domingo, 18 de abril de 2010
JESUÍNO BRILHANTE
Eis uma das fotografias do filme Jesuíno Brilhante, O Cangaceiro filmado principalmente no município do Açu e região no começo da década de setenta. Esquerda para direita: (?), (?), (?), o artista nacional Neri Victor (protagonista), José Caldas Soares Filgueira (Dedé Caldas) e Zélia Amorim, ambos assuense que deram uma pequena participação naquele filme. A fotografia fora tirada na calçada da Casa Paroquial de São João Batista, de Açu (RN). Fica o registro.
Fernando Caldas Fanfa
Fernando Caldas Fanfa
CHICO BRANCO
Chico Branco é um dos gays mais antigos do Açu. E quem não se lembra dele na praça Getúlio Vargas Se não me falha a memória ele vai pertinho dos seus bons setenta anos de idade. Por sinal o movimento gay na terra açuense é uma realidade. Afinal de contas o Açu é uma terra pluralista, onde de tudo acontece, como dizia Padre Zé Luiz. Vejam vocês que em Açu tem um restaurante com banheiro alternativo somente para gays denominado Dida.com, de de propriedade do amigo Dida Bola. Pois bem, certa vez, de manhã cedinho Chico se dirigiu ao Mercado Público Sofia Frutuoso. Ao se aproximar de um daqueles cafés daquela mercado se deparou com o açuense de Angicos Enaldo Araujo bebendo ente amigos. E Chico foi logo dizendo: Seu Enaldo esse povo do Açu é muito invejoso! Antigamente só tinha umas duas ou tres 'bicas' nesta cidade. Agora, tem uma ruma".
De outra feita, boquinha da noite, no dizer popular do nordestino, Chico Branco teria marcado um encontro na praça Getúlio vargas, com um certo rapaz de sua simpatia. Antes, porém, se dirigiu ao Bar do Juazeiro, de propriedade de Zé do Bar, como ele é mais conhecido na cidade de Açu. Aí Chico mandou Zé botar um copo cheio de cachaça, esborrotando mesmo. Ao tomar a 'branquinha' de uma só vez, fora advertido pelo proprietário daquele botequim: "Chico, rapaz, não beba desse geito não! A sua pressão pode baixar de vez!" Chico Branco não se fez de rogado: "Seu Zé, é porque não é o senhor que vai levar o que eu vou levar agora!" E saiu daquele recinto já de orelhas quentes para o encontro amoroso.
Fernando Caldas Fanfa
De outra feita, boquinha da noite, no dizer popular do nordestino, Chico Branco teria marcado um encontro na praça Getúlio vargas, com um certo rapaz de sua simpatia. Antes, porém, se dirigiu ao Bar do Juazeiro, de propriedade de Zé do Bar, como ele é mais conhecido na cidade de Açu. Aí Chico mandou Zé botar um copo cheio de cachaça, esborrotando mesmo. Ao tomar a 'branquinha' de uma só vez, fora advertido pelo proprietário daquele botequim: "Chico, rapaz, não beba desse geito não! A sua pressão pode baixar de vez!" Chico Branco não se fez de rogado: "Seu Zé, é porque não é o senhor que vai levar o que eu vou levar agora!" E saiu daquele recinto já de orelhas quentes para o encontro amoroso.
Fernando Caldas Fanfa
VELHOS TEMPOS DA POLÍTICA NORTE-RIOGRANDENSE
Almoço de confraternização em Mossoró com o governador Dix-sept Rosado em 1951. Daquela festa política fizeram presentes muitas figuras do Assu, como Epifânio Barboza, Fernando Tavares - Vem-Vem (meu avô materno),o casal Maria e Expedito Silveira, entre outros assuenses. Epifânio e Vem-Vem eram amigos íntimos daquele governante potiguar de Mossoró.
Fernando Caldas
Fernando Caldas
quinta-feira, 15 de abril de 2010
UM POEMA DE WALFLAN DE QUEIROZ
HART CRANE
Contruamos uma ponte definitiva
Que sirva de ligação eterna entre o Ocidente e o Oriente
Uma ponte universal, maior do que a de Broklyn
Irmanando pretos e brancos, ricos e proletários.
No grande dia universal
De paz e de amor entre os povos.
Então o mar devolverá teu corpo ao mundo universal.
Contruamos uma ponte definitiva
Que sirva de ligação eterna entre o Ocidente e o Oriente
Uma ponte universal, maior do que a de Broklyn
Irmanando pretos e brancos, ricos e proletários.
No grande dia universal
De paz e de amor entre os povos.
Então o mar devolverá teu corpo ao mundo universal.
LÍDER É LIDER
O velho comandante Edgard Borges Montenegro - já tem uma postagem sobre ele que eu escreví neste blog - liderou a politica do Vale do Açu durante quase quarenta anos. Naquela região aquele carismático e incontestável líder político empunhava a bandeira da UDN naquela região nos tempos do "velho senado do coração do povo" (final da década de quarenta, cinquenta, sessenta, setenta e começo de oitenta) Dinarte Mariz. Nasceu vocacionado para a arte de fazer política, porém na era politiqueiro ou como se diz, não gostava de fazer politicagem. Orador brilhante, ele disse certa vez na praça pública de ipanguaçu em 1971 (lembro-me como se fosse hoje), campanha de seu irmçao Nelsom para deputado estadual, que "ninguém pode ser forte na terra dos outros, sem antes na sua terra matriz, na sua terra berço, sem tem o exemplo da confiança e da amizade do seu povo." "Vamos conterrâneos, unidos e coesos resolver nossos problemas". Frase também de sua autoria. Afinal, ele foi um dos idealizadores da Comissão de Desenvolvimento do Vale do Açu - CODEVA, instituição que funcionou, cor partidária e que tinha sobretudo, um único objetivo: O Vale do Açu. Era aquela região que estava em jogo.
Na fotografia (carnaval de 1965) esquerda para direita Francisca Ximenes, Maria Auxiliadora (exposa de Edgard) Dilina de Sá Leitão e Zélia Tavares.
Edgar Montenegro, o filho mais ilustre do assu hoje, salvo engano, vai fazer no dia 23 de junho 90 anos de idade. Merece uma grande homenagem.
Fernando Caldas Fanfa
Na fotografia (carnaval de 1965) esquerda para direita Francisca Ximenes, Maria Auxiliadora (exposa de Edgard) Dilina de Sá Leitão e Zélia Tavares.
Edgar Montenegro, o filho mais ilustre do assu hoje, salvo engano, vai fazer no dia 23 de junho 90 anos de idade. Merece uma grande homenagem.
Fernando Caldas Fanfa
JÚLIO SOARES O ENTERRO DE SI MESMO
Por Celso da Silveira, escritor assuense já falecido - texto escrito em 1987.
Júlio Soares foi poeta num tempo em que os poetas ou estavam tuberculosos ou eram boêmios inveterados, que se viciavam em bebidas para manter a convivência com o outro vício - a poesia.
Mas suas vertentes foram bem nascidas, numa casa onde o piano era uma presença constante e comandava o epírito familiar, sendo ele próprio um musicista reconhecido.
Há, em sua poesia, deixada em cadernos ou em jornais e, em maior número na memória dos seus familiares, dispersamente, inúmeros sonetos em que se auto-retrata invariavelmente maldizendo a sorte, depois de ter sido filho de rico industrial, ou refletindo a situação de alcoólatra a que chegou, depois de ser estudante no Rio de Janeiro num tempo em que ir à capital da República era uma condição de privilégio dos abastados. Há um soneto bem marcante dessa fase aguda em que todo o drama do viciado se vê reproduzido:
"Cinco horas, já se expande a passarada
Com o semblante de bêbado desperto
Acho a porta, ningém pela calçada...
A rua é triste assim como um deserto.
Quero beber. Não sei qual seja a estrada
Que me conduz ao botequim mais perto,
Sozinho traço o rumo da jornada
E parto, enfim, com o espírito liberto.
Paro no fim de uma deserta praça
Ouço de longe o buzinar de um carro...
Cresce-me o anseio de beber cachaça.
Entro num bar, gracejo, bebo, escarro,
Julgando ver a minha vida incerta
Na fumaça sutil do meu cigarro".
Em 1926 - Júlio Soares nasceu em 1898 e faleceu em 1954 - o poeta morava na rua do Catete, no Rio de Janeiro, como estudante, fazendo o curso comercial para um dia dirigir os negócios do pai, coronel José Soares Filgueira sobrinho, alto comerciante em Assu, comprador de algodão, cera de carnaúba, peles e couros, proprietário de terra e gados, com largo prestígio em política de então. Nessa época já fazia literatura, como atesta o escritor Aderbal de França, seu companheiro de "república", com quem dividia o cômodo na capital federal.
Sempre lendo e escrevendo, e cada vez estudando menos as disciplinas do curso, Júlio Soares voltou ao Assu e dali foi viver numa cidade cearense, aparentemente comportado em seus hábitos boêmios. Sem muita força de vontade, deixou-se de dominar, e outra vez em temporada assuense, Júlio Soares sóconhece poucas pessoas e é muito pouco conhecido. Retoma suas habilidades poéticas e escreve o seu CANTO DO CISNE - um soneto cujo terceto final é o seguinte:
"Chorando ou rindo, vou passando a esmo
E no vício morrendo lentamente
Fazendo assim o enterro de mim mesmo."
Júlio Soares, ressuscitado o seu passado de bebidas, violões, e abandonado, volta ao ceará e morre em Fortaleza.
Júlio Soares foi poeta num tempo em que os poetas ou estavam tuberculosos ou eram boêmios inveterados, que se viciavam em bebidas para manter a convivência com o outro vício - a poesia.
Mas suas vertentes foram bem nascidas, numa casa onde o piano era uma presença constante e comandava o epírito familiar, sendo ele próprio um musicista reconhecido.
Há, em sua poesia, deixada em cadernos ou em jornais e, em maior número na memória dos seus familiares, dispersamente, inúmeros sonetos em que se auto-retrata invariavelmente maldizendo a sorte, depois de ter sido filho de rico industrial, ou refletindo a situação de alcoólatra a que chegou, depois de ser estudante no Rio de Janeiro num tempo em que ir à capital da República era uma condição de privilégio dos abastados. Há um soneto bem marcante dessa fase aguda em que todo o drama do viciado se vê reproduzido:
"Cinco horas, já se expande a passarada
Com o semblante de bêbado desperto
Acho a porta, ningém pela calçada...
A rua é triste assim como um deserto.
Quero beber. Não sei qual seja a estrada
Que me conduz ao botequim mais perto,
Sozinho traço o rumo da jornada
E parto, enfim, com o espírito liberto.
Paro no fim de uma deserta praça
Ouço de longe o buzinar de um carro...
Cresce-me o anseio de beber cachaça.
Entro num bar, gracejo, bebo, escarro,
Julgando ver a minha vida incerta
Na fumaça sutil do meu cigarro".
Em 1926 - Júlio Soares nasceu em 1898 e faleceu em 1954 - o poeta morava na rua do Catete, no Rio de Janeiro, como estudante, fazendo o curso comercial para um dia dirigir os negócios do pai, coronel José Soares Filgueira sobrinho, alto comerciante em Assu, comprador de algodão, cera de carnaúba, peles e couros, proprietário de terra e gados, com largo prestígio em política de então. Nessa época já fazia literatura, como atesta o escritor Aderbal de França, seu companheiro de "república", com quem dividia o cômodo na capital federal.
Sempre lendo e escrevendo, e cada vez estudando menos as disciplinas do curso, Júlio Soares voltou ao Assu e dali foi viver numa cidade cearense, aparentemente comportado em seus hábitos boêmios. Sem muita força de vontade, deixou-se de dominar, e outra vez em temporada assuense, Júlio Soares sóconhece poucas pessoas e é muito pouco conhecido. Retoma suas habilidades poéticas e escreve o seu CANTO DO CISNE - um soneto cujo terceto final é o seguinte:
"Chorando ou rindo, vou passando a esmo
E no vício morrendo lentamente
Fazendo assim o enterro de mim mesmo."
Júlio Soares, ressuscitado o seu passado de bebidas, violões, e abandonado, volta ao ceará e morre em Fortaleza.
quarta-feira, 14 de abril de 2010
DESMANTÊLO
Foi no princípe de Março:
Inverno nem se falava!
Só omentava o mormaço,
Prumóde qui o Só baixava,
Pra matá tudo queimado.
O céo só se´parecia,
- Deus me perdôe a hirisia -
Um prato azú imborcado.
Me restava inda uma crença:
Pois, pouco tempo fazia;
Q'eu fiz as experiênça,
Véspera de Santa Luzia...
Demanhã quando eu andava
Nas verêda, nos caminho,
Pra todo canto incontrava;
Os nionho de passarinho.
Adespois, já se falava,
De inverno no Pioí,
E, muita gente jurava,
Qui a noite relampiava,
No rumo dos Carirí.
Um dia deadrugada,
A barra vinha quebrando;
Ouví o "pai da cuiáda",
Pulas quebrada roncando.
Era justamente o dia,
Qui nós todo, tinha fé.
A nossa crença dizia:
Na véspa de S. José,
O inverno, tará pegando.
... Numn tive qui duvidá.
Incuivarei meu roçado,
Tava tudo apreparado...
Sô me fartava prantá.
Daí, tempo trancô-se.
Chuveu dez dia amarrado!
O meu barreiro arrombô-se,
Morreu metade do gado,
As criação acabô-se
Tudo na váge atolado.
Sua as agua do rio,
Foi subindo, foi subindo...
Despencô-se nos baixio,
As váge toda cubrindo.
Ficamo em casa cercado,
Sem tê pra onde apelá.
Se atrépamo no teiádo
E comecemo a gritá.
Eu, a muié e uma fia,
Passemo a noite atrepado.
E já pro rompê do dia,
As agua tinha baixado.
Aí, nós fumo decendo.
Quando pizemo no chão,
Minha muié, foi dizendo:
- A menina tá tremendo,
Isso num será sezão?
- Prumóde incurtar a históra,
No anoitecer desse dia,
A minmha fia subía,
Para o Reino da Gulóra.
E dessa hora indiente,
Jurei nas´péda do artá,
Mardizê a toda inchente,
Qui Nosso Sinhô Mandá.
Renato Caldas, poeta matuto de Fulô do Mato.
Inverno nem se falava!
Só omentava o mormaço,
Prumóde qui o Só baixava,
Pra matá tudo queimado.
O céo só se´parecia,
- Deus me perdôe a hirisia -
Um prato azú imborcado.
Me restava inda uma crença:
Pois, pouco tempo fazia;
Q'eu fiz as experiênça,
Véspera de Santa Luzia...
Demanhã quando eu andava
Nas verêda, nos caminho,
Pra todo canto incontrava;
Os nionho de passarinho.
Adespois, já se falava,
De inverno no Pioí,
E, muita gente jurava,
Qui a noite relampiava,
No rumo dos Carirí.
Um dia deadrugada,
A barra vinha quebrando;
Ouví o "pai da cuiáda",
Pulas quebrada roncando.
Era justamente o dia,
Qui nós todo, tinha fé.
A nossa crença dizia:
Na véspa de S. José,
O inverno, tará pegando.
... Numn tive qui duvidá.
Incuivarei meu roçado,
Tava tudo apreparado...
Sô me fartava prantá.
Daí, tempo trancô-se.
Chuveu dez dia amarrado!
O meu barreiro arrombô-se,
Morreu metade do gado,
As criação acabô-se
Tudo na váge atolado.
Sua as agua do rio,
Foi subindo, foi subindo...
Despencô-se nos baixio,
As váge toda cubrindo.
Ficamo em casa cercado,
Sem tê pra onde apelá.
Se atrépamo no teiádo
E comecemo a gritá.
Eu, a muié e uma fia,
Passemo a noite atrepado.
E já pro rompê do dia,
As agua tinha baixado.
Aí, nós fumo decendo.
Quando pizemo no chão,
Minha muié, foi dizendo:
- A menina tá tremendo,
Isso num será sezão?
- Prumóde incurtar a históra,
No anoitecer desse dia,
A minmha fia subía,
Para o Reino da Gulóra.
E dessa hora indiente,
Jurei nas´péda do artá,
Mardizê a toda inchente,
Qui Nosso Sinhô Mandá.
Renato Caldas, poeta matuto de Fulô do Mato.
terça-feira, 13 de abril de 2010
POESIA
OS HOMENS
Nós os homens, Senhor, atropelados erramos na encruzilhada de todos os caminhos.
E assim que defrontamos.
Os espinhos
As árvores de amargos ramos.
Assim, senhor, que nos defrontamos
Nós os homens que erramos na encruzilhada de todos os caminhos.
JLCaldas
Nós os homens, Senhor, atropelados erramos na encruzilhada de todos os caminhos.
E assim que defrontamos.
Os espinhos
As árvores de amargos ramos.
Assim, senhor, que nos defrontamos
Nós os homens que erramos na encruzilhada de todos os caminhos.
JLCaldas
sábado, 10 de abril de 2010
POR QUE FRUTILÂNDIA?
A denominação do bairro mais populoso do Assu de Frutilândia. Foi uma homenagem que Ronaldo Soares quando prefeito do Assu em 1985, prestou ao grande poeta potiguar do Assu chamado João Lins Caldas. Sabe por que? Porque era a denominação do sítio do bardo assuense conhecido pelos mais antigos do Assu, como Seu Caldas. Frutilãndia nome criado por ele, Caldas, quer dizer terra de fruta.
Aproveitando a oportunidade vamos conferir para o nosso deleite, o poema que ele produziu numa feliz inspiração em homenagem a sua tão decantada Frutilândia, conforme transcrito adiante:
Como essa manhã me acorda com os passarinhos.
Que matinal de árvores e de pássaros!...
Pinga o orvalho das folhas como pérolas trêmulas, molhadas,
Cardeiros à distância perto a cerca fulfa do cercado...
No terreiro da casa as galinhas ciscando...
Um pio de nambu é remoto à distância...
Ouço e vejo lá fora... há como que em mim um anseio louco de embriagado...
Vontade de correr, rondar, ser como um pequeno cabrito a saltar pelo relvado...
O milho verde, a subir, a cana grossa, o espigar das bonecas...
O louro-roxo do cabelo aqui e ali pelos ventos agitado...
Parado... o ar aqui agora um ar parado...
Nem um grilo a trilar, nem um mover de folhas...
Saio... acendo o cigarro... as mãos trêmulas de gozo...
Isso que aqui plantei, que as minhas mãos cavaram...
Cajueiros aos cem, azeitonas, mangueiras...
Ah! Se eu na vida tivesse como aqui sempre plantado...
E vejo, no crescer, pequena, a laranjeira
Tão verde no buraco fundo que lhe foi cavado...
A minha laranjeira, a minha laranjeira...
Os frutos que dará, encantando o cercado...
Meu rancho ali, os potes na biqueira...
Pobreza assim riqueza só... um dia
Repousarei em mim essa pobre cabeça de cansado...
Lembrarei os meus versos, direi versos para mim e para o céu estrelado...
A noiva que não tive... e recordo sem mágoa
Aquela que passou, culpa de mim somente...
Vão em cortejo ao olhar do meu pensamento sombras vagas...
*Arina... um filho pela mão... lá atravessa seu filho...
E os filhos que não tive, as almas, culpa de mim, que não vingaram...
Basta... volto-me ao sístio do meu silêncio proclamado...
É a música de tudo em tudo que de mim na sua essência...
O sol... o sol dessa manhã é agora todo o meu cuidado...
Olho o sol... a ânsia talvez de pelo sol perder-me.
E já não ser... ou ser tudo aquele mundo todo nas raízes...
As árvores que quero ver, as pequeninas plantas que quero ver dos seus pequeninos berços elevadas...
E olho-as... as minhas crianças verdes, as minhas pequenas româzeiras enramadas...
O cigarroi se apaga, a fumaça não sobe...
Vamos... entrar o rancho, agitar gravetos, fazer o fogo...
E brinquedo, o meu cão, que aqui por esse andar me tem sempre acompanhado.
Olho os olhos ao cão... não, Brinquedo que nem sempre me tem mesmo acompanhado.
*Arina foi uma das namoradas do poeta no seu tempo de Rio de Janeiro (1912-1933).
Aproveitando a oportunidade vamos conferir para o nosso deleite, o poema que ele produziu numa feliz inspiração em homenagem a sua tão decantada Frutilândia, conforme transcrito adiante:
Como essa manhã me acorda com os passarinhos.
Que matinal de árvores e de pássaros!...
Pinga o orvalho das folhas como pérolas trêmulas, molhadas,
Cardeiros à distância perto a cerca fulfa do cercado...
No terreiro da casa as galinhas ciscando...
Um pio de nambu é remoto à distância...
Ouço e vejo lá fora... há como que em mim um anseio louco de embriagado...
Vontade de correr, rondar, ser como um pequeno cabrito a saltar pelo relvado...
O milho verde, a subir, a cana grossa, o espigar das bonecas...
O louro-roxo do cabelo aqui e ali pelos ventos agitado...
Parado... o ar aqui agora um ar parado...
Nem um grilo a trilar, nem um mover de folhas...
Saio... acendo o cigarro... as mãos trêmulas de gozo...
Isso que aqui plantei, que as minhas mãos cavaram...
Cajueiros aos cem, azeitonas, mangueiras...
Ah! Se eu na vida tivesse como aqui sempre plantado...
E vejo, no crescer, pequena, a laranjeira
Tão verde no buraco fundo que lhe foi cavado...
A minha laranjeira, a minha laranjeira...
Os frutos que dará, encantando o cercado...
Meu rancho ali, os potes na biqueira...
Pobreza assim riqueza só... um dia
Repousarei em mim essa pobre cabeça de cansado...
Lembrarei os meus versos, direi versos para mim e para o céu estrelado...
A noiva que não tive... e recordo sem mágoa
Aquela que passou, culpa de mim somente...
Vão em cortejo ao olhar do meu pensamento sombras vagas...
*Arina... um filho pela mão... lá atravessa seu filho...
E os filhos que não tive, as almas, culpa de mim, que não vingaram...
Basta... volto-me ao sístio do meu silêncio proclamado...
É a música de tudo em tudo que de mim na sua essência...
O sol... o sol dessa manhã é agora todo o meu cuidado...
Olho o sol... a ânsia talvez de pelo sol perder-me.
E já não ser... ou ser tudo aquele mundo todo nas raízes...
As árvores que quero ver, as pequeninas plantas que quero ver dos seus pequeninos berços elevadas...
E olho-as... as minhas crianças verdes, as minhas pequenas româzeiras enramadas...
O cigarroi se apaga, a fumaça não sobe...
Vamos... entrar o rancho, agitar gravetos, fazer o fogo...
E brinquedo, o meu cão, que aqui por esse andar me tem sempre acompanhado.
Olho os olhos ao cão... não, Brinquedo que nem sempre me tem mesmo acompanhado.
*Arina foi uma das namoradas do poeta no seu tempo de Rio de Janeiro (1912-1933).
SESQUICENTENÁRIO DO ASSU, 1995
Esquerda para direita: deputado Ronaldo Soares, deputado Arnóbio Abreu, governador Garibaldi Alves e´, bem atrás o ex-vereador Fernando Fanfa Caldas. |Assu, 16 de outubro de 1995. Local: Campus Avançado do Assu.
ESTÓRIA DA HISTÓRIA
(Artigo de Agnelo Alves transcrito do jornal Tribuna do Norte, de Natal, 4.42010).
JK LEVOU O PSD-RN A APOIAR A CANDIDATURA DE ALUÍZIO ALVES PARA GOVERNADOR
O Presidente Jk tinha uma admiração, à distância, pelo então deputado, Aluizio Alves, Vice-líder da bancada da ONU na Câmara Federal, redator-chefe da TRIBUNA DA IMPRENSA, amigo pessoal de Carlos Lacerda, com poderes, inclusive, de vetar artigos, mudar manchetes, enfim, como o próprio Lacerda costumava chamar aluízio de "DBS" - Departamento do Bom Senso.
JK sabia como ninguém que Aluízio continha os arroubos mais radicais de Carlos Lacerda, vetando os artigos mais violentos, alguns dos quais reescrevia ou mandava para o recém-eleito deputado, José Sarney, reescrever. Lacerda tomava conhecimento quando a TRIBUNA DA IMPRENSA circulava. Uma prática que vinha desde os tempos do governo Vargas.
Quando Aluízio e Lacerda foram a Londres conversar com Jânio Quadros como emissários da UDN, Aluízio notou que a cada igreja nova que visitava, Carlos Lacerda ajoelhava-se e rezava com um fervor que não passava despercebido pelos circunstantes. Um dia, Aluízio perguntou a Carlos Lacerda porque tanto fervor.
"Sabe Aluízio, rezo pela alma de Getúlio Vargas" - respondeu Carlos Lacerda, acrescentando que não lhe movia nenhum remorso pela oposição que comandara contra o Governo de Vargas. Mas, sentia, interiormente, que o ex-presidente brasileiro, que se suicidara quando tomou conhecimento que os generais estavam chegando para depô-lo, precisava de orações e, portanto, ele fizera um propósito de todas as vezes que conhecesse uma Igreja o primeiro ato que lhe cabia cometer era ajoelhar-se e rezar pela alma dele, Getúlio.
Estávamos na calçada do Hotel Serrador, aguardando Aristófenes Fernandes, quando Aluízio foi chamado para atender uma ligação. Era Zé Aparecido, marcando um encontro na sede da UDN, ali perto. Eu ficararia no Serrador, aguardando Aristófenes e Aluízio foi ao encontro de Aparecido. JK queria que o PSD do Rio Grande do Norte apoiasse a candidatura de Aluízio ao governo do Estado.
Já tinhamos conhecimento que Geraldo Carneiro, assesssor mais próximo de JK, esteve conversando com Aparecido, de quem era primo, com aquele objetivo. Na conversa, estabelecida na sede da UDN, Aparecido queria comunicar a Aluízio que o ministro da justiça, Armando Falcão, foram chamado por JK que o incubiu das providências e conversações com o "major" Teodorico e o PSD do Rio Grande do Norte. Aluízio ligou para a portaria do Hotel Serrador pedindo que eu e Aristófanes fossemos ao encontro dele e de Aparecido na sede da UDN.
Aluízio queria assumir pessoalmente, sozinho, uma posição, em face de sua condição de vice-lider da oposição na Câmara Federal. Nada a ver uma coisa com a outra. Aluyízio já, inclusive, renunciara à vice-liderança para fazer a campanha. E para ganhar mais fácil precisava do apoio do PSD, já com a dissidência enorme disposta a apoiar a sua candidatura. Aristófenes e eu demos apoio imediato.
Dali mesmo Aparecido marcou um encontro com Geraldo Carneiro. Fomos Aluízio, Aparecido, Aristófanes e eu. Desse encontro, resultou uma ligação telefônica para o ministro Armando Falcão que deveria chamar Teodorico, comunicando a decisão do Presidente JK. Teodorico ainda resistiu. Mas, o desejo de JK era respaldado pela dissidência pessedista formada por Aluízio Bezerra, Olavo Montenegro, Seráfico Dantas e, de uma maneira discreta, pelo monsenhor Walfredo Gurgel, Lauro e Juanita Arruda, além de tantos e tantos outros pessedistas do Rio Grande do Norte. A reunião do PSD foi na casa de Rui Paiva, também dissidente para apoiar Aluízio, desde quando Aluízio se declarou candidato.
Aluízio deu uma demonstração clara e pública de prestígio ao PSD, escolhendo para seu candidato a vice-governador o monsenhor Walfredo Gurgel e, numa noite de inverno, saiu de Angicos para a fazenda de Teodorico, em Santa Cruz, acompanhado de Aluízio Bezerra e Olavo Montenegro, para selar o apoio do PSD.
JK LEVOU O PSD-RN A APOIAR A CANDIDATURA DE ALUÍZIO ALVES PARA GOVERNADOR
O Presidente Jk tinha uma admiração, à distância, pelo então deputado, Aluizio Alves, Vice-líder da bancada da ONU na Câmara Federal, redator-chefe da TRIBUNA DA IMPRENSA, amigo pessoal de Carlos Lacerda, com poderes, inclusive, de vetar artigos, mudar manchetes, enfim, como o próprio Lacerda costumava chamar aluízio de "DBS" - Departamento do Bom Senso.
JK sabia como ninguém que Aluízio continha os arroubos mais radicais de Carlos Lacerda, vetando os artigos mais violentos, alguns dos quais reescrevia ou mandava para o recém-eleito deputado, José Sarney, reescrever. Lacerda tomava conhecimento quando a TRIBUNA DA IMPRENSA circulava. Uma prática que vinha desde os tempos do governo Vargas.
Quando Aluízio e Lacerda foram a Londres conversar com Jânio Quadros como emissários da UDN, Aluízio notou que a cada igreja nova que visitava, Carlos Lacerda ajoelhava-se e rezava com um fervor que não passava despercebido pelos circunstantes. Um dia, Aluízio perguntou a Carlos Lacerda porque tanto fervor.
"Sabe Aluízio, rezo pela alma de Getúlio Vargas" - respondeu Carlos Lacerda, acrescentando que não lhe movia nenhum remorso pela oposição que comandara contra o Governo de Vargas. Mas, sentia, interiormente, que o ex-presidente brasileiro, que se suicidara quando tomou conhecimento que os generais estavam chegando para depô-lo, precisava de orações e, portanto, ele fizera um propósito de todas as vezes que conhecesse uma Igreja o primeiro ato que lhe cabia cometer era ajoelhar-se e rezar pela alma dele, Getúlio.
Estávamos na calçada do Hotel Serrador, aguardando Aristófenes Fernandes, quando Aluízio foi chamado para atender uma ligação. Era Zé Aparecido, marcando um encontro na sede da UDN, ali perto. Eu ficararia no Serrador, aguardando Aristófenes e Aluízio foi ao encontro de Aparecido. JK queria que o PSD do Rio Grande do Norte apoiasse a candidatura de Aluízio ao governo do Estado.
Já tinhamos conhecimento que Geraldo Carneiro, assesssor mais próximo de JK, esteve conversando com Aparecido, de quem era primo, com aquele objetivo. Na conversa, estabelecida na sede da UDN, Aparecido queria comunicar a Aluízio que o ministro da justiça, Armando Falcão, foram chamado por JK que o incubiu das providências e conversações com o "major" Teodorico e o PSD do Rio Grande do Norte. Aluízio ligou para a portaria do Hotel Serrador pedindo que eu e Aristófanes fossemos ao encontro dele e de Aparecido na sede da UDN.
Aluízio queria assumir pessoalmente, sozinho, uma posição, em face de sua condição de vice-lider da oposição na Câmara Federal. Nada a ver uma coisa com a outra. Aluyízio já, inclusive, renunciara à vice-liderança para fazer a campanha. E para ganhar mais fácil precisava do apoio do PSD, já com a dissidência enorme disposta a apoiar a sua candidatura. Aristófenes e eu demos apoio imediato.
Dali mesmo Aparecido marcou um encontro com Geraldo Carneiro. Fomos Aluízio, Aparecido, Aristófanes e eu. Desse encontro, resultou uma ligação telefônica para o ministro Armando Falcão que deveria chamar Teodorico, comunicando a decisão do Presidente JK. Teodorico ainda resistiu. Mas, o desejo de JK era respaldado pela dissidência pessedista formada por Aluízio Bezerra, Olavo Montenegro, Seráfico Dantas e, de uma maneira discreta, pelo monsenhor Walfredo Gurgel, Lauro e Juanita Arruda, além de tantos e tantos outros pessedistas do Rio Grande do Norte. A reunião do PSD foi na casa de Rui Paiva, também dissidente para apoiar Aluízio, desde quando Aluízio se declarou candidato.
Aluízio deu uma demonstração clara e pública de prestígio ao PSD, escolhendo para seu candidato a vice-governador o monsenhor Walfredo Gurgel e, numa noite de inverno, saiu de Angicos para a fazenda de Teodorico, em Santa Cruz, acompanhado de Aluízio Bezerra e Olavo Montenegro, para selar o apoio do PSD.
A VIRGINDADE PROFANADA
De Gilberto Freire de Melo, escritor potiguar de Pendencias (RN). Você encontra na Livraria Poty, de Natal. Vale a pena comprar aquele volume.
LOURENÇO,O SERTANEJO
(Terceiro capítulo do livro (título acima) da escritora assuense *Maria Eugênia cujo protagonista é o fazendeiro Epifânio Barbosa encarnado no personagem "Lourenço"). Vejamos adiante:
Certo dia, na estrada do Vale, Lourenço encontrou-se com o Coronel Moisés.
- Bom dia, Lourenço. Observo que o vento norte continua soprando para você. Tudo verde no sítio... progredindo...
- Certo, Coronel. Nem todo mal é mal. O mundo dá mais volta que roda de roleta. Hoje, sou dono da Pedra Branca. Ontem, era o senhor. Eu sei que o Coronel foi à casa de meu pai naquele dia, com seus filhos armados até os dentes. Mas, Coronel, não guardo rancor. Já se vão os anos, já sou pai de família. Querendo aparecer com d. Josefa nós ficaremos contentes. Lunarda é mulher de verdade, Coronel. É a mão que pega o leme da nossa casa. Eu sou o casco do navio velho que balança no mar. Aguento o rojão... O Coronel precisa conhecer Lunarda. Como é bonita! E Juraci, um bichinho que nasceu por lá. Dá gosto de ver, Coronel. É a menina mais bonita do Vale.
O Coronel Moisés ficou engasgado. Bateu no ombro de Lourenço e disse:
- A vida também é madastra. Às vezes, vem como as ondas do mar e leva tudo na maré. O meu gado...
Ah, Coronel! Não me fale em gado! É o meu fraco. Quando vejo um bezerro escaramuçar, tenho vontade danada de pegar no rabo dos bichinhos e de alisar, como aliso os cabelos de minha menina... O meu negócio é comprar e vender bois. O negócio melhor do mundo, Coronel. Conhece aquela história dos franceses quando quiseram tomar o nosso Brasil? Já ouviu falar num tal de Vileganhão?
- Sim - sorriu o Coronel - Eu conheço a história da Invasão Francesa, de Villegagnon, o bravo aventureiro.
- Pois se reuniram na assembléia e discutiram como haveriam de governar o nosso Brasil. Apresentaram os problemas e perguntaram ao Comandante: "Qual o primeiro negócio para o norte do Brasil?" Respondeu: "Gado bem administrado". "Qual o segundo negócio para o mesmo lugar?" e o Comandante ainda respondeu: "Gado sem administração". "Pois bem, Coronel, é o que faço. Compro, vendo, solto os rebanhos no mato e deixo engordar. E ainda tem mais, Coronel. É um negócio alegre. Todo mundo corre para ver uma boiada, parece festa. Os meninos gritam, os vaqueiros abóiam...
- É isso mesmo, Lourenço. Dou-lhe os parabéns. Agora vou me apartar. Vou à casa do Compadre Chico Inácio que está adoentado. Até à vista, Lourenço.
- Até outro dia, Coronel.
Coitado do Coronel Moisés! Está ficando velho e cansado. Os filhos no mundo... essa vida! - E Lourenço, ficando a espora no sau alazão, esquipou rumo ao lar.
Certo dia, na estrada do Vale, Lourenço encontrou-se com o Coronel Moisés.
- Bom dia, Lourenço. Observo que o vento norte continua soprando para você. Tudo verde no sítio... progredindo...
- Certo, Coronel. Nem todo mal é mal. O mundo dá mais volta que roda de roleta. Hoje, sou dono da Pedra Branca. Ontem, era o senhor. Eu sei que o Coronel foi à casa de meu pai naquele dia, com seus filhos armados até os dentes. Mas, Coronel, não guardo rancor. Já se vão os anos, já sou pai de família. Querendo aparecer com d. Josefa nós ficaremos contentes. Lunarda é mulher de verdade, Coronel. É a mão que pega o leme da nossa casa. Eu sou o casco do navio velho que balança no mar. Aguento o rojão... O Coronel precisa conhecer Lunarda. Como é bonita! E Juraci, um bichinho que nasceu por lá. Dá gosto de ver, Coronel. É a menina mais bonita do Vale.
O Coronel Moisés ficou engasgado. Bateu no ombro de Lourenço e disse:
- A vida também é madastra. Às vezes, vem como as ondas do mar e leva tudo na maré. O meu gado...
Ah, Coronel! Não me fale em gado! É o meu fraco. Quando vejo um bezerro escaramuçar, tenho vontade danada de pegar no rabo dos bichinhos e de alisar, como aliso os cabelos de minha menina... O meu negócio é comprar e vender bois. O negócio melhor do mundo, Coronel. Conhece aquela história dos franceses quando quiseram tomar o nosso Brasil? Já ouviu falar num tal de Vileganhão?
- Sim - sorriu o Coronel - Eu conheço a história da Invasão Francesa, de Villegagnon, o bravo aventureiro.
- Pois se reuniram na assembléia e discutiram como haveriam de governar o nosso Brasil. Apresentaram os problemas e perguntaram ao Comandante: "Qual o primeiro negócio para o norte do Brasil?" Respondeu: "Gado bem administrado". "Qual o segundo negócio para o mesmo lugar?" e o Comandante ainda respondeu: "Gado sem administração". "Pois bem, Coronel, é o que faço. Compro, vendo, solto os rebanhos no mato e deixo engordar. E ainda tem mais, Coronel. É um negócio alegre. Todo mundo corre para ver uma boiada, parece festa. Os meninos gritam, os vaqueiros abóiam...
- É isso mesmo, Lourenço. Dou-lhe os parabéns. Agora vou me apartar. Vou à casa do Compadre Chico Inácio que está adoentado. Até à vista, Lourenço.
- Até outro dia, Coronel.
Coitado do Coronel Moisés! Está ficando velho e cansado. Os filhos no mundo... essa vida! - E Lourenço, ficando a espora no sau alazão, esquipou rumo ao lar.
quinta-feira, 8 de abril de 2010
ESTÓRIAS INESQUECÍVEIS DA POLÍTICA ASSUENSE
1 - Francisco Luciano Marques conhecido popularnente como "Chico Galego" é veterano da política assuense. Foi vereador nos velhos tempos da ARENA - Aliança Renovadora Nacional. Nas eleições municipais de 1991 candidatou-se a vereador. Naquela eleição Lourinaldo Soares era o candidato a prefeito do Assu. Num certo comício realizado na Logoa do Piató (comunidade daquele município) o locutor eufórico anunciou: "Atenção minha gente, vai falar ao povo desta localidade, o seu líder "Chico Galêgo". E Chico ao pegar no microfone sem fio, assustou-se, dizendo: "Chega Lourinaldo, cadê a correia desse danado homem? Desse jeito ele não fala, não!" Para risos dos circunstantes.
2 - Diz o escritor Valério Mesquita que o Assu é campeão em matéria de folclore político. Pois bem, Ortêncio Ferreira de Lima foi vereador do Assu onde também exercia a profissão de enfermeiro. Certa vez, Zé Maria quando prefeito autorizou o seu chefe de gabinete convidar aquele nobre edil (de saudosa memória) para pedi-lo para ele aceitar ser o relator de um certo projeto de interesse do executivo. No que aceitou, conseguiu a aprovação porém, no plenário, votou contra. Um dos seus colegas sem entender o seu voto desfavorável perguntou a ele a razão daquela sua posição: Hortêncio em sua defesa, saiu-se com essa: "Como relator votei a favor para atender ao prefeito, porém como vereador votei contra".
3 - Chico Antão além de mestre de obra, foi também vereador do Assu. Chico em todas as reuniões da Câmara Municipal que comparecia (as sessões daquela casa legislativa sempre foram realizadas á noite como ainda hoje) dormia durante a sessão para gosações dos seus colegas. Por isso, resolveu fazer a seguinte proposta ao presidente da câmara: "Presidente eu já estou com setenta anos e as sessões a noite não dá pra mim, não! Quando dá oito horas me dá um sono danado! A minha filha não dá pra vim no meu lugar, não? As sessões de dia eu venho!" Padre Zé Luiz tinha razão quando dizia repetidas vezes: "Em assu acontece de tudo".
4 - "Chico Dias trabalhou para o deputado Arnóbio Abreu nas eleições de 1998. Logo após o pleito, Chico foi a casa de Zeca Abreu, irmão de Arnóbio para um entendimento político. Ao chegar, foi atendido pelo motorista de Zeca que lhe disse: "Chico, Zeca se encontra no banheiro com uma forte dor de barriga!" E Chico sem nem pestanejar, mandou chumbo grosso: "Eu não vim aqui comer o cedenho dele, não!"
5 - Abraão Ambrósio de Andrade era outra figura folclórica do Assu, analfabeto, desinibido. Trabalhava como servidor público da prefeitura daquele município fazendo obras de calçamento com João Pio. Pois bem, nas eleições de 1968 - Maria Olímpia Neves de Oliveira (Maroquinhas) era a prefeita do Assu -, candidatou-se a vereador. Dia de concentração pública Maroquinhas presente no palanque, o locutor anunciou que ele iria falar. E Abrão ao pegar no microfone abriu o verbo: "Meus amigos é pela primeira vez que eu boto a boca no "aparelho" (WC) de dona Maroquinhas!" E a galera vibrou.
Fernando Fanfa Caldas
2 - Diz o escritor Valério Mesquita que o Assu é campeão em matéria de folclore político. Pois bem, Ortêncio Ferreira de Lima foi vereador do Assu onde também exercia a profissão de enfermeiro. Certa vez, Zé Maria quando prefeito autorizou o seu chefe de gabinete convidar aquele nobre edil (de saudosa memória) para pedi-lo para ele aceitar ser o relator de um certo projeto de interesse do executivo. No que aceitou, conseguiu a aprovação porém, no plenário, votou contra. Um dos seus colegas sem entender o seu voto desfavorável perguntou a ele a razão daquela sua posição: Hortêncio em sua defesa, saiu-se com essa: "Como relator votei a favor para atender ao prefeito, porém como vereador votei contra".
3 - Chico Antão além de mestre de obra, foi também vereador do Assu. Chico em todas as reuniões da Câmara Municipal que comparecia (as sessões daquela casa legislativa sempre foram realizadas á noite como ainda hoje) dormia durante a sessão para gosações dos seus colegas. Por isso, resolveu fazer a seguinte proposta ao presidente da câmara: "Presidente eu já estou com setenta anos e as sessões a noite não dá pra mim, não! Quando dá oito horas me dá um sono danado! A minha filha não dá pra vim no meu lugar, não? As sessões de dia eu venho!" Padre Zé Luiz tinha razão quando dizia repetidas vezes: "Em assu acontece de tudo".
4 - "Chico Dias trabalhou para o deputado Arnóbio Abreu nas eleições de 1998. Logo após o pleito, Chico foi a casa de Zeca Abreu, irmão de Arnóbio para um entendimento político. Ao chegar, foi atendido pelo motorista de Zeca que lhe disse: "Chico, Zeca se encontra no banheiro com uma forte dor de barriga!" E Chico sem nem pestanejar, mandou chumbo grosso: "Eu não vim aqui comer o cedenho dele, não!"
5 - Abraão Ambrósio de Andrade era outra figura folclórica do Assu, analfabeto, desinibido. Trabalhava como servidor público da prefeitura daquele município fazendo obras de calçamento com João Pio. Pois bem, nas eleições de 1968 - Maria Olímpia Neves de Oliveira (Maroquinhas) era a prefeita do Assu -, candidatou-se a vereador. Dia de concentração pública Maroquinhas presente no palanque, o locutor anunciou que ele iria falar. E Abrão ao pegar no microfone abriu o verbo: "Meus amigos é pela primeira vez que eu boto a boca no "aparelho" (WC) de dona Maroquinhas!" E a galera vibrou.
Fernando Fanfa Caldas
POESIA DE JOÃO CELSO FILHO
TEUS OLHOS, MARIA
Teus olhos, Maria,
formosos, lindos
como o dia;
feitos de luz,
de risos, são
de amor,
Neles contém meu coração
Oh! flor.
Teus olhos são belos,
cheios de castos anhelos;
neles se encerram
o céu e a terra.
Teu riso santo,
ai, meu triste canto.
Sim, são teus olhos
faróis acesos,
sempre presos em mim,
oh! querubim.
Ai, que funda mágoa
se os olhos teus, rasos d´água
um dia eu visse.
Escuta, Maria,
o mundo em vez de belo, vão seria,
profundo, sem ermo
porque eles são
meu coração.
E eu sou feliz,
ai, o teu olhar me diz.
(O poema acima está musicado pelo assuense Samuel Fonseca).
Teus olhos, Maria,
formosos, lindos
como o dia;
feitos de luz,
de risos, são
de amor,
Neles contém meu coração
Oh! flor.
Teus olhos são belos,
cheios de castos anhelos;
neles se encerram
o céu e a terra.
Teu riso santo,
ai, meu triste canto.
Sim, são teus olhos
faróis acesos,
sempre presos em mim,
oh! querubim.
Ai, que funda mágoa
se os olhos teus, rasos d´água
um dia eu visse.
Escuta, Maria,
o mundo em vez de belo, vão seria,
profundo, sem ermo
porque eles são
meu coração.
E eu sou feliz,
ai, o teu olhar me diz.
(O poema acima está musicado pelo assuense Samuel Fonseca).
quarta-feira, 7 de abril de 2010
OS DESTINOS DA FRUTICULTURA
Por Carlos Eduardo Alves, advogado e ex-prefeito de Natal
Preocupa muito a situação dos produtores de frutas do Rio Grande do Norte, uma atividade que gera milhares de empregos e que fixa o homem ao campo, diminuindo o êxodo rural e o consequente inchaço das cidades, com a inevitável marginalização de centenas e centenas de cidadãos pela perda de sua dignidade.
É bem verdade que algumas dessas dificuldades não estão ao alcance do governo resolver. É o caso da queda do dólar frente ao real. Como 80% da nossa produção é vendida para o exterior, os produtores estão perdendo competitividade no mercado externo.
O Brasil hoje tem uma economia forte, o que é muito bom para o país como um todo, que tão bem resistiu à recente crise econômica mundial. No entanto, este fortalecimento da nossa moeda afeta alguns setores voltados para a exportação. É o que se chama de injunções do mercado.
Porém, um dos maiores problemas que vem afetando os produtores de frutas são as cheias que ocorreram nos últimos dois anos e que trouxeram uma enxurrada de prejuízos, especialmente para os produtores de banana do Vale do Assu. A solução técnica concentra-se na construção da Barragem de Oiticica, que por sinal está contemplada nas emendas coletivas da bancada federal. Outra grave questão diz respeito às condições de escoamento das safras. O diagnóstico dos Mercados Atacadistas e hotigranjeiros aponta que se perde no país 30% da produção de frutas, legumes e verduras no caminho do campo às cidades pelas péssimas conndições das estradas brasileiras, como também pelo tempo perdido na viagem. Nosso Estado não está fora desta estatística.
Uma das soluções plausíveis é voltar nossa produção para o mercado interno. Há vários estudos mostrando a melhoria de renda da produção brasileira e do Nordeste em especial. É um novo público consumidor que está se agregando ao mercado e que não pode ser desprezado.
Mas voltando ao mercado externo, segundo alguns estudiosos do assunto, é importante que a atividade seja planejada de forma unificada, ou seja, uma boa alternativa é a formação de cooperativas. Isso daria mais força à negociação e também na hora da compra de insumos.
Aí é que o poder público pode atuar. Além de cuidar melhor das estradas, incentivar e dar apopio para a consolidação dessas cooperativas, garantindo assistência técnica para aqueles produtores que precisem melhorar sua produtividade e sua logística de distribuição dos produtos.
WWW.CARLOSEDUARDOALVES.COM.BR
Preocupa muito a situação dos produtores de frutas do Rio Grande do Norte, uma atividade que gera milhares de empregos e que fixa o homem ao campo, diminuindo o êxodo rural e o consequente inchaço das cidades, com a inevitável marginalização de centenas e centenas de cidadãos pela perda de sua dignidade.
É bem verdade que algumas dessas dificuldades não estão ao alcance do governo resolver. É o caso da queda do dólar frente ao real. Como 80% da nossa produção é vendida para o exterior, os produtores estão perdendo competitividade no mercado externo.
O Brasil hoje tem uma economia forte, o que é muito bom para o país como um todo, que tão bem resistiu à recente crise econômica mundial. No entanto, este fortalecimento da nossa moeda afeta alguns setores voltados para a exportação. É o que se chama de injunções do mercado.
Porém, um dos maiores problemas que vem afetando os produtores de frutas são as cheias que ocorreram nos últimos dois anos e que trouxeram uma enxurrada de prejuízos, especialmente para os produtores de banana do Vale do Assu. A solução técnica concentra-se na construção da Barragem de Oiticica, que por sinal está contemplada nas emendas coletivas da bancada federal. Outra grave questão diz respeito às condições de escoamento das safras. O diagnóstico dos Mercados Atacadistas e hotigranjeiros aponta que se perde no país 30% da produção de frutas, legumes e verduras no caminho do campo às cidades pelas péssimas conndições das estradas brasileiras, como também pelo tempo perdido na viagem. Nosso Estado não está fora desta estatística.
Uma das soluções plausíveis é voltar nossa produção para o mercado interno. Há vários estudos mostrando a melhoria de renda da produção brasileira e do Nordeste em especial. É um novo público consumidor que está se agregando ao mercado e que não pode ser desprezado.
Mas voltando ao mercado externo, segundo alguns estudiosos do assunto, é importante que a atividade seja planejada de forma unificada, ou seja, uma boa alternativa é a formação de cooperativas. Isso daria mais força à negociação e também na hora da compra de insumos.
Aí é que o poder público pode atuar. Além de cuidar melhor das estradas, incentivar e dar apopio para a consolidação dessas cooperativas, garantindo assistência técnica para aqueles produtores que precisem melhorar sua produtividade e sua logística de distribuição dos produtos.
WWW.CARLOSEDUARDOALVES.COM.BR
segunda-feira, 5 de abril de 2010
O RIO
O rio Piranhas/Açu se encontrando com o atlântico em Macau.
Por João Lins Caldas
Alvo e largo, profundo entre os cabeços brancos
É o rio a se estirar vendo os bambus copados
E lhe vão a correr pelo seios nevados
As torrentes de encher os lagos e os barrancos
Das águas que carrega, os largos veios francos,
Descidos de alta serra e na várzea alongados,
Caminho do oceano, olhando os descampados,
Lá se vão a tremer pelos rasgados flancos.
Onde vai leva a andar os balseiros folhudos
Os escombros de palha, os canaçus caídos
Os restos de fogueira e os ramos velhos mudos
E carrega, a rolar, aos pedaços e aos galhos,
Os altos mulungus, os gravatás fendidos,
As lavouas de abril e a lama dos atalhos...
Por João Lins Caldas
Alvo e largo, profundo entre os cabeços brancos
É o rio a se estirar vendo os bambus copados
E lhe vão a correr pelo seios nevados
As torrentes de encher os lagos e os barrancos
Das águas que carrega, os largos veios francos,
Descidos de alta serra e na várzea alongados,
Caminho do oceano, olhando os descampados,
Lá se vão a tremer pelos rasgados flancos.
Onde vai leva a andar os balseiros folhudos
Os escombros de palha, os canaçus caídos
Os restos de fogueira e os ramos velhos mudos
E carrega, a rolar, aos pedaços e aos galhos,
Os altos mulungus, os gravatás fendidos,
As lavouas de abril e a lama dos atalhos...
domingo, 4 de abril de 2010
JOÃO MOACIR DE MEDEIROS QUE EU CONHECI
*Por João Celso Neto
(Artigo transcrito do seu blog "Falando o Que Penso", em 22.2.2008
A vida me reservou muitos momentos mágicos e felizes, oportunidades raras. Dentre tantas, me fez conhecer e conviver com Moacir Medeiros, entre janeiro de 1960 (quando cheguei ao Rio de Janeiro) até sua morte ocorrido recentemente.
É verdade que já não nos víamos há mais de 20 anos, 25 talvez. Porém, muitas vezes nos falamos ao telefone, em papos prolongados, nesses últimos anos. Trocávamos informações sobre a genealogia comum. Todas as (poucas) ocasiões em que me acontecia de ir ao Rio, prometia ir visitá-lo na Almirante Guillem, 332 - Leblon. E, por algum motivo, no máximo, lhe telefonava, mas não tinha a ventura de vê-lo.
Eu o via, pela primeira vez, ainda de calças curtas, anos 50, numa manhã de domingo em Natal. Tio Celso me disse que ele era um publicitário famoso e que era nosso primo. Eu conhecia apenas Zaíra e Félix. Tia Maroca e D. Maria Francisca.
Quando nos mudamos para a terra carioca, comecei a conviver amiúde e quase que diariamente com ele, inclusive fazendo refeições em sua casa, naquele tempo de transição. O convívio se ampliou quando papai foi trabalha na JMM, na Almirante Barroso. Então, eram, sim, diários nossos encontros. Posso dizer que vi um gênio trabalhar e criar.
Poeta maravilhoso, porém modesto, preferia exaltar Caldas, e vários outros. Com ele aprendi tovas e sonetos alheios. E jamais deixei de louvar-lhe a veia poética, sendo um dos meus prediletos sua "Aspiração", sua ânsia de ser montanha, e de ser pedra, em vez de ser homem.
Poderia pedir como herança sua os retratos de Vovô que ele prometeu, tantas vezes, me mandar (pelo menos uma cópia).
Porque nada iguala ou suplanta a memória da convivência e da admiração que nutri por Moacir.
Devo-lhe um genial prefácio para o livro "Glosas de Hélio Neves de Oliveira", praticamente rabiscado ou improvisado em momento de, nele, habitual inspiração. Vivemos episódios que somente a lembrança pode e deve guardar.
Uma noite, em Copacabana, em 1967, assisti ao encontro de duas inteligências privilegiadíssimas, ele e Tio Expedito, a se somarem, sem disputas ou tentativas de vitória, deixar mudos quem teve a felicidade de estar presente.
Este mundo fica, certamente, mais pobre quando morre um homem como Moacir. Em compensação, o "outro", a verdadeira pátria de nós todos, se enriquece na mesma medida.
Imagino que farra podem estar fazendo, ou vão fazer quando se encontrarem, Moacir Medeiros, Expedito Silveira, João Lins Caldas, Orígenes Lessa (imortal da ABL, a cuja posse compareci, a seu convite, graças ao tempo em que OL trabalhou na JMM e foi colega de papai lá), além de Nathércia, Hélio e Dolores.
*João Celso Neto, poeta, engenheiro, advogado, natural do Assu, reside em Brasília. .
Em tempo: Moacir Medeiros era assuense, um dos maiores publicitários brasileiros. Foi ele, Moacyr, o primeira publicitário a fazer campanha eleitoral marketizada no Brasil (campanha de Celso Azevedo para prefeito de Belo Horizonte - MG, em 1954). Por sinal Moacir faleceu no dia das eleições de outubro de 2008. Fica o registro.
(Artigo transcrito do seu blog "Falando o Que Penso", em 22.2.2008
A vida me reservou muitos momentos mágicos e felizes, oportunidades raras. Dentre tantas, me fez conhecer e conviver com Moacir Medeiros, entre janeiro de 1960 (quando cheguei ao Rio de Janeiro) até sua morte ocorrido recentemente.
É verdade que já não nos víamos há mais de 20 anos, 25 talvez. Porém, muitas vezes nos falamos ao telefone, em papos prolongados, nesses últimos anos. Trocávamos informações sobre a genealogia comum. Todas as (poucas) ocasiões em que me acontecia de ir ao Rio, prometia ir visitá-lo na Almirante Guillem, 332 - Leblon. E, por algum motivo, no máximo, lhe telefonava, mas não tinha a ventura de vê-lo.
Eu o via, pela primeira vez, ainda de calças curtas, anos 50, numa manhã de domingo em Natal. Tio Celso me disse que ele era um publicitário famoso e que era nosso primo. Eu conhecia apenas Zaíra e Félix. Tia Maroca e D. Maria Francisca.
Quando nos mudamos para a terra carioca, comecei a conviver amiúde e quase que diariamente com ele, inclusive fazendo refeições em sua casa, naquele tempo de transição. O convívio se ampliou quando papai foi trabalha na JMM, na Almirante Barroso. Então, eram, sim, diários nossos encontros. Posso dizer que vi um gênio trabalhar e criar.
Poeta maravilhoso, porém modesto, preferia exaltar Caldas, e vários outros. Com ele aprendi tovas e sonetos alheios. E jamais deixei de louvar-lhe a veia poética, sendo um dos meus prediletos sua "Aspiração", sua ânsia de ser montanha, e de ser pedra, em vez de ser homem.
Poderia pedir como herança sua os retratos de Vovô que ele prometeu, tantas vezes, me mandar (pelo menos uma cópia).
Porque nada iguala ou suplanta a memória da convivência e da admiração que nutri por Moacir.
Devo-lhe um genial prefácio para o livro "Glosas de Hélio Neves de Oliveira", praticamente rabiscado ou improvisado em momento de, nele, habitual inspiração. Vivemos episódios que somente a lembrança pode e deve guardar.
Uma noite, em Copacabana, em 1967, assisti ao encontro de duas inteligências privilegiadíssimas, ele e Tio Expedito, a se somarem, sem disputas ou tentativas de vitória, deixar mudos quem teve a felicidade de estar presente.
Este mundo fica, certamente, mais pobre quando morre um homem como Moacir. Em compensação, o "outro", a verdadeira pátria de nós todos, se enriquece na mesma medida.
Imagino que farra podem estar fazendo, ou vão fazer quando se encontrarem, Moacir Medeiros, Expedito Silveira, João Lins Caldas, Orígenes Lessa (imortal da ABL, a cuja posse compareci, a seu convite, graças ao tempo em que OL trabalhou na JMM e foi colega de papai lá), além de Nathércia, Hélio e Dolores.
*João Celso Neto, poeta, engenheiro, advogado, natural do Assu, reside em Brasília. .
Em tempo: Moacir Medeiros era assuense, um dos maiores publicitários brasileiros. Foi ele, Moacyr, o primeira publicitário a fazer campanha eleitoral marketizada no Brasil (campanha de Celso Azevedo para prefeito de Belo Horizonte - MG, em 1954). Por sinal Moacir faleceu no dia das eleições de outubro de 2008. Fica o registro.
ASSU ANTIGO
O sobrado a esquerda da praça etúlio Vagas entã denominada de praça da Proclamação (fotografia acima) era onde funcionava o Bar Astronauta. Fora demolido para dar lugar a uma casa (vizinho a Senhora Anita Caldas pelo lado esquerdo e pelo lado direito Eloi Fonse/Marina) do Senhor Tião Diogenes.
sexta-feira, 2 de abril de 2010
QUANDO A GENTE É CRIANÇA
Por João Lins Caldas, poeta potiguar.
Quando a inocência não cheira
Pelos vergais da existência
São flores de laranjeira
Todos requebros de infância...
A gente vê-se criança
Na vida de brincadeira...
Por tudo respira essência,
Por toda parte fragrância...
Ah! Quando a gente é criança
Na vida de brincadeira!...
Quando a inocência não cheira
Pelos vergais da existência
São flores de laranjeira
Todos requebros de infância...
A gente vê-se criança
Na vida de brincadeira...
Por tudo respira essência,
Por toda parte fragrância...
Ah! Quando a gente é criança
Na vida de brincadeira!...
quinta-feira, 1 de abril de 2010
ILUSTRES FIGURAS DO ASSU DE ANTIGAMENTE
Foto de Genilda.
Esquerda para direita: Astrogildo Soares (advogado), João Marcolino de Vasconcelos Lou (advogado), Cabo Manuel, João Germano (tabelião e escrivão), Adroaldo Soares de Macedo (advogado), Armando (advogado), Migas Fonseca (juiz de paz), Expedito Silveira (promotor), d. Túlio Fernandes (juiz de direito), Kaká (oficial de justiça), Sabóia de Sá Leitão (juiz de paz), Santos Oliveira (tabelião e escrivão), Francisco Amorim - Chisquito (prefeito municipal do Assu) e Cozinho Germano (tabelião e escrivão. A fotografia deve ser entre 1954-55.
Esquerda para direita: Astrogildo Soares (advogado), João Marcolino de Vasconcelos Lou (advogado), Cabo Manuel, João Germano (tabelião e escrivão), Adroaldo Soares de Macedo (advogado), Armando (advogado), Migas Fonseca (juiz de paz), Expedito Silveira (promotor), d. Túlio Fernandes (juiz de direito), Kaká (oficial de justiça), Sabóia de Sá Leitão (juiz de paz), Santos Oliveira (tabelião e escrivão), Francisco Amorim - Chisquito (prefeito municipal do Assu) e Cozinho Germano (tabelião e escrivão. A fotografia deve ser entre 1954-55.
ASSU ANTIGO
A fotografia fora tirada no Colégio as Freiras (Educandáio Nossa Senhora as Vitórias, de Assu) provavelmente no final da década de qurenta. Na foto, senhoras assuenses participando de um retiro espiritual com o Padre José Gusmão. Foto cedida por Genilda Soares de Macedo Varela para colaborar com este blog sobre o Assu de antigamente. Clique na imagem para melhor visualizar.
Fernando Fanfa Caldas
Fernando Fanfa Caldas
ASSU EM REVISTA
"Assu em Revista", editado em 1980, salvo engano, po Francisco Amorim ou por Marcos Henrique. Aquela edição traz artigos e ilustrações além do município do Assu, carnaubais e região, bem como suas figuras ilustres, sua gente evidente. Na fotografia abaixo o fazendeiro Alfredo Soares de Macedo (imagem da revista foi cedida pela sua neta Genilda Soares de Macedo Varela, filha de Adroaldo Soares de Macedo que foi tabelião e advogado no Assu) e seu neto Gustavo Alberto de Macedo Varela. Ainda me lembro do velho Alfredo. Ele viveu mais de 1O0 anos e morava na rua Ulisses Caldas, 433, Macapá, antigo bairro do Assu, também denominaa de Lagoinha. A sua casa era onde hoje reside, se não me falha a memória, Walfredo Freire de Carvalho hoje remodelada.
quarta-feira, 31 de março de 2010
CARNAVAL DO ASSU, 1965
Na fotografia acima, esquerda para direita: Expedidito Silveira (que foi promotorm público de Assu no início na década de sessenta), Geraldo Dantas (na época funcioário do Banco do Brasil), Maria Auxiliadora Montenegro (esposa de dr. Edgar Montenegro, Francisca e Ximenes. Na fotografia abaixo esquerda para direita: Zé de Ana (comerciante em Assu), Edmar Montenegro, Maria Auxiliadora e seu marido Edgard Montenegro que naquela época, 1965, era deputado estadual, e Francisca Ximenes.
CASARÃO DO BANGUÊ - ASSU
Casarão do Banguê, distrito de Assu. Segundo depõe o historiador Ivan Pinheiro era de proprieade do Sr.Zuza Marreiro que construiu em 1911. Tempos depois d. Senhorinha Pessoa casado que era com Alexandre de Carvalho (Xanduzinho) adquiriu por herança.
terça-feira, 30 de março de 2010
UM BELO POEMA DE WALFLAN DE QUEIROZ
Ah, minha alma triste implora perdão
Nunca desejei de ti preces, ternura
Teus olhos que se encontravam com os meus
Eram como um farol me guiando no mar cheio de tormentas da minha vida.
(Walflan de Queiroz é poeta potiguar de São Miguel, conisderado um dos melhores poetas potiguares).
Nunca desejei de ti preces, ternura
Teus olhos que se encontravam com os meus
Eram como um farol me guiando no mar cheio de tormentas da minha vida.
(Walflan de Queiroz é poeta potiguar de São Miguel, conisderado um dos melhores poetas potiguares).
CORAÇÃO MALSINADO
Por João Lins Caldas
Coração malsinado das torturas,
Coração de mulher sem amor ter,
Goza um pouco a ventura de querer
Que este gozo é maior que outras venturas.
Tens, como as dores que hoje tens seguras,
Do amor a porta sem poder se erguer.
Ah! Que ventura se ilusões, das puras.
Hoje pudesses, coração, conter!
Mas não! Que o gelo que dá vida à morte
É o mesmo gelo que campeia forte
Nesse teu seio onde batalha a dor...
És para o tédio e para o mal nascido...
Muda essa sorte, coração ferido,
Abre essa porta para o meu amor!...
Coração malsinado das torturas,
Coração de mulher sem amor ter,
Goza um pouco a ventura de querer
Que este gozo é maior que outras venturas.
Tens, como as dores que hoje tens seguras,
Do amor a porta sem poder se erguer.
Ah! Que ventura se ilusões, das puras.
Hoje pudesses, coração, conter!
Mas não! Que o gelo que dá vida à morte
É o mesmo gelo que campeia forte
Nesse teu seio onde batalha a dor...
És para o tédio e para o mal nascido...
Muda essa sorte, coração ferido,
Abre essa porta para o meu amor!...
segunda-feira, 29 de março de 2010
LOURENÇO, O SERTANEJO (II)
"Cero dia, na estrada do Vale, Lourenço enconntrou-se com o Coronel Moisés.
- Bom dia, Lourenço. Observo que o vento norte continua soprando para você. Tudo verde no sítio... progredindo...
- Certo, Coronel. Nem todo mal é mal. O mundo dá mais volta que roleta. Hoje, sou dono da Pedras Branca. Ontem, era o senhor. Eu sei que o Coronel foi à casa de meu pai naquele dia, com seus filhos armados até os dentes. Mas, Coronel, não guardo rancor. Já se vão os anos, já sou pai de famíilia. Querendo aparecer com d. Josefa nós ficaremos contentes. Lunarda é mulher de verdade, Coronel. É a mão que pega o leme da nossa casa. Eu sou o casco do navio velho que balança o mar. Aguento o rojão... O Coronel precisa conhecer Lunarda. Como é bonita! E Juraci, um bichinho que nasceu por lá. Dá gosto de ver, Coronel. É a menina mais bonita do Vale.
O Cornel Moisés ficou engasgado. Bateu no ombro de Lourenço e disse:
- A vida também é madastra. Às vezes, vem como as ondas do mar e leva tudo na maré. O meu gado...
Ah, Coronel! Não me fale em gado! È o meu fraco. Quando vejo um bezerro escaramuçar, tenho uma vontade danada de pegar no rabo dois bichinhos e de alisar, como aliso os cabelos de minha menina... O meu negócio é comprar e vender bois. O negácio melhor do mundo, Coronel. Conhece aquela história dos franceses quando quiseram tomar o nosso Brasil? Já ouviu falar num tal de Vileganhão?
- Sim - soriu o Coronel - Eu conheço a história da Invasão Francesa, Villegagnon, o bravo aventureiro.
- Pois se reuniram na assembléia e discutiram como haveriam de governar o nosso Brasil. Apresentaram os problemas e perguntaram ao Comandante: "Qual o primeiro negócio para o norte do Brasil?" Respondeu: "Gado bem administrado". "Qual o segundo negócio para o mesmo liugar?" e o comandante ainda respondeu: "Gado sem administração". Pois bem , Coronel, é o que faço. Compro, vendo, solto os rebanhos no mato e deixo engordar. E ainda tem mais, Coronel. É um negócio alegre. Todo mundo corre para ver uma boiada, parece festa. Os meninos gritam, os vaqueiros abóiam...
É isso mesmo, Lourenço. Dou-lhe os parabéns. Agora vou me apartar. Vou à casa do Compadre Chico Inácio que está adoentado. Até à vista, Lourenço.
- Até outro dia, Coronel.
Coitado do Coronel Moisés! Está ficando velho e cansado. Os filhos no mundo... essa vida! - E Lourenço, ficando a espera no seu alazão, esquipou rumo ao lar."
Maria Eugênia
(O texto acima é o segundo capítulo do livro intitulado "Lourenço, O Sertanejo", da escritora assuense Maria Eugênia. è um romance, prosa sertaneja, cujo protagonista é o fazendeiro (falecido no início da décadade de setenta) Epifânio Barbosa, figura abastada e esperitiosa da região do Assu).
- Bom dia, Lourenço. Observo que o vento norte continua soprando para você. Tudo verde no sítio... progredindo...
- Certo, Coronel. Nem todo mal é mal. O mundo dá mais volta que roleta. Hoje, sou dono da Pedras Branca. Ontem, era o senhor. Eu sei que o Coronel foi à casa de meu pai naquele dia, com seus filhos armados até os dentes. Mas, Coronel, não guardo rancor. Já se vão os anos, já sou pai de famíilia. Querendo aparecer com d. Josefa nós ficaremos contentes. Lunarda é mulher de verdade, Coronel. É a mão que pega o leme da nossa casa. Eu sou o casco do navio velho que balança o mar. Aguento o rojão... O Coronel precisa conhecer Lunarda. Como é bonita! E Juraci, um bichinho que nasceu por lá. Dá gosto de ver, Coronel. É a menina mais bonita do Vale.
O Cornel Moisés ficou engasgado. Bateu no ombro de Lourenço e disse:
- A vida também é madastra. Às vezes, vem como as ondas do mar e leva tudo na maré. O meu gado...
Ah, Coronel! Não me fale em gado! È o meu fraco. Quando vejo um bezerro escaramuçar, tenho uma vontade danada de pegar no rabo dois bichinhos e de alisar, como aliso os cabelos de minha menina... O meu negócio é comprar e vender bois. O negácio melhor do mundo, Coronel. Conhece aquela história dos franceses quando quiseram tomar o nosso Brasil? Já ouviu falar num tal de Vileganhão?
- Sim - soriu o Coronel - Eu conheço a história da Invasão Francesa, Villegagnon, o bravo aventureiro.
- Pois se reuniram na assembléia e discutiram como haveriam de governar o nosso Brasil. Apresentaram os problemas e perguntaram ao Comandante: "Qual o primeiro negócio para o norte do Brasil?" Respondeu: "Gado bem administrado". "Qual o segundo negócio para o mesmo liugar?" e o comandante ainda respondeu: "Gado sem administração". Pois bem , Coronel, é o que faço. Compro, vendo, solto os rebanhos no mato e deixo engordar. E ainda tem mais, Coronel. É um negócio alegre. Todo mundo corre para ver uma boiada, parece festa. Os meninos gritam, os vaqueiros abóiam...
É isso mesmo, Lourenço. Dou-lhe os parabéns. Agora vou me apartar. Vou à casa do Compadre Chico Inácio que está adoentado. Até à vista, Lourenço.
- Até outro dia, Coronel.
Coitado do Coronel Moisés! Está ficando velho e cansado. Os filhos no mundo... essa vida! - E Lourenço, ficando a espera no seu alazão, esquipou rumo ao lar."
Maria Eugênia
(O texto acima é o segundo capítulo do livro intitulado "Lourenço, O Sertanejo", da escritora assuense Maria Eugênia. è um romance, prosa sertaneja, cujo protagonista é o fazendeiro (falecido no início da décadade de setenta) Epifânio Barbosa, figura abastada e esperitiosa da região do Assu).
sexta-feira, 26 de março de 2010
MACAPÁ OU LAGOINHA
Macapá ou Lagoinha eram assim denominados a localidade que fica entre a rua Ulisses Calçdas até o bairro Bela Vista também denominado de Boi Chôco. Não sei porque razão aquelas denominações deixaram de serem conservadas até pelos mais antigos assuenses. Pois bem, a poetisa assuense Sinhazinha Wanderley retrata o Macapá, dizendo assim neste sonete que veremos adiante para o nosso deleite:
Macapá, Bairro outrora desprezado,
Hoje feliz, alegre, florescente...
Tendo vista boa e nobre povoado.
Em frente à "Lagoinha"; e aí ao lado
Um roçado em cultivo vividente,
Ali, o palmeiral verde, luzente,
E junto um matagal estrelaçado.
A enchente extravasou-te, "Lagoinha"
Pra descrever-te, a poesia minha
Não tem beleza, as expressões são baldas...
Mas sonhas um porvir aureolado
O pobre bairro outrora abandonado
Tem o nome febril de Ulisses Caldas!
Sinhazinha Wanderley
Fernando Fanfa Caldas
Macapá, Bairro outrora desprezado,
Hoje feliz, alegre, florescente...
Tendo vista boa e nobre povoado.
Em frente à "Lagoinha"; e aí ao lado
Um roçado em cultivo vividente,
Ali, o palmeiral verde, luzente,
E junto um matagal estrelaçado.
A enchente extravasou-te, "Lagoinha"
Pra descrever-te, a poesia minha
Não tem beleza, as expressões são baldas...
Mas sonhas um porvir aureolado
O pobre bairro outrora abandonado
Tem o nome febril de Ulisses Caldas!
Sinhazinha Wanderley
Fernando Fanfa Caldas
AQUELA NOITE
Por Renato Caldas
Era o finá da cuiêta...
Disso, inda tô bem lembrado.
As salina parecia,
Arguns pedaços de dia,
Qui a noite tinha rôbado.
Aquela noite bonita,
Qui se tornô tão mardita,
Qui me faz tão desgraçado.
Naquela noite de lua:
- Deus num me castigue não -
Mais ante, eu ficasse mudo,
Ficasse cêgo de tudo,
Pra num sê tão bestaião,
De cantá praquela ingrata,
Naquela noite de prata
"O Luá do meu Sertão".
Naquela noite, Seu môço...
Seu Môço, naquela noite;
Mais ante eu bebesse o fé,
Sofresse dores crué,
Levasse os quarenta açoite,
Fosse pregado na cruz,
Sofresse mais que Jesus,
Morresse naquela noite.
Fernando Fanfa Caldas
O CINEMA NO ASSU
O primeiro cinema instalado no Assu não foi o Cine Teatro Pedro Amorim, como muitos pensam. O escritor potiguar assuense Francisco Amorim depõe que o primeiro cinema "funcionou num pequeno armazém localizado à rua do Córrego", atual Aureliano Lôpo. Seu Vicente era o proprietário daquela casa cinematográfica que, penso eu (é preciso pesquisar), provavelmente no prédio edificado aos fundos (fotografia acima) onde funcionou o cinema Pedro Amorim, porque a sua arquitetura tem caracteristicas de que ali era uma casa de espetáculo, hoje abandonada por completo. Isso por volta de 1911.Tempos depois também comenta o escritor Amorim "surgiu outro cinema que fazia suas apresentações no sobrado de Sebastião, à praça Pedro Velho", onde hoje funciona a betys Boutique ) de propriedade dos amigos Elizabeth e Astênio Tinoco. E vais mais além aquele também poeta e pesquisador ao dizer que outro cinema surgiu (o terceiro) vindo "das bandas de Caicó. O seu dono era Belizio Ferrer e localisou-se no prédio da rua São João. Dai para a instalação do Cine Teatro Pedro Amorim foi um tempão", conclui Francisco Amorim no seu livro intitlulado "Assu de Minha Meninice", 1982. Portanto, foi o Cine Teatro Pedro Amorim (trazido por Aldemar de Sá Leitão e instalado pelo comerciante coronel Francisco Martins) a quarta casa de apresentação da sétima arte, instalada na cidade do Assu.
Fernando Fanfa Caldas.
Fernando Fanfa Caldas.
quinta-feira, 25 de março de 2010
CORA CORALINA
Ilustração do blog.
Por Celso da Silveira, poeta, escritor assuense já falecido.
Enquanto em Natal era recolhidos votos dos intelectuais para que o poeta Gerardo Mello Mourão fosse agraciado com o prêmio Juca Pato, eu me encontrava na cidade de Goiás Velho levando dois abjetivos principais: conhecer a antiga capital do estado e visitar Cora Coralina, poetisa com 95 anos de idade.
Poeta e doceira.
Eu vinha de Goiânia, viajando quatro horas de ônibus. Cheguei à cidade perto da meia noite e logo me alojei no Hotel Alegrama. Posta a bagagem em sossego, decidi andar´pela cidade aonde esperava ainda encontrar, àquela hora, rumores de batucada, pois estávamos às vésperas do Carnaval desse ano, que começou nos primeiros dias de março.
A cidade se recolhia. Os bares arrumavam-se para fechar. No Coreto, um pequeno bar ainda me serviu algumas doses de vodka com laranjada. Mais adiante, um restaurante a la carte vendia cervejas e linguiças até a saída do último boêmio.;
No outro dia vi - pela janela do meu quarto - que o hotel estava à margem esquerda do rio Vermelho, que banha a cidade cortando-a em duas fatias desiguais. Do meu lado do rio. avistei a ponte de madeira que leva à outra parte menor. Logo adiante, na cabeceira da ponte, à esquerda, a primeira casa serve de residência a Cora Coralina. Uma casa velha, paredes descascadas, portas e janelas de pintura antiga. Típica arquitetura colonial. Lá fui bater palmas à sua porta. Ninguém para atender. Uma mulher, do outro lado da rua, saiu para informar que Coralina estava doente em Goiânia, hospitalizada. Pensei ali, que dessa vez terminava a vida dessa mulher extraordinária, de um vigor e lirísmo inexcedíveis. Deixei, então, o meu recado:
"Cora eu, ó Coralina
que te sei descoradindinha.
Vim conhecer-te, menina,
e te tomar por madrinha"
Goiás é cidade sem ônibus. Ou se anda a pé ou de automóvel.
Como dispunha de apenas 30 horas na cidade, fiz visitas-relâpagos ao sítio histórico, aos museus e às igrejas, em táxi, cujo motorista era verdadeiro guia turístico sem ônus para o governo municipal.
Voltando a Natal, por mera coincidência vou ser leitor de Gerardo Mello Mourão, num livro de sebo. Tenho dele a impressão de que é o melhor texto da safra de escritores brasileiros de agora. Leio seus artigos e cada vez mais me convenço de que ele tinha todo o direito a aspirar uma premiação da altura do Juca Pato. Mas, do outro lado, eu tinha predileção por Cora Coralina.
Agora, numa noite chuvosa dos últimos dias de abril, a televisaão me mostra a poetisa, com lucidez mental e voz firme, dizendo sua poesia de puro lirismo, tão segura quanto pode uma mulher de 95 anos.
Ganhara o prêmio Juca Pato, concorrendo com o poeta Gerardo Mello Mourão, dos troncos dos Inhamos cearenses, e viajante do mundo.
Natal, 2.5.84
(Artigo Transcrito do livro "Anjos Meus Aonde Estais", 1996).
QUE QUENTURA! QUE MORMAÇO!
Grita o povo apavorado:
Vai morrer tudo torrado
Se Deus não meter o braço,
O homem vira bagaço,
Se procurar carne crua...
Porém no meio da rua,
Para provar que não é frouxa
Ou para pegar um trouxa
Vai a mulher andar nua.
Renato Caldas
Vai morrer tudo torrado
Se Deus não meter o braço,
O homem vira bagaço,
Se procurar carne crua...
Porém no meio da rua,
Para provar que não é frouxa
Ou para pegar um trouxa
Vai a mulher andar nua.
Renato Caldas
quarta-feira, 24 de março de 2010
VELHOS CARNAVAIS DO ASSU, 1964
Na primeira fotografia acima, esquerda para direita: Zé Leitão, João Batista Macedo (JB), (?), Dilma (então funcionário da Fundação SESP e Chaguinha Pinheiro. Na foto abaixo (no Clube ARCA), esquerda para direita vejamos Nazareno Tavares (Barão) e Dedé Caldas, nos tempos da lança perfume.
MISS RIO GRANDE DO NORTE NA ADEGA DA PONTE, 1971
Adega da Ponte (antigo balneário de Assu) 1971. Esquerda para direita: Fenando Fanfa Caldas (sem camisa, sentado), Asterinho Tinôco, jornalista Paulo Macedo, Tázia (Miss Rio Gande do Norte, 1971, (?). E já se passaram quatro décadas.
terça-feira, 23 de março de 2010
segunda-feira, 22 de março de 2010
JOÃO CACHINA, O PORTUGUES
João Gonçalves Cachina era um velho português nascido numa pequena e bonita cidade de Viana do Castelo, ao norte de Portugal de onde ele fugiu para o Brasil ainda no início da sua juventude. Primeiramente desembarcou no Rio de Janeiro, morou no Recife e depois Macau, litoral do Rio Grande do Norte. Na localidade de Arapuá, então distrito de Santana do Matos e hoje pertencente ao município de Ipanguaçu-RN, comprou uma propriedade rural onde construiu uma casa em estilo português (fotografia acima), usina de descaroçamento de algodão e outra de beneficiamento de cera de carnaúba. Conta-se que ele, chateado por algum motivo, logo deixou de viver na sua fazenda Arapuá, propriedade que adquiriu no ano de 1922 (para onde nunca mais voltou), fixando residência na cidade de Assu-RN.
Cheguei a conhecer Seu João Cachina, tipo magro, estatura mediana. Decente, um pouco calado. Vestia-se de paletó e gravata. Certa vez ao passar pelas ruas da cidade de Assu que escolheu para viver até a sua morte em 1981 foi surpreendido com uma brincadeira de mal gosto por certo assuense que disse assim: "Seu João, o português é muito burro". E ele (mesmo amando o Brasil teve que defender a sua origem), dizendo: "O português é tão burro que descobriu esta merda".
QUEM DIZ É O POVO!
Eleição para vereador de Natal pelo antigo PDS - Partido Democrático Social, 1991. Obtive 770 votos.
A VÁRZEA
Carnaubeiras, Vale do Assu.
Sob o fresco chapéu dos carnaubais frondosos
Alvíssimo lençol de fúlgidas areias,
Pesadas de conter os escombros das cheias,
É a várzea a se alastrar sob os pinhões viçosos.
Irmãs que são dos ramos buliçosos,
Sem flores conhecer e o dissabor alheias,
As raízes dos paús vão lhe rasgando as veias,
Com que, certo, alimenta os frutos saborosos.
Mãe das ervas de maio e dos feijões maduros,
Coberta de capim nas extensões cercadas,
Guarda troncos no seio e socavões profundos.
Tem, de longe, a cercá-la, entre os moitões escuros
Enorme, rude e bravo, as águas elevadas,
Meio a meio, a rasgá-la, um rio, os seios fundos.
JLCaldas
Sob o fresco chapéu dos carnaubais frondosos
Alvíssimo lençol de fúlgidas areias,
Pesadas de conter os escombros das cheias,
É a várzea a se alastrar sob os pinhões viçosos.
Irmãs que são dos ramos buliçosos,
Sem flores conhecer e o dissabor alheias,
As raízes dos paús vão lhe rasgando as veias,
Com que, certo, alimenta os frutos saborosos.
Mãe das ervas de maio e dos feijões maduros,
Coberta de capim nas extensões cercadas,
Guarda troncos no seio e socavões profundos.
Tem, de longe, a cercá-la, entre os moitões escuros
Enorme, rude e bravo, as águas elevadas,
Meio a meio, a rasgá-la, um rio, os seios fundos.
JLCaldas
domingo, 21 de março de 2010
OBRIGADO GOVERNADORA WILMA DE FARIA
Na qualidade de ex-vereador da terra assuense, como natural daquela importante município potiguar porque não dizer obrigado a governadora Wilma de Faria pela conclusão do Ginásio Arnóbio Abreu. Demorou? Claro que demorou! Mas, chegou como diz o professor de carnaubais Aluízio Lacerda: "Demorou mas chegou. E do bom". Pois bem, o Assu é merecedor daquele empreendimento, bem como o nome de Arnóbio (a sua memória) é merecedora da homenagem. Este blog agradece em nome do povo do Assu.
Fernando "Fanfa" Caldas
"ASSÙ - DOS JANDUIS AO SESQUICENTENÁRIO"
O título acima é o segundo livro do pesquisador, animador cultural, contista e historiador assuense Ivan Pinheiro. Mas, Ivan é também secretário de governo da Prefeitura Municipal do Assu. Já passou como secretário das administrações municipais dos prefeitos José Maria Medeiros, Lourinaldo Soares, Ronaldo Soares e agora na administração Ivan Junior. Amigo leal sobretudo, querido pelos assuenses pelo seu trabalho, bem como pela sua simplicidade e descência que lhe são peculiares. O seu livro referenciado acima certamente engrandecerá as letras assuenses e, porque não dizer potiguares. O seu lançamente irá ocorrer dia 30 que se aproxima na Loja Maçônica Fraternidade Assuense.
Fernando "Fanfa" Caldas
EX-VEREADORES DO ASSU
Esquerda para direita: Joaquim Siqueira de Furtado (193-1976), Mariza Cardoso Pinto (1973-1976, ela foi, se não me engano, a terceira mulher a assumir a Câmara dos Vereadores do Assu) e José Regis de Souza (1973-1982). Regis por sinal, é comentarista político de conceito e apresenta aos sábados um programa político através da Rádio Princesa do Vale, de grande audiência no Vale do Assu. É filho do ex-vice-prefeito daquela terra assuense José André de Souza falecido recentemente. Os três edís eram do partido da Velha ARENA - Aliança Renovadora Nacional. Joaquim e regis foram, portanto, presidente do Legislativo Assuense (1975-1976 e 1977-1982 respectivamente. Fica mais um registro na História do Assu.
Fernando "Fanfa" Caldas
sexta-feira, 19 de março de 2010
ENCHENTE EM ASSU, 1964
A maior enchedte que se deu em Assu, águas do rio Piranhas/Assu fora em 1924, depois a do ano de 1964. Em 1924 as águas daquele rio chegaram no fundo da igreja matriz de São João Batista. A fotografia é do local das proximidades do córrego.
quinta-feira, 18 de março de 2010
"PARLAMENTARES DO RIO GRANDE DO NORTE"
Este livro é organização do norte-riogandense Agaciel da Silva Maia. Consta nas suas páginas o nome de Francisco de Brito Guerra que nasceu no Assu quando Vila (localidade de Campo Grande, que já foi Augusto Severo e agora Campo Grande, entãoVila do Assu. Brito Guerra foi o primeiro potiguar (já comentei neste blog sobre a sua pessoa) que também foi sacerdote, estudou as primeiras letras no Assu, foi o primeiro potiguar a exerce tão alto cargo de senador do império em 1837, hoje senador da república. Pena que ele era nome de rua no Assu e, não sei porque carga dágua arrancaam aquela justa homenagem que ele nunca pediu mas que tanto merece. Portanto, faço um apelo aos vereadores assuense e ao jovem prefeito Ivan Lopes Junior que repare essa injustiça cometida com o Senador Guerra, natural do Assu, nascido em 1777.
blogdofernandocaldas.blogspot.com
Fernando "Fanfa" Caldas - 84.99913671
JEITOS PRA TUDO
Por Valério Mesquita, escritor, da Academia Norte-Riograndense de Letras
O1) José Melo, pecuarista em Santana do Matos, é sogro de Nilo Soares, pessoas conhecida e bem relacionada em Natal. Acometido de problemas prostáticos, Zé Melo não pode evitar a temida cirurgia. Hospitalizou-se e no dia da operação submeteu-se com a enfermeira designada ao asseio pré-opeatório. Sentindo mãos femeninas roçar as partes genitais começou de pronto uma ereção espontânea que não o constrangeu. Olhou para a enfermeira meio encabulado e comentou: "Minha filha pode deixar de fazer isso que ele se põe em pé sozinho".
02) Nos anos de chumbo, Josemar Azevedo, ex-presidente da Caern, esteve detido como preso político no Regimento de Obuses (R.O) em Natal. Com ele, também Zé Gago de Mossoró, companheiro de cela. Zé Gago era lider sindical dos ferroviários na sua região. O tempo passou e com ele a anistia ampla, geral e irrestrita. Josemar concluiu o seu curso de engenharia e se tornou agropecuarista. Zé Gago, por sua vez, voltou a Mossoró. Um dia, soube que o doutor Josemar era o presidente da Caern e resolveu visitá-lo. Na recepção cumprimentou a secretária: "Bom, bom, bom dia! Dotô, Jo, Jo, Josemar está?". "Quem é o senhor?", indaga a burocrata oficial. "Sou, sou, co, co, colega dele". "Ah!, o senhor é engenheiro?", quis saber mais a funcionária. "Não. Co, co, colega de cadeia", respondeu Zé Gago.
03) Essa é mais antiga. Américo Soares de Macedo, assuense, radicado na região, aliou-se ao famoso general Plácido de Castro, um dos heróis da anexação do Acre ao Brasil. Tempo depois, passadas as refregas, veio morar em Natal com o filho Lucas (Luiz Soares de Macedo). Américo, ao longo da vida, foi forjado nas pelejas e a tranquilidade de Natal lhe afetou, deprimindo-o depressa até a esclerose. Passou a residir num quarto solitariamente onde recebia os cuidados diários do filho. Certo dia, saiu nu do seu compartimento e, em pé, chamou o filho em voz alta: "Luís, Luís vem cá. Vem ver que te fez e hoje não vale mais nada".
04) Recém formado em medicina pela Faculdade do Recife, no ramo da psiquiatria, foi clinicar em Mossoró o doutor Alcimar Torquato de Almeida, ex-deputado e ex-presidente da Assembléia Legislativa. Jovem, chamoso, cabelos longos dos anos setenta, tornou-se o médico preferido de todos. Certo dia, um rapaz o procurou no consultório em busca de socorro. "Doutor, eu vivo um problema existencial muito grave. Só o senhor pode me curar". "Qual é o problema?", indaga o psiquiatra. "Eu sou homosexual e não quero aqui em Mossoró que o meu pai saiba. Seria a maior vegonha para ele, a família e para mim também", contou o desesperado paciente. "Não há como você reprimir esses impulsos"?, interrogou Alcimar. "Doutor, é coisa que não posso evitar. Já faço isso há muito tempo. É da minha natureza". "Então", disse o médico, "como não há jeito na medicina, só tem uma saída: T'áqui o dinheiro da passagem, vá para São Paulo dar o cedenho longe do seu pai".
05) Achei, nos porões da memória, uma faceta litúrgica do inequecível vigário de Macaíba Antonio de Melo Chacon, que aainda não havia narrado. O fato está registrado nos albores dos anos cinquenta quando ainda estudava catecismo com, D. Paulina, na rua da igreja. Vi e ouvi, na bancada dos inocentes da cruzada eucarística da paróquia local, sob a batuta de D. Lila, que hoje reside em Natal, uma conclamação, no mínimo, estapafúrdia. Aos domingos, por ocasião da santa missa matutina, o padre Chacon lia em voz alta e incisiva os "proclamas" dos casamentos do mês, assim se expressando, ao final: "Quem souber, de algum impedimento calúnico, que torne nulas as celebrações matrimoniais deste fim de mês, que denuncie, sob pena de pecado mortal não se manifestar". Nos casamentos que assisti ou ouvi falar, ao longo desses quase sessenta anos, ninguém ousou asssumir a carapuça. Mas, hoje em dia, não é aconselhável proclamar tão claro e alto como falava o padre Chacon. Os papeis podem e devem correr em silêncio, porque o mundo deu um tombo...
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Fernando "Fanfa" Caldas - 84.99913671
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