Nós o lembraremos
Dorian Gray*
(Para João Lins Caldas)
1 Na verdade que pode fazer o justo
senão ser palavra e semente neste chão árido?
2 Que os anjos guardem os teus ombros e entre
mil o arco de tua lira cante.
3 Pois os que tu conheces já ouviram as tuas
palavras e muitos não a entenderam.
4 Mas o teu reino e tua verdade jamais passarão.
5 E caminharás firme com os teus olhos molhados,
tua barba hirsuta, repartindo o pão e o mel entre os teus
6 porque a tua enorme humanidade estenderá
sempre a mão para tocar a mão de alguém;
7 Para pedir perdão a quem ama e dizer que os
seus mortos vivos nunca apodreceram.
8 E abrirá caminhos como os rios sobre a terra;
9 E não nos pedirá nada além do que nos dá e
ama.
(O Poti, de Natal, edição de 30 de março de
1958)
*Dorian Gray (Caldas), pintor e poeta potiguar
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