O poema de autoria do poeta matuto Renato Caldas intitulado "Desmantêlo", é uma realidade nos dias de hoje na região do Vale do Assu. Vamos conferir os versos do poeta adiante transcritos:
Foi no princípe de Março:
Inverno nem se falava!
Só omentava o mormaço,
Prumóde qui o Só baixava,
Pra matá tudo queimado.
O céo só se parecia,
- Deus me perdôe a hirisia -
Um prato azú imborcado.
Me restava inda uma crença:
Pois, pouco tempo fazia...
Pois, pouco tempo fazia...
Demenhã quando eu andava
Nas verêda, nos caminho,
Pra todo canto incontrava;
Os ninho de passarinho.
Adepois, já se falava,
De inverno no Pioí,
E, muita gente jurava,
Qui a noite relampiava,
No rumo dos Carirí.
Um dia demadrugada,
A barra vinha quebrando;
Ouví o "Pae da cuiáda",
Pulas quebrada roncando.
Era justamente o dia,
Qui nós todo, tinha fé.
A nossa crença dizia:
Na véspa de S. José,
O inverno, terá pegádo.
... Num tive qui duvidá.
Incuivarei meu roçado,
Tava tudo apreparado...
Só me fartava prantá.
Daí, o tempo trancô-se.
Chuveu dez dia amarrado!
Morreu metade do gado,
As criação acabô-se,
Tudo na váge atolado.
Subia as água do rio,
Foi subindo, foi subindo...
Despencô-se nos baixio,
As váge toda cubrindo.
Ficamo em casa cercado,
Sem tê pra onde apelá.
Se atrépamo no teiádo
E comecemo a gritá.
Eu, a muié e uma fia,
Passemo a noite atrepado.
E já pro rompê do dia,
As água tinha baixado.
Aí, nós fumo decendo.
Quando pizemo no chão,
Minha muié, foi dizendo:
- A menina tá tremendo,
Isso num será sezão?
- Prumóde incurtá a hitóra,
No anoitecer desse dia,
A minha fia subia,
Para o Reino da Gulóra.
E dessa hora indiente,
Jurei nas péda do artá,
Maldizê a toda inchente,
Qui Nosso Sinhô mandá.
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