindo dessas premissas a pesquisa tem como foco geográfico o Sertão do Seridó no Rio Grande do Norte; que durante a período colonial correspondia ao território paroquial da Freguesia da Gloriosa Senhora Santa Ana do Seridó e à Comarca de Caicó. O foco temporal é o intervalo compreendido entre o século XVII; data dos primeiros registros sobre os indígenas do sertão potiguar; e os séculos XVIII e XIX, com ênfase nestes dois últimos, onde se têm notícias da persistência de índios junto ao restante das populações locais.
Como é feita a pesquisa
Inicialmente a pesquisa realiza uma revisão da literatura especializada. A moderna historiografia brasileira considera os índios indissociáveis da construção da história do país: um referencial é a obra História dos Índios no Brasil, organizada por Manuela Carneiro da Cunha (1998), que foca a história indígena não somente pelo olhar do conquistador, mas, também, sob a ótica do conquistado.
Em Rompendo o Silêncio: por uma revisão do ‘desaparecimento’ dos Povos Indígenas (1998), Maria Sylvia Porto Alegre põe em xeque o discurso recorrente sobre o desaparecimento dos índios. Para a autora esse discurso surge para explicar a desorganização dos indígenas e justificar a expropriação de suas terras.
Outros estudos examinados incluem a dissertação de mestrado (UFPE) Guerra dos Bárbaros: resistência indígena e conflitos no Nordeste Colonial (1990), de Maria Idalina da Cruz Pires e a tese de doutorado (USP) A Guerra dos Bárbaros: Povos Indígenas e a colonização do Sertão Nordeste do Brasil (1998), de Pedro Puntoni, onde os autores mostram que a “guerra” entre brancos e índios era, mais que um movimento militar organizado, a reação destes contra a dominação daqueles, evidenciando práticas culturais de resistência.
Já a tese de doutorado O descobrimento dos outros: povos indígenas do sertão nordestino no período colonial, de Ricardo Pinto de Medeiros (2000), tenta explicar o “encobrimento” dos nativos na memória regional numa perspectiva histórica.
São estudados também textos clássicos da historiografia regional, com pontos de vista mais tradicionais, como História do Rio Grande do Norte (1984) de Luís da Câmara Cascudo. A dissertação de mestrado (UFPE) Missões Religiosas: Índios, Colonos e Missionários na Colonização da Capitania do Rio Grande do Norte (1999), de Fátima Martins Lopes, mostra as missões como centros tanto de aculturação dos indígenas quanto de seus movimentos de resistência. Sobre a resistência indígena é examinado também o trabalho Índios do Açu e Seridó (1984), de Olavo de Medeiros Filho. Outro estudo importante, para uma visão do processo de mestiçagem, é da pesquisadora Maria Regina Mendonça Furtado Mattos que analisou, em 1985, dentro de seu estudo sobre a pobreza na cidade de Príncipe (hoje Caicó – RN), os resultados do Recenseamento Geral do Império do Brasil (de 1872), mostrando que, na população de 11.283 pessoas, somente 54,4% eram de cor branca. O segundo grupo mais populoso era o dos pardos (16,5%), seguidos dos pretos (14,6%) e dos caboclos, mestiços de brancos e índios, que somavam 14,5% da população total (cerca de 1.636 indivíduos).
Entre os principais conceitos adotados pela pesquisa destaca-se a noção de circularidade cultural, de Carlo Ginzburg, que supõe uma dinâmica entre a cultura popular e a erudita, segundo a qual não existe barreira rígida o bastante para impedir a influência mútua entre o popular (ou subalterno) e o erudito (ou dominante). Importante também, para este estudo, é o conceito de mestiçagem desenvolvido por Serge Gruzinski, que inclui tanto a mestiçagem biológica quanto a cultural. Outra idéia adotada é de Guillaume Boccara (2000, 2001), para quem não existe uma cultura pura e original.
Os documentos originais examinados incluem obras de cronistas holandeses e portugueses dos séculos XVII e XVIII, como os relatos de Gaspar Barleu, História dos feitos recentemente praticados durante oito anos no Brasil, sob o governo de João Maurício, conde de Nassau; de Rodolfo Baro, Relação da viagem ao país dos Tapuias e de Pedro Carrilho de Andrade, Memórias sobre os índios no Brasil.
É analisada ainda a documentação burocrática trocada entre a Capitania do Rio Grande e a Coroa Portuguesa na Colônia - produzida entre 1623 e 1823 -, que faz alusões aos índios, guardada no Arquivo Histórico Ultramarino (AHU). Outros documentos considerados incluem as atas do Senado da Câmara do Natal e outras instituições da Capitania, entre os séculos XVII e XIX, especialmente as que tratam da Guerra dos Bárbaros, arquivadas no Instituto Histórico e Geográfico do Rio Grande do Norte; e as Datas e Sesmarias da Capitania do Rio Grande (1600-1831) e Paraíba (1586-1888), que evidenciam a presença indígena junto aos sesmeiros nos séculos XVIII e XIX.
São investigados também os livros de assentamentos paroquiais de batismos, casamentos e óbitos da Freguesia da Gloriosa Senhora Santa Ana do Seridó, cujos registros aludem à presença indígena participando de rituais cristãos; de 1788 (data inicial dos livros) até o fim do século XIX. Os registros paroquiais serão anotados em fichas catalográficas elaboradas a partir da metodologia da Demografia Histórica, especialmente do Método Francês da Reconstituição das Famílias (Fleury-Henry) e depois digitados em banco de dados eletrônico criado no software Microsoft Access 2000.
As falas e relatórios dos Presidentes da Província do Rio Grande do Norte de 1835 a 1888 trazem referências e dados demográficos sobre os índios no século XIX. Já inventários post-mortem de índios processados na Comarca de Caicó (correspondente à Freguesia do Seridó) entre 1737 e1900 contém descrições de bens e herdeiros. Documentos avulsos da Comarca, custodiados pelo Laboratório de Documentação Histórica do Centro de Ensino Superior do Seridó relatam a presença de índios exercendo cargos públicos no Senado da Câmara da Vila do Príncipe.
Portanto, os passos metodológicos da pesquisa, por sua ordem, são: revisão bibliográfica, pesquisa de campo nos acervos, análise das fontes e redação. A maioria das fontes manuscritas já foi parcialmente pesquisada, ou está, no mínimo, indexada.
Saõ colaboradores desta pesquisa os pesquisadores
Prof. Ms. Muirakytan Kennedy de Macêdo, do Departamento de História e Geografia do Centro de Ensino Superior do Seridó da Universidade Federal do Rio Grande do Norte;
Profª Drª Julie Antoinette Cavignac, do Departamento de Antropologia do Centro de Ciências Humanas, Letras e Artes da Universidade Federal do Rio Grande do Norte;
Bela Alcineia Rodrigues dos Santos, Mestranda em Ciências Sociais pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte;
Rosinéia Ribeiro de Araújo Silva, graduanda em História pelo Centro de Ensino Superior do Seridó da Universidade Federal do Rio Grande do Norte.
Importância da pesquisa
O estudo da etno-história dos Índios do Rio Grande do Norte representa importante contribuição às Ciências Humanas e Sociais, já que se trata de uma área com poucos trabalhos específicos, havendo certa lacuna nos estudos a seu respeito.
O projeto proposto supõe uma revisão da própria História do Rio Grande do Norte. Num momento em que pesquisas atuais detectam alguns traços da ancestralidade nativa em comunidades do Rio Grande do Norte, torna-se imprescindível o estudo do passado e da memória indígena, que se reveste, portanto, de relevância contemporânea e social.
Texto de divulgação científica publicado em 28 de maio de 2003.
Pesquisador(es) Responsável(eis)
Helder Alexandre Medeiros de Macedo
Título do trabalho acadêmico
Vivências Índias, Mundos Mestiços: relações interétnicas na Freguesia da Gloriosa Senhora Santa Ana do Seridó entre o final do século XVIII e início do século XIX
Instituição(ões)
Universidade Federal do Rio Grande do Norte
Fonte(s) Financiadora(s)
Pró-Reitoria de Pesquisa e Pós-Graduação (PPPg) da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (2000-2001) e Conselho Nacional de Desenvolvimento Tecnológico – CNPq (2001-2002)
Sugestões de leitura
História do Rio Grande do Norte, de Luís da Câmara Cascudo, Fundação José Augusto, Natal, 1984.
Índios do Açu e Seridó, de Olavo de Medeiros Filho, Centro Gráfico do Senado Federal, Brasília, 1984.
De que morriam os sertanejos do Seridó Antigo?, de Dom José Adelino Dantas, revista Tempo Universitário, Natal, volume 2, nº. 1,1979
O Pensamento Mestiço, de Serge Gruzinski, Cia. das Letras, São Paulo, 2001.
A Guerra dos Bárbaros: povos indígenas e a colonização do Sertão Nordeste do Brasil, 1650-1720, de Pedro Puntoni. Tese de Doutorado em História Social pela Universidade de São Paulo, 1988.
quinta-feira, 8 de julho de 2010
70 ANOS DA PUBLICAÇÃO DE VÁRZEA DO AÇU
Por Luiz Assunção
Em 1940 Manoel Rodrigues de Melo publicava seu primeiro livro – Várzea do Açu, pela Edição dos Cadernos. São Paulo.
Com Várzea do Açu, Manoel Rodrigues de Melo iniciava o registro etnográfico e a reflexão sociológica sobre a região do vale do Açu potiguar, procurando fixar aspectos da paisagem e costumes daquele espaço. Ele é o “cronista da Várzea do Açu”, como destaca Câmara Cascudo no prefácio da primeira edição.
O livro Várzea do Açu é composto por quatro partes: na primeira, denominada de vida rural, descreve o meio ambiente, a terra, os animais, os fenômenos da natureza e a relação do homem com esse complexo. Na segunda parte, fala dos vultos e tipos, trazendo para o leitor diferentes personagens daquelas terras. A terceira é dedicada às festas e tradições e a quarta parte evoca alguns nomes perdidos, ao mesmo tempo em que aponta as transformações e mudanças ocorridas na região. O livro contém fotografias e o registro de notas e vocabulário.
Manoel Rodrigues de Melo nasceu em 1907, na fazenda Queimado, ilha de São Francisco, no município de Macau – RN. Sua produção escrita foi voltada para os estudos de sociologia e etnografia do RN. O escritor teve uma intensa vida intelectual e política. Escreveu para jornais e revistas. Foi membro da Academia Norte-rio-grandense de Letras e da Comissão de Folclore. De sua vasta publicação constam sete livros, além de dezenas de artigos em revistas e jornais.
Os livros:
1. Várzea do Açu (1940, São Paulo)
2. Patriarcas e carreiros (1944, Rio de Janeiro)
3. Cavalo de pau (1953, Rio de Janeiro)
4. Chico Caboclo e outros poemas (1957, Rio de Janeiro)
5. Terras de Camundá (1972, Rio de Janeiro)
6. Dicionário da imprensa do RN (1987, São Paulo)
7. Memória do livro potiguar: apontamentos para uma bibliografia necessária (1994, Natal)
Em 1940 Manoel Rodrigues de Melo publicava seu primeiro livro – Várzea do Açu, pela Edição dos Cadernos. São Paulo.
Com Várzea do Açu, Manoel Rodrigues de Melo iniciava o registro etnográfico e a reflexão sociológica sobre a região do vale do Açu potiguar, procurando fixar aspectos da paisagem e costumes daquele espaço. Ele é o “cronista da Várzea do Açu”, como destaca Câmara Cascudo no prefácio da primeira edição.
O livro Várzea do Açu é composto por quatro partes: na primeira, denominada de vida rural, descreve o meio ambiente, a terra, os animais, os fenômenos da natureza e a relação do homem com esse complexo. Na segunda parte, fala dos vultos e tipos, trazendo para o leitor diferentes personagens daquelas terras. A terceira é dedicada às festas e tradições e a quarta parte evoca alguns nomes perdidos, ao mesmo tempo em que aponta as transformações e mudanças ocorridas na região. O livro contém fotografias e o registro de notas e vocabulário.
Manoel Rodrigues de Melo nasceu em 1907, na fazenda Queimado, ilha de São Francisco, no município de Macau – RN. Sua produção escrita foi voltada para os estudos de sociologia e etnografia do RN. O escritor teve uma intensa vida intelectual e política. Escreveu para jornais e revistas. Foi membro da Academia Norte-rio-grandense de Letras e da Comissão de Folclore. De sua vasta publicação constam sete livros, além de dezenas de artigos em revistas e jornais.
Os livros:
1. Várzea do Açu (1940, São Paulo)
2. Patriarcas e carreiros (1944, Rio de Janeiro)
3. Cavalo de pau (1953, Rio de Janeiro)
4. Chico Caboclo e outros poemas (1957, Rio de Janeiro)
5. Terras de Camundá (1972, Rio de Janeiro)
6. Dicionário da imprensa do RN (1987, São Paulo)
7. Memória do livro potiguar: apontamentos para uma bibliografia necessária (1994, Natal)
sexta-feira, 2 de julho de 2010
CAMPANHA OFICIAL COM DISTRIBUIÇÃO DE PROPAGANDA E PEDIDO DE "VOTE EM MIM" COMEÇA NA TERÇA
Concluída as convenções partidárias e, montado o tabuleiro com todas as candidaturas posicionadas em seus devidos lugares, o jogo eleitoral começa, oficialmente, na terça-feira, quando estará liberada a propaganda eleitoral na internet, inclusive com anúncios nos portais.
A propaganda no rádio e na televisão no horário eleitoral gratuito - aposta dos candidato, principalmente os majoritários -, entretanto, só começa no dia 17 de agosto. Por enquanto, estão permitidas apenas as formas mais convencionais de propaganda: distribuição de panfletos, carros de som e comícios, mas sem a apresentação de artistas. Na prática, isso tudo significa que os candidatos poderão dizer, expressamente, a partir de treça-feira, "vote em mim".
Escrito por Aldei Dantas
PARABÉNS...PARABÉNS...
Hoje queremos lembrar que na data de 02 de Julho de 1958, Deus enviou ao mundo Luiz Gonzaga Cavalcante Dantas ( Luizinho), com uma missão, á de melhorar e servir a população Carnaubaense, cresceu com vida digna de homem trabalhador, marcada por desafios e privilegiada fertililidade de inspiração, dote nato do seu talento individual.
Queremos desde já, todos nós, filiados do PSB municipal, lhe desejar saúde e felicidades, um pouco mais de tudo que Deus possa lhe oferecer, desejamos que o nosso amuleto protetor, possa lhe agraciar com as divinas bençãos, iluminar sua imaginação para continuar a labuta do seu compromisso público, fazendo o futuro que o povo lhe confiou.
Luizinho, você está inserido no contexto histórico dos grandes benfeitores, sua caminhada está apenas iniciando, você tem muito mais a dar ao desenvolvimento do nosso amado Carnaubais.
O povo de Carnaubais, fez de você mais que um gestor, repetiu a lição de governar nossos destinos, prefeito por mais uma ocasião, quem sabe se a jornada não será continuada? O povo querendo, Deus permitirá.
Você é nosso líder, merece destaque, o reconhecimento é visivel, sua importância de homem público transcende nossos limites, por suas atitudes e decisões politicas.
Todavia, seus conterrâneos, filiados ao PSB, partido que você representa, vem nesta gloriosa data lhe cumprimentar, enfatizando o desejo de todos, amigos, familiares, aliados politicos, pelo grande homem que é você "LUIZINHO".
Nossas socialistas saudações!!!
FONTE BLOG DO ALUIZIO LACERDA LINK AO LADO
Escrito por juscelinofranca às 06h35
quinta-feira, 1 de julho de 2010
VOBER JÚNIOR CONFIRMA CANDIDATURA A FEDERAL E PPS LANÇA OITO PARA ESTADUAL
30 de junho de 2010 • 11:22 • atualizado às 11:33
Deputado Vober Junior: "Estou feliz pela minha indicação"Foto: Marcius Valerius
Na Convenção do PPS/RN, que ocorreu na manhã desta quarta-feira (30) na Assembleia Legislativa, o deputado estadual Vober Júnior, líder da leganda, confirmou sua candidatura para o cargo de deputado federal nas eleições deste ano. Disputando vagas para o legislativo estadual, oito candidatos vão para a campanha: Carlos Antônio dos Santos, mais conhecido como 'Antônio do Gás' (Natal), Dr. Fernando Caldas (Natal), Eliazar Cavalcante (Natal), Fernando Antônio Caldas (Vale do Açu), José Alberany (Campo Redondo), José Rodrigues (Mossoró), Rossiny Meira (Janduís) e Odete Bezerra (Natal).
“Estou feliz pela minha indicação. O partido precisa de uma maior representação na Câmara Federal para que suas propostas sejam atendidas”, disse o legislador durante o discurso. O deputado espera aumentar a participação do partido nas decisões que podem garantir um futuro melhor para o Rio Grande do Norte no Congresso Nacional.
Presidentes municipais do PPS e filiados lotaram o auditório Robinson Faria, onde foi realizada a convenção.
AÇÕES DO FESTEJO JUNINO SERÃO ÚTEIS PARA O SELO UNICEF
ASSÚ - De acordo com a articuladora local do Projeto Selo Unicef - Município Aprovado, em Assú, Marícia Gurjão Morais, a programação do São João deste ano deu oportunidade para que fossem apresentadas algumas ações que poderão contribuir para que o município obtenha a pontuação necessária e habilite-se à conquista do prêmio. Um dos exemplos exitosos foi o Espaço da Criança (Casinha de Brinquedos) instalada ao lado do prédio-sede da prefeitura. Marícia Gurjão declarou que o objetivo da Casinha de Brinquedos foi proporcionar às crianças que foram acompanhadas dos pais e responsáveis à festa conhecer o seu interior, ver e manusear alguns brinquedos que atualmente são pouco conhecidos do público infantil de hoje. A Casinha de Brinquedos esteve aberta diariamente, durante o período da festa do padroeiro, de 16 a 24 deste mês, das 17h às 23h. "O balanço que fazemos desta experiência é altamente positivo", declarou a articuladora. Ela declarou que centenas de crianças do Assú e outras cidades tiveram da oportunidade de visitar a Casinha de Brinquedos durante o período junino. "Não só as crianças, mas os pais e seus acompanhantes ficaram encantados com a iniciativa da nossa prefeitura em oportunizar este tipo de resgate cultural", observou Marícia Gurjão. Ela frisou que o espaço infantil permitiu a muitas crianças conhecer uma série de brinquedos lúdicos de outras épocas, entre os quais: bonecas de pano, carrinhos de lata e madeira, roi-roi, joão-teimoso, mané-pindura, cavalo de pau, etc. SATISFAÇÃO A articuladora do Projeto Selo Unicef - Município Aprovado descreveu que, na visitação, as crianças manuseavam, brincavam, ouviam histórias, faziam desenhos e pinturas sempre sob orientação de educadores sociais e profissionais. "A proposta para o ano que vem é ampliar o espaço e oferecer oficinas de brincadeiras e construção de brinquedos", registrou Marícia Gurjão. Além disso, frisou a articuladora, outras ações serão planejadas para incrementar o elenco de realizações que poderão contabilizar em prol da conquista do Selo Unicef pelo município. (Do O Mossoroense, 1.7.2010) Transcrito por Fernando Caldas Fanfa |
quarta-feira, 30 de junho de 2010
PPS HOMOLOGA CANDIDATURA DE WOBER PARA A CÂMARA FEDERAL E OITO PARA A ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA
Lideranças do PPS de Natal e de vários municípios do interior lotaram hoje as dependências do auditório Robinson Faria, na Assembléia Legislativa, para a convenção estadual do partido.
Convenção homologou a candidatura do deputado estadual Wober Júnior para a Câmara Federal.
Wober será o único candidato do partido a deputado federal.
Para a Assembléia Legislativa o PPS homologou as candidaturas de 8 nomes.
O PPS apoiará oficialmente as candidaturas de Iberê Ferreira(PSB) ao Governo do Estado e de Wilma de Faria(PSB) para o Senado.
Em relação ao segundo voto para senador, Wober afirmou que o partido não vai liberar seus filiados para votar em quem quiser.
“O PPS terá candidato ao segundo voto. Até a próxima semana nós anunciaremos o nome do candidato que terá o segundo voto para o Senado”, disse o presidente do PPS.
Wober disse que estava feliz por disputar uma cadeira na Câmara Federal. “Vamos para a luta e vamos vencer”, afirmou Wober em tom otimista.
A deputada estadual Larissa Rosado(PSB) participou da convenção do PPS e destacou a importância da candidatura de Wober a deputado federal.
Mas nenhum integrante da chapa majoritária do sistema governista compareceu à convenção do PPS.
O ex-senador Geraldo Melo(PPS) também não esteve presente.
Convenção homologou a candidatura do deputado estadual Wober Júnior para a Câmara Federal.
Wober será o único candidato do partido a deputado federal.
Para a Assembléia Legislativa o PPS homologou as candidaturas de 8 nomes.
O PPS apoiará oficialmente as candidaturas de Iberê Ferreira(PSB) ao Governo do Estado e de Wilma de Faria(PSB) para o Senado.
Em relação ao segundo voto para senador, Wober afirmou que o partido não vai liberar seus filiados para votar em quem quiser.
“O PPS terá candidato ao segundo voto. Até a próxima semana nós anunciaremos o nome do candidato que terá o segundo voto para o Senado”, disse o presidente do PPS.
Wober disse que estava feliz por disputar uma cadeira na Câmara Federal. “Vamos para a luta e vamos vencer”, afirmou Wober em tom otimista.
A deputada estadual Larissa Rosado(PSB) participou da convenção do PPS e destacou a importância da candidatura de Wober a deputado federal.
Mas nenhum integrante da chapa majoritária do sistema governista compareceu à convenção do PPS.
O ex-senador Geraldo Melo(PPS) também não esteve presente.
Do blog: Oliveira Wanderley
VALE DO AÇU - PREFEITOS DEBATEM REGIÃO
Os prefeitos dos municípios que compõe o G12 voltarão a se reunir hoje, no plenário da Câmara Municipal de Carnaubais. O Consórcio Intergestores Vale Unido tem o objetivo de unificar o Vale do Açu no enfrentamento dos desafios comuns ao desenvolvimento dos municípios. Integram o grupo hoje: Assu, Afonso Bezerra, Alto do Rodrigues, Carnaubais, Guamaré, Macau, Ipanguaçu, Itajá, Pendências, Porto do Mangue, Serra do Mel e São Rafael. Os temas tratados no encontro serão: projetos sociais da Petrobras; asfalto da RN-016, ligando Carnaubais a Serra do Mel - numa parceira da Petrobras/DER e assuntos de âmbito interno da entidade.
(Transcrito do Diário de Natal, 30.6.2010)
Postado por Fernando Caldas
terça-feira, 29 de junho de 2010
"PP SÓ SE COLIGA NA PROPORCIONAL", DIZ IVAN JUNIOR
O presidente do Partido Progressista (PP-RN), prefeito de Assú Ivan Júnior, declarou que a legenda só vai se coligar na proporcional. A postura do partido deve ser formalizada na convenção partidária que acontece na manhã desta quarta-feira (30), na sede do partido, que fica na Rua Professor Almeida Barreto, 439, em Lagoa Nova.
“Na majoritária, os militantes vão ficar livres para definir seus apoios. Alguns estão com a senadora Rosalba Ciarlini (DEM), outros estão com o governador Iberê Ferreira de Souza (PSB)”, contou Ivan Júnior, que vai seguir ao lado da democrata.
Com isso, nem o DEM de Rosalba, nem o PSB de Iberê vão poder usufruir dos valorosos pouco mais de três minutos de propaganda no rádio e na TV que os progressitas dispõem.
O tempo do horário eleitoral gratuito é calculado da seguinte forma: 1/3 do tempo é distribuído igualitariamente e 2/3 proporcionalmente ao número de representantes na Câmara dos Deputados, onde o PP tem a quinta maior bancada.
No Estado, o partido possui 16 prefeitos e um vice-prefeito, Paulinho Freire. Em Natal, a legenda fez dois vereadores na última eleição, Chagas Catarino e Albert Dickson.
Fonte: Nominuto.com
UM BOÊMIO AUTÊNTICO DO AÇU
É raro um poeta glosador do Açu (principalmente os da velha guarda) que não tivesse enveredado na boêmia. Não gostasse de serenatas e botequins. João de Papai era um deles. Já comentei aqui várias vezes sobre os seus versos e a sua trajetória. Ele é autor do poema intitulado A Barca que escreveu quando de volta ao Açu procedente da Amazônia para onde teria regressado ainda jovem com o objetivo de sobrevive e arranjar algum dinheiro para tocar a vida. O referenciado poema que foi produzido na viagem de navio que fizera ao retornar a sua terra natal, ficou notório. Pois bem, certa vez, farreando amistosamente, numa serenata pelas ruas da cidade, declamava acompanhado pelo violão, dizendo assim: "Corre a barca a todo pano, e a lua rola no céu (...) - um dos versos do referenciado poema. Seu pai já procurando o filho boêmio pelas ruas do Açu madrugada a dentro, ao ouvir aqueles versos declamados pelo poeta se aproximou e foi logo dando ordens: "Pra barca, João! - João de Papai obedeceu a ordem paterna e, pouco tempo depois, como bom boêmio, voltou para continuar a farra. É assim o Açu celeiro de tantas figuras cheias de verve, inspirarão mental e estórias que a gente nunca vai esquecer.
Nota: Mais sobre João de Papai, indico o blog intitulado As Meninas organizado pelo poeta Renato de Melo Medeiros: Eis o endereço: asmeninas-assu.blogspot.com
Nota: Mais sobre João de Papai, indico o blog intitulado As Meninas organizado pelo poeta Renato de Melo Medeiros: Eis o endereço: asmeninas-assu.blogspot.com
Vale a pena conferir.
domingo, 27 de junho de 2010
UMA VIAGEM PELA MEMÓRIA SERIDOENSE
Sobrado do Padre e senador Francisco Brito Guerra
Sobrado do Padre Guerra Imagem: Gilton Filho
O termo sobrado tem origem na palavra latina superatu ( “que está por cima”), denominando em português o edifício com mais de um andar.
O sobrado do Senador Brito Guerra teve sua construção iniciada em 1810 e ficou concluído no ano de 1811. O Padre Guerra decidiu construí-lo, após ter retornado do Rio de Janeiro, onde se submetera ao concurso para provimento do cargo de vigário colado (sacerdote fixo, na época nomeado pela coroa), da freguesia do Seridó. O vigário passou então a residir no sobrado, acompanhado de sua mãe e das irmãs. Lá, ele morou por 34 anos, vindo a falecer no Rio de Janeiro, no dia 26 de fevereiro de 1845. Figura expressiva na política provincial e imperial, Brito Guerra teve sua primeira legislatura, como deputado geral, entre os anos de 1831 e 1833 e foi senador vitalício do Império em 1837. Foi projeto seu a Lei de 25 de outubro de 1831 que delimitava o território do Seridó fazendo-o definitivamente pertencer à Província do Rio Grande do Norte, acabando com a polêmica com a Paraíba que reivindicava essa porção espacial para si.
A edificação assobradada revolucionou as técnicas de construção até então vigentes na região, sendo um marco para a época e impulsionando o desenvolvimento urbano de Caicó. No prédio, funcionou por muito tempo a famosa Escola de Latim, visto que o padre Guerra era um exímio latinista.
Outra figura de destaque que visitou o sobrado e dele deu notícias foi o frei Caneca, que por aqui esteve em 1824, fugindo das tropas realistas que reprimiam a Confederação do Equador.
Grandes reuniões ocorreram no sobrado, para o qual acorria a sociedade seridoense, curiosa das novidades que trazia o padre, sempre que voltava de suas viagens à Corte.
Arquitetonicamente, o sobrado apresenta dois pavimentos, tendo uma sóbria fachada, na qual se divisam cinco portas e igual número de janelas, estas protegidas por grades de ferro. O seu interior já sofreu alterações. A mobília original, infelizmente, já se perdeu com o tempo; consta que o padre Guerra tinha bom gosto, utilizando móveis de madeira de lei e talheres, copos, colheres, estribos, salva, brida de prata.
O sobrado ele deixou para seus dois sobrinhos padres: Francisco Justino Pereira de Brito e Joze Modesto Pereira de Brito. E outro bens deixou também para seus filhos (!), conforme em vinte de novembro de 1844 anota em seu testamento: “que por fragelidade humana tive deis filhos; a saber Manoel Daniel, de Joanna da Rocha, em tempo que ella era solteira, o qual já faleceo, mas existe hum filho delle do mesmo nome, havido na constancia do matrimonio com Thereza, minha Sobrinha; Izabel, Theodora, Alexandrina, Jacinto, e Francisco, filhos de Maria José, aos quaes todos reconheço pello prezente Testamento por meos filhos, e os instituos, únicos e universaes herdeiros de minha fazenda”
Endereço: Rua Padre João Maria, 134 ( por trás da Catedral de Sant’Ana)
NOTA DO AUTOR DESTE BLOG: Francisco de Brito Guerra era natural do Açu (quando denominava Vila do Açu), onde nasceu no dia 18 de março de 177. Foi, portanto, além de sacerdote em Olinda, deputado provincial, geral (O que hoje equivale ao cargo de deputado federal, depois, senador do Império. Foi o primeiro potiguar a assumir a mais alta corte do país, o que hoje representa o cargo de senador da República.
Fernando Caldas
Localizada a 210km de Natal, o município de Assú desde a sua criação teve diferentes nomes, como “ Arraial de Santa Margarida” , “Arraial Nossa Senhora dos Prazeres” e “Vila Nova da Princesa”, em homenagem a Dona Carlota Joaquina, Princesa de Portugal.
Com 47.857 habitantes e com temperatura média de 30 graus, Assú é notadamente enaltecido pelo amor e entusiasmo dos seus filhos, pela poesia e, graças a inteligência e a inspiração poética existentes no sangue dos assuenses, tornou-se conhecida como a “Atenas Norte-Rio-Grandense”. Melões, uvas, acerolas, mangas, e bananas, saem dali para o mundo inteiro. Assim é o Assú, um município feliz que canta e encanta a todos, com seus versos e o seu presente confirma ser o município dos poetas. No mês de junho, Assú emociona a todos com os festejos dedicados ao Padroeiro São João Batista. A cidade toma ares de festa.
Fonte: Site da SETUR (Secretaria de Turismo do RN) http://www.setur.rn.gov.br/atracoes.html#assu.
Oficina:
Dando seqüência a nossa caravana, a oficina na cidade de Assú tinha, entre seus objetivos, a abordagem do segundo ato da peça Ricardo III. Mais uma vez, nos defrontamos com a tarefa de, junto com a turma, entender a trama desse fragmento e descascar as diversas camadas engendradas pelo autor.
Assim como em Angicos, a heterogeneidade era uma característica presente. Mas, logo de início, percebemos que a turma de Assú já trazia uma maior vivencia no teatro. E isso nos permitiu um maior aprofundamento, tanto no pensamento, como na prática.
Outro diferencial foi à experiência adquirida na cidade anterior, o que nos permitiu alguns ajustes. Optamos por focar na técnica da contação, ainda mais do que na etapa anterior, por acreditar que era o caminho menos árduo e por isso mais viável para a compreensão da fábula.
Esse conjunto de fatores nos levou a um perceptível progresso. O trabalho rendeu e a semana passou rápido. Outro aspecto de extrema importância foi a relação estreitada entre o grupo e a classe artística local. Assú, tanto pelo histórico dos seus grupos de teatro, quanto pelo Auto de São João Batista, espetáculo anual sobre a saga do santo, apresenta um número significativo de pessoas que buscam por formação e conhecimento nesta área. Reencontramos companheiros de outras jornadas, dos grupos Teatrália, Não sei de Có e Cactus.
Como grupo que busca sempre pautar suas atividades no princípio da troca e na construção coletiva do conhecimento, sentimo-nos movidos a tentar viabilizar novos encontros com esse conjunto de artistas, como forma de oferecer um subsídio maior para um entendimento mais amplo sobre formação de grupo e de relacionamento de classe.
Oficina ministrada em Assú
Foto: Jean Lopes
Lagoa do Piató:
Lagoa do Piató: Considerada o maior reservatório natural de água do Estado, com capacidade para armazenar 96 bilhões de metros cúbicos de água. Possui uma extensão de 18 km de comprimento por 2,5 de largura. O seu entorno é propício para a realização de trilhas ecológicas e para a prática de espeleologia nas cavernas existentes às margens da lagoa. No anel da Lagoa de Piató, pode-se visitar diversos baobás, árvore rara no Brasil e de extraordinária beleza. Esses atrativos fazem da Lagoa de Piató uma das maiores referências turísticas da Região.
Fonte: Site da SETUR (Secretaria de Turismo do RN) http://www.setur.rn.gov.br/atracoes.html#assu.
Lagoa do Piató
foto: César Ferrário (Clowns)
Seu Francisco:
"Não freqüentei banco escolar por não ter tido oportunidade, mas com a ajuda dos amigos cheguei a universidade" (Seu Chico Lopes)
Logo de manhã cedo, o grupo estava na margem da lagoa do Piató, esperando o barqueiro que iria nos levar para um passeio. Fomos previamente alertados que o nosso guia era merecedor de apreciação tanto quanto os lugares que nos levaria. No entanto, mesmo com o prévio aviso, faltou espaço na pequena embarcação para a surpresa e o encantamento com pessoa tão especial.
Seu Francisco Lucas da Silva já foi objeto de várias pesquisas científicas, prova viva que o pensamento fora das fronteiras acadêmicas pode ter o mesmo valor do conhecimento sistematizado na academia. Observador perspicaz do cotidiano, Seu Chico foi capaz de desvendar de forma sistêmica várias questões do universo ao seu redor.
Durante o passeio ficou claro como Seu Chico, que só assina o nome, ja tinha rendido ao seu conhecimento muitos letrados, entre eles alguns engenheiros do INCRA, professores universitários e alunos de pós-graduação.
Segue uma das histórias de Seu Chico:
Certa vez, vários pesquisadores vieram a região para tentar explicar e reverter o processo de diminuição do número de peixes da lagoa. Depois de vários estudos acabaram entendendo que a tese construída por Seu Chico era, entre as outras, a mais digna de crédito.
Pois bem, Chico alertou que, no final da década de 1980, com o fim da cultura do algodão devido a praga do "bicudo", vários agricultores se viram forçados a vender suas terras. Houve uma grande multinacional alemã que veio a adquirir boa parte dessas terras para a extração do calcário.
Seu Chico juntou essa informação à de que, em ciclos regulares, suas redes de pesca começavam a acumular lodo. E que a técnica utilizada para a limpeza era a imersão por um determinado período em tanques com água e cal.
Assim Chico concluiu que, devido a consistência calcária do terreno, e o assoreamento da lagoa devido ao desmatamento em sua margem, a quantidade de lodo na água teria diminuído ou até desaparecido, observando também que o lodo era a base da cadeia alimentar daquele ecossistema.
Seu Chico, então, deu a solução: "ou resolve o problema do desmatamento e repõe a vegetação do lugar ou então faz o controle químico da lagoa!"
BATATA!!! Ponto para o "Dotô Chico". A lagoa hoje voltou a ter peixe.
Seguem também alguns dos seus ditos:
"O único sujeito que dialoga consigo mesmo somos nós, por conta da consciência e do encontro dela com a natureza."
"Tudo que o homem faz, que ele inventa, ele pensa que fez algo diferente. Mas eu não vejo por esse lado. É significante a algo que já existe. O homem fez o computador que armazena tudo. É como você: nasceu e armazenou tudo que aprendeu. A coisas imitam o que já existe no planeta."
"Os próprios cientistas, com todas as máquinas, as vezes prevêem uma coisa e dá errado. A natureza está sempre evoluindo. Então, pode haver algum problema e muda todo o esquema. A natureza é um corpo vivo."
Francisco Lucas
foto: César Ferrário (Clowns)
Baobás:
Navegando nas águas da lagoa do Piató, já de longe se avista a magnitude desses seres. Exuberante é um bom adjetivo. Pelo tamanho e pelo tempo de existência, os baobás que encontramos ressaltam a condição transitória de nossa existência.
Segundo Seu Chico, não são árvores nativas da região. Foram trazidas da África pelos primeiros escravos e colonizadores. Mais uma vez, ele tem a razão. A pequena sementinha, transportada nos porões dos navios negreiros, quando cultivada, cresce em clima brasileiro e transforma-se na Adansônia digitata.
Foi necessário o grupo todo para abraçar a arvore centenária que, pelos cálculos que fizemos, nasceu no tempo em que Shakespeare existiu. Uma criança, se levarmos em conta que esse planta pode chegar a 6.000 anos de idade.
Baobás
foto: Marco França (Clowns)
Chefe de Gabinete:
Nascido em Assú, no ano de 1961, Ivan Pinheiro é o chefe de gabinete do atual prefeito Ronaldo Soares. Esta é uma função exercida no poder executivo que tem como tarefa o assessoramento direto do prefeito, tendo o status de secretário.
Por isso, Ivan tem uma estreita relação com o poder administrativo da cidade, o que nos despertou interesse, devido ao teor político da peça Ricardo III. Generosamente, ele nos recebeu para uma conversa matinal na própria prefeitura.
Ivan é formado em história pela Universidade Regional do Rio Grande do Norte e especialista em História do Brasil República. Também cultiva admiração por outro tipo de história. Trata-se de um história difícil de ser comprovada e que, menos ainda, permite-se averiguar sob a tutela da ciência. São causos e contos que surgem e se adornam no imaginário do povo. E como resultado do seu interesse por essa prosódia lançou no ano de 2007 o livro "Dez contos Cem causos".
Segue aqui um deles:
BARRISMO
Histórias diversas são contadas sobre o velho português João Cachina - patriarca de uma enorme e respeitável família em Assú. Certo dia o portuga ia passando nas proximidades da Prefeitura e um curioso indagou:
- Seu João, porque os portugueses são tão burros?
E ele sem pestanejar respondeu:
- São tão burros que descobriram esta merda.
Por esse conjunto de tarefas e interesses, Ivan é pessoa multifacetada, tendo conhecimento prático dos processos políticos, mas também sensibilidade para perceber a escola de bufonaria que circunda esse ambiente. Amigo de políticos e de poetas, soube contar fatos irreverentes e marcantes da história de Assú, sem deixar descoberto seu território, afinal, ele também representa o poder público.
Quando indagado sobre o fato da fama de Assú ser terra de poetas, nos explica que esse termo que tanto propaga o nome da cidade em outras regiões do estado, como também assume um caráter pejorativo em meio aos seus habitantes. Para o assuensse, poeta também é sinônimo de vagabundo, desocupado. E sobre isso Ivan nos da a réplica de Renato Dantas, boêmio inveterado:
"Eu, com essa força que deus me deu, trabalhar para sustentar um vagabundo que nem eu? Jamais!"
...........
Finalizados os trabalhos em Assú, nos preparamos para Santa Cruz, próxima cidade em nosso roteiro. Assú nos mostrou resultados importantes, principalmente pelo conjunto de pessoas que já esboça a formação de uma classe teatral. Esse é um momento que requer atenção especial das instituições financiadora e, principalmente, do poder público. É o ponto exato para a formação, para ações determinantes na consolidação dessa expressão artística junto a população. E isso precisa ser feito com responsabilidade.
Localizada a 210km de Natal, o município de Assú desde a sua criação teve diferentes nomes, como “ Arraial de Santa Margarida” , “Arraial Nossa Senhora dos Prazeres” e “Vila Nova da Princesa”, em homenagem a Dona Carlota Joaquina, Princesa de Portugal.
Com 47.857 habitantes e com temperatura média de 30 graus, Assú é notadamente enaltecido pelo amor e entusiasmo dos seus filhos, pela poesia e, graças a inteligência e a inspiração poética existentes no sangue dos assuenses, tornou-se conhecida como a “Atenas Norte-Rio-Grandense”. Melões, uvas, acerolas, mangas, e bananas, saem dali para o mundo inteiro. Assim é o Assú, um município feliz que canta e encanta a todos, com seus versos e o seu presente confirma ser o município dos poetas. No mês de junho, Assú emociona a todos com os festejos dedicados ao Padroeiro São João Batista. A cidade toma ares de festa.
Fonte: Site da SETUR (Secretaria de Turismo do RN) http://www.setur.rn.gov.br/atracoes.html#assu.
Oficina:
Dando seqüência a nossa caravana, a oficina na cidade de Assú tinha, entre seus objetivos, a abordagem do segundo ato da peça Ricardo III. Mais uma vez, nos defrontamos com a tarefa de, junto com a turma, entender a trama desse fragmento e descascar as diversas camadas engendradas pelo autor.
Assim como em Angicos, a heterogeneidade era uma característica presente. Mas, logo de início, percebemos que a turma de Assú já trazia uma maior vivencia no teatro. E isso nos permitiu um maior aprofundamento, tanto no pensamento, como na prática.
Outro diferencial foi à experiência adquirida na cidade anterior, o que nos permitiu alguns ajustes. Optamos por focar na técnica da contação, ainda mais do que na etapa anterior, por acreditar que era o caminho menos árduo e por isso mais viável para a compreensão da fábula.
Esse conjunto de fatores nos levou a um perceptível progresso. O trabalho rendeu e a semana passou rápido. Outro aspecto de extrema importância foi a relação estreitada entre o grupo e a classe artística local. Assú, tanto pelo histórico dos seus grupos de teatro, quanto pelo Auto de São João Batista, espetáculo anual sobre a saga do santo, apresenta um número significativo de pessoas que buscam por formação e conhecimento nesta área. Reencontramos companheiros de outras jornadas, dos grupos Teatrália, Não sei de Có e Cactus.
Como grupo que busca sempre pautar suas atividades no princípio da troca e na construção coletiva do conhecimento, sentimo-nos movidos a tentar viabilizar novos encontros com esse conjunto de artistas, como forma de oferecer um subsídio maior para um entendimento mais amplo sobre formação de grupo e de relacionamento de classe.
Oficina ministrada em Assú
Foto: Jean Lopes
Lagoa do Piató:
Lagoa do Piató: Considerada o maior reservatório natural de água do Estado, com capacidade para armazenar 96 bilhões de metros cúbicos de água. Possui uma extensão de 18 km de comprimento por 2,5 de largura. O seu entorno é propício para a realização de trilhas ecológicas e para a prática de espeleologia nas cavernas existentes às margens da lagoa. No anel da Lagoa de Piató, pode-se visitar diversos baobás, árvore rara no Brasil e de extraordinária beleza. Esses atrativos fazem da Lagoa de Piató uma das maiores referências turísticas da Região.
Fonte: Site da SETUR (Secretaria de Turismo do RN) http://www.setur.rn.gov.br/atracoes.html#assu.
Lagoa do Piató
foto: César Ferrário (Clowns)
Seu Francisco:
"Não freqüentei banco escolar por não ter tido oportunidade, mas com a ajuda dos amigos cheguei a universidade" (Seu Chico Lopes)
Logo de manhã cedo, o grupo estava na margem da lagoa do Piató, esperando o barqueiro que iria nos levar para um passeio. Fomos previamente alertados que o nosso guia era merecedor de apreciação tanto quanto os lugares que nos levaria. No entanto, mesmo com o prévio aviso, faltou espaço na pequena embarcação para a surpresa e o encantamento com pessoa tão especial.
Seu Francisco Lucas da Silva já foi objeto de várias pesquisas científicas, prova viva que o pensamento fora das fronteiras acadêmicas pode ter o mesmo valor do conhecimento sistematizado na academia. Observador perspicaz do cotidiano, Seu Chico foi capaz de desvendar de forma sistêmica várias questões do universo ao seu redor.
Durante o passeio ficou claro como Seu Chico, que só assina o nome, ja tinha rendido ao seu conhecimento muitos letrados, entre eles alguns engenheiros do INCRA, professores universitários e alunos de pós-graduação.
Segue uma das histórias de Seu Chico:
Certa vez, vários pesquisadores vieram a região para tentar explicar e reverter o processo de diminuição do número de peixes da lagoa. Depois de vários estudos acabaram entendendo que a tese construída por Seu Chico era, entre as outras, a mais digna de crédito.
Pois bem, Chico alertou que, no final da década de 1980, com o fim da cultura do algodão devido a praga do "bicudo", vários agricultores se viram forçados a vender suas terras. Houve uma grande multinacional alemã que veio a adquirir boa parte dessas terras para a extração do calcário.
Seu Chico juntou essa informação à de que, em ciclos regulares, suas redes de pesca começavam a acumular lodo. E que a técnica utilizada para a limpeza era a imersão por um determinado período em tanques com água e cal.
Assim Chico concluiu que, devido a consistência calcária do terreno, e o assoreamento da lagoa devido ao desmatamento em sua margem, a quantidade de lodo na água teria diminuído ou até desaparecido, observando também que o lodo era a base da cadeia alimentar daquele ecossistema.
Seu Chico, então, deu a solução: "ou resolve o problema do desmatamento e repõe a vegetação do lugar ou então faz o controle químico da lagoa!"
BATATA!!! Ponto para o "Dotô Chico". A lagoa hoje voltou a ter peixe.
Seguem também alguns dos seus ditos:
"O único sujeito que dialoga consigo mesmo somos nós, por conta da consciência e do encontro dela com a natureza."
"Tudo que o homem faz, que ele inventa, ele pensa que fez algo diferente. Mas eu não vejo por esse lado. É significante a algo que já existe. O homem fez o computador que armazena tudo. É como você: nasceu e armazenou tudo que aprendeu. A coisas imitam o que já existe no planeta."
"Os próprios cientistas, com todas as máquinas, as vezes prevêem uma coisa e dá errado. A natureza está sempre evoluindo. Então, pode haver algum problema e muda todo o esquema. A natureza é um corpo vivo."
Francisco Lucas
foto: César Ferrário (Clowns)
Baobás:
Navegando nas águas da lagoa do Piató, já de longe se avista a magnitude desses seres. Exuberante é um bom adjetivo. Pelo tamanho e pelo tempo de existência, os baobás que encontramos ressaltam a condição transitória de nossa existência.
Segundo Seu Chico, não são árvores nativas da região. Foram trazidas da África pelos primeiros escravos e colonizadores. Mais uma vez, ele tem a razão. A pequena sementinha, transportada nos porões dos navios negreiros, quando cultivada, cresce em clima brasileiro e transforma-se na Adansônia digitata.
Foi necessário o grupo todo para abraçar a arvore centenária que, pelos cálculos que fizemos, nasceu no tempo em que Shakespeare existiu. Uma criança, se levarmos em conta que esse planta pode chegar a 6.000 anos de idade.
Baobás
foto: Marco França (Clowns)
Chefe de Gabinete:
Nascido em Assú, no ano de 1961, Ivan Pinheiro é o chefe de gabinete do atual prefeito Ronaldo Soares. Esta é uma função exercida no poder executivo que tem como tarefa o assessoramento direto do prefeito, tendo o status de secretário.
Por isso, Ivan tem uma estreita relação com o poder administrativo da cidade, o que nos despertou interesse, devido ao teor político da peça Ricardo III. Generosamente, ele nos recebeu para uma conversa matinal na própria prefeitura.
Ivan é formado em história pela Universidade Regional do Rio Grande do Norte e especialista em História do Brasil República. Também cultiva admiração por outro tipo de história. Trata-se de um história difícil de ser comprovada e que, menos ainda, permite-se averiguar sob a tutela da ciência. São causos e contos que surgem e se adornam no imaginário do povo. E como resultado do seu interesse por essa prosódia lançou no ano de 2007 o livro "Dez contos Cem causos".
Segue aqui um deles:
BARRISMO
Histórias diversas são contadas sobre o velho português João Cachina - patriarca de uma enorme e respeitável família em Assú. Certo dia o portuga ia passando nas proximidades da Prefeitura e um curioso indagou:
- Seu João, porque os portugueses são tão burros?
E ele sem pestanejar respondeu:
- São tão burros que descobriram esta merda.
Por esse conjunto de tarefas e interesses, Ivan é pessoa multifacetada, tendo conhecimento prático dos processos políticos, mas também sensibilidade para perceber a escola de bufonaria que circunda esse ambiente. Amigo de políticos e de poetas, soube contar fatos irreverentes e marcantes da história de Assú, sem deixar descoberto seu território, afinal, ele também representa o poder público.
Quando indagado sobre o fato da fama de Assú ser terra de poetas, nos explica que esse termo que tanto propaga o nome da cidade em outras regiões do estado, como também assume um caráter pejorativo em meio aos seus habitantes. Para o assuensse, poeta também é sinônimo de vagabundo, desocupado. E sobre isso Ivan nos da a réplica de Renato Dantas, boêmio inveterado:
"Eu, com essa força que deus me deu, trabalhar para sustentar um vagabundo que nem eu? Jamais!"
...........
Finalizados os trabalhos em Assú, nos preparamos para Santa Cruz, próxima cidade em nosso roteiro. Assú nos mostrou resultados importantes, principalmente pelo conjunto de pessoas que já esboça a formação de uma classe teatral. Esse é um momento que requer atenção especial das instituições financiadora e, principalmente, do poder público. É o ponto exato para a formação, para ações determinantes na consolidação dessa expressão artística junto a população. E isso precisa ser feito com responsabilidade.
Com 47.857 habitantes e com temperatura média de 30 graus, Assú é notadamente enaltecido pelo amor e entusiasmo dos seus filhos, pela poesia e, graças a inteligência e a inspiração poética existentes no sangue dos assuenses, tornou-se conhecida como a “Atenas Norte-Rio-Grandense”. Melões, uvas, acerolas, mangas, e bananas, saem dali para o mundo inteiro. Assim é o Assú, um município feliz que canta e encanta a todos, com seus versos e o seu presente confirma ser o município dos poetas. No mês de junho, Assú emociona a todos com os festejos dedicados ao Padroeiro São João Batista. A cidade toma ares de festa.
Fonte: Site da SETUR (Secretaria de Turismo do RN) http://www.setur.rn.gov.br/atracoes.html#assu.
Oficina:
Dando seqüência a nossa caravana, a oficina na cidade de Assú tinha, entre seus objetivos, a abordagem do segundo ato da peça Ricardo III. Mais uma vez, nos defrontamos com a tarefa de, junto com a turma, entender a trama desse fragmento e descascar as diversas camadas engendradas pelo autor.
Assim como em Angicos, a heterogeneidade era uma característica presente. Mas, logo de início, percebemos que a turma de Assú já trazia uma maior vivencia no teatro. E isso nos permitiu um maior aprofundamento, tanto no pensamento, como na prática.
Outro diferencial foi à experiência adquirida na cidade anterior, o que nos permitiu alguns ajustes. Optamos por focar na técnica da contação, ainda mais do que na etapa anterior, por acreditar que era o caminho menos árduo e por isso mais viável para a compreensão da fábula.
Esse conjunto de fatores nos levou a um perceptível progresso. O trabalho rendeu e a semana passou rápido. Outro aspecto de extrema importância foi a relação estreitada entre o grupo e a classe artística local. Assú, tanto pelo histórico dos seus grupos de teatro, quanto pelo Auto de São João Batista, espetáculo anual sobre a saga do santo, apresenta um número significativo de pessoas que buscam por formação e conhecimento nesta área. Reencontramos companheiros de outras jornadas, dos grupos Teatrália, Não sei de Có e Cactus.
Como grupo que busca sempre pautar suas atividades no princípio da troca e na construção coletiva do conhecimento, sentimo-nos movidos a tentar viabilizar novos encontros com esse conjunto de artistas, como forma de oferecer um subsídio maior para um entendimento mais amplo sobre formação de grupo e de relacionamento de classe.
Oficina ministrada em Assú
Foto: Jean Lopes
Lagoa do Piató:
Lagoa do Piató: Considerada o maior reservatório natural de água do Estado, com capacidade para armazenar 96 bilhões de metros cúbicos de água. Possui uma extensão de 18 km de comprimento por 2,5 de largura. O seu entorno é propício para a realização de trilhas ecológicas e para a prática de espeleologia nas cavernas existentes às margens da lagoa. No anel da Lagoa de Piató, pode-se visitar diversos baobás, árvore rara no Brasil e de extraordinária beleza. Esses atrativos fazem da Lagoa de Piató uma das maiores referências turísticas da Região.
Fonte: Site da SETUR (Secretaria de Turismo do RN) http://www.setur.rn.gov.br/atracoes.html#assu.
Lagoa do Piató
foto: César Ferrário (Clowns)
Seu Francisco:
"Não freqüentei banco escolar por não ter tido oportunidade, mas com a ajuda dos amigos cheguei a universidade" (Seu Chico Lopes)
Logo de manhã cedo, o grupo estava na margem da lagoa do Piató, esperando o barqueiro que iria nos levar para um passeio. Fomos previamente alertados que o nosso guia era merecedor de apreciação tanto quanto os lugares que nos levaria. No entanto, mesmo com o prévio aviso, faltou espaço na pequena embarcação para a surpresa e o encantamento com pessoa tão especial.
Seu Francisco Lucas da Silva já foi objeto de várias pesquisas científicas, prova viva que o pensamento fora das fronteiras acadêmicas pode ter o mesmo valor do conhecimento sistematizado na academia. Observador perspicaz do cotidiano, Seu Chico foi capaz de desvendar de forma sistêmica várias questões do universo ao seu redor.
Durante o passeio ficou claro como Seu Chico, que só assina o nome, ja tinha rendido ao seu conhecimento muitos letrados, entre eles alguns engenheiros do INCRA, professores universitários e alunos de pós-graduação.
Segue uma das histórias de Seu Chico:
Certa vez, vários pesquisadores vieram a região para tentar explicar e reverter o processo de diminuição do número de peixes da lagoa. Depois de vários estudos acabaram entendendo que a tese construída por Seu Chico era, entre as outras, a mais digna de crédito.
Pois bem, Chico alertou que, no final da década de 1980, com o fim da cultura do algodão devido a praga do "bicudo", vários agricultores se viram forçados a vender suas terras. Houve uma grande multinacional alemã que veio a adquirir boa parte dessas terras para a extração do calcário.
Seu Chico juntou essa informação à de que, em ciclos regulares, suas redes de pesca começavam a acumular lodo. E que a técnica utilizada para a limpeza era a imersão por um determinado período em tanques com água e cal.
Assim Chico concluiu que, devido a consistência calcária do terreno, e o assoreamento da lagoa devido ao desmatamento em sua margem, a quantidade de lodo na água teria diminuído ou até desaparecido, observando também que o lodo era a base da cadeia alimentar daquele ecossistema.
Seu Chico, então, deu a solução: "ou resolve o problema do desmatamento e repõe a vegetação do lugar ou então faz o controle químico da lagoa!"
BATATA!!! Ponto para o "Dotô Chico". A lagoa hoje voltou a ter peixe.
Seguem também alguns dos seus ditos:
"O único sujeito que dialoga consigo mesmo somos nós, por conta da consciência e do encontro dela com a natureza."
"Tudo que o homem faz, que ele inventa, ele pensa que fez algo diferente. Mas eu não vejo por esse lado. É significante a algo que já existe. O homem fez o computador que armazena tudo. É como você: nasceu e armazenou tudo que aprendeu. A coisas imitam o que já existe no planeta."
"Os próprios cientistas, com todas as máquinas, as vezes prevêem uma coisa e dá errado. A natureza está sempre evoluindo. Então, pode haver algum problema e muda todo o esquema. A natureza é um corpo vivo."
Francisco Lucas
foto: César Ferrário (Clowns)
Baobás:
Navegando nas águas da lagoa do Piató, já de longe se avista a magnitude desses seres. Exuberante é um bom adjetivo. Pelo tamanho e pelo tempo de existência, os baobás que encontramos ressaltam a condição transitória de nossa existência.
Segundo Seu Chico, não são árvores nativas da região. Foram trazidas da África pelos primeiros escravos e colonizadores. Mais uma vez, ele tem a razão. A pequena sementinha, transportada nos porões dos navios negreiros, quando cultivada, cresce em clima brasileiro e transforma-se na Adansônia digitata.
Foi necessário o grupo todo para abraçar a arvore centenária que, pelos cálculos que fizemos, nasceu no tempo em que Shakespeare existiu. Uma criança, se levarmos em conta que esse planta pode chegar a 6.000 anos de idade.
Baobás
foto: Marco França (Clowns)
Chefe de Gabinete:
Nascido em Assú, no ano de 1961, Ivan Pinheiro é o chefe de gabinete do atual prefeito Ronaldo Soares. Esta é uma função exercida no poder executivo que tem como tarefa o assessoramento direto do prefeito, tendo o status de secretário.
Por isso, Ivan tem uma estreita relação com o poder administrativo da cidade, o que nos despertou interesse, devido ao teor político da peça Ricardo III. Generosamente, ele nos recebeu para uma conversa matinal na própria prefeitura.
Ivan é formado em história pela Universidade Regional do Rio Grande do Norte e especialista em História do Brasil República. Também cultiva admiração por outro tipo de história. Trata-se de um história difícil de ser comprovada e que, menos ainda, permite-se averiguar sob a tutela da ciência. São causos e contos que surgem e se adornam no imaginário do povo. E como resultado do seu interesse por essa prosódia lançou no ano de 2007 o livro "Dez contos Cem causos".
Segue aqui um deles:
BARRISMO
Histórias diversas são contadas sobre o velho português João Cachina - patriarca de uma enorme e respeitável família em Assú. Certo dia o portuga ia passando nas proximidades da Prefeitura e um curioso indagou:
- Seu João, porque os portugueses são tão burros?
E ele sem pestanejar respondeu:
- São tão burros que descobriram esta merda.
Por esse conjunto de tarefas e interesses, Ivan é pessoa multifacetada, tendo conhecimento prático dos processos políticos, mas também sensibilidade para perceber a escola de bufonaria que circunda esse ambiente. Amigo de políticos e de poetas, soube contar fatos irreverentes e marcantes da história de Assú, sem deixar descoberto seu território, afinal, ele também representa o poder público.
Quando indagado sobre o fato da fama de Assú ser terra de poetas, nos explica que esse termo que tanto propaga o nome da cidade em outras regiões do estado, como também assume um caráter pejorativo em meio aos seus habitantes. Para o assuensse, poeta também é sinônimo de vagabundo, desocupado. E sobre isso Ivan nos da a réplica de Renato Dantas, boêmio inveterado:
"Eu, com essa força que deus me deu, trabalhar para sustentar um vagabundo que nem eu? Jamais!"
...........
Finalizados os trabalhos em Assú, nos preparamos para Santa Cruz, próxima cidade em nosso roteiro. Assú nos mostrou resultados importantes, principalmente pelo conjunto de pessoas que já esboça a formação de uma classe teatral. Esse é um momento que requer atenção especial das instituições financiadora e, principalmente, do poder público. É o ponto exato para a formação, para ações determinantes na consolidação dessa expressão artística junto a população. E isso precisa ser feito com responsabilidade.
Localizada a 210km de Natal, o município de Assú desde a sua criação teve diferentes nomes, como “ Arraial de Santa Margarida” , “Arraial Nossa Senhora dos Prazeres” e “Vila Nova da Princesa”, em homenagem a Dona Carlota Joaquina, Princesa de Portugal.
Com 47.857 habitantes e com temperatura média de 30 graus, Assú é notadamente enaltecido pelo amor e entusiasmo dos seus filhos, pela poesia e, graças a inteligência e a inspiração poética existentes no sangue dos assuenses, tornou-se conhecida como a “Atenas Norte-Rio-Grandense”. Melões, uvas, acerolas, mangas, e bananas, saem dali para o mundo inteiro. Assim é o Assú, um município feliz que canta e encanta a todos, com seus versos e o seu presente confirma ser o município dos poetas. No mês de junho, Assú emociona a todos com os festejos dedicados ao Padroeiro São João Batista. A cidade toma ares de festa.
Fonte: Site da SETUR (Secretaria de Turismo do RN) http://www.setur.rn.gov.br/atracoes.html#assu.
Oficina:
Dando seqüência a nossa caravana, a oficina na cidade de Assú tinha, entre seus objetivos, a abordagem do segundo ato da peça Ricardo III. Mais uma vez, nos defrontamos com a tarefa de, junto com a turma, entender a trama desse fragmento e descascar as diversas camadas engendradas pelo autor.
Assim como em Angicos, a heterogeneidade era uma característica presente. Mas, logo de início, percebemos que a turma de Assú já trazia uma maior vivencia no teatro. E isso nos permitiu um maior aprofundamento, tanto no pensamento, como na prática.
Outro diferencial foi à experiência adquirida na cidade anterior, o que nos permitiu alguns ajustes. Optamos por focar na técnica da contação, ainda mais do que na etapa anterior, por acreditar que era o caminho menos árduo e por isso mais viável para a compreensão da fábula.
Esse conjunto de fatores nos levou a um perceptível progresso. O trabalho rendeu e a semana passou rápido. Outro aspecto de extrema importância foi a relação estreitada entre o grupo e a classe artística local. Assú, tanto pelo histórico dos seus grupos de teatro, quanto pelo Auto de São João Batista, espetáculo anual sobre a saga do santo, apresenta um número significativo de pessoas que buscam por formação e conhecimento nesta área. Reencontramos companheiros de outras jornadas, dos grupos Teatrália, Não sei de Có e Cactus.
Como grupo que busca sempre pautar suas atividades no princípio da troca e na construção coletiva do conhecimento, sentimo-nos movidos a tentar viabilizar novos encontros com esse conjunto de artistas, como forma de oferecer um subsídio maior para um entendimento mais amplo sobre formação de grupo e de relacionamento de classe.
Oficina ministrada em Assú
Foto: Jean Lopes
Lagoa do Piató:
Lagoa do Piató: Considerada o maior reservatório natural de água do Estado, com capacidade para armazenar 96 bilhões de metros cúbicos de água. Possui uma extensão de 18 km de comprimento por 2,5 de largura. O seu entorno é propício para a realização de trilhas ecológicas e para a prática de espeleologia nas cavernas existentes às margens da lagoa. No anel da Lagoa de Piató, pode-se visitar diversos baobás, árvore rara no Brasil e de extraordinária beleza. Esses atrativos fazem da Lagoa de Piató uma das maiores referências turísticas da Região.
Fonte: Site da SETUR (Secretaria de Turismo do RN) http://www.setur.rn.gov.br/atracoes.html#assu.
Lagoa do Piató
foto: César Ferrário (Clowns)
Seu Francisco:
"Não freqüentei banco escolar por não ter tido oportunidade, mas com a ajuda dos amigos cheguei a universidade" (Seu Chico Lopes)
Logo de manhã cedo, o grupo estava na margem da lagoa do Piató, esperando o barqueiro que iria nos levar para um passeio. Fomos previamente alertados que o nosso guia era merecedor de apreciação tanto quanto os lugares que nos levaria. No entanto, mesmo com o prévio aviso, faltou espaço na pequena embarcação para a surpresa e o encantamento com pessoa tão especial.
Seu Francisco Lucas da Silva já foi objeto de várias pesquisas científicas, prova viva que o pensamento fora das fronteiras acadêmicas pode ter o mesmo valor do conhecimento sistematizado na academia. Observador perspicaz do cotidiano, Seu Chico foi capaz de desvendar de forma sistêmica várias questões do universo ao seu redor.
Durante o passeio ficou claro como Seu Chico, que só assina o nome, ja tinha rendido ao seu conhecimento muitos letrados, entre eles alguns engenheiros do INCRA, professores universitários e alunos de pós-graduação.
Segue uma das histórias de Seu Chico:
Certa vez, vários pesquisadores vieram a região para tentar explicar e reverter o processo de diminuição do número de peixes da lagoa. Depois de vários estudos acabaram entendendo que a tese construída por Seu Chico era, entre as outras, a mais digna de crédito.
Pois bem, Chico alertou que, no final da década de 1980, com o fim da cultura do algodão devido a praga do "bicudo", vários agricultores se viram forçados a vender suas terras. Houve uma grande multinacional alemã que veio a adquirir boa parte dessas terras para a extração do calcário.
Seu Chico juntou essa informação à de que, em ciclos regulares, suas redes de pesca começavam a acumular lodo. E que a técnica utilizada para a limpeza era a imersão por um determinado período em tanques com água e cal.
Assim Chico concluiu que, devido a consistência calcária do terreno, e o assoreamento da lagoa devido ao desmatamento em sua margem, a quantidade de lodo na água teria diminuído ou até desaparecido, observando também que o lodo era a base da cadeia alimentar daquele ecossistema.
Seu Chico, então, deu a solução: "ou resolve o problema do desmatamento e repõe a vegetação do lugar ou então faz o controle químico da lagoa!"
BATATA!!! Ponto para o "Dotô Chico". A lagoa hoje voltou a ter peixe.
Seguem também alguns dos seus ditos:
"O único sujeito que dialoga consigo mesmo somos nós, por conta da consciência e do encontro dela com a natureza."
"Tudo que o homem faz, que ele inventa, ele pensa que fez algo diferente. Mas eu não vejo por esse lado. É significante a algo que já existe. O homem fez o computador que armazena tudo. É como você: nasceu e armazenou tudo que aprendeu. A coisas imitam o que já existe no planeta."
"Os próprios cientistas, com todas as máquinas, as vezes prevêem uma coisa e dá errado. A natureza está sempre evoluindo. Então, pode haver algum problema e muda todo o esquema. A natureza é um corpo vivo."
Francisco Lucas
foto: César Ferrário (Clowns)
Baobás:
Navegando nas águas da lagoa do Piató, já de longe se avista a magnitude desses seres. Exuberante é um bom adjetivo. Pelo tamanho e pelo tempo de existência, os baobás que encontramos ressaltam a condição transitória de nossa existência.
Segundo Seu Chico, não são árvores nativas da região. Foram trazidas da África pelos primeiros escravos e colonizadores. Mais uma vez, ele tem a razão. A pequena sementinha, transportada nos porões dos navios negreiros, quando cultivada, cresce em clima brasileiro e transforma-se na Adansônia digitata.
Foi necessário o grupo todo para abraçar a arvore centenária que, pelos cálculos que fizemos, nasceu no tempo em que Shakespeare existiu. Uma criança, se levarmos em conta que esse planta pode chegar a 6.000 anos de idade.
Baobás
foto: Marco França (Clowns)
Chefe de Gabinete:
Nascido em Assú, no ano de 1961, Ivan Pinheiro é o chefe de gabinete do atual prefeito Ronaldo Soares. Esta é uma função exercida no poder executivo que tem como tarefa o assessoramento direto do prefeito, tendo o status de secretário.
Por isso, Ivan tem uma estreita relação com o poder administrativo da cidade, o que nos despertou interesse, devido ao teor político da peça Ricardo III. Generosamente, ele nos recebeu para uma conversa matinal na própria prefeitura.
Ivan é formado em história pela Universidade Regional do Rio Grande do Norte e especialista em História do Brasil República. Também cultiva admiração por outro tipo de história. Trata-se de um história difícil de ser comprovada e que, menos ainda, permite-se averiguar sob a tutela da ciência. São causos e contos que surgem e se adornam no imaginário do povo. E como resultado do seu interesse por essa prosódia lançou no ano de 2007 o livro "Dez contos Cem causos".
Segue aqui um deles:
BARRISMO
Histórias diversas são contadas sobre o velho português João Cachina - patriarca de uma enorme e respeitável família em Assú. Certo dia o portuga ia passando nas proximidades da Prefeitura e um curioso indagou:
- Seu João, porque os portugueses são tão burros?
E ele sem pestanejar respondeu:
- São tão burros que descobriram esta merda.
Por esse conjunto de tarefas e interesses, Ivan é pessoa multifacetada, tendo conhecimento prático dos processos políticos, mas também sensibilidade para perceber a escola de bufonaria que circunda esse ambiente. Amigo de políticos e de poetas, soube contar fatos irreverentes e marcantes da história de Assú, sem deixar descoberto seu território, afinal, ele também representa o poder público.
Quando indagado sobre o fato da fama de Assú ser terra de poetas, nos explica que esse termo que tanto propaga o nome da cidade em outras regiões do estado, como também assume um caráter pejorativo em meio aos seus habitantes. Para o assuensse, poeta também é sinônimo de vagabundo, desocupado. E sobre isso Ivan nos da a réplica de Renato Dantas, boêmio inveterado:
"Eu, com essa força que deus me deu, trabalhar para sustentar um vagabundo que nem eu? Jamais!"
...........
Finalizados os trabalhos em Assú, nos preparamos para Santa Cruz, próxima cidade em nosso roteiro. Assú nos mostrou resultados importantes, principalmente pelo conjunto de pessoas que já esboça a formação de uma classe teatral. Esse é um momento que requer atenção especial das instituições financiadora e, principalmente, do poder público. É o ponto exato para a formação, para ações determinantes na consolidação dessa expressão artística junto a população. E isso precisa ser feito com responsabilidade.
AS PALAVRAS DE ROSALBA NA CONVENÇÃO
Este é o primeiro dia, o primeiro ato do futuro que queremos para o nosso Estado. Começa aqui a etapa mais importante, e a mais difícil, da luta para recolocar o nosso estado no rumo do desenvolvimento econômico e humano, do qual ele vem sendo desviado nos últimos anos.
Enquanto nossos vizinhos tiravam e tiram proveito do cenário econômico favorável, enquanto outros estados nordestinos acumulam investimentos em obras estruturantes, o Rio Grande do Norte empacou, andou de lado e está ficando para trás na corrida pelo desenvolvimento.
A expectativa gerada nas urnas, oito anos antes, foi abortada por gestores que traíram a confiança da população e não souberam fazer o nosso estado acontecer. E porque não souberam fazer, estamos perdendo a hora do crescimento.
Estudo da Fundação Getúlio Vargas comprova que o Rio Grande do Norte ocupa, entre as 27 unidades da federação, apenas o décimo-nono lugar no ranking do crescimento social, que mede os investimentos em políticas públicas de saneamento básico, educação, moradia e distribuição de renda. Na comparação com os estados nordestinos, o desempenho é muito pior: estamos em último lugar, investindo menos até do que estados mais pobres e mais atrasados.
O atual Governo nos empurrou para a lanterninha regional em qualidade de vida da população. Não é preciso ser cientista social para ver e compreender esse quadro lamentável. A população sente isso no dia-a-dia, constatando a degradação dos serviços públicos essenciais.
Na saúde, que eu conheço bem porque sou médica, sofre, e sofre muito, quem precisa de atendimento nos hospitais estaduais. Sofre com a falta de estrutura, de equipamentos, de medicamentos, de condições mínimas de trabalho para os profissionais./
Na segurança pública, assistimos ao crescimento epidêmico do consumo de crack e outras drogas, da taxa de homicídios de jovens, entre outros indicadores de falência da gestão.
Na educação, chegamos ao absurdo de ver escolas da rede estadual sendo fechadas, enquanto a taxa de matrícula cai vinte por cento, e o desempenho dos alunos de oitava série equivale ao dos alunos de quinta série no interior do Ceará. Cada uma dessas escolas fechadas agora significa um presídio aberto no futuro, para receber os jovens que o Estado não conseguiu botar e manter na escola.
Na infra-estrutura, o fracasso não é menor. O Aeroporto de São Gonçalo, que poderia fazer do estado um pólo de comércio global, segue como obra de papel: é mais um projeto que não decola. Setores estratégicos da economia – o turismo, a fruticultura, a carcinicultura – deixam de se expandir, pela falta de infra-estrutura e de políticas de incentivo. Não existem programas capazes de levar indústrias de grande porte a todas as regiões do estado.
O resultado é perverso: exportamos empregos e importamos criminalidade. Perdemos a refinaria de petróleo para Pernambuco, e com ela a oportunidade de implantar um pólo petroquímico capaz de dinamizar a economia e abrir milhares de postos de trabalho. Perdemos investimentos e obras estruturantes e ganhamos atraso social e econômico.
Mas, entre tantas perdas e danos, podemos nos orgulhar de algo que nem o pior Governo consegue nos tirar: a esperança. Não perdemos o mais importante: a confiança em nós mesmos. Não perdemos o sentimento de que ainda dá tempo de recuperar o tempo perdido. E por quê? Porque temos muito do que nos orgulharmos.
Temos recursos naturais, vocações e potenciais econômicos que ainda podem ser transformados em prosperidade e oportunidades para as pessoas. Temos uma riqueza maior do que essas que a natureza nos legou: temos capital humano. Um povo corajoso e forte, com talento e vocação para fazer bem-feito. Um povo com maturidade política, com capacidade de luta para melhorar o que está ruim e mudar o que não deu certo.
Pois a hora da mudança chegou. A hora da mudança é agora. É agora o momento certo para dar forma e gesto à esperança, para transformar o momento e o cenário em marco zero de um novo tempo.
Peço ao meu partido e ao Rio Grande do Norte a oportunidade de trabalhar para fazer por todas as regiões o que fiz por Mossoró. O que eu fiz como prefeita de um município, posso fazer como governadora por todos os municípios.
Sei que os desafios são maiores, mas eles não me assustam porque também é maior a minha vontade de fazer. Assim como é maior a experiência que acumulei, trabalhando como senadora por todas as regiões.
Sei que os problemas são maiores, mas também são maiores os recursos e a estrutura de um governo, as parcerias que podemos fazer e o apoio político que vejo explicitado aqui dentro, nesta convenção, e, principalmente, lá fora: o apoio do povo do meu estado.
Por onde passo, por onde caminho, escuto o desejo da grande maioria das lideranças e do povo: o desejo de fazer o Rio Grande do Norte acontecer. É um apoio espontâneo, porque a minha candidatura floresceu naturalmente, nas urnas da nossa grande vitória em dois mil e seis.
Minha candidatura é a expressão de um sentimento popular genuíno, e não da força de uma máquina partidária ou governamental. Minha candidatura tem a força do desejo coletivo, não da vontade imperial de uma só pessoa.
Quem me quer governadora, confia na minha história como mãe e avó, como médica e gestora, como prefeita e senadora. Confia porque conhece a minha autonomia no pensar e no agir, e reconhece a força das minhas mãos para fazer e transformar. Mas confia também na minha sensibilidade para cuidar, para trabalhar com a força do coração.
Devo muito desse senso de responsabilidade social ao povo desta cidade querida, porque me formei médica pediatra em Natal. Aqui eu comecei minha vida profissional, trabalhando no Hospital Infantil Varela Santiago e no projeto comunitário da Rua do Motor. Carrego comigo até hoje as marcas transformadoras da experiência. Carrego também a identificação carinhosa com a cidade, que é a síntese do Rio Grande do Norte, a casa de todos nós. Dos que nasceram aqui e dos que vieram pra cá, de outros estados ou do interior, em busca de oportunidades, como eu mesma fiz na juventude, e foram adotados e adotaram Natal como seu lugar de coração.
Fomos conquistados pela beleza da cidade recortada de dunas; pelo ar límpido; pelo rendilhado das praias; pela beleza mansa do sol se pondo no Potengi. Mas fomos conquistados também pelo encanto da sua gente, pela riqueza da sua humanidade. Pelo povo alegre e hospitaleiro, que recebe, acolhe e adota sem olhar diferenças, irmanando-se com todos na devoção a Natal.
Mas um povo também altivo, consciente da sua força, que não se dobra a quem imagine Natal como capitania hereditária, menosprezando seu espírito libertário. A história de Natal é rica de lições aos prepotentes que ousaram desafiar esta verdade: Natal não é de “A” nem de “B”. Natal é do povo, o único senhor do seu destino. Essa verdade, eu carrego comigo, e carrego também, como uma dívida que vou resgatar com trabalho e amor, a gratidão por tudo que vivi e, acima de tudo, pelo que aprendi com os natalenses.
Vou trabalhar muito por Natal, em parceria com quem ama a cidade, ajudando a resolver os problemas de metrópole em crescimento acelerado. Vou cuidar de Natal como cuidei, no início da minha vida profissional, das suas crianças, aprendendo com elas minha primeira lição de política. Foi cuidando das crianças que eu percebi logo que isso não me bastava como cidadã: era preciso levar mais longe minhas crenças e valores humanistas.
A medicina é importante, mas eu queria fazer mais do que cuidar da saúde das crianças: eu queria melhorar a vida das famílias. Por isso, posso dizer tranquilamente que entrei na política por causa das crianças.
Entrei na política para cuidar das pessoas, porque, diferente do que pregam alguns, não vejo na política um mero jogo de pragmatismo, não acredito no poder como mero exercício de racionalidade. Ao contrário: eu acredito que até mesmo a política precisa do sentimento, porque, tão importante quanto fazer bem-feito, é sentir, é cuidar direito.
É certo que governar exige sensatez e uma boa dose de racionalidade. Mas, eu pergunto: quem disse que não existe razão no coração? Se a racionalidade é necessária para a ação, ela será inteiramente estéril se não for alimentada pela compreensão, pela sensibilidade.//
Não conheço fortaleza mais potente do que os sentimentos – o amor, a alegria, a fraternidade, o carinho. Desconheço força maior do que a emoção, para mover as pessoas e para transformar o mundo.
Quem não puder sentir a dor do outro, não saberá agir em favor do outro. Quem não se comove, não se indigna com as injustiças. E quem não se indigna, não luta. E quem não luta, meus queridos irmãos e irmãs do Rio Grande do Norte, quem não luta não muda nada, não muda nem a própria vida, não transforma, não tem força para fazer acontecer.
Pessoas não são dados estatísticos. Números não têm alma. Números não têm desejos e necessidades, não sonham nem fazem os sonhos acontecerem. Pessoas, sim: elas sonham e lutam para realizar o que sonham. É com a força dessas pessoas, com o sentimento que une e transforma, que quero governar o Rio Grande do Norte.
Nesses quatro anos em que construímos com o povo a nossa candidatura, ouvi de muitas pessoas, em todos os municípios aonde levei minha voz, o desejo de reunir em torno do meu nome os nomes dos companheiros que estão aqui conosco. A nossa chapa, diz essa voz coletiva com a sabedoria de quem conhece suas lideranças, a nossa chapa é a chapa dos sonhos do povo. A nossa aliança não tem o nome de Força da União por acaso. Ela reúne pessoas de bem, lideranças tão fortes quanto as regiões e as pessoas que elas representam, e que vão me ajudar muito a fazer o Rio Grande do Norte acontecer.
A essas lideranças, quero expressar nominalmente minha gratidão pela confiança pessoal e pelo respaldo político decisivo para a vitória da Força do Povo. Obrigada ao querido deputado Robinson Faria, que teve a grandeza de renunciar a um projeto pessoal para fortalecer um projeto coletivo. Obrigada aos senadores José Agripino e Garibaldi Filho, por renovarem a parceria que fez da nossa bancada no Senado um time coeso e forte, sempre unido nas batalhas pelo povo potiguar.
Quero ser governadora para construir, junto com Robinson; junto com José Agripino e com Garibaldi; junto com os deputados federais e estaduais; junto com os prefeitos, vereadores e lideranças de todos os partidos que nos apóiam; para construir junto com o povo potiguar, o Estado da Cidadania, o Rio Grande do Norte muitas vezes mais forte.
Quero ser governadora para reconstruir os serviços públicos, aumentando os recursos e melhorando a gestão da saúde, da segurança, da educação. Para fazer estradas, casas e saneamento. Porque não existe cidadania de verdade sem que as pessoas tenham todos os direitos sociais garantidos.
Quero ser governadora para criar oportunidades de trabalho e renda para as pessoas em todas as regiões, descentralizando o desenvolvimento. Porque o Rio Grande do Norte é um só: do sertão ao litoral, do interior à capital, nascidos aqui ou ali, somos igualmente potiguares.
Quero ser governadora para abrir caminho para o novo e governar para as futuras gerações. Porque ser o novo não é uma questão só de idade: é uma questão de ter coragem para mudar, ter independência para ousar, ter determinação para transformar.
Quero ser governadora para fazer do Rio Grande do Norte um modelo de crescimento econômico e social para o Nordeste e para o Brasil. Porque já chega de projetos eternamente adiados e de sonhos sempre frustrados. Chega de ficar para trás. Chega de pensar e fazer pequeno. Chega de tanto mais ou menos! O Rio Grande do Norte é mais. O Rio Grande do Norte pode e precisa crescer. Com a força da união, com a força do povo, vamos fazer o Rio Grande do Norte acontecer! Obrigada pela atenção e vamos à luta! Vamos à vitória!
Enquanto nossos vizinhos tiravam e tiram proveito do cenário econômico favorável, enquanto outros estados nordestinos acumulam investimentos em obras estruturantes, o Rio Grande do Norte empacou, andou de lado e está ficando para trás na corrida pelo desenvolvimento.
A expectativa gerada nas urnas, oito anos antes, foi abortada por gestores que traíram a confiança da população e não souberam fazer o nosso estado acontecer. E porque não souberam fazer, estamos perdendo a hora do crescimento.
Estudo da Fundação Getúlio Vargas comprova que o Rio Grande do Norte ocupa, entre as 27 unidades da federação, apenas o décimo-nono lugar no ranking do crescimento social, que mede os investimentos em políticas públicas de saneamento básico, educação, moradia e distribuição de renda. Na comparação com os estados nordestinos, o desempenho é muito pior: estamos em último lugar, investindo menos até do que estados mais pobres e mais atrasados.
O atual Governo nos empurrou para a lanterninha regional em qualidade de vida da população. Não é preciso ser cientista social para ver e compreender esse quadro lamentável. A população sente isso no dia-a-dia, constatando a degradação dos serviços públicos essenciais.
Na saúde, que eu conheço bem porque sou médica, sofre, e sofre muito, quem precisa de atendimento nos hospitais estaduais. Sofre com a falta de estrutura, de equipamentos, de medicamentos, de condições mínimas de trabalho para os profissionais./
Na segurança pública, assistimos ao crescimento epidêmico do consumo de crack e outras drogas, da taxa de homicídios de jovens, entre outros indicadores de falência da gestão.
Na educação, chegamos ao absurdo de ver escolas da rede estadual sendo fechadas, enquanto a taxa de matrícula cai vinte por cento, e o desempenho dos alunos de oitava série equivale ao dos alunos de quinta série no interior do Ceará. Cada uma dessas escolas fechadas agora significa um presídio aberto no futuro, para receber os jovens que o Estado não conseguiu botar e manter na escola.
Na infra-estrutura, o fracasso não é menor. O Aeroporto de São Gonçalo, que poderia fazer do estado um pólo de comércio global, segue como obra de papel: é mais um projeto que não decola. Setores estratégicos da economia – o turismo, a fruticultura, a carcinicultura – deixam de se expandir, pela falta de infra-estrutura e de políticas de incentivo. Não existem programas capazes de levar indústrias de grande porte a todas as regiões do estado.
O resultado é perverso: exportamos empregos e importamos criminalidade. Perdemos a refinaria de petróleo para Pernambuco, e com ela a oportunidade de implantar um pólo petroquímico capaz de dinamizar a economia e abrir milhares de postos de trabalho. Perdemos investimentos e obras estruturantes e ganhamos atraso social e econômico.
Mas, entre tantas perdas e danos, podemos nos orgulhar de algo que nem o pior Governo consegue nos tirar: a esperança. Não perdemos o mais importante: a confiança em nós mesmos. Não perdemos o sentimento de que ainda dá tempo de recuperar o tempo perdido. E por quê? Porque temos muito do que nos orgulharmos.
Temos recursos naturais, vocações e potenciais econômicos que ainda podem ser transformados em prosperidade e oportunidades para as pessoas. Temos uma riqueza maior do que essas que a natureza nos legou: temos capital humano. Um povo corajoso e forte, com talento e vocação para fazer bem-feito. Um povo com maturidade política, com capacidade de luta para melhorar o que está ruim e mudar o que não deu certo.
Pois a hora da mudança chegou. A hora da mudança é agora. É agora o momento certo para dar forma e gesto à esperança, para transformar o momento e o cenário em marco zero de um novo tempo.
Peço ao meu partido e ao Rio Grande do Norte a oportunidade de trabalhar para fazer por todas as regiões o que fiz por Mossoró. O que eu fiz como prefeita de um município, posso fazer como governadora por todos os municípios.
Sei que os desafios são maiores, mas eles não me assustam porque também é maior a minha vontade de fazer. Assim como é maior a experiência que acumulei, trabalhando como senadora por todas as regiões.
Sei que os problemas são maiores, mas também são maiores os recursos e a estrutura de um governo, as parcerias que podemos fazer e o apoio político que vejo explicitado aqui dentro, nesta convenção, e, principalmente, lá fora: o apoio do povo do meu estado.
Por onde passo, por onde caminho, escuto o desejo da grande maioria das lideranças e do povo: o desejo de fazer o Rio Grande do Norte acontecer. É um apoio espontâneo, porque a minha candidatura floresceu naturalmente, nas urnas da nossa grande vitória em dois mil e seis.
Minha candidatura é a expressão de um sentimento popular genuíno, e não da força de uma máquina partidária ou governamental. Minha candidatura tem a força do desejo coletivo, não da vontade imperial de uma só pessoa.
Quem me quer governadora, confia na minha história como mãe e avó, como médica e gestora, como prefeita e senadora. Confia porque conhece a minha autonomia no pensar e no agir, e reconhece a força das minhas mãos para fazer e transformar. Mas confia também na minha sensibilidade para cuidar, para trabalhar com a força do coração.
Devo muito desse senso de responsabilidade social ao povo desta cidade querida, porque me formei médica pediatra em Natal. Aqui eu comecei minha vida profissional, trabalhando no Hospital Infantil Varela Santiago e no projeto comunitário da Rua do Motor. Carrego comigo até hoje as marcas transformadoras da experiência. Carrego também a identificação carinhosa com a cidade, que é a síntese do Rio Grande do Norte, a casa de todos nós. Dos que nasceram aqui e dos que vieram pra cá, de outros estados ou do interior, em busca de oportunidades, como eu mesma fiz na juventude, e foram adotados e adotaram Natal como seu lugar de coração.
Fomos conquistados pela beleza da cidade recortada de dunas; pelo ar límpido; pelo rendilhado das praias; pela beleza mansa do sol se pondo no Potengi. Mas fomos conquistados também pelo encanto da sua gente, pela riqueza da sua humanidade. Pelo povo alegre e hospitaleiro, que recebe, acolhe e adota sem olhar diferenças, irmanando-se com todos na devoção a Natal.
Mas um povo também altivo, consciente da sua força, que não se dobra a quem imagine Natal como capitania hereditária, menosprezando seu espírito libertário. A história de Natal é rica de lições aos prepotentes que ousaram desafiar esta verdade: Natal não é de “A” nem de “B”. Natal é do povo, o único senhor do seu destino. Essa verdade, eu carrego comigo, e carrego também, como uma dívida que vou resgatar com trabalho e amor, a gratidão por tudo que vivi e, acima de tudo, pelo que aprendi com os natalenses.
Vou trabalhar muito por Natal, em parceria com quem ama a cidade, ajudando a resolver os problemas de metrópole em crescimento acelerado. Vou cuidar de Natal como cuidei, no início da minha vida profissional, das suas crianças, aprendendo com elas minha primeira lição de política. Foi cuidando das crianças que eu percebi logo que isso não me bastava como cidadã: era preciso levar mais longe minhas crenças e valores humanistas.
A medicina é importante, mas eu queria fazer mais do que cuidar da saúde das crianças: eu queria melhorar a vida das famílias. Por isso, posso dizer tranquilamente que entrei na política por causa das crianças.
Entrei na política para cuidar das pessoas, porque, diferente do que pregam alguns, não vejo na política um mero jogo de pragmatismo, não acredito no poder como mero exercício de racionalidade. Ao contrário: eu acredito que até mesmo a política precisa do sentimento, porque, tão importante quanto fazer bem-feito, é sentir, é cuidar direito.
É certo que governar exige sensatez e uma boa dose de racionalidade. Mas, eu pergunto: quem disse que não existe razão no coração? Se a racionalidade é necessária para a ação, ela será inteiramente estéril se não for alimentada pela compreensão, pela sensibilidade.//
Não conheço fortaleza mais potente do que os sentimentos – o amor, a alegria, a fraternidade, o carinho. Desconheço força maior do que a emoção, para mover as pessoas e para transformar o mundo.
Quem não puder sentir a dor do outro, não saberá agir em favor do outro. Quem não se comove, não se indigna com as injustiças. E quem não se indigna, não luta. E quem não luta, meus queridos irmãos e irmãs do Rio Grande do Norte, quem não luta não muda nada, não muda nem a própria vida, não transforma, não tem força para fazer acontecer.
Pessoas não são dados estatísticos. Números não têm alma. Números não têm desejos e necessidades, não sonham nem fazem os sonhos acontecerem. Pessoas, sim: elas sonham e lutam para realizar o que sonham. É com a força dessas pessoas, com o sentimento que une e transforma, que quero governar o Rio Grande do Norte.
Nesses quatro anos em que construímos com o povo a nossa candidatura, ouvi de muitas pessoas, em todos os municípios aonde levei minha voz, o desejo de reunir em torno do meu nome os nomes dos companheiros que estão aqui conosco. A nossa chapa, diz essa voz coletiva com a sabedoria de quem conhece suas lideranças, a nossa chapa é a chapa dos sonhos do povo. A nossa aliança não tem o nome de Força da União por acaso. Ela reúne pessoas de bem, lideranças tão fortes quanto as regiões e as pessoas que elas representam, e que vão me ajudar muito a fazer o Rio Grande do Norte acontecer.
A essas lideranças, quero expressar nominalmente minha gratidão pela confiança pessoal e pelo respaldo político decisivo para a vitória da Força do Povo. Obrigada ao querido deputado Robinson Faria, que teve a grandeza de renunciar a um projeto pessoal para fortalecer um projeto coletivo. Obrigada aos senadores José Agripino e Garibaldi Filho, por renovarem a parceria que fez da nossa bancada no Senado um time coeso e forte, sempre unido nas batalhas pelo povo potiguar.
Quero ser governadora para construir, junto com Robinson; junto com José Agripino e com Garibaldi; junto com os deputados federais e estaduais; junto com os prefeitos, vereadores e lideranças de todos os partidos que nos apóiam; para construir junto com o povo potiguar, o Estado da Cidadania, o Rio Grande do Norte muitas vezes mais forte.
Quero ser governadora para reconstruir os serviços públicos, aumentando os recursos e melhorando a gestão da saúde, da segurança, da educação. Para fazer estradas, casas e saneamento. Porque não existe cidadania de verdade sem que as pessoas tenham todos os direitos sociais garantidos.
Quero ser governadora para criar oportunidades de trabalho e renda para as pessoas em todas as regiões, descentralizando o desenvolvimento. Porque o Rio Grande do Norte é um só: do sertão ao litoral, do interior à capital, nascidos aqui ou ali, somos igualmente potiguares.
Quero ser governadora para abrir caminho para o novo e governar para as futuras gerações. Porque ser o novo não é uma questão só de idade: é uma questão de ter coragem para mudar, ter independência para ousar, ter determinação para transformar.
Quero ser governadora para fazer do Rio Grande do Norte um modelo de crescimento econômico e social para o Nordeste e para o Brasil. Porque já chega de projetos eternamente adiados e de sonhos sempre frustrados. Chega de ficar para trás. Chega de pensar e fazer pequeno. Chega de tanto mais ou menos! O Rio Grande do Norte é mais. O Rio Grande do Norte pode e precisa crescer. Com a força da união, com a força do povo, vamos fazer o Rio Grande do Norte acontecer! Obrigada pela atenção e vamos à luta! Vamos à vitória!
Assinar:
Postagens (Atom)
PELO DIA DA CONSCIÊNCIA NEGRA Se Guilherme de Almeida escreveu 'Raça', em 1925, uma obra literária “que tem como tema a gênese da na...
-
Um dos princípios que orientam as decisões que tratam de direito do consumidor é a força obrigatória dos contratos (derivada do conceito de ...
-
Uma Casa de Mercado Mercado Público (à direita) - Provavelmente anos vinte (a Praça foi construída em 1932) Pesquisando os alfarrábios da...