sexta-feira, 30 de janeiro de 2009
segunda-feira, 26 de janeiro de 2009
POEMETOS DE JOÃO LINS CALDAS
I
E essa carta esperada,
Que dizia somente,
Simplesmente:
- "Consola-te. Afinal não há mais nada"
- "Não há mais nada? E o coração da gente?
II
A lua que me dirão?
Precisa talvez de irmão.
Eu sou tão só sobre a Terra,
Tanta luta, tanta guerra...
A lua que me dirão?
Se ela precisa irmão
Eu já que abandono a Terra.
III
Culpa-te a ti somente, a ti culpa.
A ti somente, ó grande desgraçado!
Culpa-te a ti de ser desventurado
Culpa-te a ti de ser já sem desculpa,
Amaste por amor. Amaste crendo.
IV
Quero-te. Vem. As carnes palpitantes
A forma nua onde a beleza mora...
És tu. Quero-te assim. Meu corpo implora
A graça que desce dos contornos...
Trêmulas as mãos e os lábios mornos.
blogdofernandocaldas.blogspot.com
domingo, 18 de janeiro de 2009
POESIA
sexta-feira, 16 de janeiro de 2009
MANOEL RODRIGUES DE MELO
Manoel Rodrigues de Melo (1907-1996), nasceu na fazenda Queimado, na várzea do Assu. Era membro da Academia Norte-riograndense de Letras (chegando a construir a sede própria daquela academia, onde foi seu presidente), da Academia de Trovas e do Instituto Histórico e Geográfico do Rio Grande do Norte. Viveu a sua infância na área rural daquela região varzeana. Viu de perto com os seus olhos a seca e a enxurrada que ainda atormenta aquela região. Estudou apenas o curso primário que inciou em Macau e terminou em Currais Novos (RN), onde em 1926, fundou e redigiu o jornal estudantil intitulado O Porvir.
Rodrigues de Melo estreou nas letras potiguares publicando o livro sob o título "Várzea do Açu", 1940. O poeta, o jornalista e escritor, "o cronista da várzea do Açu" como ficou conhecido Manoel Rodrigues de Melo (quatro anos após a publicação do seu primeiro livro), publicou ainda o volume intitulado "Patriarcas e Carreiros", 1944, 54 e 85 (primeira, segunda e terceira edição, respectivamente), que na observação de Claudio Galvão, o escritor Manoel Rodrigues naquela edição "refletem as lembranças de sua infância distante, a evocação dos lentos carros-de-boi sulcando vagarosamente as oras secas, ora enlameadas estradas do seu rincão, e a monótona melodia do áspero rangido de suas rodas roçando os eixos de madeira E vai mais adiante Galvão ao dizer que Manoel Rodrigues é um profundo conhecedor da sociologia rural, dos usos e costumes e, principalmente, dos homens que fizeram a vida dos rincões distantes do Estado". Manoel Rodrigues escreveu ainda "Cavalo de Pau", 1953, "Chico Caboclo e Outros Poemas", 1957, além de "Terras de Comundá", 1972 (romance), "Dicionário da Imprensa No Rio Grande do Norte", 1987 e "Memória do Livro Potiguar" (uma biografia de autores potiguares, publicado em 1994 pela Editora Universitária.
Sobre a sua terra natal, o poeta escreveu:
Pendências
Rodrigues de Melo estreou nas letras potiguares publicando o livro sob o título "Várzea do Açu", 1940. O poeta, o jornalista e escritor, "o cronista da várzea do Açu" como ficou conhecido Manoel Rodrigues de Melo (quatro anos após a publicação do seu primeiro livro), publicou ainda o volume intitulado "Patriarcas e Carreiros", 1944, 54 e 85 (primeira, segunda e terceira edição, respectivamente), que na observação de Claudio Galvão, o escritor Manoel Rodrigues naquela edição "refletem as lembranças de sua infância distante, a evocação dos lentos carros-de-boi sulcando vagarosamente as oras secas, ora enlameadas estradas do seu rincão, e a monótona melodia do áspero rangido de suas rodas roçando os eixos de madeira E vai mais adiante Galvão ao dizer que Manoel Rodrigues é um profundo conhecedor da sociologia rural, dos usos e costumes e, principalmente, dos homens que fizeram a vida dos rincões distantes do Estado". Manoel Rodrigues escreveu ainda "Cavalo de Pau", 1953, "Chico Caboclo e Outros Poemas", 1957, além de "Terras de Comundá", 1972 (romance), "Dicionário da Imprensa No Rio Grande do Norte", 1987 e "Memória do Livro Potiguar" (uma biografia de autores potiguares, publicado em 1994 pela Editora Universitária.
Sobre a sua terra natal, o poeta escreveu:
Pendências
Sob o formoso céu que te cobre e ilumina,
Vives como a cantar uma canção serena...
Desde os bosques ao jardim, do roçado á campina,
Deixas sempre exalar um cheiro que envenena!...
Minha Terra! Meu ninho azul, onde a bonina,
Aberta ao rubro sol da tarde, incita pena...
Tenho n'alma e terei mirrada e bem franzina
Uma saudade atroz que maltrata e condena!
Minha terra! Meu berço amado eu te amo tanto,
Que se um dia o estilete agro da Dor vier
Matar-me, servirás de meu repouso Santo.
És o templo bendito, onde aprendi primeiro,
Entre o aroma sutil do brando malmequer
A divina canção dolente do vaqueiro!
terça-feira, 13 de janeiro de 2009
É TARDE, MAS ARDE A ESPERANÇA
Paulo Sérgio Martins
Jornalista e pesquisador
Especial para o Nasemana
Nada embriaga mais a vida do que o vinho da verdade. E verdade seja dita: Machado de Assis foi, indubitavelmente, o maior escritor brasileiro. Fundador e primeiro presidente da Academia Brasileira de Letras, a forma inconcistente como teve celebrado oficialmente o seu centenário de morte, neste controvertido e terminal 2008, é, na realidade, mais uma das injustiças que marcaram a densa biografia do "bruxo".
Ele faleceu num quarto térreo do sobradinho alugado em que vivia na rua Cosme Velho, número 18, no Rio de Janeiro. Machado de Assis andava muito doente. Enxergava mal e sofria com as dores de uma antiga infecção intestinal. As convulsões epiléticas eram mais frequente. Por causa delas, seus dentes abriram um ferimento na língua que virou úlcera cancerosa. Não podia mais mastigar e comer - passou seus últimos dias à base de leite levado pelos amigos.
O autor de "Dom Camurro" estava afastado havia dois meses do cargo de diretor-geral de contabilidade do Ministério da Viação. "Ele evitava transmitir expressões de dor aos que o cercavam", recordaria mais tarde o escritor Euclides da Cunha. Na hora da morte, alguns colegas famosos faziam parte do grupo que estava ao lado de machado - o próprio Euclides, Coelho Neto, José Veríssimo e Raimundo Correia. Alguém, ali, lembrou de chamar um padre. Machado, um ex-coroinha, repudiou a idéia. "Não creio, seria hipocrisia", susurrou.
Ele estava esperando a morte, tanto que deixou tudo arrumado. Não ficou nada para incomodar os amigos. Pagou as contas e chegou mesmo a preparar o quarto de morte. Ainda assistiu o lançamento de "Memória de Ayres", seu último romance, e transferiu em testamento todos os seus bens a uma sobrinha da mulher Carolina, morta quatro anos antes e com quem não teve filhos.
Tinha pouco - doze apólices, uma conta na Caixa Econômica Federal, móveis e biblioteca. Viveu 69 anos assim. Amigos de verdade? Raros. Preferia trocar cartas e bilhetes com eles. depois de 1881 - ano em que sai "Memórias Póstumas de Brás Cubas" -, marca a segunda fase de sua obra que consagra o definitivamente.
Ainda existia muita contradição na biografia desse escritor brasileiro - para não dizer " da língua portuguesa". Ninguém garante, por exemplo, que Maria Leopoldina, a mãe do escritor, foi lavadeira, nem confirma se ele teria tido em seguida relações conflituosas com a madrasta Maria Inês. Há insinuações também, que a salvação literária de Machado foi o casamento com Carolina Xavier Novais, uma portuguesa do Porto, quatro anos mais velha que ele. Ela seria a autora de correções gramaticais e de alguns reparos de estilo na obra do marido o que, na realidade, não passa de um exagero histórico.
Fala-se também de outras mulheres na vida de Machado. A atriz Ismênia dos Santos, para quem o então crítico teatral fizera algumas traduções de peças como "O barbeiro de Sevilha", um romance às vésperas do casamento com Carolina, e Inês Gomes, outra atriz que ele conheceu já quarentão e casado. "Tive três amores, mas só você não é vulgar", escreveu ele a Carolina.
O consagrado escritor viveu também constrangido e explorado. Emprestou dinheiro de amigos para se casar e teve de assinar dezenas de péssimos contratos com seu editor, o francês Hypolittee Garnier, tradicionalmente conhecido como "o bom ladrão". Fazia adiantamentos, mas pagava mal. E o velho mestre, ainda por cima, tinha inimigos gratuitos. Os desafetos jamais o deixaram sossegado.
Sagacíssimo mas calado, tornou-se alvo fácil de Sílvio Romero e Luiz Murat. Até o poeta-maior, Carlos Drummond de Andrade, na juventude, escreveu um artigo agressivo contra Machado, mas depois reparou a ofensa gratuita e injustificada, publicando o poema "A um bruxo, com amor".
Os hábitos discretos de Machado de Assis enlouqueceram biógrafos e geraram lendas. Machado escondia tudo. Havia, porém, duas tragédias pessoais incontornáveis. A primeira era a epilepsia, sua doença mais grave. Ela o traiu várias vezes em plena rua. Certa vez, num impulso depressivo, ele se comparou a um cão contorcido em espumas. Sequer pronunciava o nome da moléstia, que lhe deixara irascível, a ponto de expulsar de casa um médico amigo que o socorrera depois de um ataque dentro de um bonde. "Eis o meu pecado original", sempre afirmava o escritor.
O outro drama estava na pele. Seu cabelo também não negva a origem - bisneto de escravos, nascido no Morro do Livramento, onde ainda hoje é o bairro da Gamboa, no Rio de Janeiro. Não consta que tenha frequentado escola, e suas fronteiras geográfica não foram além de Fiburgo, Petrópolis e Minas Gerais. Mesmo assim, transformou-se no melhor romancista da língua portuguesa até hoje.
Jornalista e pesquisador
Especial para o Nasemana
Nada embriaga mais a vida do que o vinho da verdade. E verdade seja dita: Machado de Assis foi, indubitavelmente, o maior escritor brasileiro. Fundador e primeiro presidente da Academia Brasileira de Letras, a forma inconcistente como teve celebrado oficialmente o seu centenário de morte, neste controvertido e terminal 2008, é, na realidade, mais uma das injustiças que marcaram a densa biografia do "bruxo".
Ele faleceu num quarto térreo do sobradinho alugado em que vivia na rua Cosme Velho, número 18, no Rio de Janeiro. Machado de Assis andava muito doente. Enxergava mal e sofria com as dores de uma antiga infecção intestinal. As convulsões epiléticas eram mais frequente. Por causa delas, seus dentes abriram um ferimento na língua que virou úlcera cancerosa. Não podia mais mastigar e comer - passou seus últimos dias à base de leite levado pelos amigos.
O autor de "Dom Camurro" estava afastado havia dois meses do cargo de diretor-geral de contabilidade do Ministério da Viação. "Ele evitava transmitir expressões de dor aos que o cercavam", recordaria mais tarde o escritor Euclides da Cunha. Na hora da morte, alguns colegas famosos faziam parte do grupo que estava ao lado de machado - o próprio Euclides, Coelho Neto, José Veríssimo e Raimundo Correia. Alguém, ali, lembrou de chamar um padre. Machado, um ex-coroinha, repudiou a idéia. "Não creio, seria hipocrisia", susurrou.
Ele estava esperando a morte, tanto que deixou tudo arrumado. Não ficou nada para incomodar os amigos. Pagou as contas e chegou mesmo a preparar o quarto de morte. Ainda assistiu o lançamento de "Memória de Ayres", seu último romance, e transferiu em testamento todos os seus bens a uma sobrinha da mulher Carolina, morta quatro anos antes e com quem não teve filhos.
Tinha pouco - doze apólices, uma conta na Caixa Econômica Federal, móveis e biblioteca. Viveu 69 anos assim. Amigos de verdade? Raros. Preferia trocar cartas e bilhetes com eles. depois de 1881 - ano em que sai "Memórias Póstumas de Brás Cubas" -, marca a segunda fase de sua obra que consagra o definitivamente.
Ainda existia muita contradição na biografia desse escritor brasileiro - para não dizer " da língua portuguesa". Ninguém garante, por exemplo, que Maria Leopoldina, a mãe do escritor, foi lavadeira, nem confirma se ele teria tido em seguida relações conflituosas com a madrasta Maria Inês. Há insinuações também, que a salvação literária de Machado foi o casamento com Carolina Xavier Novais, uma portuguesa do Porto, quatro anos mais velha que ele. Ela seria a autora de correções gramaticais e de alguns reparos de estilo na obra do marido o que, na realidade, não passa de um exagero histórico.
Fala-se também de outras mulheres na vida de Machado. A atriz Ismênia dos Santos, para quem o então crítico teatral fizera algumas traduções de peças como "O barbeiro de Sevilha", um romance às vésperas do casamento com Carolina, e Inês Gomes, outra atriz que ele conheceu já quarentão e casado. "Tive três amores, mas só você não é vulgar", escreveu ele a Carolina.
O consagrado escritor viveu também constrangido e explorado. Emprestou dinheiro de amigos para se casar e teve de assinar dezenas de péssimos contratos com seu editor, o francês Hypolittee Garnier, tradicionalmente conhecido como "o bom ladrão". Fazia adiantamentos, mas pagava mal. E o velho mestre, ainda por cima, tinha inimigos gratuitos. Os desafetos jamais o deixaram sossegado.
Sagacíssimo mas calado, tornou-se alvo fácil de Sílvio Romero e Luiz Murat. Até o poeta-maior, Carlos Drummond de Andrade, na juventude, escreveu um artigo agressivo contra Machado, mas depois reparou a ofensa gratuita e injustificada, publicando o poema "A um bruxo, com amor".
Os hábitos discretos de Machado de Assis enlouqueceram biógrafos e geraram lendas. Machado escondia tudo. Havia, porém, duas tragédias pessoais incontornáveis. A primeira era a epilepsia, sua doença mais grave. Ela o traiu várias vezes em plena rua. Certa vez, num impulso depressivo, ele se comparou a um cão contorcido em espumas. Sequer pronunciava o nome da moléstia, que lhe deixara irascível, a ponto de expulsar de casa um médico amigo que o socorrera depois de um ataque dentro de um bonde. "Eis o meu pecado original", sempre afirmava o escritor.
O outro drama estava na pele. Seu cabelo também não negva a origem - bisneto de escravos, nascido no Morro do Livramento, onde ainda hoje é o bairro da Gamboa, no Rio de Janeiro. Não consta que tenha frequentado escola, e suas fronteiras geográfica não foram além de Fiburgo, Petrópolis e Minas Gerais. Mesmo assim, transformou-se no melhor romancista da língua portuguesa até hoje.
quinta-feira, 1 de janeiro de 2009
POESIA
PARÁFRASE
"No meu tempo de menino
Minha vida era um colosso:
Fazia currá de pedra
Pra prendê vaca de osso...
Abria espiga de mio,
Pra vê se tinha caroço"
- As morenas me chamavam
Pra tomá banho, num poço;
Quando elas tiravam a rôpa
Faziam aquele alvoroço...
Se agarravam cum eu,
Mordiam no meu pescoço!
Deus me livre qui inda vorte
Aquele tempo de moço.
Quero ruê a sodade
Qui nem cachorro rói osso.
Mas, quando eu era menino...
Minha vida era um colosso!
"No meu tempo de menino
Minha vida era um colosso:
Fazia currá de pedra
Pra prendê vaca de osso...
Abria espiga de mio,
Pra vê se tinha caroço"
- As morenas me chamavam
Pra tomá banho, num poço;
Quando elas tiravam a rôpa
Faziam aquele alvoroço...
Se agarravam cum eu,
Mordiam no meu pescoço!
Deus me livre qui inda vorte
Aquele tempo de moço.
Quero ruê a sodade
Qui nem cachorro rói osso.
Mas, quando eu era menino...
Minha vida era um colosso!
Renato Caldas
quarta-feira, 31 de dezembro de 2008
UM POETA BOÊMIO E IRREVERENTE
Ascenso Ferreira nasceu na cidade de Palmares, interior do Estado do Pernambuco, em data de 1895 e faleceu no Recife em 1965. Poeta boêmio, irreverente. Ascenso era amigo de Juscelino Kubistchek e chegou a participar ativamente da sua campanha a presidência da república, em 1955. Estreiou nas letras brasileiras publicando, salvo engano, o volume sob o título "Catimbó". Um dos seus versos mais notórios, diz assim:
Hora de comer - comer!
Hora de dormir - dormir!
Hora de vadiar - vadiar!
Hora de trabalhar?
- Perna pro ar que ninguém é de ferro!
Hora de comer - comer!
Hora de dormir - dormir!
Hora de vadiar - vadiar!
Hora de trabalhar?
- Perna pro ar que ninguém é de ferro!
... Sonhos possuem anos...
Asas do desejo...
Asas da esperança...
Asas do amor...
Asas da fé...
Desejo que seu novo ano seja de PAZ.
Que a esperança nunca o abandone.
Que a FÉ seja sua companheira constante.
Que o AMOR faça parte do dia-a-dia.
Nunca abandone seus SONHOS...
Nunca perca suas ASAS...
"Amanhã será um nono dia..."
Um novo nascer do sol,
Um novo começo, uma nova chance,
Basta sonhar e acreditar...
Um grande abraço de, Jadson.
Asas da esperança...
Asas do amor...
Asas da fé...
Desejo que seu novo ano seja de PAZ.
Que a esperança nunca o abandone.
Que a FÉ seja sua companheira constante.
Que o AMOR faça parte do dia-a-dia.
Nunca abandone seus SONHOS...
Nunca perca suas ASAS...
"Amanhã será um nono dia..."
Um novo nascer do sol,
Um novo começo, uma nova chance,
Basta sonhar e acreditar...
Um grande abraço de, Jadson.
domingo, 28 de dezembro de 2008
SONETO DE AMOR
DESPEITO
Digo o que noutro tempo não diria:
Foi tudo um grande sonho enganador...
Nego o passado, e juro que este amor
Só existiu na tua fantasia...
Sinto a volúpia da mentira! A dor
Não transparece. Nego... Que alegria!
Fiz crer ao mundo inteiro, por magia!
Que és de todos os homens o pior...
Nunca me entristeceu esse sorriso...
E vê-la tu, se tanto for preciso,
Nego também as cartas que escrevi!
Quero humilhar-te, enfim... Mas não entendo
Porque me exalto e choro e ti defendo,
Se alguém, a não ser eu, diz mal de ti...
Virgínia Victorino
Digo o que noutro tempo não diria:
Foi tudo um grande sonho enganador...
Nego o passado, e juro que este amor
Só existiu na tua fantasia...
Sinto a volúpia da mentira! A dor
Não transparece. Nego... Que alegria!
Fiz crer ao mundo inteiro, por magia!
Que és de todos os homens o pior...
Nunca me entristeceu esse sorriso...
E vê-la tu, se tanto for preciso,
Nego também as cartas que escrevi!
Quero humilhar-te, enfim... Mas não entendo
Porque me exalto e choro e ti defendo,
Se alguém, a não ser eu, diz mal de ti...
Virgínia Victorino
quinta-feira, 25 de dezembro de 2008
MEUS OLHOS
(...) Meus olhos são uns olhos para não se ver
Ninguém para ver meus olhos
Meus olhos são uma tarde, meus olhos são uma tarde para sempre entardecer.
João Lins Caldas
Ninguém para ver meus olhos
Meus olhos são uma tarde, meus olhos são uma tarde para sempre entardecer.
João Lins Caldas
quarta-feira, 24 de dezembro de 2008
POESIA
ORGULHO
És orgulhoso e altivo, também eu...
Nem sei bem qual de nós o será mais...
As nossas forças são rivais:
Se é grande o teu poder, maior é o meu...
Tão alto anda esse orgulho!... Toca o céu.
Nem eu quebro, nem tu. Somos iguais.
Cremo-nos inimigos... Como tais,
Nenhum de nós ainda se rendeu...
Ontem, quando nos vimos, frente a frente,
Fingiste bem esse ar indiferente,
E eu, desdenhosa, ri sem descorar...
Mas, que lágrimas devo àquele riso,
E quanto, quanto esforço foi preciso,
Para, na tua frente, não chorar...
Virgínia Victorina
(Poetisa portuguesa)
És orgulhoso e altivo, também eu...
Nem sei bem qual de nós o será mais...
As nossas forças são rivais:
Se é grande o teu poder, maior é o meu...
Tão alto anda esse orgulho!... Toca o céu.
Nem eu quebro, nem tu. Somos iguais.
Cremo-nos inimigos... Como tais,
Nenhum de nós ainda se rendeu...
Ontem, quando nos vimos, frente a frente,
Fingiste bem esse ar indiferente,
E eu, desdenhosa, ri sem descorar...
Mas, que lágrimas devo àquele riso,
E quanto, quanto esforço foi preciso,
Para, na tua frente, não chorar...
Virgínia Victorina
(Poetisa portuguesa)
segunda-feira, 22 de dezembro de 2008
PAPAI NOEL
MONÓLOGO DO NATAL
Por Aldemar Paiva*
Não gosto de
você Papai Noel.
Também não
gosto desse seu papel
De vender
ilusões a burguesia.
Se os garotos
humildes da cidade,
Soubessem do
seu ódio à humanidade.
Jogavam pedras
nessa fantasia!
Você talvez nem se recorde mais.
Cresci
depressa e me tornei rapaz,
Sem esquecer
no entanto o que passou.
Fiz-lhe um
bilhete pedindo um presente,
A noite
inteira eu esperei contente,
Chegou o sol e
você não chegou.
Dias depois, meu pobre pai cansado
Trousse um
trenzinho velho, empoeirado,
Que me
entregou com certa hesitação.
Fechou os
olhos e balbuciou:
"É pra
você... Papai Noel mandou..."
E se esquivou
contendo a emoção.
Alegre e inocente nesse caso,
Pensei que meu
bilhete com atraso
Chegara às
suas mãos no fim do mês.
Limpei o trem,
dei corda, ele partiu,
Deu muitas
voltas, meu pai sorriu
E me abraçou
pela última vez.
O resto só eu pude compreender
Quando cresci
e comecei a ver
Todas as
coisas com realidade.
Meu pai chegou
um dia e disse, a medo:
"Onde é
que está aquele seu brinquedo?
Eu vou trocar
por outro na cidade".
Dei-lhe o trenzinho quase a soluçar,
E como quem
não quer abandonar
Um mimo que
lhe deu quem lhe quer bem,
Disse medroso:
"Eu só quero ele...
Não quero
outro brinquedo, quero aquele
E por favor,
não vá trocar meu trem".
Meu pai calou-se e pelo rosto veio
Descendo um
pranto que eu ainda creio,
Tão puro e
santo, só Jesus chorou.
Bateu a porta
com muito ruído,
Mamãe gritou,
ele não deu ouvidos,
Saiu correndo
e nunca mais voltou.
Você Papai Noel, me transformou
Num homem que
a infância arruinou,
Sem pai e sem
brinquedos. Afinal,
Dos seus
presentes, não há um que sobre
Para a riqueza
do menino pobre
Que sonha o
ano inteiro com o Natal!
Meu pobre pai doente, mal vestido,
Para não me
ver assim desiludido,
Comprou por
qualquer preço uma ilusão:
Num gesto
nobre, humano e decisivo,
Foi longe pra
trazer um lenitivo,
Roubando o
trem do filho do patrão.
Pensei que viajara. No entanto
Depois de
grande, minha mãe, em pranto,
Contou-me que
fora preso. E como réu,
Ninguém a
absolvê-lo se atrevia,
Foi
definhando, até que Deus um dia
Entrou na cela
e libertou pro céu!
*Aldemar Paiva é
jornalista, poeta, escritor, membro da Academia Pernambucana de Letras, animador
cultural, radialista, apresentador do programa "Pernambuco Você é Meu",
da Rádio Clube de Pernambuco. Paiva gozava da amizade com o poeta assuense
Renato Caldas, a quem sempre visitava quando de passagem para. Paiva, sempre declama os poemas do velho
poeta assuense, falecido em 1991, através daquela rádio da terra pernambucana.
sexta-feira, 19 de dezembro de 2008
VIRGÍNIA VICTORINO
Virgínia Victorino, poeta sonetista e dramaturga portuguesa de Alcabaça. Nasceu no dia 13 de agosto de 1898 e faleceu em 1967. Por sinal, o amargurado e amoroso poeta potiguar, também sonetista, chamado João Lins Caldas, era um dos seus admiradores de Virginia. No dia em que veio a falecer em 1967, conta-se que estava a ler o livro sobre o título "Apaixonadamente", daquela poeta lusitana autora do livro "Namorados, já em quatorze edições. A primeira é de 1918. De Virgínia conta-se que ela "foi amada e odiada ao extremo". Seus versos são recheados de melancolia. e paixão. Transcrevo adiante o soneto sob o título "Renúncia", que diz assim:
Fui nova, mais fui triste... Só eu sei
Como passou por mim a mocidade...
Cantar era o dever da minha idade!
Devia ter amado e não cantei...
Fui bela... Fui amada e desprezei
Não quis beber o filtro da ansiedade.
Amar era o destino, a claridade...
Devia ter amado e não amei...
Si de mim!... Nem saudade, nem desejos...
Nem cinzas mortas... Nem calor de beijos...
Eu nada soube, eu nada quis perder...
E o que me resta?! Uma amargura infinda...
Ver que é, para morrer, tão cedo ainda...
E que é tão tarde já, para viver!...
Fui nova, mais fui triste... Só eu sei
Como passou por mim a mocidade...
Cantar era o dever da minha idade!
Devia ter amado e não cantei...
Fui bela... Fui amada e desprezei
Não quis beber o filtro da ansiedade.
Amar era o destino, a claridade...
Devia ter amado e não amei...
Si de mim!... Nem saudade, nem desejos...
Nem cinzas mortas... Nem calor de beijos...
Eu nada soube, eu nada quis perder...
E o que me resta?! Uma amargura infinda...
Ver que é, para morrer, tão cedo ainda...
E que é tão tarde já, para viver!...
quinta-feira, 18 de dezembro de 2008
POESIA
Só faltam usar maçarico
Instrumento de arrombar
E o povo fica a clamar
É pena o Brasil tão rico!
Com essa gente eu não fico,
Quero servir de espião,
Mas, todo esforço é em vão,
Roubam mesmo sem respeito,
Para o Brasil não há jeito
Com tanto filho ladrão.
Luizinho Caldas
Instrumento de arrombar
E o povo fica a clamar
É pena o Brasil tão rico!
Com essa gente eu não fico,
Quero servir de espião,
Mas, todo esforço é em vão,
Roubam mesmo sem respeito,
Para o Brasil não há jeito
Com tanto filho ladrão.
Luizinho Caldas
AMÉRICO SOARES DE MACEDO
O bardo assuense Américo Soares de Macedo era membro de uma família vocacionada para a poesia. Publicou em 1939, dois livros sob o título "Sombras" (sonetos) e "Motes e Glosas". Daquele último volume, está transcrito a décima (glosa), que diz asim:
Ante o prazer me detive,
Gosei a vida um momento,
Depois veio o desalento,
Assim vive, quem não vive.
De sofrer, não me contive,
Procurei então saber,
Se a gente deve morrer,
Por não achar neste mundo,
Um amor firme e profundo
Com quem deseja viver.
Ante o prazer me detive,
Gosei a vida um momento,
Depois veio o desalento,
Assim vive, quem não vive.
De sofrer, não me contive,
Procurei então saber,
Se a gente deve morrer,
Por não achar neste mundo,
Um amor firme e profundo
Com quem deseja viver.
segunda-feira, 15 de dezembro de 2008
"DIO COME TI AMO"
O filme intitulado Dio come ti amo, na minha observação, foi o filme que mais rodou na telinha do Cine Theatro Pedro Amorim, de Assu (1966,67,68, 69,70). É o meu filme favorito. Relembra a minha adolescência prazenteira e feliz, na minha cidade então provinciana chamada Assu. O filme é dirigido por Miguel Iglesias e a canção Dio come ti amo, é de Domenico Modugno. Gigliola interpreta além daquela canção, No ho lé´tà, dentre outras.. Gigliola (Gigliola di Francesco), a protagonista, é uma jovem inocente e bela, de família pobre que se apaixona por um jovem rico chamado Luis (Mark Damon), noivo de sua melhor amiga. Vejam o vidio do filme que levou multidões às salas dos cinemas.
"O ASSÚ É +"
Da esquerda para a direita: Mara Betúlia de Sá Leitão Boettcher (brasileira, potiguar de Assu), acompanhando a senadora (natural de Chicago) do Estado de Nova Iorque, Hillary Clinton. Hillary já foi primeira-dama dos Estados Unidos na qualidade de esposa do ex-presidente Bill Clinton. É pré-candidata a presidente por aquele país, pelo Partido Democrata. Fica o registro desta ilustre assuense, que atualmente mora em East Lansing, Michigan (EUA). Ela, Mara, é filha do ex-prefeito do Assu/RN, Walter de Sá Leitão que hoje empresta o seu nome a universidade daquela terra assuense. É por isso que eu concordo com o jornalista Alderi Dantas, com a sua campanha que tem como lema: "O Assu é +".
Eu conheci o senador Dinarte Mariz (1903-1984) nos idos de sessenta, numa concentração pública na cidade de Assu, de passagem para Mossoró, candidato ao governo do Rio Grande do Norte. Me lembro que ele usava paletó de linho Braspérola de cor bege. No Assu, ainda menino, já metido a gente grande, eu pelas saía pelas ruas da cidade, distribuindo fotografias (propagandas) daquele "velho senador do coração do povo", como ele era chamado pelos seus correligionários, pelos Norte-rio-grandenses. Sobre ele, diz o poeta matuto Renato Caldas, num verso: "Dinarte, velha aroeira que sustenta a cumeeira do Rio Grande do Norte". Eu tive o prazer de ter sido convidado, salvo engano, em 1983, para a sua festa de aniversário (naquele tempo eu era vereador do Assu), seus 80 anos de idade, que aconteceu na cidade de Caicó. Foi a maior festa que eu já vi no sertão, com a presença do deputado Paulo Maluf. Dinarte era amigo leal, decidido. Para falar com ele, fosse no palácio do governo ou na sua residência, era a maior facilidade. Conta-se que certa vez, seu compadre e prefeito de Serra Negra do Norte, chamado Euclides, no tempo em que ele, Dinarte, era governador, chegou à sua casa no instante em que ele se encontrava no banheiro, fazendo suas necessidades fisiológicos. Aquele prefeito apressadamente logo se aproximou do WC, bateu na porta e foi direto ao assunto: "Compadre Dinarte, é sobre a nomeação daquele nosso amigo". Dinarte sentado no vaso sanitário logo pediu caneta e papel a sua secretária, e ali mesmo despachou autorizando com um simples bilhetinho, a nomeação do amigo do prefeito que, ao sair daquela residência oficial, saiu-se com essa: "Dinarte é governador até cagando!" Para risos dos circunstantes.
sábado, 13 de dezembro de 2008
COMENTÁRIO SOBRE O RENOMADO ESCRITOR POTIGUAR WASHINGTON ARAÙJO
Fernando,
Fiquei bem emocionado com a leitura do texto do Washington. Ele escreve como ninguém. E passa muita sinceridade, coisas pouco comum com pessoas já renomadas. Tenho acompanhado seus comentários diariamente na Rádio Nacional do Rio de Janeiro e na Rádio Câmara de Brasília. Seus textos no Jornal do Brasil, do Rio de Janeiro, são também primorosos. Não entendo como ele ainda não foi intimado a integrar a Academia de Letras do Rio Grande do Norte, se já é da Academia do Distrito Federal e tem tantos prêmios no currículo. Foi muito bom ver que seu maior impulso partiu da Maria Eugênia Montenegro. Àrvores boas produzem bons frutos. Essa dona Gena pode ter produzido muita coisa boa mas ter influenciado tão fortemente o Washington é um dos seus frutos mais saborosos. Parabens pelo seu site!!! Quando puder me envie o email do W. Araújo e o endereço do blog dele.
cavijunior@bol.com.br
Em tempo: cavijunior, ainda hoje informo o endereço eletrônico de Washington - esse potiguar "cidadão do mundo" -, que tem bagagem literária suficiente para dar vender e emprestar, como se diz aqui no Nordeste. Agora, me faz lembrar uma frase do grande pintor e cronista norte-riograndense chamado Newton Navarro, que diz assim: "É tempo de lembrarmos mais dos nossos escritores, não deixar para depois, para mais tarde". Obrigado pelo elogio ao meu blog e, ao meu conterrâneo do Assu que o Brasil consagrou, chamado Washington Araújo.
Fernando Caldas
Fiquei bem emocionado com a leitura do texto do Washington. Ele escreve como ninguém. E passa muita sinceridade, coisas pouco comum com pessoas já renomadas. Tenho acompanhado seus comentários diariamente na Rádio Nacional do Rio de Janeiro e na Rádio Câmara de Brasília. Seus textos no Jornal do Brasil, do Rio de Janeiro, são também primorosos. Não entendo como ele ainda não foi intimado a integrar a Academia de Letras do Rio Grande do Norte, se já é da Academia do Distrito Federal e tem tantos prêmios no currículo. Foi muito bom ver que seu maior impulso partiu da Maria Eugênia Montenegro. Àrvores boas produzem bons frutos. Essa dona Gena pode ter produzido muita coisa boa mas ter influenciado tão fortemente o Washington é um dos seus frutos mais saborosos. Parabens pelo seu site!!! Quando puder me envie o email do W. Araújo e o endereço do blog dele.
cavijunior@bol.com.br
Em tempo: cavijunior, ainda hoje informo o endereço eletrônico de Washington - esse potiguar "cidadão do mundo" -, que tem bagagem literária suficiente para dar vender e emprestar, como se diz aqui no Nordeste. Agora, me faz lembrar uma frase do grande pintor e cronista norte-riograndense chamado Newton Navarro, que diz assim: "É tempo de lembrarmos mais dos nossos escritores, não deixar para depois, para mais tarde". Obrigado pelo elogio ao meu blog e, ao meu conterrâneo do Assu que o Brasil consagrou, chamado Washington Araújo.
Fernando Caldas
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