"A bigamia é crime no Brasil. Isso quer dizer que um homem só pode se casar legalmente com uma única mulher, em contrapartida pode ter quantas amantes quiser ou for possível conciliar, na relação familiar ou financeira. Na região do Vale do Açu, a história do agricultor Manoel Salustiano Correia de Medeiros, conhecido popularmente como "Né Dantas", é uma das mais conhecidas, embora ele não esteja mais entre nós.
O fato que ainda é contado nas rodas de conversa entre amigos e parentes se passou no início do século XX, em meados de 1900, quando Seu Né tomou posse de uma propriedade de aproximadamente mil hectares, herdada dos pais, Antônio Dantas Correia de Medeiros e Maria Leocádia de Araujo Dantas de Medeiros. Nesse tempo, a fazenda se chamava "Volta", mas hoje todos só a conhecem por "Volta de Né Dantas".
Antes de se casar com Cristina Eliza de Medeiros, seu Né havia sido pai de um menino, fruto de uma das muitas aventuras que viveu durante toda a sua vida adulta. Tradicionalmente, as grandes famílias, para manter o equilíbrio dos valores sociais e econômicos, casavam os filhos com parentes, sendo o caso do casal Né Dantas e Cristina Eliza, que eram primos legítimos.
Mas, para que os pais da noiva aceitassem de bom grado o casamento, já que o rapaz possuía um filho, houve o compromisso por parte dos noivos de criarem o menino como se fosse filho do casal, desde que o noivo esquecesse o romance com a mãe da mencionada criança.
Porém, meses após o casamento, além do filho bastardo, seu Né Dantas levou para a "casa grande" da fazenda, a ex-namorada, mãe do garoto, obrigando a esposa a conviver, em harmonia, com a tal situação, mesmo esse fato tendo causado grande constrangimento às famílias.
Considerado um homem rígido em suas ações, seu Né Dantas passou à condição de bígamo, se relacionando maritalmente e constituindo família com as duas mulheres. Dessa forma, teve 22 filhos legitimados, sendo 11 homens e 11 mulheres, impondo a eles e suas mães uma vida de conturbações e abstinências. Tratava a todos como serviçais. Homens e mulheres indistintamente trabalhavam nas tarefas da casa e das roças. As crianças não tiveram acesso à escola. A pouca instrução que alguns receberam foi aplicada por Né Dantas, homem de muito conhecimento prático.
Nem a religião foi forte o suficiente para impedir que o agricultor vivesse com a poligamia. Devoto ao catolicismo, seu Né era possuidor de belos oratórios, do tipo barroco, onde, aos pés dos santos, ensinou aos filhos orações e gestos religiosos que foram passados para os netos.
Não dispensava o jejum da Semana Santa, nem as ofertas aos pedintes que costumeiramente distribuía-as pessoalmente. Filas eram formadas em frente à casa grande da fazenda e, posteriormente, defronte as casas de sua propriedade na Rua 24 de junho, antigo centro da cidade de Assu/RN.
DADOS
Mesmo com todas as responsabilidades conjugais, que requeria muita disposição, as duas mulheres morreram antes dele. Viúvo, ainda se casou novamente promovendo nova polêmica, quando colocou, na mesma casa, mais duas mulheres, que por sinal eram irmãs, que tiveram os nomes preservados a pedido da família. Segundo o seu neto, Nelson Dantas, fora os 22 filhos que criou, era comum para seu Né aparecer com uma criança dizendo ser dele, de outras "escapadas", para criar. "Nós nunca soubemos quantos outros filhos ele teve", adiantou Nelson, afirmando ainda que a última vez que contou, o avô tinha pra mais de 120 netos.
Seu Né Dantas morreu em 1965, aos 25 de dezembro, na casa dos 80 anos, não confirmados pela família que perdeu seus documentos."
Antes de se casar com Cristina Eliza de Medeiros, seu Né havia sido pai de um menino, fruto de uma das muitas aventuras que viveu durante toda a sua vida adulta. Tradicionalmente, as grandes famílias, para manter o equilíbrio dos valores sociais e econômicos, casavam os filhos com parentes, sendo o caso do casal Né Dantas e Cristina Eliza, que eram primos legítimos.
Mas, para que os pais da noiva aceitassem de bom grado o casamento, já que o rapaz possuía um filho, houve o compromisso por parte dos noivos de criarem o menino como se fosse filho do casal, desde que o noivo esquecesse o romance com a mãe da mencionada criança.
Porém, meses após o casamento, além do filho bastardo, seu Né Dantas levou para a "casa grande" da fazenda, a ex-namorada, mãe do garoto, obrigando a esposa a conviver, em harmonia, com a tal situação, mesmo esse fato tendo causado grande constrangimento às famílias.
Considerado um homem rígido em suas ações, seu Né Dantas passou à condição de bígamo, se relacionando maritalmente e constituindo família com as duas mulheres. Dessa forma, teve 22 filhos legitimados, sendo 11 homens e 11 mulheres, impondo a eles e suas mães uma vida de conturbações e abstinências. Tratava a todos como serviçais. Homens e mulheres indistintamente trabalhavam nas tarefas da casa e das roças. As crianças não tiveram acesso à escola. A pouca instrução que alguns receberam foi aplicada por Né Dantas, homem de muito conhecimento prático.
Nem a religião foi forte o suficiente para impedir que o agricultor vivesse com a poligamia. Devoto ao catolicismo, seu Né era possuidor de belos oratórios, do tipo barroco, onde, aos pés dos santos, ensinou aos filhos orações e gestos religiosos que foram passados para os netos.
Não dispensava o jejum da Semana Santa, nem as ofertas aos pedintes que costumeiramente distribuía-as pessoalmente. Filas eram formadas em frente à casa grande da fazenda e, posteriormente, defronte as casas de sua propriedade na Rua 24 de junho, antigo centro da cidade de Assu/RN.
DADOS
Mesmo com todas as responsabilidades conjugais, que requeria muita disposição, as duas mulheres morreram antes dele. Viúvo, ainda se casou novamente promovendo nova polêmica, quando colocou, na mesma casa, mais duas mulheres, que por sinal eram irmãs, que tiveram os nomes preservados a pedido da família. Segundo o seu neto, Nelson Dantas, fora os 22 filhos que criou, era comum para seu Né aparecer com uma criança dizendo ser dele, de outras "escapadas", para criar. "Nós nunca soubemos quantos outros filhos ele teve", adiantou Nelson, afirmando ainda que a última vez que contou, o avô tinha pra mais de 120 netos.
Seu Né Dantas morreu em 1965, aos 25 de dezembro, na casa dos 80 anos, não confirmados pela família que perdeu seus documentos."