sábado, 21 de março de 2009

ASSU NA GUERRA DO PARAGUAI

No meu tempo de criança ouvia-se frequentemente uma referência hilariante usada para ridicularizar a figura autoritária do presidente paraguaio Francisco Solano Lopez, tão sanguinário que ordenou a execução de dois irmãos e submeteu a Conselho de Guerra a própria mãe, deixando que fosse seviciada pelos julgadores. A expressão era "a posição que Lopez perdeu a guerra".

A interpretação é de que o invasor do território brasileiro teria se avacalhado na hora da rendição que lhe foi imposta pelas forças nacionais. Dava a impressão de que teria se "borrado" todo, num "trono" sanitário. Ou que teria sido vítima de uma dessas diarreias líquidas provocadas pelo nervosismo da derrota e da perspectiva de humilhação. Mas, passado o tempo, sabemos hoje que Lopez era de topar parada e não se rendeu como um amedrontando. Repeliu enquanto pôde ao cerco do Exército Brasileiro e foi rendido gritando vivas ao seu paraguaio.

Enquanto isso, aqui no Nordeste brasileiro o "voluntariado" para combater o avanço das tropas de Lopez sobre o Brasil, não era tão "voluntário! e o pessoal encarregado do recrutamento procurava os alistados que se refugiavam no mato para evitar o alistamento. Um dos artifícios utilizados pelos recrutadores era exatamente "tocar chocalhos dentro dos cercados para se confundirem com animais soltos no campo e assim conseguiu que os trânsfugas viesses em defesa de suas lavouras supostamente ameaçadas e aí fossem presos e levados para os batalhões de "voluntários da Pátria".

Mas isto não acontecia com muitos patriotas na defesa da soberania brasileira. Aconteceram casos de patriotas genuínos, como os dos assuenses Ponciano Bisneto Ferreira Souto, Ulisses Olegário Lins Caldas, seu irmão Perceval Lins Caldas e José Correia Teles, entre dezenas de outros filhos do Assu, considerado "um dos municípios que mais denodadamente honraram o Rio Grande do Norte na campanha contra Solano Lopez". Como registrou o historiador Adauto Câmara, citando boletins e Ordens do Dia dos arquivos nacionais ("O Rio Grande do Norte na Guerra do Paraguai", edição do IHGRN - Natal - 1951 - Tip. Galhardo - Rua Chile, 161).
Por que o destaque para estes quatro heróis, apenas?

A história da participação de Ulisses Caldas e Pecerval Caldas na Guerra do Paraguai é a mesma conhecida, embora ainda perdure muita ignorância quanto ao fato de sua bravura no front e até quanto a datas. Ulisses era alferes, em comissão, da Guarda Nacional. Nasceu em 1845 (ano da emancipação política da cidade). "Faleceu em 7 de novembro de 1866, no acampamento do 2. C. do Exército em consequência do ferimento recebido em um reconhecimento feito sobre o campo inimigo", como foi descrito na O>D. - 29 - de 24?11?66 do Visconde de Porto Alegre, general em campanha. Ulisses lançara-se sobre as baterias inimigas "com uma intrepidez que a todos surpreendeu, tomando duas bocas de fogo e fazendo flutuar primeiro no Curuzu o estandarte do Brasil". Fora promovido e era tenete desde 4 de setembro de 1866.

Percerval Caldas, 2. sargento, após o combate de Curuzu foi nomeado Alferes do 36. V.P do Maranhão. "Ferido na 2. Batalha de Tuiuti, foi morto em ação a 19 de março, num ataque a Estabelecimento, lutando junto ao 16. Batalhão de Infantaria". As baixas brasileiras nesse ataque foram: 148 mortos. 339 feridos, 42 contusos.
E Ponciano Bisneto?

Era tenente, nomeado junto com Ulisses Caldas, em 4 de setembro de 1866. Em 3/9 participara do assalto a Curuzu, integrando o 47. V.P. Depois, nomeado capitão por alto de bravura, recebeu a Medalha do Mérito Militar pelos combates de 6. 11 e 21 de dezembro (a Desembrada) em 1868. Ferido em combate. Nasceu em 1845, irmão do jornalista Elias Souto e do escritor José Leão Ferreira Souto. Faleceu a 06/10/1886, depois de ter sido Deputado Provincial no RN (1874-75 e 1876-77) em substituição ao pai, Cel Luiz Antônio Ferreira Souto, que faleceu em 1874.

Alguém no Assu conhece um tal de Correia Teles? Foi general de brigada (1897), combatente na Guerra do Paraguai. Também é filho da terra, onde nasceu em 1835. Foi praça em 1856, começando daí a sua carreira militar. Faleceu em 4/11/1897, depois de reformado.

Participara de toda a Campanha do Paraguai, sendo condecorado pelos governos da Triplice Aliança - Brasil, Uruguai e Argentina, em vários graus. Foi membro da Junta Governativa de Alagoas em 1891. (História do R.G.N. - A. Tavares de Lira).

Mas não é só.
O Assu participou na Guerra do Paraguai com cerca de 60 voluntários. Nenhum recusou o recrutamento. Mas, estes, coitados, entraram para o rol do anônimos.

____________________Celso da Silveira. Em, Salvados do Assu, 1996.

MENSAGEM

O soneto transcrito abaixo, é uma das lindas mensagens (nos versos da poeta Célia de Lima) que uma amiga me enviou (através do orkut) pela passagem dos meus 54 anos de idade que, no dizer do poeta Renato Caldas "está guardado no posta restante do meu coração". Vejamos:

É tão somente mais um dia, eu sei,
Pra que eu possa dizer "seja feliz!!!
Mas se é em marco, que eu lhe diga em bis:
Meus parabéns! Parabéns, outra vez!!!

E acredite que é meu esse prazer
De poder lhe dizer, com o coração,
Que é cada vez maior a admiração
Por tudo de bom que vem de você!

Do que eu possa querer, é que sorria
O bom sorrizo que trouxer o dia
Florescido na razão mais urgente:

Estar aqui, e compreender que a vida,
Em magia e festa, ou em dor, ainda,
É o poema que Deus dá de presente!

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NOTA CONVITE

HERVAL TAVARES e família, convidam amigos para se fazerem presentes a missa em ação de graça pelo seu restabelecimento, a ser celebrada às 18:00 horas do dia 21 de março de 2009, na igreja São Pedro.
Por oportuno, agradece a todos que em suas preces e promessas oraram pelo seu restabelecimento, e ainda, agradece aos amigos que residem em Natal, Rio de Janeiro, São Paulo, Brasília, Rio Grande do Sul e do interior do estado, telefonaram dando-lhe força e demonstração de solidariedade.

domingo, 15 de março de 2009

CINQUENTA E QUATRO PONTO ZERO

Hoje aniversario na mais sublime existência. São cinquenta ponto quatro anos de idade, recheados de felicidades e de aversidades também. É a vida! E ela continua como assim Deus determinou! Já recebí com felicidade ao abrir o meu orkut, várias mensagens singelas, mas sinceras de familiares, de amigos, de conterrâneos meus, por esta data natalícia. Choro ao escrever este texto, mais choro primeiramente de alegria por ainda exitir, por aquilo de bom que Deus me deu, apesar também dos problemas que a vida me proporcionou. Mas, nas minhas reflexões eu me lembro de um poemeto de Jorge Fernandes, que diz assim: "Deus lembrou-se de mim, lembrou-se / ungindo-me de bondade e de amor! / Martirizou-me pra tornar-me santo / e deu-me azas pra fulgir da dor." Obrigado a todos vocês. Contem comigo.

Fernando Caldas

sábado, 14 de março de 2009

NOTA

Vanessa Lima é minha conterrânea, assuense de boa cepa, interessada pela história, pelos costumes, pelas tradições, afinal, pela memória do velho Assu de antigas glória, de tantos poetas, de boas recordações. Não conheço ela pessoalmente, mas sei que é inteligente. Afinal de contas ela não é do Assu? Pois bem, mandou-me o seguinte comentário que muito me alegra e engrndece este blog: "Olá Fanfa, tudo bem? Olha eu fui fazer uma pesquisa do colégio de meu filho sobre o Assu antigo e não encontrei em lugar nenhum. Mas, graças ao seu amor por Assu e a sua divulgação pela história de nossa terra eu encontrei no seu blog. Parabéns e muito obrigado. Sucesso para você. Sim, lembrando que amanhã é o dia da poesia. Espero que seja lembrado os ilustres poetas da nossa cidade, pelo menos amanhã né? Um abraço".

Um depoimento como este faz aquele que gosta e que ama a sua terra, redobra o prazer de escrever sobre ela.

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domingo, 8 de março de 2009

LEMBRANDO ZÉ AREIA

Zé Areia era tipo gordo, popular, espirituoso, um boa vida para não chamá-lo de malandro. Vendia loterias, jogo do bicho, rifa, e era amigo de muitas figuras da sociedade natalense. Dele, Areia, conta-se que certa vez, ao chegar na penção de dona Zefinha, no bairro das Rocas, em Natal, pediu uma galinha. No que foi atendido no prato preferido, fez o convite: "Vamos comer a galinha dona Zefinha!" Aquela senhora bruscamente respondeu: "Eu não gosto de galinha." Zé Areia não perdeu a esportiva, respondendo desta forma: "Ou que classe desunida!"

Certa feita, passando pelas ruas de Natal, foi indagado (por certa pessoa que lhe conhecia) de tal modo: "Zé Areia quantos quilos você pesa?" Zé Areia respondeu: "Já te esqueceste!"

ANEDOTÁRIO

O escritor Valério Mesquita conta que Zé Buchudo, de Macaiba (RN), "era um comerciante, proprietário de um pequeno açougue, nos fundos do mercado. Certa feita, numa dessas manhãs chatas da cidade, foi convidado pelo farmacêutico Manoel Guedes e patota, empreenderem uma viagem de circunavegação pelos bares da cidade. Guedes, capitão de longo curso, dirigiu logo a nau dos insensatos à cidade de Parnamirim, onde ancoraram no famoso cabaré de Tibinha. Desnecessário dizer das abluções profundas e repetidas até a hora vespertina, quando pressentiram, que o náufrago Zé buchudo havia mergulhado a estibordo, em abismal sono etílico. Retornaram a Macaíba e entregaram a domicílo o invólucro corpóreo do que restou do nosso herói. Estirado no sofá da sala, Zé Buchudo sobreviveu a tododos os exercícios de ressureição ministrados pela esposa e filhos. Findas algumas horas, aí então, veio a cena patética: Zé Buchudo abriu os olhos, viu de plano, a esposa inclinada sobre si, soltou a catastrófica exclamação denunciadora: Mas, fia, que é que você está fazendo aqui no cabaré de Tibinha?" Depois dessa Zé Buchudo era a imagem do próprio cristão trucidado".

sexta-feira, 6 de março de 2009

DE "POUCAS E BOAS"

Do livro sob o título "Poucas e Boas",2008, já em segunda edição, o autor Valério Mesquita conta que "o mestre Odilon Ribeiro Coutinho, usineiro, intelectual, homem de finesse, acabara de se eleger deputado federal em 1963, pelo Rio Grande do Norte. Estava no Rio Hospedado no Copacabana Palace. Lá fora fluía naturalmente uma linda manhã carioca. No hotel, mulheres exuberantes pintavam em cada metro quadrado. O nosso Odilon tal um finíssimo lorde inglês era atendido no saguão por uma bonita pedicure. Em meio aquele torvelinho de bom gosto e elegância, o deputado sorvia os primeiros goles matinais de uisque on the rocks, balançando o copo "softamente". De chofre, é reconhecido por um potiguar, empregado do hotel: "Deputado, o senhor por aqui? Eu sou do Rio Grande do Norte e votei no senhor! Como vai o senhor?" Odilon sem perder a postura nobre, mexendo suavemente o copo, após outro gole: "É luta, meu filho! A luta é grande".

Em tempo: Eu tive o prazer de ter partipado de uma farra na minha querida cidade de Assu, entrando pela madrugada e até ao amanhecer, com aquela figura de tantas histórias na política e na literatura brasieleira, chamada Odilon Ribeiro Coutinho, Por sinal, quando ele ia ao Assu, frequentava e era hospede do seu amigo Francisco Fonseca que era conhecida na ciade de Assu, como "Tururu", que tinha naquela terra assunse, uma afamada casa de jogo de cartas (baralho) na rua Frei Miguelinho, bem como de Costa Leitão que certa vez, promoveu uma festa no Clube Municipal (autos da prefeitura), nos idos de cinquenta, com a presença de misses dos Estados do Ceará, Rio Grande do Norte e pernambuco, que chegaram de avião (de aluguel) naquela terra assuense. Fica o registro para as futuras gerações.


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segunda-feira, 2 de março de 2009

POESIA

PORQUE AMO A NATUREZA

Eu amo o mar,
O vento, as estrelas, o sol,
As noites de luar,
As serras, o arrebol!
Amo a torrente do rio,
Que, em louco desvariu
Se despeja no mar...
O gorgeio sutiu da passarada,
Deixa minh' alma
Em êxtase, pairada!
Eu amo a solidão,
O imprevisto, a incerteza,
A imensidão
Azul do firmamento,
As flores, as campinas verdejantes...
Eu adoro o lamento
Das vagas arquejantes,
O silêncio, a tristeza...
Enfim, eu amo a natureza!
Porque,
Tudo me traz uma lembrança,
Uma saudade louca de você.

Renato Caldas

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domingo, 1 de março de 2009

CEMITÉRIO SÃO JOÃO BATISTA

O Cemitério (público) São João Batista foi construído na administração do intendente Joaquim Antão de Sena. O cargo de intendente é o que hoje representa o prefeito municipal. Observa-se que o portão daquele cemitério fica de frente a porta principal da igreja Matriz de São João Batista. Foi o primeiro da cidade.

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LUIZ CAMPOS


Luiz Campos é um dos maiores poetas cordelistas do Nordeste, natural da oestana cidade de Mossoró (RN). Aquele imortal da Academia Brasileira de Literatura de Cordel, escreveu:
Quando solteiro eu vivia
Era o maior aperreio
Devido eu ser muito feio
As muié não me queria
Quando prum forró eu ia
Com qualquer amigo meu
Ele confiava neu
Iam beber e brincar
No fim da festa arengar
Quem ia preso era eu.
De Luiz Campos há uma estória engraçada. Certa vez dirigiu-se ao açougue mais próximo da sua casa. Ao chegar naquele estabelecimento comercial, pediu ao açougueiro 900 gramas de carne. Aquele comerciante disse a ele: "Seu Luiz, por que o senhor não leva logo um quilo?" Luiz foi taxativo: "É que você não pesa".

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RARIDADE


Vasculhando a minha pobre biblioteca, deparo-me com mais outra raridade sobre o Assu. É o livro (capa acima) do escritor Rômulo Wandereley sob o título "Canção da Terra dos Carnaubais", 1965. Tem um pouco de poesia e história do Assu. Rômulo era membro do Instituto Histórico e Geográfico do Rio Grande do Norte e da Academia Norte-Riograndense de Letras. Por sinal, quem assumiu a cadeira deixada por ele, Rômulo, foi a escritora assuense Maria Eugênia Montenegro. No referenciado livro aquele ilustre assuense enaltece a sua terra dizendo asim:
Minha terra tem poetas
De inspirações magistrais,
Nascidos ao farfalhar
Dos verdes carnaubais.
Minha terra floresceu
Às margens do rio Assú,
E deu filhos que lutaram
Nos campos de Curuzu.
Minha gente provém
De indígenas e portugueses,
E traz, no sangue, também,
O sangue dos holandeses.
Se os seus filhos, quando nasceram,
Talento não denunciam,
Morrem na infância primeira,
Porque asnos lá não se criam.
Muitos deles, quando querem
Dar asas à inspiração,
Emigram para outras plagas,
Como aves de arribação.
E, mesmo sentindo nalma
Fundas saudades dalí,
Vêm cantar seus amores
Às margens do Potengí.
E OLHAR de perto a praieira
Da canção de Otoniel,
De olhos ternos, cismadores,
Lábios doces como mel,
Que ama escutar trovadores,
Que tenham vindo de lá,
Para dizer-lhe ao ouvido
Estrofes de Itajubá.
Minha terra tem história,
Poesia e tradição!
E em tempos idos, já foi
A Atenas do meu sertão.
Antigamente, a escola
lá era risonha e franca,
E o negro, banqueteado,
Nos salões do amplo sobrado
Do Barão de Serra Branca.
Teve seu berço no Assu,
Luiz Carlos Lins Wanderley,
Que, médicin, malgré tout,
Era poeta de lei.
E os Soares e Amorins,
Macedos, Caldas e Lins,
E outros mais, que ainda há,
- Os quais, logo que nasceram,
Inspiração receberam
Nas águas do Poassá.
Na poesia popular,
Houve Moisés Sesiom,
Que, semelhante a Bocage,
Glosava no melhor tom.
E não se deve esquecer
João Celso e Palmério Filho,
Que, na tribuna e na imprensa,
Pontificaram com brilho.
DEUS te salve, terra amada,
Berço dos meus ancestrais!
Eu morreria de mágua
Se não te revesse mais.
Se não pudesse beijar-te,
Nos meus dias outonais,
Escutando o farfalhar
Dos verdes carnaubais.

quinta-feira, 26 de fevereiro de 2009

MANOEL CALIXTO CHEIO DE GRAÇA

E quem não se lembra de Manoel Calixto Dantas também chamado de "Manoel do Lanche?" Era um dos nossos poetas tipo populares. Ele tinha um local (box) no Mercado Público do Assu. Pois bem, na década de setenta, Calixto candidatou-se disputando uma vaga no legislativo assuense, pelo MDB. Ele era natural de Carnaúba dos Dantas e assuense por opção e escolha, terra que viveu durante mais de cinquenta anos e fez boas amizades). Como não podia ser diferente, por ter  convivido com os poetas do Assu, Manoel começou a escrever versos populares. Sua predileção para versejar era a glosa (décima) e a trova, a sua predileção para versejar. Tempos atrás, os poetas da terra assuense aproveitavam os momentos de campanhas políticas para satirizar os candidatos em forma de versos. E Manoel Calixto era um deles. Candidato a vereador, escreveu:

Negue o soldado ao Tenente,
Negue esmola ao aleijado,
Negue ao faminto o bocado,
Negue ao Major a patente,
Negue ao seu filho a benção,
Negue o direito ao patrão,
Negue tudo, isto eu suporto
Só não me negue o seu voto
No dia da eleição.

E essa outra:

Falte uma noite a seresta,
Falte ao garoto inocente,
Falte o remédio ao doente,
Falte uma noite de festa.
Numa fase como esta,
Falte tudo ao seu irmão,
Falte a festa de São João,
Todas as faltas suporto
Só não me falte esse voto
No dia da eleição.

Fernando Caldas

quarta-feira, 25 de fevereiro de 2009

ASSU ONTEM E HOJE

A fotografia de Assu antigo (a esquerda) é arquivo do blogdofernandocaldas.blogspot.com. A fotografia de Assu hoje, é de autoria do fotógrafo Jean Lopes, inclusive a idéia da montagem. Valeu Jean.

LEMBRANDO NEWTON NAVARRO

Eu tive o prazer de ter conhecido o pintor, o cronista, o poeta, o boêmio chamado Newton Navarro (1928-1992), quando das suas idas em Assu para visitar João Meira Lima então juiz do Assu, e o poeta Renato Caldas ainda se encontrava no auge da sua boemia, nos idos de sessenta. Eu era menino ainda. Tempos depois, convivi com ele, Navarro, no bar "Postinho", na Praia do Meio, no início da década de setenta, através de Paulinho Montenegro, em Natal. Navarro sempre gostava de ouvir, o poema "Isabel" do grande poeta João Lins Caldas. Para Celso da Silveira, Navarro era o "poeta do desenho, da oratória, do conto e do poema". Será que é a toa que a segunda maior ponte do Nordeste leva o seu nome? A ele, Navarro, cabe um bom cronista e um grande biógrafo para traçar a sua fantástica trajetória

Fernando Caldas

sábado, 21 de fevereiro de 2009

É CARNAVAL







DONA MARIA EDITE

Do blog intitulado "Serra de Luiz Gomes" transcrevo um artigo de Cidinha Pascoal sob o título ("Conheça a Biografia de Maria Edite Martins") em homenagem a essa mulher que escolheu o Assu (RN), para viver ao lado do seu marido Sandoval Martins. Eu (autor deste blog) fui contemporâneo de Sande Martins, seu filho, estudando juntos no Colégio Nossa Senhora das Vitórias, de boas recordações. Por ele, Sande, Edival, Marival, Valdite e Valmar Martins e pela propria dona Maria Edite, é que transcrevo neste blog o já referenciado artigo (por sinal, somos ainda parentes distante, pelo lado de minha avô paterna chamada Odete Fernandes de Queiroz, também como dona Maria Edite natural da cidade serrana de Luiz Gomes, região do alto oeste do Rio Grande do Norte).Vejamos o citado texto, adiante:

"Maria Edite Germano Martins, filha do Coronel Antônio Germano da Silveira e Antônia Fernandes da Silveira - D. Tonheira, nasceu no dia 29 de novembro de 1918, em Luiz Gomes, Rio Grande do Norte, cuja padroeira é Senhora Santana, tornando-se sua devota e participando anualmente das celebrações do dia da Padroeira - 26 de junho.

Sua mãe - D. Tonheira - teve quatorze filhos dos quais atingiram a vida adulta apenas quatro: Paulo, Maria Edite, Ir. Salvadora (Sinésia) e Auta. Hoje, somente ela está entre nós, alcançando a graça de completar 90 anos de vida, lúcida, saudável e feliz. Maria Edite teve como "mãe de leite" a Sra. Antônia Batalha, por cuja alma reza diariamente e que também foi babá de sua primeira filha - Sanedite.

Foi alfabetizada na Escolas Reunidas Coronel Fernandes na segunda metade da década de 20.

Nos anos 30 foi matriculada interna do Colégio Nossa Senhora das Vitórias em Assú, aonde veio a concluir o Curso Normal no ano de 1940. Naquele educandário fortaleceu a sua formação cristã, através dos ensinamentos das "Filhas do Amor Divino" e gozou da convivência das primeiras, amigas internas e externas, das quais guarda boas e felizes recordações.

Aos 22 anos, em 26 de julho de 1941, casou-se com Sandoval Martins de Paiva, cuja celebração ocorreu na cidade de Luiz Gomes, passando a residir na cidade de Assú, onde lá nasceram todos os seus seis filhos.

A decisão pelo matrimônio foi expressa e justuficada por Sandoval Martins através de carta endereçada aos seus pais (Celso Martins e Abigail) em 26 de junho de 1940 cujo teor continha:

"A senhorita com a qual pretendo realizar tão sério compromisso é filha do Sr. Antônio Germano tendo por nome "MARIA EDITE GERMANO" aliás, já conhecida pela prezada mana "Mundica". Fui, sou e serei um admirador incansável, pois a parte que observo em uma senhorita não é exclusivamente a riqueza e beleza; com mais afinco procuro ver seu comportamento, a sua honestidade, e enfim a sua conduta, elementos esses que poderão dar imposição a uma senhorita que se destina tomar a responsabilidade de um lar."

O seu comportamento eminentemente doméstico cumulou de leldade e caráter a formação dos seus filhos. Na convivência com a comunidade assuense foi madrinha de um número incontável dos filhos e filhas do Vale do Assu. Participou da vida social e religiosa da cidade do Assú, em todas as fases de seu desenvolvimento.

Mantém dentro de sua vida familiar um hábito de lazer e descontração de jogar gamão em companhia de familiares e quase sempre dominando a prima Corália que torna-se adversária, mas passadas os momentos das disputas, tudo retorna ao convívio amigo e alegre de sempre.

A primeira filha de Maria Edite chamava-se Sanedite, nasceu no dia 04 de julho de 1942, em Assú, que vindo ao mundo com muito carinho foi chamada à casa do PAI antes de completar 1 ano de idade. Na sequência vieram: José Edival, Maria Valdite, José Marival, José Sande e José Valmar, cujos nomes trazem a fusão dos nomes de Sandoval e Maria Edite, prática bastante aceita nas famílias nordestinas, que se imagina, seja para dar maior firmeza à união matrimonial. Todos nascidos em Assú, com formação inicial do Educandário Nossa Senhora das Vitórias, tendo Maria Edite participado ativamente do encaminhamento de todos os filhos que procriou, apoiado na presença constante, no respeito e na responsabilidade do seu marido - Sandoval.

Dessa prole (5 filhos) vieram 8 netos, 8 netas, 2 bisnetos e 2 bisnetas. Certamente, Maria Edidte percebia a todos e a cada um deles como expressou sua amiga Cidinha: "Os filhos, os filhos dos filhos e logo depois os filhos dos netos... É um rosário de sentimentos"...

Um ano após a partida de seu fiel marido para a morada eterna, Maria Edite decidiu vir morar em Natal no ano de 1999, hoje residindo no bairro do Tirol e partipando da vida familiar e religiosa de toda a sua família. Ela é hoje uma referência familiar dos Germano, Martins, Paiva, Vieira e Fernandes, do Alto Oeste Potiguar, que aqui se encontram ou estão representados.

Por isso tudo, promoveu essa reunião, orgulhosa e infinitamente agradecida à misericórdia de DEUS, que possibilita uma existência simples e honrada, mas totalmente dedicada a seus filhos, seus familiares e amigos."

QUADRINHAS MATUTAS DE RENATO CALDAS

I

Num existe maió pená,
E nem dô mais renitente:
Do que a gente gostá
De quem num gosta da gente

II

Eu tenho tanta vontade
De sê dono de você...
Deus prumita qui num fique,
Somente no meu querê.

III

Quem me dêra ser piano,
Vivê de bôca pru á...
Só pra sinti nos meus dente,
Os seus dedinhos roça.

IV

Cuma o tempo tá mudado!
Quem fui eu, quem hoje sô?!
Cuma tô dispilorádo...
Tô qui nem carro quebrado.
Sem boiáda e tangedô.

V

Na cara de sinha dona,
Tem duas coisa ingraçada!
Nos óio, vejo um Só posto,
Na bôca, vejo uma arvorada.

VI

O tóque dessa vióla,
Tem tanta macunaíma;
Que é mais triste q'um um sino
Tocando as Ave-Maria.

VII

Acabôse as inlusão,
Qui tive no meu passado!
O meu póbe coração,
Tá cuma inxuí largado.

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Renato Caldas (um dos maiores poetas matuto do Brasil de todos os tempos).

quinta-feira, 19 de fevereiro de 2009

ZÉ FREDERICO

Zé Frederico era um certo cidadão espirituoso da cidade do Alto do Rodrigues (RN). Quando ele bebia odiava ouvir falar a palavra burro, jumento, jegue ou qualquer outra denominação dada a aquele animal. Pois bem, certo dia de cessão na Câmara Municipal daquele município, um certo vereador que seguia em direção a câmara, econtrou-se com Zé Frederico embriagado, montado em seu jerico, perguntando assim: "Seu Zé como se chama esse burro?" Ao que respondeu repentinamente: "Vereador!"

Em tempo: Apesar de ser o vereador que está mais proximo aos anseios do povo, é a classe política mais atingida pela sátira ainda hoje. Penso eu, que somente acabaria com as gosações com o edil se voltasse a tramitar na Câmara dos Deputados, um projeto de lei (que não me recordo de quem era a autoria) mudando a nomenclatura de vereador para deputado municipal. E por que não? Fica o registro.

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segunda-feira, 16 de fevereiro de 2009

QUANDO A POLÍTICA VALE A PENA

1 - Conta-se que o ex-prefeito do Alto do Rodrigues (hoje importante município do Vale do Assu), chamado João Tereza, detestava discursar em público. Numa certa concentração pública naquele município, presente no palanque diversas autoridades municipais e estaduais, foi insentivado por alguns amigos para que falasse um pouco ao povo daquele lugar. Dito e feito. Pegou no microfone nervoso e desajeitado, soltando as seguintes palavras: "Trabalhadores do campo e trabalhadores rural". (sic) E papo encerrado. Padre Zé Luiz (que foi páraco em Pendências), presente no palanque, indagou-lhe: "Ô João Tereza, porque no seu discurso você disse "trabalhadores do campo e trabalhadores rural?" "Ora padre Zé Luiz, trabalhador do campo é quem trabalha no roçado, e trabalhador rural é quem trabalha na rua".

2 - Um certo senhor conhecedor da política do Alto do Rodrigues, ouvia atentamente Padre Zé Luiz combater a compra de votos naquele município, no tempo em que ele, Zé Luiz, candidatou-se a deputado federal. Não resistindo a contestação do amigo, interrompeu aquele senhor, dizendo: "Padre Zé Luiz, o que pesou mesmo não foi a compra de votos, não! Foi a recompra no dia da eleição!"

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sexta-feira, 13 de fevereiro de 2009

POESIA MATUTA

Capa do livro organizado por Ivan Pinheiro e Gilvan Lopes.
.
VIAGE BÊSTA
.
Os terém, tão arrumado.
Já engraxei o carçado,
Qui ganhei nas inleição,
E, fui comprá na polista*
Duas camisa de lista
E uma carça de azulão.

Comprei na venda um caixote,
Eu mesmo fiz um malóte
E botei um cadeádo.
Tenho medo do sabido,
Pra eles, tô prevenido
E vivo sempre acordado.
.
Pra mostrá minha cachóla:
Encordoei a vióla
E enfeitei o maracá.
Quero mostrá as polista
O tutano do nortista
E cuma nós sabe amá.

Já fiz a matalotagem,
Já acertei a passagem
Em riaba do caminhão.
A boléia é muito cára
Tenho que sê "pau de arára..."
O pió é a mangação.

Já vasei minha peixeira,
Se essa cambáda instrangeira,
Intendê de me xingá...
Pois dizem que o taliano
In S. Paulo dá de cana
E gostam de matratá.

Num tem nada, vô e vórto.
Se num prestá me revórto,
Ou vô falá com Ademá.
Confio nesse badejo...
Mesmo proque, eu desejo
Lá in S, Paulo, o encontrá.

Adeus moçal desta terra,
"Morenas véia de guerra",
Que eu levo no coração!...
Agora digo um relacho:
Num me despeço de macho,
- Macho num dá produção.

Renato Caldas
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quinta-feira, 12 de fevereiro de 2009

DITADOS POPULARES

"Qem é desconfiado, mora na ponta da rua".
"Quem nasceu pra relar coco, morre de cóca".
"Farinha pouca, meu pirão primeiro"
"Mulher, cachaça e bolacha, em toda parte se acha".
"Ferida pequena é que dói".
"Quem não sabe resar, xinga Deus".
"Pra quem está perdido, toda vereda é caminho".
"Água fria não escalda pirão".
"Sogra, sogro, milho e feijão, só dão lucro debaixo do chão".
"Pobre quando acha um ovo é goro".
"Mula estrela, mulher faceira e tubiba de aroeira, o diabo que queira."
"Quem não acha o que caça, pega no que acha".
"Quem come tudo num dia, no outro assobia".
"C- de bêbado, não tem dono".
"Parente é quem faz mal a gente".
"Pote velho é quem esfria a água".
"Queda de velho não levanta poeira".
"Velho nãO se senta sem "UI, nem se levanta sem "AI".

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domingo, 8 de fevereiro de 2009

ENCHENTE DO VALE DO ASSU, 2008

O assuense Nilo Fonseca, é formado em contabilidade, filho de Ezequiel Fonseca, que foi médico, prefeito do Assu e deputado estadual, presidente da Assembléia Legislativa. Nilo é um pesquisador atento das coisas do Vale do Assu, principalmente do seu Assu. Ele colabora com este blog e remeteu 43 fotografias aéreas, um belo trabalho de Getúlio Moura "sobre o efeito das chuvas no rio e nas cidades do Vale do Açu, da Barragem Armando Ribeiro até o litoral". Vamos conferir adiante. Clique na fotografia para uma melhor visulisação.




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(Publicarei o restante mais tarde)










ZÉ AREIA


1 - Zé Areia era uma figura boêmia, folclórica, presepeira e espirituosa de Natal. Alguns autores potiguares como Veríssimo de Melo, já publicaram livros sobre as suas tiradas. Nasceu em Natal, morador do bairro das Rocas, daquela capital potiguar. Na Ribeira velha de guerra, viveu os melhores momentos da sua vida. Foi barbeiro de profissão, vendedor de loteria, jogo do bicho, rifa. Ele já virou até samba canção por um dos seus admiradores como o compositor natalense Gomes de Melo que versejou assim "Zé Areia nas Rocas você nasceu / era poeta e trovador / foi na Ribeira que viveu / No seu cotidiano vendia jogo do bicho, rifa, loteria / quem na sua rifa ganhava / uma desculpa ele dava /o prêmio foi adiado para o outro dia". Pois bem, certa vez, Zé Areia, na época da Segunda Grande Guerra, vendeu um papagaio cego a um certo soldado americano. Um amigo ao tomar conhecimento do ocorrido, disse: "Rapaz, você não tem vergonha, não! Vender um papagaio cego ao americano?" Zé Areia não se deu por calado: "Ele não vai levar o bicho pro cinema".

2 - De outra feita procurava vender uma sela (acolchoado para cavalos). O primeiro conhecido que encontrou, ofereceu a mercadoria: "Seu Mário eu tenho uma cela pra vender". "Eu não sou cavalo, pra que eu quero cela?" Zé Areia fuzilou na hora: "Ela serve também pra burro".

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sábado, 7 de fevereiro de 2009

ALUÍZIO ALVES

A cassação de Aluízio Alves, completa 40 anos. Era uma sexta-feira, como hoje, próximo ao carnaval. O clima político atingia o auge com as ações, cada vez mais violentas, especialmente, no que se prendia à cassação dos direitos políticos e o clima de incerteza aterrorizava. Aluízio, deputado da Arena, que apoiava o governo militar, não foi poupado, mesmo com a garantia do Marechal Castelo Branco, quando comandava o regime, que "Dr. Aluízio Alves, só será cassado com a conclusão de um inquérito militar..."
Era visível pelo que se publicava em todos os órgãos da imprensa, a guerrida TRIBUNA DO NORTE, sob o comando editorial e operacional do redator Cassiano Arruda e Francisco Macedo, colunista/jornalista Woden Madruga (supervisor de produção) fazendo com que o jornal não deixasse de circular. Faltava a TRIBUNA papel, tinta, pessoal (linotipista, principalmente) e mais ainda, o principal, que eram os anunciantes.
Manchetes "audaciosas", como a que causou rebuliço ("Mengo quer derrubar Presidente"...), mas depois de minucioso "estudo dos censores", verificou-se que torcedores do Flamengo queriam a cabeça do "presidente Veiga Brito... O voo orbital americano ocupava grandes espaços: a possível falta de "cerveja e gelo" para o carnaval/69. Chegada de navio State of Mane; a vinda de Garincha para jogar em Natal e Woden em sua coluna deu destaque à festa dos 13 anos do cartão Diners Clube, comandado pelo empresário Expedito Rezende, do Piaui, e o restante, em todas as folhas, eram noticiadas as "amenidades".
Além do clima político, a temperatura ambiente, na Cova da Onça, registrava em 32* até 38* Celsius, haja calor... na Ribeira.
Desde que Aluízio Alves participou, aos 11 anos, da instalação do Partido Popular de Dr. José Augusto, muitas coincidências marcaram sua passagem em todas as atividades desenvolvidas. Voltemos ao negro 7 de fevereiro de 1969. Os cinemas locais exibiam naquela data, os seguintes filmes no cinema Poti, "O caçador de Aventuras", no Nordeste, "A baia da Emboscada"; no Rex, "Assim Morreu os Bravos; no São Luiz; "Audácia dos Homens Sem Lei"; no Rio Grande; "O Colt Assassino"; no Panorama, "Arizona Colt".
A agência Transpress, que atendia à TRIBUNA, insistia em noticiar "Cassações Poderão chegar a 100" (04.02.1969). O ambiente devidamente preparado para a edição de 08.02.69, que, sem nenhum destaque, a TN cumpriu o dever de divulgar: "Governo Cassou Ontem 34"... dentre eles Aluízio Alves, Erivan França, Bernardo Cabral, Ney Maranhão, Pedro Gondim, Senador Arthur Virgílio, e outros. No mesmo ato do Conselho de Segurança Nacional, ocorreu o "recesso" das Assembléias Legislativas da Guanabara, Pernambuco, Rio de Janeiro, São Paulo e Sergipe.
Tudo isso sob a égide acusatória contrariaram os princípios éticos fundamentais...
Esta vigorosa Tribuna do Norte não cerrou suas portas e máquinas pela coragem de José Gobat e Agnelo (não podiam "constar no expediente" do jornal) enfrentaram os momentos dificílimos quando contaram com amigos e empresários como Geraldo Santos, Wober Lopes, que deram suporte contra ás restrições oficiais. O corpo de funcionários da redação e da impressão, tendo à frente o chefe Baltazar Pereira, Nezinho, José Meira (ainda hoje no batente), João Petro, Helder, Ivanildo.
Para finalizar: mais coincidências na vida de Aluízio Alves hoje, 40 anos de cassação, Bodas de Esmeralda, que vem a ser uma pedra verde e altamente valorizada...

Por Luiz Antônio Porpino
(Transcrito da Tribuna do Norte, 07.2.2009)

sexta-feira, 6 de fevereiro de 2009

O OLHO PENETRANTE DE CALDAS


João Lins Caldas quando jovem

O poeta João Lins Caldas odiava a política, porém conviveu com grandes nomes da política brasileira (nos seus tempos de Rio de Janeiro), e chegou a fazer militância política no Estado de Minas Gerais. Desejava fundar um partido que teria a denominação de Partido Seletivo ou União Seletiva Nacional, ao qual somente poderia fazer parte, intelectuais, "homens de espírito". Caldas defenia o seu partido em dez mandamentos. Ei-los adiante:
1 - De dez em dez anos mudar a capital do pais, para levar a todas as regiões do país, o progresso, 2 - Nenhum Estado da federação poderá ter população a 3 milhões de habitantes, 3 - As dívidas não prescrevem, 4 - Os direitos não caducam, 5 - Os assassinos considerados culpados, seriam condenados também as idenizações das famílias das vítimas, 6 - Pena de morte para os ladrôes do erário (público), 7 - Criação do Ministério da Cultura ou das Artes, 8 - Construção às margens da estrada e no meio da mata, de légua em légua, de poços tubulares, a fim de resolver os problemas da seca no Nordeste, 9 - Voto de categoria, federal, estadual e municipal, 10 - No julgamento julgar vítimas e assassinos.

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COISAS DA POLÍTICA

Padre Zé Luiz candidatou-se a deputado federal, nos idos de setenta e, em Pendência (RN), onde foi páraco, decidiu ir buscar o voto. Chegando naquela terra pendencense, encontrou-se com um velho amigo chamado Cícero que, ao tomar conhecimento da sua candidatura, prometeu-lhe arranjar uns dez votos num certo destrito daquele lugar. Cicero durante a campanha teria doado a um certo senhor chamado Zé, que se comprometeu com ele, Cícero, arranjar os dez votos prometidos a Zé Luiz. Pois bem, aberto as urnas Zé Luiz não obteve nenhum voto na localidade onde seu Zé prometeu aqueles votos. Não deu outra, indgnado com o fracasso do amigo, ao vê-lo na porta do Mercado Pública daquela cidade, não pensou duas vezes: "Compadre Zé, abra a boca que eu quero ver se a dentadura ficou boa. Espere agora filho da puta quatro anos para sorrir outra vez". São coisas da política.

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DE JARBAS, SOBRE AGENOR E DINARTE







Jarbas Passarinho foi governador do Pará nomeado pelo regime militar (1964-1966), senador da República por aquele Estado maranhense por várias vezes, milistro de Estado nos governos Costa e Silva, Garrastazu Médice, João Figuerêdo e Fernando Collor. Intelectual, presidiu o senado Federal entre 1981 a 1983. Jarbas alé de ter si9do colega do senador potiguar de caicó, Dinarte Mariz, era amigo íntimo. Conta-se que ele ao se encontrar em Brasilia com um certo potiguar, teria dito que precisa fazer um reparo na fraze do senador também norte-riograndense, do seridó Agenor Maria que em pronunciamento teria dito certa vez num pronunciamento que "melhor do que o senado só o céu". Para Jarbas Dinarte teria dito melhor: "O senado é melhor do que o céu porque para alcançá-lo não é preciso morrer."
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terça-feira, 3 de fevereiro de 2009

O POPULAR "BONZINHO"

"Bonzinho" era uma figura (que não girava bem da cabeça) natural de Assu-RN, que bebia, fumava e, às vezes jogava cartas (baralho) quando tinha algum dinheiro. Ele gostava também de observar o jogo dos outros. Certa vez, observando Walter de Sá Leitão jogar numa certa casa de jogo da cidade, foi convidado por ele, Walter, que ao sentir-se encomodado com a sua presença, disse de tal modo: "Bonzinho, vá até a esquina e veja se eu estou lá!" Bonzinho retrucou: "Walter, me dê o cabresto, se você estiver lá eu trago logo!"
Certa vez, embriagado num certo bar de Assu, foi convidado por seu pai chamado Joca Marreiro, para ir dormir em casa. Bonzinho aceitou o convite paterno, mas foi taxativo e solene: "Papai, vá na frente que o mundo tá cheio de gente ruir!"
De outra feita, foi convidado por um certo cacheiro viajante (vendedor de tecidos que fazia a praça de Assu) para ir comprar uma caixa de charuto numa charutaria mais próxima. No que aceitou fazer o mandado, gastou todo o dinheiro com cachaça no primeiro botequim que chegou. O viajante foi embora da cidade e, quando retornou tempos depois, deparou-se com Bonzinho e foi logo perguntando-lhe: "Você é aquela pessoa que mandei comprar uma cacha de charuto?" Bonzinho sem temor, respondeu: "Sou, sim senhor, quer mandar comprar outra?"
É assim o velho Assu de tantas figuras.

VEREADOR FILHO DA PUTA

1 - Ezequiel Fonseca Filho (dr. Ezequiel), foi intendente, prefeito do Assu e deputado estadual, presidente da Assembléia Legislativa do Rio Grande do Norte. Quando chefe político da terra assuense, numa certa eleição convidou "Michico" (um afamado alfaiate naquele lugar nos anos trinta, quarenta e cinquenta) para se candidatar a vereador. Michico somente aceitou disputar a vereança, com muita insistência de Chico Pinheiro, correligionário de Ezequiel, chegando a primeiro suplente. Em virtude da vacância do cargo de um dos edis daquela casa legislativa assuense, Michico assumiu a titularidade. Chico Pinheiro tomou conhecimento do ocorrido e foi até a residência daquele vereador recém-empossado e, ao chegar na sua morada, saiu-se com essa: "Michico, meus parabéns, todo filho da puta pode ser vereadoar!"
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domingo, 1 de fevereiro de 2009

POESIA SOBRE O RIO PIRANHAS/ASSU


O RIO

Vem de longe, potente, magestoso,
Inunda o leito branco das areias;
Seus possantes canais as suas veias
Serpejam num marulho rumoroso.

Suas margens de um todo grandioso,
De arvoredos robustos, todas cheias,
Parasitas formando lindas teias,
No tronco da oiticica, alto, rugoso.

Os cavaletes, balsas e canoas
Velejando, defendem-se das croas,
Indo aporta à entrada do Cipó.

Carnaúbas na várzea, enfileiradas,
Parecem contemplar, extasiadas,
O rio, a despejar no Piató.

Sinhazinha Wanderley
(poeta assuense).


LUIZ XAVIER, UM BOÊMIO GLOSADOR

Luiz Francisco Xavier, é tipo alto, nem gordo e nem magro. É bom poeta glosador, foi bom de garfo e de copo. No Assu, viveu quase toda a sua vida. Ele foi funcionário do Banco do Brasil, daquela terra assuense e de outras cidades do Rio Grande do Norte. Atualmente reside na cidade de Natal. É portador de diabete que o levou (em razão da sua estravagância) quase a cegueira. É de sua autoria a glosa (lembrando uma canção da cantora assuense Núbia Lafaiete) que diz assim:

Disse núbia que na vida
Da mulher quando casada,
Para não lhe faltar nada
Não é só casa e comida.
Tem que ser compreendida
E eu entendo o que ela diz.
Ela quer pau pro verniz...
Também gosta de verdura,
Com certeza é pomba dura
Que faz a mulher feliz.

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RÁDIODIFUSÃO NO ASSU

A história da rádiodifusão no Assu, é preciso saber que não começa pelos fundadores da Rádio Princesa do Vale, não! Foram precursores de radiodifusão por ondas eletromagnéticas no Assu, o advogado João Marcolino de Vasconcelos e o técnico em eletrônica José Edzés de Paiva. A emissora funcionava em (no início da década de sessenta), caráter clandestino, nas dependências da Sede dos Escoteiros. José Nazareno Fernandes, conhecido como Dedé de Lou, era o apresentador e locutor principal, e o nome daquela rádio pirata, chamava-se Rádio Princesa do Vale. Uma griffe que a futorologia e o idealismo de três jovens viria a se consagrar ao longo do tempo. Para registrar ainda, aquela emissora chegou a irradiar uma partida de futebol (de pessoas maduras), ralizado naquela época, no Estádio Senador João Câmara, da cidade de Assu.

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PRAÇA DA CARNAUBINHA


Praça Prefeito Francisco Amorim, conhecida como Praça da Carnaubinha. Hoje totalmente reformada. A fotografia é do poeta fotografo assuense Jean Lopes.

UM POUCO MAIS DE RENATO CALDAS

Da esquerda para direita: o poeta Rento Caldas, dona Mariná Fonseca e o ex-deputado Nelson Montenegro.
1 - Certa vez, Renato Caldas se dirigiu ao Grande Hotel, em Natal, do major e deputado Theodorico Bezerra. Ao oferecer vender um exemplar do seu já afamado livro Fulô do Mato a aquele hoteleiro e parlamentar, surpreendeu-se com a deselegante e ofensiva frase: "Vá trabalhar vagabundo!" Sobre esse fato dizia não guardar ressentimento. Pois bem, como não deixava de versejava sobre aquilo que acontecia ao seu entorno, escreveu a sextilha transcrita adiante:

Eu conheci Theodorico,
Quando lavava penico
No hotel da velha Danona.
Hoje é rico, é potentado.
É major, é deputado...
Oh sorte velha sacana!
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sábado, 31 de janeiro de 2009

ASSU DE ANTIGAMENTE

Parte da praça Getúlio Vargas, início da década de oitenta. O prédio da esquina, parede-e-meia com a casa da escritora Maria Eugênia, era um pequeno sobrado, de propriedade da Paróquia de São João Batista. Naquela edificação funcionou nos idos de sessenta, o centro de telefonia paroquial, além de ter sido nos anos setenta, sede da Casa dos Estudantes (casa de diversões) e a Divulgadora Assuense, fundada por Herval Tavares. Foi demolido no governo do prefeito Ronaldo Soares, para alargar quela travessa denominada travessa Fernando Tavares, desde 1975, uma homenagem do prefeito Walter de Sá Leitão (1972-75). Ainda hoje é reconhecida pelos mais antigos, como "Beco do Padre".

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TRANSPORTE ANTIGO DO RGNORTE II







segunda-feira, 26 de janeiro de 2009

POEMETOS DE JOÃO LINS CALDAS



I

E essa carta esperada,
Que dizia somente,
Simplesmente:
- "Consola-te. Afinal não há mais nada"
- "Não há mais nada? E o coração da gente?

II

A lua que me dirão?
Precisa talvez de irmão.

Eu sou tão só sobre a Terra,
Tanta luta, tanta guerra...

A lua que me dirão?
Se ela precisa irmão
Eu já que abandono a Terra.

III

Culpa-te a ti somente, a ti culpa.
A ti somente, ó grande desgraçado!
Culpa-te a ti de ser desventurado
Culpa-te a ti de ser já sem desculpa,
Amaste por amor. Amaste crendo.

IV

Quero-te. Vem. As carnes palpitantes
A forma nua onde a beleza mora...
És tu. Quero-te assim. Meu corpo implora
A graça que desce dos contornos...
Trêmulas as mãos e os lábios mornos.

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domingo, 18 de janeiro de 2009

POESIA

Poeta natalene Jorge Fernandes.
.
Deus lembrou-se de mim, lembrou-se
ungindo-me de bondade e de amor!
Martirizou-me pra tornar-me santo
e deu-me asas pra fugir da dor...

sexta-feira, 16 de janeiro de 2009

MANOEL RODRIGUES DE MELO

Manoel Rodrigues de Melo (1907-1996), nasceu na fazenda Queimado, na várzea do Assu. Era membro da Academia Norte-riograndense de Letras (chegando a construir a sede própria daquela academia, onde foi seu presidente), da Academia de Trovas e do Instituto Histórico e Geográfico do Rio Grande do Norte. Viveu a sua infância na área rural daquela região varzeana. Viu de perto com os seus olhos a seca e a enxurrada que ainda atormenta aquela região. Estudou apenas o curso primário que inciou em Macau e terminou em Currais Novos (RN), onde em 1926, fundou e redigiu o jornal estudantil intitulado O Porvir. 

Rodrigues de Melo estreou nas letras potiguares publicando o livro sob o título "Várzea do Açu", 1940. O poeta, o jornalista e escritor, "o cronista da várzea do Açu" como ficou conhecido Manoel Rodrigues de Melo (quatro anos após a publicação do seu primeiro livro), publicou ainda o volume intitulado "Patriarcas e Carreiros", 1944, 54 e 85 (primeira, segunda e terceira edição, respectivamente), que na observação de Claudio Galvão, o escritor Manoel Rodrigues naquela edição "refletem as lembranças de sua infância distante, a evocação dos lentos carros-de-boi sulcando vagarosamente  as oras secas, ora enlameadas estradas do seu rincão, e a monótona melodia do áspero rangido de suas rodas roçando os eixos de madeira  E vai mais adiante Galvão ao dizer que Manoel Rodrigues é um profundo conhecedor da sociologia rural, dos usos e costumes e, principalmente, dos homens que fizeram a vida dos rincões distantes do Estado". Manoel Rodrigues escreveu ainda "Cavalo de Pau", 1953, "Chico Caboclo e Outros Poemas", 1957, além de "Terras de Comundá", 1972 (romance), "Dicionário da Imprensa No Rio Grande do Norte", 1987 e "Memória do Livro Potiguar" (uma biografia de autores potiguares, publicado em 1994 pela Editora Universitária.

Sobre a sua terra natal, o poeta escreveu:

Pendências

Sob o formoso céu que te cobre e ilumina,
Vives como a cantar uma canção serena...
Desde os bosques ao jardim, do roçado á campina,
Deixas sempre exalar um cheiro que envenena!...

Minha Terra! Meu ninho azul, onde a bonina,
Aberta ao rubro sol da tarde, incita pena...
Tenho n'alma e terei mirrada e bem franzina
Uma saudade atroz que maltrata e condena!
Minha terra! Meu berço amado eu te amo tanto,
Que se um dia o estilete agro da Dor vier
Matar-me, servirás de meu repouso Santo.
És o templo bendito, onde aprendi primeiro,
Entre o aroma sutil do brando malmequer
A divina canção dolente do vaqueiro!

terça-feira, 13 de janeiro de 2009

É TARDE, MAS ARDE A ESPERANÇA

Paulo Sérgio Martins
Jornalista e pesquisador
Especial para o Nasemana

Nada embriaga mais a vida do que o vinho da verdade. E verdade seja dita: Machado de Assis foi, indubitavelmente, o maior escritor brasileiro. Fundador e primeiro presidente da Academia Brasileira de Letras, a forma inconcistente como teve celebrado oficialmente o seu centenário de morte, neste controvertido e terminal 2008, é, na realidade, mais uma das injustiças que marcaram a densa biografia do "bruxo".

Ele faleceu num quarto térreo do sobradinho alugado em que vivia na rua Cosme Velho, número 18, no Rio de Janeiro. Machado de Assis andava muito doente. Enxergava mal e sofria com as dores de uma antiga infecção intestinal. As convulsões epiléticas eram mais frequente. Por causa delas, seus dentes abriram um ferimento na língua que virou úlcera cancerosa. Não podia mais mastigar e comer - passou seus últimos dias à base de leite levado pelos amigos.

O autor de "Dom Camurro" estava afastado havia dois meses do cargo de diretor-geral de contabilidade do Ministério da Viação. "Ele evitava transmitir expressões de dor aos que o cercavam", recordaria mais tarde o escritor Euclides da Cunha. Na hora da morte, alguns colegas famosos faziam parte do grupo que estava ao lado de machado - o próprio Euclides, Coelho Neto, José Veríssimo e Raimundo Correia. Alguém, ali, lembrou de chamar um padre. Machado, um ex-coroinha, repudiou a idéia. "Não creio, seria hipocrisia", susurrou.

Ele estava esperando a morte, tanto que deixou tudo arrumado. Não ficou nada para incomodar os amigos. Pagou as contas e chegou mesmo a preparar o quarto de morte. Ainda assistiu o lançamento de "Memória de Ayres", seu último romance, e transferiu em testamento todos os seus bens a uma sobrinha da mulher Carolina, morta quatro anos antes e com quem não teve filhos.

Tinha pouco - doze apólices, uma conta na Caixa Econômica Federal, móveis e biblioteca. Viveu 69 anos assim. Amigos de verdade? Raros. Preferia trocar cartas e bilhetes com eles. depois de 1881 - ano em que sai "Memórias Póstumas de Brás Cubas" -, marca a segunda fase de sua obra que consagra o definitivamente.

Ainda existia muita contradição na biografia desse escritor brasileiro - para não dizer " da língua portuguesa". Ninguém garante, por exemplo, que Maria Leopoldina, a mãe do escritor, foi lavadeira, nem confirma se ele teria tido em seguida relações conflituosas com a madrasta Maria Inês. Há insinuações também, que a salvação literária de Machado foi o casamento com Carolina Xavier Novais, uma portuguesa do Porto, quatro anos mais velha que ele. Ela seria a autora de correções gramaticais e de alguns reparos de estilo na obra do marido o que, na realidade, não passa de um exagero histórico.

Fala-se também de outras mulheres na vida de Machado. A atriz Ismênia dos Santos, para quem o então crítico teatral fizera algumas traduções de peças como "O barbeiro de Sevilha", um romance às vésperas do casamento com Carolina, e Inês Gomes, outra atriz que ele conheceu já quarentão e casado. "Tive três amores, mas só você não é vulgar", escreveu ele a Carolina.

O consagrado escritor viveu também constrangido e explorado. Emprestou dinheiro de amigos para se casar e teve de assinar dezenas de péssimos contratos com seu editor, o francês Hypolittee Garnier, tradicionalmente conhecido como "o bom ladrão". Fazia adiantamentos, mas pagava mal. E o velho mestre, ainda por cima, tinha inimigos gratuitos. Os desafetos jamais o deixaram sossegado.

Sagacíssimo mas calado, tornou-se alvo fácil de Sílvio Romero e Luiz Murat. Até o poeta-maior, Carlos Drummond de Andrade, na juventude, escreveu um artigo agressivo contra Machado, mas depois reparou a ofensa gratuita e injustificada, publicando o poema "A um bruxo, com amor".

Os hábitos discretos de Machado de Assis enlouqueceram biógrafos e geraram lendas. Machado escondia tudo. Havia, porém, duas tragédias pessoais incontornáveis. A primeira era a epilepsia, sua doença mais grave. Ela o traiu várias vezes em plena rua. Certa vez, num impulso depressivo, ele se comparou a um cão contorcido em espumas. Sequer pronunciava o nome da moléstia, que lhe deixara irascível, a ponto de expulsar de casa um médico amigo que o socorrera depois de um ataque dentro de um bonde. "Eis o meu pecado original", sempre afirmava o escritor.

O outro drama estava na pele. Seu cabelo também não negva a origem - bisneto de escravos, nascido no Morro do Livramento, onde ainda hoje é o bairro da Gamboa, no Rio de Janeiro. Não consta que tenha frequentado escola, e suas fronteiras geográfica não foram além de Fiburgo, Petrópolis e Minas Gerais. Mesmo assim, transformou-se no melhor romancista da língua portuguesa até hoje.



quinta-feira, 1 de janeiro de 2009

POESIA

PARÁFRASE

"No meu tempo de menino
Minha vida era um colosso:
Fazia currá de pedra
Pra prendê vaca de osso...
Abria espiga de mio,
Pra vê se tinha caroço"
- As morenas me chamavam
Pra tomá banho, num poço;
Quando elas tiravam a rôpa
Faziam aquele alvoroço...
Se agarravam cum eu,
Mordiam no meu pescoço!
Deus me livre qui inda vorte
Aquele tempo de moço.
Quero ruê a sodade
Qui nem cachorro rói osso.
Mas, quando eu era menino...
Minha vida era um colosso!

Renato Caldas

ASSU AÉREO I

(Arquivo: blogdofernandocaldas.blogspot.com)





quarta-feira, 31 de dezembro de 2008

UM POETA BOÊMIO E IRREVERENTE


Ascenso Ferreira nasceu na cidade de Palmares, interior do Estado do Pernambuco, em data de 1895 e faleceu no Recife em 1965. Poeta boêmio, irreverente. Ascenso era amigo de Juscelino Kubistchek e chegou a participar ativamente da sua campanha a presidência da república, em 1955. Estreiou nas letras brasileiras publicando, salvo engano, o volume sob o título "Catimbó". Um dos seus versos mais notórios, diz assim:

Hora de comer - comer!
Hora de dormir - dormir!
Hora de vadiar - vadiar!
Hora de trabalhar?
- Perna pro ar que ninguém é de ferro!

... Sonhos possuem anos...
Asas do desejo...
Asas da esperança...
Asas do amor...
Asas da fé...
Desejo que seu novo ano seja de PAZ.
Que a esperança nunca o abandone.
Que a FÉ seja sua companheira constante.
Que o AMOR faça parte do dia-a-dia.
Nunca abandone seus SONHOS...
Nunca perca suas ASAS...
"Amanhã será um nono dia..."
Um novo nascer do sol,
Um novo começo, uma nova chance,
Basta sonhar e acreditar...

Um grande abraço de, Jadson.


domingo, 28 de dezembro de 2008

SONETO DE AMOR

DESPEITO

Digo o que noutro tempo não diria:
Foi tudo um grande sonho enganador...
Nego o passado, e juro que este amor
Só existiu na tua fantasia...

Sinto a volúpia da mentira! A dor
Não transparece. Nego... Que alegria!
Fiz crer ao mundo inteiro, por magia!
Que és de todos os homens o pior...

Nunca me entristeceu esse sorriso...
E vê-la tu, se tanto for preciso,
Nego também as cartas que escrevi!

Quero humilhar-te, enfim... Mas não entendo
Porque me exalto e choro e ti defendo,
Se alguém, a não ser eu, diz mal de ti...

Virgínia Victorino

quinta-feira, 25 de dezembro de 2008

MEUS OLHOS

(...) Meus olhos são uns olhos para não se ver
Ninguém para ver meus olhos
Meus olhos são uma tarde, meus olhos são uma tarde para sempre entardecer.

João Lins Caldas

PELO DIA DA CONSCIÊNCIA NEGRA Se Guilherme de Almeida escreveu 'Raça', em 1925, uma obra literária “que tem como tema a gênese da na...